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UNIVERSIDADE DE UBERABA Engenharia Elétrica – Etapa VIII, volume 1 © 2011 by Universidade de Uberaba Todos os direitos de publicação e reprodução, em parte ou no todo, reservados para a Universidade de Uberaba. Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitora de Ensino Superior Inara Barbosa Pena Elias Pró-Reitor de Logística para Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Assessoria Técnica: Ymiracy N. Sousa Polak Produção de Material Didático: Comissão Central de Produção Subcomissão de Produção Editoração: Supervisão de Editoração Equipe de Diagramação e Arte Capa: Toninho Cartoon Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Sobre os autores Cláudio Turini Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal de Uberlândia. Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente é professor da Universidade de Uberaba, campus Uberlândia, ministrando aulas nos cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia Civil e Engenharia da Computação. Marcelo Lucas Graduado em Engenharia Elétrica com ênfase em eletrônica e telecomunicações pelo instituto Nacional de Telecomunicações (1988), especialista em sistemas de telecomunicações pela universidade de Uberaba (2000). Atua como professor em diversos cursos da Universidade de Uberaba. Rhafael Pansani Godinho Formado em Engenharia de Computação, com ênfase em Automação Industrial. Trabalha como desenvolvedor de sistemas microcontrolados aplicados à indústria e Engenheiro de Computação (Automação Industrial) na Empresa CAS Tecnologia Ltda. Sumário Apresentação ............................................................................................................................ 5 Capítulo 1 – Automação e controladores lógicos programáveis ............................................... 6 1.1 Evolução histórica da automatização de controle industriais ................................................. 7 1.2 Tipos de variáveis de processo ............................................................................................. 12 1.3 Processo contínuo ................................................................................................................. 13 1.4 Processo discreto .................................................................................................................. 13 1.5 Sistema de controle ............................................................................................................... 14 1.6 Áreas de aplicação dos controladores programáveis ........................................................... 20 1.7 Controlador lógico programável versus painel de relés ........................................................ 21 1.8 Computador industrial versus controlador programável ....................................................... 21 1.9 Perspectivas futuras .............................................................................................................. 22 1.10 Principais elementos em acionamentos elétricos ............................................................... 42 Capítulo 2 – Elementos de projeto ........................................................................................... 48 2.1 Introdução.............................................................................................................................. 49 2.2 Normas Recomendadas ........................................................................................................ 51 2.3 Elaboração do Projeto ........................................................................................................... 51 2.4 Concepção do Projeto ........................................................................................................... 52 2.5 Meio Ambiente ...................................................................................................................... 63 2.6 Graus de Proteção ................................................................................................................ 67 2.7 Proteção Contra Riscos de Explosão ................................................................................... 68 2.8 Diagrama Unifilar ................................................................................................................... 70 2.9 Simbologia ............................................................................................................................. 79 2.10 Inspeção Visual e Documentação ....................................................................................... 80 2.11 Ensaios de Campo em Instalações ..................................................................................... 82 2.12 Memorial Descritivo ............................................................................................................. 87 2.13 Tensões Elétricas ................................................................................................................ 88 Capítulo 3 – Programando o PIC® em Linguagem C ............................................................... 92 3.1Compilador C.......................................................................................................................... 93 3.2 Linguagem C (aplicada ao software CCS C ......................................................................... 97 3.3 Configurando o microcontrolador PIC ................................................................................. 116 3.4 Compilando programas ....................................................................................................... 118 3.5 Ferramenta auxiliar para desenvolvimento de projetos ...................................................... 119 3.6 Gravando programa no microcontrolador ........................................................................... 121 5 Apresentação Estamos iniciando a oitava etapa do curso de Engenharia Elétrica na modalidade de estudos à distância. Estão previstos para este volume 1, os conteúdos “Controle, Automação e Integração de Processos Industriais”, “Eletrotécnica” e “Sistemas, instalações e equipamentos eletrônicos e de comunicação”. Os capítulos abordados serão os seguintes: Componente Curricular – Controle, Automação e Integração de Processos Industriais: o Capítulo 1: Automação e controladores lógicos programáveis; Componente Curricular – Eletrotécnica: o Capítulo 2: Elementos de projeto; Componente Curricular – Sistemas, instalações e equipamentos eletrônicos e de comunicação: o Capítulo 3: Programando o PIC em linguagem C No primeiro capítulo, Automação e controladores lógicos programáveis, serão apresentadas situações-problema contextualizadas envolvidas no projeto de sistemas de controle discreto. Será apresentada aplicação dos principais dispositivos utilizados na automação, além, de expor o estado da arte em que se encontra tal segmento. O segundo capítulo, Elementos de projeto, evidencia e organiza os conhecimentos necessários que um engenheiro eletricista deve ter e considerar quando na implementação de um projeto elétrico, seja ele, industrial, comercial ou residencial. Ressalta a importância de se conhecer e seguir as normas relativas a cada implementação bem como, realizar os testes finais exigidos pelas normas, antes de colocar o projeto em funcionamento. Enfatiza a importância de se colocar o conjunto de plantas finais do projeto exatamente da forma como o projeto foi executado. Enfim, fornece uma visão geral e abrangente dos elementos essenciais quando na execução de um projeto elétrico. No terceirocapítulo, Programando o PIC em linguagem C, será visto como programar um microcontrolador PIC utilizando linguagem C, gravar este programa na memória do microcontrolador e principalmente desenvolver um projeto completo. Utilizaremos de conceitos básicos de eletrônica como resistores, cristais e outros para projetarmos uma solução real de aplicação dos microcontroladores PIC no dia a dia. Como já é de seu conhecimento, nós, da equipe didático-pedagógica, estamos sempre empenhados na produção do material, com a intenção de que os seus objetivos sejam integralmente alcançados, esperando de você o envolvimento necessário para o sucesso em seus estudos, ampliando, gradativamente, os conhecimentos necessários à sua formação de engenheiro eletricista. Bons estudos! 6 1 Automação e controladores lógicos programáveis Marcelo Lucas Introdução Por meio dos estudos propostos, esperamos que você compreenda e identifique situações-problema contextualizadas, envolvidas no projeto de sistemas de controle discreto. Para tanto, sugiro que, ao ler os conteúdos abordados, você faça uma síntese das principais dificuldades encontradas no desenvolvimento dessa atividade de aprendizagem. Tais dificuldades servirão para uma posterior discussão entre todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, alunos, preceptor, tutor web e professores. Sendo assim, este trabalho tem o objetivo de auxiliá-lo no processo de construção de conhecimentos teórico-iniciais, necessários para acompanhamento dos conteúdos que serão trabalhados. De modo geral, esperamos que este trabalho contribua de forma significativa para seu enriquecimento referente ao conhecimento e aplicação dos principais dispositivos utilizados na automação, além de expor o estado da arte em que se encontra tal segmento. Esquema - A evolução do controle de processos industriais - Processos industriais - Processo contínuo - Processo discreto - Sistema de comando - Sistema de controle - Controlador lógico programável - Áreas de aplicação dos controladores programáveis - Computador industrial versus controlador programável - Arquitetura dos CLPs - Modos de operação de um CLP - Dispositivos de entrada: transdutores e sensores - Dispositivos de saída: atuadores - Principais elementos em acionamentos elétricos A evolução do controle de processos industriais A competitividade dos mercados mundiais imposta pela globalização tem obrigado as empresas a uma constante busca pela melhoria na qualidade e produtividade. Isto leva a uma busca incessante por soluções tecnológicas para melhorar qualitativamente e quantitativamente os processos produtivos. Para atender a estas necessidades de aumento de produtividade, flexibilidade e redução de custos as 7 organizações estão se reorganizando. Por outro lado, é necessário que os equipamentos tenham condições de se adequarem rapidamente às alterações de configurações exigidas para produzirem diversos modelos de produtos, com pequenas alterações entre si. E, neste contexto, a automação surge como uma das principais soluções. Na atualidade, tornou-se parte da rotina industrial o emprego de máquinas automáticas que substituem a força muscular do homem e, ainda, possuem a capacidade de decidir e corrigir seus erros. Nesse sentido, podemos afirmar que a automação industrial é parte integrante do cotidiano de nossa sociedade. Mas o que vem a ser automação industrial? De forma bem simples, podemos conceituá-la como um conjunto de dispositivos eletro/eletrônicos e mecânicos que controlam seu próprio funcionamento, quase sem a intervenção humana. Veja bem, a automação é diferente de mecanização. A mecanização consiste simplesmente no uso de máquinas para realizar um trabalho, substituindo assim o esforço físico do homem. Já a automação possibilita executar o trabalho por meio de máquinas controladas automaticamente. Quando observamos um processo de fabricação percebemos que este possui um fluxo de material, energia ou ambos. O fluxo de material ou energia é manipulado sob o comando de um controlador, cujo objetivo é manter a variável de processo em um valor desejado; este valor é chamado de ponto de ajuste ou setpoint. Controlador Dispositivo responsável pelo acionamento dos atuadores, segundo uma ação previamente determinada pelo usuário do sistema de controle. 1.1 Evolução histórica da automatização de controle industriais A necessidade de controlar um processo fabril é muito antiga. Existe desde a revolução industrial quando o homem passou a manufaturar bens para atender as suas necessidades. Da manufatura nasce a ideia da sistematização dos procedimentos envolvidos na produção de bens e serviços. Surge, então, o conceito de processo manufaturado em que os procedimentos são ordenados e podem ser agrupadas em etapas ou fases distintas. A automação só ganhou destaque na sociedade quando o sistema de produção agrário e artesanal transformou-se em industrial, a partir da segunda metade do século XVIII, inicialmente na Inglaterra. Os sistemas inteiramente automáticos surgiram no início do século XX. Entretanto, bem antes disso foram inventados dispositivos simples e semiautomáticos. Inicialmente, a principal característica do processo de manufatura é que o homem era o responsável pelo controle e pela execução de todos os procedimentos envolvidos no processo. O problema estava na baixa produtividade e na característica da qualidade estar fortemente dependente do ser humano. 8 Com o surgimento da máquina a vapor, começa a surgir a ideia de se usar máquinas para executar etapas do sistema produtivo. Entretanto, as primeiras máquinas a vapor não tinham elementos de controle automático. Eram ainda dependentes do homem para o controle de suas ações, mas já representavam um avanço em termos de força e velocidade em relação ao ser humano. Controle automático É quando uma parte, ou a totalidade, das funções do operador é realizada por um equipamento sem interferência humana. Com invenção do regulador mecânico para a pressão do vapor (Figura 1), feito por James Watt, a máquina passou a ter um uso industrial importante, pois agora a pressão do vapor era regulada automaticamente por um dispositivo, podendo a máquina assim efetuar um trabalho ou uma etapa de um processo. Surge o processo industrial em substituição ao processo de manufatura, em que máquinas realizam parte do processo de produção. Figura 1: Máquina de vapor de Watt. Fonte: Acervo do autor. Inventor da moderna máquina a vapor, que possibilitou a revolução industrial, James Watt foi mundialmente reconhecido quando seu nome foi dado à unidade de potência de energia (watt). James Watt nasceu em Greenock, Escócia, em 19 de janeiro de 1736. Aos 19 anos, foi para Londres fazer aprendizado de mecânico especializado na construção de instrumentos, mas em menos de um ano regressou à Escócia, por motivos de saúde. Por não possuir o certificado de aprendiz, teve dificuldades em montar uma oficina em Glasgow. Em 1757, no entanto, conseguiu ser escolhido para fabricar e reparar instrumentos matemáticos da Universidade de Glasgow. (Fonte: http://pessoal.educacional.com.br/up/50280001/2756140/t1324.asp em 27/02/2009.) Saiba mais 9 Entretanto, ainda não existia o controle automático no processo, dado que toda ação da máquina dependia da supervisão e atuação do homem. A ideia era fazer com que a máquina ganhasse cada vez mais autonomia no processo de fabricação, tal qual o ocorreu com o controle do vapor. Ou seja, buscava-se o controle automático de processo. Mas o controle de processo usando meramente elementos mecânicos era algo difícil de conseguir e o controle automático de processo praticamente não avançou muito até o século XX. Com o advento da eletricidade, surgem os controles elétricose eletrônicos que são mais versáteis e dinâmicos que os controles mecânicos. Com o advento dos microprocessadores, o comando numérico (CN) evoluiu para o Comando Numérico Computadorizado (CNC). Microprocessador Também chamado de processador ou chip. Pastilha geralmente de silício gravada com microcircuitos, contendo milhões de transistores. É o "coração" de um computador. Uma das primeiras máquinas-ferramentas que se conhece é o Torno de abrir roscas, inventado em 1568, pelo engenheiro francês Jacques Benson. Mesmo sendo primitivo, abria roscas com razoável precisão. A máquina-ferramenta foi aprimorada até a concepção do comando numérico (CN). As máquinas comandadas numericamente viabilizam a fabricação de peças com geometria complexa por meio do recurso de programação eletrônica das sequências de usinagem. Simultaneamente às máquinas de controle numérico, foram desenvolvidos os robôs, que possuem o mesmo princípio de controle das máquinas-ferramentas CNC, mas sua estrutura mecânica é bastante diferente. Nos anos 1950, surge a ideia da computação gráfica interativa: forma de entrada de dados por meio de símbolos gráficos com respostas em tempo real. No MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts) foram produzidas figuras simples por meio da interface de tubo de raios catódicos (idêntico ao tubo de imagem de um televisor) com um computador. Em 1959, a GM começou a explorar a computação gráfica no processo de fabricação de seus automóveis. A década de 1960 foi o período mais crítico das pesquisas na área de computação gráfica interativa. Naquela época, uma grande inovação tecnológica foi o desenvolvimento do sistema sketchpad, que tornou possível criar desenhos e alterações de objetos de maneira interativa, utilizando como interface o computador. No início dessa década o termo CAD começou a ser utilizado para indicar os sistemas gráficos orientados para projetos. CAD Do inglês Computer Aided Design ou “Projeto Auxiliado por Computador”) Condições e características do Estado Regulador Uma sociedade nacional ordena em bases capitalistas, isto é, em que as principais riquezas sejam produzidas como bens privados dos proprietários dos meios de produção, por meio da força de trabalho de outros homens, contratados para produzir mercadorias (bens e serviços) e gerar lucros para os proprietários. Ao conjunto dos elementos envolvidos nesse processo, e não só às riquezas produzidas, chamamos de capital e, aos seus proprietários, que dominam todo o processo, chamamos de capitalistas. Trata-se, pois, de uma sociedade desigualmente dividida pela propriedade e não apenas pelo trabalho, isto é, dividida entre capital e trabalho. Um Estado que exerça a sua jurisdição política sobre o território e a sociedade de uma nação com a finalidade de garantir esta ordem social, especialmente as suas condições de existência (capital e trabalho). O desenvolvimento de um forte movimento ético-político contrario a esta ordem social e política, marcadas pela luta de classes. O desenvolvimento de teorias e estratégias sociopolíticas reformadoras do capitalismo e do Estado. A produção de um excedente econômico crescente e que possa ser socialmente redistribuído sem ameaçar a ordem capitalista. 10 Na década de 1970 , as pesquisas desenvolvidas na década anterior começaram a dar resultados. Setores governamentais e industriais passaram a reconhecer a importância da computação gráfica como forma de aumentar a produtividade. Na década de 80, as pesquisas visaram à integração e/ou automatização dos diversos elementos de projeto e manufatura com o objetivo de criar a fábrica do futuro. O foco das pesquisas foi expandir os sistemas CAD/CAM (Projeto e Manufatura Auxiliados por Computador). Nesse período também surgiu o modelamento geométrico tridimensional com mais aplicações de engenharia (CAE – Engenharia Auxiliada por Computador). Alguns exemplos dessas aplicações são a análise e simulação de mecanismos, o projeto e análise de injeção de moldes e a aplicação do método dos elementos finitos. No início de sec. XXI, assistimos o conceito de integração total do ambiente produtivo com o uso dos sistemas de comunicação de dados (interconexão de redes coorporativas e industriais) e novas técnicas de gerenciamento se disseminar rapidamente. O CIM (Manufatura Integrada por Computador) é uma realidade dentro de alguns setores, por exemplo, o automobilístico e foi dessa forma que a automação dos processos de fabricação adquiriu a dimensão e importância dos dias atuais. Processos industriais Quando observamos o processo do ponto de vista da produção, normalmente podemos defini-lo como sendo o local (físico) onde os materiais e a energia se juntam e transformados em um determinado produto. Para os engenheiros de controle, o processo pode ser entendido como um conjunto de variáveis que devem ser conhecidas e controladas com vários objetivos, dentre eles podemos citar: melhora da qualidade do produto; melhora da produtividade; necessidades de economia do processo; atender a questões ambientais; garantir a proteção do processo; garantir a segurança da planta. De uma forma geral, podemos dizer que qualquer operação ou conjunto de operações que produza um resultado final desejado é considerado como processo. Geralmente, o processo consiste na modificação das matérias-primas, colocadas na sua entrada, nos produtos finais, obtidos em sua saída, por meio do suprimento de energia, durante um determinado período de tempo. CAD/CAE/CAM Abreviaturas de computer aided design, engineering, manufacturing. Designam sistemas, processos e programas de desenho, engenharia e manufatura (fabricação) auxiliados por computador. Para construir um navio, por exemplo, o estaleiro pode ter um programa que auxilia nos cálculos de engenharia naval, no desenho (e posteriores modificações) da planta do navio e, depois, pode até emitir comandos para o corte de chapas de aço conforme as medidas especificadas. A denominação pode se referir apenas ao programa como a toda uma estação de trabalho dedicada a essa finalidade. Saiba mais 11 Em princípio, qualquer grandeza física pode ser controlada, isto é, pode ter seu valor intencionalmente alterado. Obviamente, há limitações práticas; uma das inevitáveis é a restrição da energia de que dispomos para afetar os fenômenos: por exemplo, a maioria das variáveis climatológicas pode ser medida, mas não controlada, por causa da ordem de grandeza da energia envolvida. Observamos que grande parte dos sistemas modernos de controle, como os utilizados na indústria automobilística, química, papel e celulose, petroquímica, açúcar e etanol dentre outras, é extremamente complexa e requer muitos ciclos de realimentação. Controle por realimentação É quando um equipamento, dito automático, age sobre o elemento de controle (atuador), baseando-se em informações medida, através de sensores, da variável controlada. Vamos relembrar alguns conceitos básicos de sistema de controle! De uma forma geral, cada sistema de controle é composto de cinco elementos básicos (ver Figura 2): acionamento: provê o sistema de energia para atingir determinado objetivo. É o caso dos motores elétricos, pistões hidráulicos etc.; sensoriamento: mede o desempenho do sistema de automação ou uma propriedade particular de algum de seus componentes. Exemplos: termopares para medição de temperatura e encoders para medição de velocidade; controle ou comando: utiliza a informação dos sensores para regular o acionamento. Por exemplo, para manter o nível de água num reservatório, usamos um controlador de fluxo que abre ou fecha uma válvula, de acordo com o consumo. Mesmo um robô requer um controlador, para acionar o motor elétrico que o movimenta; comparador ou elemento de decisão: compara os valores medidos com valores preestabelecidose toma a decisão de quando atuar no sistema. Como exemplos, podemos citar os termostatos e os programas de computadores; programas: contêm informações de processo e permitem controlar as interações entre os diversos componentes. Figura 2: Elementos básicos de um sistema de controle. Fonte: Acervo do autor. Entretanto, a maior parte dos processos industriais envolve mais do que simplesmente regular a variável controlada. A exigência de controle significa que alguma variável tende a variar de modo contínuo devido a influências externas. Mas, há muitos processos na indústria em que não é uma variável que deve ser controlada, mas uma 12 sequência de eventos. Esta sequência de eventos tipicamente leva à produção de algum produto por meio de um conjunto de matérias-primas. Por exemplo, no processo para fazer torradeiras, existe a entrada de vários metais e plásticos e, com saída, temos as torradeiras. O processo pode ser classificado de quatro formas quando observamos o tempo e o tipo de operação envolvido, ou seja: contínuo; batelada; discreto; fabricação de itens. 1.2 Tipos de variáveis de processo As variáveis podem ser definidas como a representação de informações em forma de um valor ou uma curva de valores de uma grandeza física. Assim, se a grandeza for a corrente elétrica teremos um sinal elétrico, se for a pressão de um fluido temos os sinais pneumáticos ou hidráulicos e, se for a luminosidade, teremos um sinal óptico. As variáveis de processo podem ser classificadas quanto à forma, como as informações são representadas. Vejamos esta classificação: Sinal analógico Sinal analógico é aquele que representa de forma contínua uma determinada faixa de valores da grandeza física (Figura 3). Exemplo: pressão, temperatura, força etc.. Figura 3: Sinal analógico. Fonte: Acervo do autor. Sinal digital Sinal digital é aquele em que somente dois valores são representados. São designados genericamente de 0 e 1 (Figura 4). Exemplos: Embora as grandezas físicas não correspondam a este comportamento, podemos ter algumas situações como a presença ou não de um objeto em determinado local, ou um botão pressionado ou não, desligado ou ligado. 13 Figura 4: Sinal digital Fonte: Acervo do autor. 1.3 Processo contínuo O processo é contínuo quando a matéria-prima entra num lado do sistema e o produto final sai do outro lado continuamente. Nesta aplicação, o termo continuamente significa um período de tempo relativamente longo, medido em horas, em dias e até em meses, dependendo do processo. As paradas totais dos processos se realizam em intervalos de um ano ou mais. O processo contínuo pode levar até vários dias para entrar em regime estável e permanente de produção. Temos como exemplo a maioria das indústrias petroquímicas e siderúrgicas que possuem processos contínuos. 1.4 Processo discreto O termo estado discreto expressa que cada evento na sequência pode ser descrito pela especificação da condição de todas as unidades de operação do processo. Um conjunto particular de condições é descrito como um estado discreto de todo sistema. Tais descrições dessas condições são apresentadas com expressões, tais como: válvula A está aberta; válvula B está fechada; esteira C está ligada; chave limite S1 está ligada. Sistema de comando e de controle Em automação de processos industriais podem ocorrer duas formas básicas: sistema de comando e sistema de controle. Sistema de comando Consiste num conjunto de elementos interligados em malha aberta, isto é, as informações processadas nesses elementos apresentam-se num único sentido, da entrada para a saída e o seu diagrama de blocos pode ser visto na Figura 5, a seguir. 14 Figura 5: Diagrama de blocos de típico de um sistema de comando. Fonte: Acervo do autor. 