Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1ºAula Comunicação e linguagem Prezados (as) alunos (as), Em nossa primeira Aula, iremos retomar uma reflexão acerca da comunicação e da linguagem, temas de grande relevância, com os quais certamente já teve contanto durante sua trajetória escolar, buscando reconhecer a importância de cada uma delas em nosso cotidiano, seja pessoal ou profissional. Para que sua aprendizagem seja satisfatória/excelente, sugerimos que leia sempre a página inicial de cada Aula, bem como seus objetivos para programar e organizar seus estudos. Lembre-se ainda de que a Linguagem é uma área na qual você precisará fazer da pesquisa uma companheira constante em sua caminhada. Ah, você é o protagonista de sua aprendizagem! Portanto, contamos com a sua participação ativa! Bons estudos! objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • refletir, analiticamente, sobre a linguagem como um fenômeno psicológico, educacional, social, histórico, cultural, político e, sobretudo, ideológico; • desenvolver e manter uma visão teórico-aplicada sobre algumas das principais teorias adotadas nas investigações e nos usos da linguística em textos conversacionais; • perceber a língua como o maior instrumento da prática social (níveis de linguagem) e como a forma mais elaborada das manifestações culturais e/ou abordagem intercultural. 8Português Instrumental 1 - Breve Reflexão sobre Comunicação. 2 - Processo de Comunicação: um Panorama Teórico. 3 - Linguagem, Sociedade e Interação Humana. Seções de estudo 2 - Processo de comunicação: um panorama teórico 1 – Breve reflexão sobre comunicação Saber Mais Nesta aula, trataremos sobre linguagem, língua e fala. Para saber mais sobre esses e outros elementos da comunicação, sugerimos que acesse bases confiáveis, tais como Scielo, Google Acadêmico, dentre outras e utilize termos como “teoria da comunicação”, “elementos da comunicação”, “linguagem, língua e fala” como palavras-chave para realização de suas pesquisas! Sua aprendizagem não tem fronteiras! Pesquise! Durante os estudos desta Aula, sugerimos que deixe em local de fácil acesso um caderno ou utilize editores de textos (como o Word ou o Bloco de notas, por exemplo) para anotar observações, reflexões e conceitos-chave sobre os conteúdos aqui disponibilizados. Dentre suas anotações, é importante que faça mapas mentais ou esquemas que o ajudem a retomar os conteúdos em outros momentos. Com isso, conseguirá entender melhor o contexto geral sobre comunicação e linguagem. Bons estudos! Antes de iniciar o estudo efetivo de nossa aula, com vistas a ampliar nossos conhecimentos sobre comunicação e linguagem, é importante que reflita sobre a seguinte afirmação baseada nas ideias de Cagliari (1990). Desde que nascemos, estamos imersos de alguma forma nos mundos da linguagem, da fala e da língua. Crescemos dentro da nossa família ouvindo - na maioria das vezes - nossos pais falarem conosco observando gestos e sinais, então as palavras, a linguagem, o nome das coisas existentes no mundo começam a ser importantes. Reconhecendo esta imersão, perguntamos: mas como a comunicação, que envolve todos os elementos da comunicação citados por Cagliari (1990), vem fazendo parte da vida das sociedades ao longo da história? Qual a importância da comunicação em nossas vidas? Seguindo com a reflexão sobre a comunicação, em seus estudos de Mcluhan menciona que: A linguagem e o diálogo já tomaram a forma de interação entre todas as zonas do mundo. (...) O computador suprime o passado humano, convertendo-o por inteiro em presente. Faz com que seja natural e necessário um diálogo entre culturas, mas prescindindo por completo do discurso (...). A palavra individual, como depósito de informação e sentimento, já está cedendo à gesticulação macrocósmica (McLuhan, Fiore e Agel, apud MARTINS, 1999, p.1). Responder a estes questionamentos é algo que tentaremos durante o estudo de nossa disciplina (como um todo) e seguindo para nossa vida. Contudo, podemos iniciar uma reflexão, analisando a seguinte imagem: FOnTE: BLOg unirP. a evolução da comunicação. Disponível em: http://unirp. blogspot.com.br/2010/09/evolucao-e-comunicacao_22.html. acesso em: 3 maio 2014. Figura 1.1 A evolução da comunicação. McLuhan afirma que “os cidadãos do futuro terão muito menos necessidade que hoje de ter formação e pontos de vista semelhantes. Pelo contrário, serão recompensados por sua diversidade e originalidade” (1994, p. 294), ou seja, as tarefas a serem executadas não serão mecanizadas e repetitivas, mas passaram a ser com personalidade e criatividade. Parece que estamos com muitos questionamentos, não é? Mas tenhamos calma, pois, na seção a seguir, encontraremos reflexões que nos levarão às respostas. Vergílio Ferreira (apud MARQUES, s/d, p.7), um célebre escritor português, ao realizar o discurso de agradecimento por receber o prêmio ‘Europália’, fez a seguinte afirmação: “uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir”. Note que nas palavras de Ferreira (s/d), percebe-se a importância dada à língua como instrumento de manifestação individual e social, bem como marca do reconhecimento de um povo. Isto porque, é com a língua e com a conquista das letras que nós, seres humanos, podemos significar nosso meio, representá-lo, assim como representar nossas emoções, sensações e nossos sentimentos. Dubois (1973) corrobora com este pensamento ao entender que o revelar das letras foi uma importante descoberta feita pelo homem, somente podendo ser comparada, em importância, à descoberta do fogo. Ambas concederam a nós, mesmo que por caminhos diferentes, a possibilidade da sobrevivência, do conhecimento e da conquista da Terra. Vale lembrar que, o homem começou a enviar suas tentativas comunicacionais (mensagens) por meio da linguagem não verbal, inicialmente nas rochas, utilizando instrumentos que pudessem riscar e deixar gravadas suas mensagens. Depois, surgiram os ideogramas (desenhos que representavam ideias) e, mais tarde, o alfabeto. 9 Você Sabia? O primeiro alfabeto era bem reduzido... Ele era composto por 24 sinais consonantais que, apesar de não terem evoluído para um sistema totalmente alfabético, já marcavam de forma proficiente o início do sistema de escrita (BINDI, 2014). Na próxima seção, convidamos você a continuar os estudos sobre linguagem. Contudo, vamos aprofundar nossa reflexão tratando sobre seu papel na sociedade e nas interações humanas! 3 - linguagem, sociedade e interação humana Pretti (1987, p.12) também discorre sobre a importância da língua ao afirmar que: Sons, gestos, imagens, diversos e imprevistos cercam a vida do homem moderno, compondo mensagens de toda ordem [...] transmitidas pelos mais diferentes canais, como a televisão, o cinema, a imprensa, o rádio, o telefone, o telégrafo, a internet, os cartazes de propaganda, os desenhos, a música e tantos outros. Em todos, a língua desempenha um papel preponderante, seja em sua forma oral, seja através de seu código substitutivo, escrito. E, através dela, o contato com o mundo que nos cerca é permanentemente atualizado. Vemos, então, que a linguagem, constitutivamente, possibilita a comunicação, sendo, portanto, de vital importância para a convivência social humana. Apesar de ter toda essa força no campo da comunicação social, a linguagem também é relevante no campo do “individual”, pois ao fazer uso dela, o homem busca integrar-se com seus pares a partir das “leituras” que faz individual e coletivamente, assim como do mundo que o cerca ao expressar o “seu” pensamento. Como afirma Abreu (s/d, p.7): O trabalho do futuro dependerá, pois, do relacionamento. Mesmo os profissionais liberais dependem dele. O médico ou o dentista de sucesso não é necessariamente aquele que entrou em primeiro lugar no vestibular e fez um curso tecnicamente perfeito. É aquele que é capaz de se relacionar de maneirapositiva com seus clientes, de conquistar sua confiança e amizade. Vale lembrar que o pensamento individual do homem ocorre em determinado meio social, portanto, para dizer de si, antes é preciso ir ao outro, porque nós somente somos seres individuais, porque temos o outro para auxiliar-nos na formação identitária do nosso “eu”. Em outras palavras, sempre que eu me expresso estou, de certa forma, revelando resquícios de outros. Observe que até agora tratamos sobre a linguagem humana, levando em conta que ela tem materialidade, tanto na forma de palavras (faladas ou escritas), quanto na forma da realização não verbal (gestos, sinais, símbolos, charges, cartuns, entre outras formas de representação), a qual possibilita ao homem o poder comunicativo. Outra questão a ser considerada é o fato de que a linguagem humana se destaca grandemente sob dois aspectos, a saber: • O social: marcado pela língua, isto é, sistema de linguagem que compreende um sistema de fonemas (de formas/de frases) além do sistema semântico (o significado). • O individual: marcado pelo discurso que surge a partir do momento em que começamos a falar ou a escrever. Assim, ambos vão deixar com que o conjunto entre a linguagem e o discurso se harmonize como um todo coerente para que possam obter a comunicação. A comunicação busca, de forma linear, formal e objetiva, transmitir ao seu ouvinte uma mensagem significativa. Segundo Gold (2010, p.3) existem estratégias que estão sendo utilizadas no mundo inteiro, a fim da informação ser transmitida de maneira mais objetiva. Dessa forma, para o andamento do trabalho e prezando a qualidade aos clientes, é de suma importância apresentar todos os procedimentos desenvolvidos no dia a dia com clareza e sem obter uma duplicidade de sentidos. Assim, a articulação desse trabalho