Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Fundamentos de 
Contabilidade Básica
 
Rio de Janeiro
UVA
2016
Julio Cezar de Mello Cidade
Fundamentos de 
Contabilidade Básica
 
Rio de Janeiro
UVA
2016
Copyright © UVA 2016
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer 
meio sem a prévia autorização desta instituição.
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico 
da Língua Portuguesa.
ISBN: 978-85-69287-33-9
Autoria do Conteúdo
Julio Cezar de Mello Cidade
Projeto Gráfico
UVA
Diagramação
Cristina Lima
Revisão
Janaína Senna
Débora Silvestre Costa
Lydianna Lima
Ficha Catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UVA.
Biblioteca Maria Anunciação Almeida de Carvalho.
C568 Cidade, Julio Cezar de Mello
 
 Fundamentos de contabilidade básica [livro eletrônico] 
 / Julio Cezar de Mello Cidade. – Rio de Janeiro : UVA, 2016. 
 
 905 KB. 
 
 ISBN 978-85-69287-33-9
 Disponível também impresso. 
 
 1. Contabilidade. 2. Contabilidade - Estudo e ensino. I. 
 Universidade Veiga de Almeida. II. Título. 
 
 CDD – 657
SUMÁRIO
Apresentação...............................................................................................................7
Sobre o autor................................................................................................................8
Capítulo 1 - Os conceitos básicos da contabilidade: os 
primeiros passos...............................................................9
A contabilidade .............................................................................................10
Usuários............................................................................................................16
Campo de atuação do profissional contábil........................................22
Técnicas contábeis........................................................................................26
Patrimônio.......................................................................................................28
Contas...............................................................................................................32
Princípios contábeis ...................................................................................41
Referências......................................................................................................59
Capítulo 2 - Escrituração Contábil – Parte I....................63
Atos e fatos administrativos.................................................................... 64
Livros da empresa....................................................................................... 74
Método das Partidas Dobradas.............................................................. 91
Escrituração contábil..................................................................................94
Praticando a escrituração no livro diário e nos razonetes...........102
Referências....................................................................................................113
Capítulo 3 - Escrituração Contábil – Parte II..................115
As contas de resultado ............................................................................118
Contabilização a partir de razonetes...................................................129
Apropriação das despesas incorridas e não pagas........................138
Balancete de verificação...........................................................................143
Apuração do resultado do exercício....................................................145
Referências...................................................................................................154
Capítulo 4 - Demonstrações contábeis básicas...........155
Características..............................................................................................156
Demonstrações contábeis obrigatórias.............................................168
O balanço patrimonial..............................................................................172
A DRE...............................................................................................................198
Outras demonstrações obrigatórias.....................................................201
Referências....................................................................................................202
Considerações finais.....................................................206 
7
APRESENTAÇÃO
 
APRESENTAÇÃO
Este livro trata do assunto Fundamentos de Contabilidade Básica: uma 
abordagem atualizada. Sua função é apresentar os conceitos iniciais 
dessa linguagem que se tornou rapidamente uma poderosa ferramenta 
de decisão para usuários externos das entidades e de gestão para os 
gestores de uma entidade.
Aqui, vamos aprender os elementos básicos para o aprendizado dessa 
que é chamada a linguagem dos negócios e que todos os gestores e in-
vestidores no mundo contemporâneo têm que saber utilizar. Entender 
a informação contábil é o passo fundamental para a tomada de decisão. 
Quanto mais informações reunimos para tomar uma decisão, maiores 
as chances de êxito na escolha desta.
Desejamos que você aproveite ao máximo esta experiência e que a leitu-
ra desta obra promova uma oportunidade de reflexão sobre os conteú-
dos abordados, contribuindo efetivamente para o seu enriquecimento 
cultural e acadêmico.
......................................................................................................................................................................................................................
8
SOBRE O AUTOR
Julio Cezar de Mello Cidade é professor da Universidade Veiga de Al-
meida – UVA desde 2012. É administrador de empresas, graduado em 
1981, bacharel em Ciências Contábeis, graduado em 2007, certificado 
como gestor de fundos de pensão pelo Instituto de Certificação dos 
Profissionais de Seguridade Social – ICSS, equivalente à Anbid para o 
mercado previdenciário, e mestre em Ciências Contábeis pela Univer-
sidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj. Tem experiência e vivência 
em liderança, gerência de projetos, desenvolvimento e implantação 
de sistemas, automação comercial, consultoria e mercado financeiro 
— liderança e integração de várias equipes e grupos de trabalho para 
planejamento, execução e controle de projetos. Atua como docente no 
magistério do ensino superior em nível de graduação e pós-graduação. 
Atua também como professor na modalidade presencial e EAD na Uni-
versidade Estácio de Sá – Unesa e ministra cursos de contabilidade na 
Escola de Administração Judiciária – Esaf. Atuou em Gestão de Entida-
de Fechada de Previdência Complementar, na condição de dirigente, 
durante quatro anos, acumulando a superintendência com a diretoria 
de aplicações financeiras. Nesse ambiente desenvolveu uma sólida vi-
vência em Governança Corporativa, pois tais entidades são reguladas 
de forma rigorosa e com base nos ditames da Lei Sarbanes-Oxley, repli-
cada pela legislação brasileira em muitos dos seus tópicos principais.
9A contabilidade
......................................................................................................................................................................................................................
CAPÍTULO 1 
OS CONCEITOS BÁSICOS DA 
CONTABILIDADE: OS PRIMEIROS 
PASSOS
Neste capítulo serão abordados alguns conceitos funda-
mentais para o aprendizado da contabilidade.
Serão abordados temas como seus conceitos básicos, o 
porquê de a contabilidade ter se tornado a linguagem dos 
negócios, quem são os usuários das informações por ela 
fornecidasa partir de relatórios contábeis, o conceito de 
patrimônio, que é o objeto da contabilidade, como a infor-
mação é produzida de forma qualitativa por meio do con-
ceito de conta contábil, o vasto campo de atuação de um 
profissional da área contábil, além das técnicas contábeis 
para registrar as operações, produzir as informações, veri-
ficá-las e analisá-las.
Outro ponto de grande importância abordado neste capí-
tulo são os princípios contábeis que norteiam a atuação de 
um profissional de Ciências Contábeis.
Aproveite esses conhecimentos iniciais para poder assimi-
lar com consistência os assuntos que virão nos próximos 
capítulos.
Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos10
......................................................................................................................................................................................................................
A CONTABILIDADE
Um filósofo argentino, chamado Arthur Eddington, afir-
mou certa vez que, “para que a exposição de um sistema 
de pensamento seja clara, é preciso que se comece pelas 
origens” (EDDINGTON, 1946, p. 258). Para podermos ex-
plicar o presente é necessário que conheçamos o passado, 
pois ele é a justificativa para o momento presente.
O professor Lopes de Sá (2010, p. 21) nos ensina que o ho-
mem primitivo, no período Paleolítico Superior, ainda sem 
escrita e sem saber fazer cálculos, já tentava registrar, de 
alguma forma, suas provisões, que eram, naquele momento, 
a expressão de sua riqueza patrimonial. Dizia o autor que: 
a qualidade e a quantidade das reservas de utilida-
des, quer de caça, quer de colheitas, foram elemen-
tos que o homem notou como algo distinto, como 
conquista de seu trabalho.
Por meio da arte, o homem primitivo, com inscrições em 
paredes de grutas, fazia o registro de seu patrimônio.
11A contabilidade
......................................................................................................................................................................................................................
De forma rudimentar, as inscrições procuravam com 
desenhos, representar a qualidade da coisa e com 
rabiscos ou riscos a quantidade (SÁ, 2010, p. 22)
Em diversas civilizações foram encontradas formas dife-
rentes de fazer o acompanhamento das variações patri-
moniais de uma pessoa ou grupo.
À medida que a população foi aumentando e o comércio 
entre os povos foi se intensificando, a quantidade de fa-
tos a serem registrados se tornou mais volumosa, e isso 
resultou em um problema mais complexo de ser tratado.
Na Idade Média, em 1492, o frade franciscano Luca Pacioli 
publicou o primeiro livro de que se tem notícia sobre o 
método das partidas dobradas, que até os dias atuais é 
utilizado pela contabilidade, o livro se chama Summa Ari-
thmetica, Geometria, Proportioni e Proprocionalità. Como 
vimos, trata de diversos assuntos, dentre eles apresenta o 
Tractatus Particularis de Computis et Scriprituris, no qual 
imortaliza o método, também conhecido como método 
digráfico. Apesar disso, não se pode afirmar que o fra-
de tenha inventado o método, pois há registros da sua 
utilização em épocas anteriores. Aquele que, talvez, seria 
considerado como o pai da contabilidade nunca foi iden-
tificado.
Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos12
......................................................................................................................................................................................................................
Esse método passou a ser adotado como método de escri-
turação contábil por todos, ou seja, tornou-se universal.
Basicamente ele demonstra que em cada registro de mo-
vimentação patrimonial haverá sempre uma origem do 
recurso e uma aplicação para ele. Veremos com maiores 
detalhes na sequência deste livro o assunto escrituração 
contábil.
Nos dias atuais não podemos imaginar pessoas físicas ou 
jurídicas que não se utilizem da contabilidade. Para en-
tendermos nosso saldo bancário, precisamos de algum co-
nhecimento contábil; para fazermos os nossos orçamen-
tos domésticos, precisamos utilizar essa ciência social. 
Sendo assim, é importante que entendamos o que ela é, 
como funciona e que tipo de informações fornece.
13A contabilidade
......................................................................................................................................................................................................................
Conceito
Vivemos em um mundo em que as pessoas, físicas 
e jurídicas, podem ser capazes de acumular e admi-
nistrar o que chamamos de patrimônio.
Esses patrimônios, no mundo dos negócios, são 
controlados por meio da contabilidade, a linguagem 
dos negócios.
A contabilidade, segundo Padoveze (2012), pode ser 
definida como o sistema de informações que con-
trola o patrimônio de uma entidade. Podemos tam-
bém adotar uma definição mais protocolar: conta-
bilidade é a ciência que estuda e pratica as funções 
de orientação, de controle e de registro relativas à 
administração econômica.
Essa definição associa a contabilidade ao forneci-
mento de informações para empresas acerca dos 
aspectos patrimoniais, econômicos e financeiros. 
Ela é tratada como um sistema de informações, pois 
recebe dados por intermédio da escrituração, pro-
cessa-os e fornece as informações, de acordo com o 
enfoque necessário, em relatórios contábeis que po-
dem ser utilizados por diversos tipos de usuários.
A Resolução nº 774/94, do Conselho Federal de 
Contabilidade – CFC, define que:
[...] a Contabilidade é uma Ciência Social com plena 
fundamentação epistemológica. Por consequência, 
todas as demais classificações – método, conjun-
to de procedimentos, técnica, sistema, arte, para 
Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos14
......................................................................................................................................................................................................................
citarmos as mais correntes – referem-se a simples 
facetas ou aspectos da Contabilidade, usualmente 
concernentes a sua aplicação prática, na solução de 
questões concretas.
Em resumo, a resolução trata a contabilidade como 
ciência social, pois se refere às alterações do patri-
mônio em função da ação humana.
Objeto
Como pudemos observar na abordagem do concei-
to, o objeto da contabilidade é o patrimônio, seja de 
pessoa física ou jurídica. 
O patrimônio leva o homem à satisfação de suas 
necessidades, e, muitas vezes, não há limites para 
a ambição que leva à acumulação de riqueza. Para 
efeitos de nossos estudos contábeis, trataremos Pa-
trimônio como um conjunto constituído de Bens, 
Direitos e Obrigações. É por meio dele que as en-
tidades econômico-financeiras obtêm seus resulta-
dos. Podemos entendê-lo como o suporte necessário 
às atividades de uma organização, desde que seja 
passível de mensuração financeira e que seja iden-
tificável como bens, direitos ou obrigações, que são 
a matéria-prima das entidades para a produção de 
riquezas.
Objetivo
O objetivo dessa ciência é fornecer aos seus usu-
ários informações sobre as variações ocorridas no 
patrimônio de uma entidade.
15A contabilidade
......................................................................................................................................................................................................................
Ela fornece informações acerca da situação patrimo-
nial, econômica e financeira de uma entidade para 
as pessoas nelas interessadas.
Funções
A contabilidade tem uma função administrativa que 
é o controle do patrimônio mediante o registro dos 
fatos contábeis em livros apropriados, tais como o 
livro diário e o livro-razão.
A função econômica da contabilidade é a apuraçãodos resultados de uma entidade.
16
......................................................................................................................................................................................................................
Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
USUÁRIOS
Se o objetivo da contabilidade é a geração de informações, 
os usuários são os destinatários delas.
Existem diversos grupos de interessados nas informações 
contábeis, pessoas físicas e jurídicas, que podem ser de 
usuários internos ou de usuários externos.
Estamos vivenciando, no Brasil, em especial, um momento 
de grandes mudanças nas normas de contabilidade em bus-
ca da harmonização dos padrões internacionais. Essas mu-
danças têm como principal objetivo qualificar melhor e pa-
dronizar as informações fornecidas pela contabilidade aos 
seus diversos usuários, sobretudo os usuários externos.
Essas mudanças são previstas pelas Leis nº 11.638/2007 
e nº 11.941/2009, que alteram a Lei nº 6.404/1976 e de-
legam a responsabilidade dessas normas ao Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis – CPC, formado por diversas 
entidades como:
• Associação Brasileira das Sociedades de Capital 
Aberto – Abrasca. 
• Associação dos Profissionais do Mercado de Ca-
pitais – Apimec Nacional.
• Bolsa de Mercadorias e Futuros e Bolsa de Valo-
res do Estado de São Paulo – BMF&Bovespa. 
• Conselho Federal de Contabilidade – CFC.
17Usuários
......................................................................................................................................................................................................................
• Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atua-
riais e Financeiras – Fidecafi. 
• Instituto Brasileiro dos Contadores – Ibracon.
