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Formas Quadráticas e Cônicas Stela Zumerle Soares1 Antônio Carlos Nogueira2 (stelazs@gmail.com) (anogueira@ufu.br) Faculdade de Matemática, UFU, MG 1 Bolsista do PET -Matemática da Universidade Federal de Uberlândia 2 Docente da Faculdade de Matemática da Universidade Federal de Uberlândia 1. Resumo Nesse trabalho pretendemos apresentar alguns resultados da álgebra linear. Nosso objetivo é exibir os conceitos de formas bilineares e formas quadráticas. Além disso, faremos a classificação das cônicas no plano. 2 - Formas Bilineares Definição 2.1 - Seja V um espaço vetorial sobre o corpo . Uma forma bilinear sobre V é uma função F f , que associa a cada par ordenado de vetores ,α β em V , um escalar ( , )f α β em , e que satisfaz F 1 2 1 2 1 2 1 2 ( , ) ( , ) ( , ( , ) ( , ) ( , ) f c cf f f c cf f )α α β α β α β α β β α β α β + = + + = + . A função nula de V é também uma forma bilinear. Além disso, toda combinação linear de formas bilineares sobre V é uma forma bilinear. V× Assim, o conjunto das formas bilineares sobre V é um subespaço vetorial do espaço das funções de V em . V× F Exemplo 2.1 – Seja V um espaço vetorial sobre o corpo e sejam e funcionais lineares sobre V . Definamos F 1L 2L f por 1 2( , ) ( ) ( )f L Lα β α β= . Fixando β e considerando f como uma função de α , então temos simplesmente um múltiplo escalar do funcional linear . 1L Com α fixo, f é um múltiplo escalar de . 2L Assim, é evidente que f é uma forma bilinear sobre V . Definição 2.2 – Seja V um espaço vetorial de dimensão finita e seja 1{ , , }nβ α α= L uma base ordenada de V . Se f é uma forma bilinear sobre V , a matriz de f em relação à base Edson Edson FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 201 ordenada β é a matriz n n × A com elementos ( , )ij i jA f α α= . Às vezes indicaremos esta matriz por [ ]f β . Teorema 2.1 – Seja V um espaço vetorial de dimensão finita sobre o corpo . Para cada base ordenada F β de V , a função que associa a cada forma bilinear sobre V sua matriz em relação à base ordenada β é um isomorfismo do espaço ( , , )L V V F no espaço das matrizes sobre o corpo . n n× F Demonstração: Observamos anteriormente que [ ]f f β→ é uma correspondência bijetora entre os conjuntos das formas bilineares sobre V e o conjunto de todas as matrizes n n× sobre . E isso é uma transformação linear, pois F ( )( ) ( ) ( ), ,i j i j i jcf g cf g ,α α α α α+ = + α Para todos e i j . Isto diz simplesmente que [ ] [ ] [ ]cf g c f gβ β β+ = + .■ Corolário – Se { }1, , nβ α α= L é uma base ordenada de V e { }* 1, , nL Lβ = L é a base dual de , então as formas bilineares *V 2n ( ) ( ) ( ),ij i jf L Lα β α= β , 1 i n≤ ≤ , 1 j n≤ ≤ formam uma base do espaço ( , , )L V V F . Em particular, a dimensão de ( , , )L V V F é . 