1.5 Sistema de controle Consiste num sistema de malha fechada, isto é, além do fluxo de informação no sentido direto (da entrada para a saída), existe outro no sentido contrário (da saída para a entrada), chamada realimentação (Feedback), sendo seu diagrama de blocos visto na Figura6, a seguir: Figura 6: Diagrama de blocos de um sistema de controle realimentado. Fonte: Acervo do autor. Controlador lógico programável Mesmo antes do surgimento da eletrônica digital, os projetistas de comando elaboravam circuitos digitais como contatos programáveis. O programa era armazenado em plugs multipinos e as instruções codificadas por meio de ligações elétricas entre os pinos destes plugs. Esses programas eram muito limitados, e, sua principal função era a seleção das operações das máquinas e/ou processos. Desta forma, além de uma operacionalidade muito baixa, existiam outros problemas: alto consumo de energia; difícil manutenção; modificações de comandos dificultados e onerosos com muitas alterações na fiação ocasionando número de horas paradas; além das dificuldades em manter documentação atualizada dos esquemas de comando modificado. Com o aparecimento dos circuitos digitais e microprocessados, o controlador lógico programável tem revolucionado os comandos e controles industriais a partir da década de 1970. Este equipamento foi batizado nos Estados Unidos como PLC (Programable Logic Control), em português CLP (Controlador Lógico Programável) e este termo foi registrado pela Allen Bradley (fabricante de CLPs). 15 Controlador Lógico Programável (CLP) Equipamento que realiza o controle sob o comando de um programa aplicativo escrito em linguagem de relés e blocos. É composto basicamente de Unidade de Processamento, Memória, e dispositivos de entradas e saídas. Figura 7: Diagrama ilustrando de forma conceitualmente a aplicação de um PLC. Fonte: Acervo do autor. Os PLCs possuem muitas definições. Porém, podemos dizer que os controladores de lógica programáveis, também chamados de controladores programáveis ou PLCs, pertencem a família dos computadores de estado sólido e utilizam circuitos integrados em vez de dispositivos de eletromecânica para implementar suas funções de intertravamento e controle. Eles são capazes de armazenar e executar instruções lógicas, sequenciamento, temporização, contagem, processamento aritmético, manipulação de dados e comunicação, com o objetivo de controlar máquinas e processos industriais. Ou ainda, podemos dizer de forma simples que PLCs (ver Figura ) são computadores industriais com arquitetura especialmente projetada, composta por uma unidade central de processamento e seus circuitos de interface com dispositivos de campo (conexão das entradas e saída com o mundo real). O CLP possui uma arquitetura modular composta de fonte, CPU e módulos de entrada e saída, além de módulos para comunicação em rede. O controlador monitora o estado inicial e final dos dispositivos conectados aos terminais de entrada e, de acordo com o programa, controla os dispositivos conectados aos terminais de saída. Devido à evolução tecnológica, tanto de hardware quanto de software aliado a uma tendência crescente de apresentarem baixo custo, muita inteligência, facilidade de uso e massificação das aplicações, a utilização deste equipamento não será apenas nos Segundo a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), PCL é um equipamento eletrônico digital com hardware e software compatíveis com aplicações industriais. De acordo com a NEMA (National Electrical Manufactures Association), É um dispositivo eletrônico digital que utiliza uma memória programável para armazenar internamente instruções e para implementar funções específicas, tais como lógica, sequenciamento, temporização, contagem e aritmética, controlando, por meio de módulos de entradas e saídas, vários tipos de máquinas ou processos. Saiba mais 16 processos, mas tambémnos produtos. Será fácil encontrá-lo em diversos produtos, tais como, eletrodomésticos, eletrônicos, residências e veículos. Funcionalidades Os Controladores Lógicos Programáveis (CLPs) são equipamentos eletrônicos de última geração, utilizados em sistemas de automação flexível. Permitem desenvolver e alterar facilmente a lógica para acionamento das saídas em função das entradas. Desta forma, pode-se utilizar de inúmeros pontos de entrada de sinal, para controlar diversos pontos de saída de sinal (cargas). As vantagens dos controladores lógicos programáveis em relação aos sistemas convencionais são: ocupam menos espaço; requerem menor potência elétrica; podem ser reutilizados; são programáveis, permitindo alterar os parâmetros de controle; possuem maior confiabilidade; de manutenção é mais fácil; oferece maior flexibilidade; permitem interface de comunicação com outros CLPs e computadores de controle; permitem maior rapidez na elaboração do projeto do sistema. Figura 8: Arquitetura básica de um CLP. Fonte: Acervo do autor. Basicamente, um controlador programável apresenta as seguintes características: 17 hardware e/ou dispositivo de controle de fácil e rápida programação ou reprogramação, com a mínima interrupção da produção; construção robusta e capacidade de operação em ambiente industrial; sinalizadores de estado e módulos tipo plug-in de fácil manutenção e substituição; hardware ocupando espaço reduzido e apresentando baixo consumo de energia; possibilidade de monitoração do estado e operação do processo ou sistema, através da comunicação com computadores; compatibilidade com diferentes tipos de sinais de entrada e saída; capacidade de alimentar, de forma contínua ou chaveada, cargas que consomem correntes de até 2 A; hardware de controle que permite a expansão dos diversos tipos de módulos, de acordo com a necessidade; custo de compra e instalação competitivo em relação aos sistemas de controle convencionais; projeto modular com possibilidade de expansão da capacidade de memória; conexão com outros CLPs através de rede de comunicação. Evolução histórica O controlador lógico programável nasceu na indústria automobilística americana no final dos anos 1960. O primeiro CLP foi projetado pela divisão Hydromic Division, da General Motors Corporation, em 1968, sob a liderança do engenheiro Richard Morley, cuja finalidade seria substituir os painéis de relés nos controles dos processos baseados em lógicas combinacional/sequêncial das linhas de montagem nas indústrias de manufatura, principalmente automobilística. Foram progressivamente adotados pelas indústrias de processos devido a grande dificuldade que havia para mudar a lógica de controle de painéis de comando ao se alterar a linha da montagem. Essas mudanças exigiam muito tempo e dinheiro. Vejamos o que foi feito para resolver esta dificuldade! Foi preparada uma especificação das necessidades existentes em muitas aplicações baseadas nos circuitos a relés, tanto da indústria automobilística como de toda a indústria de manufatura. Nascia, assim, um equipamento bastante versátil e de fácil utilização, que vem se aprimorando constantemente, diversificando cada vez mais os setores industriais e suas aplicações, o que justifica hoje um mercado mundial estimado em 4 bilhões de dólares anuais. Desde seu aparecimento até hoje, muita coisa evoluiu nos controladores lógicos. Esta evolução está ligada diretamente ao desenvolvimento tecnológico da informática, principalmente em termos de software e de hardware. Hardware Componentes físicos Software Programas de computador. Em nosso contexto, é igual ao programa de controle Os primeiros CLPs tinham pouca capacidade e suas aplicações se limitavam a máquinas e processos que requeriam operações repetitivas. A partir de 1970, com o advento das unidades de processamento ou processador, esses equipamentos começaram a ser programados. 18 Inovações no hardware e software adicionaram maior flexibilidade aos CLPs por meio do aumento da capacidade de memória, entradas/saídas remotas, controle analógico e de posicionamento, comunicação etc. A expansão de memória fez com que os controladores não ficassem mais restritos à lógica e sequenciamento, mas aquisição e manipulação de dados. Muitos avanços têm ocorrido na tecnologia dos CLPs e consequentemente versões cada vez mais aperfeiçoadas têm surgido no mercado, tanto em hardware como em software. Alguns desses avanços mais recentes no hardware dos CLPs estão listados, a seguir: • obtenção de tempos de scan cada vez menores, processamento mais rápido, com a utilização de novos microprocessadores; • surgimento de CLPs pequeno e de baixo custo que pode substituir vários relés eletromecânicos; • desenvolvimento de sistemas de I/O de alta densidade possibilita interfaces menores e de baixo custo; • desenvolvimento de interfaces de I/O Inteligentes, baseadas em microprocessadores que ampliam o processamento distribuído. Interfaces típicas incluem PID, rede, CANbus, fieldbus, comunicação serial, controle de posição, computador host e linguagens modulares como, por exemplo, a linguagem BASIC e Pascal; • desenvolvimento de interfaces especiais que permitem conectar alguns dispositivos (incluindo termopares, células de carga, e entradas de resposta rápida) diretamente ao controlador; • avanços das IHMs melhorando a interface do operador; • e documentação agora é parte integrante do sistema. Por outro lado, todo este avanço provocou um aumento no custo do hardware desses dispositivos e deu origem ao conceito de família de controladores. Estas famílias consistem em linhas de produto que vão desde controladores de pequeno porte (microcontroladores) com poucos pontos de I/O (cerca de 32 pontos), até CLPs de grande porte (cerca de 8000 pontos de I/O e vários kB de memória). Os membros da mesma família usam sistemas de I/O comuns, periféricos programáveis e podem conectar-se via rede de comunicação. Veja que o conceito de família é um importante redutor de custos para os projetistas de sistemas automatizados. Acompanhando os avanços de hardware, o software também evoluiu muito. Vejamos esta evolução nos CLPs: incorporação de ferramentas de programação orientada a objeto e a criação de várias linguagens de programação (padrão IEC 1131-3); incorporação de instruções poderosas aos CLPs de pequeno porte estendendo assim a área de aplicação deste controladores; utilização de linguagens de alto nível, como BASIC e C, em alguns módulos de famílias de controladores possibilitando maior flexibilidade de programação na comunicação com dispositivos periféricos e manipulação de dados; Neste contexto, as alterações em programas não implicavam mais em modificações nos circuitos e fiações, mas sim na mudança de dados contidos em elementos de armazenamento (memórias). Importante! 19 implementação de instruções avançadas na forma de blocos funcionais acrescentadas ao conjunto de instruções ladder com objetivo de aumentar a capacidade de processamento através de programação simples com comandos ladder; ampliação do sistema de diagnósticos que, além de verificar o mau funcionamento do controlador, executa também o diagnóstico (avaliação falhas e mau funcionamento) do processo; inserção de cálculo com flutuante-ponto. Isso tornou possível a execução de cálculos complexos em aplicações de controle que requerem calibração e balanceamento e computação estatística; simplificação e melhoria das instruções de manutenção e manipulação de dados necessárias em aplicações de controle avançado e aquisição de dados onde ocorre armazenamento, busca e recuperação de grandes volumes de dados. Lógica Ladder Linguagem de programação mais utilizada em PLCs para controlar processos industriais. Quantoà tecnologia envolvida na programação desses dispositivos, no início não havia nenhuma padronização sobre o funcionamento ou linguagens de programação entre os fabricantes, apesar da grande maioria utilizar as mesmas normas construtivas. Porém, pelo menos em relação ao software aplicativo, os controladores programáveis podem se tornar compatíveis entre si com a adoção da norma IEC 1131-3. Esta norma prevê a padronização da linguagem de programação e sua portabilidade. Recentemente, está sendo incorporada pelos controladores programáveis a tecnologia fieldbus (barramento de campo) como barramento de campo, que surge como uma proposta de padronização de sinais no nível de chão-de-fábrica. A proposta do barramento de campo é diminuir sensivelmente o número de condutores usados para interligar os sistemas de controle aos sensores e atuadores, além de distribuir a inteligência por todo processo. Atuador Dispositivo responsável por agir na variável manipulada do processo ao qual está se aplicando a automação. Podem ser magnéticos, hidráulicos, pneumáticos, elétricos, ou de acionamento misto. Sensor Dispositivo utilizado para converter uma grandeza física em outra grandeza física mensurável. São utilizados nas máquinas (equipamentos) para monitorar e indicar as condições do processo. Os atuais CLPs já podem ser considerados sistemas de controle maduros, que oferecem uma capacidade de processamento muito maior do que seu projeto original. Eles possuem capacidade comunicação com outros sistemas de controle fornecendo relatórios de produção, diagnóstico de falhas (controlador e processo) dentre outras facilidade. Estas características fizeram com que os CLPs contribuíssem de forma No início, o processamento era realizado utilizando-se de componentes discretos; no entanto, com a evolução da microinformática, sobreveio um grande salto tecnológico através da utilização de microprocessadores e microcontroladores de última geração, técnicas de processamento paralelo, inteligência artificial, redes de comunicação, fieldbus etc. Sintetizando... 20 significativa para atender às atuais necessidades de melhoria na qualidade e aumento de produtividade da empresas. Apesar da sofisticação dos CLPs, eles ainda detêm a simplicidade e a facilidade de operação proposta em seu projeto original. Vejamos no Quadro 1, a seguir, a evolução das aplicações dos CLPs: Quadro 1: Evolução das aplicações dos CLPs. Evolução das aplicações dos CLPs 1969 a 1971 Substituir a lógica via relés 1971 a 1976 Substituir contadores e temporizadores Operações aritméticas Impressão de documentação/relatórios Controle em malha fechada (PID) 1976 a 1981 Comunicação entre CLPs Controle de posicionamento 1981 a 1985 Redes com periféricos Unidades Remotas Redundância de CPUs 1985 a atual Interface Homem-Máquina (IHM) Sistemas de supervisão Fonte: Acervo do autor. 1.6 Áreas de aplicação dos controladores programáveis Aplicação em quase todos os setores industriais envolvendo: controle de processos; automação da manufatura; integração de sistemas de automatização; linhas de fabricação e montagem; automação predial; controle de subestações de energia. Funções: controle: PID industrial; sequenciamento: definição da sequência de operações em linhas de fabricação e montagem; intertravamento: uma ação y só pode ser executada se a ação x foi concluída; supervisão/monitoração: visualização do andamento do processo, intervenção do operador. 21 Aplicações usuais: máquinas-ferramenta: intertravamento e sequenciamento das operações; controle de posição dos eixos, torque, velocidade de avanço, aceleração e outras; controlador PID: controle de posição, rotação, velocidade, temperatura, pressão, vazão, força, potência e outras; sequenciamento/intertravamento: linhas de produção e montagem automatizadas. 1.7 Controlador lógico programável versus painel de relés CLPs ou painéis de relés? No início, provavelmente, esta foi a principal questão a ser respondida pelos engenheiros de sistemas, controle, projetistas etc. De um modo geral, podemos afirmar que o aumento da qualidade e produtividade aliada à redução de curtos não pode ser alcançado sem a utilização de equipamento eletrônico no controle de processos. Com o crescente desenvolvimento de novos produtos e aumento da competição entre os fabricantes, o custo do CLP tem caído de forma significativa, a ponto de que a comparação entre CLP e painel de relé, no ponto de vista de custo, não ser mais adequada. A aplicabilidade ou não dos CLPs deve, agora, ser avaliada observando outros fatores. Os requisitos listados a seguir, seguramente, levam à escolha do CLP em detrimento dos relés: necessidade de flexibilidade de mudanças na lógica de controle; necessidade de alta confiabilidade; espaço físico disponível pequeno; expansão de entradas e saídas; modificação rápida; lógicas similares em várias máquinas; comunicação com computadores em níveis superiores. Ainda que os sistemas eletromecânicos, em pequenas e até médias aplicações, possa apresentar um menor custo inicialmente, esta vantagem poderá desaparecer totalmente se considerarmos a relação custo/benefício proporcionada pelo CLP ao longo do tempo. A implementação da lógica utilizando relés dificulta a manutenção e diminui a flexibilidade com relação a mudanças no sistema. A lógica é realizada por fios e qualquer modificação nessa lógica exige uma conexão adequada dos fios, envolvendo operações com os contatos NA e NF dos relés. 1.8 Computador industrial versus controlador programável A arquitetura de um CLP é fundamentalmente a mesma que um computador de uso geral. Entretanto, existem algumas características importantes que diferem o CLP dos computadores. Podemos dizer que todos os CLPs são computadores por definição, mas nem todos os computadores são CLPs. 22 No Quadro 2, a seguir, temos uma comparação entre PCs industriais e CLPs nos quais podem ser vistos os pontos fortes e os pontos fracos dos computadores industriais. Quadro 2: Comparação do Microcomputador Industrial com CLPs. Pontos fortes do PC industrial Pontos fracos do PC industrial Interface Gráfica Confiabilidade do Sistema Operacional Tempo de Programação Confiabilidade do Microcomputador Não utilizar Hardware Proprietário Velocidade de Atualização de I/O (Rack) Arquitetura Aberta Eventuais Bugs de Software Várias Linguagens de Programação Facilidade de efetuar cálculos complexos Fonte: Acervo do autor. Os CLPs foram especificamente projetados para operar em ambientes industriais. Um CLP pode atuar em áreas com quantidades substanciais de ruídos elétricos, interferências eletromagnéticas, vibrações mecânicas, temperaturas elevadas e condições de umidade adversas. Uma especificação típica de CLP inclui temperaturas na faixa de 0 a 60 ºC e umidade relativa de 5 a 95 %. A segunda distinção dos CLP´s é que o hardware e o software foram projetados para serem operados por técnicos não especializados (nível exigido para a manutenção e operação de computadores). O software residente, desenvolvido pelo fabricante, e que determina o modo de funcionamento do controlador também caracteriza uma diferença fundamental. Este software realiza funções de acesso ao hardware, diagnósticos, comunicações e determina o funcionamento do controlador em um modo de operação dedicado (ciclo de varredura) e totalmente transparente ao usuário. 1.9 Perspectivas futuras No futuro, os CLPs dependerão não somente do desenvolvimento de novos produtos, mas também da capacidade de interconexão com outros sistemas de controle e gestão de fábrica. Não há nenhuma dúvida que os CLPs terão um papel significativo na concepção da fábrica do futuro. Atualmente, os CLPs já estão sendo integrados,através das redes de comunicação, a sistemas CIM, CNCs, robôs, sistemas CAD/CAM, computador pessoal, sistemas de gestão da informação dentre outros. A diferença está nos métodos de programação, operação, considerações ambientais e manutenção. Parada obrigatória Usualmente, a manutenção é feita pela simples troca de módulos e existem softwares que auxiliam na localização de defeitos. As interfaces de hardware para conexão dos dispositivos de campo estão prontas para uso e são facilmente intercambiáveis (estrutura modular). A programação é geralmente feita em uma linguagem parecida com os diagramas de relés. Importante! 23 Novos avanços tornarão as interfaces com o operador mais amigáveis, por exemplo, IHMs e GUIs com módulos de voz. Novas interfaces que permitam a comunicação com outros equipamentos, tanto hardware quanto software, e que suportem técnicas de inteligência artificial, tais como, sistemas de I/O com lógica fuzzy, têm sido desenvolvidas e novas instruções têm sido criadas com o objetivo de aumentar a inteligência dos sistemas de controle, por exemplo, instruções com capacidade de aprendizado e tomada de decisão utilizando base de conhecimento. Avanço na tecnologia de informação possibilitará melhores conexões entre os diversos tipos de equipamento através da padronização da comunicação por meio do uso redes. A utilização dos conceitos de sistemas flexíveis de manufatura (FMS) determinará a filosofia de controle do futuro. As estratégias de controle terão sua inteligência distribuída em vez de centralizada. Os super CLPs serão utilizados em aplicações que necessitem de cálculos complexos, comunicação em rede e supervisão de CLPs de pequeno porte e processos. Arquitetura dos CLPs O CLP é um equipamento de estado sólido que pode ser programado para executar tarefas que controlam dispositivos, máquinas e operações de processos, por meio da implementação de funções específicas como lógica de controle, sequenciamento, controle de tempo, operações aritméticas, controle estatístico, controle de malha, transmissão de dados. Transmissor Dispositivo que condiciona o sinal recebido de um transdutor, colocando numa forma satisfatória, para ser enviado a outro ponto com menor perda possível da informação. Os CLPs são projetados e construídos para operarem em ambientes severos, portanto devem resistir a altas temperaturas, ruídos elétricos, poluição atmosférica, ambientes únicos. Sua capacidade quanto ao número de entradas e saídas, memória, conjunto de instruções, velocidade de processamento, conectividade, flexibilidade, IHM, varia conforme o fabricante e modelo. A figura 9, a seguir, ilustra a arquitetura básica de um CLP genérico composto de CPU, memória, cartões de entrada e de saída, interface homem/máquina, fonte e canal de comunicação, controlando uma planta industrial genérica. Figura 9: Arquitetura básica de um controlador lógico programável. Fonte: Acervo do autor. 24 Processador É responsável pelo gerenciamento e funcionamento total do sistema, tais como: • controle dos barramentos de endereços, dados e controle; • processamento dos programas (firmware e aplicação do usuário); • varredura das entradas e saídas; • programação de memórias externas; • verifica a integridade de todo o sistema (diagnóstico): watch-dog, bateria, checksum; • troca de dados com as interfaces de comunicação: implementação de diversos tipos de protocolos; • modo de operação: em execução (run) e parado (stop); Em geral, as características mais comuns dos processadores são: microprocessadores ou microcontroladores de 8 ou 16 bits (INTEL 80xx, MOTOROLA 68xx, PIC 16xx); endereçamento de memória de até 1 MByte; velocidades de CLOCK, variando de 4 a 30 Mhz; manipulação de dados decimais, octais e hexadecimais. Protocolo Regras de procedimentos e formatos convencionais que, mediante sinais de controle, permitem o estabelecimento de uma conexão com transmissão de dados e a recuperação de erros entre equipamentos. Cartões de entradas Também chamados de módulos de entrada, são responsáveis pela interface entre os sensores localizados no campo e a lógica de controle do CLP. Estes módulos são constituídos de cartões eletrônicos, cada qual com capacidade para receber em certo número de variáveis. Há uma variedade muito grande de cartões para atender às mais variadas aplicações existentes nos ambientes industriais. Entretanto, os dispositivos que determinam forma do sinal a ser lida pelos cartões de entrada são do tipo: Elemento discreto Trabalha com dois níveis definidos. Recebem sinais dos sensores (tensões usuais de comando – 24VCC,110/220 VCA), que passam por um condicionamento elétrico e são convertidos para sinais digitais nível TTL, geralmente, e enviados para a CPU em termos de níveis lógicos 0 e 1 (ver Figuras 10 e 11). Figura 10: Cartão de entrada discreta. Fonte: Acervo do autor. 25 Figura 11: (a) Entradas digitais com fonte externa e (b) Sensor capacitivo, indutivo, óptico, indutivo magnético ou saída à transistor com alimentação de 8 a 30 VCC Fonte: Acervo do autor. Elemento analógico Trabalha dentro de uma faixa de valores. Recebem sinais dos sensores, usualmente 4 a 20 mA, passa por conversores A/D, são transformados em sinais digitais e enviados para a CPU norma de uma sequência de bits (8 bits, 16 bits, 32 bits dependendo do processador) (ver figura12 e 13). Figura 12: Entrada analógica em corrente. Fonte: Acervo do autor. 26 Figura 13: Cartão de entrada analógica. Fonte: Acervo do autor. Unidade de leitura de temperatura A maioria dos fabricantes de CLPs implementam, em seus dispositivos, módulos específicos para leitura de temperatura em que o transdutor utilizado é do tipo PT100 ou Termopar. A operação desta interface é similar à entrada analógica com exceção de que os sinais dos termopares são de pequena amplitude. Estes sinais de pequena amplitude são filtrados, amplificados e digitalizados por um conversor, e então enviados para o processador e disponibilizados para a utilização no programa de usuário. Tratamento de sinal de entrada Em função da diversidade de sinais que podem ser lidos pelo CLP, faz-se necessário o condicionamento desses sinais conforme suas características elétricas, isto é, um cartão de entrada discreta que recebe sinal alternado, difere-se do tratamento de um cartão digital que recebe sinal contínuo e assim nos demais tipos de sinais. Na Figura 14, a seguir, é mostrado um diagrama onde estão inseridos os principais componentes de um cartão de entrada discreta de tensão AC, onde: B.C. (Bornes de conexão): permite a interligação entre o sensor e o cartão, geralmente se utiliza sistema “plug-in”; C.C. (Conversor e Condicionador): converte em DC o sinal AC, e rebaixa o nível de tensão até atingir valores compatíveis com o restante do circuito; I.E. (Indicador de Estado): proporcionar indicação visual do estado funcional das entradas; I.El. (Isolação Elétrica): proporcionar isolação elétrica entre os sinais vindos e que serão entregues ao processador; I.M. (Interface/Multiplexação): informar ao processador o estado de cada variável de entrada. Figura 14: Tratamento do sinal de entrada discreta. Fonte: Acervo do autor. 27 Cartões de saída Também chamados de módulos de saída, têm como função fazer o interfaceamento entre o CLP e os elementos atuadores, os sinais digitais, provenientes da CPU, passam por um condicionamento elétrico e são convertidos para sinais elétricos, pneumáticos. (dependendo do tipo de cartão). Estes módulos são constituídos de cartões eletrônicos, com capacidade de enviar sinal para os atuadores, resultante do processamento da lógica de controle. Os cartões de saída irão atuar basicamentedois tipos: Atuadores discretos: Pode assumir dois estados definidos. Dependendo do tipo de elemento de comando (corrente das saídas), temos as seguintes saídas (ver Figura 15): Figura 15: Cartão de saída discreta. Fonte: Acervo do autor. saída a TRANSÍSTOR que possibilita comutações mais rápidas, mas sendo somente aplicada à cargas de tensão contínua; saída a TRIAC, possui maior vida útil que o tipo a contato seco, mas só pode acionar cargas de tensão alternada; saída a CONTATO SECO possibilita o acionamento de cargas alimentadas por tensão contínua e alternada. A seguir, podemos visualizar os diagramas de ligação para alguns tipos de cartão. Observe que a ligação dos cartões de saída é relativamente simples, depende apenas do tipo do cartão escolhido. Importante! 