Cada uma dessas entidades participa do comitê com dois 
membros, totalizando 12 membros. Suas deliberações são 
aprovadas com voto qualificado, ou seja, 2/3 dos votos 
dos membros participantes.
Além desses 12 membros, serão sempre convidados a par-
ticipar de suas deliberações representantes das seguintes 
entidades:
• Banco Central do Brasil – BCB.
• Secretaria da Receita Federal – SRF.
• Comissão de Valores Mobiliários – CVM.
• Superintendência de Seguros Privados – Susep.
Por que foi criado o CPC?
Em função das necessidades de:
• Convergência internacional das normas contá-
beis (redução de custo de elaboração de relatórios 
contábeis, redução de riscos e custo nas análises e 
decisões, redução de custo de capital).
• Centralização na emissão de normas dessa natu-
reza (no Brasil, diversas entidades o fazem).
• Representação e processo democráticos na pro-
dução dessas informações (produtores da informa-
ção contábil, auditor, usuário, intermediário, acade-
mia, governo).
18
......................................................................................................................................................................................................................
Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
Criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC tem como 
objetivo “o estudo, o preparo e a emissão de Pronuncia-
mentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e 
a divulgação de informações dessa natureza, para permitir 
a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, 
visando à centralização e uniformização do seu processo 
de produção, levando sempre em conta a convergência da 
Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais”.
Dessa forma o CPC produz pronunciamentos técnicos, 
orientações e interpretações.
Para que se tenha uma ideia da importância da qualifica-
ção da informação contábil a ser fornecida pelas entida-
des aos seus usuários, o Pronunciamento Técnico nº 00, 
sobre a estrutura conceitual para elaboração e divulga-
ção de relatório contábil-financeiro, em pleno vigor, foi 
aprovado por: 
• CVM, por meio da Deliberação nº 675/11; 
• CFC, por meio da Resolução nº 1.374/11 – NBC 
TG ESTRUTURA CONCEITUAL; 
• BCB/Conselho Monetário Nacional – CMN, por 
meio da Resolução CMN nº 4.144/12; 
• Susep, por meio da Circular nº 483/14 – Anexo IV; 
• Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel, por 
meio da Resolução Normativa nº 605/14 – Manual e 
da Associação Nacional de Saúde; e
• ANS, por meio da Resolução Normativa nº 322/13 
– Anexo I. 
19Usuários
......................................................................................................................................................................................................................
Em seu item nº 1 — Finalidade — determina que essa es-
trutura conceitual estabelece os conceitos que fundamen-
tam a preparação e a apresentação de demonstrações con-
tábeis destinadas a usuários externos.
Em seu item 9, o pronunciamento determina:
Usuários e suas necessidades de informação
Entre os usuários das demonstrações contábeis incluem-
-se investidores atuais e potenciais, empregados, credores 
por empréstimos, fornecedores e outros credores comer-
ciais, clientes, governos e suas agências e o público. Eles 
usam as demonstrações contábeis para satisfazer algu-
mas das suas diversas necessidades de informação. Essas 
necessidades incluem:
(a) Investidores. Os provedores de capital de risco 
e seus analistas que se preocupam com o risco ine-
rente ao investimento e o retorno que ele produz. 
Eles necessitam de informações para ajudá-los a 
decidir se devem comprar, manter ou vender inves-
timentos. Os acionistas também estão interessados 
em informações que os habilitem a avaliar se a enti-
dade tem capacidade de pagar dividendos.
(b) Empregados. Os empregados e seus represen-
tantes estão interessados em informações sobre a 
estabilidade e a lucratividade de seus empregadores.
Também se interessam por informações que lhes 
permitam avaliar a capacidade que tem a entidade 
de prover sua remuneração, seus benefícios de apo-
sentadoria e suas oportunidades de emprego.
20
......................................................................................................................................................................................................................
Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
(c) Credores por empréstimos. Estes estão interes-
sados em informações que lhes permitam determi-
nar a capacidade da entidade em pagar seus emprés-
timos e os correspondentes juros no vencimento.
(d) Fornecedores e outros credores comerciais. Os 
fornecedores e outros credores estão interessados 
em informações que lhes permitam avaliar se as 
importâncias que lhes são devidas serão pagas nos 
respectivos vencimentos. Os credores comerciais 
provavelmente estarão interessados em uma enti-
dade por um período menor do que os credores por 
empréstimos, a não ser que dependam da continui-
dade da entidade como um cliente importante. 
(e) Clientes. Os clientes têm interesse em informa-
ções sobre a continuidade operacional da entidade, 
especialmente quando têm um relacionamento a 
longo prazo com ela, ou dela dependem como for-
necedor importante.
(f) Governo e suas agências. Os governos e suas 
agências estão interessados na destinação de re-
cursos e, portanto, nas atividades das entidades. 
Necessitam também de informações a fim de regu-
lamentar as atividades das entidades, estabelecer 
políticas fiscais e servir de base para determinar a 
renda nacional e estatísticas semelhantes.
(g) Público. As entidades afetam o público de di-
versas maneiras. Elas podem, por exemplo, fazer 
contribuição substancial à economia local de vários 
21Usuários
......................................................................................................................................................................................................................
modos, inclusive empregando pessoas e utilizando 
fornecedores locais.As demonstrações contábeis 
podem ajudar o público fornecendo informações 
sobre a evolução do desempenho da entidade e os 
desenvolvimentos recentes. 
Pelo que pudemos verificar com mediana clareza, há uma 
grande preocupação com o atendimento das necessidades 
informacionais, preferencialmente dos usuários externos, 
pois estes não têm como interferir na produção de infor-
mação específica para o atendimento de suas necessida-
des de informação para a tomada de decisão.
No entanto os usuários são classificados em dois grupos 
importantes e distintos. O primeiro tem o condão de for-
matar, de acordo com suas necessidades imediatas, os 
relatórios que tomará por base para o seu processo de-
cisório. O segundo não tem esse poder; para isso as re-
gulamentações, visando atender às suas necessidades e 
expectativas, criaram a padronização dos demonstrativos 
e adotaram um formato específico para cada um deles.
Esses dois grupos de usuários são assim divididos:
1. Usuários Internos
São os administradores, empregados etc.
2. Usuários Externos
São os credores da entidade, financiadores, investi-
dores, governos, clientes etc.
22
......................................................................................................................................................................................................................
Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
CAMPO DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL 
CONTÁBIL
Com o acelerado avanço ocorrido na tecnologia da infor-
mação nos últimos anos, a profissão de contador expe-
rimentou uma verdadeira revolução, transformando de 
forma radical a atuação desses profissionais.
Fatores como a globalização, o agigantamento das em-
presas, as combinações de negócios, a internacionaliza-
ção das empresas, a quebra de barreiras comerciais, as 
diversas fusões de grandes empresas e incorporações de 
grandes empresas por outras ainda maiores tornaram o 
ambiente de negócios algo absolutamente novo, no qual a 
concorrência se tornou cada vez mais acirrada, e a veloci-
dade para a tomada de decisão e adaptação às mudanças, 
que ocorreram e continuam ocorrendo freneticamente, 
transformaram a informação em algo precioso, essencial.
Nesse novo cenário, a contabilidade muda de patamar, 
pois, em vez de gerar informações sobre as ocorrências 
passadas na situação patrimonial de uma empresa, passa 
a gerar informações estratégicas fundamentais em tempo 
real, graças aos poderosos sistemas integrados utilizados 
pelas empresas, trazendo o profissional contábil da reta-
guarda do processo de informação para a linha de frente 
do processo decisório nas organizações.
23Campo de atuação do profissional contábil
......................................................................................................................................................................................................................
Definitivamente a contabilidade se tornou a linguagem 
dos negócios. Sem o adequado planejamento estratégico, 
tático e operacional nenhuma dessas empresas sobrevive 
nesse mercado tão competitivo. De outro lado, sem o ne-
cessário controle das execuções desses planejamentos, os 
ajustes necessários ao planejamento não se concretizam. 
No centro dessas duas funções nobres da administração 
(planejamento e controle) está a informação contábil.
Vocês já pararam para pensar no porquê de investido-
res de todo o planeta (sim, hoje investidores têm condi-
ções técnicas para operar em bolsas de todos os países 
do mundo) utilizarem relatórios contábeis para comparar 
empresas e tomarem as decisões quanto ao investimento 
que farão de suas poupanças? 
O que há de tão importante nessas demonstrações que 
fazem com que investidores experientes e conhecedores 
do mundo dos investimentos, em que sempre há uma re-
lação de risco e retorno, tomem suas decisões de investir, 
muitas vezes, vultosas quantias na empresa A do país X 
e não na empresa X do país A? Posso assegurar a vocês 
que muito poucos deles estão dispostos a correr riscos 
do tipo voo cego, alguns estão propensos a assumir riscos 
razoavelmente maiores em busca de retornos melhores e 
a maioria busca, em princípio, o maior retorno possível 
com o menor risco.
Nesse novo ambiente a profissão contábil ganhou uma 
amplitude que os contadores de muito pouco tempo atrás 
não imaginavam. No início dos anos 1990, nem se vislum-
24
......................................................................................................................................................................................................................
Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
brava essa verdadeira revolução, para dar uma ideia a vo-
cês da velocidade com que essas mudanças ocorreram.
O mercado de trabalho para o profissional contábil se am-
pliou de forma avassaladora. Em muitos países do mundo, 
é a profissão mais procurada pelos novos universitários.
A profissão é regulada pelo CFC, que emitiu Normas Téc-
nicas e Profissionais para a atuação dos profissionais ha-
bilitados para o exercício da profissão. Atualmente o CFC 
aplica o exame de suficiência para os bacharéis em Ciên-
cias Contábeis para que, aprovados no exame, eles pos-
sam ser credenciados pelo Conselho.
As Normas Profissionais são conhecidas como Normas 
Brasileiras de Contabilidade dos Profissionais Gerais – NBC 
PG. São elas: a NBC PG 100, que é de aplicação geral aos 
profissionais da contabilidade; a NBC PG 200, que regula a 
atuação de contadores que prestam serviços (Contadores 
Externos); a NBC PG 300, que regula a atuação de conta-
dores empregados (Contadores Internos) e, finalmente, a 
NBC PG 12 (R1), que trata da educação profissional conti-
nuada.
As possibilidades de atuação são tantas que um bom es-
quema das alternativas profissionais para um contador é 
sintetizado no quadro elaborado pelo professor Marion, 
que destaco a seguir:
 
25Campo de atuação do profissional contábil
......................................................................................................................................................................................................................
......................................................................................................................................................................................................................
26 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
TÉCNICAS CONTÁBEIS
Na Teoria da Contabilidade aprendemos que as técnicas 
contábeis são quatro:
1. Escrituração
Consiste basicamente no registro nos livros apropriados 
de todos os fatos administrativos ocorridos na entidade, 
pois os fatos administrativos afetam a posição patrimo-
nial. Esses livros são o livro diário, o livro-razão, o livro-
-caixa, contas correntes etc.).
2. Elaboração das Demonstrações Contábeis
Já vimos a importância que se dá às demonstrações contá-
beis, ou seja, às informações acerca da situação patrimonial, 
financeira e econômica de uma entidade aos seus diversos 
usuários, sobretudo os externos. Saber elaborá-las inclui a 
compilação e o tratamento dos dados contábeis registrados, 
o reconhecimento de elementos patrimoniais e sua avaliação.
3. Auditoria
As sociedades por ações de capital aberto e as empresas 
de grande porte, são, por força de Lei, obrigadas a apre-
sentar suas demonstrações contábeis devidamente audi-
tadas.
Técnicas contábeis
......................................................................................................................................................................................................................
27
A auditoria consiste no exame das demonstrações contá-
beis para que sejam relatados o cumprimento dos princí-
pios contábeis e para que os dados apresentados revelem, 
com razoável grau de certeza, osnúmeros apresentados 
refletindo a realidade patrimonial, financeira e econômica 
da empresa examinada.
4. Análise das Demonstrações Contábeis
Vocês recordam que ao abordar o campo de atuação do 
profissional contábil eu fiz a indagação “O que há de tão 
importante nessas demonstrações que fazem com que 
investidores experientes e conhecedores do mundo dos 
investimentos, em que sempre há uma relação de risco e 
retorno, tomem suas decisões de investir, muitas vezes, 
vultosas quantias na empresa A do país X e não na empre-
sa X do país A?”?
Boa parte da explicação para esse questionamento está 
contida na técnica da análise das demonstrações contá-
beis, transformando as informações ali contidas em índi-
ces e indicadores fundamentais ao processo de tomada de 
decisão.
......................................................................................................................................................................................................................
28 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
PATRIMÔNIO
O que é
Muitos imaginam o patrimônio como algo essencialmente 
positivo, porém, o patrimônio tem elementos que são po-
sitivos e elementos que são negativos. O que chamamos 
de patrimônio é a diferença entre tais elementos.
O patrimônio de uma entidade é composto pela diferença 
entre os bens e direitos e as obrigações da entidade.
Uma entidade pode ter obrigações originárias de duas 
fontes: os próprios acionistas/cotistas e pessoas que não 
sejam diretamente ligadas à sociedade, tais como bancos, 
fornecedores, governos etc.
Às obrigações que pertençam aos sócios, chamamos de 
capital próprio. As que não pertencem, chamamos de ca-
pital de terceiros.
Essas obrigações são aplicadas na entidade, por meio do 
que chamamos de bens e direitos.
Como é dividido
a. Bens
São coisas úteis capazes de satisfazer as necessida-
des das pessoas e das empresas.
Patrimônio
......................................................................................................................................................................................................................
29
São aplicações dos recursos obtidos pela empresa. 
Os bens podem ser numerários, de venda, de renda 
ou de uso; estes últimos podem ser tangíveis (mate-
riais) ou intangíveis (imateriais).
b. Direitos
São os valores que a entidade tem a receber de 
terceiros, geralmente são seguidos de expressões 
como a receber ou a recuperar.
Temos como exemplos: duplicatas a receber, impos-
tos a recuperar etc.
c. Obrigações
São os valores que a empresa tem a pagar a tercei-
ros (exigíveis) ou aos sócios (não exigíveis).
