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FISIOPATOLOGIA CÂNCER DE PULMÃO Tumores que surgem do epitélio respiratório (brônquios, bronquíolos e alvéolos). De acordo com a classificação da Organização Mundial de Saúde, os cânceres de pulmão epiteliais originam-se em quatro tipos principais de células: câncer de pulmão de pequenas células (CPPC) e as chamadas histológicos de câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC), como o adenocarcinoma, carcinoma espinocelular e carcinoma de células grandes. Essas quatro histologias são responsáveis por aproximadamente 90% de todos os cânceres de pulmão epiteliais. O restante inclui carcinomas indiferenciados, carcinóides, tumores das glândulas brônquicas (como os carcinomas císticos adenoides e tumores mucoepidermoides) e tipos mais raros de tumor. Os tumores podem ocorrer como histologia de tipo único ou misto. Patogenia molecular Em geral, os cânceres surgem como resultado de acúmulos de mutações de ganho de função em oncogenes e mutações de perda de função nos genes supressores de tumor. Alterações dinâmicas no genoma. Acredita-se que o câncer de pulmão desenvolva-se a partir de lesões pré-malignas, sendo três as principais: •Displasia escamosa e carcinoma in situ; •Hiperplasia adenomatosa atípica; •Hiperplasia de células neuroendócrinas pulmonares difusas. Praticamente todas as células cancerosas adquirem seis capacidades marcantes: a autossuficiência em sinais de crescimento, a insensibilidade para com sinais anti crescimento, a evasão de apoptose, o potencial replicativo ilimitado, a angiogênese sustentada e a invasão tecidual e metástase, a ordem de aquisição dessas características é variável. No câncer de pulmão, a sequência de eventos que levam à doença é diferente para as diversas entidades histopatológicas. A célula exata de origem dos cânceres de pulmão não é conhecida. Não se sabe se uma célula de origem leva a todas as formas histológicas de câncer de pulmão. Entretanto, pelo menos para o adenocarcinoma de pulmão, as células epiteliais de tipo II (ou células epiteliais alveolares) têm a capacidade de produzir tumores. Para CPPC, as células de origem neuroendócrina foram implicadas como precursoras. Para cânceres em geral, uma teoria afirma que um subgrupo pequeno das células dentro do tumor (ou seja, "células-tronco") é responsável por todo o comportamento maligno do tumor. Como parte desse conceito, o grande volume de células em um câncer é a "prole" de tais células-tronco cancerosas. O conceito de célula-tronco pode explicar a falha das terapias clínicas padrão em erradicar cânceres de pulmão, mesmo quando há uma resposta clínica completa. A doença sofre recidiva, pois as terapias não eliminam o componente de células-tronco, que pode ser mais resistente à quimioterapia ou à terapia-alvo. A doença recidiva porque as terapias não eliminam o componente da célula-tronco, que pode ser mais resistente à quimioterapia. Ainda há necessidade de se identificar as células-tronco do câncer de pulmão humano. Os carcinomas relacionados com o tabagismo podem surgir pelo acúmulo de sucessivas alterações genéticas (+- 1.000 no carcinoma de pequenas células). Essas alterações resultam na transformação de células progenitoras pulmonares em células neoplásicas. O câncer de pulmão é tido atualmente como uma doença de bases genéticas. As células cancerosas do pulmão acumulam uma série de alterações genéticas (“eventos iniciantes”) que ativam proto-oncogenes (dominantes – famílias myc e ras) de um lado, enquanto outras alterações parecem inativar ou perder informações de genes de deleção ou genes supressores tumorais (recessivos-P53). Alterações em ambos os tipos de genes parecem ser necessárias para a transformação de células epiteliais brônquicas em células malignas cancerosas do pulmão. A sequência de alterações moleculares segue uma sequência previsível que se assemelha à progressão histológica para o câncer. Assim, a inativação dos genes supressores de tumores localizados no braço curto do cromossomo 3 (3p) é um evento precoce, ao passo que mutações no TP53 ou a ativação do oncogene KRAS ocorre relativamente tarde. Ao que parece, modificações genéticas como a perda de material cromossômico em 3p podem