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Nutrientes calóricos e balanço energético - Lipídeos Apresentação Nesta Unidade de Aprendizagem, iremos discorrer sobre os nutrientes calóricos e balanço energético - lipídeos. Os lipídeos são importantes na alimentação, uma vez que fornecem energia, ácidos graxos essenciais e carreiam as vitaminas lipossolúveis e antioxidantes. A sua escolha e inclusão são imprescindíveis na composição de uma dieta saudável. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Citar as quatro classes de lipídeos e os papéis na saúde nutricional;• Diferenciar ácido graxo saturado, monoinsaturado e poli-saturado, e as fontes alimentares;• Explicar como os lipídeos são digeridos e absorvidos.• Desafio Interpretação: Os alimentos da coluna A tendem a ser mais ricos em gorduras saturadas, ácidos graxos trans, colesterol e gorduras totais. Os da coluna B geralmente têm baixo teor desses componentes. Se você quiser reduzir o seu risco de doenças cardiovasculares, escolha mais alimentos da coluna___ e menos da coluna____. A partir da sua interpretação, faça um breve relato sobre o consumo de gorduras saturadas e gorduras trans pela sociedade urbana brasileira e o papel das equipes de saúde na aplicação das quatro recomendações, assim como uma regra de ouro do Guia Alimentar para a população brasileira. Dica: No "Saiba mais" está disponível um link para o Guia alimentar para a população brasileira. Infográfico Observe e analise a imagem abaixo, pois ela sintetiza o que vamos estudar nesta Unidade de Aprendizagem. Conteúdo do livro Acompanhe o trecho do livro Nutrição Contemporânea, dos autores Gordan M. Wardlaw e Anne M. Smith. Inicie a leitura a partir do título 5.1 até o 5.3. Boa leitura CYAN VS Gráfica VS Gráfica MAG VS Gráfica YEL VS Gráfica BLACK W ard law S m ith www.grupoa.com.br 0800 703 3444 www.grupoa.com.br NUTRIÇÃO R ecorte aq u i seu m arcad or d e p ág in a. Elaborada para reunir os fundamentos necessários para tomada de decisão nutricional na prática diária, bem como para esclarecer as dúvidas mais frequentes, Nutrição contemporânea, 8ª edição, destaca-se pela forma didática como apresenta o tema, sempre complementado por ilustrações que também facilitam o entendimento. As discussões aqui apresentadas partem do importante pressuposto de que os indivíduos não são iguais, motivo pelo qual o leitor aprenderá a personalizar as informações nutricionais e a fazer escolhas corretas em diferentes contextos. A maneira como os capítulos foram elaborados é outro destaque, oferecendo uma visão completa do assunto abordado, podendo ser utilizados em sala de aula conforme as necessi- dades de cada curso. Nutrição contemporânea é um excelente livro-texto de introdução à nutrição... Sua leitura é agradável, e as informações são de alta qualidade.” Karen Schuster, Florida Community College of Jacksonville“ Além de reunir informações diferenciadas, com base em pesquisas, o livro contém fotos interessantes, coloridas, tabelas e quadros úteis, tópicos especiais e bons estudos de caso para discussão.... Fiquei muito bem-impressionada.” Linda D. DeTurk, North Platte Community College“ Gordon M. Wardlaw Anne M. Smith A Artmed Editora é parte do Grupo A, uma empresa que engloba diversos se- los editoriais e várias plataformas de dis- tribuição de conteúdo técnico, científi co e profi ssional, disponibilizando-o como, onde e quando você precisar. O Grupo A publica com exclusividade obras com o selo McGraw-Hill em língua portuguesa. Wardlaw Smith Nutrição Contemporânea 8ª Edição Gordon M. Wardlaw Anne M. Smith Em http://www.mhhe.com/wardlawcont8, estão disponíveis materiais complementares do livro (em inglês), que incluem animações, atualizações, vídeos e outros recursos. NUTRIÇÃO CLARK, N. Guia de Nutrição Desportiva: Alimentação para uma Vida Ativa, 4.ed. CORDÁS, T.A.; KACHANI, A. & COLS. Nutrição em Psiquiatria DELGADO FERNÁNDEZ, M.; GUTIÉRREZ SAÍNZ, A.; CASTILLO GARZÓN, M.J. Treinamento Físico-desportivo e Alimentação: Da Infância à Idade Adulta, 2.ed. SALWAY, J.G. Metabolismo Passo a Passo, 3.ed. WARDLAW, G.M.; SMITH, A.M. Nutrição Contemporânea, 8.ed. Nutrição Contemporânea N utrição C o ntem p o rânea N utrição C o ntem p o rânea 42649 Nutricao Contemporanea.indd 142649 Nutricao Contemporanea.indd 1 28/01/2013 11:30:3528/01/2013 11:30:35 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 W266n Wardlaw, Gordon M. Nutrição contemporânea [recurso eletrônico] / Gordon M. Wardlaw, Anne M. Smith ; tradução: Laís Andrade, Maria Inês Corrêa Nascimento ; revisão técnica: Ana Maria Pandolfo Feoli. – 8. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-8055-189-1 1. Nutrição. I. Smith, Anne M. II. Título. CDU 612.39 188 Gordon M. Wardlaw & Anne M. Smith Para relembrar Antes de começar a estudar os lipídeos no Capítulo 5, talvez seja interes- sante revisar os seguintes tópicos: • As definições legais de vários termos de rotulagem, como “baixo teor de gorduras” e “sem gordura”, que podem ser encontradas no Capítulo 2 • O conceito de densidade calórica, também no Capítulo 2 • Os processos de digestão e absorção, no Capítulo 3 • A síndrome metabólica, no Capítulo 4 5.1 Lipídeos: propriedades comuns Os seres humanos precisam de pouca gordura na dieta para ter uma boa saúde. Na prática, a necessidade de ácidos graxos essenciais do nosso corpo pode ser atendida pelo consumo diário de 2 a 4 colheres de sopa de óleo vegetal incorporado aos ali- mentos, além do consumo de peixes ricos em gordura, como salmão ou atum, pelo menos duas vezes por semana. Se não for possível consumir esses peixes, os ácidos graxos essenciais presentes no óleo de canola, no óleo de soja e em frutos oleagi- nosos, como avelãs, proporcionam praticamente os mesmos benefícios à saúde. Portanto, é possível a pessoa consumir uma dieta puramente vegetariana, na qual cerca de 10% das calorias sejam provenientes de gorduras e, ainda assim, manter- -se saudável. Entretanto, desde que o consumo de gorduras saturadas, colesterol e gorduras parcialmente hidrogenadas (que contêm gorduras trans) seja mínimo, a ingestão de lipídeos pode ultrapassar esses 10% com segurança. O Food and Nutri- tion Board preconiza que a ingestão de gorduras chegue até 35% das calorias ingeri- das pelo adulto (a faixa aceitável de distribuição de macronutrientes para gorduras é de 20 a 35% das calorias consumidas pelo adulto). Alguns especialistas acreditam que até 40% das calorias seja uma proporção adequada. Depois de aprender mais sobre lipídeos – gorduras, óleos e compostos relacionados – no Capítulo 5, será possível decidir a quantidade de gordura que deseja consumir, além de controlar sua ingestão diária. Os lipídeos são um grupo diversificado de compostos químicos. No entanto, todos têm uma característica comum: não se dissolvem facilmente na água. Pense no azeite e vinagre que você usa na salada. Como o azeite não é solúvel no vinagre, cuja base é água, quando em repouso, os dois compostos formam camadas distin- tas, com o azeite na parte de cima e o vinagre na parte de baixo. © 2001 Batiuk, Inc. Distribuído por North American Syndicates, Inc. Todos os direitos reservados. Muita gordura, pouca gordura, nenhuma gordura – qual é o melhor? E por que tanta discussão a esse respeito? Não seria melhor simplesmente não comer gordura? Uma dieta rica em gorduras não leva à obesidade? Não causa doença cardiovascular? Em geral, quais seriam as “melhores” gorduras e por que batatas fritas, sonhos, manteiga e biscoitos amanteigados são considerados vilões? O Capítulo 5 traz algumas dessas respostas. NA OFICINA O NÍVEL DE TRIGLICERÍDEOS DELE ESTÁ ALTO DEMAIS... MUNDO DO