28 Figura 16: (a) Saídas digitais independentes e (b) Saídas digitais com ponto comum. Fonte: Acervo do autor. Atuadores analógicos: Trabalham dentro de uma faixa de valores. A saída analógica em corrente ou tensão é aplicada diretamente no dispositivo em questão, conforme pode ser visto na figura 17, a seguir. Figura 17: (a) Cartão de saída analógica e (b) Esquema de ligação com posicionadores e atuadores. Fonte: Acervo do autor. Tratamento de sinal de saída Existe uma diversidade de cartões de saída que se adaptam à grande variedade de atuadores existentes. Portanto, o sinal de saída produzido conforme a lógica de controle deve ser condicionado para atender o tipo acionamento do atuador. Na Figura 18, a seguir, é mostrado um diagrama onde estão inseridos os principais componentes de um cartão de saída discreta de corrente CC: I.M. (Interface/Multiplexação): interpreta os sinais vindos da UCP através do barramento de dados, para os pontos de saída, correspondente a cada cartão; M.S. (Memorizador de Sinal): armazena os sinais que já foram multiplexados pelo bloco anterior; I.E. (Isolação Elétrica): proporciona isolação elétrica entre os sinais vindos do processador e os dispositivos de campo; E.S. (Estágio de Saída): transforma os sinais lógicos de baixa potência em sinais capazes de operar os diversos tipos de dispositivos de campo; B.L. (Bornes de Ligação): permite a ligação entre o cartão e o elemento atuador, e utiliza também o sistema “plug-in”. 29 Figura 28: Estrutura de registro. Fonte: Acervo do autor. Memórias O sistema de memória é responsável por armazenar todas as instruções e os dados necessários para executá-las. É de vital importância no processamento de um CLP. Existem diferentes tipos de sistemas de memória e a escolha do tipo de memória depende do tipo de informação armazenada e da forma como a informação será processada pela CPU. De forma bem simples, a memória do CLP pode ser vista como uma matriz bidimensional de células unitárias de armazenamento, cada uma das quais armazena uma única informação na forma de “1” ou “0”. Um bit é, então, a menor unidade de estrutura de memória. Vamos compreendê-lo! O bit é considerado ON se a informação armazenada é 1 e OFF se a informação armazenada é zero. Portanto, um bit é suficiente para armazenar o estado de chaves, botoeiras, fim de cursos, motores e outros dispositivos externos que podem ser conectados ao CLP. Às vezes, é necessário que o CLP manuseie mais do que um bit. Por exemplo, é muito mais eficiente manipular um grupo de bits quando se deseja transferir dados para ou da memória. Um grupo de 8 bits manipulado simultaneamente é chamado de byte, e um grupo de 16 bits é chamado de word. A Figura 19 ilustra os conceitos abordados. Figura 19: Tratamento do sinal de saída discreta. Fonte: Acervo do autor. Bit Menor unidade de informação. Byte Unidade de informação composta por oito bits. Word Unidade de informação composta por 16 bits ou 2 Bytes. Organização da memória Basicamente, o sistema de memória é dividido em três partes: memória do sistema; tabela de dados e memória da aplicação. 30 Os dados armazenados na memória são chamados palavras de memória, que são formadas sempre com o mesmo número de bits. A capacidade de memória do CLP é definida em função do número de palavras de memória previstas para o sistema. Memória do sistema A memória do sistema tem como objetivo o armazenamento do firmware (sistema operacional) responsável por todo funcionamento do CLP. O firmware é um conjunto de programas armazenados permanentemente na memória do controlador com a finalidade de controlar e supervisionar as atividades do sistema, tais como: controle do ciclo de varredura; comunicação como os dispositivos periféricos; diagnósticos etc. Tabela de dados A tabela de dados é uma memória do tipo RAM e utilizada para armazenar qualquer dado associado com o controle do sistema, tais como: estados das entradas e saídas conectadas ao controlador programável; estados internos; valores preset de contadores e temporizadores. Preset Valor definido, setpoint. Exemplos de preset: tempo pré-definido no temporizador/contador. Ela também define o endereçamento dos diversos tipos de dados que o controlador pode acessar e manipular. A estrutura da memória que define a tabela de dados pode ser da seguinte forma: estados: informações do tipo ON/OFF representado por 1s e 0s; bobinas internas: que representam saídas que não estão disponíveis externamente no CLP, e, portanto, não podem acionar dispositivos conectados aos cartões de saída; números ou códigos: informações representadas por um grupo de bits (byte ou word). Vejamos, a seguir, a divisão da tabela de dados: Tabela Imagem das entradas – TIE (bit) A tabela imagem das entradas armazena o estado das entradas discretas do CLP. Isto significa que para cada entrada discreta existe um bit correspondente na tabela imagem das entradas. Se a entrada estiver energizada (ON), o bit correspondente na tabela imagem é 1. Se a entrada estiver desenergizada (OFF), o bit correspondente na tabela imagem será 0. Durante o início do ciclo de varredura, a tabela imagem das entradas é atualizada para refletir o estado corrente do dispositivo. Tabela Imagem das saídas – TIS (bit) A tabela imagem das saídas armazena o estado das saídas externas conectadas ao CP. Durante a execução do programa do usuário, quando o processador interpreta e executa a lógica programada, esta tabela imagem é atualizada. De forma similar, para cada ponto de saída externo ao CP deve existir um ponto correspondente nesta tabela imagem. 31 Bobinas internas (bit) Bobinas internas, também chamadas de bobinas lógicas ou saídas internas, têm o objetivo de fazer os intertravamentos e armazenamentos de estados lógicos internos no programa do usuário. Diferentemente das saídas externas, as bobinas internas não possuem um ponto físico correspondente no sistema de saídas do CLP. Registros (byte ou palavra) Os registros são posições de memórias destinadas a armazenar informações quantitativas. Podem ser utilizados para armazenar valores preset de contadores e temporizadores, bem como de qualquer dado numérico manipulado pelo CLP. Registro Informações representadas por um grupo de bits (word), ou Seja, são posições de memória destinadas a armazenar informações Quantitativas. Exemplos de registros: entradas e saídas analógicas, canais de leitura de temperatura, valores de setpoint de contadores e temporizadores, assim como qualquer outro dado numérico manipulado pelo CLP. Memória da aplicação A memória da aplicação é destinada ao armazenamento da lógica de controle definida pelo usuário, isto é, do programa de aplicação ou programa do usuário. A CPU efetuará a leitura das instruções contidas nesta área a fim de executar o programa do usuário, de acordo com os procedimentos predeterminados pelo sistema operacional. As memórias destinadas à aplicação podem ser do tipo: RAM; RAM/EPROMe RAM/EEPROM. Fonte de alimentação A fonte de alimentação tem normalmente as seguintes funções básicas: 1. converter a tensão da rede elétrica (110 ou 220 VCA) para a tensão de alimentação dos circuitos eletrônicos, (+ 5VCC para o microprocessador, memórias e circuitos auxiliares e +/- 12 VCC para a comunicação com o programador ou computador); 2. manter a carga da bateria, nos sistemas que utilizam relógio em tempo real e Memória do tipo RAM; 3. fornecer tensão para alimentação das entradas e saídas (12 ou 24 VCC). Bateria As baterias são usadas nos CLPs para manter o circuito do relógio em tempo real, reter parâmetros ou programas (em memórias do tipo RAM), mesmo em caso de corte de energia, guardar configurações de equipamentos etc. Normalmente são utilizadas baterias recarregáveis do tipo Ni-Ca ou Li. Neste caso, incorporam-se circuitos carregadores. Circuitos auxiliares São circuitos responsáveis para atuar em casos de falha do CLP. Alguns deles são: POWER ON RESET: quando se energiza um equipamento eletrônico digital, não é possível prever o estado lógico dos circuitos internos. Para que não ocorra um acionamento indevido de uma saída, circunstância que poderia causar acidente, existe um circuito encarregado de desligar as saídas no instante em que se energiza o equipamento. Assim que o microprocessador assume o controle do equipamento esse circuito é desabilitado; 32 POWER–DOWN: o caso inverso ocorre quando um equipamento é subitamente desenergizado. O conteúdo das memórias pode ser perdido. Existe um circuito responsável por monitorar a tensão de alimentação, e em caso do valor desta cair abaixo de um limite predeterminado, o circuito é acionado interrompendo o processamento para avisar o microprocessador e armazenar o conteúdo das memórias em tempo hábil; WATCH–DOG–TIMER: para garantir, no caso de falha do microprocessador, que o programa não entre em loop, o que seria um desastre, existe um circuito denominado “Cão de Guarda“, que deve ser acionado em intervalos de tempo predeterminados. Caso não seja acionado, ele assume o controle do circuito sinalizando falha geral do sistema. Princípio de funcionamento Podemos dividir o processamento da CPU da seguinte forma, conforme a execução do programa do usuário: Processamento cíclico É a forma mais comum de execução do programa nos CLPs e que caracteriza o seu funcionamento. O controlador trabalha executando uma sequência de tarefas definidas e controladas pelo programa monitor. Esta forma de processamento acontece em ciclo, chamado de Ciclo de Varredura ou Scan, que consiste em: Leitura das entradas externas: nesta fase, a CPU, com base nos estados dos dispositivos conectados aos cartões de entrada, utiliza as informações da Tabela Imagem das Entradas (TIE); Execução da lógica programada pelo usuário: aqui, a CPU consulta a TIE, executa a aplicação do usuário e de posse dos resultados do estado das saídas que estão relacionadas aos cartões de entrada, atualiza a área de memória identificada com Tabela Imagem das Saídas (TIS). Os resultados lógicos que possuem saídas internas serão armazenados na área correspondente. Devemos observar que durante esta fase não é feita nenhuma referência a pontos externos (I/O), a CPU opera com informações obtidas da memória; Atualização das saídas externas: na fase de atualização de saídas, a CPU executa uma varredura na tabela TIS e atualiza as saídas externas, endereçando o Sistema de I/O para atualizar o estado dos dispositivos externos de acordo com o resultado da lógica programada pelo usuário. A seguir, o ciclo é reiniciado e a operação continua enquanto se mantém o controlador no modo de execução (Run) conforme pode ser visto na Figura 20. 33 Figura 20: Processamento cíclico – ciclo de varredura. Fonte: Acervo do autor. Um dado importante da CPU é o seu tempo de ciclo, ou seja, o tempo gasto para a execução de uma varredura. O tempo de ciclo varia de controlador para controlador e depende de muitos fatores (tamanho da palavra, clock, instruções programadas, etc.). O fabricante especifica este tempo baseado na quantidade de instruções, normalmente instruções booleanas, e quantidade de I/O. Qualquer outra função programada aumenta este tempo de varredura, portanto, o tempo de ciclo está relacionado com o tamanho do programa do usuário (em média, 10 ms a cada 1.000 instruções). Devemos utilizar de funções especiais do CLP para interromper a varredura do programa e atualizar o estado de uma entrada ou de uma saída imediatamente. Este processo é realizado por software e também está limitado à execução do programa do usuário. Em aplicações de alta velocidade, tais como em sensores eletrônicos por pulsos, é aconselhável o uso de módulos específicos (contadores de alta velocidade). Este processo de varredura pode ser inadequado para entradas rápidas, isto é, entradas com frequência acima de 10 Hz. Neste caso, o que deve ser feito? Parada para reflexão 34 Figura 21: Ciclo de Operação de um CLP. Fonte: Acervo do autor. Processamento por interrupção Certas ocorrências no processo controlado não podem, algumas vezes, aguardar o ciclo completo de execução do programa. Neste caso, ao reconhecer uma ocorrência deste tipo, a UCP interrompe o ciclo normal de programa e executa outro programa chamado de rotina de interrupção. Esta interrupção pode ocorrer a qualquer instante da execução do ciclo de programa. Ao finalizar esta situação, o programa voltará a ser executado do ponto onde ocorreu a interrupção. Figura 22: Processamento por interrupção. Fonte: Acervo do autor. Uma interrupção pode ser necessária, por exemplo, numa situação de emergência em que procedimentos referentes a esta situação devem ser adotados. Processamento comandado por tempo Da mesma forma que determinadas execuções não podem ser dependentes do ciclo normal de programa, algumas devem ser executadas a certos intervalos de tempo, às vezes muito curtos, na ordem de 10 ms. 35 Este tipo de processamento também pode ser encarado como um tipo de interrupção, porém ocorre a intervalos regulares de tempo dentro do ciclo normal de programa. Processamento por evento Este é processado em eventos específicos, tais como no retorno de energia, falha na bateria e estouro do tempo de supervisão do ciclo da CPU. Neste último, como visto anteriormente, temos o Watch Dog Time (WD), que normalmente ocorre como procedimento ao se detectar uma condição de estouro de tempo de ciclo da CPU, parando o processamento numa condição de falha e indicando ao operador através de sinal visual e, às vezes, sonoro. Ao ser energizado, estando o CLP no estado de execução, este executa a rotina de inicialização do sistema, cujos passos são os seguintes: • teste de escrita/leitura da memória RAM; • limpeza das memórias imagens de entrada e saída; • teste de executabilidade do programa de usuário; • execução de rotinas de inicialização. Após a execução desta rotina, a CPU passa a fazer uma varredura (ciclo) constante, isto é, o processamento cíclico do programa do usuário, conforme é visto na Figura 23, a seguir: Figura 23: Fluxograma de funcionamento de um CLP. Fonte: Acervo do autor. Sintetizando... 36 Modos de operação de um CLP De uma forma geral, podemos visualizar o estado operacional do CLP por meio do frontal do controlador através de LEDs de sinalização. Estas funções normalmente são encontradas independentemente da arquitetura física do controlador, isto é, se em forma modular ou compacta. A Figura 24 ilustra um diagrama típico de um processador, mostrando as funções e conectores para conexão de dispositivos de programação, I/O e energização do CLP. O estado operacional docontrolador pode ser definido através de chaves no próprio frontal ou através do software de programação. Pode-se colocar o CLP em modo de execução (LED "RUN" aceso) por meio de um comando do programador, e uma vez neste estado o CLP executará o programa de usuário sob o comando do programa Executivo. Por outro lado, pode-se colocar o CLP no modo de programação (LED "PROG" aceso), o que habilita o controlador a receber o programa do usuário. Os outros LEDs de sinalização indicam a alimentação (PWR), comunicação ativa (COM) e bateria baixa (BAT). Figura 24: Sinalização dos estados operacionais do CLP (Frontal). Fonte: Acervo do autor. Comunicação serial É a mais comumente utilizada para a maioria dos periféricos e é feita utilizando-se simples cabos de par traçado. Os padrões mais utilizados são o RS 232C, loop de corrente 20mA, e o RS-422/RS-485 em alguns casos. RS-232C: Este padrão define basicamente as características dos sinais elétricos, bem como os detalhes mecânicos (pinagem) da interface. É empregada para velocidades de transmissão de até 20k bauds (bits/seg) e distância máxima de 15 metros. (Com a utilização dos modems esta distância pode ser ampliada). RS-422/RS-485: É uma versão melhorada do padrão RS-232C. Ela possibilita, principalmente, o emprego de velocidade de transmissão de até 100k bauds para distância de até 1200m, podendo alcançar velocidades da ordem de Mbauds para distâncias menores. LOOP DE CORRENTE 20mA: A interface de loop de corrente é idêntica a RS- 232C e, evidentemente como é baseada em níveis de corrente em vez de 37 tensão, possibilita o emprego em distâncias bem maiores. Muitos CLPs oferecem ambos os padrões, RS-232C e loop de corrente. Arquitetura da rede CLP para sistemas scada De acordo com a conexão dos módulos I/O, CLP, IHM e a estação de programação, a arquitetura de comunicação entre esses dispositivos pode ser classificada em: local; I/O remotos e rede industrial. Figura 25: Conexão local de dispositivos usando CLP modular ou compacto. Fonte: Acervo do autor. A seguir, será feita uma breve descrição das três formas básicas de comunicação entre o CLP, os dispositivos de I/O e o sistema de supervisão. Na Figura 26, temos módulos de I/O montados localmente em um CLP modular e a comunicação é do tipo ponto a ponto. A instalação de um sistema automático com o uso de I/O locais demanda um gasto considerável de cabeamento, borneiras, caixas de passagem, bandejas, projeto e mão de obra para a instalação. Os blocos I/O remotos (ver Figura 26 26) possibilitam uma redução substancial dos gastos de implementação, visto que os sinais não serão conduzidos para o rack do CLP e, sim, para pontos de I/O que ficarão localizados fisicamente no campo. Figura 26: Módulo de I/O remoto. Fonte: Acervo do autor. 38 Estes módulos de I/O, também conhecidos como remotas, são independentes e configuráveis. Interligados entre si através de um barramento de campo proprietário ou de padrão aberto. Nesta arquitetura (Figura 27 (a)), existe a necessidade de cartões de interface para conexão entre os rack´s remotos e o rack central. Um barramento, como o mostrado na Figura 27 (b), permite melhorar o controle de I/O através do uso de blocos de comunicação no programa da aplicação. Este barramento também pode ser usado integralmente para o controle de I/O conectados a vários dispositivos, sem a necessidade de comunicação adicional. Pode ainda ser dedicado à comunicação da CPU, com múltiplas CPUs e sem dispositivos de I/O. Sistemas mais complexos também podem ser desenvolvidos, com CPUs duplas e uma ou mais CPUs adicionais para a monitoração de dados. Figura 27: (a) Arquitetura local de CLP com I/O remotos ou distribuídos - (b) Arquitetura de rede de CLPs. Fonte: Acervo do autor. Módulos de I/O montados localmente. Normalmente, a comunicação dos CLPs com o sistema de supervisão é do tipo mestre-escravo ou polling. Classificação geral dos CLPs Podemos ressaltar que, com a popularização dos microcontroladores e a redução dos custos de desenvolvimento e produção, houve uma avalanche no mercado de tipos e modelos de CLPs os quais podemos dividir em: μCLPs São CLPs de pouca capacidade de I/O (máximo 16 Entradas e 16 Saídas), normalmente só digitais, composto de um só módulo (ou placa), baixo custo e reduzida capacidade de memória (máximo, 512 passos/512 Bytes). CLPs de Médio Porte São CLPs com uma capacidade de I/O de até 256 pontos, digitais e analógicas, podendo ser formado por um módulo básico, que pode ser expandido. Costumam permitir até 2048 (2 Kbyte) passos de memória, que poder interna ou externa, ou podem ser totalmente modulares. CLPs de Grande Porte Os CLPs de grande porte se caracterizam por uma construção modular, constituída por uma Fonte de alimentação, CPU principal, CPUs auxiliares, CPUs Dedicadas, módulos de I/O digitais e Analógicos, Módulos de I/O especializados, Módulos de Redes Locais ou Remotas, que são agrupados de acordo com a necessidade e complexidade da automação. Permitem a utilização de até 8192 (4 Kbyte) pontos de I/O. São montados em um bastidor (ou Rack) que permite um cabeamento estruturado. 39 Dispositivos de entrada: transdutores, sensores Transdutor é um dispositivo que recebe um sinal de entrada na forma de uma grandeza física e fornece um sinal de saída da mesma espécie ou diferente. Em geral, os transdutores transformam a informação da grandeza física, que corresponde ao sinal de entrada, em um sinal elétrico de saída. Por exemplo, um transdutor de pressão transforma a força exercida pela pressão numa tensão elétrica proporcional à pressão. O sensor é a parte sensitiva do transdutor a qual, na maioria das vezes, se completa com um circuito eletrônico para a geração do sinal elétrico que depende do nível de energia da grandeza física que afeta o sensor. Entretanto, os dispositivos de entrada, principalmente os transdutores, têm seu alcance limitado a algumas dezenas de metros. Isto ocorre devido ao fio que transporta o sinal do sensor ou transdutor possuir resistência e indutância não desprezível, podendo interferir na grandeza medida. Outro fato importante é que ruídos podem ser captados ao longo do percurso e afetar a precisão da informação obtida pelo dispositivo de sensoriamento. Nesses casos, é necessária a utilização de um dispositivo específico para transmitir o sinal medido a longas distâncias, esse dispositivo é chamado transmissor. Portanto, o transmissor é um equipamento que recebe o sinal de um transdutor ou sensor e modifica as características de um sinal de referência (4-20 mA, 0-5 V, etc..) proporcionalmente ao sinal do transdutor ou sensor. Na Figura 28, vemos uma ilustração desse dispositivo. Figura 283: Dispositivo transmissor de sinal. Fonte: Acervo do autor. Características Linearidade Parâmetro que indica que a relação entre o sinal gerado e a grandeza física é o grau de proporcional (linear). Os sensores não lineares são usados em faixas limitadas, em que os desvios são aceitáveis, ou com adaptadores especiais que corrigem o sinal. É comum em automação o uso do termo sensor e transdutor para se referir à mesma coisa, portanto, podemos dizer que sensor é um dispositivo que altera seu comportamento sob a ação de uma grandeza física, podendo fornecer diretamente ou indiretamente um sinal que indicará esta grandeza. Importante! 40 Faixa de atuação Intervalo de valores da grandeza em que pode ser usado o sensor sem ser danificado ou provocar imprecisão no sinal gerado. Transdutores mais usados na INDÚSTRIA Existe uma série de transdutores disponíveis no mercado; eles variam conforme a grandeza medida, precisão e região de operação. A classificação mais comum é a por tipo de grandeza medida. Assim, temos, principalmente, os transdutores de temperatura;os fotoelétricos; de posição (servomecanismos); de tensão mecânica ou extensômetros; de pressão e de vazão. Servossistema (ou servomecanismo) É um sistema de controle realimentado cujo objetivo é controlar alguma posição mecânica, velocidade ou aceleração. Vejamos com detalhes os principais transdutores: Transdutores de temperatura O controle de temperatura é necessário em processos industriais ou comerciais, como a refrigeração de alimentos e compostos químicos, fornos de fusão (produção de metais e ligas, destilação fracionada (produção de bebidas e derivados de petróleo), usinas nucleares e aquecedores e refrigeradores domésticos (fornos elétricos e microondas, freezers e geladeiras). Existem vários tipos de transdutores de temperatura, que podem de forma geral, ser agrupados em quatro grupos: 1. termopares: produzem uma tensão entre seus terminais proporcional à temperatura entre a junção fria e quente; 2. termistores: podem ser do tipo NTC e PTC. NTC (Negative Temperature Coeficient): Sensor cuja resistência varia inversamente proporcional à temperatura. PTC (Positive Temperature Coeficient): Sensor cuja resistência é proporcional à temperatura, sendo sua faixa de atuação restrita; 3. termoresistências ou RTDs: são sensores em que sua resistência varia com a temperatura; 4. semicondutores. Transdutores de luz (fotoelétricos) Além de seu uso em fotometria (incluindo analisadores de radiações e químicos), é a parte dos sistemas de controle de luminosidade, como os relés fotoelétricos de iluminação pública e sensores indiretos de outras grandezas, como velocidade e posição (fim de curso). • Células Fotovoltaicas; • Fotorresistores ou LDRs (light dependent resistor): Sensor cuja resistência diminuída com a incidência de luminosidade. • Foto-diodo: Diodo semicondutor em que a junção está exposta à luz. A energia luminosa desloca elétrons para a banda de condução, reduzindo a barreira de potencial pelo aumento do número de elétrons, que podem circular se aplicada polarização reversa. 41 • Foto-transistor: Transistor cuja junção coletor-base fica exposta à luz e atua como um foto-diodo. O transistor amplifica a corrente, e fornece alguns mA com alta luminosidade. Transdutores de posição Em aplicações em que se necessita monitorar a posição de uma peça, como tornos automáticos industriais, ou contagem de produtos, ou verificar a posição de um braço de um robô ou o alinhamento de uma antena parabólica com outra ou um satélite, usam-se sensores de posição. Os sensores se dividem em posição linear ou angular. Também se dividem entre sensores de passagem, que indicam que foi atingida uma posição no movimento, os detectores de fim-de-curso e contadores, e sensores de posição que indicam a posição atual de uma peça, usados em medição e posicionamento. São muito utilizados no posicionamento de servomecanismos e por CNCs. São de vários tipos, mas os mais comuns são: • Encoder: Converte movimento angular em sinal elétrico; Incremental: Fornece apenas a informação do deslocamento angular; Absoluto: Fornece a posição absoluta do seu eixo. Encoder Incremental: Sistema onde, de um lado, existe um disco com janela; a intervalos regulares, é iluminado por uma fonte de luz. Do outro lado do disco, fica um elemento foto-sensível. Ao girar, alternam-se as áreas com janela e sem janela, gerando no elemento fotossensível uma seqüência de pulsos. A contagem dos pulsos permite a avaliação do deslocamento angular, tal qual ocorre no mouse do computador. • Régua ótica: Converte movimento linear em sinal elétrico; • Resolver: Converte movimento angular em sinal elétrico; • LVDT: Converte movimento linear em sinal elétrico; • Capacitivo: Utilizado para medida de posição de até alguns milímetros. Bastante utilizado em medida de vibrações relativas; • Indutivos: Bastante utilizado para medida de pequenas distâncias baseado nas correntes de Eddy induzidas numa superfície condutora, quando linhas de fluxo magnético interceptam com a superfície condutora. Sensores de velocidade Empregam-se nos controles e medidores de velocidade de motores dentro de máquinas industriais, eletrodomésticos como videocassete e CD, unidades de disquetes e Winchesters de computadores, na geração de eletricidade (garantindo a freqüência da CA), entre outros. Sensores de vazão Servem para medir o fluxo de líquidos em tubulações. Tacogerador: É um pequeno gerador elétrico de CC, com campo fornecido por imã. A tensão gerada, pela Lei de Faraday é proporcional à velocidade com que o fluxo magnético é cortado pelo enrolamento do rotor. Assim, o Tacogerador é um transdutor mecânico elétrico linear. Saiba mais 42 • Tipo turbina. • Por pressão diferencial. • Eletromagnético. • Curiolis. Transdutores de tensão mecânica ou extensômetros Extensômetros: dispositivos muito utilizados pela indústria para fins de medição de tensões mecânicas e medições de peso (carga). Transdutores de pressão Transdutores Piezelétricos: alguns materiais isolantes têm a propriedade de formar dipolos elétricos de forma permanente, de forma tal que estes materiais reagem a pressões e a tensões elétricas. Outros sensores Chaves fim-de-curso: são interruptores que são acionados pela própria peça monitorada. Há diversos tipos e tamanhos, conforme a aplicação. Sensor com interruptor de lâminas: como o anterior, mas usando este interruptor acionado pelo imã. Sensores fim-de-curso magnético: quando se aplica um campo magnético num condutor, as cargas elétricas se distribuem de modo que as positivas ficam de um lado e as negativas do lado oposto da borda do condutor. Reed-Switch: sensor cuja aproximação de um imã ou solenóide (campo magnético) as duas lâminas se encostam, fechando os contatos externos. Dispositivos de saída: atuadores Os atuadores são os dispositivos responsáveis pela realização de trabalho no processo ao qual está se aplicando a automação. Podem ser magnéticos, hidráulicos, pneumáticos, elétricos, ou de acionamento misto. E também ser contínuos ou discretos, dependendo da forma de atuação. Basicamente, os principais atuadores em uso na automação são: • eletroválvulas e cilindros; • servomotores; • servomotores dc ou cc; • servomotores ac ou ca; • motores de passo; • motores lineares. 