possa ser mais bem aplicada, sem haver reformulações dos fatos e suas ações. Na seção 3, você terá a oportunidade de refletir sobre a linguagem, a sociedade e a interação humana, a partir do estudo de trechos de um artigo! Você poderá notar que, além do pensamento dos autores, inserimos intervenções explicativas, reflexões e ponderações com o intento de contribuir para o exercício da habilidade crítica de reflexão e de organizar e direcionar o conhecimento construído, a fim de alcançarmos os objetivos propostos nesta disciplina. Atenção O texto a seguir trata sobre uma questão importante para todos; especialmente para vocês que trabalharão constantemente com a língua da/na sociedade. Portanto, sugerimos que leiam com atenção e dediquem-se em entendê-lo! Lembre-se de que, em caso de dúvidas, comentários ou sugestões, você conta com o apoio de seus colegas de curso e de seu professor pelo ambiente virtual e nas aulas presenciais! O texto de Octavio Ianni (1999), descrito a seguir, intitulado “Língua e Sociedade” trata-se de uma introdução bem detalhada sobre as pesquisas que envolvem o tema da linguagem, desde o Renascimento até nossos dias. Nele, o autor discorre sobre a língua como produto social e, ao mesmo tempo, condição de sociabilidade de interação humana. De maneira crítica/reflexiva vamos refletir sobre os “mistérios” que envolvem a palavra e, por meio de fragmentos (pedaços) de textos narrativos, vamos entender o valor que ela tem nos indicando as “metamorfoses” da língua. Ao trazer exemplos de textos renomados na história, Ianni (1999) faz-nos pensar, com maior sistematicidade, acerca 10Português Instrumental da linguagem no tempo atual, pontuando a importância, para o homem moderno, de ter acesso a textos que contemplem o romantismo, que trabalhem laboriosamente o sentido da língua. Ademais, o autor reitera a importância da linguagem não verbal para a comunicação, apresenta a imagem como uma linguagem importante e circunscreve a língua como “concepção de mundo, como expressão de uma concepção do mundo” (IANNI, 1999). Você se lembra da linguagem não verbal? Tente pensar em exemplos deste tipo de linguagem... Lembrou? Caso tenha dificuldade, sugerimos que pesquise sobre este tema no site de busca de sua preferência. Com os conhecimentos que está adquirindo, cada vez mais você se torna capaz de superar o senso comum sobre as informações disponibilizadas nos diferentes meios de comunicação e utilizá-las como fontes de pesquisa, sempre que considerar que se tratam de conhecimentos úteis! Antes de iniciarmos efetivamente o texto, é importante salientar que, agora, no nível acadêmico, é fundamental que se envolvam na leitura de textos densos e que exijam reflexões mais profundas sobre os temas estudados. Eis aqui uma oportunidade! Durante a leitura do artigo, procure anotar reflexões pessoais, dúvidas e comentários sobre os conhecimentos construídos. Com isso, ficará mais fácil e certamente você terá maior êxito na realização das atividades referentes a esta aula. Saber Mais Amplie seus conhecimentos sobre língua e sociedade! Para tanto, leia o artigo referenciado a seguir: SOARES, Magda de. Língua escrita, sociedade e cultura: relações, dimensões e perspectivas. Disponível em: http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE0/RBDE0_03_MAGD A _BECKER_SOARES.pdf. Acesso em: 3 maio 2014. Língua e Sociedade Octavio Ianni A história do mundo moderno tem sido também uma história de teorias e pesquisas sobre a linguagem. Desde o Renascimento passando por Port-Royal, a Enciclopédia, a Ilustração, o Romantismo e o “giro linguístico”, têm sido notáveis as realizações dos estudos sobre linguagem. Os desenvolvimentos das literaturas nacionais e mundiais, os intercâmbios de línguas e culturas, os processos de aculturação e transculturação, o nascimento e a expansão da cultura de massa e da indústria cultural, a criação e a difusão de tecnologias eletrônicas, informáticas e cibernéticas, tudo isso tem propiciado o surgimento de disciplinas e teorias, tanto quanto de hipóteses e controvérsias, sobre os mais diversos aspectos da linguagem. São muitos os momentos da história dos tempos modernos envolvendo desafios ou conquistas fundamentais sobre as implicações da linguagem na organização, dinâmica, crise ou transformação da sociedade, em âmbito nacional, internacional ou mundial. Algumas expressões tornam-se emblemáticas e aparecem como momentos marcantes da dinâmica das sociedades e dos dilemas do pensamento. Estas são algumas: Novo Mundo, Ocidente, Oriente, África, Mercantilismo, Globalismo, Nacionalismo, Tribalismo, Trabalho Escravo, Trabalho Livre, Escravo e Senhor, Alienação e Revolução. E estas podem ser outras: Palavras, palavras, palavras. Penso, logo existo. Imperativo categórico. Quando as sombras da noite começam a cair é que levanta vôo o pássaro de Minerva. Tudo que é sólido desmancha no ar. Sobre as ponderações do autor, reiteramos que a linguagem é social, uma vez que, por meio dela interagimos com o mundo; disso, decorre a sua importância e a do seu ensino para as novas gerações, como ele mesmo afirma: No curso do século XX, outra vez acentuam- se e generalizam-se as preocupações com a linguagem, envolvendo novos problemas; além dos anteriores, recolocados em novos termos. Em uma fórmula mais ou menos sacramentada, esse é o século em que se dá o “giro linguístico”, tal a importância e a influência dos problemas de linguagem, com os quais se defrontam a filosofia, a literatura e as ciências sociais. O autor ainda chama a atenção para as dimensões histórico-sociais e civilizatórias da sociedade: Quando se multiplicam as controvérsias, povoadas não só de interrogações, mas também de perspectivas inesperadas e inovadoras, muitos são levados a debruçar- se sobre as implicações histórico-sociais e civilizatórias da linguagem. Trata-se de refletir sobre os segredos da língua e dialeto, signo, símbolo e emblema, metáfora e conceito, texto e contexto, mímesis, narrativa e metanarrativa, tradução e transculturação, língua nacional e língua global.Outra vez, recoloca-se o desafio de refletir sobre as condições e as possibilidades do contraponto linguagem e sociedade. Nesse sentido, a língua é entendida como produto e condição da vida social: Em todas as configurações histórico- sociais de vida, trabalho e cultura, a língua revela-se produto e condição das formas de sociabilidade e dos jogos das forças sociais. Tanto no nacionalismo e tribalismo, como no mercantilismo, colonialismo, imperialismo e globalismo, os signos e os significados, as figuras e as figurações da linguagem revelam- se constitutivas da realidade, das condições e possibilidades socioculturais e político- econômicas de indivíduos e coletividades. 11 Para Refletir sobre o que é uma palavra, vejamos um trecho do poema Procura da poesia de Carlos Drummond de andrade: Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consuma com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. (...) Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? Repara: ermas de melodia e conceito, elas se refugiaram na noite, as palavras (ANDRADE, 1973, p. 196-198). E a língua que se constitui como patamar da história, o sistema de signos por meio do qual se pronunciam o presente, o passado e o futuro, a história e a geografia, as tradições e as premonições, os santos e os heróis, as façanhas e as derrotas, os monumentos e as ruínas. Note que o autor entende a cultura como o universo em que a língua se constitui ao passo em que a língua entra decisivamente na constituição da cultura. Ademais, cabe lembrar que o que distingue o ser humano é que ele pensa, mentaliza, fabula ou mitifica a sua atividade, real e imaginária, presente, passada e futura. A sua atividade social, em âmbito individual e coletivo, está sempre expressa em signos, símbolos e emblemas, compreendendo narrativas orais, escritas, pensadas e imaginadas. Portanto, o pensamento é ele também produto e condição da linguagem, assim como das outras formas culturais. Também se constitui no mesmo curso da práxis social, quando as atividades se objetivam, cristalizam, tensionam ou explodem em criações culturais. A língua é uma dessas explosões, sem a qual o mundo se revela carente de nome, conceito, inteligência, explicação, fantasia e mito. Isso nos leva a concluir que a linguagem possibilita a todos nós, indiscriminadamente, sermos seres históricos! Outra questão tratada pelo autor refere-se aos silêncios, sobre isso ele afirma que: No mundo há muitos silêncios. [...] O silêncio da solidão, do medo, da dor, da raiva, da tristeza, da melancolia. Os silêncios que existem podem ser infinitos, como os silêncios extremos de quem está fechado em si mesmo e o silêncio do amor. [...] Sim, a própria palavra está em silêncio, antes de transfigurar-se em pensamento ou imaginação, sentimento ou ação, entendimento ou compreensão, utopia ou nostalgia. E como se estivesse erma de forma e movimento, som e sentido. Aguarda, em silêncio, o esclarecimento, a revelação, o deslumbramento. Sobre a palavra, o autor ainda afirma que: O mistério da palavra, assim como da narrativa, esconde-se tanto no autor como no leitor, da mesma forma que no texto e no contexto. Suspensas no ar, vistas em si, a palavra e a narrativa resultam abstratas. Permitem muitos jogos de linguagens, podem ser colocadas em diferentes arranjos, desdobram-se em signos, ou ícones, índices e símbolos, como em um caleidoscópio sem fim. Há um momento, no entanto, em que se revelam vazias, ermas de som e sentido. Sejam quais forem as palavras, metáforas e conceitos, ou figuras e figurações, em narrativas literárias, científicas e filosóficas, o