DONUT Wardlaw_Cap_5.indd 188Wardlaw_Cap_5.indd 188 04/12/12 14:4704/12/12 14:47 Nutrição Contemporânea 1895.2 Lipídeos: principais tipos Os lipídeos têm vários tipos de estruturas químicas. Os triglicerídeos são o tipo mais comum de lipídeo encontrado no corpo e nos alimentos. A molécula de um triglicerídeo consiste em três ácidos graxos ligados ao glicerol. Os fosfolipídeos e esteróis, inclusive o colesterol, também são classificados como lipídeos, embora suas estruturas possam ser diferentes das estruturas dos triglicerídeos. Todos esses tipos de lipídeos estão descritos no Capítulo 5. Especialistas em alimentação chamam de gorduras os lipídeos que, em tempe- ratura ambiente, ficam sólidos; e consideram óleos os que ficam líquidos. A maioria das pessoas usa o termo gordura para se referir a todos os lipídeos, pois não perce- bem que existe essa diferença. Entretanto, lipídeo é um termo genérico que inclui os triglicerídeos e muitas outras substâncias. Para simplificar nossa discussão, no Capítulo 5, em geral, usamos o termo gordura. Quando necessário, para esclarecer, usamos o nome de algum lipídeo específico, como o colesterol. Essa terminologia é a mais usada pelas pessoas de modo geral. Ácidos graxos: o tipo mais simples de lipídeo No corpo e nos alimentos, os ácidos graxos são encontrados no principal tipo de lipídeos, ou seja, nos triglicerídeos. Um ácido graxo consiste em uma longa cadeia de carbonos ligados entre si e flanqueados por átomos de hidrogênio. Em uma extremidade da molécula (lado alfa), há um radical ácido. Na outra extremidade (lado ômega), há um radical metila (Fig. 5.1). As gorduras presentes nos alimentos não são compostos apenas por um tipo de ácido graxo. Em vez disso, cada gordura da dieta, ou triglicerídeo, é uma complexa mistura de ácidos graxos diferentes, e cada combinação confere ao alimento seu sabor e aroma peculiares. No Capítulo 1, foi visto que os ácidos graxos podem ser saturados ou insatu- rados. Por suas características químicas, um átomo de carbono pode formar quatro ligações. Na cadeia de um ácido graxo, os átomos de carbono se ligam uns aos outros e a átomos de hidrogênio. Os átomos de carbono que formam a cadeia de um ácido graxo saturado são todos conectados entre si por ligações simples. Dessa forma, o número máximo de átomos de hidrogênio pode se ligar à molécula. Assim como uma esponja pode ficar saturada (cheia) de água, um ácido graxo saturado, como o ácido esteárico, é saturado com átomos de hidrogênio (Fig. 5.1 a). Desse modo, a maioria das gorduras ricas em ácidos graxos saturados, como as gorduras de origem animal, permanecem sólidas em temperatura ambiente. Um bom exemplo é aquela camada de gordura que vemos em torno de um pedaço de carne crua. A gordura das carnes de aves, semissólida em temperatura ambiente, contém menos gordura saturada do que a carne de vaca. Entretanto, em alguns alimentos, as gorduras saturadas se encontram em suspensão na parte líquida, por exemplo, a gordura do leite integral, e por isso a característica de serem sólidas em temperatura ambiente não é tão óbvia. Se a cadeia de carbonos de um ácido graxo contiver uma ligação dupla, os carbonos ligados dessa forma terão menos posições para se ligarem a átomos de hidrogênio e, por isso, o ácido graxo será insaturado. Se o ácido graxo tiver apenas uma dupla ligação, ele será monoinsaturado (Fig. 5.1 b). O azeite de oliva e o óleo de canola contêm um elevado percentual de ácidos graxos monoinsaturados. Da mesma forma, se duas ou mais ligações entre os átomos de carbono forem ligações duplas, o ácido graxo será ainda menos saturado com hidrogênio, por isso será dito poli-insaturado (Fig. 5.1 c e d). Os óleos de milho, soja, girassol e açafrão são ricos em ácidos graxos poli-insaturados. Os ácidos graxos insaturados podem ter duas formas estruturais, as formas cis e trans. A forma trans dos ácidos graxos foi descrita rapidamente no Capítulo 1. Na forma natural, os ácidos graxos monoinsaturados e poli-insaturados geralmente se encontram na variedade cis (Fig. 5.2). Por definição, o ácido graxo cis tem os átomos de hidrogênio todos do mesmo lado da dupla ligação carbono-carbono. Durante o processamento de certos tipos de alimentos (adiante, neste capítulo), alguns átomos triglicerídeo Principal forma dos lipídeos presentes no corpo e nos alimentos. É compos- to por três ácidos graxos ligados a uma molécu- la de glicerol. glicerol Álcool que contém três átomos de carbono, usado para formar triglicerídeos. fosfolipídeo Composto pertencente uma clas- se de substâncias gorduros que contêm fósforo, ácidos graxos e um componente de nitrogênio. Os fosfolipídeos são uma parte essencial de todas as células. esterol Composto cuja estrutura é formada por vários anéis interligados (molécula esteroi- de) e um radical hidroxila (–OH). Um exem- plo típico é o colesterol. colesterol Lipídeo encontrado em todas as células do corpo, semelhante a uma cera. Sua estrutura contém múltiplos anéis com laços químicos e só é encontrado em alimentos de origem animal. ácido graxo saturado Ácido graxo que não contém ligações duplas carbono-carbono. ácido graxo monoinsaturado Ácido graxo que contém uma ligação dupla carbono- -carbono. ácido graxo poli-insaturado Ácido graxo que contém duas ou mais ligações duplas carbono- -carbono. � Na temperatura ambiente, as gorduras satu- radas, como a manteiga, são sólidas, ao passo que as gorduras insaturadas, como o azeite de oliva e o óleo de milho, são líquidas. CH3 Cradical ácido radical metila OH O Wardlaw_Cap_5.indd 189Wardlaw_Cap_5.indd 189 04/12/12 14:4704/12/12 14:47 190 Gordon M. Wardlaw & Anne M. Smith de hidrogênio são transferidos para o lado oposto ao da ligação dupla carbono-car- bono, criando a forma trans, ou seja, um ácido graxo trans. Como se vê na Figura 5.2, a ligação do tipo cis faz a cadeia central do ácido graxo ficar encurvada, ao passo que a ligação do tipo trans produz uma cadeia reta, semelhante à de um ácido graxo satu- rado. O Food and Nutrition Board sugere que se deva limitar, tanto quanto possível, o consumo de ácidos graxos trans (ou gorduras trans) de alimentos processados. Mais adiante será visto por que isso acontece. Talvez seja novidade saber que alguns ácidos graxos trans ocorrem naturalmen- te, por exemplo, o ácido linoleico conjugado ou CLA (essa sigla designa uma fa- mília de derivados do ácido linoleico). As bactérias que vivem no rúmen de certos animais (p. ex., vacas, ovelhas e cabras) produzem ácidos graxos trans que acabam sendo encontrados na carne, no leite e na manteiga. Essas gorduras trans naturais vêm sendo estudadas quanto a possíveis benefícios para a saúde, inclusive na pre- venção do câncer, diminuição da gordura corporal e melhora dos níveis de insulina em pessoas diabéticas. Cerca de 20% dos ácidos graxos trans da nossa alimentação têm essa origem. Exigem suplementos alimentares à base de CLA, mas sua qualida- de não é homogênea. Em geral, óleos e gorduras são classificados em saturados, monoinsaturados ou poli-insaturados com base no tipo de ácidos graxos presentes em maior con- centração (Fig. 5.3). As gorduras dos alimentos que contêm principalmente ácidos graxos saturados são sólidas em temperatura ambiente, especialmente se os ácidos graxos tiverem longas cadeias de carbono (ou seja, ácidos graxos de cadeia longa). Contudo, as gorduras que contêm principalmente ácidos graxos monoinsaturados ou poli-insaturados (de cadeia longa ou curta) geralmente são líquidas em tem- ácido graxo cis Tipo de ácido graxo insatu- rado que tem os átomos de hidrogênio todos do mesmo lado da ligação dupla carbono- -carbono. ácidos graxos trans