2n Demonstração: A base dual { }1, , nL LL é definida essencialmente pelo fato de que ( )iL α é a i-ésima coordenada de α em relação à base ordenada β (para todo α em V ). Ora, as funções ijf definidas por ( ) ( ) ( ),ij i jf L Lα β α= β são formas bilineares do tipo considerado no exemplo 1. Se 1 1 n nx xα α α= + +L e 1 1 n ny yβ α α= + +L , então ( ),ij i jf x yα β = . Seja f uma forma arbitrária sobre V e seja A a matriz de f em relação à base ordenada β . Então Edson Edson 202 FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 ( ) , , ij i j i j f A x yα β =∑ o que diz simplesmente que ( ) , ,ij ij i j f A f α β=∑ . Agora é evidente que as formas 2n ijf formam uma base de ( , , )L V V F .■ Outra maneira de demonstrar o corolário: A matriz da forma bilinear ijf em relação à base ordenada β é a matriz “unitária” , cujo único elemento não-nulo é um 1 na linha i e coluna ,i jE j . Como estas matrizes constituem uma base do espaço das matrizes ,i jE n n× , as formas ijf constituem uma base do espaço das formas bilineares. ■ Definição 2.3 – Uma forma bilinear f sobre um espaço vetorial V é dita não-degenerada (ou não-singular) se sua matriz em relação a alguma (toda) base ordenada de V é uma matriz não-singular, ou seja, se . ( )Posto f n= 2.1 - Formas Bilineares Simétricas e Formas Quadráticas Nesta seção descreveremos um tipo especial de forma bilinear, as chamadas formas bilineares simétricas. Definição 2.4 - Seja f uma forma bilinear sobre o espaço vetorial V . Dizemos que f é simétrica se ( , ) ( , )f fα β β α= , para quaisquer vetores α , β em V . Se V é de dimensão finita, a forma bilinear f é simétrica se, e somente se, sua matriz A em relação a alguma ou (toda) base ordenada é simétrica, isto é, tA A= . Para ver isto, perguntamos quando é que a forma bilinear ( ), tf X Y X AY= é simétrica. Isto acontece se, e somente se, t tX AY Y AX= para todas matrizes-colunas X e Y . Como tX AY é uma 1 matriz, temos 1× t t tX AY Y A X= . Assim, f é simétrica se, e somente se, t t tY A X Y AX= para todas . Evidentemente, isto significa apenas que . Em particular, deve-se notar que se existir uma base ordenada de V em relação à qual ,X Y tA A= f seja representada por uma matriz diagonal, então f é simétrica, pois qualquer matriz diagonal é uma matriz simétrica. Edson Edson FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 203 Se f é uma forma bilinear simétrica, a forma quadrática associada a f é a função de em definida por q V F ( ) ( , )q fα α α= . Se é um subcorpo do corpo dos números complexos, a forma bilinear simétrica F f é completamente determinada por sua forma quadrática associada, de acordo com a seguinte identidade, conhecida por identidade de polarização: 1 1( , ) ( ) ( ) 4 4 f q qα β α β α β= + − − . Demonstração: Temos que: ( ) ( , ) ( , ) ( , ) ( , ) ( , ) ( , ) ( , ) ( , ) 2 ( , ) ( , ) q f f f f f f f f f f α β α β α β α β α α β β α α β α α β β β α α α β β β + = + + = + + + = + + + + + = = ( ) 2 ( , ) ( ).q f qα α β β+ + (1) Temos também que: ( ) ( , ) ( , ) ( , ) ( , ) ( , ) ( , ) ( , ) ( , ) 2 ( , ) ( , ) q f f f f f f f f f f α β α β α β α β α α β β α α β α α β β β α α α β β β − = − − = − − − = − − + − + = = ( ) 2 ( , ) ( ).q f qα α β β− + (2) Fazendo (1) – (2), obtemos: ( ) ( ) ( ) 2 ( , ) ( ) ( ) 2 ( , ) ( ) 4 ( , ) q q q f q q f q f α β α β α α β β α α β β α β + − − = + + − + − = Edson Edson 204 FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 E então, 1( , ) ( ( ) ( )) 4 f q qα β α β α= + − − β 1 1( , ) ( ) ( )). 