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15 1 Profa. MSc. Larissa de Paula Anatomia Humana Aulas 1 e 2 15 2 Organização e Terminologia 15 3 Diferenças morfológicas (externamente ou em quaisquer dos sistemas) sem prejuízo funcional VARIAÇÃO ANATÔMICA 15 4 VARIAÇÃO ANATÔMICA 15 5 Variações morfológicas que determinam uma perturbação funcional (prejuízo) Variações morfológicas que deformam profundamente a construção do corpo sendo, em geral, incompatíveis com a vida ANOMALIA E MONSTRUOSIDADE 15 6 Fatores gerais: Idade Sexo Raça VARIAÇÃO ANATÔMICA 15 7 Biotipo: caracteres herdados + adquiridos por influência do meio e da sua interrelação Tipo médio e tipos extremos (longilíneos/brevilíneos), além de tipos mistos VARIAÇÃO ANATÔMICA 15 8 POSIÇÃO ANATÔMICA 15 9 PLANOS DE DELIMITAÇÃO 15 10 Mediano: divide o corpo humano em metades direita e esquerda → secção sagital (sagitta =seta) PLANOS DE SECÇÃO 15 11 Frontal: paralelo aos planos ventral e dorsal → secção frontal PLANOS DE SECÇÃO 15 12 Horizontal: paralelo aos planos cranial, podálico e caudal → secção transversal PLANOS DE SECÇÃO 15 13 Mediano Lateral Ventral Dorsal Transversal Anteroposterior TERMOS DE POSIÇÃO 15 14 Sistema Tegumentar 15 15 Um homem de 27 anos foi vítima de uma explosão de gasolina e apresentou queimaduras em sua face, pescoço, tórax e braços. Ao entrar na sala de emergência, reclamou de intensa dor na face e no pescoço, locais com extensas bolhas e eritema (vermelhidão). Surpreendentemente, todos esses achados estavam ausentes no tórax e nos braços queimados, que tinham uma aparência pálida como cera. O exame físico revelou que a pele no tórax e nos braços estava endurecida e com falta de sensibilidade. O médico da sala de emergência comentou com um estudante de medicina que o paciente apresentava queimaduras de 3º grau na pele dessas regiões e que seria necessária a retirada das escaras da queimadura (tecido traumatizado) e subsequente enxerto de pele. Por que as áreas que apresentavam queimaduras de 2º grau estavam vermelhas, bolhosas e doloridas, enquanto as que apresentavam queimadura de 3º grau estavam pálidas e insensíveis, inclusive para dor? Por que o tórax e os braços necessitavam de enxerto de pele, mas provavelmente a face e o pescoço não? CASO CLÍNICO 15 16 Sistema que inclui a pele e seus anexos (pelos, unhas e glândulas) Atua como interface dinâmica entre o ambiente externo (que continuamente apresenta mudanças) e o ambiente interno, mantendo a homeostasia DEFINIÇÃO 15 17 Órgão vivo mais pesado (cerca de 7% do peso corporal) e mais extenso do corpo (cobre mais de 76 m² no adulto médio) Espessura variável: média de 1,5 mm Mais espessa nas partes do corpo mais expostas ao uso e ao desgaste, como palmas das mãos e plantas dos pés (cerca de 6 mm) Mais fina nas pálpebras, genitais externos e membrana timpânica (cerca de 0,5 mm) PELE 15 18 Aparência geral fornece indícios para certas disfunções do corpo Pele pálida: choque Pele avermelhada, vermelha e quente: febre Erupção cutânea: alergia ou infecções locais Unhas corroídas: ansiedade/depressão Texturas anormais: disfunções glandulares ou nutricionais PELE 15 19 15 20 Superficial Não seletiva Não vascularizada Formada por epitélio estratificado pavimentoso Espessura variável de 0,007 a 0,12 mm Ajusta-se perfeitamente sobre a derme EPIDERME 15 21 15 22 Camada basal Profunda, em contato direto com a derme Uma única camada de células cúbicas: queratinócitos, melanócitos, células táteis (células de Merkel) e dendrócitos granulares não pigmentados (células de Langerhans) Em constante divisão mitótica e deslocamento para renovação da epiderme, exceto células táteis EPIDERME 15 23 Camada basal Queratinócitos Células especializadas que produzem a proteína queratina: fortalece e impermeabiliza a pele Afastados dos nutrientes e de O2 provenientes da derme: núcleos degeneram, conteúdos celulares dominados por queratina e queratinização se completa