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Direito Penal Militar

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COORDENAÇÃO ANDRAGÓGICA CURSO DE HABILITAÇÃO DE OFICIAIS
DISCIPLINA > CULTURA GERAL JURÍDICA
MÓDULO > Direito Penal Militar DOCENTE: Prof. José WALTERLER
INTRODUÇÃO
Direito Penal Militar é o conjunto de normas jurídicas que define as infrações penais militares, mediante as quais o Estado proíbe determinadas ações ou omissões, cominando sanções (penas e medidas de segurança) aos infratores.
É ramo do Direito Público e abrange o estudo do crime, da pena, da medida de segurança e do delinquente no âmbito militar.
1 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL MILITAR
1.1 Da Legalidade
Tem significado político e jurídico, no primeiro caso é garantia constitucional dos direitos do homem e, no segundo, fixa o conteúdo das normas incriminadoras, não permitindo que o ilícito penal seja estabelecido genericamente, sem definição prévia da conduta punível: Art. 5º, XXXIX, da CF e Art.1º do CP.
1.2 Da Anterioridade
Há necessidade por princípio de que haja lei anterior disciplinando a conduta; a relação jurídica é definida pela lei vigente na data do fato. Art. 1º do CP.
1.3 Da Irretroatividade (retroatividade da Lei benigna)
A lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, é uma garantia individual constitucional e quem deve atender o Judiciário e o Legislativo ao cuidarem da tutela penal. Art. 5º, XL da CF.
1.4 Da Taxatividade
As leis que definem os crimes devem ser precisas de modo a delimitar exatamente a conduta que objetivam punir, Não são aceitas leis vagas ou imprecisas.
 (
10
)
 (
Avenida
 
Presidente
 
Café
 
Filho,
 
116,
 
Praia
 
do
 
Meio,
 
Natal/RN,
 
CEP
 
59.010-000
(84)
 
9
 
9927.7750
 
-
 
acwnatal@gmail.com
)
1.5 Da Reserva Legal
Somente lei pode determinar o que é crime, ou seja, somente a lei (lei federal) pode definir crimes e cominar penas.
1.6 Da Especialidade
Neste caso a lei especial derroga a lei geral, ou seja, o Código Penal manda aplicar as regras gerais do mesmo codex aos fatos indiscriminados por lei especial se esta não dispuser de modo diverso. Art. 12 do CP.
1.7 Da intervenção Mínima
O Estado somente deve intervir nos casos de ataque graves aos bens jurídicos importantes, deixando os demais à aplicação das sanções extra-penais ou administrativas.
1.8 Da Proporcionalidade
Deve haver uma proporção, um equilíbrio entre a conduta delituosa do agente e a sanção prevista para o tipo penal.
1.9 Da Humanidade
Deve haver uma responsabilidade social nas sanções penais, visando sua reabilitação e reintegração a sociedade.
1.10 Da culpabilidade
Exige-se a presença do dolo ou da culpa na conduta do agente, sendo indispensável que a pena seja imposta por sua própria ação e não por eventual desvio de caráter.
2 DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR
2.1 Crimes militares em tempo de paz
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados;
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil (Redação da Lei nº 9.299, de 08 de agosto de 1996);
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar;
f) revogada. (Vide Lei nº 9.299, de 08 de agosto de 1996);
III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior.
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum. (incluído pela Lei nº 9.299, de 08 de agosto de 1996).
Critérios adotados
Expresso
· Ratione legis: são militares aqueles delitos que o legislador ordinário assim conceitua . É o adotado pelo Código Penal Militar em conseqüência do que preceitua os arts. 124 e 125, § 4º, da CF/88.
Não expressos
· Ratione materiae: exige que se verifique a dupla ocorrência da qualidade militar -no ato e no agente.;
· Ratione loci: o doutrinador leva em consideração para classificar como crime militar, o lugar do crime, bastando, portanto, que o delito ocorra em lugar sob administração militar, para se Ter um crime militar;
· Ratione temporis: indica que os delitos praticados em determinada época, por exemplo, os ocorridos em período de guerra, independente de comprometer ou não a preparação, eficiência ou as operações militares, ou de qualquer outra forma, atentar contra a segurança externa do País ou expô-la a perigo, são crimes militares, ou durante o período de manobras ou exercícios;
· Ratione personae: por seu turno, leva em conta a qualidade do autor enquanto militar;
O CRIME MILITAR
Para saber se a conduta é crime militar ou não, se faz necessária uma “dupla adequação”.
Em um primeiro momento devemos realizar a adequação da conduta em um dos tipos penais previstos na Parte Especial do CPM.
Há condutas delituosas que embora sejam crimes e possam ser praticadas em local militar, por militar e contra militar, não serão crimes militares, como por exemplo: o crime de infanticídio, aborto, furto de coisa comum etc., já que tais crimes não estão previstos no CPM, mas tão- somente na Lei Penal Comum.
Encontrado na Parte Especial do CPM um tipo penal em que a conduta venha a se adequar perfeitamente, será necessária uma segunda adequação, agora no artigo 9º do CPM, que vai considerar uma conduta como crime militar em tempo de paz.
I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
Há crimes que existem no CPM e no CP comum, com a mesma rubrica, mas possuem o tipo diferente. Essa é a primeira parte do inciso I, do artigo 9º, do CPM.
	FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA
	CÓDIGO PENAL MILITAR
	CÓDIGO PENAL COMUM
	Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 346. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, perito, tradutor ou intérprete, em inquérito policial, processo administrativo ou judicial, militar.
	Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral.
	FALSIDADE IDEOLÓGICA
	CÓDIGO PENAL MILITAR
	CÓDIGO PENAL COMUM
	