seu mistério sempre carece de alguma referência. Todas as narrativas, com as suas figuras e figurações, ressoam alguma forma de vivência, que pode ser presente, passada ou futura, individual ou coletiva, real ou imaginária. São sempre partes constitutivas do pensamento e da realidade, dos sentimentos e das fantasias. O mistério e o milagre da narrativa sempre levam consigo algo ou muito da experiência, próxima ou remota, real ou imaginária, própria ou vicária. No limite, é na experiência que se escondem algumas das possibilidades do pensamento e do sentimento, da compreensão e da explicação, da intuição e da fabulação, que se transfiguram, exorcizam, sublimam, clarificam ou enlouquecem em palavras e narrativas. Para sedimentar sua aprendizagem, sugerimos que procure refletir e anote suas intepretações sobre o poema! Ao tratar sobre a palavra e seus desdobramentos, somos levados a reconhecer algumas metamorfoses da língua, lembrando que, como afirma o autor: De quando em quando, na história e na lenda dos povos e civilizações, embaralham- se as línguas e as linguagens, os signos, os símbolos e os emblemas, os conceitos e as metáforas. Confundem-se as estações, os dias e as noites, o futuro e o passado, a utopia e a nostalgia. Quando se abalam os quadros sociais e mentais de referência, embaralham- se os territórios e as fronteiras, as nações e as nacionalidades, as línguas e as religiões, as culturas e as civilizações. Um exemplo histórico icônico deste embaralhamento é a famosa histórica bíblica da Torre de Babel, a qual representou um cenário no qual proliferam as linguagens de todos os tipos. Ainda segundo o autor: 12Português Instrumental Desde Babel constrói-se a imensa biblioteca que constitui o mundo do pensamento e da fantasia, da realidade e imaginação, da compreensão e explicação, da utopia, nostalgia e escatologia, como arte, ciência e filosofia. Retomando a história da humanidade, vemos que desde meados do século XX, não podemos concluir esta reflexão sem tratar das linguagens eletrônicas, informáticas, internéticas, virtuais ou pós-modernas que atualmente multiplicam-se e predominam. Em poucas décadas, todas as formas de literalidade e oralidade, compreendendo a aula, o discurso do poder, a conversação, o entretenimento, a comunicação, a informação, a mídia, o livro, a revista, o jornal são desafiadas pela imagem, o videoclipe, o hipertexto, o cibertexto, a multimídia. Em pouco tempo, a palavra, enquanto signo da modernidade, é recoberta pela imagem, enquanto signo da pós-modernidade. Podemos afirmar ainda que, em larga medida, as linguagens eletrônicas, informáticas e cibernéticas são linguagens técnicas, instrumentais, pragmáticas. Têm sido mobilizadas no âmbito de organizações públicas e privadas, nacionais, regionais e mundiais, de modo a propiciar a operação, expansão e gestão de empreendimentos econômicos, financeiros, militares, políticos, culturais, religiosos, museus e outros. Aqui é possível deduzir que este pode ser o cenário no qual se instala e difunde a crise da palavra. Juntamente com a transformação dos quadros sociais e mentais de referência, no âmbito da vasta ruptura histórica em curso no século XX, instala-se e generaliza-se a crise da palavra. Em poucas décadas, predominam a realidade virtual, o videoclipe, o hipertexto, o ciberespaço, a inteligência artificial, a estética eletrônica e outras realizações eletrônicas, informáticas e cibernéticas. Nossa! Fizemos uma caminhada interessante nesta aula, não acham? Adquirimos conhecimentos interessantes e essenciais para a nossa formação enquanto profissionais e pessoas. Para fundamentar e melhorar ainda mais a nossa aquisição de saberes, iremos, a seguir, dar sugestões de leituras, sites, filmes e vídeos que vocês podem acessar para otimizar as informações dadas nesta Aula. a linguagem continua a participardecisivamente da constituição das coisas, gentes e ideias. Revela-se produto e condição das formas de sociabilidade e dos jogos das forças sociais, constituindo-se como componente essencial das configurações histórico-sociais de vida, trabalho e cultura. Finalmente, sobre linguagem, sociedade e interação humana talvez se possa afirmar que as diversas disciplinas e teorias empenhadas em elucidar os segredos da linguagem buscam, em última instância, decifrar o mistério de Babel, como alegoria, mito, ilusão ou alucinação. Babel está sempre à espreita, em tudo o que se diz e escreve, pensa e imagina, compreende e explica, sonha e fantasia. Impregna mais ou menos profundamente as formas de sociabilidade e os jogos das forças sociais, ou seja, as configurações histórico-sociais de vida, trabalho e cultura. Segundo Junior (1984), essa linguagem é o sistema indispensável da criação e do significado no mundo. A visão de mundo está vinculada ao conhecimento que cada indivíduo possui para ampliar seus horizontes no período de sua vida. Essa linguagem nos possibilita uma autorreflexão sobre questões de vivência particular a todo o momento. A linguagem seria um olhar sobre o mundo refletido através das particularidades em que cada indivíduo pode perceber diante de qualquer fato da nossa vida. Assim, temos a multiplicidade de narrativas sobre os mais diversos aspectos da linguagem, nas quais se empenham a linguística, a teoria literária, a filosofia da linguagem, a sociolinguística, a etnolinguística, a semiótica e a desconstrução. Em todos os casos está em causa o esclarecimento, a compreensão, a revelação ou o encantamento, talvez essenciais à existência e à imaginação de uns e outros, em todo o mundo. retomando a aula Chegamos, assim, ao final da primeira aula. Esperamos que agora tenha ficado claro o entendimento frente ao processo de comunicação e à linguagem enquanto processo de interação humana. 1 – Breve reflexão sobre comunicação. Na primeira seção da Aula 1 tivemos a oportunidade de iniciar nossas reflexões sobre a comunicação, cujos pensamentos nos prepararam para iniciar o estudo efetivo nas demais seções. 2 – Processo de comunicação: um panorama teórico. Na segunda seção estudamos a língua, a qual podemos entender como um conjunto de signos que o ser humano utiliza para a comunicação. Vimos também a linguagem como a utilização da língua, a qual pode ser: a) Linguagem falada. b) Linguagem não verbal. c) Linguagem escrita. Finalmente, vimos que, para bem nos expressarmos na linguagem escrita, precisamos de: a) conhecimento do assunto; b) vocabulário; c) domínio das regras gramaticais. 3 – Linguagem, sociedade e interação humana. Na ultima seção, refletimos sobre as interações presentes entre a linguagem, a sociedade e a interação humana. Vimos, baseados nas ideias de Ianni (1999) que a língua é, efetivamente, um produto social e é condição de sociedade interativa. Para fechar, entendemos que as leituras que realizamos podem nos conduzir às reflexões profundas que nos permitem “ler o mundo” que nos cerca. A linguagem faz com que todo o processo seja revisto de forma coerente. ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1996. Vale a pena Vale a pena ler 13 BINDI, L. F. Escrita e alfabeto. Disponível em: http:// www.libreria.com.br/artigos.asp?id_artigo=550. Acesso em: 3 maio 2014. PARTES.COM. Teoria, signo e reflexão. Disponível em: http://www.partes.com.br/ed39/teoriasignosreflexaoed39. htm. Acesso em: 3 maio 2014. SEMIÓTICA BLOGSPOT. Como se definem os signos. Disponível em: http://semioticacom102.blogspot. com/2008/10/como-se-definem-os-signos-2-signo.html. Acesso em: 3 maio 2014. UNISUL. Linguagem. Disponível em: http://www3. unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0102/05.htm. Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena acessar Nell A guerra do fogo Vale a pena assistir ECO, Umberto; ANGONESE, Antonio (Tradutor). A busca da língua perfeita. Bauru: EDUSC, 2002. KOCH, Ingedore G. Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos (Colaborador). A coerência textual. Editora Contexto, 2001. Minhas anotações Lembre-se de que, em caso de dúvidas, acessem as ferramentas “Fórum” ou “Quadro de avisos” para se comunicar com o(a) professor(a) e ou com seus colegas! Português instrumental 2º Aula O ato de ler Caro(a) aluno(a), Nesta aula trataremos sobre um assunto interessante para a maioria das sociedades: a leitura e os níveis de leitura. Você já parou para pensar sobre as diversas formas de leitura que temos a oportunidade de realizar? E de como é importante sabermos ler verdadeiramente? Esses questionamentos serão apenas algumas das reflexões que faremos nesta aula. Lembre-se, você é o protagonista da sua aprendizagem, então, mãos à obra! Boa aula! objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, você será capaz de: • reconhecer a importância da leitura e do ato de ler, de compreender e de interpretar; • identificar os níveis de leitura em textos. 