Forma de ácido graxo não saturado, geralmente monoinsaturado quando presente nos alimentos, no qual os hidrogênios ligados aos átomos de carbono que formam a ligação dupla estão situados em lados opostos dessa ligação, e não no mesmo lado, como na maioria das gorduras naturais. As principais fontes são margarina, gorduras culinárias em geral e frituras. ácido graxode cadeia longa Ácido graxo que contém 12 átomos de carbono ou mais. ácido graxo ômega-3 (�-3) Ácido graxo insaturado cuja primeira ligação dupla se situa no terceiro carbono a partir do terminal metila (–CH3). CH H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H H C O O CH H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H C H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C C H H H O CH H H C H H C H H C H H C H H C H C H C H H C H C H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C C C H H H H O O OCH H H C H H C H C H C H H C H C H C CCC H H HHH H C H H C H H C H H C H H C H H C H H O O (Radical ácido)(Radical metila) (a) (b) (c) (d) Ácido graxo saturado (ácido esteárico) Ácido graxo monoinsaturado (ácido oleico; ômega-9) Ácido graxo poli-insaturado (ácido linoleico; ômega-6) Ácido graxo poli-insaturado (ácido alfa-linolênico; ômega-3) FIGURA 5.1 � Estrutura química dos ácidos graxos saturados, monoinsaturados e poli-insaturados. Cada um dos ácidos graxos mostrados na figura contém 18 átomos de carbono, mas diferem entre si quanto ao número e à localização das ligações duplas. As ligações duplas estão sombreadas. A estrutura linear dos ácidos graxos saturados (a) permite que as moléculas fiquem alinhadas bem próximas umas das outras, o que explica sua forma sólida em temperatura ambiente. Os ácidos graxos insaturados, ao contrário, têm “dobras” nos pontos onde as ligações duplas interrompem a ca- deia de carbonos (Fig. 5.2). Por isso, eles se agrupam de modo frouxo, ficando líquidos em temperatura ambiente. Wardlaw_Cap_5.indd 190Wardlaw_Cap_5.indd 190 04/12/12 14:4704/12/12 14:47 Nutrição Contemporânea 191 peratura ambiente. Quase todos os ácidos graxos do corpo e dos alimentos são de cadeia longa. Uma importante característica dos ácidos graxos insaturados é a localização das ligações duplas. Se a ligação dupla começa a uma distância de três carbonos do terminal metila (ômega) do ácido graxo, o composto se chama ácido graxo ôme- ga-3 (�-3) (Fig. 5.1 c). Se a ligação dupla começa a uma distância de seis carbonos do terminal ômega, o composto se chama ácido graxo ômega-6 (�-6) (Fig. 5.1 d). Seguindo essa regra, um ácido graxo ômega-9 é aquele cuja primeira ligação dupla começa no nono carbono contado a partir do terminal metila (Fig. 5.1 b). Nos alimentos, o ácido alfa-linolênico é o principal ácido graxo ômega-3, e o ácido linoleico é o principal ácido graxo ômega-6. Esses são também os ácidos graxos essenciais que precisamos consumir (veremos mais sobre esse tópico no item a res- peito das funções dos lipídeos no organismo). O ácido oleico é o principal ácido graxo ômega-9. Triglicerídeos As gorduras e óleos estão presentes nos alimentos, sobretudo na forma de triglice- rídeos. O mesmo ocorre com as gorduras que fazem parte das estruturas do corpo. Embora alguns ácidos graxos sejam transportados pela corrente sanguínea ligados a proteínas, a maioria deles se encontra na forma de triglicerídeos no interior das nossas células. Conforme já foi visto, os triglicerídeos contêm glicerol – um álcool simples com três átomos de carbono – ao qual se ligam três ácidos graxos (Fig. 5.4 a). Quan- do 1 ácido graxo é removido do triglicerídeo, forma-se um diglicerídeo. Quando dois ácidos graxos são removidos do triglicerídeo, forma-se um monoglicerídeo. Veremos adiante que, para ser absorvida no intestino delgado, a maioria das gordu- ras tem os dois ácidos graxos mais externos removidos da molécula de triglicerídeo. Dessa forma, as células da parede intestinal absorvem uma mistura de ácidos graxos e monoglicerídeos. Uma vez absorvidos, os ácidos graxos e monoglicerídeos, em sua maioria, voltam a formar triglicerídeos. ácido graxo ômega-6 (�-6) Ácido graxo insaturado cuja primeira ligação dupla se situa no sexto carbono a partir do terminal metila (–CH3). ácido alfa-linolênico Ácido graxo essencial do tipo ômega-3 com 18 átomos de carbono e três ligações duplas. ácido linoleico Ácido graxo essencial do tipo ômega-6 com 18 átomos de carbono e três ligações duplas. ácidos graxos essenciais Ácidos graxos que precisam ser fornecidos na dieta para manter boa saúde. Atualmente, somente o ácido lino- leico e o ácido alfa-linolênico são classificados como essenciais. ácido oleico Ácido graxo essencial do tipo ômega-9 com 18 átomos de carbono e 1 liga- ção dupla. diglicerídeo Produto da quebra de um trigli- cerídeo, formado por dois ácidos graxos liga- dos a uma molécula de glicerol. monoglicerídeo Produto da quebra de um triglicerídeo, que consiste em 1 ácido graxo ligado a 1 molécula de glicerol. Forma cis (Causa uma dobra no eixo principal da molécula) Forma trans Ácido oleico Ácido elaídico FIGURA 5.2 � Ácidos graxos cis e trans. Na forma cis do ácido graxo, os átomos de hidrogê- nio (em azul) ficam do mesmo lado da dupla ligação carbono-carbono. Isso causa uma “dobra” nesse ponto da estrutura do ácido graxo, um aspecto que é típico dos ácidos graxos insatura- dos presentes nos alimentos. No entanto, na forma trans, os átomos de hidrogênio ficam de lados opostos da dupla ligação carbono-carbono. Isso confere ao ácido graxo uma forma linear, como um ácido graxo saturado. Os ácidos graxos cis são mais comuns nos alimentos do que os ácidos graxos trans. Esses se encontram, em geral, nos alimentos que contêm gorduras parcial- mente hidrogenadas, sobretudo margarina culinária e frituras. � Os óleos vegetais diferem por seu teor de ácidos graxos específicos. Óleos de aparência semelhante podem ter composição significativa- mente diferente em termos de ácidos graxos. O óleo de canola e o azeite de oliva são ricos em gorduras monoinsaturadas; nos últimos anos, vem crescendo muito o interesse no azeite de oliva. No entanto, o óleo de canola é uma op- ção de gordura monoinsaturada de custo bem menor. O óleo de açafrão é rico em gorduras poli-insaturadas. Wardlaw_Cap_5.indd 191Wardlaw_Cap_5.indd 191 04/12/12 14:4704/12/12 14:47 192 Gordon M. Wardlaw & Anne M. Smith Fosfolipídeos Os fosfolipídeos são outra classe de lipídeos. Assim como os triglicerídeos, eles con- têm uma estrutura básica representada pelo glicerol. No entanto, nesse caso, pelo menos um ácido graxo foi substituído por um composto que contém fósforo (além de outros elementos, p. ex., nitrogênio) (Fig. 5.4 b). Existem muitos tipos de fos- folipídeos no corpo, especialmente no cérebro. Eles são componentes importantes das membranas celulares. A lecitina é um exemplo de fosfolipídeo. Nossas células contêm várias formas desses compostos, que participam da digestão, da absorção e do transporte das gorduras. Nosso corpo é capaz de produzir todos os fosfolipídeos de que necessita. Embora a lecitina seja comercializada como suplemento alimen- tar e esteja presente como aditivo em vários alimentos, esse tipo de fosfolipídeo não é um componente essencial da dieta. Esteróis Esteróis são a última classe de lipídeos que veremos no Capítulo 5. Sua estrutura característica, formada por vários anéis, torna esses compostos diferentes dos de- mais lipídeos que vimos até aqui (Fig. 5.4 c). O exemplo mais comum de esterol é o colesterol – é uma substância que tem aspecto de cera e não se parece com um triglicerídeo, ou seja, não tem a estrutura básica de glicerol ligado a ácidos graxos. Ainda assim, ele é classificado