ser encontradas no epitélio brônquico de pessoas com câncer de pulmão, bem como no epitélio respiratório de tabagistas sem câncer de pulmão, o que sugere que grandes áreas de mucosa respiratória sofrem mutação após a exposição a agentes cancerígenos (“efeito de campo”). Assim, as células que acumulam mutações desenvolvem-se originando o câncer. Os carcinomas de pulmão relacionados com o tabagismo surgem a partir de acúmulos graduais de mutações, amplificações, inserções, deleções e translocações condutoras que resultam em transformação maligna de células progenitoras benignas no pulmão em células neoplásicas, que possuem as características típicas do câncer. Muitos estudos associam anormalidades em oncogenes e genes supressores de tumor com o aparecimento do câncer pulmonar. Oncogenes - Em fumantes, transversões de guanina para timina são atribuídas a carcinógenos contidos no tabaco, como o benzopireno; tais mudanças são suficientes para transformar o proto-oncogene em oncogene RAS. O oncogene RAS causa transformação celular, é um dos principais oncogenes em tumores humanos e está associado a numerosas neoplasias malignas. Outros oncogenes envolvidos no aparecimento do carcinoma pulmonar são o MYC, HER-2/NEU, NRAS, PIK3CA, BRAF e EGFR. A atividade da via EGFR (receptor tirosina cinase) é deflagrada através da atuação de vários ligantes, entre eles EGF, TGF-a (transforming growth factor-a), anfirregulina e outros. O efeito observado é a ativação de cascatas de sinalização como a via de MAPK, de PI3K (fosfatidilinositol 3-quinase) e de outros transdutores de sinais e fatores de transcrição, responsáveis por proliferação celular. A fixação do ligante ao receptor ativa a dimerização do receptor e a autofosforilação de TK, iniciando uma cascata de eventos intracelulares e levando a aumento da proliferação celular, angiogênese, metástase e redução da apoptose. Adenocarcinomas pulmonares podem surgir quando os tumores expressam EGFR mutante. Esses mesmos tumores apresentam alta sensibilidade aos inibidores de TK (TKIs) do EGFR de pequenas moléculas. Genes supressores de tumor - A inativação pontual dos genes supressores de tumor localizados no braço curto do cromossomo 3 (3p) é um evento inicial muito comum e a perda de alelos nessa região ocorre muito cedo na patogênese do câncer de pulmão, inclusive no epitélio pulmonar histologicamente normal não lesionado pelo cigarro (o que sugere que grandes áreas da mucosa respiratória sofrem mutação pela exposição aos carcinógenos). O gene supressor de tumor mais comum em cânceres humanos é o TP53 (localizado na banda 13p do cromossomo 17), que age como fator de transcrição capaz de ativar genes reguladores do ciclo celular, apoptose e reparo de DNA e cuja expressão anormal, por mutação ou deleção, favorece a proliferação celular descontrolada por falha em bloquear a divisão celular e reparar danos no DNA. Mutações no gene TP53 são também causadas pelo benzopireno, que provoca transversões do tipo G:C para T:A. Indivíduos com história familiar têm risco 2,5 vezes maior do que a população geral. Outros genes supressores tumorais frequentemente alterados no câncer de pulmão não pequenas células são LKB1 e BRG1. Ambos estão localizados no braço curto do cromossomo 19 e podem ser alterados por mutações, indels ou deleção de um alelo seguido de perda de heterozigozidade do outro. Os genes supressores tumorais CDKN2 e RB (retinoblastoma) estão envolvidos no controle do ciclo celular e estão comumente inativos no CPNPC e no CPPC, respectivamente. RB se localiza na região cromossomal 13p14 e codifica uma fosfoproteína que, em sua forma ativa, é essencial na regulação da transição G1/S no ciclo celular. Mutações de perda de função estão presentes em até 90% dos casos de CPPC, e em 15 a 30% dos CPNPC. Por outro lado, CDKN2 codifica p16, uma quinase dependentede ciclina (família CDK), que inibe a atividade dos complexos CDK4 ou 6/ciclina D e CDK2/ciclina E. Essa inibição resulta no bloqueio da fosforilação de RB, portanto, levando à inibição do ciclo celular. Demais genes supressores de tumor inativados são: RASSF1A, LKB1 (STK11) e FHIT. Quase 90% dos CPPCs abrigam mutações em TP53 e RB1.
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