4 4 f q qα β α β α⇒ = + − − β )) ■ (3) Observe que, fazendo (1)+(2), obtemos a identidade do paralelogramo ( ) ( ) 2( ( ) (q q q qα β α β α β+ + − = + . (4) Uma classe importante de formas bilineares simétricas consiste dos produtos internos sobre espaços vetoriais reais. Se V é um espaço vetorial real, um produto interno sobre V é um a forma bilinear simétrica f sobre V que satisfaz ( , ) 0f α α > , se 0α ≠ . (5) Se f é uma forma bilinear dada pelo produto escalar, então a forma quadrática associada é 2 2 1 2 1 2( , , , )n nq x x x x x x 2= + + +L L . Em outras palavras, ( )q α é o quadrado do comprimento de α . Para a forma bilinear ( , ) tAf X Y X AY= , a forma quadrática associada é , ( ) tA ij i j i j q X X AX A x x= =∑ . Uma forma bilinear que satisfaz a equação(5) é dita positiva definida. Assim, um produto interno sobre um espaço vetorial real é uma forma bilinear simétrica positiva definida sobre aquele espaço. Note que, um produto interno é não degenerado. Dois vetores ,α β são ditos ortogonais em relação ao produto interno f se . A forma quadrática ( ), 0f α β = ( ) ( ),q fα α α= toma apenas valores não-negativos e ( )q α é usualmente considerado como o quadrado do comprimento de α . Observe que se f é uma forma bilinear simétrica sobre um espaço vetorial V , é conveniente dizer que α e β são ortogonais em relação à f se ( ),f α β 0= . Mas não é aconselhável considerar ( ),f α α como sendo o quadrado do comprimento de α . Por exemplo, se V é Edson Edson FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 205 um espaço vetorial complexo, podemos ter ( ), 1f iα α = − = , ou num espaço vetorial real . ( ), 2f α α = − Teorema 2.2 – Seja V um espaço vetorial de dimensão finita sobre um corpo de característica zero, e seja f uma forma bilinear simétrica sobre V . Então, existe uma base ordenada de V em relação à qual f é representada por uma matriz diagonal. Demonstração: O que precisamos encontrar é uma base ordenada { }1 2, , , nβ α α α= L tal que ( ),i jf α α = 0 j * ⎞⎟⎟⎟⎠ para , ou seja i ≠ 11 0 * 0 0 0nn f f ⎛ ⎞ ⎛⎜ ⎟ ⎜=⎜ ⎟ ⎜⎜ ⎟ ⎜⎝ ⎠ ⎝ K K M O M M O M L L Se ou , o teorema é verdadeiro, pois a matriz 10f = 1n = 1× é uma matriz diagonal. Assim, podemos supor e . Se 0f ≠ 1n > ( ),f α α 0= para todo α em V , a forma quadrática é identicamente 0 e a identidade de polarização mostra que , pois q 0f = 1 1( , ) ( ) ( ) 4 4 f q qα α α α α= + − −α . Assim, existe um vetor α em V tal que ( ) ( ), 0f qα α α .= ≠ Seja W o subespaço unidimensional de V que é gerado por α e seja W ( W ortogonal) o conjunto de vetores ⊥ β em V tais que ( ),f α β 0= . Afirmamos agora, que V W W ⊥= ⊕ . Certamente os subespaços W e W são independentes. Um vetor típico em W é ⊥ cα , onde c é um escalar. Se cα está, também, em W , então ⊥ ( ) ( )2, ,f c c c fα α α α 0= = . Mas, , logo . Além disso, todo vetor em V é a soma de um vetor em W e um em W . De fato, seja ( ),f α α ≠ 0 0c = ⊥ γ um vetor arbitrário em V e coloquemos: ( ) ( ) , , f f γ αβ γ αα α= − . Então ( ) ( ) ( )( ) ( ) , , , , f f