Situações patrimoniais
Ao analisarmos o patrimônio de uma entidade, normal-
mente o fazemos utilizando a mais conhecida das de-
monstrações contábeis: o balanço patrimonial.
Essa demonstração tem o formato de uma letra T, apre-
sentando do lado direito as obrigações com terceiros e o 
capital próprio, e do lado esquerdo os bens e direitos da 
entidade.
O que chamamos de patrimônio na teoria adotada pelas 
empresas, a patrimonialista, é a parte que pertence aos 
sócios. São as obrigações não exigíveis, ou as origens de 
......................................................................................................................................................................................................................
30 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
recursos que a entidade utiliza pertencentes aos seus só-
cios, e as reservas que vão sendo acumuladas ao longo do 
tempo. É representado pelo grupo denominado Patrimô-
nio Líquido.
 
Os recursos originários de terceiros (exigíveis) são o que 
chamamos de Passivo. A soma do passivo com o patrimô-
nio líquido representa o total de origens de recursos da 
entidade.
Esses recursos relativos às origens são aplicados no grupo 
que denominamos Ativo, em que representamos os bens 
e os direitos.
Situação patrimonial positiva: se o total de bens e direi-
tos (ativo) é maior do que o de obrigações com terceiros 
(passivo), a situação patrimonial é positiva, ou seja, o Pa-
trimônio Líquido é maior do que zero.
Ativo – Passivo > 0
Situação patrimonial nula: se o total de bens e direitos é 
igual ao total de obrigações com terceiros, dizemos que a 
situação patrimonial é nula, ou seja, o Patrimônio Líquido 
é igual a zero.
Ativo – Passivo = 0
Situação patrimonial negativa: se o total de bens e di-
reitos é menor que o total de obrigações com terceiros, 
podemos dizer que a situação patrimonial é negativa, ou 
seja, o Patrimônio Líquido é menor do que zero.
Patrimônio
......................................................................................................................................................................................................................
31
Ativo – Passivo < 0
Dessa forma podemos dizer que a equação patrimonial é: 
Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido
Aqui temos uma lição importante que levaremos ao longo 
de nossa vida como usuários da contabilidade, ou mesmo 
como contadores: o total de origens é sempre igual ao 
total de aplicações.
Como se modifica
Como a contabilidade registra todos os fatos administrati-
vos, a cada movimentação registrada ocorre uma alteração 
na posição patrimonial. Mais adiante veremos como são 
efetuados os registros contábeis e abordaremos esses as-
pectos com maior riqueza de detalhes.
......................................................................................................................................................................................................................
32 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
CONTAS
O que são
Em termos contábeis, podemos dizer que conta é como 
chamamos o componente patrimonial ou de resultado que 
utilizamos para fazer os registros dos fatos administrati-
vos de uma entidade.
Tipos de contas
Para que a contabilidade possa cumprir seu objetivo, que 
é o fornecimento de informações aos seus diversos usu-
ários, precisamos dotar essas informações de elementos 
qualitativos e quantitativos. 
Os primeiros são para informar o que faz parte do patri-
mônio de uma entidade, com todos os detalhamentos pos-
síveis de serem demonstrados; os últimos, para demons-
trar o valor monetário de cada elemento apresentado. Para 
que isso seja possível ela se utiliza das contas. 
As contas são classificadas, na teoria patrimonialista, que 
é a que estamos abordando, em dois grupos:
a. Patrimoniais
São as que identificam cada elemento do patrimô-
nio de uma entidade. Como já vimos anteriormente, 
os elementos patrimoniais são os bens, os direitos e 
as obrigações, que são divididos como apresentado 
a seguir.
Contas
......................................................................................................................................................................................................................
33
i. Ativo
Aqui estamos nos referindo aos bens e direitos 
da entidade.
ii. Passivo
Esse grupo de contas inclui as obrigações com 
terceiros, ou seja, aquelas que são exigíveis.
iii. Patrimônio Líquido
Nesse grupo estão incluídas as obrigações da 
entidade com seus próprios sócios. Inclui, além 
do investimento inicialmente feito por eles, to-
das as reservas que foram criadas, prejuízos 
acumulados, ajustes de avaliação patrimonial, 
entre outras.
b. De resultados
Para que a entidade cumpra sua função econômica, 
deve apresentar resultados, e para que esses sejam 
apurados utilizamos as contas de resultados. Elas 
têm características próprias, pois acumulam saldo 
ao longo do exercício social.
O exercício social é o período no qual as entidades 
deverão elaborar as demonstrações contábeis. Esse 
período deverá ter duração de 1 (um) ano, e a data 
do término será fixada no EstatutoSocial, conforme 
o artigo 175 da Lei nº 6.404/1976 (A Lei das Socie-
dades por Ações), in verbis:
Art. 175. O exercício social terá duração de 1 (um) 
ano e a data do término será fixada no estatuto.
......................................................................................................................................................................................................................
34 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
Parágrafo único. Na constituição da companhia e 
nos casos de alteração estatutária o exercício social 
poderá ter duração diversa. 
Ao final do exercício social, essas contas são encerradas 
na apuração do resultado do exercício, quando se apura 
se a entidade teve lucro ou prejuízo, e seus saldos serão 
zerados.
Nada impede que esses demonstrativos sejam apurados 
mensalmente, trimestralmente ou como preferirem os 
gestores. A exigência acima trata da legislação societária, 
não da tributária.
Elas são divididas em duas categorias, que veremos a seguir:
i. Receitas
São as contas que representam as operações decor-
rentes da venda de bens ou serviços, ou pela remu-
neração de ativos da entidade. Existem em número 
bem menor que as contas de despesas. As contas de 
receitas mais comuns são: receitas de vendas, recei-
tas de serviços, aluguéis ativos, descontos obtidos, 
receitas de juros etc.
ii. Despesas
São contas que representam o sacrifício de ativos 
ou compromissos assumidos em busca de receitas. 
Decorrem do consumo de bens ou da utilização de 
serviços. Ao fazer uma venda de mercadorias uma 
empresa tem uma receita de vendas, mas, quando 
entrega a mercadoria vendida para o cliente, estará 
Contas
......................................................................................................................................................................................................................
35
“sacrificando” um ativo em troca daquela receita. 
As despesas mais comuns são: custo de mercado-
rias/serviços/produtos vendidos, impostos, des-
contos concedidos, salários de empregados, energia 
elétrica etc.
O plano de contas
Para controlar o patrimônio e ter como fornecer informa-
ções que sejam úteis e confiáveis, a contabilidade precisa 
ampliar as possibilidades de qualificar a informação que 
fornece. Para que isso seja possível, utiliza-se de dois ti-
pos de contas, que veremos em detalhes a seguir.
São elas as contas analíticas e as contas sintéticas. Parece 
complicado, não? Mas é apenas uma primeira impressão. 
Um plano de contas é feito de tantos níveis quanto neces-
sários forem. 
a. O que é
Cada empresa, de acordo com suas características 
peculiares, ou do ramo que atua, precisa organizar 
suas contas de forma a possibilitar a geração de in-
formações adequadas aos seus diversos usuários.
Para isso, cada uma delas define a estrutura mais 
adequada para as suas contas. A essa estruturação 
chamamos de Plano de Contas.
b. Para que serve
Podemos dizer que se trata do planejamento da for-
ma como será efetuada a escrituração contábil da-
......................................................................................................................................................................................................................
36 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
quela empresa. É certo que o plano de contas deve 
atender às necessidades legais de evidenciação de 
informações.
Ao definir o plano de contas de uma empresa que 
está iniciando, o contador deve desenvolver uma es-
trutura flexível o suficiente para suportar um enor-
me aumento do porte dessa empresa que ora se ini-
cia, ou seja, o plano de contas tem que ser capaz de 
absorver em sua estrutura novas contas.
c. A hierarquia das contas
i. Contas analíticas
Se você tem duas contas bancárias: uma no 
Banco da Praça, agência 999, com saldo de R$ 
1.000,00, e outra no Banco do Parque, agência 
888, com saldo de R$ 500,00, qual seria o seu 
saldo bancário total, ou seja, o saldo da conta 
que chamaremos de Bancos?
Somados os R$ 1.000,00 do Banco da Praça com 
os R$ 500,00 do Banco do Parque, teremos um 
saldo total de R$ 1.500,00. Nesse exemplo, as 
contas Banco da Praça e Banco do Parque repre-
sentam contas analíticas, são as contas que são 
movimentadas. A conta Bancos representa uma 
conta sintética, pois apenas soma (sintetiza) os 
saldos de contas analíticas a ela ligadas.
Ficou mais fácil para compreender agora? A 
contabilidade, mesmo sem termos consciência 
disso, é aplicada em nosso cotidiano.
Contas
......................................................................................................................................................................................................................
37
De forma simplificada podemos dizer que as 
contas analíticas são aquelas que, efetivamente, 
recebem os lançamentos contábeis. É nelas que 
ocorrem os registros dos fatos administrativos.
ii. Contas sintéticas
As contas sintéticas são as que resumem os sal-
dos das contas a elas subordinadas. No primei-
ro nível de uma conta sintética há o resumo dos 
saldos das contas analíticas a ela subordinadas.
Nos níveis acima, uma conta sintética soma os 
saldos das contas sintéticas a ela subordinadas, 
ou até mesmo de outras contas analíticas.
d. Como deve ser planejado e elaborado
Como vimos, o plano de contas deve ser elabora-
do com muito cuidado, pensando nas variações que 
podem ocorrer no futuro, em longuíssimo prazo.
Dessa forma, ele tem que ser flexível o suficiente 
para absorver novas contas durante muitos exer-
cícios sociais consecutivos. Muitas vezes fatos não 
previstos ocorrem, como a criação de um novo tri-
buto, e uma conta tem que ser criada para atender 
ao seu registro.
Segundo Velter e Missagia (2011, p. 117), 
A maioria das empresas não trabalha com um plano 
de contas na acepção da palavra. Usa apenas um 
elenco de contas. A diferença entre um e outro resi-
de no fato de que o plano de contas, além de apre-
......................................................................................................................................................................................................................
38 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
sentar a relação de contas (elenco), mostra a função 
e o funcionamento destas. O elenco de contas só 
exibe a relação das contas a serem movimentadas.
As contas têm como função o registro e controle dos fatos 
administrativos ocorridos, de sorte que a informação de-
las possa ser extraída de forma ordenada e clara.
As contas têm características de funcionamento próprias. 
As que registram os ativos da empresa são as que inicial-
mente recebem as aplicações (lembram?), portanto, pode-
mos dizer que elas têm natureza devedora. 
As do passivo e do patrimônio líquido são as que inicial-
mente recebem as origens de recursos da entidade, por-
tanto, podemos afirmar que elas têm natureza credora.
As contas de receitas representam a entrada de recursos, 
portanto, têm natureza credora.
As contas de despesas representam a saída de recursos, 
portanto, têm natureza devedora.
Como podemos constatar, as contas funcionam em duas 
situações: quando ela é debitada ou quando ela é creditada. 
Para que um plano de contas seja criado, é preciso que de-
finamos a quantidade de níveis que ele terá e, como numa 
construção civil, deverá ser erguido de baixo para cima. 
No nível inferior são situadas as contas analíticas (as con-
tas que recebem lançamentos diretos).
Contas
......................................................................................................................................................................................................................
39
No nível mais elevado estão as contas que representam 
os grandes gruposcontábeis, que normalmente são assim 
representados:
1. Contas do Ativo.
2. Contas do Passivo e Patrimônio Líquido.
3. Contas de Despesas.
4. Contas de Receitas.
5. Contas de Apuração do Resultado.
Segundo a Lei das Sociedades por Ações, o Ativo é dividi-
do em dois grupos, o circulante e o não circulante.
Poderíamos representar o circulante como sendo o sub-
grupo 1, e o não circulante, como o subgrupo 2.
Nessa simples estrutura mostrada teríamos:
1 – Ativo
 1.1 – Circulante
 1.2 – Não circulante
Ainda não estamos estudando alguns detalhes sobre as di-
ferenças entre esses subgrupos, mas apenas para ilustrar 
a hierarquia das contas, em uma estrutura de um plano 
de contas, poderíamos dizer que os saldos das contas 1.1 
– Circulante e 1.2 – Não circulante somados perfazem o 
saldo da conta 1 – Ativo.
Continuando uma primeira visão de uma estrutura bem 
simplificada, poderíamos ter como continuação do grupo 
............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
40 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
1.1 – Circulante a conta 1.1.1 – Disponibilidades, cujo sal-
do será adicionado à conta 1.1 – Circulante, que por sua 
vez adiciona seu saldo à conta 1 – Ativo.
1 – Ativo 
 1.1– Circulante
 1.1.1 – Disponibilidades
1.2 – Não circulante
A conta 1.1.1 – Disponibilidades, apenas a título de ilus-
tração, poderia ter a ela vinculadas as contas 1.1.1.01 – 
Caixa e 1.1.1.02 – Bancos. O saldo da conta 1.1.1.01 – Cai-
xa somado ao saldo da conta 1.1.1.02 – Bancos somados 
perfazem o total do saldo da conta 1.1.1 – Disponibilida-
des, e assim sucessivamente.
1 – Ativo 
 1.1 – Circulante
 1.1.1 – Disponibilidades
 1.1.1.01 – Caixa
 1.1.1.02 – Bancos
 1.2 – Não circulante
Observe que o número de níveis vai depender da amplitu-
de da estrutura de contas que for planejada.
Princípios contábeis
......................................................................................................................................................................................................................
41
......................................................................................................................................................................................................................
PRINCÍPIOS CONTÁBEIS
Os Princípios de Contabilidade significam a essência das 
doutrinas e teorias relativas à ciência da contabilidade, de 
acordo com o entendimento predominante, para um deter-
minado momento, nos universos científico e profissional. 
Eles não são imutáveis, mas são de observância obrigató-
ria pelos contabilistas no exercício da profissão, conforme 
determinam as Normas Brasileiras de Contabilidade.