como lipídeo porque não se dissolve facilmente em água. Entre outras funções, o colesterol contribui para a formação de certos hormô- nios e sais biliares e se encontra incorporado a várias estruturas celulares. Nosso corpo é capaz de sintetizar todo o colesterol de que necessita. lecitina Grupo de fosfolipídeos que são impor- tantes componentes das membranas celulares. Ácidos graxos saturados Gordura de coco ManteigaÓleo de palma Toucinho ou gordura de carne Azeite de oliva Ácidos graxos monoinsaturados Ácidos graxos poli-insaturados Ácidos graxos trans ** Óleo de canola* Óleo de amendoim Óleo de soja* Óleo de milho Óleo de girassol Óleo de açafrão Margarina de mesa Margarina em tablete Gordura vegetal 0 00020 202020 40404040 60606060 80808080 100100100100 Ácidos graxos monoinsaturados Ácidos graxos primariamente trans Ácidos graxos saturados Ácidos graxos poli-insaturados *Fonte importante de ácido graxo ômega-3 alfa-linolênico (7 e 12% do teor total de ácidos graxos no óleo de soja e no óleo de canola, respectivamente). **Os ácidos graxos naturalmente trans presentes na manteiga não são prejudiciais e até podem ter propriedades saudáveis, como evitar certos tipos de câncer. Fontes de: FIGURA 5.3 � Composição das gorduras e óleos mais comuns em termos de ácidos graxos saturados, monoinsaturados, poli-insaturados e trans (expressos como % de todos os ácidos graxos contidos no produto). Wardlaw_Cap_5.indd 192Wardlaw_Cap_5.indd 192 04/12/12 14:4804/12/12 14:48 Nutrição Contemporânea 193 FIGURA 5.4 � Formas químicas dos lipídeos mais comuns: (a) triglicerídeo; (b) fosfolipídeo (lecitina); (c) esterol (colesterol). REVISÃO CONCEITUAL Lipídeos são um grupo de compostos que não se dissolvem rapidamente na água. Nesse grupo se incluem ácidos graxos, triglicerídeos, fosfolipídeo e esteróis. Os ácidos graxos se diferenciam pelo comprimento da cadeia de carbonos e pela quantidade e posição dos laços duplos ao longo dessa cadeia. Os ácidos graxos saturados não contêm ligações duplas em sua cadeia de carbonos, ou seja, são totalmente saturados por átomos de hidrogênio. Os ácidos graxos monoinsaturados contêm uma ligação dupla entre os átomos de carbono, e os ácidos graxos poli-insaturados contêm duas ou mais dessas ligações. Alguns ácidos graxos do tipo ômega-3 e ômega-6 são componentes essenciais da dieta humana. Os triglicerídeos são a principal forma de gordura encontrada no corpo e nos alimentos. São compostos por três ácidos graxos ligados a 1 molécula de glicerol. Os fosfolipídeos são estruturalmente semelhantes aos triglicerídeos, mas pelo menos 1 ácido graxo é substituído por um composto que contém fósforo. Os fosfolipídeos desempenham um importante papel estrutural nas membranas celulares. Os esteróis, outra classe de lipídeos, não se assemelham nem aos triglicerídeos nem aos fosfolipídeos, pois sua estrutura é formada por múltiplos anéis. Um exemplo dessa classe é o colesterol, que entra na composição de parte de células, hormônios e ácidos biliares. Embora certos ácidos graxos essenciais (componentes dos triglicerídeos) sejam necessários na alimentação, nosso corpo produz todos os triglicerídeos, fosfolipídeos e colesterol de que necessita. A seguir, falaremos sobre os alimentos que são fontes de gordura (Fig. 5.5). O O O O C H H H H C ácido graxoO CC ácido graxo O P O O O O C H H H H H C C C ácido graxo O C H C C HH H N CH3 CH3 CH3O O ácido graxo O ácido graxo H Glicerol Fosfato Colina Glicerol Lecitina – um fosfolipídeoTriglicerídeo C C HH H H H HH H HH H H H H H HH H H H H H H H HH H HO H H H C C C C C CCC CC C CCC CC C C C C CC CH3 CH3 CH3 CH3 H3C Colesterol – um esterol (b)(a) (c) Wardlaw_Cap_5.indd 193Wardlaw_Cap_5.indd 193 04/12/12 14:4804/12/12 14:48 194 Gordon M. Wardlaw & Anne M. Smith 5.3 Gorduras e óleos alimentares A dieta norte-americana típica é rica em lipídeos e triglicerídeos. Os alimentos com maior teor de gordura (portanto maior densidade calórica) são os molhos de salada à base de óleos e azeites e os complementos do tipo manteiga, marga- rina e maionese. Todos esses alimentos contêm quase 100% das suas calorias na forma de gorduras. Nas margarinas de baixo teor de gordura, parte dos lipídeos é substituída por água. Enquanto as margarinas comuns contêm 80% do peso em gordura (11 g por colher de sopa), algumas margarinas light podem conter apenas 30% de gordura por unidade de peso (4 g por colher de sopa). Quando essas mar- garinas são usadas no preparo de receitas culinárias, a água pode acarretar altera- ções de volume e textura dos pratos. Nos livros de receitas, é possível encontrar sugestões de modificação do preparo dos pratos para compensar esse maior teor de água na margarina. Ainda considerando o teor total de gordura, os alimentos que, isoladamente, contêm mais gordura são oleaginosas (nozes, amêndoas, castanhas), mortadela, bacon e, entre as frutas, o abacate; a gordura representa cerca de 80% das calorias desses alimentos. A seguir, vêm manteiga de amendoim e queijo cheddar (cerca de 75%). Carnes gordas e hambúrgueres têm cerca de 60%, e barras de chocolate, sor- vetes lácteos, roscas fritas e leite integral têm cerca de 50% das calorias provenientes de gordura. Ovos, bolos e tortas têm 35%, que também é o percentual das carnes magras, como lagarto e filé-mignon. O pão contém cerca de 15%. Por fim, alimen- • Biscoitos salgados • Pratos de massa com adição de gordura • Batatas fritas • Tortas de frutas • Abacate • Todos • Leite integral • Alguns iogurtes • Muitos queijos • Sorvete extracremoso • Carnes gordas • Bacon • Aves (pele) • Carnes fritas no óleo • Nozes e amêndoas CereaisGrupo alimentar Gramas por porção Fontes de gordura MyPyramid: Fontes de gordura LeiteFrutasLegumes Carne e leguminosasÓleos 0 –18 7 –170 –10 0 –11 0 –27 12 –14 FIGURA 5.5 � Fontes de gordura segundo o MyPyramid. O nível até onde vai a cor de fundo de cada grupo (0, 1/3, 2/3 ou totalmente preenchido) da pirâmide indica a densidade nutricional média do grupo, referente a gorduras. O grupo das frutas e vegetais geralmente tem pouca gordura. Nos demais grupos, existem opções com alto e baixo teor de gordura. A leitura atenta dos rótulos de alimentos é útil para poder escolher as ver- sões dos alimentos que têm menor teor de gordura. Em geral, qualquer processo de fritura agrega uma quantidade significativa de gordura ao produto, por exemplo, no caso de batatas fritas ou frango frito. No que diz respeito à atividade física, as gorduras são um combustível fundamental para exercícios prolongados, como ciclismo ou corrida de longa distância ou caminhada, seja lenta ou rápida. � A dieta típica norte-americana inclui muitos alimentos gordurosos – sobretudo pães e bolos. Por isso, é importante controlar as porções des- ses alimentos consumidas diariamente, sobre- tudo se a pessoa estiver tentando controlar seu consumo de calorias. Wardlaw_Cap_5.indd 194Wardlaw_Cap_5.indd 194 04/12/12 14:4804/12/12 14:48 Nutrição Contemporânea 195 tos como flocos de milho, açúcar e leite desnatado são praticamente isentos de gordura. A leitura atenta do rótulo é importante para determinar o teor real de gordura de cada alimento – os percentuais citados aqui dão apenas uma orientação geral (Fig. 5.6). O tipo de gordura contido nos alimentos também é importante, não apenas a quantidade de gordura. As gorduras de origem animal são as mais ricas em ácidos graxos saturados. Cerca de 40 a 60% de toda a gordura contida nos derivados de leite e carne encontram-se sob a forma de ácidos graxos saturados. No entanto, os óleos vegetais contêm sobretudo ácidos graxos insaturados, que representam 73 a 94% do conteúdo total de gordura. Nos óleos