Art. 312. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa oudiversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, desde que o fato atente contra a administração ou o serviço militar.
	Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fi m de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela
não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
A 2ª parte do inciso I trata dos não previstos na lei comum. São os crimes que somente existem no CPM, como por exemplo: deserção, insubmissão, pederastia, ingresso de clandestino etc.
Tanto os crimes definidos de modo diverso na Lei Penal Comum, quanto os crimes somente previstos no CPM, podem ser praticados por qualquer pessoa.
É necessário atentar para a parte final do inciso I, quando utiliza a expressão “salvo disposição especial”.
Essa expressão deve ser entendida em confronto com a expressão “qualquer que seja o agente”.
Esta expressão é na verdade alguma condição específica exigida do agente para a caracterização do crime, como por exemplo: a Deserção, que exige a condição de militar (artigo 187), omissão de eficiência da força, que exige a condição de comandante (artigo 198) e a insubmissão, que exige a condição de civil e convocado (artigo 183).
Quando a parte final do inciso I, do artigo 9º, refere-se “qualquer que seja o agente, salvo disposição especial”, esta “disposição especial” está em confronto e tratando da expressão “qualquer que seja o agente”.
A “disposição especial” é uma condição específica do agente para o cometimento do crime prevista no tipo penal militar.
Para os crimes de igual definição no CPM e no CP comum, são aplicáveis os incisos II e III, do artigo 9º.
II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados:
O inciso II é voltado para o militar, pois todos os incisos referem-se ao militar.
	CONCEITO DE MILITAR
	CÓDIGO PENAL MILITAR
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL
	Art. 22. É considerado militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar.
	Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Art. 142. [...]
[...]
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser
fixadas em lei, as seguintes disposições:
Como militar, entende-se quem se encontra incorporado às Forças Armadas, à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros Militares, mesmo afastado temporariamente do serviço ativo, por licença para tratamento de saúde, licença especial, férias, licença para tratar de interesse particular, etc.
Enfim, o que interessa é o vínculo à instituição militar que desaparece com a exclusão do serviço ativo, por transferência para a reserva remunerada, por reforma, demissão ou outros previstos no Estatuto dos Militares.
Militar, ou não, para a Justiça Militar Federal
I - militar federal (incorporado às Forças Armadas): militar, para efeito de aplicação da lei penal militar pela Justiça Militar Federal. Para esse fim, somente ele, exclusivamente ele é considerado militar;
II - militar federal na inatividade (na reserva ou reformado): considerado civil para efeito de aplicação da lei penal militar pela Justiça Militar Federal, ressalvados os crimes cometidos antes de passar para a inatividade;
III - militar estadual (integrante da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares):
considerado civil para efeito de aplicação da lei penal militar pela Justiça Militar Federal;
IV - policial militar ou bombeiro militar na inatividade (na reserva ou reformado):
considerado civil para efeito de aplicação da lei penal militar pela Justiça Militar Federal.
Militar, ou não, para a Justiça Militar Estadual
I - militar estadual (integrante da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares):
militar para efeito de aplicação da lei penal militar pela Justiça Militar Estadual;
II - militar estadual na inatividade (na reserva ou reformado): considerado civil. Dessa forma, não estão sujeitos à Justiça Militar Estadual, ressalvados os crimes cometidos quando se encontravam no serviço ativo.
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; (Ratione personae)
- Art. 22, CPM; Art. 42 e Art. 142, § 3º, ambos da CF/88.
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; (Ratione loci)
Lugar sujeito à Administração Militar
É o espaço físico em que as forças militares realizam suas atividades, como quartéis, aeronaves, embarcações, estabelecimentos de ensino militar, campos de treinamento etc.
Não são considerados lugar sujeito à Administração Militar
I - Residência fornecida a oficial ou praça das Forças Armadas, Polícias Militares ou Corpo de Bombeiros Militares, como moradia. (Art. 5º, XI, CF/88);
II - Quartos alugados a militares em hotéis de trânsito (individual);
III - Viaturas, embarcações e aeronaves de pequeno porte, botes, helicópteros, motocicletas
etc.
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Ratione materiae)
Crime militar em razão do dever jurídico de agir
É quando o policial militar, à paisana, e de folga, e com armamento particular, comete o fato delituoso por ter se colocado em serviço, intervindo numa situação de flagrância. (Art. 301, CP; Art. 243, CPPM).
Não é considerado crime militar em razão do dever jurídico de agir
I - Policial Militar que comete o delito como Segurança Particular; II - Policial Militar que defende a sua vida.
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; (Ratione temporis)
Período de manobras ou exercício
É o espaço temporal compreendido entre o aprontamento da tropa até sua liberação.
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar;
Patrimônio sob a Administração Militar
Abrange, além dos bens pertencentes à Força Militar, os de propriedade de pessoas naturais e jurídicas que, por alguma razão, encontram-se sob responsabilidade da Administração Militar.
Não é considerado patrimônio sob a Administração Militar
I - Os bens de entidades civis, ainda que compostas por militares, por exemplo, clubes, associações, cooperativas etc.)
Ordem administrativa militar
É a própria harmonia da instituição, abrangendo sua administração, o decoro de seus integrantes etc. Atingem a organização, existência e finalidade da instituição, bem como o prestígio moral da administração.
III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos:
O inciso III, do artigo 9º, são as hipóteses em que o militar da reserva, reformado e civil, comete uma conduta tipificada no CPM, sendo ainda necessário que haja adequação, também em uma das hipóteses das suas alíneas.
2.2 CRIME PRÓPRIA E IMPROPRIAMENTE MILITAR
O critério de nosso ordenamento para definir o crime militar, a exemplo da Itália e da Alemanha, é o ratione legis. Assim, são crimes militares aqueles enumerados pela lei.
Tal critério(legal), adotado desde a Constituição de 1946, evidencia-se na atual Carta Magna pelo disposto nos arts. 124 e 125, § 4º.
Emenda Constitucional nº 45, de 08/12/2004.
Manteve, no âmbito estadual, a competência para julgar os crimes acidentalmente (impropriamente) militares, ampliando sua competência para apreciar ações impetradas contra atos disciplinares, próprios das instituições militares.
Art. 18 do CPPM – Detenção (cautelar) do indiciado
“Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante as investigações policiais, até 30 (trinta) dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais 20 (vinte) dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica”.
Com o advento da Carta de 1988, tal dispositivo restou mitigado pelo art. 5º, inciso LXI.
Nesse sentido, a detenção própria do encarregado do inquérito policial militar somente seria cabível nos crimes militares próprios.
Art. 64, II, do CP – Para efeito de reincidência
“Não se consideram os crimes militares próprios e políticos”.
Crimes próprios militares
Constituem infrações penais militares que somente podem ser cometidas por militar em uma condição funcional específica, como a de comandante (arts. 198, 201 etc).
2.2.1 Teoria clássica (Direito Romano) - Célio Lobão/Jorge César de Assis
Crimes propriamente militares seriam os que só podem ser cometidos por militares, pois consistem em violação de deveres que lhes são próprios. Trata-se, pois, do crime funcional praticável somente pelo militar. Assim, a deserção (art. 187), dormir em serviço (art. 203) etc.
Os crimes comuns em sua natureza, praticáveis por qualquer pessoa, civil ou militar, são os chamados impropriamente militares. Por exemplo: o homicídio de um militar praticado por outro militar, ambos em situação de atividade (art. 9º, II, a, c/c o art. 205), ou a violência contra sentinela (art. 158).
Exceção:
O crime de insubmissão (art. 183), considerado o único crime propriamente militar que somente o civil pode cometer.
A incorporação do faltoso, portanto a qualidade de militar, é condição de punibilidade ou de procedibilidade, nos termos do art. 464, § 2º, do CPPM. Antes de adquirir a qualidade de militar, com sua inclusão nas Forças Armadas, não cabe ação penal contra o insubmisso.
2.2.2 Visão da doutrina penal comum
Os crimes propriamente militares têm definição diversa da lei penal comum ou nela não se encontram. Seriam crimes militares próprios, dessarte, aqueles de que trata o inciso I do art. 9º do CPM; e impropriamente militares os abrangidos pelo inciso II do mesmo dispositivo.
2.2.3 Teoria de Jorge Alberto Romeiro
Crime propriamente militar traduz-se por aquele cuja ação penal somente pode ser proposta contra militar.
2.3 OS CRIMES MILITARES DOLOSOS CONTRA A VIDA DE CIVIL
Ainda referente ao artigo 9º do CPM, é necessário tecer alguns comentários sobre seu parágrafo único, acrescentado pela Lei nº 9.299/96.
Como se sabe, no Brasil a questão de policiais militares ligados a grupos de extermínio não é um fenômeno de todo raro.
A sociedade brasileira (certamente por desconhecimento) acreditava que o julgamento de policiais pela Justiça Militar era um privilégio de classe, onde imperava o corporativismo. Diante do clamor social, surgiu a Lei nº 9.299, de 7 de agosto de 1996, com o seguinte texto:
Lei nº 9.299, de 7 de agosto de 1996
Art. 1º O art. 9° do Decreto-lei n° 1.001, de 21 de outubro de 1969 – Código Penal Militar, passa a vigorar com as seguintes alterações:
Art. 9° [...]
II – [...]
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;
[...]
f) revogada.
[...]
Parágrafo único. “Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum.”
Art. 2° O caput do art. 82 do Decreto-lei n° 1.002, de 21 de outubro de 1969 – Código de Processo Penal Militar, passa a vigorar com a seguinte redação, acrescido, ainda, do seguinte §2°, passando o atual parágrafo único a § 1°:
[...]
Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados contra civil, a ele estão sujeitos, emtempo de paz:
[...]
§ 1°[...]