1.10 Principais elementos em acionamentos elétricos Botoeira ou botão de comando Quando necessitamos acionar uma máquina (motor), a primeiro coisa em que pensamos é como ligá-lo. O elemento de comando (chave) utilizado para essa função é a botoeira. A diferença entre uma botoeira e um interruptor residencial comum, é que no caso da botoeira há o retorno para a posição de repouso através de uma mola, situação que não ocorre com o interruptor de luz. O entendimento deste conceito é fundamental para compreender o porque da existência de um selo no circuito de comando. 43 Relés Relés são os elementos fundamentais de manobra de cargas elétricas, pois permitem a combinação de lógicas no comando, bem como a separação dos circuitos de potência e comando. Os relés mais simples constituem-se de uma carcaça com cinco terminais. Os terminais (1) e (2) correspondem a bobina de excitação. O terminal (3) é o de entrada, e os terminais (4) e (5) correspondem aos contatos normalmente fechado (NF) e normalmente aberto (NA), respectivamente. Contatores Para fins didáticos pode-se considerar os contatores como relés expandidos, pois o principio de funcionamento é similar. Conceituando de forma mais técnica, o contator é um elemento eletromecânico de comando a distância, com uma única posição de repouso e sem travamento. Resumo Ao término dos estudos que propomos, você estará apto(a) a reconhecer o apresentar objetivo do controle automático demonstrando como identificar as vantagens do controle automáticos e mostrar as aplicações do controleautomático de modo simplificado como aparece o controle digital direto, supervisório e distribuído a computador, identificando características de cada um. Atividades Atividade 1 Identifique e marque a resposta correta 1.1 A automação industrial possibilita a substituição da mão de obra humana por: a) ( ) máquinas; b) ( ) animais; c) ( ) energia; d) ( ) servos; e) ( ) escravos. 1.2 Um dos motivos que levam as empresas a automatizarem seus processos é: a) ( ) reduzir a qualidade; b) ( ) aumentar os custos de operação; c) ( ) reduzir a produtividade; d) ( ) modismo; e) ( ) satisfazer o cliente. 1.3 A sigla CAD significa: a) ( ) desempenho auxiliado por computador; b) ( ) projeto auxiliado por computador; c) ( ) manufatura auxiliada por computador; d) ( ) cadastro de adaptadores discretos; e) ( ) desenho auxiliado pela prancheta. 44 1.4 A sigla CAE significa: a) ( ) desempenho auxiliado por computador; b) ( ) projeto auxiliado por computador; c) ( ) manufatura auxiliada por computador; d) ( ) cadastro de adaptadores especiais; e) ( ) desenho auxiliado pela prancheta. 1.5 A sigla CAM significa: a) ( ) desempenho auxiliado por computador; b) ( ) projeto auxiliado por computador; c) ( ) manufatura auxiliada por computador; d) ( ) manufatura auxiliada pelo servos; e) ( ) desenho auxiliado pela prancheta. 1.6 A primeira tecnologia utilizada na construção de computadores foi: a) ( ) inversores; b) ( ) circuitos integrados; c) ( ) válvulas; d) ( ) circuitos altamente integrados; e) ( ) transistores. 1.7 Identifique as ferramentas das listas, abaixo, que são necessários para criarmos ou modificarmos um programa de CLP. a) ( ) PLC b) ( ) Software de programação c) ( ) Cabo de Conector d) ( ) mouse e) ( ) Impressora Atividade 2 Responda as questões, a seguir: a) Escreva um exemplo de onde um CLP pode ser usado. b) Explique porque os relés seriam usados no lugar dos CLPs. c) Elabore uma descrição concisa de CLP. d) Descreva as vantagens de um PLC quando comparados a painéis de relés. Atividade 3 Conceitue sinal analógico e digital e escreva três exemplos de cada um dos tipos. Atividade 4 De acordo com os estudos realizados, preencha as lacunas, a seguir: a) Um interruptor ou um "Pushbutton" é um dispositivo de ____________. b) Uma lâmpada ou um solenóide são exemplos de dispositivos de ____________. c) O ____________ toma decisões e executa instruções de controle baseado nos sinais de entrada. d) ____________ é uma linguagem de programação de CLPs que usa componentes que se assemelham a elementos usados em um diagrama de contato. e) Um ____________ consiste em uma ou mais instruções que realizam uma determinada tarefa. 45 f) A memória em um CLP pode ser dividida em três áreas: ____________________, ____________________, e __________________. g) Quando falando sobre computador ou CLP, 1K de memória se refere um tamanho de ____________ bytes ou palavras. h) O software que controla todo hardware do CLP é chamado __________________. i) O ____________ ___________ constitui o programa desenvolvido pelo ________________ do CLP, o qual determina como o sistema deve __________________. j) A ________ controla e permite a comunicação do usuário com o CLP para que aquele tenha a possibilidade de verificar ou interferir os valores de preset em variáveis do processo. Atividade 5 Com base nos estudos realizados: a) Explique o que são contatos de memória. b) Escreva o que são entradas e saídas imaginárias. 46 Referências GEORGINI, Marcelo. Automação aplicada – descrição e implementação de sistemas seqüenciais com Plcs. 8. ed. São Paulo: Érica, 2004. FRANCHI, Claiton Moro e CAMARGO, Valter Luís Arlindo de. Controladores lógicos programáveis – sistemas discretos. 2. ed. São Paulo: Érica, 2008. SILVEIRA, Paulo Rogério da e SANTOS, Winderson E. dos. Automação e controle discreto. 7. ed. São Paulo: Érica, 2008. MORAES, C. C. e CASTRUCCI, P. L. Engenharia da automação industrial. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2001. MIYAGI, P. E. Controle programável – fundamentos do controle de sistemas a eventos discretos. Ed. Blucher, 1996. WEBB, J. W. Programmable logic controllers, principles and applications. Prentice Hall, New Jersey, 1995. MICHEL, G. Programmable logic controllers – architecture and aplications. John Wiley & Sons Ltd. England, 1990. BRYAN, L. A. & BRYAN, E.A. Programmable controllers: theory and implementation, 2nd ed.,United States of America: Industrial Text Company, 1997. PRUDENTE, Francesco. Automação Industrial – PlC: Teoria e Aplicações. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2007. 47 48 2 Elementos de projeto Cláudio Turini Introdução Neste capítulo, evidenciamos e organizamos os conhecimentos necessários que um engenheiro eletricista deve ter e considerar quando na implantação de um projeto elétrico, seja ele, industrial, comercial ou residencial. Para tanto, ressaltamos a importância de se conhecer e seguir as normas relativas a cada etapa de implantação, bem como, realizar os testes finais, exigidos pelas normas correspondentes, antes de colocar o projeto em funcionamento. Outro aspecto que destacamos é a importância de se colocar o conjunto de plantas finais do projeto exatamente da forma como ele foi executado. Em seguida, mostramos os procedimentos necessários para se determinar os cálculos de demanda de potência do projeto, o que definirá os valores contratuais de potência junto à concessionária, assim como o modelo de fornecimento de energia, o que resultará num maior ou menor custo de execução do projeto, bem como os custos de operação. Enfim, temos uma visão geral e abrangente dos elementos essenciais quando na execução de um projeto elétrico industrial. Objetivos Ao final do estudo deste capítulo, esperamos que você adquira os conhecimentos necessários para: identificar e caracterizar os elementos necessários que se apresentam quando na elaboração de um projeto elétrico industrial; caracterizar os principais equipamentos que compõem as instalações elétricas industriais; identificar, graficamente, os elementos que fazem parte das instalações conhecendo a simbologia dos mesmos; analisar os sistemas de fornecimento de energia elétrica para essas instalações e escolher o mais indicado; caracterizar as fases de implantação do projeto das instalações elétricas industriais e residenciais e orientar, se necessário, no processo de execução, conhecendo e atendendo às normas utilizadas; 49 realizar, ao final da implantação do projeto, os testes visuais e físicos necessários para que o projeto possa funcionar de acordo com as normas. Esquema 2.1 Introdução 2.2 Normas Recomendadas 2.3 Elaboração do Projeto 2.4 Concepção do Projeto 2.4.1 Sistemas de Suprimento 2.4.1.1 Sistema Primário de Distribuição 2.4.1.2 Sistema Secundário de Distribuição 2.5 Meio Ambiente 2.5.1Temperatura Ambiente 2.5.2 Altitude 2.5.3 Presença de Água 2.5.4 Presença de Corpos Sólidos 2.5.5 Presença de Substâncias Corrosivas 2.5.6 Vibrações 2.5.7 Descargas Atmosféricas 2.5.8 Contato de Pessoas com o Potencial de Terra 2.6 Graus de Proteção 2.7 Proteção Contra Riscos de Explosão 2.8 Diagrama Unifilar 2.9 Simbologia 2.10 Inspeção Visual e Documentação 2.10.1 Documentação da Instalação 2.10.2 Inspeção Visual da Instalação 2.10.2.1Execução da inspeção Visual 2.11 Ensaios de Campo em Instalações 2.11.1Ensaios Contra Contato Indireto 2.11.2 Ensaio de Continuidade dos Condutores de Proteção 2.11.3 Ensaiode Resistência de Isolamento da Instalação 2.12 Memorial Descritivo 2.13 Tensões Elétricas 2.1 Introdução A elaboração do projeto elétrico de uma instalação industrial deve ser precedida do conhecimento de algumas informações que são de extrema relevância para a implantação do mesmo. Dentre tantos, destacam-se os dados relativos às condições de suprimento e também as características funcionais da indústria. As condições de suprimento referem-se à maneira como a concessionária local vai prover o abastecimento de energia elétrica ao empreendimento, o que depende muito da sua localização. As características funcionais compreendem o conjunto de informações sobre as cargas, principalmente os motores elétricos e, se existirem, os fornos elétricos, que constituirão o projeto. 50 De posse dessas informações e com o conjunto de plantas que o caracterizam, mostrando seu posicionamento, os engenheiros passam a elaborar o projeto elétrico da instalação que deve levar em consideração alguns aspectos, entre os quais se destacam: flexibilidade – é a capacidade que o projeto tem de admitir mudanças na localização das máquinas e equipamentos sem comprometer, seriamente, as instalações existentes. Ao longo de sua existência, o projeto pode sofrer alterações e/ou ampliações. Essas mudanças devem ser previstas no projeto de forma que quando aconteçam interfiram minimamente nas instalações existentes. A flexibilidade implica na versatilidade da produção, o que deve permitir uma adaptação rápida das linhas de produção para lançamento de novos produtos; acessibilidade – o projeto deve permitir fácil acesso a todas as máquinas e equipamentos de manobra facilitando sua operação, inspeção, manutenção e acesso às suas conexões. Assim, o posicionamento das máquinas e dos painéis de controle correspondentes se torna relevante, pois, podem afetar diretamente a produção quando precisam ser acionados; confiabilidade – é o desempenho que o sistema apresenta quando submetido a interrupções elétricas temporárias ou permanentes, total ou parcial, dos seus circuitos. Esse desempenho deve assegurar a integridade física daqueles que o operam e não devem danificar as máquinas ou equipamentos; continuidade – o projeto deve ser desenvolvido de forma que a instalação tenha o mínimo de interrupção, total ou de qualquer circuito. Esse fator depende essencialmente das características do empreendimento e, em muitos casos, requer um sistema de fornecimento de energia em duplicidade. Para a elaboração do projeto elétrico, o projetista deve ter em suas mãos o conjunto de plantas representativas do empreendimento. Dentre elas, destacam-se: a) planta da situação – posiciona a obra a ser construída no contexto urbano; b) planta baixa arquitetônica do prédio – indica os parâmetros limítrofes do empreendimento com as demais construções, bem como mostra os detalhes construtivos internos, como salas, escritórios, galpões e outras dependências; c) planta baixa do arranjo das máquinas - a localização das máquinas e equipamentos em determinada área depende do fluxo de produção e determina o melhor aproveitamento dos espaços. Esta planta, denominada também de layout, posiciona as máquinas em cada ambiente, bem como posiciona os painéis de controle respectivos; d) plantas de detalhes – devem conter todas as particularidades do projeto como posicionamento de vigas, passagens de eletrodutos e tubulações, posicionamento de pontes rolantes, entre outros. O conhecimento dos detalhes do projeto e a boa convivência entre a equipe de trabalho são fatores fundamentais e preponderantes para que a execução do projeto tenha êxito. É de grande importância também conhecer os planos expansionistas da empresa para que estes possam ser contemplados na execução. 51 Normas recomendadas Para a execução dos projetos elétricos duas normas, basicamente, são indispensáveis: a primeira são as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que compõem os documentos normativos para todo e qualquer tipo de projeto a ser instalado no Brasil; a segunda são as normas da concessionária de energia que atende ao local onde o projeto está sendo implantado; podem ser utilizadas como auxílio, as Normas Internacionais, verificando-se sempre a consonância destas e as normas brasileiras. É imprescindível a utilização das normas técnicas na elaboração do projeto. Tal ato garante às instalações de segurança, bom desempenho e longevidade. 2.3 Elaboração do projeto Além das plantas que caracterizam o projeto a ser executado, e que devem ser feitas de modo a fornecer o maior número possível de informações para os executores, algumas outras informações são de fundamental importância para a elaboração do projeto. Quais sejam: a) Condições de fornecimento da energia elétrica Sob responsabilidade da concessionária local, cabe a ela fornecer informações sobre: tensões de fornecimento; variação de tensão e frequência; tipo de sistema de suprimento; valor da capacidade da potência de curto-circuito, no local; valor da impedância reduzida, no local. Esses dados são de grande importância para o projetista, pois serão utilizados para cálculos das correntes de curto-circuito e, consequentemente, no ajuste dos dispositivos de proteção. Observações: 1) certamente, as normas utilizadas não suprem, totalmente, as situações que se apresentam na execução de um projeto. O BOM SENSO é muito importante nesse momento; 2) o projeto elétrico é apenas uma das partes que compõem o empreendimento, devendo, portanto, estar em consonância com os demais. Ampliando o conhecimento 52 b) Características das cargas Motores – informações sobre potência, tensão, corrente, frequência, número de polos, número de fases e regime de funcionamento são grandiosas para a determinação da seção nominal dos condutores e dispositivos de proteção e manobra. Motores de grande potência devem ter sua partida feita através de dispositivos redutores de corrente (inversores de frequência, por exemplo) para que os efeitos sejam minimizados. Fornos a arco – potência, potência de curto-circuito, potência do transformador, tensão e frequência são informações de fundamental importância, pois eles exigem máxima produção com o menor consumo de energia. Quase sempre há a necessidade da utilização de cabos especiais. Cargas especiais - alimentadores exclusivos e/ou transformadores próprios, sistemas computadorizados, entre outros. Em muitos casos, esses sistemas necessitam de instalações especiais, como aterramento, por exemplo. Essas informações podem ser conhecidas por meio dos manuais dos equipamentos ou, quando não disponíveis, devem ser fornecidas pelo responsável técnico do projeto ou pelo fabricante dos mesmos. 2.4 Concepção do projeto Nesta fase, o projeto toma sua forma final, portanto, as informações desta fase levarão ao dimensionamento de condutores, à compra de equipamentos e materiais, à filosofia do sistema de proteção a ser utilizado e, consequentemente, a um maior ou menor custo para a implantação do projeto. Nesta fase, estão englobadas: a) Divisão das cargas em blocos Baseado na distribuição das máquinas, mostrada na planta baixa (layout), faz-se a divisão das cargas, em blocos. Alguns fatores como, por exemplo, setor de produção e características de igualdade das cargas, são levados em consideração nessa divisão. Uma grandeza relevante para cada bloco constituído é o valor da queda de tensão, quando no funcionamento de todas as cargas conjuntamente, ou na partida de motores. Para cada bloco constituído fica caracterizado um quadro de distribuição correspondente que deverá ter alimentador e proteção, individuais. Queda de tensão é a redução do valor de tensão desde a origem docircuito (quadro de distribuição) até os terminais da carga. Essa queda acontece devido à resistividade dos condutores, o que constitui, ao longo do seu comprimento, uma resistência. Essa resistência depende do comprimento do condutor e da sua área da seção transversal, sendo dada pela expressão: . l R A Relembrando 53 b) Quadros de distribuição De acordo com a NBR IEC 60050: [...] quadro de distribuição é o equipamento elétrico destinado a receber energia elétrica através de uma ou mais alimentação e distribuí-la a um ou mais circuitos, podendo também desempenhar funções de proteção, seccionamento, controle e/ou medição. Um quadro de distribuição, Figura 1, pode ser entendido como o “coração” de uma instalação elétrica, já que distribui energia elétrica por toda a edificação e acomoda os dispositivos de proteção dos diversos circuitos. A especificação técnica de um quadro de distribuição está diretamente ligada à quantidade de circuitos que ele deverá acomodar. Essa primeira informação fornece uma ideia das dimensões e do tipo de quadro a ser utilizado. Figura 1: Quadro de distribuição. Fonte: Acervo do Prof. Vlamir B. Ferreira, gentilmente cedida para o autor. A quantidade de circuitos de uma instalação elétrica depende, entre outros fatores, de sua potência instalada, da potência unitária das cargas a serem alimentadas, dos critérios adotados na distribuição dos pontos, do maior ou menor “conforto elétrico” previsto, do grau de flexibilidade que se pretende e da capacidade de reserva assumida, visando futuras necessidades. A NBR 6808 – Conjuntos de Manobras e Controle de Baixa Tensão Montados em Fábricas – Especificação, apresenta os requisitos técnicos mínimos que um quadro elétrico deve satisfazer, bem como os ensaios correspondentes. A norma cobre um amplo universo de quadros de distribuição, desde painéis menores até painéis de grande porte. Dentre as principais características, apresentam-se: tensão nominal: é o valor máximo de tensão que pode ser aplicado entre as barras (fases) do quadro, sem que ocorra arco elétrico ou fuga de corrente. 54 Essa característica é verificada através do ensaio de tensão suportável à frequência industrial. Para um quadro com tensão nominal entre 300 e 600 V, por exemplo, a tensão aplicada é de 2.500 V, durante 1,0 (um) minuto. Além disso, são verificadas as distâncias de isolamento e de escoamento. Quadros não submetidos a esses testes podem apresentar fuga de corrente entre as barras gerando perdas de energia, ou mesmo arco elétrico entre elas, trazendo sérios riscos de danificação dos componentes conectados às barras e de outras partes no interior do quadro, devido ao elevado calor gerado; corrente nominal: é o valor máximo de corrente que pode circular pelas barras, principais e secundárias do quadro, sem provocar aquecimento excessivo nelas, nos componentes a elas ligados e no ar interno. A corrente nominal é verificada através do ensaio de elevação de temperatura, que consiste em verificar a temperatura máxima atingida no interior do quadro e, em particular, nas barras, tendo-se a temperatura ambiente como referência. O tipo de cobre utilizado na fabricação das barras e o seu dimensionamento são as maiores causas de acidentes envolvendo quadros de distribuição quando se usa cobre com alto grau de impurezas e seções nominais abaixo do valor exigido. Tal fato aumenta, consideravelmente, o risco de incêndio; capacidade de curto-circuito: é o valor máximo de corrente de curto-circuito suportável pelas barras e suas conexões, até a atuação do dispositivo de proteção. Representa, enfim, a suportabilidade do barramento aos esforços eletrodinâmicos a que será submetido quando na ocorrência de um curto- circuito. Tais esforços devem ser suportados pelo barramento, sem danos, até a atuação do dispositivo de proteção. Assim, o projetista deve indicar na especificação do quadro uma corrente suportável nominal de curta duração maior que a corrente de curto-circuito presumida. Deformação do barramento e “estouro” do barramento são consequências da não observância dessas regras; grau de proteção: todo invólucro utilizado para abrigar equipamentos, componentes, montagens ou ligações elétricas é classificado segundo o grau de proteção que oferece ao ingresso de corpos sólidos estranhos e água, e contra risco de contato com partes vivas em seu interior. Tais classificações estão descritas a seguir (item 5). O grau de proteção de um invólucro é identificado por duas letras IP seguidas de dois algarismos que indicam, em primeiro, o nível de proteção contra penetração de corpos sólidos e contato direto e, em segundo, proteção contra penetração de água, por ele assegurado; proteção contra risco de choque: no tocante à proteção contra contatos diretos (choques elétricos), a NBR 6808 menciona que todas as superfícies externas do quadro devem ter grau de proteção, no mínimo, IPX2. Assim, toda e qualquer parte viva deve ser inacessível, ou seja, deve estar confinada no interior de invólucros; identificação: a placa de identificação, marcada de maneira legível e durável, localizada de forma visível deve conter no mínimo as seguintes informações – nome do fabricante (ou marca), número de identificação, tensão nominal, corrente nominal, frequência nominal, capacidade de curto-circuito, grau de proteção e massa; ensaios: os ensaios previstos incluem – de elevação de temperatura, de tensão suportável, de curto-circuito, de eficácia de proteção (aterramento), das distâncias de isolamento e escoamento, de operação mecânica e de grau de proteção. 55 Quanto à localização, o ponto em que um quadro de distribuição deve ser instalado não é tratado diretamente em nenhuma norma técnica, mas, tem impacto no projeto e, sobretudo, nos custos e na qualidade da energia da instalação. Quando um quadro fica “eletricamente” mal localizado, os valores elevados de queda de tensão prejudicam o funcionamento de determinadas cargas e pode levar ao aumento da seção nominal dos condutores. Determinar o centro de cargas é recomendável, mas nem sempre é possível. Assim, é importante localizá-lo: no centro das cargas, sempre que possível; próximo à linha geral de alimentação; afastado da passagem sistemática de funcionários, questão de segurança; em local bem iluminado e de fácil acesso; em locais com temperatura adequada, não corrosivos e nem sujeitos a inundações. Os quadros de distribuição podem ser denominados de: Centro de Controle de Motores (CCM) - quando neles são instalados dispositivos de comando e proteção de motores; Quadro de Distribuição de Luz (QDL) - quando os dispositivos comandarem circuitos de iluminação; Quadro de Geral de Força (QGF) ou Quadro Geral de Baixa Tensão (QGBT), mostrado na Figura 2, geralmente contêm os componentes responsáveis pelo seccionamento, proteção e medição dos circuitos de distribuição e devem ser localizados, de preferência, na subestação ou próximo da unidade de transformação à qual estão ligados. Figura 2: Quadro Geral de Baixa Tensão - QGBT. Fonte: Acervo do Prof. Vlamir B. Ferreira, gentilmente cedida para o autor. 56 c) Subestação Por subestação, entende-se um conjunto de aparelhos, equipamentos e condutores elétricos cuja finalidade é a de modificar as características da energia elétrica recebida (tensão e corrente), permitindo sua distribuição, a partir dela, a pontos de consumo em níveis adequados à sua utilização. Na sua grande maioria, as subestações são compostas pelos seguintes equipamentos: transformadores de potência (de força); transformadores de corrente e de potencial; chaves seccionadoras; disjuntores; equipamentos utilizados para a compensação de reativos como capacitores, reatores e compensadores; dispositivos de proteção como para-raios, relés e fusíveis; equipamentosde medição como voltímetros, amperímetros, medidores de potência reativa e ativa. As subestações podem ser classificadas, quanto à sua função, em transformadora ou de manobra, e quanto a sua forma de construção, podendo ser abertas, como na Figura 3, ou abrigadas, como na Figura 4. Figura 3: Subestação do tipo transformadora, aberta. Fonte: Acervo da Prof(a) Kety Rosa, gentilmente cedida para o autor. Como mostrado anteriormente, os quadros de distribuição são de grande relevância para o projeto, portanto, não podem ser tratados simplesmente como um elemento que abriga os elementos de proteção. Assim sendo, sua escolha, posicionamento e o capricho na montagem dos elementos dentro do mesmo, são de extrema importância para o bom desempenho do projeto. Os acidentes envolvendo os quadros de distribuição dentro do ambiente industrial são muito mais comuns do que se imagina. Parada obrigatória 57 Figura 4: Cubículos de uma subestação abrigada. Fonte: Acervo do Prof. Vlamir B. Ferreira, gentilmente cedida para o autor. As subestações não têm uma normalização específica que determine sua exata localização, variando muito de projeto para projeto. De concreto se tem que a mesma não deve ficar muito longe da via pública, nem proporcionar alimentadores de grande comprimento, pois os mesmos tornam-se muito caros devido à sua grande seção nominal, em função da queda de tensão. As indústrias que possuem mais de um pavilhão permitem maior flexibilidade na escolha do local. Nesses casos, é feito o cálculo do baricentro dos galpões que compõem o projeto, o que leva em consideração a potência instalada de cada um dos galpões. Deve-se lembrar ainda da conveniência da utilização de mais de uma subestação, o que pode diminuir sensivelmente os custos, em relação à construção de uma única unidade. Para tanto, uma análise financeira das opções é de extrema importância e deve ser feita. 