de canola, oliva e amendoim, uma proporção moderada a elevada da gordura (49 a 77%) é representada por ácidos graxos monoinsaturados. Algumas gorduras de origem animal também são boas fontes de ácidos graxos monoinsaturados (30 a 47%) (ver novamente a Fig. 5.3). Os óleos de milho, algodão, girassol, soja e açafrão são ricos em ácidos graxos poli- -insaturados (54 a 77%). Esses óleos vegetais suprem a maior parte dos ácidos lino- leico e alfa-linolênico da dieta norte-americana. Gérmen de trigo, amendoim, gema de ovo, soja e vísceras são importantes fon- tes de fosfolipídeos.Os fosfolipídeos como a lecitina, presente na gema do ovo, são frequentemente adicionados aos molhos de salada. A lecitina serve como emulsi- ficante nesses e em outros produtos, graças à sua capacidade de manter estável a mistura de lipídeos e água (Fig. 5.7). Os emulsificantes são adicionados aos molhos de salada para evitar que o óleo e a água se separem. Ovos adicionados à mistura para bolo emulsificam a gordura com o leite. emulsificante Composto capaz de manter a gordura suspensa em água, pois transforma a gordura em pequenas gotículas cercadas por moléculas de água ou de outra substância que evita a coalescência da gordura. � O amendoim é uma fonte de lecitina, assim como o gérmen de trigo e a gema de ovo. FIGURA 5.6 � Fontes alimentares de gorduras comparadas à recomendação da American Heart Association (AHA) de 70 g por dia ou 30% das calorias provenientes de gordura, para uma dieta de 2.100 kcal. Fontes alimentares de gordura 100% 24% 23% 20% 17% 17% 16% 14% 11% 10% 10% 10% 10% 9% 4% 4% 70 17 16 14 12 12 11 10 8 7 7 7 7 6 3 3 30% 66% 78% 100% 39% 100% 86% 74% 49% 36% 28% 45% 31% 39% 62% 23% Recomendação AHA Contrafilé, 90 g Nozes e amêndoas, 30 g Óleo de canola, 1 colher de sopa Hambúrguer no pão, unidade Margarina, 1 colher de sopa Abacate, 1/2 xícara Queijo cheddar, 30g Leite integral, 1 copo Peito de frango com pele, 90 g Iogurte integral, 250 ml Bolachas salgadas, 30 g Ervilha ou feijões assados, ½ xícara Confeitos de chocolate, 30g Sementes de linhaça, 1 colher de sopa Biscoito com recheio de goiabada, 2 unidades Alimento Gordura (gramas) Calorias provenientes de gordura % % Recomendação AHA Grãos Vegetais Frutas Óleos Laticínios Carnes e feijões Legenda Calorias opcionais FEIJÃO Wardlaw_Cap_5.indd 195Wardlaw_Cap_5.indd 195 04/12/12 14:4804/12/12 14:48 196 Gordon M. Wardlaw & Anne M. Smith O colesterol só é encontrado em alimentos de origem animal (Tab. 5.1). Uma gema de ovo contém cerca de 210 mg de colesterol. Os ovos são nossa prin- cipal fonte de colesterol, juntamente com carnes e leite integral. Fabricantes que promovem suas marcas de manteiga de amendoim, margarina culinária, marga- rina cremosa e óleos vegetais afirmando que são “isentos de colesterol” estão en- ganando o consumidor mal-informado – todos esses produtos são naturalmente isentos de colesterol. Algumas plantas contêm outros esteróis semelhantes ao colesterol, porém esses não acarretam os riscos à saúde do coração típicos do colesterol. De fato, alguns esteróis de origem vegetal têm propriedades redutoras do colesterol sanguíneo (ver adiante as intervenções médicas para redução dos lipídeos no sangue). A gordura escondida nos alimentos Alguns tipos de gorduras são bastante evidentes: a manteiga que passamos no pão, a maionese na salada e a gordura encontrada na carne crua. Entretanto, em outros alimentos, é mais difícil perceber a gordura, embora eles contribuam com quan- tidades significativas de lipídeos. Esses alimentos que “escondem” a gordura são leite integral, bolos e doces, biscoitos, queijo, salsichas, bolachas salgadas, batatas fritas e sorvetes cremosos. Quando queremos reduzir nosso consumo de gordura, é preciso considerar essa gordura escondida. Para começar, é preciso ler os rótulos dos alimentos para descobrir seu teor de gordura na tabela de informações nutricionais. Na lista de ingredientes, é preciso estar atento à presença de gordura animal, representada por itens como bacon, car- ne, presunto, cordeiro, porco, frango e peru, toucinho, óleos vegetais, nozes, laticí- nios como manteiga e creme, ovos e concentrado de gema de ovo, além de margari- na culinária parcialmente hidrogenada. Para facilitar, o rótulo lista os ingredientes na ordem decrescente do seu peso no produto. Se a gordura é um dos primeiros ingredientes da lista, provavelmente se trata de um produto rico em gorduras. Ao ler os rótulos, é possível aprender mais sobre o teor de gordura dos alimentos que são consumidos (Fig. 5.8). As definições dos diversos termos descritivos encontrados nos rótulos de ali- mentos, por exemplo, “baixo teor de gordura”, “sem gordura” e “teor reduzido de gordura”, podem ser consultadas na Tabela 2.9, do Capítulo 2, e foram reproduzi- das na tabela da próxima página. Lembre-se de que “baixo teor de gordura” indi- ca, na maioria dos casos, que o produto não contém mais do que 3 g de gordura por porção. Os produtos cujo rótulo contém a expressão “sem gordura” devem ter FIGURA 5.7 � Emulsificantes em ação. Os emulsificantes evitam que o óleo e a água contidos nos molhos para salada se separem, por isso são usados em vários produtos desse tipo. Os emulsificantes atraem os ácidos graxos com sua extremidade interna e a água com sua outra extremidade. Quando se adicionam essas substân- cias ao tempero de salada e se agita bem a mistura, não há separação entre a gordura e a água. A emulsificação é importante tanto na produção de ali- mentos quanto na digestão/absorção de gorduras. TABELA 5.1 Teor de colesterol nos alimentos 85 g miolos de boi 2.635 mg 85 g de fígado de boi 337 mg 1 gema de ovo grande* 209 mg 85 g de camarão 166 mg 85 g de carne de vaca* 75 mg 85 g de carne de porco 75 mg 85 g de frango ou peru (peito)* 75 mg 1 taça de sorvete 63 mg 85 g de truta 60 mg 85 g de atum 45 mg 85 g de salsicha 38 mg 30 g de queijo cheddar* 30 mg 1 copo de leite integral* 24 mg 1 copo de leite semidesnatado 12 mg 1 copo de leite desnatado 5 mg 1 clara de ovo grande 0 mg * Principais fontes de colesterol na dieta ocidental. Emulsificantes e agitação nos molhos de salada Água Óleo Gordura emulsificada Água Gotícula de óleo atraída pelo núcleo de ácido graxo Água atraída pelo envoltório Fosfolipídeo atuando como emulsificante Wardlaw_Cap_5.indd 196Wardlaw_Cap_5.indd 196 04/12/12 14:4804/12/12 14:48 Nutrição Contemporânea 197 menos de 0,5 g de gordura por porção. Se o rótulo diz que o alimento tem “teor reduzido de gordura”, isso significa que o produto tem pelo menos 25% menos de gordura do que a forma habitual daquele mesmo produto. Quando não há tabela de informações nutricionais que possa ser consultada, a observação do tamanho das porções é um bom meio de controlar o consumo de gorduras. Nos Estados Unidos, frequentemente as pessoas dizem estar fazendo uma dieta com baixo teor de gordura porque consomem as versões light de biscoitos, bolos e massas. No entanto, quando um profissional de saúde se refere a uma dieta de baixo teor de gordura, em geral ele tem em mente outra coisa: uma alimentação rica em frutas, legumes e cereais integrais. Sua escolha de alimentos, quanto ao teor de gordura, deve levar em conta a quantidade total de gordura que você consumiu ou pretende consumir ao longo do dia. Portanto, se você planeja fazer um jantar cheio de iguarias gordurosas, você deveria reduzir o consumo de gordura em outras refeições do dia para equilibrar a quantidade total. A gordura presente nos alimentos proporciona parte da saciedade, do sabor e da textura* A gordura dos alimentos é considerada, em geral, o macronutriente que mais pro- move a saciedade. No entanto, há