§ 2° “Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum”.
Art. 3° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
A nova lei alterou a competência para processar e julgar os crimes dolosos praticados por militares contra a vida de civil, ainda que na forma do artigo 9º do CPM, sendo alterada também a competência constitucional para processar e julgar os crimes militares da Justiça Militar da União para o tribunal do júri.
Como dito, a intenção do legislador foi alterar a competência da Justiça Militar dos Estados, porém modificou, também, a competência da Justiça Militar da União.
No âmbito da Justiça Militar dos Estados, a EC 45/2004 alterou constitucionalmente a competência. Eis o dispositivo em comento:
Art. 125 – Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. (Redação da EC nº 45 – 31/12/2004).
Embora resolvida a questão referente à Justiça Militar dos Estados, no âmbito da União, a questão permanece, gerando perplexidade aos profissionais que se dedicam ao estudo do Direito Penal Militar.
Tal ausência de sistematização, não só da legislação castrense, mas também das reformas legislativas, demonstram o desconhecimento (para não dizer o esquecimento) por parte do Poder Legislativo sobre a atividade militar, o que resulta em uma legislação ultrapassada sobre certos aspectos (vide a Lei dos Crimes Hediondos, inaplicáveis ao Direito Penal Militar).
Para alguns, a inconstitucionalidade da Lei reside na alteração da competência para processar e julgar crimes militares dolosos contra a vida de civil, praticados por militares, nas situações do artigo 9º do CPM, sem retirar o caráter militar do delito, ou seja, o crime (que continua sendo militar) será julgado pelo tribunal do júri.
3 DAS PENAS
3.1 Das Penas principais
Art. 55. As penas principais são:
a) morte;
b) reclusão;
c) detenção;
d) prisão;
e) impedimento;
f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;
g) reforma.
Sobre as penas, por oportuno, merecem registro os comentários de Ione de Souza Cruz e Claudio Amin Miguel:
As penas principais previstas no Código Penal Militar são as seguintes:
· morte,
· reclusão,
· detenção,
· prisão,
· impedimento,
· suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função e reforma.
Impõe-se ressaltar que inexiste previsão expressa no CPM quanto à aplicação de penas restritivas de direito em substituição às privativas de liberdade, como dispõem os artigos 43 a 48 do CP.
No entanto, alguns entendem que tal substituição poderia ocorrer no caso de acusado civil, pois, se existe uma legislação militar em razão da preservação dos princípios de hierarquia e disciplina, o crime praticado por agente civil, em geral, não afrontaria esses princípios de forma direta.
Acrescente-se que, se o agente vier a ser condenado à pena superior a dois anos, há de cumpri-la em estabelecimento prisional civil, e o juiz da execução será o da Vara de Execuções Penais. Não há qualquer divergência quanto à inaplicabilidade de pena de multa. (Op. cit. p. 120/121).
[...]
Penas Acessórias, como indica o nome, são aquelasque dependem da imposição de uma principal. Originam-se das antigas restrições de direito impostas em consequência a uma condenação penal.
Perante o direito positivo, são consideradas efetivamente sanções penais, não devendo ser confundidas com os efeitos da condenação (art. 109 do CPM), nem tampouco podem configurar medidas de segurança.
O Código Penal de 1940 trazia a previsão de penas acessórias, tendo sido estas abolidas por ocasião da reforma penal de 1984, quando foram disciplinadas as penas restritivas de direitos. (Op.cit. p. 193).
A Lei Castrense possui algumas particularidades sobre a matéria que merecem relevo.
· Pena de morte
A pena capital cominada tão-somente para crimes militares praticados em tempo de guerra, deve ser executada por fuzilamento, de acordo com o art. 56, atendido o contido no art. 57, que trata da sua comunicação.
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.
Art. 57.A sentença defi nitiva de condenação à morte é comunicada, logo que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias após a comunicação.
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser imediatamente executada, quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina militares.
Aparentemente não há nenhuma inconstitucionalidade na previsão desta pena, tendo em vista o art. 5, XLVII da CF.
· Mínimos e máximos genéricos
Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos.
As penas privativas de liberdade são as de reclusão, detenção e prisão. De acordo com o art. 58, o mínimo da pena de reclusão é de 1 (um) ano, com o máximo de 30 (trinta) anos. Já para a de detenção, aplica-se um mínimo de 30 (trinta) dias e um máximo de 10 (dez) anos.
A pena de prisão conforme o art. 59 do CPM só existe na forma de conversão.
· Pena até dois anos imposta a militar
Art. 59 – A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos, aplicada a militar, é convertida em pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão condicional: (Redação da Lei nº 6.544, de 30 de junho de 1978);
I – pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar;
II – pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada de presos que estejam cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos.
· Separação de praças especiais e graduadas
Parágrafo único. Para efeito de separação, no cumprimento da pena de prisão, atender-se-á, também, à condição das praças especiais e à das graduadas, ou não; e, dentre as graduadas, à das que tenham graduação especial.
· Pena de impedimento
Art. 63. A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da unidade, sem prejuízo da instrução militar.
· Pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função
Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do condenado, pelo tempo
fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento regular à sede do serviço. Não será contado como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do cumprimento da pena.
· Caso de reserva, reforma ou aposentadoria
Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a sentença, já estiver na reserva, ou reformado ou aposentado, a pena prevista neste artigo será convertida em pena de detenção, de três meses a um ano.
· Pena de reforma
Art. 65. A pena de reforma sujeita o condenado à situação de inatividade, não podendo perceber mais de um vinte e cinco avos do soldo, por ano de serviço, nem receber importância superior à do soldo.
A pena de impedimento sujeita o sentenciado a permanecer no recinto da Unidade Militar, devendo o mesmo participar de toda a instrução militar. É cominada apenas para o delito de insubmissão.
A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função, bem como a de reforma além de estarem no art. 55 são mencionadas também nos arts. 64 e 65.
Novamente cabem as lições de Ione de Souza Cruz e Cláudio Amin Miguel:
A suspensão tem, por óbvio, caráter temporário, e determina o afastamento do oficial (detentor de posto) ou da praça (cabo, sargento e suboficial/subtenente – detentores de graduação) mediante “agregação, afastamento, licenciamento ou disponibilidade”, termos esses definidos no Estatuto do Militares (Lei nº 6.880/80) (Op. cit. p. 130).
[...] a reforma é uma das hipóteses de passagem do militar à situação de inatividade. Como pena, é operada ex officio (art. 104, inciso IV), e pode ser imposta a oficiais e praças, estas últimas com estabilidade assegurada. De fato, a pena de reforma aplicada a uma praça não estável haveria de constituir verdadeiro prêmio, uma vez que importaria uma constituição de direito que possuía na atividade, antes da condenação.
Mesmo assim, o art. 65 impõe a redução do valor dos proventos a serem auferidos em caso de condenação à pena de Reforma, a fim de que não seja o sentenciado beneficiado com uma remuneração integral.
Contudo, há que se registrar que os militares são servidores públicos, garantindo-se-lhes a Constituição Federal a irredutibilidade de vencimentos. Decerto o militar pode ser condenado à pena de Reforma. A remuneração cabível, porém, deverá ser calculada proporcionalmente ao seu tempo de efetivo serviço, podendo-lhe ser vedado o recebimento de quantia superior àquela que vinha percebendo na ativa.
Cumpre registrar que não se trata de pena pecuniária, e sim de verdadeira segregação do infrator do convívio de seus pares. (Op. cit. p. 134).
Com relação às penas acessórias, cabe registrar que as previstas no inciso I, II, III do art. 98 não foram recepcionadas pela Constituição da República, segundo os preceitos do artigo 142 § 3º, inciso VI, tendo em vista que este dispositivo constitucional determina:
Art. 142 [...]
§ 3º.[...]
Inciso VI da CF – o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;
Nesse diapasão conclui-se que a pena de exclusão das forças armadas só pode ser aplicada às praças.
Pontue-se ainda que a suspensão dos direitos políticos deve respeitar o art. 15 da Constituição da República.
A perda da função pública está inserida no art. 103, devendo ser observado ainda o artigo subsequente. A suspensão do pátrio poder, da tutela e da curatela no artigo 105 do CPM.
3.2 DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
· Pressupostos da suspensão
Art. 84 – A execução da pena privativa da liberdade, não superior a 2 (dois) anos, pode ser suspensa, por 2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que: (Redação da Lei nº 6.544, de 30 de junho de 1978).
I – o sentenciado não haja sofrido no País ou no estrangeiro, condenação irrecorrível por outro crime a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no 1º do art. 71; (Redação da Lei nº 6.544, de 30 de junho de 1978).
II – os seus antecedentes e personalidade, os motivos e as circunstâncias do crime, bem como sua conduta posterior, autorizem a presunção de que não tornará a delinquir. (Redação da Lei nº 6.544, de 30 de junho de 1978).
· Restrições
Parágrafo único. A suspensão não se estende às penas de reforma, suspensão do exercício do posto, graduação ou função ou à pena acessória, nem exclui a aplicação de medida de segurança não detentiva.
· Condições
Art. 85. A sentença deve especificar as condições a que fica subordinada a suspensão.
· Revogação obrigatória da suspensão
Art. 86. A suspensão é revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
I – é condenado, por sentença irrecorrível, na Justiça Militar ou na comum, em razão de crime, ou de contravenção reveladora de má índole ou a que tenha sido imposta pena privativa de liberdade;
II – não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano;
III – sendo militar, é punido por infraçãodisciplinar considerada grave.
· Revogação facultativa