f f f γ α ,α β α γ αα α= − α Edson Edson 206 FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 E como f é simétrica, , (pois ( ),f α β = 0 f é diagonal e α β≠ ). Portanto, β está no subespaço W . A expressão ⊥ ( ) ( ) , , f f γ αγ α βα α= + nos mostra que V W . W ⊥= ⊕ A restrição de f a W ⊥ é uma forma bilinear simétrica sobre W ⊥ . Como W tem dimensão (pois tem ), podemos supor, por indução, que W possua uma base ⊥ ( 1n − ) W dim 1= ⊥ { }2 , , nα αL tal que ( ),i jf α α 0= , ( )2, 2i j i j≠ ≥ ≥ Colocando 1α α= , obtemos uma base { }1, , nα αL de V tal que ( ),i jf α α = 0 j para i .■ ≠ Obs: Em termos das coordenadas dos vetores 1 1 2 2 n nx x xα α α α= + + +L e 1 1 2 2 n ny y yβ α α= + + +L α relativamente à base { }1, , nα αL do teorema 2.2 a forma bilinear f se expressa como ( ), i i if x yα β λ= ∑ . Em particular, a forma quadrática associada a q f é dada por uma combinação linear de quadrados: ( ) 2 21 1 2 2 n nq x x 2xα λ λ λ= + + +L . Os escalares 1 2, , , nλ λ L λ ⎟ ⎟ são os autovalores da matriz da forma bilinear. 2.2 – Formas Quadráticas no plano De acordo com o teorema 1, uma forma quadrática no plano pode ser representada por uma matriz simétrica . Isto é feito da seguinte maneira: a matriz simétrica real associa ao vetor a c A c b ⎛ ⎞= ⎜⎝ ⎠ a c A c b ⎛ ⎞= ⎜⎝ ⎠ 2( , )sv x y R= ∈ , referido à base canônica , ( e ), o polinômio que é um polinômio homogêneo do 2º grau em 1 2{ , }S e e= 1 (1,0)e = 2 (0,1)e = 2 2ax bxy cy+ + 2 x e y chamado forma quadrática no plano. Na forma matricial, este polinômio é representado por: Edson Edson FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 207 ( )ts s a c xv Av x y c b y ⎛ ⎞⎛= ⎜ ⎟⎜⎝ ⎠⎝ ⎞⎟⎠ , sendo a matriz simétrica A a matriz da forma quadrática. Assim, a cada vetor sv corresponde um número real: 2 22p ax bxy cy= + + . 2.2.1 – Redução da Forma Quadrática à Forma Canônica. A forma quadrática no plano ts sv Av pode ser reduzida através de mudanças de coordenadas à forma: 2 2 1 2' 'x yλ λ+ onde 1λ e 2λ são os autovalores da matriz A , e 'x e as componentes do vetor v na base , isto é, 'y 1 2{ , }P u u= ( ', ')pv x y= , sendo e os autovetores associados a 1u 2u 1λ e 2λ . Demonstração: Temos que a matriz é a matriz mudança de base de para , pois: P P S [ ] 1PSI S P IP P−= = = E, portanto: s pv Pv= logo, ( ) ( )tts s pv Av Pv A Pv= p ou, ( )t t tS S P Pv Av v P AP v= . Como diagonaliza P A ortogonalmente Edson Edson 208 FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 1 2 0 0 tP AP D λ λ ⎛ ⎞= = ⎜ ⎟⎝ ⎠ ; conclui-se que, t t S S P Pv Av v Dv= , ou, ( ) ( ) 1 2 0 ' ' ' 0 ' a c x x x y x y c b y y λ λ ⎛ ⎞⎛ ⎞⎛ ⎞ ⎛= ⎜ ⎟⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎜⎝ ⎠⎝ ⎠ ⎝⎝ ⎠ ⎞⎟⎠ 2' 2' ou ainda, 2 2 2 1 22 'ax bxy cy x yλ λ+ + = + . ■ A forma 21 2'x yλ λ+ é denominada forma canônica da forma quadrática no plano, ou também, forma quadrática diagonalizada. O que na verdade acabamos de fazer foi uma mudança de base ou uma mudança de referencial. Essa mudança de referencial corresponde a uma rotação de um ângulo θ do sistema xOy até o sistema ' 'x Oy . A matriz responsável por essa rotação é a matriz ortogonal , cujas colunas são os autovetores e de P 1u 2u A . 