A partir de 02/06/2010, Os “Princípios Fundamentais 
de Contabilidade (PFC)”, citados na Resolução CFC nº 
750/1993, passam a ser chamados de “Princípios de 
Contabilidade (PC)”, por força da Resolução CFC nº 
1.282/2010, cuja íntegra é a que se segue:
RESOLUÇÃO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC Nº 
1.282 
DE 28.05.2010 
D.O.U.: 02.06.2010
Atualiza e consolida dispositivos da Resolução CFC nº 750/93, que 
dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade. 
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas 
atribuições legais e regimentais,
CONSIDERANDO que, por conta do processo de convergência às 
normas internacionais de contabilidade, o Conselho Federal de 
Contabilidade emitiu a NBC T 1 - Estrutura Conceitual para a Elabo-
ração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, que discute
......................................................................................................................................................................................................................
42 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
a aplicabilidade dos Princípios Fundamentais de Contabilidade 
contidos na Resolução CFC nº 750/93;
CONSIDERANDO a necessidade de manutenção da Resolução CFC 
nº 750/93, que foi e continua sendo referência para outros orga-
nismos normativos e reguladores brasileiros;
CONSIDERANDO a importância do conteúdo doutrinário apresen-
tado na Resolução CFC nº 750/93, que continua sendo, nesse novo 
cenário convergido, o alicerce para o julgamento profissional na 
aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade;
CONSIDERANDO que, para assegurar a adequada aplicação das 
Normas Brasileiras de Contabilidade à luz dos Princípios de Conta-
bilidade, há a necessidade de harmonização dos dois documentos 
vigentes (Resolução CFC nº 750/93 e NBC T 1);
CONSIDERANDO que, por conta dessa harmonização, a denomina-
ção de Princípios Fundamentais de Contabilidade deva ser alterada 
para Princípios de Contabilidade, visto ser suficiente para o perfei-
to entendimento dos usuários das demonstrações contábeis e dos 
profissionais da Contabilidade, resolve:
Art. 1º Os “Princípios Fundamentais de Contabilidade (PFC)”, citados 
na Resolução CFC nº 750/93, passam a denominar-se “Princípios de 
Contabilidade (PC)”.
Art. 2º O “CONSIDERANDO” da Resolução CFC nº 750/93 passa a vi-
gorar com a seguinte redação:
“CONSIDERANDO a necessidade de prover fundamentação apro-
priada para interpretação e aplicação das Normas Brasileiras de 
Contabilidade,”
Art. 3º Os arts. 5º, 6º, 7º, 9º e o § 1º do art. 10, da Resolução CFC nº 
750/93, passam a vigorar com as seguintes redações:
“Artigo 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade 
continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a 
apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta 
esta circunstância.
Princípios contábeis
......................................................................................................................................................................................................................
43
Artigo 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de 
mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para 
produzir informações íntegras e tempestivas.
Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na pro-
dução e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a 
perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação 
entre a oportunidade e a confiabilidade da informação.
Artigo 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original determina 
que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente regis-
trados pelos valores originais das transações, expressos em moe-
da nacional.
§ 1º As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em 
graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes 
formas:
I - Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos 
ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor 
justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da 
aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos 
que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas cir-
cunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os 
quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal 
das operações; e
II - Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, 
os componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer va-
riações decorrentes dos seguintes fatores:
a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em 
caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se 
esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou 
no período das demonstrações contábeis. Os passivos são reco-
nhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não 
descontados, que seriam necessáriospara liquidar a obrigação na 
data ou no período das demonstrações contábeis;
b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa
......................................................................................................................................................................................................................
44 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela ven-
da em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos va-
lores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se 
espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações 
no curso normal das operações da Entidade;
c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, des-
contado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera 
seja gerado pelo item no curso normal das operações da Entidade. 
Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo 
futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para 
liquidar o passivo no curso normal das operações da Entidade;
d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um 
passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em 
uma transação sem favorecimentos; e
e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aqui-
sitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros 
contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valo-
res dos componentes patrimoniais.
§ 2º São resultantes da adoção da atualização monetária:
I - a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, 
não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo;
II - para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores 
das transações originais, é necessário atualizar sua expressão for-
mal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantiva-
mente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por 
consequência, o do Patrimônio Líquido; e
III - a atualização monetária não representa nova avaliação, mas 
tão somente o ajustamento dos valores originais para determina-
da data, mediante a aplicação de indexadores ou outros elemen-
tos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda na-
cional em um dado período.”
[...]
Princípios contábeis
......................................................................................................................................................................................................................
45
“Artigo 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos 
das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos 
a que se referem, independentemente do recebimento ou paga-
mento.
Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simul-
taneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas.”
Artigo 10. [...]
“Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego 
de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos neces-
sários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido 
de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos 
e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabili-
dade ao processo de mensuração e apresentação dos componen-
tes patrimoniais.”
Art. 4º Ficam revogados o inciso V do art. 3º, o art. 8º e os §§ 2º e 
3º do art. 10, da Resolução CFC nº 750/93, publicada no D.O.U., Se-
ção I, de 31.12.93; a Resolução CFC nº 774/94, publicada no D.O.U., 
Seção I, de 18/1/95, e a Resolução CFC nº 900/01, publicada no 
D.O.U., Seção I, de 3/4/01.
Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
JUAREZ DOMINGUES CARNEIRO
Presidente do Conselho
......................................................................................................................................................................................................................
46 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
Da entidade
O Princípio da Entidade, na Resolução CFC nº 750/1993, 
tem a seguinte redação:
O PRINCÍPIO DA ENTIDADE
Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Pa-
trimônio como objeto da Contabilidade e afirma a 
autonomia patrimonial, a necessidade da diferen-
ciação de um Patrimônio particular no universo dos 
patrimônios existentes, independentemente de per-
tencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma 
sociedade ou instituição de qualquer natureza ou 
finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequ-
ência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde 
com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no 
caso de sociedade ou instituição.
Parágrafo único – O PATRIMÔNIO pertence à ENTI-
DADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou 
agregação contábil de patrimônios autônomos não 
resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de 
natureza econômico-contábil.
Em síntese, podemos afirmar que o patrimônio da entida-
de deve ser segregado do patrimônio de seus sócios. São 
patrimônios distintos, não se misturam. O sócio tem o seu 
quinhão na empresa, mas o dinheiro da empresa é do pa-
trimônio dela, e não do sócio.
Se a empresa obtiver lucro e parte desse lucro for distri-
buído aos sócios, aí, sim, eles terão parte do patrimônio 
da empresa.
Um exemplo da aplicação desse princípio é apresentado 
por meio da questão de concurso público – Analista Legis-
lativo – Câmara dos Deputados – FCC – 2007:
Princípios contábeis
......................................................................................................................................................................................................................
47
A Cia. Astral tem como sócio-presidente o Sr. Carlos Al-
berto. A empresa, neste último exercício, vem atravessan-
do sérias dificuldades financeiras em função de os dois 
outros concorrentes terem se instalado na mesma região, 
disputando mercado que anteriormente era somente seu.
O Sr. Carlos Alberto habitualmente apresenta suas despe-
sas pessoais para serem contabilizadas e pagas pela em-
presa. Ao fazer isso o Sr. Carlos Alberto está infringindo o 
Princípio/Norma Contábil:
a) Da continuidade.
b) Do conservadorismo.
c) Da entidade.
d) Do custo como base do valor original.
e) Da competência.
Resposta: Letra C – Da entidade.
Da continuidade
O Princípio da Continuidade, na Resolução CFC nº 
750/1993, modificada pela Resolução CFC nº 1.282/2010, 
tem a seguinte redação: 
Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Enti-
dade continuará em operação no futuro e, portanto, a men-
suração e a apresentação dos componentes do patrimônio 
levam em conta esta circunstância.
Parte do pressuposto que, em condições normais, salvo evi-
dências ou algum evento excepcional em contrário, a entida-
......................................................................................................................................................................................................................
48 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
de terá continuidade no futuro, ou seja, de que as empresas 
tendem a continuar existindo por longos períodos.
Caso haja indícios de que essa continuidade não ocorrerá, 
os critérios de avaliação de seu patrimônio necessariamen-
te terão que ser diferentes, ou seja, o tratamento contábil 
dado ao patrimônio da empresa terá que ser diferenciado.
Da oportunidade
A redação do Princípio da Oportunidade, na Resolução 
CFC nº 750/1993, foi alterada pela Resolução CFC nº 
1.282/2010 e assim ficou:
Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao 
processo de mensuração e apresentação dos com-
ponentes patrimoniais para produzir informações 
íntegras e tempestivas.
Parágrafo único. A falta de integridade e tempesti-
vidade na produção e na divulgação da informação 
contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, 
por isso é necessário ponderar a relação entre a 
oportunidade e a confiabilidade da informação.
Novamente aqui sepode notar o cuidado da regulamenta-
ção com a qualidade das informações a serem fornecidas 
pela contabilidade.
Segundo Moraes Júnior (2013, p. 28), esse princípio está 
marcado pela necessidade do fornecimento de informa-
ções que sejam íntegras e tempestivas, portanto, exige a 
apreensão, o registro e o fornecimento das informações 
relativas às alterações ocorridas no patrimônio, no mo-
mento em que os fatos administrativos são consumados.
Princípios contábeis
......................................................................................................................................................................................................................
49
Para exemplificar a aplicação desse princípio, vejamos 
uma questão de prova de concurso sobre o tema:
(Analista Judiciário – Área Administrativa – Especialidade 
Contabilidade – TRT 24R-2011 – FCC) O princípio contábil 
que determina que o registro das variações patrimoniais, 
desde que tecnicamente estimável, deve ser feito mesmo 
na hipótese de somente existir razoável certeza de sua 
ocorrência, é o Princípio da:
a) Continuidade.
b) Exclusividade.
c) Oportunidade.
d) Entidade.
e) Prudência.
Essa questão aborda em essência a ideia do Princípio da 
Oportunidade, pois os registros contábeis das variações 
patrimoniais devem ser efetuados mesmo na existência de 
razoável certeza do acontecimento.
Como não poderia deixar de ser, nesse exemplo a alterna-
tiva correta é a opção “C”.
Do registro pelo valor original
Esse é outro Princípio previsto na Resolução CFC nº 
750/1993 que foi modificado pela Resolução CFC nº 
1.282/2010.
Art. 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original 
determina que os componentes do patrimônio de-
......................................................................................................................................................................................................................
50 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
vem ser inicialmente registrados pelos valores origi-
nais das transações, expressos em moeda nacional.
Um ponto importante a ser destacado é que na nova re-
dação desse Princípio ele absorve o extinto princípio da 
atualização monetária, que agora é utilizado apenas como 
um dos critérios para que se registre a variação do custo 
histórico.
Esse é o Princípio que mais alterações sofreu com a edição 
da Resolução CFC nº 1.282/2010. 
Ele determina que os componentes patrimoniais devem, 
em princípio, ser registrados pelos valores originais das 
transações a que correspondem expressos em moeda na-
cional.
A partir daí manifestam-se, mais uma vez, os cuidados 
regulatórios em favor da apresentação mais próxima da 
realidade. A ideia é fazer com que os valores apresentados 
nas demonstrações contábeis reflitam, com a maior proxi-
midade possível, seus valores corretos.
A partir do momento em que foi feito o registro pelo va-
lor original, dependendo do caso e das circunstâncias, as 
seguintes bases de mensuração de seus valores devem ser 
utilizadas, combinadas ou não, para demonstrar as varia-
ções de valores ocorridas ao longo do tempo. Essas bases 
são, segundo a Resolução CFC nº 1.282/2010, editando a 
Resolução CFC nº 750/1993:
Princípios contábeis
......................................................................................................................................................................................................................
51
§ 1º As seguintes bases de mensuração devem ser 
utilizadas em graus distintos e combinadas, ao lon-
go do tempo, de diferentes formas:
I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos 
valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equiva-
lentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que 
são entregues para adquiri-los na data da aquisição. 
Os passivos são registrados pelos valores dos recur-
sos que foram recebidos em troca da obrigação ou, 
em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa 
ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários 
para liquidar o passivo no curso normal das opera-
ções; e
II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado 
ao patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos 
e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos 
seguintes fatores:
a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos 
valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais 
teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equi-
valentes fossem adquiridos na data ou no período 
das demonstrações contábeis. Os passivos são re-
conhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes 
de caixa, não descontados, que seriam necessários 
para liquidar a obrigação na data ou no período das 
demonstrações contábeis;
b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos 
valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais 
poderiam ser obtidos pela venda em uma forma or-
denada. Os passivos são mantidos pelos valores em 
caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que 
se espera seriam pagos para liquidar as correspon-
dentes obrigações no curso normal das operações 
da Entidade;
c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor 
presente, descontado do fluxo futuro de entrada lí-
quida de caixa que se espera seja gerado pelo item 
no curso normal das operações da Entidade. Os pas-
sivos são mantidos pelo valor presente, desconta-
......................................................................................................................................................................................................................
52 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
do do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se 
espera seja necessário para liquidar o passivo no 
curso normal das operações da Entidade;
d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode 
ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes 
conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação 
sem favorecimentos; e
e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração 
do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser 
reconhecidos nos registros contábeis mediante o 
ajustamento da expressão formal dos valores dos 
componentes patrimoniais. 
§ 2º São resultantes da adoção da atualização mo-
netária:
I – a moeda, embora aceita universalmente como 
medida de valor, não representa unidade constante 
em termos do poder aquisitivo;
II – para que a avaliação do patrimônio possa man-
ter os valores das transações originais, é necessário 
atualizar sua expressão formal em moeda nacional, 
a fim de que permaneçam substantivamente corre-
tos os valores dos componentes patrimoniais e, por 
consequência, o do Patrimônio Líquido; e
III – a atualização monetária não representa nova 
avaliação, mas tão somente o ajustamento dos va-
lores originais para determinada data, mediante a 
aplicação de indexadores ou outros elementos ap-
tos a traduzir a variação do poder aquisitivo da mo-
eda nacional em um dado período.