1º A suspensão pode ser também revogada, se o condenado deixa de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença.
· Prorrogação de prazo
2º Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
3º Se o beneficiário está respondendo a processo que, no caso de condenação, pode acarretar a revogação, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
· Extinção da pena
Art. 87. Se o prazo expira sem que tenha sido revogada a suspensão, fica extinta a pena privativa de liberdade.
Não aplicação da suspensão condicional da pena
Art. 88. A suspensão condicional da pena não se aplica:
I – ao condenado por crime cometido em tempo de guerra; II – em tempo de paz:
a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência contra superior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a superior, de insubordinação, ou de deserção;
b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns. I a IV.
Segundo Damásio E. de Jesus:
Sursis quer dizer suspensão, derivando de surseoir, que significa suspender. Permite que o condenado não se sujeite à execução de pena privativa de liberdade de pequena duração.
Suponha-se que o agente seja condenado a três meses de detenção pela prática de um crime de lesão corporal leve (CP, art. 129, caput).
O juiz, na sentença condenatória, desde que não seja caso de aplicação de pena restritiva de direitos, reunidos os requisitos do instituto, concede ao réu o sursis, dando os motivos da decisão (Lei de Execução Penal, art. 157).
Na sentença menciona as condições a que fi cará obrigado durante certo prazo (Lei de execução Penal, art. 158). Notificado pessoalmente, o réu comparece à audiência de advertência (ou admonitória).
Na audiência o juiz lê ao réu a sentença respectiva, advertindo-o das consequências de nova infração penal e da transgressão das obrigações impostas (Lei de Execução Penal, art. 160).
Da data da audiência admonitória começa o período de prova, que varia de dois a quatro anos (CP, art. 77, caput). Isso significa que o juiz, em vez de determinar a execução da sanção imposta na sentença, concede a “suspensão condicional da execução da pena” (sursis).
O réu não inicia o cumprimento da pena, ficando em liberdade condicional, por um período, chamado período de prova, que varia de dois a quatro anos.
Se o juiz marca o prazo de dois anos, quer dizer que o condenado ficará durante esse período em observação.
Se não praticar nova infração penal e cumprir as condições impostas pelo juiz, este, ao final do período de prova, determinará a extinção da pena que se encontrava com sua execução suspensa.
Se durante o período de prova houver revogação do sursis o condenado cumprirá a pena que se achava com a execução suspensa.
O instituto, na reforma penal de 1984, não constitui mais incidente da execução nem direito público subjetivo de liberdade do condenado. É medida penal de natureza restritiva da liberdade de cunho repressivo e preventivo. Não é um benefício.
O juiz não tem a faculdade de aplicar ou não o sursis: se presentes os seus pressupostos a aplicação é obrigatória.
Existem dois sistemas em relação ao sursis:
· sistema anglo-americano (probation system);
· sistema belga-francês (europeu continental).
No Brasil, adotamos o 2º sistema, ou seja, o sistema belga-francês, tanto no CP quanto no CPM. Divergência interessante sobre os dois diplomas, provavelmente levando-se em conta que a Justiça Militar é a guardiã da hierarquia e disciplina, é o que prevê o art. 88 do CPM:
Art. 88: A suspensão condicional da pena não se aplica:
I – ao condenado por crime cometido em tempo de guerra; II – em tempo de paz:
a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência contra superior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a superior, de insubordinação ou de deserção;
b) pelos crimes previstos nos art. 160, 161, 162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns I a IV.
Mais interessante ainda é o cotejo da Lei Adjetiva Castrense com o artigo 617 do CPPM. Claramente nota-se que o delito de insubmissão que não está previsto no art. 88 do CPM tem na Lei Adjetiva a sua menção. Resta a questão: Pode o insubmisso ser beneficiado com o “sursis” ou não?
3.3 Do livramento condicional
· Requisitos
Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou de detenção por tempo igual ou superior a dois anos pode ser liberado condicionalmente, desde que:
I – tenha cumprido:
a) metade da pena, se primário;
b) dois terços, se reincidente;
II – tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pelo crime;
III – sua boa conduta durante a execução da pena, sua adaptação ao trabalho e às circunstâncias atinentes a sua personalidade, ao meio social e à sua vida pregressa permitem supor que não voltará a delinqüir.
· Penas em concurso de infrações
§ 1º No caso de condenação por infrações penais em concurso, deve ter-se em conta a pena unificada.
· Condenação de menor de 21 ou maior de 70 anos
§ 2º Se o condenado é primário e menor de vinte e um ou maior de setenta anos, o tempo de cumprimento da pena pode ser reduzido a um terço.
Mais uma vez, se faz necessário mencionar da obra de Ione de Souza Cruz e Claudio Amin Miguel:
Segundo a lição de Haroldo Caetano da Silva, livramento condicional é a denominação dada ao benefício ou à concessão feita ao condenado, para que fique livre da prisão a que estava sujeito, ainda antes do término da pena. De fato, com o livramento condicional o condenado deixa de cumprir a pena privativa de liberdade antes de seu termo final, constituindo, assim, uma espécie de liberdade provisória concedida condicionalmente ao sentenciado.
O livramento condicional na Legislação Penal Comum tem natureza jurídica de estágio final da execução da pena, enquanto na Legislação Castrense ainda permanece com a natureza de incidente de execução. A matéria foi tratada no CPM, em seu artigo 89 e seguintes, bem como no CPPM, em seu artigo 618 e seguintes.
Observação curiosa deve ser aventada considerando a aplicação do “sursis” e do livramento condicional na Legislação Castrense. Poderia o condenado a uma pena aquém de dois anos, pela prática de um crime cujo “sursis” é vedado, ser beneficiado com o livramento condicional, considerando todos os requisitos e finalidades que norteiam a aplicação de uma sanção privativa de liberdade?
4 DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILITAR
4.1 Violência contra superior
Art. 157. Praticar violência contra superior:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
Formas qualificadas
§1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general: Pena - reclusão, de 3 (três) a 9 (nove) anos.
§2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de 1/3 (um terço).
§3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa.
§4º Se da violência resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço.
A violência contra superior é crime propriamente militar por se tratar de infração penal específica e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc. I, 2ª parte, do art. 9º).
De acordo com Neto (1995, p. 125/126),
Violência em Direito Penal Militar quer dizer a violência física (vis corporalis), consistente em tapas, empurrões, rasgar roupas, puxão de orelha, pontapés e socos que podem ou não provocar lesões. Há necessidade de contatos físicos diretos ou através de instrumentos, também físicos. Em regra é a agressão sem a presença de lesão corporal. Poderíamos dizer que corresponde a contravenção penal de ‘vias de fato’ (art. 21).
O conceito de superior vem descrito no artigo 24do Código Penal Militar, que dispõe:
CPM, Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar.
O conceito de superior não decorre apenas da escala hierárquica, como ocorre com o militar com o posto de capitão em relação ao primeiro-tenente. Aqui, embora ambos tenham o mesmo posto, considera superior aquele que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou graduação.
Assim, aproveitando o mesmo exemplo anterior, se um primeiro-tenente assume o comando de uma companhia, seu colega, também primeiro-tenente, evidentemente mais moderno, servindo na mesma companhia, praticará o delito em estudo se dolosamente desferir- lhe um tapa ou empurrão.
4.2 Violência contra militar de serviço
Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de 1/3 (um terço).
§2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do crime contra a pessoa.
§3º Se da violência, resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
O suporte legal da classificação do delito como crime militar, relaciona-se com a condição do agente. Sujeito ativo militar: inciso I, 2ª parte, do art. 9º (crime não previsto na lei penal comum). Agente civil: inciso III, caput e alínea a e d, 2ª parte, combinado com o inciso I, 2ª parte, do art. 9º (crime não previsto na lei penal comum, contra militar em serviço de natureza militar e contra a ordem administrativa militar).
Oficial de dia, de serviço ou de quarto é o oficial, suboficial, aspirante a oficial, que se encontra no efetivo exercício dessas funções, conforme escala ou designação da autoridade militar competente.
Sentinela é o militar encarregado de guardar determinado local sob administração militar ou fora dele, por determinação legal de autoridade militar competente, com ou sem armamento, em posto fixo ou móvel, usando acessórios indicativos da condição de militar em serviço.
O vigia observa pessoas, coisas ou ocorrência. O militar de plantão permanece na unidade à disposição do superior, usando farda e petrechos próprios, pronto para qualquer serviço externo ou interno.
4.3 Ausência de dolo no resultado
Art. 159. Quando da violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pessoa é diminuída de ½ (metade).
Trata-se de crime preterdoloso, ou seja, modalidade de crime qualificado pelo resultado. O preterdolo apresenta dolo no antecedente e culpa no conseqüente. Ex.: o agente desfere um soco no oficial de serviço ou na sentinela por querer feri-los, sendo que a vítima vem a cair morrendo ao bater a cabeça ao solo.
4.4 Desrespeito a superior
Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Desrespeito a comandante, oficial-general ou oficial de serviço
Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que pertence o agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da ½ (metade). O desrespeito a superior é crime propriamente militar por se tratar de infração penal específica e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc.
I, 2ª parte, do art. 9º).
Desrespeitar significa faltar com consideração, com respeito, com acatamento, pode manifestar-se através de gestos, atitudes e palavras. Um gesto de desaprovação, de crítica, obsceno, pode considerar-se uma atitude desrespeitosa. Uma palavra de crítica, de menosprezo, pode constituir-se, conforme as circunstâncias, ofensa a autoridade do superior.