3 – Cônicas. Chama-se cônica a todo conjunto de pontos M do plano cujas coordenadas x e , em relação à base canônica, satisfazem a equação do 2º grau: y 2 22 0ax bxy cy dx ey f+ + + + + = onde não são todos nulos. , ,a b c 3.1- Equação reduzida de uma Cônica. Dada a cônica C de equação Edson Edson FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 209 2 22 0ax bxy cy dx ey f+ + + + + = (6) queremos, através de mudanças de coordenadas, reduzí-la a uma equação de uma forma mais simples, chamada equação reduzida da cônica. Para isto seguimos as seguintes etapas. 1ª etapa: Eliminação do termo em xy : 1º passo: escrever a equação na forma matricial ( ) ( ) 0a c x xx y d e f c b y y ⎛ ⎞⎛ ⎞ ⎛ ⎞+ + =⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠⎝ ⎠ ⎝ ⎠ (7) ou, 0ts s sv Av Nv f+ + = . 2º passo: calcular os autovalores 1λ e 2λ e os autovetores unitários e da matriz simétrica 1 11 12( , )u x x= 2 21 2( ,u x x= 2 ) A . 3º passo: substituir na equação (7) a forma quadrática: pela forma canônica ( )ts s a c xv Av x y c b y ⎛ ⎞⎛= ⎜ ⎟⎜⎝ ⎠⎝ ⎞⎟⎠ ( ) 1 2 0 ' ' ' 0 ' t P P x v Dv x y y λ λ ⎛ ⎞⎛ ⎞= ⎜ ⎟⎜ ⎟⎝ ⎠⎝ ⎠ , e s x v y ⎛ ⎞= ⎜ ⎟⎝ ⎠ por 11 21 12 22 ' 'P x x x Pv x x y ⎛ ⎞⎛ ⎞= ⎜ ⎟⎜ ⎟⎝ ⎠⎝ ⎠ tendo o cuidado para que de , a fim de que essa transformação seja uma rotação. t( ) 1P = Assim, a equação (7) se transforma em: ( ) ( )1 11 21 2 12 22 0 ' ' ' ' 0 0 ' ' x xx x x y d e f x xy y λ λ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞⎛ ⎞ ⎛ ⎞+ + =⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ou, 2 2 1 2' ' ' 'x y px qy fλ λ+ + + + = 0 ' (8) que é a equação da cônica dada em (7), porém referida ao sistema 'x Oy , cujos eixos são determinados pela base . 1 2{ , }P u u= Observe que enquanto a equação (7) apresenta o termo misto xy , a equação (8) é desprovida dele. Edson Edson 210FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 Portanto da equação (7) para a (8) ocorreu uma simplificação. 2ª etapa: Translação de eixos: Conhecida a equação da cônica 2 2 1 2' ' ' 'x y px qy fλ λ+ + + + = 0 ' . (9) Para se obter a equação reduzida efetua-se uma nova mudança de coordenadas, que consiste na translação do último referencial 'x Oy para o novo, o qual denominaremos 'xO y . A seguir é feita a análise das duas possibilidades: (I) Supondo 1λ e 2λ diferentes de zero, podemos escrever: 2 2 1 2 1 2 ' ' ' 'p qx x y y fλ λλ λ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞+ + + + =⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠ 0 2 2 2 2 2 1 22 2 1 1 2 2 1 2 ' ' ' ' 4 4 4 p p q q p qx x y y fλ λλ λ λ λ λ λ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞ 2 0 4 + + + + + + − − =⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠ 2 2 2 2 1 2 1 2 1 ' ' 2 2 4 4 p q px y fλ λλ λ λ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞+ + + + − − =⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠ 2 0qλ . Fazendo: 2 2 1 24 4 p qf Fλ λ− − = − e por meio das fórmulas de translação: 1 ' 2 pX x λ= + e 2' 2 qY y λ= + vem, 2 2 1 2 0X Y Fλ λ+ − = 2 21 2 .X Y Fλ λ+ = (10) A equação (10) é