Observem que os valores variam de acordo com alguns con-
ceitos muito importantes que serão muito utilizados ao lon-
go do seu aprendizado em Ciências Contábeis, tais como:
1. Custo histórico.
2. Variações do custo histórico, como Custo Corren-
Princípios contábeis
......................................................................................................................................................................................................................
53
te, Valor Realizável, Valor Presente, Valor Justo e 
Atualização Monetária.
Ao longo do curso esses temas serão tratados com maior 
profundidade. 
Da competência
Outro Princípio estabelecido pela Resolução CFC nº 750 
que foi modificado pela Resolução CFC nº 1.282/2010:
Art. 9º O Princípio da Competência determina que 
os efeitos das transações e outros eventos sejam re-
conhecidos nos períodos a que se referem, indepen-
dentemente do recebimento ou pagamento.
Parágrafo único. O Princípio da Competência pres-supõe a simultaneidade da confrontação de receitas 
e de despesas correlatas.
Esse Princípio também sofreu mudança, em face da har-
monização das Normas de Contabilidade de acordo com 
novo padrão adotado para a contabilidade brasileira. Ele 
simplesmente, agora de forma mais genérica, determina o 
reconhecimento, e consequente registro, das transações 
no momento em que elas ocorrem, independentemente se 
houve ou não seus pagamentos ou recebimentos.
Vamos exemplificar a aplicação desse Princípio com uma 
questão de concurso público (FCC):
Em relação ao princípio contábil da competência, é correto 
afirmar que:
......................................................................................................................................................................................................................
54 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
a) O reconhecimento das despesas deve ser efetua-
do quando houver o efetivo desembolso financeiro 
por parte da pessoa jurídica que efetuou o gasto.
b) Uma despesa é considerada incorrida quando há 
um surgimento de um ativo, sem o concomitante 
desaparecimento de um passivo.
c) As perdas involuntárias de ativos por questões 
fortuitas ou por força maior não devem ser compu-
tadas na apuração do resultado do exercício, por-
que não estão correlacionadas com a realização de 
receitas.
d) As receitas são consideradas realizadas, nas tran-
sações com terceiros, quando estes efetuarem o pa-
gamento.
e) A extinção, mesmo que parcial, de um passivo, 
sem o desaparecimento concomitante de um ativo, 
de valor igual ou maior, é considerada realização de 
receita.
Existem nessa questão-exemplo alguns conceitos que você 
ainda não aprendeu, mas a simples leitura do caput do 
Princípio da Competência e de seu parágrafo único levará 
você à resposta correta, observe:
O princípio da competência define claramente que o reco-
nhecimento de uma despesa independe do seu pagamento 
ou recebimento, portanto, a opção A não atende às suas 
definições.
Princípios contábeis
......................................................................................................................................................................................................................
55
Quando há o surgimento de um ativo, sem o concomitante 
desaparecimento de um passivo, podem ter ocorrido dois 
tipos de eventos: sócios investindo mais recursos na enti-
dade ou, este mais comum, uma receita, por exemplo, de 
aluguéis recebidos, ou seja, ocorreu uma receita. Portanto 
a opção B não está de acordo com o princípio da compe-
tência.
As perdas são necessariamente registradas como despe-
sas, e o resultado é o confronto entre receitas e despesas, 
portanto, a opção C também não atende ao princípio da 
competência.
É o mesmo caso da opção A, só que ao contrário. O princí-
pio da competência não atrela o reconhecimento de uma 
receita ao seu recebimento, portanto, essa opção também 
não atende ao princípio da competência.
A extinção de um passivo (obrigação) sem o desapareci-
mento concomitante de um ativo (normalmente as obri-
gações são quitadas com ativos — bens e direitos) signifi-
ca realização de receita, nos termos da Resolução CFC nº 
750/1993, em seu artigo 9º. Opção correta “E”.
Da prudência
Na existência de um ativo ou um passivo, escriturados de 
acordo com o que determina o Princípio do Registro pelo 
Valor Original, quando é suscitada qualquer dúvida quan-
to à correção que eles devem sofrer, o Princípio da Prudên-
cia deve ser observado.
......................................................................................................................................................................................................................
56 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
Caso exista mais de uma possibilidade de se fazer o cálcu-
lo dos valores atualizados, recomenda o princípio da pru-
dência que seja sempre escolhido o de menor valor para 
os ativos e o de maior valor para os passivos. O objetivo é 
sempre garantir os interesses dos credores da entidade ou 
dos sócios minoritários da entidade.
O valor provisionado ao final de cada exercício social para 
estimar, no próximo exercício social, as perdas que ocor-
rerão pelo não recebimento dos créditos da empresa junto 
aos seus clientes, chamada de Provisão para Estimativa de 
perdas em Créditos de Liquidação Duvidosa – PECLD, é 
um exemplo claro da aplicação do princípio da prudência, 
pois, como essa conta (PECLD) é redutora do ativo, o usu-
ário das demonstrações contábeis daquela entidade terá 
a ideia correta dos valores líquidos que a empresa espera 
receber de seus clientes.
Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a ado-
ção do menor valor para os componentes do ATIVO 
e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apre-
sentem alternativas igualmente válidas para a quan-
tificação das mutações patrimoniais que alterem o 
patrimônio líquido.
Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe 
o emprego de certo grau de precaução no exercício 
dos julgamentos necessários às estimativas em cer-
tas condições de incerteza, no sentido de que ativos 
e receitas não sejam superestimados e que passi-
vos e despesas não sejam subestimados, atribuindo 
maior confiabilidade ao processo de mensuração e 
apresentação dos componentes patrimoniais.
Vejamos, a título de exemplo, uma questão de concurso 
que aborda o tema:
Princípios contábeis
......................................................................................................................................................................................................................
57
(Técnico Judiciário – Área Administrativa – Especialidade 
Contabilidade – TER/PI – 2009 – FCC) De acordo com o 
Princípio da Prudência, a contabilidade deve adotar, den-
tre os critérios válidos, aquele que resulta no:
a) Menor valor para os passivos.
b) Menor valor para os ativos.
c) Menor valor para as perdas.
d) Maior valor para o patrimônio líquido.
e) Maior valor para as receitas.
O Princípio da Prudência mostrado acima determina a 
adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e 
do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem 
alternativas igualmente válidas para a quantificação das 
mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. 
Dessa forma não teremos dúvidas em assinalar a opção 
“B”.
Neste capítulo, você estudou as noções iniciais do que é 
a contabilidade. Foram abordadas algumas características 
que a definem como uma linguagem importante para in-
vestidores e gestores em geral de acordo com o atual con-
texto de negócios e suas demandas contemporâneas.
Você pôde entender que a contabilidade vai bem além do 
simples fato de fazer registros e gerar informações passa-
das para seus usuários. Ocorreram mudanças que a alça-
ram a um novo patamar no universo dos negócios.
......................................................................................................................................................................................................................
58 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
Você teve a oportunidade de conhecer um pouco de sua 
história e evolução.
Viu também quais são os usuários das informações con-
tábeis e dentre esses grupos de usuários aprendeu a dis-
tinguir os que têm prioridade nas informações contábeis 
padronizadas.
Você pôde aprender e conhecer o amplo campo de atua-
ção atualmente disponível para um profissional da área 
contábil.
Outro ponto importante que você pôde conhecer foi o en-
tendimento das técnicas que um profissional contábil uti-
liza para atender aos objetivos da contabilidade.
Teve também a oportunidade de conhecer o verdadeiro 
significado do que é patrimônio, sua composição e as di-
versas situações patrimoniais possíveis.
Vocêteve um contato inicial com o “tijolo” da construção 
da informação contábil, a noção de conta contábil, do re-
lacionamento existente entre elas e como por meio desse 
relacionamento se projeta a informação que se deseja ex-
trair do sistema contábil.
Finalmente, pôde compreender parte do escopo regula-
mentar que rege o exercício técnico da profissão, ou seja, 
os princípios contábeis.
59
......................................................................................................................................................................................................................
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Resolução 
Normativa nº 605, de 11 de março de 2014. Aprova o Ma-
nual de Contabilidade do Setor Elétrico – MCSE, instituí-
do pela Resolução Normativa nº 444, de 26 de outubro de 
2001. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 mar. 2014.
AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE. Resolução Normativa nº 
322, de 27 de março de 2013. Altera o Anexo da Resolução 
Normativa nº 290, de 27 de fevereiro de 2012, que dispõe 
sobre o Plano de Contas Padrão para as Operadoras de Pla-
nos de Assistência à Saúde. Diário Oficial da União, Brasí-
lia, DF, 28 mar. 2013.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Resolução nº 4.144, de 27 
de setembro de 2012. Dispõe sobre a estrutura conceitual
para a elaboração e apresentação das demonstrações con-
tábeis. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 set. 2012.
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe 
sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 17 dez. 1976.
. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera 
e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro
de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e es-
tende às sociedades de grande porte disposições relativas 
à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 dez. 2007.
. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a le-
gislação tributária federal relativa ao parcelamento ordiná-
rio de débitos tributários; concede remissão nos casos em 
que especifica; institui regime tributário de transição [...] e 
......................................................................................................................................................................................................................
60 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 
DF, 28 maio 2009.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Deliberação CVM 
nº 675, de 13 de dezembro de 2011. Aprova o Pronuncia-
mento Conceitual Básico do Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis, que dispõe sobre a estrutura conceitual para 
elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 dez. 2011.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC 
nº 750, de 29 de dezembro de 1993. Dispõe sobre os Prin-
cípios de Contabilidade (PC). Diário Oficial da União, Bra-
sília, DF, 31 dez. 1993.
. Resolução CFC nº 774, de 16 de dezembro de 
1994. Aprova o Apêndice à Resolução sobre os Princípios 
Fundamentais de Contabilidade. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 18 jan. 1995.
. Resolução CFC nº 1.055, de 7 de outubro de 2005. 
Cria o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC) e dá 
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 
24 out. 2005.
. Resolução CFC nº 1.282, de 28 de maio de 2010. 
Atualiza e consolida dispositivos da Resolução CFC nº 
750/93, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de 
Contabilidade. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2 jun. 
2010.
. Resolução CFC nº 1.374, de 8 de dezembro de 
2011. Dá nova redação à NBC TG ESTRUTURA CONCEITU-
AL – Estrutura conceitual para elaboração e divulgação de 
relatório contábil-financeiro. Diário Oficial da União, Bra-
sília, DF, 16 dez. 2011.
61
......................................................................................................................................................................................................................
. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 100, 
de 24 de janeiro de 2014. Dispõe sobre a NBC PG 100 – 
Aplicação geral aos profissionais da contabilidade. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF, 25 mar. 2014.
. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 12, 
de 21 de novembro de 2014. Aprova a NBC PG 12, que dis-
põe sobre educação profissional continuada. Alterada pela 
NBC PG 12, de 10 de dezembro de 2015. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, 8 dez. 2014.
. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 200, 
de 24 de janeiro de 2014. Dispõe sobre a NBC PG 200 – 
Contadores que prestam serviços (contadores externos). 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 mar. 2014.
. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 300, 
de 24 de janeiro de 2014. Dispõe sobre a NBC PG 300 – 
Contadores empregados (contadores internos). Diário Ofi-
cial da União, Brasília, DF, 25 mar. 2014.
EDDINGTON, Arthur S. La filosofia de la ciência física. 
Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1946.
MARION, José C. Contabilidade Geral. São Paulo: Atlas, 
2012.
MORAES JÚNIOR; José J.; Contabilidade Geral. Rio de Ja-
neiro: Campus, 2013.
PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de Contabilidade Básica: 
contabilidade introdutória e intermediária. 8. ed. São Pau-
lo: Atlas, 2012.
SÁ, Antônio Lopes de. Teoria da Contabilidade. 5. ed. São 
Paulo: Atlas, 2010.
............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
62 Os conceitos básicos da contabilidade: os primeiros passos
SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS. Circular 
Susep nº 483, de 6 de janeiro de 2014. Dispõe sobre al-
terações das Normas Contábeis a serem observadas pelas 
sociedades seguradoras, sociedades de capitalização, enti-
dades abertas de previdência complementar e ressegura-
dores locais, instituídas pela Resolução CNSP nº 86, de 3 
de setembro de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 
8 jan. 2014.
VELTER, Francisco; MISSAGIA, Luiz R. Manual de Contabi-
lidade: teoria e mais de 650 questões. 8. ed. Rio de Janeiro: 
Campus; Elsevier, 2011.
63Atos e fatos administrativos
............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
CAPÍTULO 2 
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL – 
PARTE I
Neste capítulo, abordaremos a diferença entre atos e fatos 
administrativos para a contabilidade e como os fatos ad-
ministrativos são registrados nos principais livros da em-
presa. 
Um ponto importante que será abordado, fundamental 
para a compreensão da lógica que fundamenta a linguagem 
contábil, é o Método das Partidas Dobradas.
Será apresentada, em suas minúcias, a técnica da escritu-
ração contábil, e, em seguida, será mostrada a prática da 
escrituração contábil no livro diário, que é o principal livro 
contábil, e nos razonetes, que representam a simplificação 
da escrituração efetuada no livro-razão, outro importante 
livro da contabilidade.
64
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
ATOSE FATOS ADMINISTRATIVOS
Em contabilidade, a questão das nomenclaturas adotadas 
é sempre importante. É bom que seja esclarecida a dife-
rença entre ATOS administrativos e FATOS administrati-
vos, pois isso costuma dar margem a erros.
Atos Administrativos
Ocorrem na entidade sem causar alterações em seu pa-
trimônio, portanto, não são registrados contabilmente 
(veremos como funciona essa contabilização ainda neste 
capítulo).
Quando forem abordadas as demonstrações contábeis, 
veremos que o conjunto delas inclui Notas Explicativas. 