4.5 Recusa de obediência
Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:
Pena - detenção, de 1(um) a 2 (dois) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
A recusa de obediência é crime propriamente militar por se tratar de infração penal específica e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc. I, 2ª parte, do art. 9º).
De acordo com Crysólito de Gusmão (1915 apud LOBÃO, 1999, p.189), insubordinação consiste no “ato pelo qual o militar quebra os laços de sujeição e obediência hierárquica e disciplinar, quer não obedecendo às ordens emanadas, por qualquer meio, de seus superiores, quer ofendendo física ou moralmente, por vias de fato ou ultrajes”.
A recusa consiste em manifestação de vontade que se exterioriza sob as formas mais variadas, por meio de palavra, gesto, imobilidade, agir de forma contrária à ordem recebida, mesmo simulando sua execução ou, também, executando-a, deliberadamente, de maneira ineficaz.
A ordem é aquela relativa a serviço ou dever imposto em lei, regulamento ou instrução. Pode ser escrita ou verbal, dada diretamente pelo superior ou por interposta pessoa, sendo, no entanto, indispensável seu conhecimento pelo subordinado.
Serviços são os atribuídos ao militar, no exercício de função de seu cargo, compreendendo não só os de natureza militar, como também os que, embora sem essa característica, são indispensáveis ao funcionamento da instituição militar, como o preparo de refeições, limpeza das dependências do aquartelamento ou do local onde se encontra estacionada a unidade militar, manutenção de aparelhos, dos meios de transporte, do fardamento, calçado, além de outros.
Abrange os que se encontram previstos em lei, regulamento, instrução e determinação do superior hierárquico.
4.6 Violência contra inferior
Art. 175. Praticar violência contra inferior:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Resultado mais grave
Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou morte é também aplicada a pena do crime contra a pessoa, atendendo-se, quando for o caso, ao disposto no art. 159.
A violência contra inferior é crime propriamente militar por se tratar de infração penal específica e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc. I, 2ª parte, do art. 9º).
Inferior hierárquico é o militar que se encontra sob a autoridade de outro militar, em razão de posto, graduação ou função militar.
5 DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO MILITAR E O DEVER MILITAR
5.1 Deserção
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de 8 (oito) dias:
Pena - Detenção, de 6 (seis) meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.
Deserção vem de desertio, que por sua vez deriva de deserere, que significa abandonar, desamparar. Deserere exercitum ou simplesmente deserere, significa desertar. Conseqüentemente, o agente do crime denomina-se desertor.
Na doutrina atual, distingue-se do emansor, que é o ausente, ou seja aquele que excede o tempo de ausência sem consumar o prazo correspondente ao delito de deserção.
O Direito Romano distinguia o desertor do emansor: o emansor ou ausente é aquele que regressa ao campo depois de ter vagado muito tempo; desertor, é o que depois de ter vagado muito tempo, vem reconduzido. Distinguiam-se, portanto, em que, para um o regresso era voluntário, para outro forçado.
De acordo com Lobão (1999, p. 229),
Segundo o Código Penal Militar brasileiro, a deserção consiste no fato de o militar ausentar- se, sem autorização, da unidade em que serve ou do local onde deveria permanecer, por tempo superior a oito dias, ou, estando legalmente ausente, deixa de apresentar-se, nesse mesmo prazo, depois de cessado o motivo do afastamento e, ainda, não se faz presente no momento da partida ou do deslocamento da unidade em que serve.
É crime de mera conduta e permanente, ensejando, por este último motivo, a prisão do desertor em flagrante.É permanente porque a consumação se prolonga no tempo e somente cessa quando o desertor se apresenta ou é capturado.
E é de mera conduta (ou de simples atividade) porque se configura com a ausência pura e simples do militar, além do prazo estabelecido em lei, sem necessidade que da sua ausência decorra qualquer resultado naturalístico. A lei contenta-se com a simples ação (deserção) ou omissão (insubmissão) do agente.
A deserção é crime propriamente militar por se tratar de infração penal específica e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc. I, 2ª parte, do art. 9º).
Como vem expresso na lei penal militar, o crime de deserção somente se tipifica se o militar se ausenta da unidade em que serve ou do lugar em que deve permanecer, por período superior a oito dias, período esse denominado prazo de graça. Prazo de Graça, portanto, é o período de oito dias da ausência do militar. Antes desse prazo não haverá desertor e sim, o ausente, a quem são aplicadas as sanções disciplinares. (ASSIS, 2005, p. 343).
Para o Código Penal Militar brasileiro, a contagem do prazo de graça inicia-se a zero hora do dia seguinte ao da verificação da ausência, independente da hora em que o militar ausentou-se.
O oitavo dia é contado por inteiro, isto é, o prazo só se esgota às 24 horas do oitavo dia de ausência. Por exemplo, se a ausência ocorre no dia 04, às 08 horas (ou 10, 17, ou outra hora qualquer), o prazo de graça inicia-se a zero hora do dia 05 e tem seu termo final às 24 horas do dia 12, consumando-se a deserção no momento imediatamente após zero hora do dia 13.
5.2 Abandono de posto
Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
O abandono de posto é crime propriamente militar por se tratar de infração penal específica e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc. I, 2ª parte, do art. 9º).
De acordo com Lobão (1975 apud ASSIS, 2005, p.357), “trata-se de crime de perigo, contentando-se a norma penal com a probabilidade de dano ao estabelecimento ou aos serviços militares, decorrentes da ausência, do militar, do posto ou lugar de serviço que lhe foram designados”.
O abandono de posto é delito instantâneo, consumando-se no exato momento em que o militar se afasta do local onde deveria permanecer.
Posto é o local determinado onde o militar deve cumprir missão específica, quase sempre de vigilância.
Lugar de serviço, é um local mais ou menos amplo que o posto, onde o militar deve permanecer no exercício de qualquer função militar. Enquanto o posto, fixo ou móvel, tem limites mais restritos, o lugar de serviço pode ser todo o estabelecimento militar, um acampamento e até mesmo uma cidade ou uma região.
Consuma-se o abandono de posto, também, quando o militar, após iniciar o serviço, abandona-o antes de seu término (abandono de serviço).
5.3 Embriaguez em serviço
Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
Constitui crime próprio, doloso, comissivo, admitindo a tentativa, por ser possível, em tese, o fracionamento espacial e temporal da conduta.
O núcleo do tipo é embriagar-se, quer dizer embebedar-se, extasiar-se. Ou seja, o agente, dolosamente, ingere bebida alcoólica durante o serviço ou, ainda, apresenta-se em estado de embriaguez.
José da Silva Loureiro Neto faz um excelente estudo do delito em comento, sendo sua obra facilmente encontrada nas livrarias e bibliotecas e leitura obrigatória para quem pretende aprofundar-se no assunto.
Jorge César de Assis ensina que:
A punição da embriaguez em serviço é necessária porque tem como conseqüência imediata, no mínimo, a falta de atenção e prejuízo ao desempenho do serviço que o agente está realizando, já que não é crível aceitar-se que a ingestão de álcool melhore o desempenho funcional da cada um.
Essa falta de atenção pode evoluir até mesmo para a incapacidade total para a continuação e realização do serviço, quando o agente perde a coordenação motora, predomina a confusão psíquica, apresentam-se perturbações sensoriais como a visão dupla, zumbido de ouvido, ilusões (percepções erradas), palavra difícil e pastosa, inconveniência de atitudes, chegando mesmo ao coma alcoólico nos casos mais graves.
O tipo penal era previsto no artigo 178 do CPM/1944. Seguem os precedentes:
ACÓRDÃO
Num: 1982.01.043589-1 UF: DF Decisão: 14/06/1983
Proc: Apelfo – APELAÇÃO (FO) Cód. 40 Publicação
Data da Publicação: 18/08/1983 Vol: 00883-01 Veículo: DJ EMENTA
CRIME MILITAR – EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO – ARTIGO 202 DO CÓDIGO PENAL MILITAR – OCORRÊNCIA NA ESPÉCIE, DA DIRIMENTE DO ART. 49 DO MESMO DIPLOMA, RECONHECIDA PELA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA DE PRIMEIRO GRAU – RÉU MENOR DE 21 ANOS A DATA DO EVENTO – DESPROVIMENTO DO APELO DO MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR, OBJETIVANDO A
REFORMA DA SENTENÇA COM A CONDENAÇÃO DO APELADO – DECISÃO UNÂNIME.
Ministro Relator GUALTER GODINHO
Ministro Revisor JÚLIO DE SÁ BIERRENBACH
ACÓRDÃO
Num: 2000.01.048611-9 UF: BA Decisão: 25/06/2001
Proc: Apelfo – APELAÇÃO (FO) Cód. 40 Publicação
Data da Publicação: 27/08/2001 Vol: 05801-08 Veículo: DJ
EMENTA: Embriaguez em serviço. Autoria e materialidade encontram-se amplamente comprovadas, não só pela confissão, mas, também, pela prova testemunhal e o Exame Pericial, restando inconteste a culpabilidade, pois de acordo com os autos, o apelante estava escalado para serviço armado em Unidade Militar, no mesmo dia em que também prestaria esclarecimentos em outra Investigação
Policial Militar. Na noite anterior, ingeriu bebida alcoólica, apresentando-se na OM com indícios de grande intoxicação, sendo tal fato percebido por todos aqueles que estavam em sua volta, demonstrando, aquela praça, dificuldades para se expressar corretamente perante seus companheiros.
Negado provimento ao apelo da defesa, mantendo a sentença de primeiro grau. Decisão unânime
Ministro Relator
ANTONIO CARLOS DE NOGUEIRA
Ministro Revisor
CARLOS EDUARDO CEZAR DE ANDRADE
ACÓRDÃO
Num: 2005.01.049951-2 UF: MS Decisão: 02/02/2006
Proc: Apelfo – APELAÇÃO (FO) Cód. 40 Publicação
Data da Publicação: 20/04/2006 Vol: Veículo: DJ EMENTA: EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO. PROVAS. SUPLEMENTAÇÃO. LAUDO DE DOSAGEM ETÍLICA.
Militares que durante a execução de serviço de escala ingerem grande quantidade de bebida alcoólica.
Condutas que denotam claramente estado de embriaguez.
Mesmo inexistindo laudo que comprove a dosagem etílica, a prova testemunhal, conjugada com as condutas dos agentes, demonstrando que não estavam os mesmos no pleno controle de suas ações, constitui meio de prova suficiente para concluir que estavam efetivamente embriagados.
Recurso Ministerial provido. Decisão majoritária.
Ministro Relator