15 1 - O ato de ler: o que ler? 2 - Níveis de leitura de um texto. Seções de estudo 1 – O ato de ler: o que ler? O que você entendeu acerca da declaração que o educador Paulo Freire fez? A arte de ler O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria (Mário Quintana). Inspirados em Mario Quintana, iniciemos efetivamente nossa segunda aula! Vamos em frente! Como primeiro passo para tratarmos sobre a leitura, vamos refletir sobre a imagem da prática da leitura na sociedade atual: Embora estejamos no século da informação por meio da imagem (uma imagem vale mais que mil palavras), é inegável a importância e a necessidade da leitura, pois desempenha funções informativa e recreativa, ao transmitir a História e a Cultura da humanidade. A prática da leitura nos enreda desde o momento em que começamos a “entender” o mundo que nos envolve. Com a vontade de entender quem somos, buscamos na leitura (de textos escritos, orais e não-verbais) as respostas que almejamos, ou seja, a leitura nos abraça de forma a proporcionar um passeio pelo imaginário, pelo mundo mágico, pelas fantasias e pela realidade que nos cerca! A leitura crítica é aquela que permite ir além do “dito”, além do “exposto”; ler nas “entrelinhas” é uma forma de ler criticamente. Mas será que estamos preparados para fazer tal leitura (EDUCADORES DE SUCESSO, 2010). Você Sabia? “De maneira geral o leitor crítico irá conscientemente ou inconscientemente avaliar o original por diversos diferentes aspectos, como por exemplo: • Coesão ou Continuidade: [...] refere à integração entre frases, parágrafos, capítulos, e tramas do livro, indicando se o autor consegue manter uma narrativa onde os elementos estão sempre conectados. • Consistência: a consistência se refere à qualidade da obra de manter a mesma “voz” ou forma narrativa em sua totalidade, ou dentro de cada trama que eventualmente justifique “vozes” diferentes. • Coerência: a coerência se refere à capacidade do autor de criar uma realidade coerente para sua história, sem “surpresas” que pareçam não se encaixar na realidade apresentada. • Concisão: a concisão se refere à qualidade do texto de ser conciso, não apresentando “pontas soltas” ou divagações que não contribuem para a história como um todo. • Clareza: a clareza indica se o texto é ou não facilmente lido. • Cadência: a cadência, ou ritmo, do texto é resultante da velocidade de leitura sugerida pela fluidez e clareza do texto, e pela organização das tramas e capítulos” (UOL, 2014). Nesse contexto, caro aluno, a leitura não pode ser encarada como simples decodificação de signos, ou seja, ela não é uma atividade mecânica que determina uma postura passiva diante do texto, mas pode e deve ir além. Para Paulo Freire (1985, p. 11-12): A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posteriorleitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica na percepção das relações entre o texto e o contexto. De acordo com Gold (2010, p. 6), o texto escrito deve ser percebido e articulado como um instrumento relacionado à função de estratégia, tanto na área de linguagem em geral, como no meio específico do texto empresarial. Podendo intervir mediante três dimensões: cultura, aspecto motivacional, e também, no econômico cada qual em seu meio de trabalho. E o que seria o contexto? Que tal pesquisar? Veja bem, se você ainda não entendeu o que leu, não siga em frente com sua leitura, como sugestão, retorne à citação de Paulo Freire e tente entendê-la, só assim você estará exercitando a leitura responsável e crítica dentro do contexto em que estamos inseridos. Uma compreensão crítica do ato de ler possibilita, além da “tradução” dos significados das palavras, o desvendamento daquilo que está “por trás” delas. Assim, podemos observar que o vocabulário para a transmissão da mensagem faz com que todo esse contexto possa ser compreendido pelo interlocutor. Observe alguns exemplos abaixo: Exemplo 1: Figura 2.1 Exemplo de compreensão crítica. FOnTE: iPu – HiSTÓriaS E aTuLiDaDES. Charge seleção. Disponível em: http:// ipu-historia-atualidades.blogspot.com/2010/08/charge-eleicao-2010.html. acesso em: 12 set. 2010. Perceba que na imagem acima, há o contexto que determina a compreensão e a interpretação do texto. Dessa forma, o menino da imagem solicita ajuda da mãe em relação aquilo que ele está vendo/ouvindo na televisão, pois não condiz com o discurso proferido pela sua mãe sobre a mentira, gerando, assim, uma incoerência sobre a definição de mentira para a criança, a qual fica extremamente confusa. 16Português Instrumental É importante que amplie continuamente seus conhecimentos. Para tanto, sugerimos a leitura do seguinte artigo: CAMPOS, G. P. C. O processo de leitura: da decodificação à interação. Disponível em: http:// www.faculdadeobjetivo.com.br/arquivos/OProcessoDeLeitura.pdf. Acesso em: 3 maio 2014. A maneira de ser expressar pode ser articulada de forma mais simples, mas com uma complexidade em sua escrita. A linguagem se faz com um rebuscamento e leva ao leitor a compreensão, e assim, não deixa de ser apresentada a forma culta e coerente que deve ter um texto sobre essa criticidade que estamos relatando no decorrer de nossa aula. Por exemplo: A média de produção do último ano fiscal foi maior do que a do ano anterior. Foram instaladas novas máquinas hidráulicas para a estamparia, automáticas e de alta velocidade aumentando o número de peças, e foi introduzida nova metodologia, a fim de gerar economia com tempo e mão de obra. (Gold, 2010, p.20). Percebe-se que a escrita viabiliza uma clareza nas informações, e não deixando de apresentar um vocabulário mais elaborado na transmissão da mensagem. Com isso, a informação/ ideia principal vai sobressair dentre as demais apresentadas para a articulação do comunicado aos seus interlocutores. Para melhor compreensão, vejamos como é organizada a letra da música “Admirável Gado Novo”, de Zé Ramalho: Vocês que fazem parte dessa massa que passa nos projetos do futuro é duro tanto ter que caminhar e dar muito mais que receber. E ter que demonstrar sua coragem à margem do que possa parecer e ver que toda essa engrenagem já sente a ferrugem te comer. Eh!... ô... ô... vida de gado Povo marcado eh!... povo feliz! Lá fora faz um tempo confortável a vigilância cuida do normal os automóveis ouvem a notícia os homens a publicam no jornal e correm através da madrugada a única velhice que chegou demoram-se na beira da estrada e passam a contar o que sobrou. O povo foge da ignorância apesar de viver tão perto dela e sonham com melhores tempos idos contemplam essa vida numa cela esperam nova possibilidade de verem esse mundo se acabar a Arca de Noé, o dirigível não voam nem se pode flutuar. Não voam nem se pode flutuar... Percebeu como essa letra nos conduz à reflexão? Notou como as palavras representam muito mais do que “parecem” representar? Observe as palavras que Zé Ramalho selecionou para compor a letra. Veja que as palavras não foram aleatoriamente dispostas; cada uma tem uma intenção, está no texto com finalidade determinada. Assim: A coerência diz respeito à conexão entre as ideias apresentadas no texto. Sem ela, as frases ficam perdidas e sem lógica. Evidentemente, esta característica não é apenas do texto moderno, mas de toda e qualquer comunicação escrita ao longo dos tempos. A língua escrita exige um rigor e uma disciplina de expressão muito maiores do que a língua falada, obrigando o emissor a expressar-se com harmonia tanto na relação de sentido entre as palavras quanto no encadeamento de ideias dentro do texto (Gold, 2010, p.10). A decodificação da palavra escrita é uma necessidade óbvia, porém constitui apenas a primeira etapa do processo da leitura criativa. A decodificação permite a intelecção, ou seja, a percepção do assunto, permite entender o significado do que foi lido. Assim, a linguagem escrita em detrimento ao ato de ler e compreender o enunciado, nos leva a uma reflexão e entendimento com significado. Além de se apresentar essa comunicação de várias maneiras, sendo uma escrita mais objetiva, simples, e levando em conta as normas gramaticais. Em seguida faz-se a interpretação, que é a continuidade da leitura do mundo, realizada pelo leitor. A interpretação, muitas vezes, extrapola a letra do texto, pois se baseia nas relações entre texto e contexto. Na letra da música que acabou de ler, viu que a sua interpretação foi além da letra do texto, não é mesmo? Sendo assim, interpretar é um ato que requer dedicação e seriedade por parte do leitor. Cumprida as etapas anteriores, está o leitor apto para empreender a aplicação do conteúdo da leitura, de acordo com o objetivo a que se propôs. É muito interessante determinarmos objetivos quando vamos processar nossas leituras, ou seja: vamos ler para quê? E com que finalidade? Que tal, agora, apreendermos como fazer uma leitura mais elaborada? A técnica de sublinhar, conforme muitos autores destacam, é de grande utilidade para a intelecção e interpretação do texto, facilitando o trabalho de resumir, esquematizar ou fichar. Pode- se até afirmar que sem compreensão e interpretação do texto, torna-se impossível empregar com eficiência as técnicas de resumo, esquema e fichamento. A leitura é uma atividade necessária no mundo de hoje e não deve restringir-se às finalidades de estudo. É preciso ler para se informar, para participar, para ampliar conhecimentos e alcançar uma compreensão melhor da realidade atual. Na opinião de Ezequiel T. Silva (1983, p. 46): Optar pela leitura é, então, sair da rotina, é querer participar do mundo criado pela imaginação de determinado escritor. Ler é basicamente, abrir-se para novos horizontes, é ter possibilidade de experenciar outras alternativas de existência, é concretizar um projeto consciente, fundamentando na vontade individual. Segundo a mesma vertente de pensamento exposta por Silva (1983), a linguista Sgarbi (2009) nos lembra que: 17 E então, pronto para exercitar nossa Língua Portuguesa por meio da leitura? Espero que sim! Então, vamos em frente, pois temos mais uma seção nesta aula, a qual trata sobre as distintas formas em que um texto pode ser lido. Lemos, não só a linguagem verbal (fala e escrita), como, também a linguagem não verbal. Quando olhamos para uma pintura, uma escultura ou quando observamos as reações do nosso corpo ou, ainda, quando assistimos a um filme, também, estamos fazendo leituras. 