Nelas são registrados alguns atos administrativos, os que 
sejam relevantes e que poderão gerar fatos administrati-
vos no futuro. O melhor exemplo dessa situação é a em-
presa se tornar avalista de um empréstimo tomado por 
uma empresa em que tenha participação relevante. Se a 
empresa associada não pagar o empréstimo, a empresa 
avalista terá que pagá-lo, com seus custos, e isso se torna-
rá um fato administrativo.
Existem algumas situações mais simples e transitórias que 
são atos administrativos. Muitas empresas costumam, por 
esse motivo, fazer registros em contas de compensação, 
que são contas próprias para o registro de atos adminis-
trativos (MORAES JÚNIOR, 2013, p. 91).
65Atos e fatos administrativos
......................................................................................................................................................................................................................
Fatos Administrativos
Alguns autores os chamam também de fatos de gestão, 
porém, a grande maioria os trata como fatos administrati-
vos, que representam operações realizadas pela adminis-
tração de uma entidade que afetem, em termos quantitati-
vos e/ou qualitativos, o patrimônio desta.
A simples transferência de valores da conta que registra 
a movimentação do Banco A para a conta que registra a 
movimentação do Banco B afeta a posição patrimonial, e 
por esse motivo deve ser registrada. Sim, os fatos adminis-
trativos devem ser registrados na contabilidade.
Enfim, todas as operações praticadas pela administração 
de uma entidade, tais como compras, vendas, emprésti-
mos, trocas etc., são consideradas fatos administrativos.
Com muita propriedade nos esclarece Ferreira (2013, p. 
391) que fato administrativo não é a mesma coisa que fato 
contábil, porque todo fato administrativo é um fato contá-
bil, mas nem todo fato contábil é um fato administrativo. 
Por exemplo, se um incêndio causa a perda dos estoques 
de uma empresa, o patrimônio é reduzido. Esse fato não 
é decorrente de atos praticados pelos gestores, portanto, 
não é um fato administrativo, mas produz variação patri-
monial, portanto, trata-se de um fato contábil.
Os fatos administrativos podem ser separados em três ca-
tegorias distintas: fatos permutativos ou compensativos, 
fatos modificativos e fatos mistos.
66
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
1. Fatos permutativos ou compensativos
São aqueles que NÃO provocam alterações no valor do Pa-
trimônio Líquido. Como no exemplo das contas bancárias 
mostrado acima: o fato administrativo não alterou o valor 
do patrimônio. Naquele caso somente alterou o valor das 
duas contas bancárias envolvidas. O valor do ativo perma-
neceu o mesmo, o do passivo também, por consequência, 
o patrimônio líquido também não foi alterado.
Sempre que houver fatos que envolvam somente contas 
patrimoniais, não haverá apenas a troca de saldos. Vamos 
ver alguns exemplos:
1.1. Se a empresa retira R$ 1.000,00 da conta caixa 
e compra estoques ocorre uma redução no saldo da 
conta caixa, ou seja, um crédito, já que é uma conta 
do ativo, e um correspondente aumento da conta 
estoque, ou seja, um débito, já que é também uma 
conta do ativo. Nesse caso, houve o registro de um 
fato administrativo, porém o ativo não se alterou, 
nem o passivo e tampouco o patrimônio líquido.
1.2. Se a empresa paga, por meio de um cheque de 
R$ 5.000,00, uma dívida com um fornecedor, temos 
uma saída da conta bancos, que, por ser uma conta 
do ativo, é diminuída, e para diminuir o ativo de-
vemos lançar um crédito. O pagamento serviu para 
quitar uma obrigação, reduzindo o passivo. Para re-
duzir o passivo devemos lançar um débito de R$ 
5.000,00, que, nesse caso, é efetuado na conta for-
necedores a pagar. Observem que nesse exemplo o 
67Atos e fatos administrativos
......................................................................................................................................................................................................................
ativo diminuiu, o passivo diminuiu no mesmo valor, 
e, como o patrimônio líquido é a diferença entre o 
ativo e o passivo, ele não foi alterado.
1.3. Um cliente pagou, em dinheiro, R$ 2.000,00 que 
devia à empresa. O fato administrativo foi registra-
do da seguinte forma: um débito na conta caixa no 
valor de R$ 2.000,00 (aumento do ativo) e um crédi-
to na conta clientes a receber no mesmo valor (dimi-
nuição do ativo). Novamente temos um caso em que 
o fato administrativo não alterou o valor do ativo, 
não envolveu o passivo e, portanto, não alterou o 
patrimônio líquido.
1.4. A empresa que tinha uma reserva de lucros 
para futuro aumento de capital resolveu efetivar o 
aumento de seu capital utilizando-se dessa reser-
va, que montava a R$ 500.000,00. Nesse caso temos 
envolvidas duas contas do patrimônio líquido: “ca-
pital social” e “reserva de lucros para aumento de 
capital”. Por serem contas de natureza credora (as 
contas do passivo e do patrimônio líquido têm 
natureza credora) — para aumentar o patrimônio 
líquido devemos lançar um crédito, e, para dimi-
nuir, um débito — vamos lançar um crédito de R$ 
500.000,00 na conta que teve o saldo aumentado, 
ou seja, a conta “capital social”, e um débito no mes-
mo valor na conta que teve o saldo reduzido, ou 
seja, a conta “reserva de lucros para aumento de 
capital”. Observe que não ocorreu alteração no valor 
do patrimônio líquido, pois nesse fato administrati-
vo ele aumentou e diminuiu no mesmo valor. 
68
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
1.5. A empresa efetuou, a prazo, uma compra de mer-
cadorias para revenda, no valor de R$ 600.000,00. 
Estão envolvidas nesse fato administrativo duas 
contas, “fornecedores a pagar” e “estoques”, uma do 
passivo, pois é uma obrigação assumida, e uma do 
ativo, pois são bens adquiridos. Temos nesse caso 
um aumento no ativo, representado por um débito 
na conta “estoques”, e um aumento no passivo, re-
presentado por um crédito na conta “fornecedores 
a pagar”, ou seja, foram aumentados o ativo e o pas-
sivo em R$ 600.000,00, não alterando o patrimônio 
líquido, pois Ativo – Passivo = Patrimônio Líquido.
1.6. Se a empresa vender, à vista, em dinheiro, pelo 
preço de custo, uma mercadoria de seus estoques, 
ocorrerá somente a troca de mercadorias por mo-
edas. Nesse caso, o fato administrativo envolverá 
contas patrimoniais e contas de resultado (veremos 
esse tipo de operação mais adiante), mas não haverá 
nenhuma alteração no patrimônio líquido, pois não 
ocorrerá nem lucro, nem prejuízo.
Nesses fatos administrativos exemplificados acima 
não devemos, e não podemos, esquecer do Princípio 
da Competência. Lembram dele? O reconhecimento 
dos fatos deve se dar no momento de sua ocorrên-
cia, não estando vinculado necessariamente ao seu 
pagamento ou recebimento.
2. Fatos Modificativos
Como o nome sugere, esses fatos provocam alterações 
para mais ou para menosno patrimônio líquido, podendo 
ser classificados da seguinte forma:
69Atos e fatos administrativos
......................................................................................................................................................................................................................
a) Aumentativos: são os que aumentam o valor do 
patrimônio líquido.
b) Diminutivos: são os que reduzem o valor do pa-
trimônio líquido.
c) Mistos ou compostos: são aqueles que envolvem, 
ao mesmo tempo, um fato modificativo e um fato per-
mutativo, podendo ser aumentativos ou diminutivos. 
Apesar de não termos aprendido ainda o que são lança-
mentos contábeis, serão apresentados a seguir alguns 
exemplos desses fatos, que ficarão mais claros, para o seu 
entendimento, após o estudo dos lançamentos contábeis e 
da apuração de resultados de um exercício social.
2.1 Fatos Modificativos Aumentativos:
a) A entidade prestou um serviço e o recebeu à vis-
ta, em dinheiro.
Houve um aumento do ativo, por meio de um dé-
bito na conta caixa, e um aumento do patrimônio 
líquido, em função do lançamento a crédito na con-
ta receita de serviços. Toda receita aumenta o patri-
mônio líquido.
b) A entidade recebeu dividendos relativos à distri-
buição dos lucros de uma entidade em que tenha 
participação societária. Ao receber os dividendos, ela 
teve um débito em sua conta bancos e um crédito, 
por exemplo, em outras receitas. Sempre que ocorre 
uma receita o patrimônio líquido é aumentado.
70
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
Nesse exemplo tivemos um aumento de um ativo e 
um aumento do patrimônio líquido.
c) Os acionistas da empresa resolveram fazer um 
aumento do capital social e integralizaram mais R$ 
100.000,00, depositados na conta do Banco A.
Nesse caso houve um aumento do patrimônio líqui-
do, por causa de um crédito na conta capital social, 
e um aumento do ativo, em função de um débito na 
conta banco A.
d) A empresa devia uma importância significativa a 
um determinado fornecedor e, após um acordo com 
os acionistas, decidiu aumentar seu capital social, 
emitindo novas ações, que foram entregues ao for-
necedor em troca da importância devida.
Nesse caso houve uma redução do passivo, por cau-
sa de um débito na conta fornecedores a pagar, e 
um aumento do patrimônio líquido, em função de 
um crédito na conta capital social. 
2.2 Fatos Modificativos Diminutivos:
a) A empresa distribuiu dividendos aos seus acio-
nistas, por meio de transferências bancárias para os 
titulares dessas ações.
Nesse caso houve uma redução do ativo, em função 
de créditos na conta bancos, e uma redução do pa-
trimônio líquido, por causa da distribuição, lançada 
por meio de débitos na conta lucros acumulados.
b) A empresa efetuou o pagamento do aluguel da 
loja que utiliza, em dinheiro.
71Atos e fatos administrativos
......................................................................................................................................................................................................................
Nessa situação houve a redução de ativo, traduzido 
por um lançamento a crédito na conta caixa, e a re-
dução do patrimônio líquido, pois a conta despesa 
com aluguéis recebeu um débito. Toda despesa re-
duz o patrimônio líquido.
c) A empresa obteve antecipadamente duplicatas 
que tinha a receber. Para que o cliente fizesse o pa-
gamento de forma antecipada, a empresa ofereceu 
um desconto.
Houve um recebimento em dinheiro ou cheque, au-
mentando o ativo por meio de débito. Houve o des-
conto concedido, que é registrado em função de um 
débito (lembram que toda despesa reduz o patrimô-
nio líquido?), e um direito foi retirado do ativo, por 
causa de um crédito, que corresponde à soma dos 
dois débitos que vimos acima.
2.3 Fatos Mistos Diminutivos:
a) Uma empresa recebeu, em 01/06/2016, por depó-
sito bancário, R$ 100.000,00 relativos a uma dupli-
cata cujo valor era de R$ 108.000,00 e venceria em 
60 dias. Para tanto, concedeu ao cliente um descon-
to de R$ 8.000,00.
O lançamento envolveria um débito na conta caixa, 
pois o caixa foi aumentado no valor recebido (R$ 
100.000,00); a contrapartida dessa conta seria a 
conta clientes a receber, em que o cliente constava 
como devedor de R$ 108.000,00, portanto, tal con-
ta recebe um lançamento a crédito no valor de R$ 
100.000,00. Para completar o registro, devemos lan-
72
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
çar, na conta despesas financeiras, o desconto que 
foi concedido ao cliente no valor de R$ 8.000,00. 
Toda despesa recebe lançamento a débito e reduz 
o patrimônio líquido. Como contrapartida a esse re-
gistro, devemos lançar um crédito na conta “clien-
tes a receber” no valor de R$ 8.000,00.
Dessa forma, esse fato permutou posições no ativo 
e reduziu o patrimônio líquido.
Observem que o total lançado a débito (R$ 
100.000,00 + R$ 8.000,00) é exatamente igual ao to-
tal lançado a crédito (R$ 100.000,00 + R$ 8.000,00). 
Essa é uma das regras mais importantes da conta-
bilidade.
Estudaremos isso com mais detalhes quando abor-
darmos a escrituração contábil.
2.4 Fatos Mistos Aumentativos:
b) Uma empresa recebeu, em 01/06/2016, por depó-
sito bancário, uma duplicata de R$ 100.000,00 que 
um cliente lhe devia. Esse recebimento foi acrescido 
de R$ 8.000,00 a título de juros pelo atraso no paga-
mento, ou seja, a empresa tinha “duplicatas a receber” 
no valor de R$ 100.000,00 e recebeu R$ 108.000,00.
No caso houve um aumento no ativo, na conta ban-
cos. Como já sabemos, para aumentar o ativo de-
vemos fazer um lançamento a débito no valor de 
R$ 108.000,00. Houve a quitação de uma dívida, ou 
seja, um direito que a empresa tinha a receber foi 
recebido, dessa forma houve uma redução no ativo. 
Para reduzir o ativo devemos fazer, nesse caso, um 
lançamento a crédito na conta duplicatas a receber 
73Atos e fatos administrativos
......................................................................................................................................................................................................................
no valor de R$ 100.000,00, que era o valor da dívida 
que o cliente tinha registrada na empresa. Os res-
tantes R$ 8.000,00 são lançados na conta receitas 
financeiras, e, como vocês já sabem, as receitas são 
lançadas a crédito e aumentam o patrimônio líquido.
Dessa forma o fato permutou elementos do ativo e 
modificou para mais o patrimônio líquido.
Novamente observem que o total lançado a débito é 
exatamente igual ao total lançado a crédito. 
74
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
LIVROS DA EMPRESA
As atividades empresariais podem ser representadas por 
pessoas físicas ou jurídicas de forma quase total, à ex-
ceção das que exigem a adequação da entidade ao que é 
determinado pelos diplomas legais de cada país em que 
estejam sendo executadas.
No caso das entidades brasileiras, atuantes no Brasil, o 
primeiro normativo a ser obedecido é o Código Civil – CC, 
ou seja, a Lei nº 10.406/2002.
CAPÍTULO IV
Da Escrituração
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados 
a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com 
base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência 
com a documentação respectiva,e a levantar anualmente o ba-
lanço patrimonial e o de resultado econômico.