a equação reduzida de uma cônica de centro, e como se vê, o 1º membro é a forma canônica da forma quadrática do plano. (II) Se um dos autovalores for igual a zero, 1 0λ = , por exemplo, a equação (9) fica: Edson Edson FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 211 2 2 ' ' 'y px qy fλ 0+ + + = ou seja, 2 2 2 ' ' 'qy y px fλ λ ⎛ ⎞ 0+ + + =⎜ ⎟⎝ ⎠ 2 2 2 2 2 2 2 2 ' ' ' 4 4 q q qy y px fλ λ λ λ ⎛ ⎞+ + + + − =⎜ ⎟⎝ ⎠ 0 2 2 2 2 2 ' ' 2 4 q f qy p x p p λ λ λ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞+ + + −⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠ 0= . Fazendo, por meio de uma translação: 2 2 ' 4 f qX x p pλ= + − e 2' 2 qY y λ= + vem, 2 2 0Y pXλ + = . (11) A equação (11) é a equação reduzida de uma cônica sem centro. Se 2 0λ = , a equação (9) fica: 2 1 ' ' 'x px qy fλ 0+ + + = 2 1 1 ' ' 'px x qy fλ λ ⎛ ⎞ 0+ + + =⎜ ⎟⎝ ⎠ 2 2 2 1 2 1 1 1 ' ' ' 4 4 p p px x qy fλ λ λ λ ⎛ ⎞+ + + + − =⎜ ⎟⎝ ⎠ 0 2 2 1 1 1 ' ' 2 4 p f px q y q q λ λ λ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞+ + + −⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠ ⎝ ⎠ 0= . Fazendo por meio de uma translação: 2 1 ' 4 f pY y p qλ= + − e 1' 2 pX x λ= + vem, Edson Edson 212 FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 2 1 0X qYλ + = . 3.2- Classificação das Cônicas. I) A equação reduzida de uma cônica de centro é: 2 2 1 2X Y Fλ λ+ = . • Se 1λ e 2λ forem de mesmo sinal, a cônica será do gênero elipse. • Se 1λ e 2λ forem de sinais contrários, a cônica será do gênero hipérbole. II) A equação de uma cônica sem centro é: 2 2 0Y pXλ + = ou 21 0X qYλ + = . Uma cônica representada por qualquer uma dessas equações é do gênero parábola. É usada a mesma classificação para as formas quadráticas. Exemplo 3.1: a) Para a cônica de equação 2 22 2 2 7 2 5 2 10x y xy x y+ + + + + = 0 ⎞⎟ 1 , a matriz A é dada por e seus autovalores são 2 1 1 2 A ⎛= ⎜⎝ ⎠ 1 2 3 eλ λ= = . Portanto, pela classificação de cônicas, como os sinais dos autovalores são iguais, a cônica em questão é uma elipse. Edson Edson FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 213 b) Para a cônica de equação , a matriz A é dada por e como um de seus autovalores é nulo, concluímos que esta cônica é uma parábola. 2 22 8 4x xy y x+ + − + = 0 1 1 1 1 A ⎛ ⎞= ⎜ ⎟⎝ ⎠ c) A equação 2 24 3 24 156 0x y xy− + − = , representa uma hipérbole, pois a matriz apresenta autovalores de sinais opostos ( 4 12 12 3 A ⎛= ⎜ −⎝ ⎠ ⎞⎟ 1 212 13eλ λ= − = ). 3. Referências bibliográficas [1] HOOFMAN, K. & KUNZE, R. Álgebra Linear. São Paulo: Polígono, Editora da Universidade de São Paulo,1971. Edson Edson 214 FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 [2] GREUB, W. Linear Algebra. 4ª ed. Nova York: Springer-Verlag, 1974. [3] STEINBRUCH, A. & WINTERLE, P. Álgebra Linear. 2ª ed. São Paulo: Makron Books, 1987. [4] LIMA, E. L. Álgebra Linear. 2ª ed. Instituto de Matemática Pura e Aplicada, 1996 (Coleção Matemática Universitária). Edson Edson FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 215 Edson 216 FAMAT em Revista - Número 09 - Outubro de 2007 Edson
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