2.4.1 Sistemas de suprimento A alimentação é, na grande maioria dos casos, de responsabilidade da concessionária de energia onde o projeto será implantado. Portanto, o sistema de alimentação quase sempre fica limitado às disponibilidades das linhas existentes no local. Quando necessário, devido à continuidade de serviço da empresa e à falta de recursos fica evidente, busca-se recursos alternativos de suprimento, tais como construção de novos alimentadores ou a geração de energia própria para o projeto. De maneira geral, os alimentadores são do tipo: 58 2.4.1.1 Sistema Primário de Distribuição As redes de distribuição primária são de responsabilidade da concessionária de energia elétrica local. Portanto, o projeto a ser implantado depende das linhas de suprimento existentes. De modo geral, as indústrias são alimentadas pelos seguintes sistemas: a) Radial simples: é aquele em que o fluxo de potência tem um sentido único da fonte para a carga, como mostrado na Figura 5. Apresenta, dentre todos, o menor custo de instalação. É o tipo mais utilizado para alimentação industrial, sendo, também, o mais simples. Sua confiabilidade está diretamente ligada à rede, pois, qualquer defeito na rede ocasiona a interrupção do fornecimento de energia à subestação. A chave de entrada visa unicamente à proteção do transformador. No caso da existência do transformador, sua proteção, que é usualmente uma chave fusível, é feita pelo sistema de proteção da rede de subtransmissão. b) Radial com recurso: mostrado na Figura 6, é aquele em que o fluxo de potência pode variar de acordo com as condições de carga do sistema tendo, portanto, mais de um circuito de distribuição. Esses sistemas apresentam uma confiabilidade bem maior que o anterior, pois, a perda de um circuito de distribuição, não afeta a continuidade do fornecimento. Em função disso, seus custos são bastante elevados, exigindo equipamentos mais caros. Além disso, seus alimentadores devem ser dimensionados para suportar a carga total, individualmente, quando na saída do outro. As chaves mostradas têm a função de evitar que defeitos nas subestações de fornecimento ocasionem desligamento no circuito de distribuição. 59 Figura 5: Esquema de suprimento radial simples. Fonte: Adaptado de Introdução aos Sistemas de Distribuição Energia Elétrica. Nelson Kagan e Outros. (1ª ed. pág. 09). Figura 6: Esquema de suprimento radial com recurso. Fonte: Adaptado de Introdução aos Sistemas de Distribuição Energia Elétrica. Nelson Kagan e Outros. (1ª ed. pág. 09). Circuito de Distribuiçã o INDÚSTRIA SE Transformad or Disjuntor Circuito de Distribuiçã o INDÚSTRIA SE Circuito de Distribuiçã o NA 60 Figura 7: Sistema de distribuição primário interno - tipo radial simples. Fonte: Adaptado de Instalações Elétricas Industriais - João Mamede Filho (8ª ed. Pág. 05). Figura 8: Sistema de distribuição primário interno - radial com recurso. Fonte: Adaptado de Instalações Elétricas Industriais - João Mamede Filho (8ª ed. Pág. 05). Os sistemas primários de distribuição, interno às empresas, podem ser diferentes do sistema de alimentação da concessionária. Assim sendo, mesmo que o sistema de fornecimento da concessionária seja simples, por exemplo, o sistema primário da empresa pode ser construído com recurso. Isso geralmente acontece quando a empresa possui mais de uma subestação interna, como mostram a Figura 7 e a Figura 8, a seguir. Importante! 61 2.4.1.2 Sistemas secundários de distribuição a) Circuitos de distribuição: os circuitos de distribuição secundários são responsáveis pela interligação entre o Quadro Geral de Força, que está ligado diretamente à unidade de transformação (subestação), com os demais quadros que fornecem energia para os diversos tipos de carga, como os CCMs (Centro de Comando de Motores) e os QDLs (Quadros de Distribuição de Luz), mostrado na Figura 9. Devem ser protegidos na sua origem através de disjuntores e fusíveis, além do dispositivo de seccionamento. b) Circuitos terminais de motores: são os circuitos que fazem a interligação entre os CCMs e os motores. Possuem dois ou três condutores (motores monofásicos ou trifásicos) e um dispositivo de seccionamento dos condutores, para fins de manutenção. São constituídos por condutores isolados, ou por cabos unipolares ou multipolares, estando estes instalados em eletrodutos, bandejas prateleiras, escada para cabos etc. Essas várias situações, de instalação, denominadas de “tipos de linhas elétricas”, estão discriminadas na tabela 33 da NBR 5410 e interferem diretamente no dimensionamento da seção nominal dos mesmos. Por acionarem diretamente os motores, apresentam algumas características peculiares, como: a corrente absorvida durante a partida é bastante superior à de funcionamento normal em carga; a potência absorvida em funcionamento é determinada pela potência mecânica no eixo do motor, solicitada pela carga acionada, o que pode resultar em sobrecarga no circuito. Figura 9: Exemplo de distribuição do sistema secundário. Fonte: Adaptado de Instalações Elétricas Industriais. João Mamede Filho (8ª ed. Pág. 06). 62 Assim, além do dispositivo de seccionamento, necessitam de dispositivos de proteção contra curto-circuito e sobrecarga, como mostrado na Figura 10. Figura 10: Elementos a considerar num circuito terminal de motor. Fonte: Adaptado de Guia EM, da NBR 5410. José Rubens A.de Souza e Hilton Moreno. (1ª ed. 2001). Considerando as aplicações normais, para cargas industriais e similares, existem três configurações básicas para a constituição dos circuitos terminais, mostradas na Figura 11, quais sejam: circuito terminal individual – os circuitos terminais, um para cada motor, derivamde um quadro de distribuição, podendo alimentar também circuitos terminais para outros tipos de carga; circuito de distribuição com derivação – um único circuito deriva do quadro de distribuição e os circuitos terminais que alimentam cada motor, são ligados nele, podendo, eventualmente, existir derivações para outros tipos de carga; circuito terminal com várias cargas – um único circuito terminal deriva do quadro de distribuição e alimenta vários motores e, eventualmente, outros tipos de carga. Além dos cuidados mencionados, algumas outras recomendações, a seguir relatadas, são importantes e, por isso, normalizadas, quando na elaboração desses circuitos: a) a menor seção nominal dos condutores que alimentam os circuitos terminais de motor e de tomadas é de 2,5 mm2; b) a menor seção nominal dos condutores que alimentam circuitos de iluminação ou de alimentação de outras cargas é 1,5 mm2; c) deve ser prevista, se possível, uma capacidade reserva nos circuitos de distribuição visando suprir a adição de futuras cargas na instalação; M In Pn , cos ϕ , Vn Seccionamento Proteção contra curto-circuito Proteção contra sobrecarga Comando funcional Seção nominal dos condutores 63 d) no quadro geral de força (QGF) e no centro de controle dos motores (CCM) devem ser previstos circuitos de reserva, tantos quantos forem necessários, dependendo das necessidades do projeto; e) os dutos (condutos) devem ser dimensionados com folga para a passagem dos circuitos de reserva e para a dissipação de calor; f) a potência total de iluminação e de tomadas de uso geral deve ser dividida em vários circuitos, preferivelmente, que esteja limitada a corrente de 10 A; g) o comprimento dos circuitos para iluminação deve ser limitado a, aproximadamente, 30 metros. Em casos superiores, a queda de tensão deve ser compatível com os valores normalizados pela NBR 5410. M M M M1 M2 M3 Outras CargasMotores Quadro Distribuição M M M M1 M2 M3 Outras CargasMotores QD Circuito de Distribuição Circuitos Terminais M M M M1 M2 M3 Outras Cargas Motores QD Circuito Terminal (a) (b) (c) Figura 11: Configurações para os circuitos de motores. Fonte: Adaptado de Guia EM, da NBR 5410. José Rubens A. de Souza e Hilton Moreno. (1ª ed. 2001). 2.5 Meio ambiente O meio externo é de extrema relevância e, portanto, deve ser levado em consideração quando na elaboração de um projeto. Fatores como temperatura, altitude, incidência de raios solares, entre outros, podem influenciar, significativamente, o funcionamento 64 e afetar a vida útil de equipamentos, além de colocar em risco o funcionamento do projeto. Devido à importância, a NBR 5410 definiu uma codificação específica para cada tipo de ambiente, sendo esta composta por letras e números. Com relação às influências externas, a NBR 5410 estabelece ainda que: quando um componente não possuir características construtivas compatíveis com as influências externas presentes no local, ele pode ser utilizado sob a condição desde que lhe seja provido, na execução da instalação, uma proteção complementar apropriada; quando diferentes influências externas ocorrerem simultaneamente, seus efeitos podem ser independentes ou mútuos e os graus de proteção devem ser escolhidos de acordo; a escolha das características dos componentes em função das influências externas é necessária não somente para seu funcionamento correto, mas também para garantir a confiabilidade das medidas de proteção especificadas. Os resultados dos ensaios obtidos só são aceitáveis se os mesmos forem realizados sob tais condições. A seguir, descreveremos alguns desses fatores com sua respectiva classificação e características. 2.5.1 Temperatura ambiente Alguns materiais e equipamentos são afetados significativamente pela temperatura. Como exemplo, temos os condutores elétricos que podem ter o valor de sua seção nominal alterado devido ao aumento ou diminuição desta. Assim, conhecer os valores da temperatura ambiente, no qual o equipamento será instalado, se torna condição imprescindível para o seu bom desempenho. Por temperatura ambiente, entende-se a temperatura no local onde o equipamento deve ser instalado, considerando a influência de todos os demais componentes do projeto, situados no mesmo local e em funcionamento, não se levando em consideração a contribuição térmica do elemento considerado. Veja, tabela 1, a seguir: Tabela 1: Classificação por faixa de temperatura. Código Faixas de temperatura Classificação Limite inferior (ºC) Limite superior (ºC) AA1 - 60 + 5 Frigorífico AA2 - 40 + 5 Muito frio AA3 - 25 + 5 Frio AA4 - 5 + 40 Temperado AA5 + 5 + 40 Quente AA6 + 5 + 60 Muito quente 2.5.2 Altitude Devido à rarefação do ar, alguns equipamentos elétricos devem ser dimensionados ou especificados, levando-se esse fator em consideração. Para tal fator, a norma estabelece (Tabela 2): 65 Tabela 2: Classificação em relação à altitude. Código Valor (metros) Classificação AC1 ≤ 2000 baixa AC2 ˃ 2000 alta 2.5.3 Presença de água A presença de água e consequente umidade no local onde são instalados os equipamentos elétricos são de grande relevância, pois estão diretamente ligados à condução de corrente elétrica ou descarga eletrostática e também interferem na vida útil dos mesmos, uma vez que os submetem à corrosão. Para este fator, a norma estabelece (Quadro 1) Quadro 1: Classificação em relação à água. Código Classificação Características AD1 Desprezível A probabilidade de água no local é remota. AD2 Gotejamento Possibilidade de gotejamento de água na vertical. AD3 Precipitação Possibilidade de chuva caindo em ângulo máximo de 60º com a vertical. AD4 Aspersão Possibilidade de chuva em qualquer direção. AD5 Jatos Possibilidade de jatos de água sob pressão, em qualquer direção. AD6 Ondas Possibilidade de ondas de água. AD7 Imersão Possibilidade de imersão em água, parcial ou total, de modo intermitente. AD8 Submersão Submersão total em água, de modo permanente. 2.5.4 Presença de corpos sólidos A presença de corpos sólidos, como poeira, pode interferir no funcionamento de equipamentos e na condução da corrente elétrica em barramentos e conexões. Assim, a norma classifica (Quadro 2): Quadro 2: Classificação em relação à presença de corpos sólidos. Código Classificação Características AE1 Desprezível Ausência de poeira em quantidade apreciável e de corpos estranhos. AE2 Pequenos objetos Presença de corpos sólidos cuja dimensão seja igual ou superior a 2,5 mm. AE3 Objetos muito pequenos Presença de corpos sólidos cuja menor dimensão seja igual ou superior a 1,0 mm. AE4 Poeira leve Presença de leve deposição de poeira. AE5 Poeira moderada Presença de média deposição de poeira. AE6 Poeira intensa Presença de elevada deposição de poeira. 66 2.5.5 Presença de substâncias corrosivas (ou poluentes) A corrosão sofrida pelos equipamentos é outro fator que afeta consideravelmente a vida útil e o funcionamento dos mesmos. Para estes ambientes a norma classifica (Quadro 3): Quadro 3: Classificação em relação à presença de substâncias corrosivas. Código Classificação Características AF1 Desprezível A quantidade ou natureza dos agentes corrosivos ou poluentes no local é desprezível. AF2 Atmosférica Presença significativa de elementos corrosivos ou de poluentes de origem atmosférica. AF3 Intermitente ou acidental Ação intermitente ou acidental de produtos químicos corrosivos ou poluentes de uso corrente. AF4 Permanente Presença permanente de produtos corrosivos ou poluentes presentes em quantidade significativa. 2.5.6 Vibrações As vibrações que ocorrem nos ambientes, decorrentes de funcionamento de máquinas e equipamentos, provocam em emendas e conexões elétricas um afrouxamento das mesmas ao longodo tempo. Isso requer especial atenção da equipe de manutenção, para que não haja interrupção do fornecimento de energia. Para este fator, a norma as classifica (Quadro 4): Quadro 4: Classificação em relação às vibrações. Código Classificação Características AH1 Fracas Vibrações fracas ou desprezíveis. AH2 Médias Vibrações de intensidade média com frequências compreendidas entre 10 e 50 Hz e com amplitude igual ou inferior a 0,15 mm. AH3 Severas Vibrações severas, com frequências compreendidas entre 10 e 150 Hz e amplitude igual ou inferior a 0,35 mm. 2.5.7 Descargas atmosféricas A incidência de raios pode causar sérios danos aos equipamentos elétricos, não só pela passagem da corrente elétrica, quando incidem diretamente sobre os equipamentos, mas também pela sobretensão que os mesmos provocam. Assim, é de fundamental importância o aterramento das instalações e equipamentos. Segundo a norma, a classificação se dá da seguinte forma (Quadro 5): 67 Quadro 5: Classificação em relação às descargas atmosféricas. Código Classificação Características AQ1 Desprezíveis ≤ a 25 dias por ano AQ2 Indiretas ˃ que 25 dias por ano Riscos provenientes da rede de alimentação AQ3 Diretas Riscos provenientes da exposição dos componentes da instalação 2.5.8 Contato de pessoas com o potencial da terra Quando presentes em locais onde existem partes elétricas energizadas as pessoas ficam sujeitas a riscos de contato com as partes vivas da instalação. Assim, os ambientes, segundo a norma são classificados em (Quadro 6): Quadro 6: Classificação em relação ao contato de pessoas com o potencial da terra. Código Classificação Características BC1 Nulo Locais não condutivos. BC2 Raro Em condições habituais, as pessoas não estão em contato com elementos condutivos ou postadas sobre superfícies condutivas. BC3 Frequente Pessoas em contato com elementos condutivos ou postadas sobre superfícies condutivas. BC4 Contínuo Pessoas em contato permanente com paredes metálicas e com pequena possibilidade de poder interromper o contato. Além dos ambientes classificados anteriormente, a norma NBR considera outros que não foram citados. 2.6 Grau de proteção Os graus de proteção representam a proteção dos invólucros metálicos dos equipamentos, em relação à entrada de água e de corpos estranhos pelos orifícios dos mesmos, orifícios estes destinados à ventilação ou à instalação dos equipamentos. Quando no desenvolvimento do projeto, todas as características relevantes aos meios ambientes devem ser levadas em consideração de forma que o projeto esteja em consonância com a norma e, consequentemente, seguro em relação aos aspectos estruturais e também humanos. Importante! 68 As normas especificam os graus de proteção através de um código composto por duas letras invariáveis IP (International Protection), seguidas de dois algarismos que representam: a) Primeiro algarismo: indica o grau de proteção contra contatos acidentais e proteção contra o ingresso de corpos sólidos estranhos, assim definidos: 0 Sem proteção particular. 1 Partículas sólidas estranhas com dimensões maiores que 50 mm. 2 Partículas sólidas estranhas com dimensões maiores que 12 mm. 3 Partículas sólidas estranhas com dimensões maiores que 2,5 mm. 4 Partículas sólidas estranhas com dimensões maiores que 1,0 mm. 5 Acúmulo de poeira perigosa, ou seja, prejudicial ao equipamento. 6 Contra o ingresso de poeira (a prova de poeira). b) Segundo algarismo: indica o grau de proteção contra o ingresso de água, assim definidos: 0 Sem proteção particular. 1 Gotejamento caindo na vertical. 2 Gotejamento com grau de 15º de inclinação em relação à vertical. 3 Chuva com inclinação de 60º em relação à vertical. 4 Respingos em todas as direções. 5 Jatos de água em todas as direções. 6 Imersão temporária. 7 Imersão. 8 Submersão. Em função de sua aplicação específica, a combinação entre os algarismos define o grau de proteção desejado para o invólucro metálico do equipamento. Porém, por economia, os fabricantes de invólucro padronizam seus modelos para alguns tipos de graus de proteção, sendo os mais comuns o grau de proteção IP54, destinado a ambientes externos e o de grau IP23, para utilização em interiores. Proteção contra riscos de explosão As indústrias, de maneira geral, estão permanentemente sujeitas a riscos de explosão, risco este que aumenta dependendo do produto fabricado, o que geralmente resulta em incêndio. As características elétricas estão ligadas diretamente a tais riscos, pois, a partir de centelhamento, faiscamento, sobreaquecimento, fugas de corrente, entre outros, tais explosões acontecem. Para prevenir essas ocorrências existem normas, nacionais e internacionais, que determinam procedimentos de segurança para eliminar esse risco. No Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego criou a norma NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, que estabelece requisitos e procedimentos mínimos objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de forma a garantir a segurança das instalações e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam com instalações elétricas e serviços com eletricidade. A seguir estão, algumas das recomendações de propostas 69 referentes ao item Medidas de Controle, Segurança em Projetos e Proteção contra Incêndio e Explosão, lembrando que a NR 10 se aplica às fases de: [...] geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer serviços realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis. Medidas de controle Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. As empresas são obrigadas a manter esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção. Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem constituir e manter o Prontuário das Instalações Elétricas, devendo este permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade. Segurança na construção, montagem, operação e manutenção Nos trabalhos e nas atividades referidas, devem ser adotadas medidas preventivas destinadas ao controle dos riscos adicionais, especialmente quanto à altura, confinamento, campos elétricos e magnéticos, explosividade, umidade, poeira, fauna e flora e outros agravantes, adotando-se a sinalização de segurança. Proteção contra incêndio e explosão As áreas onde houver instalações ou equipamentos elétricos devem ser dotadas de proteção contra incêndio e explosão, conforme dispõe a NR 23 – Proteção Contra Incêndios. Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas de ambientes com atmosferas potencialmente explosivas devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação. Os processos ou equipamentos susceptíveis de gerar ou acumular eletricidade estática devem dispor de proteção específica e dispositivo de descarga elétrica. Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou explosões, devem ser adotados dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormaisde operação. Os serviços em instalações elétricas nas áreas classificadas somente poderão ser realizados mediante permissão para o trabalho com liberação formalizada (item 10.5), ou supressão do agente de risco que determina a classificação da área. 70 Diagrama unifilar O diagrama unifilar, mostrado na Figura. 12, constitui uma representação gráfica da instalação elétrica e mostra, de forma sucinta, quais os elementos que a constituem. Nele, além da representação das partes importantes do projeto elétrico, são mostrados também os componentes integrantes com seus respectivos valores nominais. Para tanto, ao lado do diagrama, também é necessária a colocação da simbologia que representa cada um dos elementos. A figura em questão mostra o diagrama unifilar básico de uma determinada empresa. Nele, ficam bem definidos os elementos do ponto de entrada da energia, a subestação, caracterizada pelos elementos de medição, proteção e transformação e o sistema de distribuição secundária (ou de baixa tensão) representado pelos barramentos ao qual estão conectadas as cargas representadas pelos CCMs e pelos QDLs. Além disso, o diagrama também apresenta os elementos de medição como voltímetros, amperímetros e wattímetros, bem como os elementos de controle e proteção do sistema como chaves seccionadoras, disjuntores, fusíveis e relés, entre outros. 71 Figura 12: Diagrama Unifilar Básico. Fonte: Adaptado de Instalações Elétricas Industriais. João Mamede Filho (8ª ed. Pág. 29). 72 Os elementos, representados numericamente, no diagrama unifilar, têm dentro do sistema as seguintes denominações e funções: (1) PARA-RAIOS – mostrado na Figura 13, tem como função proteger os diversos equipamentos que compõem um sistema elétrico, uma subestação ou um transformador, contra sobretensões causadas por descarga atmosférica. Ficam localizados nas subestações ou próximos aos transformadores de distribuição instalados nos postes. O para-raios limita as sobretensões a um valor máximo, sendo este valor tomado como nível de referência de proteção para o sistema. Figura 13: Para-raios de corpo, posicionados em subestação. Fonte: Acervo do Prof. João Naves, gentilmente cedida para o autor. Figura 14: Chave fusível com isolador de corpo único. Fonte: Adaptado de Manual de Equipamentos Elétricos. João Mamede Filho. (3ª ed. Pg. 47). 73 (2) Chave fusível – mostrada na Figura 14, é destinada à proteção de sobrecorrentes de circuitos primários, sendo utilizada em redes aéreas de distribuição urbana e rural e em pequenas subestações de consumidor e de concessionária. É dotada de um elemento fusível que responde pelas suas características de operação. (3) Mufla ou terminações – mostrada na Figura 15, são dispositivos destinados a restabelecer as condições de isolação da extremidade de um condutor isolado quando este é conectado a um condutor nu ou a um terminal para ligações em equipamentos. . Figura 15: Mufla terminal. Fonte: Adaptado de Manual de Equipamentos Elétricos – João Mamede Filho. (3ª ed. Pg. 66). (4) Transformador de corrente (TC) – mostrado na Figura 16, são equipamentos que possibilitam aos instrumentos de medição e proteção funcionarem adequadamente sem que seja necessário passar por eles as correntes nominais dos circuitos ao qual estão ligados. Os TCs, através da conversão eletromagnética, transformam correntes de valor elevado, que circulam no seu enrolamento primário em correntes menores, que circulam no enrolamento secundário. Portanto, com valores menores, essas correntes podem alimentar instrumentos de medição como amperímetros, relés, medidores de potência etc, pois eles apresentam baixa resistência elétrica. Na sua forma simples, os TCs possuem enrolamento primário com poucas espiras e o enrolamento secundário com corrente igual a 5,0 A. 74 Figura 16: Transformador de corrente, tipo pedestal. Fonte: Acervo do Prof. João Naves, gentilmente cedida para autor. (5) Transformador de potencial (TP) – mostrado na Figura 17, os transformadores de potencial permitem que os instrumentos de medição e proteção funcionem adequadamente, sem que seja necessário estarem submetidos à tensão à qual estão ligados. Possuem um enrolamento primário de muitas espiras e um enrolamento secundário através do qual se obtêm a tensão desejada. São utilizados para alimentar aparelhos com elevada impedância como voltímetros, relés de tensão, medidores de energia, entre outros. Geralmente, são instalados próximos aos TCs. Figura 17: Transformador de potencial de média tensão. Fonte: Acervo do Prof. João Naves, gentilmente cedida para o autor. 75 Figura 18: Bucha de passagem para uso interior. Fonte: Arquivo do autor. (6) Bucha de passagem – mostrada na Figura 18, é um elemento isolante próprio para instalação em cubículos metálicos ou de alvenaria, cuja finalidade é permitir a passagem de um circuito de um determinado ambiente para outro. Pode ser equipada com outros recursos auxiliares, como transformadores de corrente, chifres metálicos para interrupção de tensões impulsivas. (7) Condutores elétricos – são meios pelos quais a energia elétrica é conduzida desde a fonte até o consumidor. Os materiais mais comuns utilizados são o cobre e o alumínio, apesar de o alumínio ter seu uso restrito no âmbito industrial. O revestimento dos condutores, mostrados na Figura 19, pode ser feito, de modo geral, de PVC (cloreto de polivinila), EPR (etileno-propileno) ou XLPE (polietileno reticulado) tendo, cada um deles, características químicas, mecânicas e elétricas específicas, o que determina a escolha. Figura 19: Cabos flexíveis de cobre. Fonte: Cabos de Energia FICAP. Mário Daniel da Rocha T. Júnior (1ª ed. Pág. 65). (8) Chave seccionadora tripolar – mostrada na Figura 20, dispositivo mecânico de manobra que, na posição aberta, assegura distância de isolamento e, na posição fechada, mantém continuidade do circuito elétrico nas condições especificadas. Por ser seccionador, esse tipo de chave deve ser manuseado sem carga. É utilizada em subestação e em redes aéreas de distribuição urbana e rural com a finalidade de 76 seccionar alimentadores durante trabalhos de manutenção. Pode ser monopolar ou tripolar. Figura 20: Chave seccionadora tripolar de média tensão. Fonte: Acervo do Prof. Vlamir B. Ferreira, gentilmente cedida para autor. (9) Relé de sobrecorrente – mostrado na Figura 21, tem por finalidade proteger os equipamentos e condutores do sistema contra sobrecorrente e sobrecarga. Exerce inúmeras funções e possui inúmeros modelos. Dentre os mais comuns, destacam-se: fluidodinâmicos, eletromagnéticos, eletrodinâmicos, de indução, térmicos, eletrônicos, digitais etc. Figura 21: Relé eletromagnético de sobrecorrente. Fonte: Acervo do autor. (10) DISJUNTOR TRIPOLAR – mostrado na Figura 22, é destinado à interrupção e ao restabelecimento das correntes elétricas num determinado ponto do circuito. Deve ser instalado acompanhado da aplicação de relés. Sem isso, o disjuntor torna-se, 77 simplesmente, uma chave de manobra sem qualquer característica de proteção. É um equipamento que opera continuamente sob tensão e corrente, muitas vezes em ambientes onde a temperatura, a umidade e a poeira estão muito acima do permitido. Figura 22: Disjuntor tripolar a pequeno volume de óleo. Fonte: Acervo do Prof. Vlamir B. Ferreira, gentilmente cedida para o autor. (11) Transformador de potência – mostrado na Figura 23, equipamento que, por indução eletromagnética, transfere energia do circuito primário para o circuito secundário, mantendo a mesma frequência, porém, tensão e correntes diferentes. É utilizado desde as usinas de produção de energia, onde as tensões geradas são elevadas, transformando-as em níveis adequados para a utilização de equipamentosresidenciais e industriais, em níveis mais baixos. Figura 23: Transformador trifásico de distribuição. Fonte: Acervo do Prof. Vlamir B. Ferreira, gentilmente cedida para o autor. 