EPIDERME 15 24 Camada basal Melanócitos Células epiteliais especializadas que sintetizam o pigmento melanina → barreira protetora contra a radiação ultravioleta da luz solar Células táteis (células de Merkel) Ajudam na recepção tátil EPIDERME 15 25 Camada basal Dendrócitos granulares não pigmentados (células de Langerhans) Dispersos ao longo da membrana basal Células macrofágicas protetoras que englobam bactérias e outros resíduos estranhos EPIDERME 15 26 Camada espinhosa De 4 a 10 camadas de células cuboides com núcleo grande, oval e central Aparência espinhosa em razão dos prolongamentos que surgem dos queratinócitos quando o tecido é fixado para microscopia Mitose limitada EPIDERME 15 27 Camada granulosa De 3 a 4 camadas de células com núcleo atrofiado, achatadas e com grânulos cheios de ceratoialina (precursor químico da queratina) Grânulos de ceratoialina e grânulos de substância fosfolipídica associada à glicosaminoglicanas → barreira entre as células e impedimento da passagem de compostos e água EPIDERME 15 28 Camada lúcida Somente lábios, palma das mãos e planta dos pés Fina camada de células achatadas, cujos núcleos, organelas e membranas celulares apresentam sinais de degeneração e não estão mais visíveis Na microscopia, aparece clara EPIDERME 15 29 Camada córnea De 25 a 30 camadas de células mortas queratinizadas, sem núcleo e achatadas Células se desprendem da superfície todos os dias, sendo substituídas por novas células Camadas se sobrepõem, formando uma estrutura rígida e hidrófila → proteção contra agentes físicos, químicos e biológicos; além de impedir evaporação EPIDERME 15 30 Camada córnea Camada cornificada: ressecamento e achatamento da camada córnea, produzidos pela queratinização Adaptação importante da pele Fricção na superfície estimula atividade mitótica na camada basal e na camada espinhosa, resultando em formação de um calo para maior proteção EPIDERME 15 31 Renovação da epiderme Cerca de 4 semanas Perda de mais de 0,5 kg a cada ano 15 32 15 33 15 34 Mais profunda e espessa que a epiderme Formada por tecido conjuntivo, contém fibras elásticas e colágenas, vasos sanguíneos, terminações nervosas, órgãos sensoriais e glândulas Células são os fibroblastos, responsáveis pela produção das fibras e de uma substância gelatinosa, a substância amorfa (água, polissacarídeos e proteínas) DERME 15 35 15 36 15 37 Constituída por duas camadas Camada papilar Em contato com a epiderme, ocupando cerca de 1/5 de toda a derme Numerosas projeções (papilas) se estendem da parte superior da derme em direção à epiderme → formam as bases para as cristas de fricção dos dedos DERME 15 38 Impressões digitais Imutável e única em cada indivíduo, inclusive entre gêmeos univitelinos (unicidade) Síndrome de Nagali → mal funcionamento da proteína queratina 14 DERME 15 39 Camada reticular Fibras mais densas e dispostas regularmente, formando uma rede resistente e flexível Totalmente distensível (grávidas e obesos), podendo provocar rupturas se demasiadamente distendida Reparo da área distendida deixa uma linha branca (linha albicans ou estria) Frequentes nas nádegas, coxas, abdome e mamas DERME 15 40 Tecido conjuntivo frouxo e células adiposas Varia nas diferentes partes do corpo e não existe em algumas (ex.: pálpebras) Cerca de 8% mais espessa no sexo feminino Distribuição diferente nos dois sexos Impede perda de calor Reserva de energia HIPODERME 15 41 Proteção física Barreira contra micro-organismos, água e raios ultravioleta excessivos Secreções oleosas sobre a superfície: película ácida protetora (pH 4,0 a 6,8) que retarda o crescimento da maioria dos micro-organismos Queratina → impermeabilizante Camada córnea: resiste às raspagens e mantém micro-organismos para fora FUNÇÕES 15 42 Proteção física Raios ultravioleta:estimula melanócitos da camada basal a sintetizar melanina, que absorve e dispersa a luz Atrito na superfície: epiderme se espessa, aumentando a frequencia