CARLOS ALBERTO MARQUES SOARES
Ministro Revisor
HENRIQUE MARINI E SOUZA
Ministro Relator para Acórdão HENRIQUE MARINI E SOUZA
5.4 Dormir em serviço
Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Trata-se de crime próprio, de mera atividade, não admitindo tentativa. Sobre o delito do sono, temos a lição de João Vieira de Araújo:
Em um ponto ainda podemos notar a anomalia da lei militar em relação á comum .
Assim seria certo escusado aquele que deixasse de cumprir um dever, porque lhe impedisse certos estados patológicos, ou antes, fisiológicos mesmos, como por exemplo, o sono.
Mas conforme o art. 212 do código militar francês, é punido com a pena de 5 anos de prisão com trabalho o soldado que for encontrado dormindo, estando de sentinela, diante do inimigo ou de rebeldes armados.
Outra é o excesso de atenção, que ora resulta de excitações externas e porisso o silencio, a obscuridade, a imobilidade e uma posição cômoda, coincidindo com a noite, produzem facilmente o sono.
Ora, si esses estados se podem produzir com muita facilidade em uma campanha, juridicamente é o cumulo do absurdo e da irracionalidade servirem de base á criminalidade, quando ao contrario poderiam suprimil-a no caso em que impedissem o cumprimento do dever.
Não há pois anomalia mais estupenda. O código penal da Armada (art. 133) pune no Maximo com a pena de 2 anos com prisão com trabalho.
Macedo Soares criticou esse entendimento, com a seguinte argumentação:
Improcede a critica porque a lei militar não pune o sono, mas o ato de deixar-se a sentinela surpreender pelo sono, ou ser encontrado dormindo, quando devia estar alerta. Há, portanto, uma inobservância do dever militar, que, podendo ocasionar as mais funestas consequências, é punida em razão das consequências do fato.
Chrysólito de Gusmão, por sua vez, criticou duramente a doutrina de Macedo Soares, entendendo tratar-se de uma disposição desumana. Eis sua lição:
Uma disposição incongruente e desumana tem o nosso Cód Pen. Militar, quando determina, em seu artigo 133 que:
“todo o individuo ao serviço militar que, estando de quarto, vigia, sentinela, plantão, ao prumo, ás amarras, , ao governo de ronda fora do navio (ou praça de guerra, ou posto) ou em qualquer serviço especial deixar-se surpreendeu pelo sono ou for encontrado dormindo”.
Ora, o sono é um fenômeno de reação orgânica inevitável e fatal contra o qual se não pode reagir senão até certos limites; seja o fenômeno do sono a consequência de uma intoxicação produzida pela vigília no organismo, ou seja pela fadiga dos neurônios ou células cerebrais que necessitam imprescindivelmente de refazer as energias perdidas, como querem outros, qualquer, enfim, que seja a Teoria que se adote das múltiplas que sobre tal matéria se debatem, o certo é que o sono é uma reação orgânica defensiva contra um estado anormal do organismo, produzido pela vigília.
Ora, quer na paz quer, principalmente na guerra, o sono no militar, além de ser tão inevitável e fatal como em todo mundo, pode ser ainda favorecido por circunstâncias especiais que o tornam mais dificil de evitar. Dizia o Conde de Ambrugeac, em 1829, que: “de todas as faltas militares, não ha nenhuma mais involuntária e, por conseguinte, mais escusável.
Marchas penosas, longas privações, o excesso de vigílias, um calor acabrunhante, um frio rigoroso podem muita vez forçar o sono do melhor soldado”.
[...]
É, pois, uma disposição bárbara a do art. 133 do Cód. Mil 92.
Sem adentrar na discussão, parece que a punição não está atrelada à potencial lesividade da conduta, mas às eventuais conseqüências desta, na medida em que um militar que dorme, qualquer que seja o seu serviço, pode colocar em risco a segurança de seu batalhão e a vida de muitos de seus camaradas de armas.
Daí a elevação do sono ao quilate de crime, na medida em que um militar que dorme durante seu serviço, pode gerar grave prejuízo à sua Força. Principalmente hoje, que se tornam cada vez mais comuns investidas de narcotraficantes aos quartéis das Forças Armadas, na tentativa de furtar ou roubar armamentos e munições.
Sobre o tipo penal em comento, trazemos os seguintes precedentes:
ACÓRDÃO
Num: 2006.01.050168-1 UF: RJ Decisão: 15/08/2006
Proc: Apelfo – APELAÇÃO (FO) Cód. 40 Publicação
Data da Publicação: 04/10/2006 Vol: Veículo:
EMENTA
APELAÇÃO – DORMIR EM SERVIÇO – CONDENAÇÃO.
Recurso, objetivando a absolvição, sustentando a tese de ausência de dolo para a tipificação do delito. Comprovado que o Apelante dormiu durante seu quarto de hora, não cumprindo com as obrigações inerentes. Prejudicado o serviço a que estava obrigado, colocando em risco a segurança da tripulação e do Navio.
Segundo a doutrina: “... o militar nos serviços enumerados, de grande relevância para a segurança de bens e de pessoas, tem o dever legal de não se deixar surpreender pelo sono”.
Negado provimento ao recurso. Decisão unânime.
Ministro Relator MARCUS HERNDL
Ministro Revisor
CARLOS ALBERTO MARQUES SOARES
6 DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
6.1 Desaparecimentos, consunção ou extravio:
Art. 265. Fazer desaparecer, consumir ou extraviar combustível, armamento, munição, peças de equipamento de navio ou de aeronave ou de engenho de guerra motomecanizado:
Pena – reclusão, até 3 (três) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
O desaparecimento, consunção ou extravio é crime impropriamente militar. Os dispositivos legais classificatórios do delito militar relacionam-se com o sujeito ativo. Agente militar: inciso I, 2ª parte, do art. 9º (crime não previsto na lei penal comum). Agente civil: inciso III, a, 1ª parte, c.c. o inciso I, 2ª parte, do art. 9º (crime não previsto na lei penal comum contra o patrimônio sob administração militar).
Fazer desaparecer é perder, fazer com que não seja mais encontrado, por exemplo, lançar o armamento ao mar, abrir a válvula do depósito de gás ou de combustível, deixando escapar seu conteúdo, no todo ou parcialmente.
Consumir é extinguir até nada mais restar do bem, embora essa extinção limite-se a uma porção do todo, por exemplo, abastecer, com combustível da unidade, o veículo particular ou o oficial para uso particular.
Extraviar importa em desviar, subtrair, independente da quantidade do bem extraviado. Segundo Macedo Soares:
“Extravio não constitui dano, nem destruição, embora cause prejuízo à Nação. Extraviar armas, munições, etc., é desencaminhá-las, perdê-las, dar-lhes destino diverso daquele para onde deviam ir, sem que tenham sido afetadas, isto é, danificadas ou destruídas”.
6.2 Modalidades culposas
Art. 266. Se o crime dos arts. 262, 263, 264 e 265 é culposo, a pena é de detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos; ou, se o agente é oficial, suspensão do exercício do posto de 1 (um) a 3 (três) anos, ou reforma; se resulta lesão corporal ou morte, aplica-se também a pena cominada ao crime culposo contra a pessoa, podendo ainda, se o agente é oficial, ser imposta pena de reforma.
7 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR
7.1 Desacato a superior
Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou procurando deprimir-lhe a autoridade:
Pena - reclusão, até 4 (quatro) anos, se o fato não constitui crime mais grave. Agravação de pena
Parágrafo único. A pena é agravada, se o superior é oficial general ou comandante da unidade a que pertence o agente.
O desacato a superior é crime propriamente militar por se tratar de infração penal específica e funcional do ocupante de cargo militar. É crime não previsto na lei penal comum (inc. I, 2ª parte, do art. 9º).
De acordo com Lobão (1975 apud ASSIS, 2005, p.560),
“No Direito Penal Brasileiro (Direito Penal Comum e Direito Penal Militar), o desacato consiste na falta de acatamento, no menosprezo, no ultraje, no insulto, na ofensa moral, praticados contra funcionário público, civil ou militar, no exercício de função ou em razão de função”.
O desacato exterioriza-se por palavras, gestos, ameaças, vias de fato, agressão, escritos, impressos, enfim, qualquer meio idôneo capaz de ultrajar o superior. Pode efetivar-se por meio de fotografia, fita cinematográfica ou de vídeo, desenho, etc, desde que exibidos ao superior, pelo ofendido.
O desacato a superior pode, ainda, assumir a forma de violência, se revestida de caráter ultrajante.
O dolo consiste na vontade livre e consciente de proferir palavra ou praticar ato injurioso e, o especial fim de agir está na finalidade de desprestigiar a autoridade do superior hierárquico.
Teixeira (1946 apud ASSIS, 2005, p. 300/301), esclarece que, Não havendo agressão física, mas tendo o ato ou a atitude por fim ofender a dignidade ou deprimir a autoridade do superior, o crime é de desacato.
Se a finalidade é de não obedecer à ordem em matéria de serviço, o crime é de insubordinação.
Se, sem agressão ou sem intuito deprimente à autoridade ou da dignidade, ou sem a desobediência à ordem, o militar falta o respeitodevido ao superior, em presença da tropa ou de subordinado do ofendido, verifica-se o crime de desrespeito.
7.2 Desacato a militar
Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão dela: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, se o fato não constitui outro crime.
O desacato a militar é crime impropriamente militar. Os dispositivos legais classificatórios do delito militar relacionam-se com o sujeito ativo. Agente militar: inciso II, 2ª parte, do art. 9º (crime com igual definição na lei penal comum, contra a ordem administrativa militar). Agente civil: alínea a, 2ª parte, do inciso III, combinado com o inciso II do art. 9º (crime com igual definição na lei penal comum, contra a ordem administrativa militar).
De acordo com Neto (1995, p. 217),
O dispositivo prevê duas hipóteses: na primeira, é necessário que a ação ocorra quando o militar esteja no exercício da função (in officio), praticando ato relativo ao ofício, isto é, aquele que compreende dentro de suas atribuições funcionais ou regulamentares. Na segunda hipótese, o desacato ocorre em virtude da função, não estando o militar no exercício da atividade funcional (propter officium).
Conseqüentemente, não há de se cogitar o desacato se o militar é ofendido extra officium, como particular e as ofensas não dizem respeito com sua atividade funcional.
7.3 Desobediência
Art. 301. Desobedecer à ordem legal de autoridade militar: Pena – detenção, até 6 (seis) meses.
Desobedecer significa não atender, não aceitar a ordem legal de autoridade militar.
Teixeira (1946 apud ASSIS, 2005, p. 566), esclarece quena insubordinação, a recusa de obediência é contra a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução. E faz parte do capítulo dos crimes contra a autoridade militar. Já a desobediência é somente para casos de ordem administrativa.