2 - Níveis de leitura de um texto Para iniciar, reiteramos a importância de reforçar a ideia da importância do ato de ler e entender quais conhecimentos e objetivos devemos deterpara nos tornarmos bons leitores. Vamos começar? Começamos, então, a perceber que um dos grandes desafios a ser enfrentado pela escola e pela sociedade é o de fazer com que os alunos aprendam a ler, e, a ler reflexivamente. Segundo Geraldi (2006), a leitura é um processo de interlocução entre leitor/autor mediado pelo texto, nisso vemos a importância do contato do aluno com o texto e obras literários para que ele possa atribuir significado ao texto, e a partir disso conseguir relacioná-lo a outros textos, ou a realidade ou pensamento. Assim, a leitura passa a ser fundamental para o domínio das múltiplas estruturas contidas nos textos, as quais são responsáveis pelo sentido. Nesse contexto, o pouco hábito da leitura reflete-se na escrita e, consequentemente, na fala, restringindo ao vocabulário. Dessa forma, o conhecimento prévio necessário à compreensão do texto também fica restrito, pois, segundo Ângela Kleiman (1995, p.13): O leitor utiliza na leitura o conhecimento que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. É importante fazer uma distinção entre ler e aprender a ler. Ler é estabelecer uma comunicação com textos verbais ou não verbais, por meio da busca da compreensão, enquanto a aprendizagem da leitura constitui uma tarefa permanente, que se enriquece com novas habilidades, na medida em que se manejam adequadamente textos cada vez mais complexos. Por isso, a aprendizagem da leitura não se restringe ao primeiro ano da vida escolar. Essa leitura, na verdade, seriam os métodos, referentes à determinada área a que se observa. O profissional (mediador) vai ter a responsabilidade de mediar e extrair de uma determinada leitura sua finalidade, contendo, nesse processo, objetivos claros e definidos. Saber Mais “À leitura como processo, sempre caberá estudo e aprofundamento, pois envolve leitor e texto e a interação entre esses dois. A investigação dos fatores que contribuem para a compreensão textual requer especial atenção, uma vez que interfere em todas as áreas do conhecimento, sendo objeto de estudo interdisciplinar” (LER E COMPREENDER TEXTOS, 2014). Sgarbi (2009, p.89) afirma que “para capacitar os alunos [...] para o encontro com o texto; constatando-o, cotejando-o e transformando-o, há que se criar condições concretas para que esses alunos leiam de maneira significativa”. Acompanhem, também, o pensamento da autora citada a seguir. Kleiman (1999, p. 16) exemplifica: [...] Os professores que lembramos e admiramos e que tiveram alguma influência nas nossas vidas são aqueles que demonstraram gostar de suas matérias e conseguiram transmitir esse entusiasmo pelo saber. Outro autor ratifica este pensamento ao mencionar que: Em outras palavras, o professor é aquele que precisa ser leitor e que apresenta as diferentes possibilidades de leitura: livros, poemas, notícias, receitas, paisagens, imagens, partituras, sons, gestos, corpos em movimento, mapas, gráficos, símbolos, o mundo enfim: “(...) Ou o texto dá um sentido ao mundo, ou ele não tem sentido nenhum” (LAJOLO, 1994, p. 14). Contudo, é importante ficar atento para o fato de que o aluno também precisa fazer a sua parte! Esse profissional deve estar próximo ao aluno no processo de aprendizagem, sanando dúvidas, fazendo observações e análises, mostrando o caminho a ser seguido, mas permitindo que o aluno caminhe sozinho na busca por novos horizontes que somente a leitura pessoal pode revelar. Diante da palavra, do contato com os textos que os alunos podem compreender a funcionalidade das palavras e o uso da gramática, por isso é tão importante que o aluno descubra o mundo da leitura. Deve ser o orientador, aquele que mostra o caminho a ser seguido, ele fornece as ferramentas para que o leitor desvende o texto e extraia dele o máximo possível. Precisa demonstrar ao aluno segurança, estímulo e um caminho longo a ser seguido, porém prazeroso e com uma ótima recompensa. Assim, a leitura importa quando o leitor transforma a linguagem escrita em linguagem oral e quando o leitor consegue captar e dar sentido ao conteúdo da mensagem, analisando o valor dela no contexto social. Por isso, a importância da leitura reside, principalmente, no ato de ensinar a ler. Para Reina e Durigan (2003, p. 21), [...] ensinar leitura não é responsabilidade exclusiva do professor de língua, mas sim de todos aqueles que usam esse código, seja para a interação, para a transmissão de conhecimentos, para a atuação sobre o outro, seja para o relacionamento com o mundo sensível. Outro aspecto importante no trabalho com a leitura é a interdisciplinaridade vinculada à intertextualidade, pois todas as disciplinas, sejam das áreas das ciências exatas, agrárias, 18Português Instrumental humanas ou qualquer outra são discursivas, requerem desempenho de linguagem, e a leitura e a escrita são o fim e o meio de todo trabalho escolar. A interdisciplinaridade deve ir além da mera justaposição de disciplinas e, ao, mesmo tempo, levar o aluno a pensar, a ser um aluno crítico, a buscar em vários meios o que possa ajudá-lo a compreender melhor seu universo de leitura e de vida. A leitura é compreensão, produção e interação com o meio. O aluno deve ser ativo na sociedade, capaz de expressar pensamentos e incorporar significações no processo social em que vive. Se um “texto remete a outros textos e estes apontam para outros no futuro” (KLEIMAN, 1999, p. 62), a interdisciplinaridade permite que os contextos dos programas de diversas disciplinas sejam introduzidos em decorrência da leitura de um texto lido em sala de aula. Entendeu o que é interdisciplinaridade e intertextualidade? Se tem dúvidas, leia o parágrafo anterior novamente. Entretanto, a questão do ensino da leitura é ampla e pode situar-se na própria conceituação do que é leitura, na forma como é avaliada pelos professores; no papel que ocupa na sociedade; nos meios que são oferecidos para que ela ocorra, na metodologia que o professor adota para ensiná-la e na maneira como o aluno a compreende e valoriza. Cansados? Espero que não! Sei que vocês ainda têm energia para aprender muito mais! A partir de agora, estudaremos o ato da leitura (conhecimentos prévios, objetivos e hipóteses). Mas, do que precisamos para realizar uma boa leitura? O ato de ler aciona uma série de ações no pensamento do leitor, por meio das quais ele pode extrair novas informações ou remetê-las às informações anteriores. Na interação com essas informações, aqui denominadas de conhecimento prévio, o leitor pode mantê-las, modificá- las ou desenvolvê-las durante a assimilação do conteúdo, pois “[...] quando um leitor é incapaz de chegar à compreensão através de um nível de informação, ele ativa outros tipos de conhecimentos para compensar as falhas momentâneas” (KLEIMAN, 1999, p. 17). Assim, ao ler um texto qualquer, o leitor escolhe aspectos relevantes, ignora outros irrelevantes ou desinteressantes, dando atenção aos aspectos que interessam, ou seja, àqueles sem os quais seria impossível compreender o texto. Por isso, [...] a ativação do conhecimento prévio é essencial à compreensão, pois é o conhecimento que o leitor tem sobre o assunto que lhe permite fazer as inferências necessárias para relacionar diferentes partes discretas do texto num todo coerente (KLEIMAN, 1999, p. 25). Essas inferências são hipóteses que o leitor levanta, antecipando informações com base nas pistas que vai percebendo durante a leitura. Portanto, quando chega à escola, o aluno já é um leitor do mundo, pois desde muito novo começa a observar, antecipar, interpretar e interagir, dando significado a seres, objetos e situações que o rodeiam: O conhecimento linguístico, o conhecimento textual, o conhecimento do mundo devem ser ativados durantea leitura para poder chegar ao momento da compreensão, momento este que passa desapercebido, em que as partes discretas se juntam para fazer um significado (KLEIMAN, 1999, p. 26). Você e eu fazemos a leitura de tudo que nos cerca! Essa aprendizagem natural da leitura deve ser considerada pelo professor e incorporada às suas estratégias de ensino com o fim de melhorar a qualidade desse processo contínuo, iniciado no momento em que o aluno é capaz de captar e atribuir significado às coisas do mundo. Assim, a ação de ler o mundo é enriquecida na medida em que o educando enfrenta progressivamente numerosos e variados textos, pois: A forma do texto determina, até certo ponto, os objetivos de leitura: há um grande número de textos, como romances, contos, fábulas (...) notícias de jornal, artigos científicos (...): parece claro que o objetivo geral ao ler o jornal é diferente daquele quando lemos um artigo científico (KLEIMAN, 1999, p. 33). Note que o trabalho de leitura na escola tem por objetivos levar o leitor à analise e à compreensão das ideais dos autores e a buscar no texto os elementos básicos e os efeitos de sentido. E é isto que esperamos que faça a partir deste momento que está aprendendo mais sobre a maravilhosa habilidade da leitura. Para saborear um pouco este mundo da leitura, eis que cito um trecho de um texto/poema de Martha Medeiros, em que a autora expõe seu imenso prazer em ler: Eu, por exemplo, gosto do cheiro dos livros. Gosto de interromper a leitura num trecho especialmente bonito e encostá-lo contra o peito, fechado, enquanto penso no que foi lido. Depois reabro e continuo a viagem. […] Gosto do barulho das paginas sendo folheadas. Gosto das marcas de velhice que o livro vai ganhando: […] a lombada descascando, o volume ficando meio ondulado com o manuseio. Tem gente que diz que uma casa sem cortinas é uma casa nua. Eu penso o mesmo de uma casa sem livros (Martha Medeiros). Dessa forma, cremos