de mitoses nas camadas basal e espinhosa, resultando em um calo protetor FUNÇÕES 15 43 Hidrorregulação Espessamento, queratinização e cornificação da epiderme, além de uma proteína polissacáride aderindo camada basal à derme → impermeabilização e proteção contra desidratação em áreas secas e absorção excessiva quando submersos em água FUNÇÕES 15 44 Termorregulação Temperatura normal: 36,5 a 37,0ºC Mantida de três maneiras: Perda de calor pelos vasos sanguíneos dilatados Retenção de calor pelos vasos sanguíneos contraídos Evaporação da transpiração FUNÇÕES 15 45 Termorregulação Volume da transpiração depende do quanto o corpo está aquecido: aumenta cerca de 100 a 150 mL/dia para cada 1ºC de elevação na temperatura Exercício físico rígido ao ar livre no verão: de 1 a 10 litros de transpiração por hora FUNÇÕES 15 46 Termorregulação Perda excessiva de calor ativa resposta de tremores nos músculos, que aumenta metabolismo celular → contração dos músculos esqueléticos e dos músculos eretores dos pelos (ligados aos folículos pilosos) FUNÇÕES 15 47 Termorregulação Maior quantidade de ar presa entre os pelos arrepiados → barreira de proteção térmica FUNÇÕES 15 48 15 49 15 50 Síntese Melanina e queratina: mantêm na pele a síntese de vitamina D, que começa com a ativação de uma molécula precursora através dos raios ultravioleta Vitamina D ativa entra na circulação sanguínea e ajuda a regular o metabolismo de cálcio e fósforo: ossos fortes e sadios Raquitismo FUNÇÕES 15 51 15 52 15 53 15 54 Sensibilidade Receptores altamente especializados na derme → resposta a estímulos precisos de calor, frio, pressão, tato, vibração e dor Abundantes na pele da face, palmas das mãos, plantas dos pés, dedos e genitais externos De modo geral → quanto mais fina a pele, maior a sensibilidade FUNÇÕES 15 55 Sensibilidade Corpúsculos de Meissner → mecanorreceptores Terminações nervosas livres → termorreceptores, receptores táteis e receptores para dor Plexos da raiz dos pelos → receptores táteis Corpúsculos de Pacini → mecanorreceptores Corpúsculos de Ruffini → mecanorreceptores Corpúsculos de Krause → mecanorreceptores FUNÇÕES 15 56 15 57 Comunicação Emoções como raiva ou preocupações podem se refletir em mudanças de cor na pele Contração dos músculos faciais específicos produz expressões faciais que demonstram uma série de emoções → amor, surpresa, felicidade, tristeza, etc. Secreções de certas glândulas tegumentares têm odores que despertam respostas subconscientes em outros indivíduos que os detectam FUNÇÕES 15 58 Melanina + caroteno + hemoglobina Melanina Marrom-preto, produzido nos melanócitos Indivíduos de estaturas semelhantes → número aproximadamente igual de melanócitos, mas quantia de melanina produzida e sua distribuição diferem entre as raças COLORAÇÃO DA PELE 15 59 Melanina Albinismo: número normal de melanócitos, mas ausência da enzima tirosinase – converte aminoácido tirosina em melanina COLORAÇÃO DA PELE 15 60 Melanina Sardas: agregados de melanina, formando manchas Vitiligo: falta de melanócitos em áreas localizadas, causando manchas brancas Hiperqueratoses seborreicas: crescimento de manchas marrons após os 50 anos COLORAÇÃO DA PELE 15 61 15 62 15 63 Caroteno Pigmento amarelado encontrado em certas plantas produtoras, como cenoura Tende a se acumular nas células da camada córnea e partes gordurosas da derme Hemoglobina Ligado ao O2 presente nas hemácias Sangue oxigenado flui pela derme → tons rosados COLORAÇÃO DA PELE 15 64 15 65 Característica fundamental dos mamíferos Formados a partir do folículo piloso Ausentes em algumas regiões Longos: cabeça, face, axilas e sínfise púbica Coloração depende da quantidade de melanina Protege contra luz solar (cabelos e sobrancelhas), partículas poluentes (cílios e vibrissas) e lesões mecânicas (cabelos) PELOS 15 66 15 67 Haste Parte visível (morta), que se projeta sobre a superfície da pele Bulbo Base alargada da raiz dentro do folículo piloso Cada