Lobão (1975 apud ASSIS, 2005, p. 566), esclarece que:
“Em princípio, o agente do crime de desobediência é o particular, entretanto, pode ser também o militar, superior ou inferior hierárquico de quem deu a ordem legal. Nessas hipóteses, o militar age como particular, fora do exercício da função”.
Delmanto (1986 apud NETO, 1995, p. 219), ensina que, pune-se a conduta de quem desobedece à ordem legal de funcionário público. É necessário, pois, que:
a) trata-se de “ordem”. Não basta que seja um pedido ou solicitação, sendo mister a efetiva ordem para fazer ou deixar de fazer alguma coisa. A ordem deve ser dirigida direta e expressamente ao agente, exigindo-se que este tenha conhecimento inequívoco dela;
b) seja ordem “legal”, É indispensável a sua legalidade, substancial e formal. A ordem pode até ser injusta, mas não pode ser ilegal;
c) seja ordem de “funcionário público”. É necessário a competência funcional deste para expedir ou executar a ordem. Além disso, para a tipificação da desobediência é indispensável que o destinatário da ordem tenha o dever jurídico de obedecê-la, a obrigação de acatá-la.
8 ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA MILITAR
8.1 A Justiça Militar Estadual na Constituição Federal de 1988
O art. 125, § 3º, da CF/88, estabelece a possibilidade de a Lei estadual criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar Estadual, constituída, em primeiro grau, pelos Juízes de Direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.
Apenas os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul possuem Tribunal Militar Estadual de longa data, sendo que nos demais Estados e Distrito Federal, a instância recursal é afeta ao Tribunal de Justiça.
8.2 Da Auditoria e dos Conselhos de Justiça
A Lei 8.457/92 organiza a Justiça Militar da União, regulando o funcionamento de seus serviços auxiliares.
Os arts. 1º e 2º da Lei em questão tratam, respectivamente, dos órgãos da Justiça Militar e da divisão do território nacional para efeito da administração da Justiça Militar.
A existência das instituições militares, sejam elas pertencentes às Forças Armadas ou às Forças Auxiliares, é essencial para a manutenção do Estado e para a preservação da segurança interna, no aspecto de ordem pública, e nacional, na defesa da soberania do território, do espaço aéreo e do mar territorial.
A Justiça Militar no Brasil encontra-se prevista e disciplinada na Constituição Federal no art. 92, inciso VI, segundo o qual: “São órgãos do Poder Judiciário: (...) VI - Os Tribunais e Juízes Militares”. Os juízes militares e os Tribunais Militares são órgãos do Poder Judiciário; portanto, não se encontram inseridos no contexto de Tribunais de Exceção. Afirmar que a Justiça Castrense é uma Justiça de Exceção é desconhecer o sistema jurídico brasileiro.
O art. 5º, XXXVII, da Constituição Federal (CF) veda expressamente o julgamento do cidadão por Tribunal de Exceção, garantindo, assim, o princípio do juiz natural. Por força do art. 60, §4º, da CF, os direitos e as garantias fundamentais do cidadão não podem ser objeto de Emenda Constitucional. Com base neste dispositivo, fica mais do que evidenciado que a Justiça Castrense não é um Tribunal de Exceção, mas uma Corte com previsão constitucional.
No sistema jurídico brasileiro, a Justiça Militar divide-se em Justiça Militar Federal e Justiça Militar Estadual, sendo que a primeira julga, em regra, os militares integrantes das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), quando estes violarem os dispositivos do Código Penal Militar (CPM), e a segunda julga os integrantes das Forças Auxiliares (Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares).
A 1ª instância da Justiça Militar Federal é constituída pelos Conselhos de Justiça, formados por um auditor militar, provido por concurso de provas e títulos, e mais 4 (quatro) oficiais, cujos postos e patentes dependerão do posto ou graduação do acusado. Os Conselhos de Justiça dividem-se em Conselhos Especiais, destinados ao julgamento dos oficiais, e os Conselhos Permanentes, destinados ao julgamento das praças (soldado, cabo, sargento, subtenente e aspirante-a-oficial).
Devido à formação mista existente nos Conselhos de Justiça, ou seja, formados por um juiz civil mais os juízes militares, estes são chamados de escabinados. Os militares que integram os Conselhos atuam na Justiça Militar por um período de três meses, ao término do qual novos oficiais são chamados para compor a Corte Castrense. ]
É importante observar que esses Conselhos são presididos por um juiz militar que tenha a maior patente em relação aos demais integrantes do órgão julgador, e a sede da Justiça Especializada em 1° grau possui a denominação de Auditoria Militar.
A Justiça Militar é, pois, um órgão jurisdicional com previsão no Texto Constitucional, possuindo os juízes auditores as mesmas garantias asseguradas aos juízes integrantes da Justiça Comum e da Justiça Federal, vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos, para que possam, com fundamento na Lei e em sua livre convicção, proferir os seus julgamentos, na busca da Justiça que deve ser o objetivo do Direito.
REFERÊNCIAS
ASSIS, Jorge César de. Comentários ao código penal militar: comentários, doutrina, jurisprudência dos tribunais militares e tribunais superiores. 5. ed. Curitiba: Juruá Editora, 2005.
 	. Direito militar: aspectos penais, processuais penais e administrativos. 2. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá Editora, 2007.
BRASIL. Constituição federal, código penal, código de processo penal. Organizador Luís Flávio Gomes. 12. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010
 	. Constituição federal, estatuto dos militares, código penal militar, código de processo penal militar. Organizador Álvaro Lazzarini. 11. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. FILHO, Altamiro de Araújo Lima. Crimes militares dolosos contra a vida. São Paulo: Editora de Direito, 1996.
LOBÃO, Célio. Direito penalmilitar. 3. ed. atual. Brasília: Brasília Jurídica, 2006. NETO, José da Silva Loureiro. Direito penal militar. São Paulo: Atlas, 1995.
NEVES, Cícero Robson Coimbra; STREIFINGER, Marcello. Apontamentos de Direito Penal Militar. v.
1. (parte geral). São Paulo: Saraiva, 2005.
 	. Apontamentos de Direito Penal Militar. v. 2. (parte especial). São Paulo: Saraiva, 2007.
BRASIL. Legislação Penal Militar: Código Penal Militar, Código de Processo Penal Militar, Organização Judiciária Militar, Regimento Interno do STM, Segurança Nacional, Legislação Complementar. CHAVES JÚNIOR, Edgard de Brito (Atual.). 7. Ed. Rio de Janeiro: Forense. 1997.
BRASIL. Constituição Federal, Código Penal, Código de Processo Penal e legislação complementar. GOMES, Luís Flávio (organizador). São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.
Silva. José Walterler dos Santos. ABC CORONEL WALTERLER. Editora LucGraf. 2015
COORDENAÇÃO ANDRAGÓGICA CURSO DE HABILITAÇÃO DE OFICIAIS
DISCIPLINA > CULTURA GERAL JURÍDICA
MÓDULO > Direito Penal Militar DOCENTE: Prof. José WALTERLER
AVALIAÇÃO DIREITO PENAL MILITAR
Discente:	data	/	/2017
1ª QUESTÃO – São crimes propriamente militares, EXCETO:
A. ( ) Motim
B. ( ) Deserção
C. ( ) Abandono de posto
D. ( ) Violência contra militar de serviço
2ª QUESTÃO – Sobre o crime de deserção É INCORRETO afirmar que:
A. ( ) É um crime permanente.
B. ( ) Se o militar faltoso apresentar-se para o serviço no oitavo dia da sua ausência injustificada, cometerá o crime de deserção.
C. ( ) É um crime propriamente militar.
D. ( ) O militar que consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou simulando incapacidade.
3ª QUESTÃO - Marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. A seguir, marque a alternativa que contém a sequência CORRETA.
a) ( ) militar que, perante a Justiça Militar Estadual responde por crime militar, pode ainda responder perante a Justiça Comum,
pelos crimes de abuso de autoridade, improbidade administrativa, dentre outros.
c) ( ) Sd da PMRR que foi fazer curso na ACW, NATAL-RN, cometeu crime militar no Estado do Rio Grande do Norte, deve responder perante a Justiça Militar daquele Estado.
d) ( ) se um Cb reformado da PM praticar violência contra um Tenente da Reserva da PM, num lugar sujeito à Administração Militar, o agressor será julgado pela justiça militar.
d) ( ) a Justiça Militar Estadual é incompetente para processar e julgar o crime militar praticado por civil contra o patrimônio da Polícia Militar.
A. ( ) V, F, F, V
B. ( ) F, V, F, V
C. ( ) V, F, V, F
D. ( ) F, F, F, V
4ª QUESTÃO - Conforme a legislação em vigor é CORRETO dizer que:
A. ( ) Os crimes dolosos contra a vida, praticados por Policiais Militares, contra civis, serão de competência da Justiça Comum.
B. ( ) Em qualquer situação o crime praticado com arma da PMRR será considerado como crime militar.
C. ( ) No Brasil, em nenhuma situação, haverá pena de morte.
D. ( ) Aos militares da reserva não se aplica a Lei Penal Militar
5ª QUESTÃO – Acerca do Código Penal Militar, marque a alternativa CORRETA:
A ( ) O superior hierárquico pode cometer crime de desacato em face de militar subordinado que esteja no exercício de função de natureza militar ou em razão dela.
B ( ) Quando houver a reparação do dano antes da sentença irrecorrível, nos crimes de peculato, indistintamente, haverá a extinção da punibilidade. Se a sobredita reparação for posterior à sentença irrecorrível, haverá redução da pena imposta, em metade.
C ( ) O agente que deixa de praticar ou retarda ato de ofício com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem, comete ato tipificado como prevaricação.
D ( ) A conduta de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a presenciar, a praticar ou permitir que com ele pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal é tipificada como crime de estupro.
6ª QUESTÃO – Trata-se de um delito de natureza militar à luz do Código Penal Militar:
A. ( ) militar da ativa que divulga conteúdo de documento particular sigiloso dirigido a um outro militar da ativa.
B. ( ) militar da ativa que faz desvio de energia elétrica, subtraindo-a, clandestinamente, de um vizinho que, também, é militar, da reserva não remunerada.
C. ( ) militar da ativa, de folga e em trajes civis, mas utilizando revólver da carga da Polícia Militar, em plena via pública, vem a praticar roubo contra um militar da reserva remunerada.
D. ( ) militar reformado, no interior de um Batalhão, que agride fisicamente um civil que estava assistindo a um desfile militar
7ª QUESTÃO Enumere a 2ª coluna, ligando os casos concretos aos TIPOS PENAIS MILITARES, constantes na 1ª coluna. A seguir, marque a alternativa que contém a sequência CORRETA.
	