78 (12) Disjuntor termomagnético – mostrado na Figura 24, é um equipamento destinado à interrupção e ao restabelecimento das correntes em determinados pontos do circuito. Invariavelmente vem acompanhado de relés de corrente que, depois de sensibilizados, atuam no mecanismo de abertura do disjuntor. Sem estes, o disjuntor torna-se apenas chave de manobra. Opera sob carga, é robusto e de fácil compreensão. Figura 24: Disjuntor tripolar termomagnético industrial. Fonte: Acervo do autor. (13) Fusível – É um dispositivo de proteção que, pela fusão de uma parte especialmente projetada, abre o circuito no qual se acha inserido e interrompe a corrente, quando esta exceder um valor especificado, durante um tempo, também especificado. Alguns fusíveis possuem um indicador, que permite verificar se o dispositivo fúsil operou ou não. A maioria dos fusíveis contém, em seu interior, envolvendo por completo o elemento, um material granulado extintor, geralmente areia de quartzo de granulometria conveniente. São encontrados nos tipos NH e Diazed, mostrados na Figura 25, tendo, cada um, sua aplicação específica. Figura 25: Fusíveis NH e Diazed com seus acessórios. Fonte: Acervo do autor. 79 (14) Contator tripolar – mostrado na Figura 26, é um dispositivo eletromecânico de comando a distância, com uma única posição de repouso e sem travamento. Basicamente, consiste de um núcleo magnético excitado por uma bobina. Uma parte do núcleo magnético é móvel, e é atraído por ação das forças magnéticas quando a bobina é percorrida por uma corrente e cria um fluxo magnético. Quando não circula corrente pela bobina de excitação, essa parte do núcleo é repelida por ação de molas. Contatos elétricos são distribuídos solidariamente a essa parte do núcleo, constituindo um conjunto de contatos móveis. Solidário à carcaça do contator, existe um conjunto de contatos fixos. Um jogo de contatos fixos e móveis pode constituir-se no que se chama de contatos normalmente abertos (NA) ou contatos normalmente fechados (NF). Figura 26: Contator tripolar com contato auxiliar. Fonte: Acervo do autor. Além dos equipamentos descritos anteriormente, muitos outros constituem o projeto elétrico na sua totalidade. Os equipamentos mostrados são os imprescindíveis, estando presentes em todos os projetos. O conhecimento dos equipamentos e as características apresentadas pelos fabricantes são muito importantes para o bom desempenho do projeto. Assim, conhecê-los é uma obrigatoriedade e responsabilidade dos engenheiros que trabalham na implantação do projeto. 2.9 Simbologia A simbologia, que deve estar presente em qualquer projeto, seja elétrico ou não, é uma forma de comunicação entre o projetista e os leitores do projeto. Ela deve ser única, dentro do mesmo projeto, para evitar dúvidas e interpretações errôneas em relação àquilo que se deseja efetivamente representar. Para que todo projeto tenha sempre, para um determinado símbolo, a mesma representação, normas nacionais e internacionais foram criadas tendo-se, portanto, uma única forma de representação para cada elemento da instalação, embora muitas não sejam consensuais. A norma brasileira NBR 5444/1989 – Símbolos Gráficos para Instalações Elétricas Prediais, por exemplo, nunca foi plenamente adotada. O fato é que a simbologia, sendo oficial ou não, deve sempre estar presente nas plantas representativas de qualquer tipo de 80 projeto. A Figura 27, mostrada a seguir, registra alguns símbolos utilizados em projetos elétricos, de uma forma geral. Figura 27: Simbologia gráfica para projetos. 2.10 Inspeção visual e documentação As instalações elétricas, de qualquer tipo, sejam elas novas ou reformas em instalações já existentes, devem ser submetidas a uma “inspeção final” antes de ser entregue ao uso. Essa verificação é uma exigência da NBR 5410 que também prescreve “manutenções periódicas” nessas instalações ao longo da sua vida útil. A verificação final consiste em um conjunto de procedimentos realizados durante e/ou quando concluída a instalação, com o objetivo de verificar sua conformidade com as prescrições das normas. Deve ser realizada por pessoas qualificadas (BA5) e inclui trabalhos de escritório e de campo, ou seja, “in loco”. Os trabalhos de campo são divididos em duas partes: inspeção visual e ensaios. Por inspeção visual, entende-se o exame dos documentos da instalação e o exame da instalação propriamente dita, com o objetivo de verificar se são corretas suas condições de execução. Por sua vez, os ensaios consistem em medições e outras operações efetuadas na instalação com aparelhagem adequada, a fim de verificar sua eficiência. 81 2.10.1 Documentos da instalação As normas exigem que o projeto das instalações elétricas de baixa tensão seja constituído, no mínimo, por: plantas; esquemas; detalhes de montagem; memorial descritivo; especificação dos componentes. As plantas, em escalas convenientes, devem indicar: localização da(s) subestação(ões) e dos quadros de distribuição; percurso e características das linhas elétricas correspondentes aos circuitos de distribuição e circuitos terminais; localização dos pontos de iluminação, das tomadas de corrente e dos equipamentos fixos diretamente alimentados. Os esquemas unifilares e, eventualmente, os trifilares, correspondentes às subestações e aos quadros de distribuição, devem indicar: quantidade, destino, formação e seção nominal dos condutores de entrada e saída das subestações e dos quadros; correntes nominais dos dispositivos indicando, se for o caso, sua função no circuito. Os detalhes de montagem são necessários quando existe alguma complexidade na edificação ou na instalação, de forma a orientar os trabalhos na sua execução. O memorial descritivo deve apresentar uma descrição sucinta da instalação e, se for o caso, das soluções adotadas, utilizando, sempre que necessário, tabelas e desenhos complementares. Durante a execução dos procedimentos de campo devem ser tomadas precauções que garantam a segurança dos encarregados do serviço e evitem danos à propriedade e aos equipamentos instalados. É de fundamental importância que os profissionais envolvidos estejam de posse da documentação completa e atualizada da instalação, o denominado projeto “as built” (como construído), como exige a norma. Importante! Caso existam instalações mais complexas, como: telecomandos, comutação automática etc, os esquemas também devem estar disponíveis. Parada obrigatória 82 A especificação dos componentes deve indicar, para cada componente, uma descrição sucinta, suas características nominais ou as normas que devem atender. 2.10.2 Inspeção visual da instalação A inspeção visual tem por objetivos confirmar se os componentes elétricos ligados permanentemente à instalação estão: dimensionados e instalados em conformidade com as respectivas normas. sem danos visíveis, capazes de comprometer seu funcionamento e segurança. Devem ser verificados, no mínimo, os seguintes pontos: medidas de proteção contra choques elétricos; medidas de proteção contra efeitos térmicos; seleção dos condutores quanto á sua capacidade de condução e queda de tensão; escolha, ajuste e localização dos dispositivos de proteção; escolha e localização dos dispositivos de seccionamento e comando; escolha dos componentes e das medidas de proteção à luz das influências externas pertinentes; identificação dos componentes; execução das conexões.; acessibilidade. 2.10.2.1 Execução da inspeção visual Para que possam ser verificados os pontos anteriormenteindicados, devem, em princípio, ser adotados os seguintes procedimentos: a) verificação, em escritório, do dimensionamento dos circuitos de distribuição e terminais; b) verificação, no local, da consistência, da funcionalidade e da acessibilidade da instalação; c) verificação, no local, das medidas de proteção contra contatos diretos (total ou parcial) aplicáveis; d) verificação preliminar, no local, dos componentes do sistema de aterramento; e) verificação, no local, dos procedimentos de segurança em locais contendo banheira e/ou chuveiro, em piscinas e em saunas. 2.11 Ensaios de campo em instalações A NBR 5410 prescreve, para as instalações de baixa tensão, diversos ensaios de campo que devem, em princípio, ser realizados após a inspeção visual. De acordo com a sequência apresentada pela norma, são eles: a) continuidade dos condutores de proteção e das ligações equipotenciais existentes na instalação; 83 b) resistência de isolamento da instalação; c) verificação das medidas de proteção contra contatos indiretos por seccionamento automático da alimentação; d) ensaio da tensão aplicada, para componentes construídos ou montados no local da instalação; e) ensaio de funcionamento, para montagens como quadros, acionamentos, controles, intertravamentos, comandos etc; f) verificação da separação elétrica dos circuitos para os casos de SELV (Separated Extra-Low Voltage), PELV (Protected Extra-Low Voltage) e proteção por separação elétrica; g) Resistência elétrica de pisos e paredes, aplicável a locais não condutivos. 2.11.1 Ensaios contra contatos indiretos Com relação à verificação do seccionamento automático (item c, relacionado anteriormente) cabe salientar que os mesmos dependem do tipo de aterramento empregado no projeto. Assim, o mesmo está subdividido em: Instalações em Esquema TT 1. Medição da resistência do(s) eletrodo(s) de aterramento. 2. Verificação das características dos dispositivos DR (Diferencial Residual). 3. Verificação da continuidade dos condutores de proteção. Instalações em Esquema TN 4. Medição da impedância do percurso da corrente de falta ou, como alternativa. 5. Medição da resistência dos condutores de proteção. 6. Verificação da continuidade dos condutores de proteção, como alternativa aos ensaios descritos no item 4. e item 5. e 7. Verificação das características dos dispositivos de proteção (dispositivo a sobrecorrente ou dispositivo DR). Instalações em Esquema IT 8. Determinação da corrente de primeira falta. 9. Quando as massas da instalação forem aterradas individualmente ou por grupo, ou seja, quando as condições do esquema TT forem aplicáveis, realizar a verificação conforme descrito no item 1., item 2. e item 3.. 10. Quando todas as massas da instalação forem interligadas, ou seja, quando forem aplicáveis condições do esquema TN, realizar a verificação conforme item 4. ou item 5., ou ainda, item 6. e item 7. 84 2.11.2 Ensaio de continuidade dos condutores de proteção O ensaio deve ser realizado com a instalação desenergizada, utilizando-se fonte CC ou CA, com tensão na faixa de 4 a 24 V em vazio, sendo que a corrente não deve ser inferior a 200 mA, como mostrado na Figura 28. A resistência medida, na escala mínima, deve ser da ordem de décimos de ohms, para valores válidos. Quando necessário, a continuidade pode ser verificada por trechos sucessivos, por exemplo, terminal de aterramento principal – terminal de aterramento do quadro terminal / terminal de aterramento do quadro terminal – contato de aterramento da tomada de corrente etc. Figura 28: Ensaio de continuidade com multímetro. Fonte: Adaptado de Guia EM da NBR 5410. José Rubens A. de Souza e Hilton Moreno. (1ª ed. 2001). A continuidade dos condutores de proteção também pode ser verificada conectando- se, no quadro, uma das fases ou o neutro ao terminal de aterramento e fazendo a verificação entre o terminal terra e o terminal fase ou neutro em cada tomada de corrente e em cada equipamento de utilização fixo, como mostrado na Figura 29. Este ensaio destina-se a verificar a continuidade: dos condutores de proteção principais; dos condutores de proteção relativos aos circuitos terminais; dos condutores PEN (no caso dos esquemas TN-C e TN-C-S); das ligações equipotenciais principais e suplementares; entre o contato de aterramento de cada tomada de corrente e o terminal de aterramento principal; Ω + - 9 V ≥ 0,2 A PE Quando qualquer um dos ensaios indicar uma não conformidade, deve-se efetuar a correção necessária na instalação e, em seguida, proceder à repetição do ensaio. Também devem-se repetidos todos os ensaios precedentes que possam ter sido influenciados pela correção efetuada. Importante! 85 entre o terminal de aterramento de cada equipamento de utilização classe 1 não ligado através de tomada (ou seja, ligado diretamente aos condutores do circuito respectivo) e o terminal de aterramento principal; em locais que contenham banheira e/ou chuveiro e piscinas, entre cada elemento condutivo e o contato de aterramento mais próximo (via de regra, uma tomada de corrente). Quando necessário, a continuidade pode ser verificada por trechos sucessivos, por exemplo, terminal de aterramento principal até o terminal de aterramento do quadro terminal e, em seguida, do quadro terminal até o contato de aterramento da tomada de corrente, e assim sucessivamente. Figura 29: Exemplo de ensaio de continuidade. Fonte: Adaptado de Guia EM da NBR 5410. José Rubens A. de Souza e Hilton Moreno (1ª ed. 2001). 2.11.3 Ensaio de resistência de isolamento da instalação O objetivo do ensaio de resistência de isolamento é verificar se essa resistência, em cada circuito da instalação, atende a valores mínimos prefixados pela norma, como mostrado na Tabela 1. Com a instalação desenergizada, as seguintes medições (em corrente contínua) devem ser efetuadas: entre os condutores vivos (fase e neutro), tomados aos pares, o que, na prática, só pode ser feito com os equipamentos de utilização desligados; entre cada condutor vivo e o terra, representado pelos terminais de aterramento, principal ou dos quadros, ou pelos condutores de proteção, incluindo o condutor PEN (nos esquemas TN-C ou TN-C-S). Durante essa medição, os condutores de fase e neutro podem ser interligados; entre todos os condutores de fase e neutro, interligados, e o terra quando o circuito contiver algum dispositivo eletrônico, tendo em vista a proteção do dispositivo. TAP Neutro PE L in h a 86 Figura 30: Princípio da medição da resistência de isolamento. Fonte: Adaptado de Guia EM da NBR 5410. José R. A. de Souza e Hilton Moreno.(1ª ed. 2001). O equipamento utilizado, mais precisamente sua fonte CC, deve ser capaz de fornecer corrente de 1,0 mA ao circuito de carga, apresentando, entre seus terminais, determinados valores de tensão contínua de ensaio, também indicados na Tabela 1, como mostrado na Figura 30. A resistência de isolamento, medida com os valores indicados de tensão de ensaio, é considerada satisfatória se nenhum valor obtido for inferior aos valores mínimos indicados na Tabela 1. Para a realização deste ensaio, devem ser observados os seguintes pontos: a medição é feita, em princípio, na origem da instalação; se o valor medido for inferior ao valor mínimo fixado na tabela 1, a instalação pode ser dividida em diversos grupos de circuitos, medindo-se a resistência de isolamento de cada grupo; se para um grupo de circuitos, o valor medido for inferior ao mínimo, deve ser medida a resistência de isolamento de cada um dos circuitos do grupo, como mostra a Figura 31; no caso de circuitos ou partes de circuitos que sejam desligadospor dispositivos a sobtensão (por exemplo, contatores) que interrompam todos os condutores vivos, a resistência de isolamento desses circuitos, ou partes de circuitos, deve ser medida separadamente (é, tipicamente, o caso de circuito de motores); se alguns equipamentos de utilização estiverem ligados, admite-se efetuar a medição entre condutores vivos e terra; se, no entanto, o valor medido for inferior ao mínimo especificado, tais equipamentos devem ser desligados e a medição repetida. Ri Carga Fonte CC Equipamento de medição U – Tensão de ensaio Ri – Resistência de isolamento I = U/Ri U 87 Figura 31: Medição da resistência do isolamento em circuitos sucessivos. Fonte: Adaptado de Guia EM da NBR 5410. José R. A. de Souza e Hilton Moreno (1ª ed. 2001). Tabela 1: Valores mínimos de resistência de isolamento (NBR 5410) Tensão nominal do circuito Tensão contínua de ensaio (V) Resistência de Isolamento, mínima (M/Ω) Extra-baixa tensão, para circuitos alimentados por fonte de segurança (ver item 5.1.1.1.2 da norma) e que atendam às condições de instalação prescritas para circuitos SELV e PELV (item 5.1.1.1.3). 250 0,25 Até 500 V, exceto os casos anterior. 500 500 0,5 0,5 Acima de 500 V. 1000 1,0 2.12 Memorial descritivo É importante a elaboração do memorial descritivo, contendo informações necessárias ao entendimento do projeto. Entre outras informações devem constar: a finalidade do projeto; o endereço do projeto e do ponto de entrega de energia; a carga prevista e a demanda, justificadamente adotada; se houver, o tipo de subestação; a proteção e o comando de todos os aparelhos utilizados, desde o ponto de entrega de energia até o ponto de consumo; as características de todos os equipamentos de proteção e comando, transformadores, cabos, quadros de distribuição etc; os memoriais de cálculos; a relação completa de material; os custos orçamentários. Aberto 500 V DC Abert o Abert o MΩ MΩ 88 Os dispositivos não relacionados devem, também, ser indicados conforme a especificação mencionada. Vale ressaltar a importância que deve ser dada à especificação dos materiais, tanto no que diz respeito às suas características técnicas, quanto mecânicas e dimensionais. As empresas comerciais escolhidas pelo interessado do projeto para apresentarem propostas de fornecimento desses materiais deverão basear as mesmas nas características apresentadas. Caso contrário, durante a abertura das propostas poderão surgir conflitos entre os concorrentes que dificilmente serão sanados, dada a inexistência de qualificação dos materiais requisitados. 2.13 Tensões elétricas De acordo com a IEC 60038 (International Electro-Technical Comission), os sistemas elétricos são caracterizados por três valores de tensão eficaz: a nominal, a máxima e a mínima. A tensão nominal de um sistema é aquela que caracteriza a tensão do sistema e à qual são deferidas certas características operacionais. As tensões, máxima e mínima, de um sistema são, respectivamente, o maior e o menor valor de tensão que podem ocorrer em condições normais de operação, em qualquer tempo e em qualquer ponto do sistema, excluídas as condições transitórias e anormais. Para uma instalação elétrica, a tensão nominal (de acordo com a norma supracitada) é definida como a tensão pela qual a instalação (ou parte dela) é designada. Uma tensão igual ou inferior a 1.000 V e CA (Corrente Alternada), ou a 1.500 V em CC ( Corrente Contínua) é considerada baixa tensão. Tensões superiores a esse valor são designadas genericamente como altas tensões. Já, tensões iguais ou inferiores a 50 V em CA ou a 120 V em CC são denominadas de extra baixa tensão (EBT). Para sistemas com tensão nominal superior a 1000 V, a IEC define a tensão máxima de operação de um equipamento como a maior tensão para qual o equipamento é especificado, tendo em vista a isolação e outras características que possam ser referidas e essa tensão nas especificações respectivas. A Tabela 1.1, a seguir, indica as tensões nominais de sistemas de baixa tensão, trifásico a três e quatro condutores e de sistemas monofásicos a três condutores, frequência de 60 Hz, incluindo os circuitos ligados a esses sistemas. A Tabela 1.2 mostra as tensões nominais de sistemas de baixa tensão, usuais no Brasil. A Tabela 1.3 mostra as tensões normalmente encontradas em nossos equipamentos. A Tabela 1.4 mostra as tensões usuais entre 1,0 kV e 35 kV utilizadas no Brasil. 89 Tabela 1.1: Tensões nominais de sistemas de Baixa Tensão em 60 Hz (IEC). Sistemas Trifásicos a 3 e 4 condutores (V) Sistemas Monofásicos a 3 condutores (V) 230/400 120/240 277/480 -- 480/690 -- 1.000 -- Tabela 1.2: Tensões nominais de sistemas de Baixa Tensão usuais no Brasil. Sistemas Trifásicos a 3 e 4 condutores (V) Sistemas Monofásicos a 2 ou 3 condutores (V) 115/230 110/220 120/208 115/230 127/220 127/254 220/380 220/440 254/440 120/440 Tabela 1.3: Tensões nominais de equipamentos de utilização usuais no Brasil. Tipo Tensão Nominal (V) Monofásicos 110 115 120 127 220 Trifásicos 220 380 440 Tabela 1.4: Tensões nominais entre 1,0 kV e 35 kV usuais no Brasil. 2,4 kV 3,8 kV 4,16 kV 6,6 kV 13,2 kV 13,8 kV 23,0 kV 34,5 kV 90 Atividades Atividade 1 Um dos aspectos importantes e que deve ser observado com atenção, quando na elaboração do projeto elétrico de qualquer tipo de instalação, é a confiabilidade do sistema. Explique e exemplifique como esse elemento pode interferir na produção de uma unidade industrial. Atividade 2 Com relação ao grau de proteção dos equipamentos, responda o que significa um equipamento ter grau de proteção IP 35. Atividade 3 Escreva, quanto à localização, onde os quadros de distribuição devem ser posicionados. Atividade 4 Diferencie o sistema de suprimento radial simples do radial com recurso. Atividade 5 Explique por que o layout industrial interfere, de forma significativa, na implantação do projeto elétrico. (Pesquisar antes de responder). Referências FILHO, João Mamede. Instalações elétricas industriais. 8. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. 2010. COTRIM, Ademaro A. M. B. Instalações elétricas. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall. 2010. KAGAN, Nelson; DE OLIVEIRA, Carlos Cesár Barioni; ROBBA, Ernesto João. Introdução aos sistemas de distribuição de energia elétrica. 1. ed. São Paulo: Edgard Blücher. 2008. MORENO, Hilton; SOUZA, José Rubens Alves. Guia EM da NBR 5410. 1. ed. São Paulo: Revista Eletricidade Moderna. 2001. Disponível em: http://www.procobre.com.br. FILHO, João Mamede. Manual de equipamentos elétricos. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. 2005. ARAÚJO, Carlos André S; CÂNDIDO, José Roberto R.; DE SOUSA, Flávio Câmara; DIAS, Marcos Pereira. Proteção de Sistemas Elétricos. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Interciência. 2002. http://www.procobre.com.br/ 91 __________. NBR 5410: Instalações elétricas de baixa tensão. 2. ed. Rio de Janeiro. 2008. (Versão corrigida). __________. NR 10: Segurança em instalações e serviços em eletricidade. __________. NBR IEC 60050: Vocabulário eletrotécnico internacional. Capítulo 826: Instalações Elétricas em Edificações. 1997. __________. ND 5.1: Fornecimento de energia elétrica em tensão secundária: rede de distribuição aérea – edificações individuais. CEMIG. 1998. __________. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 14039 - Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV. 2003. __________. NBR 6808.Conjuntos de manobra e controle de baixa tensão montados em fábrica – CMF. 1993. 92 3 Programando o PIC em Linguagem C Rhafael Pansani Godinho Introdução Foi visto em nossos estudos até agora, conceitos de como utilizar um microcontrolador. Temos, então, o alicerce para utilização desse componente eletrônico. Entraremos, agora, na etapa final do nosso estudo sobre microcontroladores da Microchip Technology Inc, no qual aplicaremos todos os conceitos e funcionalidades, a fim de efetivamente implementar uma programação com fins práticos. O estudo neste capítulo será voltado para o desenvolvimento completo de um projeto utilizando um microcontrolador PIC®, partindo do ponto que já temos os conhecimentos teóricos das capacidades do mesmo. Para nos ajudar e nos habilitar para a execução de um bom trabalho, aprenderemos a utilizar algumas ferramentas (Programas/Aplicativos/Softwares) que são fundamentais nessa etapa do aprendizado. Vamos nos preocupar com a clareza e objetividade no estudo, com ênfases em determinados assuntos, abordagens que facilitem o entendimento, pois este capítulo trata de técnicas de programação que requerem um empenho elevado da nossa atenção. Este capítulo é o último de nossos estudos sobre esse assunto, mas também será o início, pois portas se abriram para desbravarmos novos horizontes da eletrônica. Neste capítulo, vamos aprender a transformar um problema em solução, e estaremos aptos a aprender mais e evoluir nossos conhecimentos e técnicas. O aprendizado se torna mais prazeroso, quando conseguimos interagir com o mundo real. Com este propósito, trabalharemos em cima de soluções de problemas reais, com o intuito de estarmos preparados para assumir novos objetivos e concluí-los com exatidão. Aprenderemos a programar um microcontrolador PIC utilizando linguagem C, gravar este programa na memória do microcontrolador e principalmente desenvolver um projeto completo. Utilizaremos de conceitos básicos de eletrônica como resistores, cristais e outros para projetarmos uma solução real de aplicação dos microcontroladores PIC no dia a dia. 93 Objetivos Ao finalizar os estudos propostos neste capítulo, você estará apto(a) a: utilizar ferramentas que auxiliem na programação para microcontroladores; interpretar a estrutura de desenvolvimento da linguagem C; definir uma configuração para o microcontrolador; compilar e gravar programas no microcontrolador; desenvolver projetos utilizando o microcontrolador. Esquema 3.1Compilador C 3.1.1 PIC C compiler (CCS C - PCW) 3.1.2 Criando novo projeto de programação 3.2 Linguagem C (aplicada ao software CCS C) 3.2.1 Estrutura do programa 3.2.2 Comentários 3.2.3 Diretivas de compilação 3.2.4 Variáveis 3.2.4.1 Tipos 3.2.4.2 Manipulação 3.2.5 Operadores da linguagem C (lógicos e aritméticos) 3.2.6 Blocos condicionais 3.2.6.1 if 3.2.6.2 while 3.2.6.3 do while 3.2.6.4 for 3.2.6.5 switch 3.2.7 Funções 3.2.7.1 Tipos de funções 3.2.7.2 Declaração de uma função 3.2.7.3 Vantagens e desvantagens da Utilização 3.2.7.4 Funções particulares do compilador CCS 3.3 Configurando o microcontrolador PIC 3.4 Compilando programas 3.4.1 Processamento dos dados 3.4.2 Erros 3.5 Ferramenta auxiliar para desenvolvimento de projetos 3.6 Gravando programa no microcontrolador 3.1 Compilador C 3.1.1 PIC C Compiler (CCS C) O CCS C é um pacote de ferramentas desenvolvidas especialmente para a família de microcontroladores Microchip Technology Inc (PIC®). Trabalharemos, nesse capítulo, com a ferramenta PCW (software para desenvolvimento de programas para PIC®), no qual desenvolveremos a programação na linguagem C. O compilador C é responsável por converter todo o programa desenvolvido em linguagem C para uma linguagem reconhecida pelos microcontroladores. Após serem 94 feitas as conversões, os dados já estarão prontos para serem armazenados no microcontrolador, mais especificamente em sua memória de programa, estudada em capítulo anterior. O microcontrolador PIC® não permite que qualquer tipo de linguagem seja utilizada para efetuar a gravação dos dados. É nesse sentido que necessitamos da ferramenta PCW, que fará a conversão dos programas em linguagem C para a linguagem própria deste componente. Muitas são as tecnologias embutidas nestes equipamentos eletrônicos, mas até nos dias de hoje, utilizam linguagem mnemônica (assembly) e linguagem de máquina (hexadecimal) para interpretar os dados. O PCW gera em especial arquivos com extensão “.hex” (hexadecimal), portanto trabalharemos com esse formato de linguagem para gravarmos os dados no microcontrolador PIC®. Existem várias razões para utilizarmos a linguagem C para programar, dentre elas podemos citar: - rapidez e praticidade no organizar os dados; Economia de tempo no desenvolvimento do projeto. - funções prontas para determinadas ações; Conversões de valores numéricos, concatenação de caracteres, outros. - simplificação da estrutura do programa; Facilidade na compreensão de programas já existentes, melhorias na organização dos dados e outros. - alto nível; Elimina a necessidade de conhecimento avançado do hardware (microcontrolador). - linguagem de programação compilada; Utiliza um software para compilar os dados (programa) e transformá-los em código de baixo nível para serem gravados e interpretados pelo microcontrolador. 