que a caminhada para o aprendizado da leitura acontece lendo e, da mesma forma, aprendemos a escrever escrevendo; vendo outras pessoas lerem e escreverem, tentando e errando, sempre nos guiando pela busca do significado mediante hipóteses ou pela necessidade de produzir algo que tenha sentido. Fique antenado! Na internet você pode encontrar inúmeros sites sobre o tema em estudo. Sugiro que realize buscas utilizando termos com palavras-chave e procure ler alguns artigos referentes ao conteúdo e procure fazer uma análise crítica das informações encontradas no site! De acordo com com Kleiman (1999, p. 36), “vários autores consideram que a leitura é, em grande medida, um 19 jogo de adivinhação, pois o leitor ativo, realmente engajado no processo, elabora hipóteses e as testa, à medida que vai lendo”. Assim, para elaborar hipóteses, o leitor precisa ter acesso ao texto cuja leitura foi transformada em objetivo, ou seja, ele deve prever o tema do texto com base nas pistas dadas; então, para ter acesso ao texto, é preciso ter acesso ao seu código e à mensagem escrita. Enfim, é preciso que professor e alunos entendam que ler não é um ato mecânico de decodificação: é o estabelecimento de relações dentro de contextos, de vivências de mundo; não são frases ou palavras soltas que levam o leitor a entender que isso seja o ato de ler. Vale salientar que, para que esse quadro mude, é preciso que professor e aluno estejam verdadeiramente envolvidos. Nesse sentido, pensamos que o processo ensino-aprendizagem da leitura na sala de aula situa-se dentro de dois objetivos fundamentais: serve como meio eficaz para aprofundamento dos estudos e aquisição de cultura geral. E, então, está percebendo como a leitura é interessante, importante e indispensável em nossas vidas? retomando a aula E então? Entendeu bem as questões iniciais relacionadas a leitura e sua importância? Em caso de resposta afirmativa: Parabéns! Mas, há muitos outros conhecimentos a serem agregados sobre o tema. Para tanto, sugerimos que consulte as obras, periódicos e sites indicados ao final desta aula. 1 – O ato de ler: o que ler? Na primeira seção, vimos que para que possamos efetuar uma leitura significativa, faz-se necessário construir sentido através dos conhecimentos prévios que você possui sobre o assunto e a interação com o suporte de leitura. Assim, para de fato obter informações corretas sobre o texto lido e consequentemente construir um suporte de sentido para a compreensão e a interpretação deste texto, é preciso, ainda, lançar mão dos conhecimentos culturais adquiridos ao longo da vida, tais como as crenças, as opiniões ou atitudes. A motivação ou objetivos diferentes atuarão na construção da representação sobre o evento ou o enunciado presente no texto, o que faz com que, ao ler um mesmo texto, diferentes leitores construam significados diferenciados, produzindo diferentes tipos de inferências. Finalmente, na seção inicial, tivemos a oportunidade de começar a perceber como a leitura é importante em nossas vidas, além de reconhecer que é interessante sabermos “ler” as diversas situações às quais somos expostos e o quanto é importante, também, sabermos interpretar devidamente os diferentes textos. 2 – Níveis de leitura de um texto. Na seção 2, estudamos os níveis de leitura de um texto, os quais trazem a seguinte questão á tona: fazer uma leitura e aprender a fazer uma leitura. Tais ações são distintas, pois no ato de ler, estabelece-se uma comunicação com textos verbais e não verbais via compreensão holística. No entanto, a aprendizagem da leitura compõe uma ação permanente, que se enriquece com novas habilidades, na medida em que se manejam adequadamente textos cada vez mais complexos. Por isso, a aprendizagem da leitura não se restringe ao primeiro ano da vida escolar, mas, sim, e ,sobretudo, na caminhada do leitor. Somos nós que estabelecemos o nível de leitura que iremos ter, uma vez que a dedicação deve ser séria e permanente no processo de compreensão e interpretação textual. Nas palavras de Paulo Freire: “A leitura de mundo precede a leitura da palavra”. Existem inúmeros cursos sobre os conteúdos tratados nas Seções desta aula, inclusive gratuitos, que podem ser encontrados e realizados pela internet. Assim, é importante que realize pesquisas em sites de busca, utilizando o termo ‘‘Curso’’ junto à palavra que representa a conceituação do termo estudado, como por exemplo: “curso leitura”. Aproveite a oportunidade para aprofundar e/ou ampliar ainda mais seus conhecimentos! FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados, 1989. GERALDI, João Wanderley (Org.) O texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2001. KATO, Mary. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. São Paulo: Ática, 1986. (Série Fundamentos) ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro da. (Orgs.) Leitura: perspectivas interdisciplinares. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1991. CAMPOS, G. P. C. O processo de leitura: da decodificação à interação. Disponível em: http://www.faculdadeobjetivo. com.br/arquivos/OProcessoDeLeitura.pdf. Acesso em: 3 maio 2014. EDUCADORES DE SUCESSO. Homepage. Disponível em: http://educadoresdesucesso.blogspot. com/. Acesso em 14 set. 2010. IPU – HISTÓRIAS E ATULIDADES. Charge seleção. Disponível em: http://ipu-historia-atualidades.blogspot. com/2010/08/charge-eleicao-2010.html. Acesso em: 12 set. 2010. LER E COMPREENDER TEXTOS. A leitura e os diferentes níveis de interpretação. Disponível em: http://www. lerecompreendertextos.com.br/2012/09/a-leitura-e-os- diferentes-niveis-de.html. Acesso em: 3 maio 2014. UOL. O que é leitura crítica? Disponível em: http:// linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica- ortografia/37/artigo265053-1.asp. Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena Vale a pena ler Vale a pena acessar 20Português Instrumental O Clube de Leitura de Jane Austen Vale a pena assistirMinhas anotações 3ºAula Linguagem, língua e fala Caro(a) aluno(a), Estamos iniciando a nossa terceira aula e nela trataremos sobre a tríade que constituí a comunicação: Linguagem, Língua e fala. Em outras palavras, quando se fala em linguagem, estamos nos referindo, diretamente, à capacidade humana formada por leis combinatórias e signos linguísticos materializados pela mensagem. Assim, de modo a tornar efetiva a linguagem verbalizada, esta se condiciona a dois fatores: à língua e à fala. A língua é fator resultante da organização de palavras, segundo regras específicas e utilizadas por uma coletividade. E a fala cabe à concretização da língua que cada indivíduo, de uma dada comunidade, irá proferir. Iniciemos, então, nossa aula! Que tal!? Disposto a começar? Comecemos, então, analisando os objetivos e verificando as seções que serão desenvolvidas ao longo desta aula. Bom trabalho! Boa aula! objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, você será capaz de: • compreender a amplitude do conceito e da aplicação da linguagem, da língua e da fala; • entender e reconhecer a importância dos níveis de linguagem em diversos contextos de uso. 22Português Instrumental 1 - Linguagem, língua e fala. 2 - Níveis de linguagem. Seções de estudo 1 - Linguagem, língua e fala Somos educados a partir da teoria que o homem é um animal racional, isto é, pensa, sente, julga as coisas, possui uma inteligência e, por isso, temos dois mundos distintos: o mundo dos homens e dos animais. Eis uma tríade cuja materialização vincula- se a todo e qualquer processo comunicativo. Embora os concebemos como elementos utilizados para designar a mesma realidade, em se tratando do ponto de vista linguístico, os mesmos não devem ser confundidos, talvez até como termos sinônimos (MUNDO EDUCAÇÃO, 2014). Arquitetamos na consciência, uma espécie de “biblioteca” onde assentamos tudo o que é ouvido e entendido. Guardamos ideias, significados, expressões e com essa “base de dados” nos anunciamos verbalmente, seja pela fala ou pela escrita. Note que seria como se escolhêssemos, pegando na prateleira da biblioteca, palavra por palavra, criando estruturas de entendimento para a comunicação. Isso é quase parecido com uma receita de bolo: você + é + muito + legal, resultando naquilo que queremos dizer pelo que estamos sentindo ou sobre algo ou alguém. Vamos pensar um pouquinho mais? Para Refletir Vamos refletir sobre algumas importantes questões: Por que falamos? Por que não fazemos uso dos sinais ou uso de símbolos, como nas primeiras descobertas do uso da linguagem feitas pelo homem? Por que o homem, diferente dos outros animais, fala? Por que somente nós temos essa faculdade e, até onde se sabe, já impressa em nossa consciência? Poucas pessoas, cremos, tenham parado para ponderar ou interrogar sobre estas questões. Pesquisas e trabalhos realizados nesse sentido procuram, ainda, respostas precisas para a pergunta “por que o homem fala”. Segundo Bottéro (1997), o homem, na Mesopotâmia antiga, berço da civilização, percebeu a necessidade de comunicar-se e começou a criar possibilidade de entendimento entre si e os outros. Usou sinais e mensagens, expostas na aba de vasos. Seguindo o raciocínio de Bottéro (1997), a questão é que se tratava apenas de uma escrita de coisas: os significados diretos destes caracteres não eram as palavras de uma língua mas, em primeiro lugar e de modo imediato, as realidades expressas por estas palavras. Assim, levando-se em conta tais informações, podemos inferir que em um determinado momento da humanidade, o homem teve a necessidade de comunicar-se de algum modo, assim como em um determinado momento, passou a falar. É interessante pensar nestas questões porque refletimos