1
	
Recusa de obediência
	
	Durante o turno de serviço, após o Sgt PM Hulk, Cmt da viatura, fazer uma brincadeira de mau gosto, o Cb PM Chico Peba, motorista da guarnição,
agrediu fisicamente o Sargento.
	2
	Violência contra militar
de serviço
	
	Após ter sido impedido de adentrar num quartel da APICS, um Sd PM
desferiu um murro na barriga do Cb PM que era o comandante da guarda.
	
3
	Violência contra Superior
	
	No dia 01ago17, um civil compareceu até o quartel do QCG/PMRR e instigou
o militar escalado na sentinela para que este abandonasse o posto, pois, aquele não era um dia para se trabalhar.
	
4
	
Desobediência
	
	O Cb PM mau amado escalado na sala de operações da Unidade, após ter recebido ordem do Sgt PM Sargenteante, para redigir um Boletim de Ocorrência, recusou cumprir o que lhe fora determinado, alegando que
aquela atividade não lhe cabia.
	
5
	
Incitamento
	
	Durante uma blitz, o Cb Legalista aborda o Ten Vaidoso, Cmt de Pelotão destacado, e determina que o oficial apresente CNH e CRLV e este não o faz,
alegando que só apresentará a um Capitão.
A. ( ) 2, 3, 5, 1, 4
B. ( ) 3, 2, 5, 1, 4
C. ( ) 3, 4, 5, 2, 1
D. ( ) 2, 3, 5, 4, 1
8ª QUESTÃO – Soldado Delta, do pelotão da cidade de Bomfim, durante o atendimento de uma ocorrência, matou a tiros um civil envolvido na confusão. Após o IPM, conclui-se que o soldado agiu com dolo na morte do pacato cidadão, excluindo assim, a tese de legítima defesa arguida pela defesa. Diante disto, Delta será julgado:
A. ( ) no Tribunal do Júri da comarca de Bomfim.
B. ( ) no Tribunal do Júri da Comarca de Boa Vista.
C. ( ) na Auditoria da Justiça militar Estadual em Boa Vista.
D. ( ) no Juiz da 1º vara criminal da comarca de Boa Vista.
9ª QUESTÃO - O Sargento PM Rambo, de folga, com uniforme de educação física, após identificar-se, envolve-se numa briga de rua, com o objetivo de separar os contendores. Em consequência, acaba por causar lesões corporais graves em um dos envolvidos que era civil e, também, pratica tentativa de homicídio contra o outro agressor, que era um Cabo PM da ativa, que se encontrava em gozo de férias anuais. Diante disso, o Sgt PM Rambo, em tese, será responsabilizado:
A. ( ) Por ambos os delitos na Justiça Militar Estadual.
B. ( ) Por ambos os delitos na Justiça Comum.
C. ( ) Pela lesão, na Justiça Comum e pela tentativa de homicídio na Justiça Militar Estadual.
D. ( ) Pela lesão, na Justiça Militar Estadual e pela tentativa de homicídio na Justiça Comum.
10ª QUESTÃO – De acordo com o Código Penal Militar, é de competência da Justiça Militar Estadual julgar:
A. ( ) o disparo de arma de fogo efetuado por um civil contra sentinela de um quartel do CBM.
B. ( ) o homicídio praticado por militar da Polícia Militar, que estava de folga, contra militar do Corpo de Bombeiros Militar, que também estava de folga.
C. ( ) o uso indevido de uniforme da Polícia Militar por um civil.
D. ( ) o homicídio praticado por militar da reserva remunerada contra militar da ativa que se encontrava de férias, ocorrido em local não sujeito à administração militar.
11ª QUESTÃO – São considerados crimes militares, em tempo de paz, previstos no artigo 9º do Código Penal Militar vigente, os crimes previstos no Código Penal Militar (CPM) quando praticados por:
A. ( ) militar que embora não estando

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