pelo se desenvolve a partir das células da camada basal no interior do bulbo, recebendo nutrientes dos vasos sanguíneos da derme PELOS 15 68 No ângulo formado pela raiz do pelo e a superfície da pele, encontra-se um feixe de fibras musculares lisas denominado músculo eretor do pelo PELOS 15 69 Crescem cerca de 1 mm a cada 3 dias Quando longos, entram em período de repouso: crescimento mínimo Duram 3 a 4 meses (cílios) até 3 a 4 anos (cabelos) Pelos perdidos são substituídos por pelos novos que crescem a partir da base do folículo e os empurram Perda de 10 a 100 pelos diariamente Calvície: cabelo perdido não substituído PELOS 15 70 15 71 Medula Células livremente dispostas separadas por numerosas células aéreas Córtex Espesso, envolve medula e consiste em células endurecidas e firmemente juntas Cutícula Células têm margens dentadas que dão ao pelo aparência escamosa PELOS 15 72 Tipos de pelos Lanugem: fino, fetal e sedoso, que aparece durante o último trimestre (normalmente visto somente em crianças prematuras) Velo: curto, fino e que substitui a lanugem, especialmente abundante em crianças e mulheres Pelo terminal: grosso, pigmentado (exceto em idosos) e às vezes ondulado PELOS 15 73 Tipos de pelos Pelo angorá Cresce continuamente: couro cabeludo e face de homens adultos Pelo definitivo Terminal: cílios, sobrancelhas, pelos púbicos e pelos axilares PELOS 15 74 Fases do crescimento Anágena/Crescimento ativo Crescimento capilar e queratinização (2 a 6 anos) Catágena/Regressão Parada mitótica (3 semanas) Telógena/Repouso Pelo cai e novo pelo emerge em substituição ao anterior (3 a 4 meses) PELOS 15 75 15 76 Placas curvas queratinizadas, dispostas na superfície dorsal das falanges distais Função protetora Corpo: distal, exposta Raiz: proximal, oculta Leito ungueal*: altamente vascularizado e inervado *Vale da unha UNHAS 15 77 Corpo Semelhante a uma lâmina, repousa sobre o leito ungueal (camada espinhosa da epiderme) Corpo e leito aparecem rosados por causa do tecido vascular subjacente Lados do corpo protegidos por uma prega da unha Sulco entre lados e corpo: sulco da unha UNHAS 15 78 Margem livre Estende-se em cima de uma região espessada da camada córnea (hiponíquio) Eponíquio → cutícula, cobre a margem oculta Matriz da unha Área de crescimento Parte pequena (lúnula) pode ser vista sob a forma de uma meia-lua próxima ao eponíquio UNHAS 15 79 Crescimento: transformação das células superficiais da matriz em células de unha Células de unha, mais duras e transparentes, são empurradas para diante sobre as camadas basal e espinhosa do leito da unha Crescem cerca de 1 mm por semana Crescimento mais lento nos dedos dos pés UNHAS 15 80 Sebáceas Desenvolvem-se a partir do epitélio folicular Ausentes nas regiões palmar e plantar Holócrinas: secretam sebo para haste do pelo, que se dispersa na superfície, lubrificando e impermeabilizando a camada córnea Ductos obstruídos: infecção (acne) Produção/secreção regulada por hormônios sexuais GLÂNDULAS 15 81 15 82 Sudoríparas Atuam na regulação da temperatura corporal porque sua secreção (suor = água + sais + ureia + ácido úrico) absorve calor por evaporação da água Mais numerosas nas palmas das mãos, plantas dos pés e regiões axilar, púbica e fronte Apócrinas: região axilar e púbica Écrinas: outras regiões GLÂNDULAS 15 83 Sudoríparas Possuem um longo e tortuoso ducto excretor que atravessa a epiderme e se abre na superfície da pele por meio de um poro GLÂNDULAS 15 84 Sudoríparas Apócrinas Muito maiores que as écrinas Secretam nos folículos pilosos Não funcionantes atéa puberdade Secreções odoríferas atuam como atração sexual GLÂNDULAS 15 85 Sudoríparas Écrinas Amplamente distribuídas na superfície do corpo, especialmente fronte, dorso, palmas das mãos e plantas dos pés Formadas antes do nascimento Atuam no resfriamento por evaporação GLÂNDULAS 15 86 Sudoríparas Glândulas mamárias Glândulas sudoríparas presentes no interior das mamas, especializadas