e nos perguntamos a partir de quê ou do quê, o homem descobriu que possuía, além das existentes, a faculdade da linguagem. Ao acompanharmos o crescimento de uma criança, cada vez mais notamos como a necessidade de falar é presente na vida humana... Ademais, percebemos o quanto o ato de falar faz de nós mais parte do mundo, não é mesmo? É importante saber que algumas pesquisas na área da linguagem humana mostram que, no caso da criança, a primeira palavra murmurada já representa sua admissão no universo da linguagem e o abandono do estado da natureza ( estado primeiro/ primitivo). Assim, pode-se dizer que é a linguagem que autoriza a tomada de consciência do indivíduo como entidade distinta. Considerando que fazemos uso da linguagem, da língua que nos é ensinada e, consequentemente, falamos. Só não sabemos, por que, justamente pela fala, que comunicamo-nos uns com os outros. Outro assunto que intriga o pensamento e os mistérios da vida, ou melhor, reflete sobre a existência da comunicação falada entre os homens é: Por que falar, viver em sociedade com seres falantes, é quase uma necessidade de sobrevivência? Já pensou sobre isto? Idealizemos a seguinte situação: se eu, você, todos nós, ficássemos sem trocar uma palavra sequer com qualquer pessoa que fosse durante toda a vida! Possivelmente morreríamos de angústia...de solidão...não é verdade? Claro que, se nunca tivéssemos tido contato com a fala, com o som emitido pelos falantes ao falarem, com a língua , essa realidade -de falar -não existiria... Mas, pensemos mais um pouquinho! Aguentaríamos ficar um dia inteiro que fosse sem falar? Sem falar nada, categoricamente nada? Não aguentaríamos. Não é mesmo? Mas, o fato é que falamos! Para alguns teóricos que tratam sobre os estudos da linguagem, a língua se constitui nos primeiros indícios de identificação da humanidade no homem. A partir do uso da língua, é que foi possível ao homem sair de seu estado primário natural e chegar ao estado mais avançado, ou seja, ao estado cultural (oriundo da organização social). Inúmeros estudos feitos por pesquisadores preocupados em descobrir o porquê de o homem ter esta necessidade do uso da linguagem e o porquê da fala, vêm nos mostrar que isso é, definitivamente, uma faculdade humana. Algo que somente o homem tem como característica e que o difere dos outros animais. Vejamos: Saussure (2002, p. 17), no Curso de Linguística Geral, vai definir a língua como objeto de estudo e diferenciar a língua da fala. Para Saussure: A língua é o produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social, para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. Trata-se de um tesouro depositado pela prática da fala em todos os indivíduos pertencentes à mesma comunidade, um sistema gramatical que existe virtualmente em cada cérebro ou, mais exatamente, nos cérebros dum conjunto de indivíduos, pois a língua não está 23 Saber Mais Para ampliar seus conhecimentos sobre as diferenças entre a linguagem comum e a linguagem científica formal, própria dos textos acadêmicos/universitários, sugerimos que leia o artigo: MORTIMER, E. F.; CHAGAS, A. N.; ALVARENGA, V. T. Linguagem científica versus linguagem comum nas respostas escritas de vestibulandos. Disponível em: http://www.if.ufrgs.br/public/ensino/vol3/n1/v3_n1_a1.htm. Acesso em: 3 maio 2014. 2 - Níveis de linguagem completa em ninguém, e só na massa ela existe. A fala, ao contrário da língua, para Saussure (2002, p. 22) é algo puramente individual. “São as combinações pelas quais o falante realiza o código da língua no propósito de exprimir seu pensamento pessoa [...]”. É a maneira individual e particular que cada ser faz do uso da língua predominante em uma sociedade. Curiosidade O estudo nos ajuda a entende e a respeitar a existência dos sotaques regionais, as gírias e a forma que cada indivíduo tem de usar a língua. A linguística, partindo desse conceito de língua e fala, não pode, então, considerar que alguns “falam corretamente” e outros “falam erradamente”. O conceito de certo e errado deixa de existir, por ser a língua, a mesmapara todos os indivíduos de uma sociedade e algo já impresso na mente (conceitos e imagens acústicas) de todos os seres de um determinado tempo e espaço. Do ponto de vista científico, tudo o que consideramos “erro” ao “falar errado” é, na verdade, algum fenômeno ou acontecimento que pode e deve ser analisado por estudos linguísticos. Sossegados até aqui? Ok, então vamos em frente, pois a próxima seção traz uma discussão acerca da adequação da linguagem em uso efetivo. Como podemos perceber, a linguagem tem regras, princípios que precisam ser obedecidos. Geralmente, achamos que estas regras dizem respeito apenas à gramática normativa. Para a grande maioria das pessoas, expressar-se perfeitamente em língua portuguesa significa não cometer erros de ortografia, concordância verbal, acentuação etc. Há, no entanto, outro erro, mais comprometedor do que o gramatical, que é o de inconformidade da linguagem ao contexto. Em casa ou com amigos, nós empregamos uma linguagem mais informal do que nas provas da faculdade ou em uma entrevista para emprego. Ao conversar com os avós, não convém usar algumas gírias, pois eles poderiam ter dificuldades em nos compreender. Em um trabalho/atividade que vamos elaborar no curso superior, precisamos empregar um vocabulário mais formal. Estes fatos nos levam a concluir que existem níveis de linguagem, pois, optamos, conforme o contexto, pelo uso do padrão informal da linguagem ou pelo uso formal da linguagem. Por exemplo, podemos observar sobre o viés empresarial: Ao escrever a clientes, responder a solicitações, passar informações sobre diversos assuntos, subsidiar informações para a tomada de decisões, o texto deve apresentar frases curtas com um vocabulário simples e formal. Nem o vocabulário sofisticado nem as frases longas e rebuscadas contribuem para um rápido entendimento da mensagem, levando o leitor a um desperdício de tempo, quando não a uma desmotivação progressiva que acarretará, inconscientemente, a rejeição da mensagem. Não devemos nos esquecer que a mudança cultural imposta na linguagem das correspondências reflete também um estilo da vida moderna, em que a informação valorizada é aquela de mais fácil digestão — haja vista a grande influencia dos meios de comunicação em massa (FIRMINO, 2014, s/p). Além disso, devemos observar que esse leitor, por mais inteligente que possa aparentar, necessita de uma atenção para decodificar as palavras, reconhecer seus sentidos e identificar quais são as ideias existentes no texto. Assim, torna-se evidente que, quanto menor o esforço para decodificar o texto, mais o leitor aprenderá sobre a mensagem. Veja o esquema abaixo e perceba como os níveis da linguagem se organizam: Linguagem Formal, culta ou padrão l i n g u a g e m coloquial ou popular l i n g u a g e m profissional ou técnica Linguagem artística ou literária Faz uso das normas gramaticais Utiliza Gírias, Regionalismos etc. Técnica ou científica. É uma linguagem Literária ou poética. Vejamos, então, alguns níveis de linguagem: a) Nível formal, culto ou padrão: trata-se de uma linguagem mais formal, que segue os princípios da gramática normativa. É empregada na escola, no trabalho, nos jornais e nos livros em geral. Observe esse trecho de jornal: A polêmica não é nova, nem deve extinguir-se tão cedo. Afinal qual a legitimidade e o limite do uso de recursos públicos para salvaguardar a integridade do sistema financeiro? (...) (Folha de São Paulo, 14 de março de 1996, Editorial). b) Nível coloquial, popular: é a linguagem empregada no cotidiano. Geralmente é informal, incorpora gírias e expressões populares e não obedece às regras da gramática normativa. Veja os exemplos abaixo: “Sei lá! Acho que tudo vai ficar legal. Prá que então ficar esquentando muito? Me parece que as coisas no fim sempre dão certo”. Estou preocupado (norma culta). Tô preocupado (língua popular). Tô grilado (gíria, limite da língua popular). c) Nível profissional ou técnico: é a linguagem que alguns profissionais, como advogados, economistas, médicos, dentistas etc. utilizam no exercício de suas atividades. d) Nível artístico ou literário: é a utilização da 24Português Instrumental retomando a aula Retomar conhecimentos é fundamental para sedimentar o processo de aprendizagem. Assim, convidamos você a relembrar os estudos realizados na aula 3! linguagem com finalidade expressiva pelos artistas da palavra ( poetas e romancistas, por exemplo) alguns gramáticos já incluem este item na linguagem culta ou padrão. Assim, dominar uma língua não significa apenas conhecer normas gramaticais, mas, sobretudo, empregar adequadamente esta língua em várias situações do cotidiano, tais como na faculdade, no trabalho, com os amigos, em um exame de seleção, no trabalho etc. Também é importante assegurar algumas características mediante as normas gramaticais e mais alguns níveis de linguagens em outras profissões, como: marketing, administração, contabilidade. Segundo Firmino (2014): Concisão significa expressar o máximo de informações sem repetições e excesso de ideias. Assim, para cumprir esse objetivo, é preciso determinar com precisão as informações realmente relevantes, bem como avaliar o significado das palavras e expressões utilizadas, sendo conciso, mas que contem uma ideia significativa. A objetividade refere-se a toda a ideia apresentada que, direta ou indiretamente, levam a informação a ser transmitida. Entretanto, é importante que se apresente os pontos principais com precisão.. Outro ponto fundamental é clareza, que objetiva a organização das ideias a fim de transmiti-las com êxito ao seu interlocutor. Característica que pode-se dizer ser a mais difícil de executar, por exigir do emissor uma elaboração com que possa pensar em como essa mensagem chegará ao seu leitor, e se as palavras elaboradas estão sendo compreendidas com sucesso. Um exemplo do que estamos dizendo são as famosas brincadeiras verbais, muitas delas usadas como apelo de marketing, do tipo: Cachorro faz mal à moça! Na verdade, é um sanduiche cachorro-quente. Pedro e Paulo vão se separar. Eles não são casados entre si. Cada um vai separar-se de sua respectiva mulher Assim, concluímos que a coerência é a conexão entre as palavras e as ideias a serem apresentadas, sendo necessária para que tenha uma lógica em seu contexto, seja qual for sua área ou público. Nesse sentido, nossa língua escrita tem uma disciplina maior do que a língua falada, e a relação de sentido se faz extremamente fundamental para a sua lógica e articulação das ideias ao seu receptor. Imagino que você tenha relembrado os conhecimentos que acabamos de estudar! Contudo, caso tenha alguma dúvida, é importante que releia a aula e escreva-a no quadro de avisos que terei muito prazer em saná-la. Ah, não se esqueça de realizar as atividades propostas para a Aula 3! 