estudos que mostram que as proteínas e os car- boidratos provavelmente sejam os alimentos que mais promovam a saciedade por unidade de peso. Refeições muito gordurosas de fato promovem a saciedade, mas isso ocorre, sobretudo, porque elas fornecem uma grande quantidade de calorias. Uma refeição com alto teor de gordura provavelmente também terá um alto teor calórico. Várias gorduras desempenham um importante papel nos alimentos, por isso a produção de alimentos com baixo teor de gordura e que conservem seu sabor e textura é um processo complexo. Em certos casos, “sem gordura” também significa “sem sabor”. As gorduras presentes nos alimentos são importantes para a textura e o sabor. Se você já comeu, alguma vez, um bom queijo ou requeijão, irá concordarque esse tipo de gordura agrada ao paladar. A gordura do leite integral ou apenas semidesnatado também contribui para dar uma textura mais cremosa, que falta no leite desnatado. As carnes mais macias geralmente são aquelas que contêm mais gordura, e até se pode ver essa gordura. Além disso, muitos aromas adicionados aos alimentos são solúveis em gordura. Quando aquecidos em óleo, alguns condimen- * N. de R.T.: No Brasil, a Anvisa normatiza definições similares para as especificações em rótulos de ali- mentos. Disponível em: www.portal.anvisa.gov.br. FIGURA 5.8 � A leitura atenta dos rótulos ajuda a descobrir a gordura escondida. Quem poderia imaginar que um cachorro-quente pode conter até 85% de suas calorias na forma de gordura? Olhando para um cachorro-quente, não parece que quase todas as calorias que ele contém são provenientes de gorduras, mas se lermos o rótulo, os fatos ficarão claros. Basta fazer as contas: 13 g de gordura total × 9 kcal por g de gordura = 120 kcal provenientes de gorduras; 120 kcal/140 kcal por unidade = 0,86 ou 86% kcal provenientes de gordura. INGREDIENTES: CARNE DE PORCO, ÁGUA, CARNE DE VACA, SAL, AROMATIZANTES, XAROPE DE MILHO, DEXTROSE, PROTEÍNA HIDROLISADA DE BATATA E DE SOJA, FOSFATO DE SÓDIO, EXTRATO DE PÁPRICA, ERITORBATO DE SÓDIO, NITRITO DE SÓDIO. MANTER SOB REFRIGERAÇÃO PESO LÍQ. 454g US. INSPECIONADO E APROVADO PELO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DOS EUA CACHORRO-QUENTE Informação Nutricional Porção = 1 unidade (45g) Porções contidas na embalagem 10 Quantidade por porção Calorias 140 Calorias provenientes de gordura 120 % do valor diário* Gordura total 13g 20% 23% 7 % 17 % 1 % 0 % ** Gordura saturada 5g Gordura Trans 0g Colesterol 20mg Sódio 420mg Carboidratos totais 2g Fibras alimentares 0g Açúcares 1g Proteína 5g Vitamina A 0% Vitamina C 0% Cálcio 0% Ferro 2% * Percentual do valor diário baseado em uma dieta de 2000 calorias. ** O consumo de gordura trans deve ser o mínimo possível. � Definições das afirmações sobre gorduras e colesterol nos rótulos de alimentos* Gordura • Sem gordura: menos de 0,5 g de gordura por porção • Isento de gordura saturada: menos de 0,5 g por porção e teor máximo de ácidos graxos trans de 0,5 g por porção • Baixo teor de gordura: 3 g ou menos por porção ou por 50 g do alimento (se a porção tiver 30 g ou menos, ou 2 col de sopa ou menos). Leite com 2% de gordura não pode mais ser dito de “baixo teor de gordura”, pois excede 3 g por porção. O termo certo agora é “teor reduzido de gordura” • Baixo teor de gordura saturada: 1 g ou menos por porção e não mais do que 15% das calorias provenientes de ácidos graxos saturados • Teor reduzido ou menor teor de gordura: no mínimo 25% menos por porção do que no alimento de referência • Teor reduzido ou menor teor de gordura saturada: no mínimo 25% menos por porção do que no alimento de referência Colesterol • Sem colesterol: menos de 2 mg de colesterol e 2 g ou menos de gordura saturada por porção • Baixo teor de colesterol: 20 mg ou menos de colesterol e 2 g ou menos de gordura saturada por porção ou por 50 g do alimento (se a porção tiver 30 g ou menos ou 2 col de sopa ou menos) • Teor reduzido ou menos colesterol: no mínimo, 25% menos colesterol e 2 g ou menos de gordura saturada por porção, em relação ao alimento de referência Wardlaw_Cap_5.indd 197Wardlaw_Cap_5.indd 197 04/12/12 14:4804/12/12 14:48 198 Gordon M. Wardlaw & Anne M. Smith tos intensificam o sabor de alimentos, como por exemplo, um molho curry indiano ou um prato da culinária mexicana. Nossas células sensoriais percebem o odor e o paladar desses condimentos na boca. DECISÕES ALIMENTARES Dieta com menos gordura Qualquer pessoa habituada à alimentação típica da América do Norte provavelmente preci- sará de algum tempo para se adaptar a uma dieta com menor teor de gordura. O consumo preferencial de frutas e legumes saborosos, além de grãos integrais, ajuda nesse processo de adaptação. É interessante observar que, após o período de ajuste, a pessoa começa a não gostar tanto ou a se sentir mal quando consome alimentos gordurosos. Por exemplo, depois de algumas semanas consumindo somente leite semidesnatado (1%), a pessoa que antes só usava leite integral vai achar que, agora, esse leite tem gosto de nata. Certamente é possível mudar de uma dieta rica em gorduras para uma dieta com baixo teor de gordura. Os bene- fícios dessa mudança – controle do peso e menor risco de doenças crônicas – vale o esforço de adaptação. Bom-senso no consumo de alimentos com menor teor de gordura Os fabricantes de alimentos lançaram versões com menor teor de gordura de inú- meros produtos. O teor de gordura desses produtos alternativos varia de 0 a 75%, dependendo do tipo de produto. Entretanto, o teor total de calorias de quase todos os produtos com teor reduzido de gorduras não é significativamente menor do que o das versões convencionais. Isso ocorre porque, em geral, quando se remove a gor- dura de um produto, algum outro ingrediente precisa ser adicionado – quase sem- pre, açúcar. É difícil reduzir, ao mesmo tempo, a gordura e o teor de açúcar de um alimento e, ainda assim, manter seu sabor e sua textura. Por isso, muitos produtos, como massas e biscoitos, que têm teor reduzido de gordura continuam sendo altamente calóricos. Leia a tabela de informações nutricionais para saber que quantidade do produto terá as calorias que você deseja consumir. Estratégias de substituição da gordura dos alimentos Para que o consumidor possa reduzir seu consumo de gordura e ainda apreciar o sabor dos alimentos, os fabricantes oferecem muitos produtos em versões com menor teor de gordura. Para tanto, na fabricação, a gordu- ra dos alimentos pode ser substituída por água, proteínas ou vários tipos de carboidratos, como derivados de amido, fibras e gomas. Às vezes, a indústria alimentícia lança mão de gorduras “artificiais” como olestra e salatrim, que consis- tem em uma mistura de lipídeos e sacarose (açúcar comum), mas não fornecem ou fornecem poucas calorias, já que não podem ser bem-digeridas e/ou absorvidas. REVISÃO CONCEITUAL Alimentos com alto teor de gordura – que contêm mais de 60% de suas calorias totais sob a for- ma de gordura – incluem óleos vegetais, manteiga, margarina, maionese, bacon, abacate, man- teiga de amendoim, queijo cheddar, filé e hambúrguer. Dentre os alimentos que consumimos com maior frequência, só os de origem animal, principalmente ovos, contêm colesterol. Emulsifi- cantes, por exemplo, fosfolipídeos e lecitinas, são adicionados aos molhos de salada e outros pro- dutos ricos em gorduras a fim de manter os óleos vegetais e outras gorduras em suspensão na base aquosa. Os alimentos que “escondem” a gordura são leite integral, bolos e doces, biscoitos, queijo, salsichas, bolachas salgadas, batatas fritas e sorvetes cremosos. A gordura desempenha vários papéis nos alimentos, inclusive contribuindo