em secretar leite durante o período de lactação Femininas: alcançam maior desenvolvimento durante os meses da gravidez, sob estímulo dos hormônios hipofisários e ovarianos GLÂNDULAS 15 87 Ceruminosas Localizadas no meato acústico externo Secretam cerume → repele água e insetos, e protege tímpanos contra agressões externas (mantém membrana flexível); porém em excesso interfere na audição GLÂNDULAS 15 88 O eritema e as bolhas são característicos de queimaduras do 2º grau, confirmados pelos vasos sanguíneos intactos e funcionantes na derme poupada. Em queimaduras de 3º grau, a derme inteira e seus vasos são destruídos, explicando a ausência desses achados. Além disso, estão destruídas as terminações nervosas e outras terminações de nervos dos órgãos que se situam na derme, resultando em uma área dessensibilizada. Ao contrário, nas queimaduras de 2º grau, um número significativo dessas estruturas estão poupadas, e funcionalmente a sensibilidade está preservada – inclusive a dor. As áreas com queimaduras de 3º grau devem todas necessitar de enxerto a fim de evitar infecções, uma das funções vitais da pele. Nas queimaduras de 2º grau, a derme poupada serve como barreira contras as bactérias. Por conseguinte, os enxertos de pele são habitualmente desnecessários, especialmente se um número suficiente de anexos da pele estiver poupado – uma vez que essas estruturas servem como pontos de partida para a regeneração do epitélio. RESOLUÇÃO 15 89 Sistema Esquelético 15 90 Um homem com 68 anos de idade visitou seu médico de família para o seu primeiro exame físico em 30 anos. Ao perceber que o paciente estava preocupado, o médico educadamente tentou determinar o motivo. Em resposta ao interrogatório, o paciente afirmou: “A enfermeira que mediu minha altura é incompetente! Eu sei que quando estava na Marinha, a minha altura era 1,80 m, mas ela me disse que eu tenho 1,63 m!”. O médico então realizou nova medição e observou que embora a postura do paciente fosse excelente, ele realmente tinha 1,63 m, confirmando a medida da enfermeira. Ele explicou ao paciente que a coluna vertebral contém alguns tecidos não ósseos que encolhem um pouco durante os anos. O paciente o interrompeu e declarou, indignado, que conhecia termos e princípios anatômicos, e que gostaria de uma explicação detalhada. Como você explicaria a anatomia da coluna vertebral e as mudanças que sofre durante o processo de envelhecimento? CASO CLÍNICO 15 91 Proteção para órgãos vitais Sustentação e conformação do corpo Armazenamento de gorduras Armazenamento de íons cálcio e fósforo Apoio aos músculos esqueléticos na contração Sistema de alavancas (amplia forças na contração) FUNÇÕES 15 92 Tipo especializado de tecido conjuntivo formado por células e material extracelular calcificado (matriz óssea) Através da matriz não há difusão de substâncias: nutrição por canalículos existentes na matriz, que permitem troca de moléculas/íons entre capilares sanguíneos e osteócitos TECIDO ÓSSEO 15 93 15 94 Compacta Lamínulas de tecido ósseo encontram-se fortemente unidas umas às outras pelas suas faces (sem espaço livre interposto) Encontrado nas diáfises dos ossos longos, na periferia dos ossos curtos e nas tábuas dos ossos chatos SUBSTÂNCIA ÓSSEA 15 95 Esponjosa Lamínulas ósseas, mais irregulares em forma e tamanho: deixam entre si espaços ou lacunas que se comunicam umas com as outras Reveste cavidade medular Centros das epífises dos ossos curtos e chatos SUBSTÂNCIA ÓSSEA 15 96 15 97 Ossos do crânio Substância esponjosa intercalada entre lâminas de substância compacta: proteção para lâmina óssea compacta interna e encéfalo SUBSTÂNCIA ÓSSEA 15 98 Axial Mediano Forma o eixo do corpo Ossos da cabeça Pescoço Tronco DIVISÃO ESQUELÉTICA 15 99 Apendicular Apenso ao esqueleto axial Membros superiores Membros inferiores DIVISÃO ESQUELÉTICA 15 100 De acordo com posição: Axial Apendicular De acordo com forma: Longo Laminar Curto Irregular