3.1.2 Criando novo projeto de programação Vamos, agora, iniciar o desenvolvimento de um projeto. O primeiro passo é instalar o software PWC (CCS C) para que possamos criar um novo projeto. Feito isto, vamos abri-lo e criar um novo projeto, lembrando que é possível criá-lo simplesmente, ou utilizar a ajuda do compilador para selecionar as características e propriedades que vão conter no projeto. Logo a seguir descreveremos os passos utilizando a ajuda do compilador, assim já poderemos configurar por completo o nosso projeto. 1 - Depois do PWC aberto, no menu principal, clique na aba Project; 2 - Clique no atalho sob o menu principal com o nome PIC Wizard; 3 - Selecione um local para salvar o projeto (criar uma pasta que conterá todos os arquivos do projeto); 95 Uma janela se abrirá. Essa janela é onde informaremos ao compilador quais as características e propriedades do nosso projeto novo; 4 - Inicialmente, vamos escolher qual microcontrolador PIC® utilizaremos, localizado em “Device”. Vamos Selecionar “PIC16F628”; 5 - Aparecerão características particulares pré-configuradas de fábrica para esse microcontrolador, denominadas Fuses: 5.1 - Desmarcaremos a opção “Reset when brownout detected”; 5.2 - Altere, na primeira lista dentro de Fuses, a opção “External resistor osc, with CLKOUT” por “Crystal osc <= 4Mhz”; 5.3 - Altere a frequência do oscilador, “Oscilator Frequence” para 4.000.000 Hz; 6 - No menu lateral, selecione “Communications” e desmarque a opção “RS-232” para liberar os pinos responsáveis pela comunicação serial que não utilizaremos inicialmente; 7 - Vamos configurar os temporizadores clicando no item “Timers” do menu lateral (os valores ajustáveis nesse item são proporcionais à frequência selecionada anteriormente): 7.1 - Ajustando o Timer 0 para 2 ms de “Overflow” com a “Resolution” em “8us”; Overflow é o estouro da contagem do timer, que corresponde ao ciclo de chamada da interrupção. 7.2 - Na opção “Source”, selecione “Internal”, para a interrupção ser processada internamente; 7.3 - Vamos configurar o ciclo de chamada da interrupção Timer0 após a criação do projeto, inserindo a linha de código “set_timer0(6+get_timer0());” dentro da rotina da função “TIMER0_isr()”, com isso faremos com que a contagem interna conte 6 unidades a menos (substituindo 256 por 250); Intervalode chamada da (256 - IncialTMR0) * * 4 = interrupção TIMER0 Frequência prescaler O PIC16F628 possui um cristal oscilador interno, por isso não será necessário utilizar um cristal oscilador externo. Importante! 96 8 - Para finalizarmos, clique no item “Interrupts” e marque a opção “Timer 0 overflow” (using TIMER0 name), configurada no item anterior; 9 - Para criar o projeto, clique em “OK”. Estamos caminhando. Agora já temos um projeto criado, configurado e esperando para ser compilado. Vamos compilar pela primeira vez o nosso projeto para ser criado o arquivo “.hex”. Este arquivo contém todas as informações da lógica desenvolvida, convertida para hexadecimal (linguagem para interpretação interna do microcontrolador). O arquivo com a extensão “.hex” somente aparecerá na pasta após a primeira compilação. No menu principal, clique sobre o item “Compile” e escolha a opção “Compile”, pronto; agora, basta escrevermos o código do programa para gravá-lo no microcontrolador. Após a compilação ter sido realizada com sucesso (sem nenhum erro apresentado), na pasta do projeto aparecerão vários arquivos internos de utilização do software PCW para compilação, apresentados na tabela 1. Tabela 1: Arquivos gerados após compilação no CCS C (PCW). Extensão Descrição .C Este é o arquivo que contém o código-fonte do programa em linguagem „C‟. .PJT Este é o arquivo de projeto que contém informações relacionadas ao projeto. .LST Esta é a lista de arquivos que mostra cada fonte de linha C e o código assembly associado gerado para essa linha. Os elementos no arquivo “LST.” podem ser selecionados no PCW em Opções -> Project Opções -> File Formats. Match Code - Inclui o opcode HEX para cada instrução. SFR names - Em vez de um endereço, é usado um nome. Por exemplo, em vez de 044, é mostrado CORCON. Symbols - Mostra os nomes em vez de endereços. Interpret - Adiciona um código pseudo interpretação na direita das instruções assembly para ajudar a compreender o funcionamento. Por exemplo: Acesse o site http://www.microchip.com e conheça as inovações e ferramentas que fazem parte do pacote CCS C. Saiba mais Para cada alteração feita na lógica (no código do programa), este deverá ser compilado novamente para que o arquivo “.hex” receba o código traduzido atualizado. Ponto chave 97 Variáveis: LSR W4, # 8, W5: W4 W5 =>> 8 .SYM Este é o mapa que mostra o símbolo de cada local e os registros das variáveis do programa armazenados em cada local. .STA As estatísticas de arquivos das memórias RAM, ROM, e uso de pilha. Ele fornece informações sobre o código fonte estrutural e textual. .TRE A árvore de arquivo mostra a árvore de chamada. Ele detalha cada função e as funções que solicita junto com a ROM e uso de RAM para cada função. .HEX O compilador gera arquivos padrão HEX que são compatíveis com todos os programadores. .COF Este é um código binário da máquina e contém informações de depuração. .COD Este é um arquivo binário que contém informações de depuração. .RTF A saída do gerador de documentação é exportado em um formato Rich Text, que podem ser visualizados usando o editor RTF ou wordpad. .RVF O Rich View formato é usado pelo editor RTF dentro do IDE para ler o Rich Text File. .DGR O arquivo DGR é a saída do fabricante do fluxograma. .ESYM Esse arquivo é gerado para os usuários do IDE. O arquivo contém identificadores e comentários. Esses dados podem ser utilizados para a geração automática de documentação e para o ajudante IDE. .OSYM Este arquivo é gerado quando o compilador está definido para exportar um arquivo- objeto. Fonte: Adaptado de Custom Computer Services, Inc., Manual CCS C – Compiler C. Atualizado em 2008. 3.2 Linguagem C (aplicada ao software CCS C) A linguagem C é uma linguagem que oferece inúmeras facilidades para desenvolvermos programas comparados às linguagens de baixo nível, na qual é necessário que se tenha um conhecimento aprofundado do hardware ou do sistema. As linguagens de alto nível, como a linguagem C, possuem uma apresentação de dados visualmente mais simples a serem entendidas pelo programador, o que ajuda a encurtar o tempo de desenvolvimento da lógica. Nosso estudo é voltado para a linguagem C aplicada aos microcontroladores; para isso, vamos utilizar o compilador C do próprio fabricante dos microcontroladores PIC®. Neste software, é utilizada a linguagem C convencional, ou seja, as funções e instruções são, em sua maioria, iguais às utilizadas em outras plataformas de programação em linguagem C. 3.2.1 Estrutura do Programa Em linguagem C estão presentes os seguintes elementos que compõem o programa aplicado aos microcontroladores PIC®: - comentários; - diretivas de compilação; - definições de dados; - blocos com instruções e funções. 98 Podemos considerar “Instrução” como qualquer comando da linguagem C. Toda instrução deve ser encerrada com o indicador de fim de instrução “;” (ponto e vírgula), pois o compilador C PCW não é um compilador linha a linha, ele apenas irá identificar o final de uma instrução quando encontrar o caractere “;”. Para facilitar nosso aprendizado, vamos estudar separadamente cada etapa da construção do programa em linguagem C para microcontroladores. 3.2.2 Comentários Comentários são informações que podem ajudar o entendimento ou para descrever as rotinas do programa. Quando compilado o código fonte, os comentários não são incluídos no arquivo “.hex”, pois servem apenas como informações adicionais para o programador e não fazem parte da rotina de processamento que será armazenada no microcontrolador. Geralmente, os comentários são colocados no topo do programa com informações sobre sua elaboração, tais como finalidade, autoria, data de escrita e informações sobre novas implementações. São também inseridos no decorrer do código do programa com vistas a facilitar a interpretação para futuras adequações. Nos nossos programas, colocaremos os comentários contendo data de criação, nome do desenvolvedor do programa, finalidade do programa, versão, comentários diversos se necessário. Também utilizaremos os comentários para explicar o objetivo de cada rotina do programa, com intenção de facilitar o entendimento da lógica aplicada. Os comentários podem aparecer de duas formas distintas: - utilizando „//„ para somente uma linha e; - /*...*/ para comentar blocos (várias linhas). Incrementar valores inteiros na variável „x‟. x=x+1; // Esta linha incrementa a variável x; /* estas três linhas de código estão comentadas x=x+1; x=x+2; */ Veja que conseguimos comentar linhas de código do programa sem limite de tamanho. Exemplo 1 99 3.2.3 Diretivas de compilação As diretivas de compilação podem ser consideradas como uma parte vital para o compilador C. Todas as informações técnicas tais como o processador que será utilizado; o clock da memória do processador; as funções internas que serão utilizadas, são incluídas nesta etapa. Para inserir uma diretiva de compilação, devemos, inicialmente, inserir o caractere “#” antes da instrução. Vamos, agora, analisar na tabela 2, algumas das diretivas mais importantes e utilizadas. Tabela 2: Diretivas de Compilação. Nome da diretiva Descrição da diretiva Exemplo de utilização #asm ... #endasm Para incluir trecho de código em assembler dentro da linguagem C While(x) { ... #asm //Essas instruções geram um pulso no pino b3 bsf PORTB,3 bcf PORTB,3 #endasm } #case Determina se o compilador será sensitivo ou não. Se existir, o compilador irá interpretar letras maiúsculas e minúsculas como variáveis diferentes #case int uniube=0; int UNIUBE=0; //Teremos duas variáveis distintas #define nome comando Substituir um comando por um nome comintuído de facilitar ainda mais a programação #define b0 pin_b0 #include <arquivo> ou #include “arquivo” Adicionar o arquivo na lógica no momento da compilação. <> (se arquivo estiver na posta raiz do programa) ou “” (se arquivo estiver na pasta do projeto) #include “projeto.h” #include <string.h> #fuses Configurar os parâmetros internos do microcontrolador #fuses XT,WDT,NOPROTECT #ifdef ... #endif Incluir ou não um trecho na compilação #define teste #ifdef teste delay_ms(100); #endif //se o define existir a lógica entrará na compilação #ifndef ... #endif Igual anterior com lógica de negação ... 100 Nome da diretiva Descrição da diretiva Exemplo de utilização #inline O compilador insere a rotina na lógica no ato da compilação. Melhora na performance mas perde em espaço de memória. É como se inseríssemos toda a rotina de uma função invés de fazer uma chamada. #inline Teste () { //Rotina com instruções } #INT Indicação para o compilador que a seguinte rotina refere-se a uma rotina de interrupção #INT_EXT Teste() { //Rotina com instruções } #Priority Definir a prioridade das interrupções. Segue a sequência de escrita #priority rtcc,eeprom,ext //rtcc mais prioritária que a seguinte e assim por diante #ROM Gravar dados na memória de programa ou na EEPROM #ROM 0x2020 = {1,2,3} #use delay (clock) Configurar o valor do clock em Hz #use delay(clock=4000000) #use fast_io (porta) Indica para o compilador que as portas serão configuradas pelo programa #use fast_io(a) set_tris (0b00000001); //apenas a0 como entrada, os demais saída #use standart_io(porta) Deixa o compilador controlar as portas automaticamente. Consome maior tempo de processamento e memória de programa #use standar_io(b) Output_high(pin_b0); If (input(pin_b0) { //Rotina com instruções } //Hora o pino b0 vai trabalhar como saída, hora como entrada #use rs232 (configuração serial) Configura os parâmetros da comunicação serial #use rs232(baud=9600,xmit=pin_b7, rcv=pin_b6,bts=8) #byte nome=endereço ou #bit nome=endereço Permitir o acesso a posição da memória RAM #bit T0IF = 0xB.2 //T0IF torna-se uma variável Fonte: Acervo do autor. #include <16F628.h> #FUSES NOPROTECT //Código não protegido para leitura #FUSES BROWNOUT //Reset automático #use delay(clock=4000000) //Frequência do oscilador Exemplo 2 101 O item #include <...> é utilizado para inserir arquivos de códigos ou de bibliotecas. Por exemplo, a biblioteca do microcontrolador PIC® em questão. Todo projeto que desenvolveremos para microcontroladores PIC®, deverão ter incluso o arquivo contendo as informações do microcontrolador escolhido. Este arquivo é chamado biblioteca e sua extensão é “.h”, como podemos notar no exemplo anterior. FUSES são as características que incluiremos na rotina do processador. Para ajustar a frequência do oscilador, usaremos a diretiva: #use delay(clock=...). 3.2.4 Variáveis Variáveis são espaços de endereçamento de memória utilizados para armazenar valores. São criadas para facilitar o acesso aos endereços de memória no qual podemos atribuir ou alterar seu valor. Existe uma forma correta para declarar uma variável, ela se procede da seguinte maneira: tipo_da_variável nome_da_variável; Vamos deixar claro que a linguagem C utilizada no compilador C PCW, não é case sensitive como padrão, ou seja, letras minúsculas e maiúsculas são interpretadas de forma igual, não sendo diferenciadas. Criar duas variáveis com o mesmo nome, porém uma com letras maiúsculas e outra com letras minúsculas. tipo ax; tipo AX; // Esta variável é a mesma variável „ax‟ criada na linha anterior Ambas as formas escritas anteriormente correspondem a uma só variável. Isto, feito dessa forma, acarretará então, em um erro de compilação. Outro detalhe que devemos tomar cuidado é que não são aceitos variáveis iniciadas com números. Exemplo 3 O software PCW possui no menu principal o item “VIEW”, nele conseguimos informações completas sobre os FUSES de cada microcontrolador da Microchip no atalho “VALID FUSES” Importante! 102 Criar uma variável que indique o número da sala do bloco X. tipo 2x; //forma errada tipo x2; //forma correta Para criarmos variáveis com nomes grandes, usaremos o caractere “_” (underline), para substituir o uso de espaços entre palavras, que não é permitido no compilador. Caracteres não aceitos (“;”,”/”,”%”,”$”,”#”,”@”,”()”,”{}”,”[]”,”|”,”*”,”&” e acentos em geral). Para declarar uma variável, preferencialmente vamos inseri-la no início do código, logo após as diretivas de compilação. Neste caso, as variáveis se tornaram globais, e poderemos utilizá-las em qualquer rotina ou função do programa. Utilizar corretamente o tipo da variável, conhecendo os dados que vamos inserir nos permite economizar espaço utilizado na memória do microcontrolador. Cada microcontrolador possui uma quantidade limitada de espaço para gravação. Dessa forma, esse critério é fundamental para a escolha de um microcontrolador. Para sabermos diferenciar e escolher corretamente qual variável é apropriada pra determinada função, vamos estudar agora os diferentes tipos e conhecer a forma de trabalharmos com cada uma delas. 3.2.4.1 Tipos A linguagem C aceita os tipos mais comuns de variáveis. Na tabela, a seguir, vamos visualizar as diferenças entre elas. Os dados da tabela são referenciados aos dados contidos no help do compilador C. A tabela 3 mostra os tipos de variáveis disponíveis no compilador. Tabela 3: Tipos de variáveis. Tipo Tamanho (Bits) Escala (Valores até) Unsigned signed int1 Número de 1 bit 0 a 1 Vazio int8 Número de 8 bits 0 a 255 -127 a 127 Exemplo 4 Declarar variáveis com nomes que possam sugerir a sua utilização pode nos ajudar no entendimento do código do programa. Exemplo: int pontos_aluno_1 = 0; Dicas 103 int16 Número de 16 bits 0 a 65535 -32768 a 32768 int32 Número de 32 bits 0 a 4294967295 -2147483648 a 2147483648 float32 Valor real de 32 bits -1.5 x 10 45 a 3.4 x 10 38 Fonte: Acervo do autor, 2010. Existe o tipo “char”, não especificado anteriormente, que vamos declarar quando necessitarmos atribuir caracteres a uma variável. Atividade 1 Criar uma variável que ofereça suporte para atribuição de caracteres. Para nos ajudar, o compilador dispõe de valores padrões para as declarações de variáveis, feitas de forma simplificada, como veremos na tabela 4: Tabela 4: Padrões de Variáveis. Tipo simplificado Valor padrão short int1 char unsigned int8 int int8 long int16 long long int32 float float32 Fonte: Acervo do autor. 3.2.4.2 Manipulação As variáveis por serem referências a endereços de memória podem apresentar “lixo” (dados aleatórios) no ato de sua inserção. Para solucionar este problema, devemos sempre inicializar essas variáveis, que pode ser feito no ato de sua criação. Para utilizarmos variáveis na linguagem C, devemos primeiramente declará-las, pois o compilador não irá reconhecer automaticamente um nome qualquer como sendo uma variável, o que já acontece em alguns compiladores ou linguagens. Crie e inicializar uma variável do tipo inteiro, padrão de 8bits. int idade_do_aluno = 0; //variável inteira, declarada inicialmente com valor igual a zero. A manipulação das variáveis ocorre de forma muito simples, bastando colocarmos o nome da variável e atribuir um valor a ela. Exemplo 6 104 Multiplicar a quantidade de alunos por 25. int quantidade_alunos=0; // Receberá valores da quantidade de alunos while(true) { quantidade_alunos=100; quantidade_alunos=quantidade_alunos*25; // apóso cálculo, o valor da variável quantidade_alunos passa a ser igual a 2500 } Uma variável de um tipo não pode receber dados de outro tipo, mesmo sendo do mesmo tamanho, pois acarretará em atribuição de dados convertidos. Atribuir um valor real em uma variável inteira de tamanho 32bits. float valor_real = 0; int32 valor_inteiro = 0; while (1) { valor_real = 25.56; valor_inteiro = valor_real; // a variável „valor_inteiro‟ não será igual à variável „valor_real‟, pois a paridade dos tipos não conferem. Logo „valor_inteiro‟ recebe um valor desconhecido. } Atividade 2 Identificar qual o correspondente, em inteiro, do caractere R da tabela ASCII. Essa conversão automática feita pelo compilador pode ser usada em algumas aplicações. Exemplo 8 Exemplo 7 A tabela ASCII (American Standard Code for Information Interchange) ou em português, Código Americano Padrão para Troca de Informações, pode ser visualizada por meio do site http://www.infoisis.eti.br/mqisi/tex/dos/ pgtxdos001.htm Saiba mais 105 3.2.5 Operadores da linguagem C (lógicos e aritméticos) Na tabela 5, veremos os operadores que podem ser utilizados para manipular as variáveis na linguagem de programação C. Tabela 5: Operadores da linguagem C. Operador Descrição + Adição. Exemplo: X=Y+1; ++ Incremento da variável indicada. Exemplo: X++; corresponde a X=X+1; - Subtração. Exemplo: X=Y-1; -- Decremento da variável indicada. Exemplo: X--; corresponde a X=X-1; * Multiplicação. Exemplo: X=Y*2; / Divisão (parte inteira da divisão). Exemplo: X=10/3; X será igual a 3. % Resto da divisão. Exemplo: X=10%3;. X será igual a 1. ^ Exponencial. Exemplo: X=2^2;. X será igual a 4 (dois elevado ao quadrado). < Comparador lógico “menor”. Exemplo: if (x<2) > Comparador lógico “maior”. Exemplo: if (x>2) <= Comparador lógico “menor ou igual”. Exemplo: if (x<=2) >= Comparador lógico “maior ou igual”. Exemplo: if (x>=2) == Comparador lógico “igual”. Exemplo: if (x==2) != Comparador lógico “diferente”. Exemplo: if (x!=2) && (AND) Para todas as condições verdadeiras. Exemplo: if (x==1 && y==2) || (OR) Para uma das condições verdadeiras. Exemplo: if (x==1 || y==2) ! (NOT) Inversor lógico. Exemplo: If (!x==1). Condição será verdadeira quando x for diferente de 1 ~ (NOT) Binário (inverte o estado de cada bit da variável). Exemplo: ~X. Em que X era igual a 10, agora, após a inversão, X passa a ser igual a -10; Fonte: Acervo do autor. Temos que tomar cuidado com o operador ==, pois, se no ato da inserção do mesmo for inserido apenas um =, o compilador, ao invés de comparar os dados, irá atribuir o novo valor à variável. Procure acessar o HELP (tecla F2) sempre que encontrar alguma dificuldade. Nele, conseguimos informações complementares de todas as funcionalidades do compilador C. Dicas 106 3.2.6 Blocos condicionais Podemos inserir os blocos tanto com escrita minúscula quanto maiúscula. Para mantermos um padrão, vamos utilizar letras minúsculas. Os blocos condicionais possuem aspectos semelhantes. Veremos que para inserirmos mais de uma instrução dentro da rotina de cada bloco, vamos utilizar o caractere “{“ para indicar o início da rotina e “}” para indicar o final da rotina de cada bloco. Se apenas uma instrução for inserida, não há a necessidade de utilizar estes indicadores de início e fim de rotina, pois o compilador irá entender que o fim do bloco é o primeiro indicador de fim de instrução “;”. 3.2.6.1 If Estrutura: if (condições) //Para uma instrução //Rotina de uma instrução; if (condições) //Para mais de uma instrução { //Rotina com instruções; } O bloco “if” (que significa „se‟) é um dos blocos mais importantes e mais utilizados. O seu papel é de condicionar determinadas instruções para que executem apenas se seus parâmetros forem verdadeiros. A verificação dessa condição apenas será executada uma única vez. Condicionar tarefa para alunos com idade superior a 10. if (idade > 10) { //Rotina com instrução se condição verdadeira } É possível também criarmos uma rotina que seja executada quando a condição for falsa. Condicionar alunos com idade entre 10 e 20 para determinada função e para outra função os demais. if (idade > 10 && idade < 20) { //Rotina com instruções se condição verdadeira } Exemplo 11 Exemplo 12 107 else { //Rotina com instruções se condição falsa } Podemos associar vários blocos if em sequência, obtendo varias condições de validação. Condicionar alunos com idade menor que 10 para sala 1, com idade menor que 20 e maior ou igual a 10, para sala 2. Para sala 3, os com idade menor que 30 e maior ou igual a 20. if (idade < 10) //Condição 1 { //Rotina com instruções para condição 1 verdadeira } //Se condição 1 for falsa, verificar se variável idade é menor que 20 else if (idade < 20) //Condição 2 { // Rotina com instruções para condição 2 verdadeira } //Se condição 2 for falsa, verificar se variável idade é menor que 30 else if (idade < 30) //Condição 3 { // Rotina com instruções para condição 3 verdadeira } O processo de verificação de vários “if” consecutivos ocorre de modo bem simples. Primeiramente será verificado o “if” da condição 1; sendo este falso, o compilador executa a condição “else” (que significa “caso contrário”) deste primeiro “if”; no nosso caso, colocamos outra condição “if”, e assim por diante. Conseguimos produzir lógicas interessantes apenas utilizando condições “if”. Outra forma para utilizarmos os “if”, é inserindo um na rotina do outro. Atividade 3 Condicionar uma rotina que diferencie valores menores que 10 e diferenciá-los dos menores que 5. No exemplo anterior, vimos que mesmo a variável idade sendo menor que 10 ela ainda passará por mais uma verificação. Para condição 2 verdadeira, concluímos que a variável idade é menor que 10, e também é menor que 5, e para a condição 2 falsa, concluímos que a variável idade é menor que 10, mas não é menor que 5. Exemplo 13 108 3.2.6.2 While Estrutura: while (condições) //Para uma instrução //Rotina de uma instrução; while (condições) //Para mais de uma instrução { //Rotina com instruções; } Traduzindo while significa enquanto, ou seja, este bloco executa as instruções contidas na sua rotina enquanto as condições forem verdadeiras. Desenvolver um repetidor enquanto menor que 20 e diferente de 15. while (contador < 20 && contador != 15) { // Rotina com instruções que serão executadas repetidamente enquanto as duas condições forem verdadeiras } Atividade 4 Criar um loop infinito para uma rotina. Vamos utilizar sempre este modelo de while do exemplo 2, para criarmos programas que se manterão “vivos” por um while principal. Assim como o bloco if, o bloco while permite inserir outros blocos na sua rotina. 3.2.6.3 Do While Estrutura: do //Para uma instrução //Rotina de uma instrução while(condição); do //Para mais de uma instrução { //Rotina com instruções }while(condições); Este bloco é uma variação do anterior, mas ao contrário do bloco while, ele executa a rotina antes da primeira verificação (Executa pelo menos uma vez a rotina). Temos que tomar muito cuidado com esse tipo de bloco. Exemplo 14 109 Criar um repetidor que execute instruções que sejam diferentes de 55. Executar pelo menos uma vez essas instruções. do { //Rotina com instruções //Essas instruções serão executadas pelo menos uma vez mais quantas até que idade seja diferentede 55. }while (idade != 55); 3.2.6.4 For Estrutura: //Para uma instrução for (instruções iniciais; condições; parâmetros) //Rotina de uma instrução; //Para mais de uma instrução for (instruções iniciais; condições; parâmetros) { //Rotina com instruções. } O bloco for é muito útil para fazermos contagens que conhecemos o momento de parar. Nas instruções iniciais, podemos executar uma instrução como, por exemplo, atribuir um valor a uma variável. Os parâmetros são instruções que sempre serão executadas automaticamente pelo bloco “for” e, repetidamente, até que as condições sejam satisfeitas. Vamos utilizar os parâmetros quando necessitarmos incrementar um valor, sempre que o processamento executar a rotina do bloco “for”. . Desenvolver um contador de 0 a 100, e utilizar uma variável exclusivamente para esta contagem. for (contador = 0; contador < 100; contador++) { //Rotina com instruções } Se nós repararmos, a variável “contador” é incrementada em uma unidade, sempre que a condição do bloco “for” for verdadeira até que ela própria seja maior ou igual a 100. Exemplo 15 Exemplo 16 110 3.2.6.5 Switch Estrutura: switch (variável) { case valor1: { //Rotina com instruções break; } case valor2: { //Rotina de uma instrução break; } default: { //Rotina com instruções break; } } O item “default” não é obrigatório, e somente será executado se nenhuma das condições nos “case” forem verdadeiras. Neste bloco, temos a necessidade de utilizar a instrução “break” no final de cada rotina em qualquer “case”. A instrução “break” representa para o compilador o final da execução naquele bloco. Como todas as rotinas terão, no mínimo, 2 instruções com o uso do break, sempre deveremos utilizar “{}” para abrir e para fechar as rotinas. Criar um identificador de usuário que separe a quantidade de homens e mulheres que acessaram o sistema. Identificar a quantidade de usuários que não se identificaram. switch (sexo_usuario)//1 – Para homens / 0 – Para mulheres { case 1: //Cliente com sexo igual a 1 { qtd_homens++; break; } case 0: //Cliente com sexo igual a 2 { qtd_mulheres++; break; } defaut: { qtd_nao_identificadas++; break; } } Exemplo 17 111 3.2.7 Funções Uma das facilidades que temos em utilizar a linguagem C para desenvolver programas, é a capacidade de criação de funções. Funções são trechos de código que contêm instruções que serão executadas apenas em determinadas condições (onde houver uma chamada). São muitas as variações para a criação de funções. Veremos que podem variar no tipo, nos parâmetros internos e no retorno de dados. Para invocar os trechos contidos na rotina interna de uma função global, basta inserir uma chamada em qualquer momento do código. Todo programa produzido em linguagem C, obrigatoriamente deve conter uma função. Esta é conhecida como função principal (Tipo main ()). A função MAIN é a principal função e é ela que será executada inicialmente após a leitura dos parâmetros iniciais pelo compilador. Sem ela, o compilador fica sem referência para iniciar o seu trabalho, ocasionando um erro. 3.2.7.1 Tipos de funções Os tipos das funções variam conforme o seu propósito. Podemos ter funções que fazem cálculos e retornam um valor ou até funções que apenas executam instruções. No nosso estudo, vamos trabalhar com quatro tipos de funções: - Função void() sem parâmetro de entrada: São funções cujo propósito é apenas armazenar instruções e executá-las quando solicitado. Não retornam nenhum valor, portanto não precisam da instrução “return” no final da sua rotina. - Função void(tipo nome_variável) com parâmetro de entrada: São funções que apenas executam instruções como a anterior, mas apresentam entradas de parâmetros na sua declaração. No ato da chamada deste tipo de função, devemos inserir dados respeitando o tipo do parâmetro especificado. Não retornam nenhum dado e não exigem o uso do “return” - Função int(): Este tipo de função exige o uso do “return” no final de sua rotina. São funções que retornam valores inteiros e podem ser usadas para inserir dados em variáveis do tipo int. Procure sempre manter uma endentação para separar blocos e facilitar a identificação de início e fim das rotinas dos blocos. Importante! 