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Tópicos sobre a teoria de Pierre Bourdieu

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➔ O problema crônico da falta de tradução de muitos artigos de grande valia no contexto das 
ciências sociais e da sociologia da educação do Bourdieu. Swartz parece reclamar da falta 
de traduções para o inglês, sua língua nativa. 
➔ Swartz (1997) destaca que a força da obra do Bourdieu é a relação entre estruturas de 
classes sociais e ensino superior. 
➔ Na visão de Bourdieu, a educação serve mais para manter a desigualdade do que para 
reduzi-la. 
➔ Na concepção de Bourdieu, a escola colabora com a transmissão da estrutura de classes 
sociais, reforça a divisão cultural e de status entre as classes. 
➔ Deste modo, continua havendo o controle das classes dominantes sob as classes 
dominadas. Através da reprodução e legitimação dos modelos e significados culturais mais 
valorizados socialmente. As classes subordinadas geralmente aceitam e respeitam tais 
significados culturais quando disseminados através da educação. Assim a educação torna-
se pretexto para que a cultura da classe alta seja difundida entre as classes média e baixa. 
➔ O texto fala sobre o ethos de classe, ou ética de classe, que é este sistema de valores que 
desde que se ingressa na escola é interiorizado pelas crianças. Um sistema que favorece as 
classes dominantes. Bourdieu diz que esse sistema é o determinante dos estudos que a 
criança empreende. Enquanto o capital cultural, o conhecimento em si, fica em segundo 
plano. 
➔ Swartz (1997) diz que é através do estilo, mais que do conteúdo, que o privilégio cultural é 
reforçado e o desprivilegio cultural é desconsiderado. Há também uma crítica de Bourdieu 
levantada por Swartz (1997) ao modelo de ensino falado, predominante nas universidades 
francesas, onde o professor impõe o conhecimento ao aluno, algo bem próximo do 
modelo empirista de aprendizagem, onde o aluno é considerado como tábula rasa. Na 
análise deste modelo, empreendida pelo autor, sente-se a falta da troca que há no modelo 
construtivista, onde aluno e professor transacionam os significados. 
➔ A grande crítica socioeducacional de Bourdieu está no fato das exigências universitárias se 
basearem na cultura das classes dominantes. As provas nacionais exigirem uma cultura 
que a classe subordinada não tem acesso. Estas mesmas estruturas mascaram seus 
interesses em dar privilégios às classes dominantes, sob o pretexto dos ideais da igualdade 
democrática e do desempenho meritocrático. Nestas condições pode se dizer que há 
igualdade ou mérito? Considerando que aquele que nasce em uma família burguesa e tem 
acesso ao nível cultural proposto pelas universidades francesas com certeza terá larga 
vantagem em relação a um mesmo sujeito que pertence à classe dominada, pode se dizer 
que não há nisso nem o princípio da igualdade e o princípio do mérito torna-se 
corrompido. 
➔ Os universitários de classe alta, o grupo com maior parcela de estudantes, se sai melhor 
no que diz respeito às questões de cultura geral. Devido aos antecedentes culturais que 
possuem, as atividades mais socialmente valorizadas de seus pais lhes dão este 
background. 
➔ Os universitários de classe baixa possuem uma desvantagem em relação à conhecimentos 
de cultura geral, porém, com esforço e estudo escolar focado obtém bom conhecimento 
em questões conceituais acadêmicas, pois estes de classe baixa pertencem a um grupo 
muito seleto de estudantes. Estes procuraram adquirir seu conhecimento através da 
escola, visto que não possuíam a vantagem do conhecimento cultural. 
➔ A classe média, acaba por ser um grupo menos selecionado e com investimento iniciados 
a pouco tempo, na atividade cultural, obtendo assim menores scores. 
➔ Bourdieu enxerga ainda uma independência do sistema educacional em relação às 
estruturas sociais externas. Swartz (1997) levanta que isso pode tornar o conteúdo 
ensinado nas escolas, distante das necessidades do mercado de trabalho, porém esta 
autonomia do sistema educacional não impede que ele reproduza a estrutura social, de 
onde surgem consequentemente as desigualdades acadêmicas, sob uma falsa fachada de 
mérito próprio, talento e esforço. 