§ 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros 
ficam a critério dos interessados.
§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empre-
sário a que se refere o art. 970.
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável 
o Diário (grifo nosso), que pode ser substituído por fichas no caso 
de escrituração mecanizada ou eletrônica.
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro 
apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de re-
sultado econômico.
75Livros da empresa
......................................................................................................................................................................................................................
Prossegue a Lei:
Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente 
nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês 
e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasu-
ras, emendas ou transportes para as margens.
Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de 
abreviaturas, que constem de livro próprio, regularmente auten-
ticado.
Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e 
caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita di-
reta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da 
empresa.
§ 1º Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que 
não excedam o período de trinta dias, relativamente a contas 
cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do 
estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regular-
mente autenticados, para registro individualizado, e conservados 
os documentos que permitam a sua perfeita verificação.
§ 2º Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resul-
tado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico em 
Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou 
sociedade empresária.
Art. 1.185. O empresário ou sociedade empresária que adotar o 
sistema de fichas de lançamentos poderá substituir o livro Diário 
pelo livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas 
formalidades extrínsecas exigidas para aquele.
Art. 1.186. O livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado 
de modo que registre:
I - a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, 
pelo respectivo saldo, em forma de balancetes diários;
II - o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerra-
mento do exercício.
76
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
O regulamento do imposto de renda – RIR, Decreto nº 
3.000, de 26 de março de 1999, obriga as pessoas jurí-
dicas tributadas com base no lucro real a manterem sua 
escrituração em livros adequados.
O CFC, por meio da Resolução nº 1.330/2011, emitiu 
a interpretação técnica geral – ITG 2000, alterada em 
05/12/2014 pela ITG 2000 (R1) – publicada no D.O.U. de 
12/12/2014 – tratando do tema:
ITG 2000 (R1) – ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL 
Objetivo
1. Esta Interpretação estabelece critérios e procedimentos a serem 
adotados pela entidade para a escrituração contábil de seus fatos 
patrimoniais, por meio de qualquer processo, bem como a guarda 
e a manutenção da documentação e de arquivos contábeis e a 
responsabilidade do profissional da contabilidade. 
Alcance
2. Esta Interpretação deve ser adotada por todas as entidades, in-
dependente da natureza e do porte, na elaboração da escritura-
ção contábil, observadas as exigências da legislação e de outras 
normas aplicáveis, se houver. 
Formalidades da escrituração contábil 
3. A escrituração contábil deve ser realizada com observância aos 
Princípios de Contabilidade.
4. O nível de detalhamento da escrituração contábil deve estar 
alinhado às necessidades de informação de seus usuários. Nesse 
sentido, esta Interpretação não estabelece o nível de detalhe ou 
mesmo sugere um plano de contas a ser observado. O detalha-
mento dos registros contábeis é diretamente proporcional à com-
plexidade das operações da entidade e dos requisitos de informa-
ção a ela aplicáveis e, exceto nos casos em que uma autoridade 
reguladora assim o requeira, não devem necessariamente obser-
var um padrão predefinido.
77Livros da empresa
......................................................................................................................................................................................................................
5. A escrituração contábil deve ser executada:
a) em idioma e em moeda corrente nacionais;
b) em forma contábil;
c) em ordem cronológica de dia, mês e ano;
d) com ausência de espaços em branco, entrelinhas, borrões, 
rasuras ou emendas; e
e) com base em documentos de origem externa ou interna ou, 
na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fa-
tos contábeis.
6. A escrituração em forma contábil de que trata o item 5 deve 
conter, no mínimo:
a) data do registro contábil, ou seja, a data em que o fato con-
tábil ocorreu;
b) conta devedora;
c) conta credora;
d) histórico que represente a essência econômica da transação 
ou o código de histórico padronizado, neste caso baseado em 
tabela auxiliar inclusa em livro próprio;
e) valor do registro contábil;
f ) informação que permita identificar, de forma unívoca, todos 
os registros que integram um mesmo lançamento contábil.
7. O registro contábil deve conter o número de identificação do 
lançamento em ordem sequencial relacionado ao respectivo do-
cumento de origem externa ou interna ou, na sua falta, em ele-
mentos que comprovem ou evidenciem fatos contábeis.
8. A terminologia utilizada no registro contábil deve expressar a 
essência econômica da transação.
9. Os livros contábeis obrigatórios, entre eles o Livro Diário e o Li-
vro Razão, em forma não digital, devem revestir-se de formalida-
des extrínsecas, tais como:
a) serem encadernados;
b) terem suas folhas numeradas sequencialmente;
c) conterem termo de abertura e de encerramento assinados 
pelo titular ou representante legal da entidade e pelo profissio-
nal da contabilidade regularmente habilitado no Conselho Re-
gional de Contabilidade. 
78
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
10. Os livros contábeis obrigatórios, entre eles o Livro Diário e o 
Livro Razão, em forma digital, devem revestir-se de formalidades 
extrínsecas, tais como:
a) serem assinados digitalmente pela entidade e pelo profissio-
nal da contabilidade regularmente habilitado;
b) serem autenticados no registro público competente;
c) quando exigível por legislação específica, serem autenticados 
no registro público ou entidade competente (Alterada pela ITG 
2000 (R1)).
11. Admite-se o uso de códigos e/ou abreviaturas, nos históricos 
dos lançamentos, desde que permanentes e uniformes, devendo 
constar o significado dos códigos e/ou abreviaturas no Livro Diá-
rio ou em registro especial revestido das formalidades extrínsecas 
de que tratam os itens 9 e 10. 
12. A escrituração contábil e a emissão de relatórios, peças, análi-
ses, demonstrativos e demonstrações contábeis são de atribuição 
e de responsabilidade exclusivas do profissional da contabilidade 
legalmente habilitado.
13. As demonstrações contábeis devem ser transcritas no Livro 
Diário, completando-se com as assinaturas do titular ou de repre-
sentante legal da entidade e do profissional da contabilidade le-
galmente habilitado.
Livro diário e livro-razão
14. No Livro Diário devem ser lançadas, em ordem cronológica, 
com individualização, clareza e referência ao documentoproban-
te, todas as operações ocorridas, e quaisquer outros fatos que pro-
voquem variações patrimoniais. 
15. Quando o Livro Diário e o Livro-Razão forem gerados por pro-
cesso que utilize fichas ou folhas soltas, deve ser adotado o regis-
tro “Balancetes Diários e Balanços”.
16. No caso da entidade adotar processo eletrônico ou mecaniza-
do para a sua escrituração contábil, os formulários de folhas soltas, 
devem ser numerados mecânica ou tipograficamente e encader-
nados em forma de livro.
79Livros da empresa
......................................................................................................................................................................................................................
17. Em caso de escrituração contábil em forma digital, não há ne-
cessidade de impressão e encadernação em forma de livro, porém 
o arquivo magnético autenticado pelo registro público compe-
tente deve ser mantido pela entidade.
18. Os registros auxiliares, quando adotados, devem obedecer aos 
preceitos gerais da escrituração contábil.
19. A entidade é responsável pelo registro público de livros contá-
beis em órgão competente e por averbações exigidas pela legis-
lação de recuperação judicial, sendo atribuição do profissional de 
contabilidade a comunicação formal dessas exigências à entidade.
Escrituração contábil de filial
20. A entidade que tiver unidade operacional ou de negócios, 
quer como filial, agência, sucursal ou assemelhada, e que optar 
por sistema de escrituração descentralizado, deve ter registros 
contábeis que permitam a identificação das transações de cada 
uma dessas unidades.
21. A escrituração de todas as unidades deve integrar um único 
sistema contábil.
22. A opção por escrituração descentralizada fica a critério da en-
tidade.
23. Na escrituração descentralizada, deve ser observado o mesmo 
grau de detalhamento dos registros contábeis da matriz.
24. As contas recíprocas relativas às transações entre matriz e uni-
dades, bem como entre estas, devem ser eliminadas quando da 
elaboração das demonstrações contábeis da entidade.
25. As despesas e as receitas que não possam ser atribuídas às 
unidades devem ser registradas na matriz e distribuídas para as 
unidades de acordo com critérios da administração da entidade.
80
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
Documentação contábil
26. Documentação contábil é aquela que comprova os fatos que 
originam lançamentos na escrituração da entidade e compreende 
todos os documentos, livros, papéis, registros e outras peças, de 
origem interna ou externa, que apoiam ou componham a escri-
turação.
27. A documentação contábil é hábil quando revestida das carac-
terísticas intrínsecas ou extrínsecas essenciais, definidas na legis-
lação, na técnica-contábil ou aceitas pelos “usos e costumes”.
28. Os documentos em papel podem ser digitalizados e armazena-
dos em meio magnético, desde que assinados pelo responsável pela 
entidade e pelo profissional da contabilidade regularmente habilita-
do, devendo ser submetidos ao registro público competente.
Contas de compensação
29. Contas de compensação constituem sistema próprio para con-
trole e registro dos fatos relevantes que resultam em assunção de 
direitos e obrigações da entidade cujos efeitos materializar-se-ão 
no futuro e que possam se traduzir em modificações no patrimô-
nio da entidade.
30. Exceto quando de uso mandatório por ato de órgão regulador, 
a escrituração das contas de compensação não é obrigatória. Nos 
casos em que não forem utilizadas, a entidade deve assegurar-se 
que possui outros mecanismos que permitam acumular as infor-
mações que de outra maneira estariam controladas nas contas de 
compensação.
Retificação de lançamento contábil 
31. Retificação de lançamento é o processo técnico de correção de 
registro realizado com erro na escrituração contábil da entidade e 
pode ser feito por meio de:
a) estorno;
b) transferência; e
c) complementação.
81Livros da empresa
......................................................................................................................................................................................................................
32. Em qualquer das formas citadas no item 31, o histórico do lan-
çamento deve precisar o motivo da retificação, a data e a localiza-
ção do lançamento de origem.
33. O estorno consiste em lançamento inverso àquele feito erro-
neamente, anulando-o totalmente.
34. Lançamento de transferência é aquele que promove a regula-
rização de conta indevidamente debitada ou creditada, por meio 
da transposição do registro para a conta adequada.
35. Lançamento de complementação é aquele que vem posterior-
mente complementar, aumentando ou reduzindo o valor ante-
riormente registrado.
36. Os lançamentos realizados fora da época devida devem con-
signar, nos seus históricos, as datas efetivas das ocorrências e a 
razão do registro extemporâneo.
Em razão dessa alteração, as disposições não alteradas desta In-
terpretação são mantidas e a sigla da ITG 2000, publicada no DOU, 
Seção 1, de 22.3.11, passa a ser ITG 2000 (R1).
A alteração desta Interpretação entra em vigor na data de sua pu-
blicação.
Brasília, 5 de dezembro de 2014.
Contador José Martonio Alves Coelho
Presidente
Pelo que pudemos verificar nessa parte da regulamenta-
ção, existem livros empresariais obrigatórios e livros fa-
cultativos; livros comuns e livros especiais; livros princi-
pais e livros auxiliares; e, finalmente, livros cronológicos e 
livros sistemáticos.
82
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
Moraes Júnior (2013, p. 68) mostra um interessante esque-
ma que ajudará muito na compreensão dessas diferenças.
Livros obrigatórios – São os que a lei exige, por 
exemplo, o livro diário exigido pelo CC, e o livro-ra-
zão, exigido pelo CFC pela ITG 2000 (R1).
Livros facultativos – Esses não são exigidos por lei, 
podendo, de acordo com os critérios da empresa, 
ser ou não adotados; temos como exemplo o livro-
-caixa.
Livros comuns – São livros exigidos nas empresas, 
de forma geral, não importando se são ou não obri-
gatórios. Dependendo do tipo societário alguns li-
vros são obrigatórios ou não.
Livros especiais – São exigidos exclusivamente para 
alguns tipos de sociedades.
Livros principais – Registram todos os fatos admi-
nistrativos e contábeis; temos como exemplos o li-
vro diário e o livro-razão.
Livros auxiliares – São os que registram informa-
ções para controle de apenas alguns elementos pa-
trimoniais, isoladamente, tais como o livro de con-
tas correntes ou o livro-caixa.
Livros Cronológicos – Obedecem, como o nome su-
gere, a ordem de ocorrência dos fatos administrativos 
e contábeis, de forma rigorosa, dia a dia, mês a mês, 
ano a ano. O maior exemplo disso é o livro diário.
83Livros da empresa
......................................................................................................................................................................................................................
Livros sistemáticos – São aqueles em que a escritu-
ração é feita separada por contas (elementos patri-
moniais). Por exemplo, o livro-razão.
É importante que isso seja entendido, pois é muito cobra-
do em concursos públicos e no exame de suficiência do 
CFC. Observe que cada livro pode possuir mais de uma 
característica.
O livro diário, por exemplo, é obrigatório, principal, co-
mum e cronológico.
O livro-razão é obrigatório (pela regulamentação comer-
cial e fiscal e pelo CFC), principal e sistemático.
Vamos veros detalhes, especialmente desses dois livros, 
para entender essas diferenças e o porquê de serem tão 
importantes.
1. Livro diário
O Código Civil coloca como livro obrigatório o livro diário, 
no entanto, ele pode ser substituído por fichas, no caso de 
escrituração mecanizada (quase em desuso) ou eletrônica. 
No caso remoto do uso de fichas, isso não elimina a neces-
sidade de livro apropriado para o lançamento do balanço 
patrimonial e do demonstrativo de resultado econômico 
(que chamamos de demonstração do resultado do exercí-
cio – DRE). Veja os artigos 1.179 e 1.180 do CC.
Continuando a atenta leitura do CC, fica patente que a 
escrituração deve ser feita em idioma nacional e moeda 
corrente nacional, em formato contábil, por ordem crono-
84
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
lógica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem 
entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes 
para as margens.