Pneumático Sesamoides CLASSIFICAÇÃO 15 101 15 102 15 103 FRATURAS Transversa Linear Oblíquas Espiral CominutivaGalho Verde 15 104 Sangue coagula, células brancas se concentram para destruir células danificadas e detritos (imediata) Fibroblastos constroem tecido fibroso (dias) Osteoblastos se multiplicam e formam novo tecido ósseo, inicialmente esponjoso (1 a 2 semanas) Vasos sanguíneos se reconectam e tecido ósseo é remodelado, formando osso compacto denso (2 a 3 meses) REPARAÇÃO 15 105 15 106 A altura (extensão total) da coluna vertebral é igual à soma das espessuras das vértebras mais a soma das espessuras dos discos intervertebrais. O corpo em uma vértebra consiste em osso compacto externamente e osso esponjoso internamente. Um disco intervertebral consiste em uma bainha de fibrocartilagem chamada anel fibroso e uma porção central mucóide chamada núcleo pulposo. Os discos intervertebrais geralmente mudam suas configurações anatômicas quando a pessoa envelhece. No adulto jovem, o núcleo pulposo é esponjoso e úmido. Com o avançar da idade, porém, ele resseca, resultando no achatamento do disco intervertebral. Coletivamente, os discos intervertebrais respondem por 25% da altura da coluna vertebral. Como eles se achatam com a idade, há uma diminuição gradual na altura total de uma pessoa. Perda de altura também pode ser o resultado de compressão por fraturas dos corpos vertebrais não diagnosticadas e que são comuns em pessoas idosas. Esse fenômeno, contudo, é considerado patológico e não é um aspecto do processo de envelhecimento normal. Em uma pessoa com osteoporose, há frequentemente uma diminuição marcante em sua altura e talvez problemas clínicos mais sérios, como a compressão de nervos espinhais. RESOLUÇÃO 15 107 Sistema Articular 15 108 Um jogador universitário de futebol com 20 anos de idade sofreu uma lesão em seu joelho direito durante o jogo de abertura da temporada. Como o joelho inchou rapidamente e ele se queixava de fortes dores, foi levado para a sala de emergência do hospital local. Ao ser indagado pelo médico que o atendeu, o atleta respondeu: “Eu estava conduzindo a bola correndo pela extrema esquerda e quando firmei o pé direito e me dirigia para fazer o corte, fui atingido no lado de fora do joelho. Eu percebi que meu joelho tivera se deslocado e senti uma dor como se estivessem cortando o lado de dentro de meu joelho”. O exame físico feito pelo médico revelou inchaço acentuado na parte medial do joelho. O médico concluiu que uma pressão em valgo (uma pressão que dobrou o joelho medialmente) fez com que a face medial da articulação se “abrisse”. Qual estrutura estabilizadora foi, provavelmente, lesada? Qual estrutura cartilagínea é frequentemente atingida em associação com a estrutura previamente mencionada? Há alguma explicação anatômica? Quais são algumas outras estruturas estabilizadoras do interior do joelho que frequentemente são atingidas em jogos esportivos? CASO CLÍNICO 15 109 Conjunto de articulações responsáveis pela união entre ossos ou entre ossos e cartilagens, permitindo sua mobilidade DEFINIÇÃO 15 110 Determina direção e amplitude do movimento Fibrosas Suturas Sindesmoses Gonfose CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURAL 15 111 15 112 Idade avançada Ossificação da articulação presente durante o crescimento (sinostose), fazendo com que suturas desapareçam, juntamente com elasticidade FIBROSAS 15 113 15 114 Determina direção e amplitude do movimento CartilaginosasSincondroses Sínfises Sinoviais CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURAL 15 115 SINCONDROSES 15 116 SÍNFISES 15 117 SINOVIAIS 15 118 15 119 15 120 15 121 DISCOS E MENISCOS 15 122 15 123 Baseia-se no grau de movimento permitido Sinartroses Anfiartroses Diartroses CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL 15 124 15 125 15 126 O movimento das articulações depende da forma das superfícies que entram em contato e dos meios de união que