para seu sabor e sua textura. Também torna mais agradável o paladar de vários alimentos, intensifica o sabor dos condimentos e torna mais macios vários tipos de carnes. Quando um produto é isento de gorduras, isso não significa que ele seja isento de calorias – eles também devem ser consumidos com moderação. � Os laticínios são os itens da nossa dieta que mais contribuem com gorduras saturadas. Wardlaw_Cap_5.indd 198Wardlaw_Cap_5.indd 198 04/12/12 14:4804/12/12 14:48 Nutrição Contemporânea 199 Por enquanto, esses produtos com gorduras substituídas não ocupam uma po- sição significativa na nossa alimentação, em parte porque as versões aprovadas não são muito versáteis e em parte porque seu uso pelos fabricantes ainda é limitado. Além disso, os substitutos de gorduras não têm uso prático nos alimentos que, jus- tamente, constituem as principais fontes de gordura da nossa alimentação: carnes, queijos, leite e massas para assar. A deterioração da gordura limita o prazo de validade dosalimentos Quando os óleos se decompõem, passam a ter um odor desagradável e adquirem um gosto rançoso. É o que acontece, por exemplo, com batatas chips envelhecidas. O “ranço” resulta da quebra das ligações duplas da gordura insaturada, levando à formação de subprodutos. A luz ultravioleta, o oxigênio e certos procedimentos podem quebrar essas ligações duplas e, assim, destruir a estrutura dos ácidos graxos poli-insaturados. As gorduras saturadas e trans resistem mais a esses efeitos, porque contêm menos ligações duplas entre seus átomos de carbono. O ranço não costuma ser um problema para o consumidor, na prática, porque o mau odor e o gosto desagradável evitam o consumo desses alimentos em quanti- dades que poderiam fazer mal à saúde. Entretanto, é um problema para os fabrican- tes, já que diminui o prazo de validade dos produtos. Visando estender a validade, os fabricantes costumam adicionar aos produtos óleos vegetais parcialmente hidro- genados. Os alimentos que correm maior risco de se tornarem rançosos são frituras e produtos muito expostos ao ar. A gordura dos peixes também é sujeita a se tornar rançosa, por ser altamente poli-insaturada. Antioxidantes como a vitamina E ajudam a proteger os alimentos da deterio- ração das gorduras, evitando que fiquem rançosos. A vitamina E, um componente natural dos óleos vegetais, evita a quebra das ligações duplas dos ácidos graxos. Quando os fabricantes de alimentos querem evitar que as gorduras poli-insaturadas fiquem rançosas, costumam adicionar antioxidantes sintéticos, como BHA, BHT ou vitamina C, à fórmula dos produtos que contêm gordura, como molhos para salada e misturas para bolos. Outra medida é fechar hermeticamente ou aplicar outros métodos de redução do oxigênio no interior das embalagens. A hidrogenação dos ácidos graxos durante a produção de alimentos aumenta seu teor de gordura trans Conforme já mencionado, a maioria das gorduras que contêm ácidos graxos satu- rados de cadeia longa é sólida em temperatura ambiente; e as que contêm ácidos graxos insaturados são líquidas. Em alguns processos de produção de alimentos, as gorduras sólidas funcionam melhor do que as líquidas. Quando se prepara massa de torta, por exemplo, a gordura sólida resulta em uma massa mais folha- da, ao passo que o uso de óleos líquidos tendem a dar um resultado mais gordu- roso e quebradiço. Se forem usados óleos com ácidos graxos insaturados em lugar das gorduras sólidas, é preciso, em geral, torná-los mais saturados (com hidrogê- nio), porque dessa forma eles serão solidificados, transformando-se em marga- rina culinária. O hidrogênio é adicionado injetando-se hidrogênio borbulhante, sob pressão, no óleo vegetal líquido, processo que se chama hidrogenação (Fig. 5.9). Os ácidos graxos não são completamente hidrogenados, ou seja, totalmente saturados, pois isso tornaria o produto muito rígido e friável. A hidrogenação par- cial, ou seja, a que deixa alguns ácidos graxos monoinsaturados, cria uma gordura semissólida. O processo de hidrogenação produz ácidos graxos trans, como já foi menciona- do neste capítulo. A maioria dos ácidos graxos monoinsaturados e poli-insaturados existem na forma cis, que possui uma cadeia de carbonos encurvada, ao passo que as cadeias mais retas da forma trans se assemelham mais aos ácidos graxos satu- rados. Talvez seja esse o mecanismo pelo qual a gordura trans aumenta o risco de doença cardíaca. Estudos indicam também que a gordura trans aumenta o potencial de inflamação do corpo, o que não é saudável. Por isso, devemos limitar o con- O Canadá não aprovou o uso de olestra na fabricação de alimentos; somente os Estados Unidos permitem o uso de substitutos de gordura. PARA REFLETIR Allison decidiu começar uma dieta com pouca gordura. Ela afirmou que só precisa adicionar menos manteiga, óleo ou margarina aos ali- mentos e, assim, poderá diminuir drasticamente seu consumo de gorduras. Como é possível explicar a Allison que ela também precisa ficar atenta às gorduras ocultas da dieta? � Substitutos de gordura, por exemplo, fibras de goma, em geral são encontrados em sorve- tes cremosos. BHA, BHT Butil-hidroxianisol e butil-hidro- xitolueno, antioxidantes sintéticos geralmente adicionados aos alimentos. hidrogenação Adição de hidrogênio a uma dupla ligação carbono-carbono, o que produz uma ligação simples com dois átomos de hidrogênio ligados a cada carbono. A hidroge- nação dos ácidos graxos insaturados contidos no óleo vegetal endurece o produto, por isso esse processo é usado para converter óleos lí- quidos em gorduras mais sólidas, usadas como margarinas culinárias. Ácidos graxos trans são um subproduto da hidrogenação dos óleos vegetais. Wardlaw_Cap_5.indd 199Wardlaw_Cap_5.indd 199 04/12/12 14:4804/12/12 14:48 200 Gordon M. Wardlaw & Anne M. Smith sumo de gorduras parcialmente hidrogenadas e, portanto, de gorduras trans. Nas situações habituais, as pessoas não precisam se preocupar tanto com isso, desde que o consumo de gorduras trans não seja excessivo e que haja uma quantidade adequada de gorduras poli-insaturadas na dieta. Entretanto, como os ácidos graxos trans não têm qualquer função específica na manutenção da saúde, as mais recen- tes recomendações dietéticas para americanos da American Heart Association e do Food and Nutrition Board aconselham manter em nível mínimo o consumo de gorduras trans. Recentemente, a pressão da opinião pública convenceu os fabricantes a elimi- nar dos alimentos industrializados os óleos tropicais ricos em gorduras saturadas (óleos de palma, oleína e gordura de coco). O óleo de soja parcialmente hidrogena- do, rico em gorduras trans, tornou-se o principal substituto. Atualmente, estima-se que as gorduras trans representem certa de 3 a 4% de todas as calorias da dieta, che- gando a 10 g/dia, em média. A Tabela 5.2 contém uma lista das principais fontes. Atualmente, a FDA exige que o teor de gordura trans seja expresso no rótulo do alimento (veja novamente a Fig. 5.8). No Canadá, os rótulos também devem men- cionar o teor de gorduras trans. A FDA quer que os consumidores se conscientizem da quantidade de gordura trans presente nos alimentos, bem como das consequên- cias negativas para a saúde associadas ao seu consumo excessivo. As empresas nor- te-americanas já estão se adaptando e criando produtos isentos de gorduras trans. Por exemplo, as marcas Promise, Smart Beat e algumas margarinas da Fleischmann são isentas ou têm menor teor de gordura trans (< 0,5 g por porção) comparadas às margarinas comuns. Essa informação sobre o teor de gordura trans no rótulo ajuda o consumidor no momento da compra dos alimentos, mas quando realizamos refeições fora