112 - Função int(tipo nome_variável): São funções que também exigem o uso de “return” no final de sua rotina. Usadas para padronizar a execução de cálculos que podem alterar o valor retornado conforme os dados inseridos nos parâmetros. 3.2.7.2 Declaração de uma função Para facilitar o entendimento, criaremos apenas funções globais (podem ser chamadas em qualquer momento do programa). Para criar uma função, devemos seguir a sintaxe, a seguir: Tipo_da_função nome_da_função (parâmetros) { // Rotina com instruções // Se o tipo da função exigir um valor de retorno deverá ser necessário o uso do „return‟ ao seu final; } Os parâmetros podem conter variáveis de qualquer tipo que serão utilizadas somente dentro da rotina da função. Para chamarmos as funções criadas, devemos proceder da seguinte forma: //instruções do programa idade = nome_da_função(); // Função sem parâmetro que retorna inteiro nome_da_função(idade); // Função com parâmetro sem retorno Criar função que retorne a multiplicação do mês pelo ano, passados por parâmetros. int multiplicando_ano_mes (int ano, int mes) { int valor_multiplicado = 0; valor_multiplicado = ano * mês; return valor_multiplicado; } No exemplo anterior, a função multiplicando_ano_mes, para ser chamada, precisa de dois parâmetros (ano e mês). Ao ser chamada, estes dois dados devem ser informados entre os parênteses. Por exemplo, para o mês de fevereiro do ano de 1980, a chamada da função ficaria: resultado = multiplicando_ano_mes (1980, 2) Exemplo 18 113 Atividade 5 Criar uma função que calcule a média de idade dos alunos. 3.2.7.3 Vantagens e desvantagens da utilização O uso de funções pode trazer muitos benefícios quando usadas corretamente. No nosso caso, vamos estudar as funções para: - aproveitar instruções já existentes; - evitar o uso de trechos repetitivos de código no programa; - padronizar cálculos; - particionar o programa; - diminuir o tamanho do programa. O uso de forma desordenada de funções, chamadas desnecessárias e rotinas extensas, pode ocasionar num aumento significativo de tempo de processamento. As funções devem ser criadas para diminuir o tamanho do programa, padronizando instruções ou cálculos que se repetirão com novos dados. 3.2.7.4 Funções particulares do compilador CCS O compilador que estamos utilizando dispõe de muitas funções internas – preexistentes – que podemos usar para nos ajudar. Essas funções podem nos ajudar a fazer cálculos, conversões, atribuições e muitas outras utilidades. Funções do compilador nada mais são que funções já criadas e armazenadas em arquivos que vamos aprender acessar, tornando essas funções acessíveis para o nosso programa. Para incluirmos estes arquivos ditos bibliotecas no programa, vamos utilizar a instrução “#include<nome_do_arquivo.h>” no início do código. Esta instrução é apenas para fins do compilador C. A tabela 6 nos mostra as funções fundamentais para desenvolvermos um programa para microcontroladores. Tabela 6: Funções importantes da linguagem C. Função Descrição Exemplo pin_a1 / pin_b8 / … Referência a um pino output_high(pin_a1);output_high(); Nível alto para uma saída output_high(pin_d1); output_low(); Nível baixo para uma saída output_low(pin_c1); 114 Função Descrição Exemplo output_x() Enviar um byte para uma porta output_b(00000000); //zera todos os pinos da porta b output_c(00000001); //seta o pino c em 1 input() Recebe valor de um pino (1 bit) if (input(pin_a1)) { //instruções } input_x() Recebe valor de uma porta (n bits, sendo n o numero de pinos da porta) int porta_a = 0; porta_a = input_a(); set_tris_x() Define a direção para os pinos da referida porta. Necessita da diretiva: #use fast_io(x) #use fast_io(b) /*porta b com 8 bits 0 – seta bit de saída 1 – seta bit de entrada */ set_tris_b(00000000); delay_ms() Paralisa o processamento durante intervalo de milissegundos delay_ms(1000); //1 segundo de atraso delay_us() Paralisa o processamento durante intervalo de microssegundos delay_us(1); //1 microssegundo de atraso printf() Envia um dado para porta serial printf(“%c”,caractere); #define Diretiva de compilação que define um atalho para determinada função ou endereço. #define a1 pin_a1 #define i_a() input_a() #include <> Incluir um arquivo no projeto #include <16f628.h> set_timer_x() Configura valor inicial para o timer set_timer_0(get_timer()+6); get_timer_x() Retorna valor atual do timer get_timer(); Fonte: Acervo do autor. Vimos que o compilador PCW possui funções próprias para nos auxiliar. Essas funções estão contidas nas bibliotecas conforme sua categoria. Na tabela 7, encontraremos as funções que mais utilizaremos. 115 Tabela 7: Funções do compilador CCS C. Função Descrição Exemplo Biblioteca atoi() Converte ASCII em inteiro int convertido = 0; char string[10]; strcpy(string,”123”); convertido = atoi(string); //convertido agora é 123; stdlib.h itoa() Converte inteiro em ASCII int numero = 123; char string[10]; itoa(numero,10,string); //10 é a base para a conversão strcpy() Copia uma sequência de caracteres char string[10]; strcpy(string,”teste”); //Limitado pela string string.h strlen() Retorna o tamanho de uma string int tamanho = 0; char string[10]; strcpy(string,”abcde”); tamanho = strlen(string); //tamanho é igual a 5 strcmp() Compara duas strings e retorna 1 se verdadeiro int string1[5],string2[10]; short c = 0; strcpy(string1,”12345”); strcpy(string2,”12345”); c=Strcmp(string1,string2); //c é igual a 1 sqrt() Extrai raiz quadrada de um número float raiz_quadrada = 0; int x = 100; raiz_quadrada = sqrt(x); Math.h modf() Retorna inteiro e decimal de um float float inteiro,decimal; decimal=modf(9.5,inteiro); //decimal igual a 0.5 e inteiro igual a 9.0 div() Retorna o quociente e resto da divisão teste_struct divisao; divisão=div(3,2); //divisão vai conter quociente=1 //divisão vai conter resto=1; Fonte: Acervo do autor. Podemos encontrar no Help do compilador, detalhes e explicação de todas as funções disponíveis. Relembrando 116 Desenvolver um projeto utilizando microcontrolador PIC® 16F628, para calcular a multiplicação das raízes quadradas (parte inteira) de dois números aleatórios. Executar 3 vezes com intervalo de 2 segundos. //Inicio arquivo “exemplo_19.c” #include<16F628.h> #FUSES NOWDT, XT, PUT, NOPROTECT, NOBROWNOUT, MCLR, NOLVP, NOCPD #use delay(clock = 4000000) #include <math.h> //Biblioteca com funções para cálculos matemáticos #include <stdlib.h> //Biblioteca com funções variadas float raiz_qd1 = 0; //Variável para a raiz quadrada do primeiro número float raiz_qd2 = 0; //Variável para a raiz quadrada do segundo número int n_aleatorio1 = 0; //Variável para primeiro número aleatório int n_aleatorio2 = 0; //Variável para segundo número aleatório float multiplicacao = 0; //Variável para armazenar a multiplicação das duas raízes quadradas void main() //Função principal { for(int cont = 0;cont<3;cont++) //Bloco com vida do programa { n_aleatorio1 = rand(); raiz_qd1 = sqrt(n_aleatorio1); n_aleatorio2 = rand(); raiz_qd2 = sqrt(n_aleatorio2); multiplicacao = raiz_qd1 * raiz_qd2; delay_ms(2000); //Paralisa o programa por 2 segundos } } //Fim do arquivo “exemplo_19.c” 3.3 Configurando o microcontrolador PIC® As configurações do microcontrolador são definidas pelos “Fuses”, que são escolhidos conforme cada proposta de projeto. Os “Fuses” que vamos utilizar nos nossos projetos são: XT Cristal com frequência menor ou igual a 4 MHz RS Cristal com frequência superior a 4 Mhz WDT Utilizado para a proteção do processamento. Reinicia o microcontrolador caso ocorra uma demora excessiva no ciclo do programa PUT Atrasa a inicialização do processo para tensão percorrer todo o sistema e evitar uma inicialização com erros MCLR Ativa o pino de reset Exemplo 19 117 PROTECT Proteção do código contra leitura WRT Proteção contra gravação BROWNOUT Reset automático se tensão cair abaixo de 4V, aproximadamente LVP Programação por baixa tensão do pino B3(16F) e B5(18F) Quando desejarmos não utilizar alguma função descrita anteriormente, devemos colocar o prefixo “NO”. Vamos agora configurar um projeto completo, escolhendo os “Fuses” que serão ativados, o clock do processador, as interrupções e as bibliotecas das funções que utilizaremos. Utilizar o compilador PCW para criar um projeto utilizando o “PIC WIZARD”. Utilizar microcontrolador 16F877, oscilador de 4Mhz, configurar overflow da interrupção do timer0 em 4 ms e fuses (osc <= 4Mhz, NOWDT, PUT, NOPROTECT, NOBROWNOUT, NOLVP, NOWRT. Nome do arquivo “primeiro_programa”. //Inicio arquivo “primeiro_programa.h”, criado automaticamente #include <18F877.h> #FUSES NOWDT //Sem proteção do cão de guarda de processo #FUSES XT //Operação com cristal <= 4Mhz #FUSES PUT //Alimentação pino de reset (MCLR) #FUSES NOPROTECT //Programa não protegido para leitura #FUSES NOBROWNOUT //Sem reset automático por queda na tensão #FUSES NOCPD //Sem proteção EE #FUSES NOWRT //Programa não protegido para gravação #use delay(clock = 4000000) //Clock do processador com crystal de 4Mhz //Fim do arquivo “primeiro_programa.h” //Inicio do arquivo “primeiro_programa.c” #include “primeiro_programa.h” /* As aspas correspondem que o arquivo “primeiro_programa.h” está na mesma pasta do arquivo “primeiro_programa.c”*/ #int_TIMER0 TIMER0_isr() // Função da interrupção do timer0 { Exemplo 20 Na opção View do compilador, podemos encontrar os “Fuses” disponíveis para cada microprocessador. Relembrando 118 //Rotina da interrupção do timer0 //Será executada a cada 4ms } void main() { setup_adc_ports(NO_ANALOGS); setup_adc(ADC_OFF); setup_timer_0(RTCC_INTERNAL|RTCC_DIV_16); setup_timer_1(T1_DISABLED); setup_timer_2(T2_DISABLED,0,1); enable_interrupts(INT_TIMER0); enable_interrupts(GLOBAL); //A lógica será desenvolvida a partir deste ponto While(1) //Sempre repetir (loop infinito) { //Rotina } } //Fim do arquivo “primeiro_programa.c” 3.4 Compilando programas 3.4.1 Processamento dos dados É muito importante entendermos o processamento dos dados contidos no programa. Supondo que não conhecemos a forma como os dados são tratados, ficaria difícil desenvolver uma lógica de programa. O processamento dos dados feito pelo compilador ocorre muito rapidamente e varia de acordo com a frequência do oscilador escolhido. A cada 4 Mhz do oscilador, o microcontrolador irá executar incríveis 1.000.000 instruções por minuto, obedecendo a fórmula: numero_instrucoes = frequencia_oscilador / 4 O processo decompilação não é feito linha a linha ao contrário do que muitos pensam. No compilador C PCW, a compilação é feita com base no indicador de fim de instrução “;”, ou seja, é ele que vai identificar o fim de uma instrução e consequentemente o início da próxima. Muitas serão as vezes que vamos necessitar de pausas para executar determinadas instruções, mas esse é um processo perigoso se utilizarmos a função “delay”, pois essa função vai impedir que sejam executadas outras instruções, em virtude da paralisação total do processamento do programa. Para desenvolvermos uma lógica correta, temos que pensar no programa como um todo. Como os processos são executados muito rapidamente, em determinados casos, podemos pensar que eles são executados paralelamente (ao mesmo tempo). O processamento é constituído de ciclos de execuções, vindas do condicionador infinito “while(1){ }” que aprendemos utilizar. Antes de inserir uma instrução, devemos pensar no passo seguinte, ou seja, o processamento irá passar sempre por essa instrução; então, devemos sempre pensar em condicioná-la, se necessário. 119 Evitar ao máximo a parada com uso do “delay_ms()”, pois pode interferir no tempo de processamento se utilizado para intervalos grandes. 3.4.2 Erros Uma função importante do compilador é a capacidade de identificar erros de compilação e informá-los. Se esquecermos de colocar um “;”, de fechar um bloco com “}” ou utilizar a grafia incorreta de uma variável ou de uma chamada de função, o compilador não irá interpretar o código corretamente e apresentará erros. Essa ajuda é muito importante, pois impede que algo seja gravado erroneamente no microcontrolador. Os erros são listados na parte inferior do compilador PCW. O compilador encontra estes tipos de erros automaticamente no ato da ação compilar. 3.5 Ferramenta auxiliar para desenvolvimento de projetos Para nos ajudar no desenvolvimento de projetos, contamos com uma ferramenta muito valiosa. Essa ferramenta nos permite simular perfeitamente nossos projetos. Podemos economizar na construção de protótipos e, principalmente, para identificarmos erros de lógica. A ferramenta se chama ISIS Proteus 7 e apresenta uma interface simples de fácil utilização. Com o ISIS Proteus 7 instalado, vamos seguir os seguintes passos: 1 - Criando novo projeto File New Design (“simular_primeiro_projeto”). 2 - Para inserir um componente de simulação Library Pick parts from libraries ou pressionar a tecla “P” do teclado. Em “Keywords” vamos digitar o nome do componente desejado, selecioná-lo e clicar em “OK” para inseri-lo. 3 - Inserir o programa para ser simulado Clicar com o botão direito no microcontrolador inserido e, em seguida, em “Edit Properties”. No campo “Program File”, digite o nome do arquivo com extensão “.hex” que foi gerado após a compilação (Mesmo nome do arquivo “.c”). 4 - Configurar clock do processador (Cristal configurado no arquivo “.hex”) Também em propriedades, no campo “Processor Clock Frequency” 120 5 - Aumentar tamanho da mesa de simulação System Set Sheet Sizes 6 - Inserir terminais de alimentação Item Terminals Mode (Ícones contidos na lateral esquerda). O componente “Power” corresponde ao positivo e o componente “Ground” corresponde ao negativo. Em propriedades, vamos renomear o componente “Power” com o valor da tensão desejada. EX: +5V. 7 - Alterar valor de um componente “Res” (Resistor) Em propriedades no campo “Resistence”, escolhemos o valor em Ohm da resistência. 8 - Simular Degug Stard/Stop Para facilitar nosso entendimento, vamos criar um projeto do início, partindo do ponto que já possuímos o arquivo compilado “.hex”. Simular um projeto de microcontrolador PIC 16F628A, com 2 botoeiras (liga e desliga) para acender e apagar 1 led emissor de luz. 1- Inserir microcontrolador 16F628A 2- Cristal osc = 4Mhz (Propriedades) 3- Programa inserido com nome do primeiro projeto que desenvolvemos 4- Inserir resistor (Componente “res”) 470 Ohm com um terminal no pino A0 e outro no Ground (0v). Inserir botoeira (Componente “Button”) com um terminal no pino A0 e outro no Power (+5V). 5- Repetir passo anterior para pino A1. 6- Habilitar pino MCLR, inserir resistor de 10K com terminal +5V. 7- Inserir resistor de 470 Ohm com um terminal no pino b6 e outro terminal em série com Led emissor de luz (Componente ”Led-Red”) com terminal em 0V. Resultado final: Exemplo 21 121 Figura 4: Resultado final de um projeto de microcontrolador PIC 16F628A. Fonte: Acervo do autor. Existem projetos simulados prontos, que podem ser utilizados para direcionar o desenvolvimento da lógica do programa. 3.6 Gravando programa no microcontrolador Agora, vamos para a etapa final no desenvolvimento de um projeto microcontrolado. Após termos criado a lógica de programação desenvolvida com linguagem C utilizando o software PCW, vamos agora transferir os dados para o microcontrolador físico. Os dados serão transferidos por meio da ferramenta MPLAB da Microchip Technology Inc. É necessário termos em mãos um gravador de microcontrolador das famílias Microchip, ele permite que o software MPLAB transfira os dados via porta Serial (COM) ou USB para o dispositivo. Com o MPLAB instalado, vamos abri-lo e seguir os passos: 1 - Vamos utilizar o método “import”. Esse método é direto e rápido. File -> Import 2 - O arquivo que vamos importar é o mesmo utilizado para simulação, com extensão “.hex”. 3 - No método de importar o arquivo “.hex”, devemos reconfigur alguns dados do projeto. 3.1 - Configure -> Select Device (Selecionar o microcontrolador utilizado no projeto). 3.2 - Configure -> Configuration Bits (Verificar os “fuses”). 4 - Para concluirmos o processo de gravação, devemos selecionar corretamente qual o plugin que corresponde ao gravador de PIC®. 4.1 - Programmer -> Select Programmer (Ex.: PICSTARTPLUS) 4.2 - Programmer -> Settings (Selecionar a porta de comunicação com o gravador). 5 - Para gravar o programa no microcontrolador (Apenas estará disponível se os passos anteriores tiveram sucesso) 5.1 - Plugar fisicamente o gravador. 122 5.2 - Programmer -> Enable Programmer 5.3 - As opções de leitura/gravação/apagar estarão disponíveis no menu Programmer ou na barra de atalhos. 6 - No final do processo de gravação, será exibido um relatório de tarefas e erros. Resumo Nesta etapa de nosso estudo sobre microcontroladores, aprendemos a utilizar a ferramenta PCW (CCS C) que nos permitiu desenvolver uma lógica de programação utilizando a linguagem C. Aprendemos também as características da linguagem C aplicada aos microcontroladores, suas vantagens e a estrutura exigida de um programa. Conhecemos, com detalhes, as instruções da linguagem C e como utilizá-las. Vimos exemplos de programas criados na ferramenta PCW e os benefícios de utilizar esse software para facilitar a parametrização dos microcontroladores. Alguns microcontroladores foram citados como exemplos, o que nos permitiu conhecer suas características e algumas aplicações. Vimos pontos importantes que devemos nos preocupar com relação à estrutura de um projeto. O planejamento é de grande importância, pois a especificação de muitos fatores depende de uma solução bem planejada. O nosso estudo foi dirigido com fins práticos, ou seja, com intuito de nos prepararmos para encarar novas situações. Desenvolvemos projetos de soluções reais do dia a dia, simulando-os previamente, o que nos permitiu ganhar tempo na construção da lógica. Finalizamos o nosso estudo de microcontroladores PIC® aprendendo a gravar fisicamente o programa no mesmo, por meio da ferramenta MPLAB. Foram abertas portas para novos aprendizados. Todo o conhecimento adquirido nos permite partir para uma nova etapa de desenvolvimento de equipamentos microcontrolados.É de suma importância que não paremos de nos aprimorar, procurando informações novas e complementares para os nossos conhecimentos. Para baixar o manual completo do software CCS C, acesse: www.mandamais.com.br/download/2q1l145201010445 Pesquisando na web 123 Referências PEREIRA, FÁBIO, Microcontroladores PIC: técnicas avançadas. 5. ed. São Paulo: Editora Érica Ltda, 2007. SILVA JUNIOR, Vidal Pereira da. Linguagem „C‟ para microcontroladores PIC. São Paulo, 1999. Disponível em: <http://usuarios.upf.br/~fpassold/PIC/ C_PIC.PDF>. Acesso em: maio. 2011. ZANCO, WAGNER DA SILVA, Microcontroladores PIC: técnicas de software e hardware para projetos de circuitos eletrônicos. 10. ed. São Paulo: Editora Érica Ltda, 2006. 124 Referencial de respostas – capítulo 1 Atividade 1 1.1 alternativa a 1.2 alternativa d 1.3 alternativa b 1.4 alternativa d 1.5 alternativa c 1.6 alternativa c 1.7 alternativa b Atividade 2 a) Controlar um sistema de transporte composto por correia transportadora. Monitoramento de máquinas de combustão interna; Monitoração de máquinas na produção automóvel; Processo de amônia e etileno; Controle da moenda na indústria de açúcar e álcool; Controle da coluna de destilação na produção do álcool. b) Em projetos muito simples, com pouca ou nenhuma necessidade de expansão e, consequentemente, modificação. c) Um CLP é um computador baseado no microcontrolador que usa entradas para monitorar um processo e saídas para controlar um processo através de um programa de controle. d) mais barato para aplicações complexas; possui ferramentas de depuração; mais confiável; maior flexibilidade; de fácil expansão etc. Atividade 3 Sinais analógicos: são sinais que variam continuamente no tempo conforme uma regra de comparação à uma referência definida. Exemplos: potenciômetros, transdutores de temperatura, pressão, célula de carga, umidade, vazão, medidores, válvulas e atuadores analógicos, acionamentos de motores etc. Sinais digitais: são sinais que variam continuamente no tempo assumindo apenas dois valores definidos e distintos. Podemos, ainda, encontrá-los subdivididos em dois tipos: Single bit: são dispositivos deste tipo apresentam sinais que poderão ser representados por bits individuais. Exemplos: botões, chaves seletoras, chaves fim-de-curso, pressostatos, termostatos, chaves de nível, contatos de relês, contatos auxiliares de 125 contatores, alarmes, solenóides, lâmpadas, bobinas de relês, bobinas de contatores, etc. Multi bit: são dispositivos deste tipo que apresentam sinais representados por bits agrupados em conjunto, formando assim o que chamamos de “palavra binária”. Exemplos: encoder absoluto, chave thumbwheel etc. Atividade 4 a) Um interruptor ou um "Pushbutton" é um dispositivo de entrada. b) Uma lâmpada ou um solenóide são exemplos de dispositivos de saída. c) O CLP toma decisões e executa instruções de controle baseado nos sinais de entrada. d) Ladder é uma linguagem de programação de CLPs que usa componentes que se assemelham a elementos usados em um diagrama de contato. e) Um algoritmo consiste em uma ou mais instruções que realizam uma determinada tarefa. f) A memória em um CLP pode ser dividida em três áreas: programa monitor, programa do usuário, e área de dados. g) Quando falando sobre computador ou CLP, 1K de memória se refere a um tamanho de 1024 bytes ou palavras. h) O software que controla todo hardware do CLP é chamado Firmware. i) O programa monitor constitui o programa desenvolvido pelo fabricante do CLP, o qual determina como o sistema deve funcionar. j) A IHM controla e permite a comunicação do usuário com o CLP para que aquele tenha a possibilidade de verificar ou interferir os valores de preset em variáveis do processo. Atividade 5 a) Contatos de memória são entidades virtuais que são utilizados apenas para ajudar o desenvolvimento da lógica de programação escalar interna. Usam uma simbologia de entrada e de saída. b) Entradas e Saídas Imaginárias são aquelas que só podem ser usadas dentro do programa. Elas serão utilizadas para contatos internos do programa, a não ser que se instale um módulo adicional e então estas entradas e/ou saídas (depende do modulo) deixarão de ser imaginárias e se transformarão em reais. Referencial de respostas – capítulo 2 Atividade 1 A confiabilidade está diretamente ligada à menor interrupção possível, das atividades do projeto, quando na falha de algum equipamento ou quando na falta de energia, qualquer que seja o motivo. Os setores industriais não podem ser interrompidos na sua totalidade, devido a algum problema ocorrido de forma localizada. O circuito de motores e cargas mostrado na figura 11 (c) evidencia esse fato, pois, como todos os circuitos estão ligados no mesmo alimentador, se a chave geral for desligada, todas as cargas deixarão de funcionar, independente de estarem com problemas. Isso, certamente afetará a produção da indústria, causando prejuízos. 126 Atividade 2 O primeiro número indica o nível de proteção contra penetração de corpos sólidos e contato direto, e o segundo, a proteção contra penetração de água. Assim, o código IP35 representa: (3) - proteção contra partículas sólidas estranhas com dimensões maiores que 2,5 mm; (5) - proteção contra jatos d‟água em todas as direções. Atividade 3 Sempre que possível, o quadro de distribuição deve ser posicionado no centro de cargas. Para tanto, deve-se determinar o baricentro das cargas. Porém, na maioria das vezes, a determinação desse ponto acaba sendo incompatível com o projeto. Assim, a norma recomenda que os quadros sejam posicionados da seguinte forma: no centro das cargas, sempre que possível; próximo à linha geral de alimentação, para se evitar quedas de tensão excessivas; afastado da passagem sistemática de funcionários, por questão de segurança; em local bem iluminado e de fácil acesso e em local com temperatura adequada, não corrosivo e nem sujeito a inundação. Atividade 4 O sistema radial simples propicia uma única entrada de energia para o projeto, o que o torna pouco confiável, uma vez que a perda desta entrada implica na falta total e completa de fornecimento. Por ser simples, é utilizado para projetos de baixa potência (entre 10 e 15 MVA) e, portanto, é de baixo custo. O sistema radial com recurso propicia mais de uma entrada de fornecimento de forma que, na perda de um dos alimentadores ou de um transformador, o outro entra em operação, o que torna o fornecimento muito mais confiável. Esse fato torna-o bem mais caro que o radial simples sendo recomendado para projetos onde, de forma alguma, não pode haver interrupção no fornecimento. Atividade 5 O layout mostra e define o posicionamento das cargas que fazem parte do projeto. No que concerne ao projeto elétrico, o posicionamento das cargas pode levar a alimentadores mais longos e, consequentemente, devido à queda de tensão, se seção nominal mais elevada, o que os torna mais caros e de difícil implantação. Além disso, há o fato de muitas cargas, tipo motores, não poderem ser ligadas ao mesmo tempo. Esse fato também fica caracterizado na execução do layout. Assim, a boa distribuição das cargas, no projeto, contribui, e muito, para melhor desempenho na produtividade e em menor custo de implantação do projeto. Referencial de respostas – capítulo 3 Atividade 1 char letra; letra = „a‟; /*Dentro das rotinas do programa essa variável irá receber valores contidos na tabela ASCII (a,b,c,d,e,f,g,h,...0,1,2,3,...,*,&,$,#,@,...!,?,...) */ 127 Atividade 2 char letra = „R‟; //A variável de caractere recebeu um valor em ASCII int numero_da_letra = 0; //Essa variável receberá o numero de um caractere em ASCII while(1){ //Atribuição do numero correspondente ao caractere ASCII numero_da_letra = letra; //numero_da_letra corresponde ao valor 82 em ASCII } Atividade 3 if (idade < 10) //Condição 1 if (idade < 5) //Condição 2 { //Rotina com instruções para condição menor que 5 } else //Se condição 2 for falsa { //Rotina com instruções para condição maior que 5 } Atividade 4 //Condição infinita while (1) // ou while (true) { //Rotina infinita } Atividade 5 int multiplicando_ano_mes (int soma, int qtd_alunos) { //Podemos executar cálculos diretos no return return soma/qtd_alunos; } 128