podem limitá-lo Em torno de 1, 2 ou 3 eixos Monoaxial Biaxial Triaxial CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL 15 127 15 128 Plana: planas ou ligeiramente curvas, permitindo deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção Gínglimo: ou dobradiça, sendo que os nomes referem-se muito mais ao movimento que realizam do que à forma das superfícies articulares (caso concreto em que o critério morfológico não foi rigorosamente obedecido) Trocoide: superfícies articulares são segmentos de cilindro (cilindroide) Condilar: superfícies articulares são de forma elíptica (elipsoide) Em sela: superfície articular de um osso tem forma de sela, apresentando concavidade em um sentido e convexidade em outro, encaixando-se em um segundo osso no qual convexidade e concavidade estão no sentido inverso Esferoide: superfícies articulares que são segmentos de esferas e se encaixam em receptáculos ocos CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA 15 129 Plana Gínglimo Trocoide Condilar 15 130 Selar Esferoide 15 131 O modo como o joelho foi atingido, a localização da dor, juntamente com os achados dos exames, indicam uma completa ou quase completa ruptura do ligamento colateral tibial. Como o menisco medial está preso a este ligamento, frequentemente está também comprometido em uma lesão deste tipo. Outros ligamentos suscetíveis de lesões em atletas são o ligamento cruzado anterior (muito comum), o ligamento colateral fibular e o ligamento cruzado posterior. Rupturas completas destes ligamentos normalmente necessitam de reparo cirúrgico para se conseguir resultados aceitáveis, enquanto rupturas incompletas podem ser frequentemente reparadas através de meios não cirúrgicos. RESOLUÇÃO 15 132 Sistema Muscular 15 133 Um homem de 65 anos foi ao médico para um exame de rotina. Através de sua história clínica, ficou-se sabendo que ele tinha sido operado de câncer da parte oral da faringe 6 anos antes. O paciente declarou que o câncer tinha se propagado para os linfonodos do lado esquerdo do pescoço. Ele apontou a área envolvida explicando que linfonodos, uma veia e um músculo haviam sido removidos. No lado direito, apenas os linfonodos foram retirados, constatando-se que os mesmos estavam saudáveis. O paciente declarou, ainda, que tinha dificuldade em virar a cabeça para o lado direito. Demonstrando perplexidade, comentou: “Parece-me que se eles tiraram o músculo do lado esquerdo do meu pescoço, eu poderia virar minha cabeça apenas para a direita”. A opinião do paciente é correta? Se não, como você explicaria o motivo da incapacidade dele em termos da musculatura do pescoço? CASO CLÍNICO 15 134 Estruturas que movem os segmentos do corpo por encurtamento (contração) da distância existente entre suas extremidades Massas macroscópicas formadas por células musculares agrupadas em feixes, especializadas para contração e relaxamento MÚSCULOS 15 135 Elementos ativos do movimento Asseguram dinâmica e estática do corpo, e tornam possível o movimento e mantêm unidas as peças ósseas, determinando a posição e a postura do esqueleto MÚSCULOS 15 136 FUNÇÕES 15 137 Propriedades básicas Irritabilidade Contratilidade Extensibilidade Elasticidade TECIDO MUSCULAR 15 138 TIPOS DE MÚSCULOS Impulso Resultante de ato de vontade Voluntário Proveniente de porção do SNC sobre o qual não se tem controle consciente Involuntário 15 139 15 140 Músculos estriados: esqueléticos Fixados ao esqueleto por pelo menos uma das extremidades Músculos lisos: viscerais Encontrados na parede das vísceras de diversos sistemas do organismo TIPOS DE MÚSCULOS 15 141 15 142 Cada músculo possui seu nervo motor, que se divide em muitos ramos e controla todas as células do músculo Divisões destes ramos terminam em um mecanismo especializado, a placa motora CONTRAÇÃO MUSCULAR 15 143 Quando o impulso nervoso passa através do nervo, a placa motora transmite o impulso às células musculares determinando sua contração