de casa, não temos informações quanto ao teor de gordura trans dos alimentos que consumimos. É difícil saber que pratos têm menor teor de gordura trans no restau- rante porque raramente são disponibilizadas informações sobre os métodos de pre- paro dos alimentos e sua composição em termos de gorduras. Uma boa alternativa para minimizar o consumo de gorduras trans é limitar o consumo de frituras, tortas e pães de massa folhada (massa para assar, biscoitos, croissants, bolachas). Apesar de nem todos os alimentos terem no rótulo o teor de gorduras trans, o consumidor pode fazer uma escolha sensata examinando a lista de ingredientes citados. Se nos três primeiros ingredientes citados no rótulo constar gordura vege- Fonte de hidrogênio (a) (c)(b) Gordura parcialmente hidrogenada (semissólida) Óleo vegetal insaturado (líquido) Adição de hidrogênio sob pressão FIGURA 5.9 � Como se transformam óleos líquidos em gorduras sólidas. (a) Ácidos graxos insaturados se apresentam na forma líquida. (b) Hidrogênios são adicionados (hidrogenação) e transformam algumas ligações duplas em ligações simples carbono-carbono, produzindo ácidos graxos trans. (c) O produto parcialmente hidrogenado poderá ser usado como margarina alimentar, margarina culinária ou gordura para fritaralimentos. MUITO PRAZER, SOMOS ASMUITO PRAZER, SOMOS AS Algumas piores, outras melhores. � A campanha de saúde pública da American Heart Association, de âmbito nacional, chamada “Meet the Fats”, enfatiza que “alguns são maus, outros são melhores”. Os “irmãos maus” (Trans e Sat), que são as gorduras ruins, indicam que devemos diminuir nosso consumo de gorduras trans e saturadas. As “irmãs boas” (Poly, cujo nome vem de gordura poli-insaturadas, e Mona, de gordura monoinsaturada) indicam que deve- mos “substituir as gorduras más por alimentos que constituem melhores escolhas” (acesse o programa em www.heart.org). Wardlaw_Cap_5.indd 200Wardlaw_Cap_5.indd 200 04/12/12 14:4804/12/12 14:48 Nutrição Contemporânea 201 tal parcialmente hidrogenada, é preciso considerar que esse alimento contém uma quantidade significativa de gordura trans. Limitar o consumo de gorduras trans em casa é bem mais fácil. Uma das me- didas mais importantes é não usar ou usar pouca margarina culinária. Em vez dis- so, prefira os óleos vegetais e as margarinas cremosas (cujos rótulos mencionem óleo vegetal ou água como primeiro ingrediente). Evite fritar qualquer alimento em margarina culinária. Em vez disso, use óleos vegetais não hidrogenados para assar, refogar, cozinhar, grelhar ou preparar no vapor. Substitua os cremes não lácteos por leite desnatado ou semidesnatado. A maioria desses cremes não lácteos contém TABELA 5.2 Principais fontes de ácidos graxos e seu estado em temperatura ambiente Tipo e efeito sobre a saúde Principais fontes Estado em temperatura ambiente Ácidos graxos saturados Aumentam os níveis sanguíneos de colesterol Cadeia longa Toucinho; gordura de carne, porco e cordeiro Sólido Cadeia curta e média Gordura do leite (manteiga), gordura de coco, óleo de palma, óleo de semente de palma Pastoso ou líquido Ácidos graxos monoinsaturados Diminuem os níveis sanguíneos de colesterol Azeite de oliva, óleo de ca- nola, óleo de amendoim Líquido Ácidos graxos poli-insaturados Diminuem os níveis sanguíneos de colesterol Óleo de girassol, óleo de milho, óleo de açafrão, óleo de peixe Líquido Ácidos graxos essenciais Ômega-3: ácido alfa-linolênico Reduz a resposta inflamatória, a coagulação sanguínea e os trigli- cerídeos plasmáticos Peixes de água fria (salmão, atum, sardinha, cavala), ave- lãs, óleos de linhaça, de câ- nhamo, de canola e de soja Líquido Ômega-6: ácido linoleico Regula a pressão arterial e au- menta a coagulação sanguínea Carne, aves, óleos de aça- frão, girassol e milho Sólido a líquido Ácidos graxos trans Aumentam o colesterol sanguí- neo mais do que as gorduras saturadas Margarina (cremosa), marga- rina culinária Pastoso a bem-sólido � Alimentos fritos têm alto teor de gordura e de gordura trans. A redução do consumo de frituras pode ajudar a baixar os lipídeos no sangue. REVISÃO CONCEITUAL A hidrogenação dos ácidos graxos insaturados é o processo de adição de hidrogênio às liga- ções duplas carbono-carbono, formando ligações simples. Esse processo resulta na formação de ácidos graxos trans. A hidrogenação transforma os óleos vegetais em gorduras sólidas. Faz sentido monitorar o consumo de gorduras trans, já que esse tipo de gordura aumenta o risco de doença cardiovascular. As ligações duplas carbono-carbono dos ácidos graxos poli-insaturados são facilmente quebradas, levando à formação de subprodutos que tornam o alimento rançoso. Nos óleos, a presença de antioxidantes como a vitamina E protege, naturalmente, os ácidos graxos insatu- rados da degradação oxidativa. As indústrias de alimentos podem usar gorduras hidrogenadas e adicionar antioxidantes sintéticos ou naturais para diminuir o risco de transformação em gordura rançosa. Wardlaw_Cap_5.indd 201Wardlaw_Cap_5.indd 201 04/12/12 14:4804/12/12 14:48 202 Gordon M. Wardlaw & Anne M. Smith muita gordura vegetal parcialmente hidrogenada. Por fim, leia os rótulos dos ali- mentos e use essas sugestões para estimar seu teor de gordura trans. Wardlaw_Cap_5.indd 202Wardlaw_Cap_5.indd 202 04/12/12 14:4804/12/12 14:48 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Dica do professor Acompanhe no vídeo a exposição sobre a digestão e a absorção das gorduras. Destacaremos, ainda, a ação dos ácidos biliares neste processo. E como reforço de conteúdo, serão apresentadas as principais fontes de ácidos graxos e seus estados em temperatura ambiente. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/aaf1a390a93a41b0170d52be508189e1 Exercícios 1) Geralmente, as margarinas são fabricadas por um processo chamado ____________, no qual átomos de hidrogênio são adicionados às ligações duplas carbono-carbono presentes nos ácidos graxos poli-insaturados dos óleos vegetais. A) Saturação. B) Esterificação C) Isomerização D) Hidrogenação E) Hidrólise. 2) O colesterol é: A) Essencial na dieta, pois o corpo humano não é capaz de sintetizá-lo. B) Encontrado em alimentos de origem vegetal. C) Um importante componente das membranas celulares humanas, necessário para a produção de alguns hormônios. D) É um acido graxo essencial. E) Todas as anteriores. 3) Quais dos seguintes de alimentos seriam importantes fontes de ácidos graxos saturados? A) Azeite de oliva, óleo de amendoim e óleo de canola. B) Óleo de palma, óleo de palmito e gordura de coco. C) Óleo de açafrão, óleo de milho e óleo de girassol. D) Azeite de oliva, óleo de palmito e óleo de soja. E) Todas as alternativas anteriores. 4) Qual dos seguintes alimentos é a melhor fonte de ácidos graxos ômega-3? A) Peixes gordurosos. B) Manteiga e pasta de amendoim. C) Toucinho e margarina culinária. D) Carnes vermelhas gordurosas. E) Óleo de açafrão e de girassol. 5) A principal forma de lipídeo encontrada nos alimentos que consumimos é: A) Colesterol B) Fosfolipídeos C) Triglicerídeos D) Esteróis vegetais E) Todas as alternativas anteriores. Na prática No quadro abaixo, trazemos as metas dietéticas e de estilo de vida para redução do risco de doença cardiovascular, por tratar-se de uma importante ferramenta para as atividade dos profissionais de saúde junto à comunidade e pacientes. Da mesma forma, entendemos como oportuno apresentar exemplos de cardápios diários de 2.000 calorias com 30 a 20% das calorias sob a forma de gordura, para enriquecer os estudos de planos alimentares saudáveis. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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