➔ Durkheim é referenciado na obra de Bourdieu quando fala que há mais semelhança entre 
o sistema educacional e a Igreja, do que entre o sistema educacional e o Estado ou o 
mundo dos negócios. Enquanto a política e o mundo empresarial rotacionam seus líderes 
e abrem as possibilidades para o novo, Bourdieu vê na Igreja e na Universidade uma 
preferência pelos que estão envolvidos com tais instituições, entrincheirando suas fileiras 
e demonstrando sua estabilidade e continuidade históricas. O que acaba também por 
favorecer alguns e desfavorecer outros. 
➔ Também há uma diferenciação interessante traçada por Bourdieu, nas diferenças das 
intenções da classe média, em relação à classe alta. Enquanto a classe média francesa, 
procura um ensino mais aproximado do mercado de trabalho, visto que é o que pode 
auxiliá-los a subir de classe na estrutura social. Tirando assim, do currículo o viés mais 
humanístico, que está ligado aos aspectos culturais menos práticos. Uma parcela 
minoritária da classe alta, por sua vez, procura defender o capital intelectual da 
desvalorização. Para esta classe, tornar o conhecimento menos humanístico e mais 
voltado para as habilidades exigidas no mercado de trabalho é desvalorizar o capital 
intelectual ensinado até os dias de hoje nas universidades francesas. Assim, a classe alta é 
resistente quanto às reformas que possam ocorrer na educação neste sentido. Para eles, a 
universidade deve ser totalmente autônoma. 
➔ Uma grande parcela da classe alta, porém, traça uma outra estratégia que está mais 
atrelada aos ideais democráticos de liberdade. Esta parcela representa os abastados que 
continuam lutando por uma posição, que não tem hegemonia econômica. Há os capitães 
da indústria e do comércio, considerados abastados em capital econômico, porém nem 
tanto em capital cultural, a estratégia destes é investir em suas credenciais escolares. 
Quanto aos médicos e advogados, considerados abastados nos dois quesitos – intelectual 
e econômico – procuram intensificar a aquisição de capital intelectual para prosseguir 
competindo no seu nicho de mercado e protegendo suas posições. Swartz (1997) trabalha 
a ideia de que este grupo apoiaria uma possível reforma em prol de vínculos mais 
pragmáticos entre o ensino universitário e o mundo dos negócios. Apesar de que estes 
ainda possivelmente preservariam para si os ensinos humanísticos do Ensino Superior. 
➔ Bourdieu também fala sobre a crise do ensino superior na França, que consiste em um 
maior número de estudantes menos selecionados. O que causou confusão e decepção nos 
professores, já acostumados com um grupo de maior background intelectual. 
➔ Swartz (1997) levanta que as categorizações de Bourdieu por vezes deixam dados 
empíricos em segundo plano, visto que estes em muitos casos não são apresentados em 
sua obra. Porém, isso não tira o seu mérito enquanto teórico, cuja obra inspirou muitas 
pesquisas na área da educação e em campos afins. 
➔ Bourdieu afirma que a cultura medeia as relações entre as classes sociais e que o ensino 
é, sem dúvida, a esfera onde esta mediação mais provavelmente ocorre. 
➔ Swartz (1997) analisa que, contudo, a obra de Bourdieu ignora a relação do Estado com a 
Educação. Uma relação muito importante para entender o porquê as escolas ensinam o 
que se ensinam, visto que as políticas e o planejamento educacionais são colocados em 
prática muito mais pelos administradores do Estado do que pelos professores, embora 
não deva ser ignorado o papel mediador destes através das associações trabalhistas. 
➔ Swartz (1997) também acredita que os interesses empresariais não são totalmente 
ignorados na educação elitista, como Bourdieu dá a entender, visto que houve uma 
mudança recente nos currículos onde fora acrescentado estudos voltados para a ciência e 
os negócios.➔ Apesar de algumas omissões teóricas e de confusões ocasionais, a teoria de Bourdieu 
sobre o sistema educacional contém insights importantes que requerem mais discussões e 
pesquisas.

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