CONTRAÇÃO MUSCULAR 15 144 Estímulo nervoso alcança ramificações do axônio Placa motora libera acetilcolina Acetilcolina provoca despolarização no sarcolema e atinge retículo sarcoplasmático Retículo sarcoplasmático libera íons cálcio Íons cálcio determinam deslizamento dos miofilamentos e diminuição do comprimento do sarcômero CONTRAÇÃO MUSCULAR 15 145 15 146 15 147 15 148 15 149 MÚSCULO ESQUELÉTICO Ventre muscular Tendão Aponeurose Parte ativa (contrátil) do músculo Cilindróides ou em forma de fita Laminares 15 150 Tendões e aponeuroses Esbranquiçados e brilhantes, muito resistentes e praticamente inextensíveis Tecido conjuntivo denso, rico em colágeno Prendem músculo ao esqueleto Nem sempre se prendem ao esqueleto: cartilagem, cápsula articular, derme, tendão de outro músculo, etc. MÚSCULO ESQUELÉTICO 15 151 Tendões e aponeuroses Em diversos músculos, dimensões das fibras dos tendões muito reduzidas: impressão de que o ventre se prende diretamente ao osso Em poucos músculos, aparecem tendões interpostos a ventres de um mesmo músculo: esses tendões não servem para fixação no esqueleto MÚSCULO ESQUELÉTICO 15 152 Extremidades prendem-se em pelo menos dois ossos, de maneira que o músculo cruze a articulação Na contração, o comprimento do músculo é encurtado e a peça esquelética é deslocada MECÂNICA MUSCULAR 15 153 Fibras musculares podem reduzir seu comprimento em cerca de 1/3 ou metade Potência (força) diretamente relacionada ao número de fibras do ventre muscular e a amplitude da contração depende do seu grau de encurtamento A contração de músculos lisos e cardíaco reduz seu volume ou diâmetro, desta forma expelindo ou impulsionando seu conteúdo MECÂNICA MUSCULAR 15 154 Origem Extremidade do músculo presa à peça óssea que não se desloca (ponto fixo), geralmente proximal Inserção Extremidade do músculo presa à peça óssea que se desloca (ponto móvel), geralmente distal ORIGEM E INSERÇÃO 15 155 Quanto à forma e arranjo das fibras Disposição paralela (longos) CLASSIFICAÇÃO Convergência – parte média com maior diâmetro que extremidades (fusiforme) 15 156 Quanto à forma e arranjo das fibras Disposição paralela (largos) CLASSIFICAÇÃO Convergência para tendão em uma das extremidades, formando um leque 15 157 Quanto à forma e arranjo das fibras Disposição oblíqua CLASSIFICAÇÃO Fibras dispostas em forma de pena (peniformes) 15 158 Quanto à origem Originam-se por mais de um tendão, apresentando mais de uma cabeça de origem: CLASSIFICAÇÃO 15 159 Quanto à inserção Inserem-se por mais de um tendão CLASSIFICAÇÃO 15 160 Quanto ao ventre muscular Apresentam mais de um ventre muscular, com tendões intermediários entre eles CLASSIFICAÇÃO Digástrico Poligástrico 15 161 Quanto à ação Flexor Extensor Adutor Abdutor Rotador medial Rotador lateral Pronador Supinador Flexor plantar Flexor dorsal CLASSIFICAÇÃO 15 162 Agonista Agente principal na execução do movimento Antagonista Se opõe ao trabalho do agonista, para regular a rapidez ou a potência de ação deste CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL 15 163 Agonista Antagonista 15 164 Sinergista Atua eliminando um movimento indesejado que poderia ser produzido pelo agonista Fixador ou Postural Estabiliza a origem do músculo agonista de modo que ele aja mais eficientemente CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL 15 165 Quando o câncer da cabeça ou do pescoço se estende aos linfonodos dopescoço, várias estruturas do lado afetado devem ser removidas cirurgicamente; incluindo o músculo esternocleidomastoideo, que se origina no esterno e na clavícula e se insere no processo mastoide do osso temporal. Quando se contrai, o processo mastoide que está localizado posteriormente à base do crânio é puxado para diante e faz o mento rodar afastando-se do músculo que se contrai. Isso explica porquê o paciente terá dificuldade em virar a cabeça para o lado direito. RESOLUÇÃO 15 166
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