1 - Linguagem, língua e fala. Na primeira seção vimos que a linguagem é todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação. Pode ser verbal (aquela cujos sinais são as palavras) e não verbal (aquela que utiliza outros sinais que não as palavras. Os sinais empregados pelos surdos-mudos, o conjunto dos sinais de trânsito, mímica, etc., constituem tipos de linguagem não verbal). Ademais, reconhecemos que a língua é um tipo de linguagem; é a única modalidade de linguagem baseada em palavras. O alemão e o português, por exemplo, são línguas diferentes. No entanto, a língua é a linguagem verbal utilizada por um grupo de indivíduos que constitui uma comunidade. Finalmente, reconhecemos que a fala é a realização concreta da língua, feita por um indivíduo da comunidade num determinado momento. É um ato individual que cada membro pode efetuar com o uso da linguagem. 2 - Níveis de linguagem. Já na segunda seção pudemos construir, dentre outros, conhecimentossobre a importância de utilizar, para cada contexto e/ou situação comunicativa, uma linguagem adequada, uma vez que os níveis de linguagem dizem respeito ao uso da fala e escrita em uma determinada situação comunicativa. A linguagem se estabelece além de somente normas gramaticais. O emissor e o receptor devem estar em concordância para que haja entendimento. ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1996. ECO, Umberto; ANGONESE, Antonio (Tradutores). A busca da língua perfeita. Bauru: EDUSC, 2002. KOCH, Ingedore G. Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos (Colaboradores). A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2001. BLOG SEMIÓTICA. Como se definem os signos. Disponível em: http://semioticacom102.blogspot.com/2008/10/como- se-definem-os-signos-2-signo.html. Acesso em: 3 maio 2014. MORTIMER, E. F.; CHAGAS, A. N.; ALVARENGA, V. T. Linguagem científica versus linguagem comum nas respostas escritas de vestibulandos. Disponível em: http://www.if.ufrgs.br/public/ ensino/vol3/n1/v3_n1_a1.htm. Acesso em: 3 maio 2014. MUNDO EDUCAÇÃO. Linguagem, língua e fala. Disponível em: http://www.mundoeducacao.com.br/gramatica/ linguagem-lingua-fala.htm. Disponível em: 3 maio 2014. PARTES. Teoria, signos e reflexão. Disponível em: http:// www.partes.com.br/ed39/teoriasignosreflexaoed39.htm. Acesso em: 3 maio 2014. UNISUL. Linguagem. Disponível em: http://www3.unisul. br/paginas/ensino/pos/linguagem/0102/05.htm. Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena Vale a pena ler Vale a pena acessar 4ºAula Modalidades oral e escrita Caro(a) aluno(a), Estamos iniciando a nossa quarta aula e nela trataremos sobre um tema muito interessante, as modalidades da língua oral e escrita. Podemos dizer que as modalidades não são somente um instrumento para efetivar a nossa comunicação, mas, sim, uma forma de mostrar socialmente aquilo que estamos pensando. Ou seja, a fala e a escrita são sistemas comunicativos que expressam a língua nas mais diferentes práticas sociais. É inserido nesse contexto que iniciamos a nossa aula! Que tal!? Disposto a começar? Comecemos, então, analisando os objetivos e verificando as seções que serão desenvolvidas ao longo desta aula. Bom trabalho! Boa aula! objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, você será capaz de: • compreender a amplitude da linguagem falada em suas mais variadas situações; • entender e perceber como e quando ocorre a linguagem não verbal em contextos diversos; • identificar e compreender a linguagem escrita e suas engrenagens linguísticas. 26Português Instrumental 1 - Introdução. 2 - Linguagem falada. 3 - Linguagem não verbal. 4 - Linguagem escrita. Seções de estudo 1 – introdução 2 - Linguagem falada Vamos iniciar refletindo sobre a seguinte afirmação: Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala. Pois é. U purtuguêis é muinto fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soubé falá sabi iscrevê. O comentário é do humorista Jô Soares, para a revista Veja. Ele brinca com a diferença entre o português falado e escrito. Na verdade, em todas as línguas, as pessoas falam de um jeito e escrevem de outro. A fala e a escrita são duas modalidades diferentes da língua e é com esse fato que o Jô brincou (UOL, 2014). Esta afirmação que acabamos de ler foram ditas pelo apresentador Jô Soares. Com elas, convidamos você a iniciar os estudos da quarta aula! Vamos em frente! [...] por trás de cada texto está o sistema da linguagem. A esse sistema correspondem no texto tudo o que é repetido e reproduzido e tudo que pode ser repetido e reproduzido, tudo o que pode ser dado fora de tal texto (o dado). Concomitantemente, porém, cada texto (como enunciado) é algo individual, único e singular, e nisso reside todo o seu sentido (a sua intenção em prol da qual ele foi criado). É aquilo que nele tem relação com a verdade, com a bondade, com a beleza, com a história (BAKHTIN, s/d). O trabalho de Bakhtin é considerado influente na área de teoria literária, crítica literária, sociolinguística, análise do discurso e semiótica. Este pensador, “na verdade um filósofo da linguagem e sua linguística é considerada uma ‘trans-linguística’ porque ela ultrapassa a visão de língua como sistema. Isso porque, para Bakhtin, não se pode entender a língua isoladamente, mas qualquer análise linguística deve incluir fatores extralinguísticos como contexto de fala, a relação do falante com o ouvinte, momento histórico etc.” (EDITORA CONTEXTO, 2014). A citação de Bakhtin deixa clara a importância da linguagem na produção de um texto, uma vez que as características individuais de cada autor se fazem presentes na trama textual. Dessa forma, a língua portuguesa é rica e poderíamos nos equivocar nas mais diversas nomenclaturas e classificações. Há vários autores que denominam e dividem a linguagem de muitas formas e todos têm suas razões de fazê-lo. Optamos pelo esquema que segue, por crermos que ele resume de maneira bastante clara as diversas linguagens, as quais são utilizadas para dividir, em seções, esta quarta aula! a) linguagem falada; b) linguagem não-verbal; c) linguagem escrita. Vamos recordar? Vejamos cada uma delas? Vamos ver o que o teórico Almeida (2000, p. 29-43), em seu livro S.O.S. Redação e Expressão nos apresenta: Saber Mais Vocês podem saber mais sobre a linguagem falada acessando o site: RECANTO DA LETRAS. Artigos. Disponível em: http://recantodasletras. uol.com.br/artigos/431248. Acesso em: 3 maio 2014. A linguagem falada, também conhecida como coloquial, é a maneira mais comum de nos expressarmos em nosso dia a dia. Ela é, via de regra, informal, logo sem muita correção gramatical. Assim como afirma Gold (2010, p.13): As situações linguísticas são muito complexas. Em um panorama sucinto das duas principais variações, temos: • As variações de uso regional, que se verificam na entonação, no vocabulário e em algumas estruturações sintáticas, caracterizando uma comunidade linguística em determinado espaço geográfico. Este tipo é denominado dialeto; • As variações decorrentes de ajustes em função da situação contextual e do destinatário. Como consequência, podemos separar várias modalidades e níveis de língua: escrita, falada, do jurídico, dos economistas, dos internautas etc. a estas variações dá-se o nome de registros (GOLD, 2010). Dessa maneira, é relevante atentar-se que essas variações sobre dialetos e registros vão variar e ser usadas conforme a distinção social, origem do indivíduo, escolaridade, dentre outros fatores. Assim, temos uma brevia construção de uma imagem que está ligada sobre a utilização dos termos citados. Observamos um exemplo sobre a variante existente entre a língua falada e língua escrita, segundo Gold (2010, p.14): Língua falada Língua escrita Vulgar Não existe preocupação com a norma gramatical, é usada por indivíduos não letrados, sem nenhuma alfabetização. Vulgar Usada por pessoas sem escolaridade. Coloquial despreocupada Língua usada em conversação corrente, podendo ter gírias, ou expressões familiares e um cuidado gramatical mínimo. Despreocupada usada por pessoas escolarizadas, mas não exige uma importância gramatical/verbal com tanta rigidez, como a escrita de um bilhete. Coloquial culta Existe uma preocupação gramatical, utilizada em palestras, aulas e reuniões. Formal Exige seguir as normas gramaticais corretamente, sendo usada em correspondências empresariais, apresentações e livros. Formal imita em todo o processo a escrita, e por isso soa
Compartilhar