No livro diário, serão lançadas, com individuação, clareza 
e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por 
escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas 
ao exercício da empresa. A esse respeito a ITG 2000 (R1) 
determina os elementos mínimos de um lançamento con-
tábil nele. São eles:
a) Data do registro contábil, ou seja, a data em que 
o fato contábil ocorreu;
b) Conta(s) devedora(s);
c) Conta(s) credora(s);
d) Histórico que represente a essência econômica 
da transação ou o código de histórico padronizado, 
neste caso baseado em tabela auxiliar inclusa em 
livro próprio;
e) Valor do registro contábil;
f) Informação que permita identificar, de forma uní-
voca, todos os registros que integram um mesmo 
lançamento contábil (normalmente contido na com-
binação da data do evento, das contas envolvidas, 
do histórico e do valor).
Outro ponto importante constante da ITG 2000 (R1) é o 
seguinte: “serão lançados no Diário o balanço patrimonial 
e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados 
por técnico em Ciências Contábeis legalmente habilitado 
e pelo empresário ou sociedade empresária”. Isso signifi-
ca que deverá ser feita no próprio livro diário a apuração 
do resultado de cada exercício e feitos os lançamentos re-
85Livros da empresa
......................................................................................................................................................................................................................
lativos aos relatórios daí resultantes. Essa apuração e os 
relatórios balanço patrimonial e DRE veremos em detalhes 
nos próximos capítulos.
O livro diário, atendendo às formalidades legais, deve ser 
encadernado, com folhas numeradas sequencialmente, 
nas quais estarão os registros dos fatos administrativos 
ou contábeis ocorridos no período de um exercício social. 
Deverá conter termo de abertura e de encerramento e ser 
autenticado no órgão competente — no caso das socie-
dades empresárias, as Juntas Comerciais — e deverá ter 
as demonstrações contábeis nele contidos assinadas pelo 
titular ou representante legal da entidade e pelo conta-
dor responsável pela escrituração da empresa. Podemos 
resumir as formalidades legais exigidas para o livro diário, 
separando-as em dois grupos: formalidades intrínsecas e 
formalidades extrínsecas, conforme o quadro a seguir:
Formalidades Extrínsecas Formalidades Intrínsecas
• Encadernado e com páginas 
numeradas
• Ordem cronológica
• Registrado no órgão compe-
tente
• Não são permitidos borrões, 
rasuras ou emendas
• São necessários termos de 
abertura e de encerramento
• Não são permitidos espaços 
em branco e ocupação de 
margens e entrelinhas
• Assinado por contabilista 
responsável e por represen-
tante legal da empresa
• Método uniforme de escritu-
ração
Fonte: Velter e Missagia (2013, p. 156).
86
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
De acordo com os pontos que abordamos podemos enten-
der que o livro diário faz o registro dos fatos administra-
tivos ou contábeis na mesma ordem em que eles ocorrem, 
ou seja, obedecendo uma ordem cronológica. Se imaginar-
mos que esse livro, em cada registro nele feito, utiliza con-
tas, tanto a débito quanto a crédito, muitas vezes diferen-
tes, salvo em sistema informatizado, na segunda página já 
não saberíamos em tempo razoável os saldos de cada uma 
dessas contas. Pensem no livro diário de um banco. Cada 
um de nós tem nele pelo menos uma conta. A cada depó-
sito que fazemos em nossas contas é feito um registro no 
livro diário. Já imaginaram a confusão para que cada um 
obtenha seu saldo?
2. Livro-razão
O livro-razão veio a registrar, em ordem cronológica, mas 
individualmente, as movimentações ocorridas em cada 
conta, ou seja, ele é separado por conta contábil. Por inter-
médio dele fica mais direto o acompanhamento do saldo 
de cada conta contábil (lembram do exemplo das contas 
correntes bancárias que vimos no livro diário?). Cada vez 
que vamos a um terminal bancário e imprimimos os lan-
çamentos efetuados em nossa conta corrente, o extrato 
bancário, estamos utilizando uma parte do conteúdo do 
livro-razão de nossa conta corrente no banco.
É um livro obrigatório, principal e sistemático. “O Razão é 
um livro primordialmente sistemático e secundariamente 
cronológico, enquanto que o Diário é exclusivamente cro-
nológico.“ (MORAES JÚNIOR, 2013, p. 71).
87Livros da empresa
......................................................................................................................................................................................................................
Como vimos, ao abordarmos as contas contábeis, existem 
contas analíticas e contas sintéticas (lembram?). As contas 
analíticas são as efetivamente movimentadas, recebem os 
lançamentos, e as contas sintéticas são as que acumulam 
saldos de outras contas, analíticas ou sintéticas, a elas vin-
culadas.
Todas as contas do plano de contas da entidade, sintéti-
cas ou analíticas, são registradas no livro-razão. Temos, 
portanto, o livro-razão analítico e o livro-razão sintético. 
Vamos ver um exemplo. No capítulo em que abordamos 
as contas foi colocado um exemplo para demonstrar a hie-
rarquia das contas. Agora podemos desdobrar o mesmo 
exemplo para entendermos melhor como funciona essa 
hierarquia e como são efetuados os registros nos livros-
-razão analítico e sintético. O exemplo que foi colocado 
está transcrito a seguir:
 1 – Ativo 
 1.2 – Circulante
 1.1.1 – Disponibilidades
 1.2 – Não circulante
A conta 1.1.1 – Disponibilidades, apenas a título de ilus-
tração, poderia ter a ela vinculadas as contas 1.1.1.01 – 
Caixa e 1.1.1.02 – Bancos. O saldo da conta 1.1.1.01 – Cai-
xa somado ao saldo da conta 1.1.1.02 – Bancos somados 
perfazem o total do saldo da conta 1.1.1 – Disponibilida-
des, e assim sucessivamente.
88
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
 1 – Ativo 
 1.2 – Circulante
 1.1.1 – Disponibilidades
 1.1.1.01 – Caixa
 1.1.1.02 – Bancos
Suponhamos que a empresa tem contas em três bancos di-
ferentes, somente em uma agência de cada um deles (mui-
tas empresas têm mais de uma conta no mesmo banco).
De acordo com a estrutura que traçamos vamos criar um 
código para cada uma dessas contas, que são as seguintes:
Banco A – Agência 777
Banco B – Agência 888Banco C – Agência 999
No plano de contas da empresa seriam atribuídos os se-
guintes códigos para cada uma delas:
1.1.1.02.001 – Banco A – Agência 777
1.1.1.02.002 – Banco B – Agência 888
1.1.1.02.003 – Banco C – Agência 999
O Razão de cada uma dessas contas, que são analíticas, 
teria o seguinte formato:
89Livros da empresa
......................................................................................................................................................................................................................
Conta: 1.1.1.02.001 – Banco A – Agência 777
Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C
04/07/2015 Depósito 
inicial
5.500,00 5.500,00 D
05/07/2015 Ch. 321123 400,00 D
 
Conta: 1.1.1.02.002 – Banco A – Agência 888
Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C
04/07/2015 Depósito 
inicial
15.000,00 15.000,00 D
06/07/2015 Depósito 15.000,00 45.000,00 D
 
Conta: 1.1.1.02.003 – Banco A – Agência 999
Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C
05/07/2015 Depósito 
inicial
35.000,00 35.000,00 D
 
Poderíamos dizer que o total que temos em cada conta é 
facilmente identificável. Basta olhar para o Razão de cada 
uma delas e verificar imediatamente.
Porém, se quisermos saber o total que temos depositados 
em bancos, teríamos que fazer a soma dos três Razões.
O Razão sintético, de acordo com a hierarquia definida no 
plano de contas, efetua exatamente isso. 
A conta sintética 1.1.1.02 registrará a movimentação ocor-
rida em todas as contas a ela vinculadas, que, nesse caso, 
são a 1.1.1.01.001, 1.1.1.01.002 e 1.1.1.01.003.
......................................................................................................................................................................................................................
90
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
O Razão dessa conta, que é sintética, seria assim repre-
sentado:
Conta: 1.1.1.02 – Bancos
Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C
04/07/2015
Depósito 
inicial
Banco A
5.500,00 5.500,00 D
04/07/2015
Depósito 
inicial
Banco B
15.000,00 20.500,00 D
05/07/2015
Ch. 
321123
400,00
20.100,00 D
05/07/2015
Depósito 
inicial
Banco C
35.000,00 55.100,00 D
06/07/2015
Depósito 
inicial
Banco B
30.000,00 85.100,00 D
91Método das Partidas Dobradas
............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS
Entraremos em um assunto de importância vital para a 
sua compreensão sobre os próximos passos na contabi-
lidade.
Trata-se do método sobre o qual se apoia a contabilidade 
moderna, apesar de ter sido relatado em 1492. 
Quando, no primeiro capítulo, vimos o que é a contabilida-
de foi colocado o seguinte texto: na Idade Média, em 1492, 
o frade franciscano Luca Pacioli publicou o primeiro livro 
de que se tem notícia sobre o método das partidas dobra-
das, que até os dias atuais é utilizado pela contabilidade, o 
livro chamado de Summa de Arithmetica, Geometria, Pro-
portioni et Proprocionalità.
O professor Antônio Lopes de Sá (1995), grande estudio-
so da contabilidade no Brasil e de todas as suas teorias, 
dizia em seu dicionário contábil que o termo “partida” é 
o “registro de um fato ou vários fatos em forma contábil, 
caracterizando-se a conta, o histórico, os valores e a data 
em que se verificou o fato”.
Se associarmos essa definição ao que determina a ITG 
2000 (R1), veremos nela integralmente presente essa defi-
nição do emérito professor Lopes de Sá:
92
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte I
a) Data do registro contábil, ou seja, a data em que 
o fato contábil ocorreu.
b) Conta(s) devedora(s).
c) Conta(s) credora(s).
d) Histórico que represente a essência econômica 
da transação ou o código de histórico padronizado, 
neste caso baseado em tabela auxiliar inclusa em 
livro próprio.
e) Valor do registro contábil.
f) Informação que permita identificar, de forma uní-
voca, todos os registros que integram um mesmo 
lançamento contábil (normalmente contido na com-
binação da data do evento, das contas envolvidas, 
do histórico e do valor).
O termo partida pode ser entendido como sendo sinônimo 
de lançamento.
A ideia central desse método é a de que não pode existir 
uma aplicação sem que haja origem correspondente, e vi-
ce-versa.
Não podemos aplicar um dinheiro que veio do “nada”.
Não podemos receber um recurso e ele, simplesmente, 
como um toque de mágica, desaparecer no éter.
Diante dessa simples constatação, temos estabelecido o 
método que, para um determinado montante de recursos 
aplicados, deve haver um montante correspondente de 
origens de recursos.
93Método das Partidas Dobradas
......................................................................................................................................................................................................................
Sendo assim, sempre que formos registrar, por meio do 
lançamento contábil, um fato administrativo ou contábil, 
temos que informar a origem do recurso e a sua aplicação. 
Por exemplo, a empresa adquiriu, a prazo, mercadorias 
para revenda do fornecedor X. Nessa operação a origem 
dos recursos registrados é o fornecedor X, que recebe um 
crédito. A aplicação desses recursos foi feita nos estoques 
da empresa; dessa forma a conta estoques recebe um dé-
bito de igual valor, ou seja, o total de origens tem que ser, 
obrigatoriamente, igual ao total de aplicações de recursos.
Existem fatos em que há uma origem e uma aplicação, ou-
tros em que há várias aplicações e uma origem, outros em 
que há várias origens e uma aplicação, outros, ainda, em que 
há diversas origens e diversas aplicações. Nada disso tem 
importância se, ao final, o total de origens for igual ao total 
de aplicações. Não pode haver, em um lançamento contábil, 
diferença entre os totais de origens e de aplicações.
......................................................................................................................................................................................................................
94 Escrituração Contábil – Parte I
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL
Quando, no capítulo I, abordamos as técnicas contábeis, 
vimos que a primeira delas é a escrituração. Vimos que é 
a técnica contábil que registra os fatos contábeis e os ad-
ministrativos, pois eles alteram, seja qualitativa ou quan-
titativamente, o patrimônio de uma entidade.
Em termos comerciais, que é o que nos interessa neste 
estudo, utilizamos o método de escrituração das partidas 
dobradas, também chamado de digrafia.
Como vimos, método, ao fazer um registro, observa dois 
aspectos fundamentais: a origem e a aplicação dos recur-
sos.
A origem dos recursos será sempre representada por cré-
dito, e a aplicação dos recursos, por débito.
O CC, a ITG 2000 (R1) e a Lei das Sociedades por Ações, 
nº 6.404/76, dispõem sobre a obrigatoriedade da escritu-
ração contábil.
Escrituração contábil
......................................................................................................................................................................................................................
95
Código CivilBrasileiro – Lei nº 12.406/2002
CAPÍTULO IV
Da Escrituração
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados 
a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com 
base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência 
com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o ba-
lanço patrimonial e o de resultado econômico.
Artigo 177 da Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976
Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros 
permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comer-
cial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente acei-
tos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes 
no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime 
de competência.
ITG 2000 (R1) – ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL 
Objetivo
1. Esta Interpretação estabelece critérios e procedimentos a serem 
adotados pela entidade para a escrituração contábil de seus fatos 
patrimoniais, por meio de qualquer processo, bem como a guarda 
e a manutenção da documentação e de arquivos contábeis e a 
responsabilidade do profissional da contabilidade. 
Alcance
2. Esta Interpretação deve ser adotada por todas as entidades, in-
dependente da natureza e do porte, na elaboração da escritura-
ção contábil, observadas as exigências da legislação e de outras 
normas aplicáveis, se houver.
......................................................................................................................................................................................................................
96 Escrituração Contábil – Parte I
Como vimos, a escrituração deverá ser registrada em li-
vros contábeis apropriados. Em nossa abordagem introdu-
tória ficaremos restritos aos livros diário e razão.
Para executarmos a técnica da escrituração precisamos 
utilizar o lançamento contábil, que nada mais é do que o 
registro dos fatos contábeis e/ou administrativos, logica-
mente com suporte em documentação idônea.
Um lançamento contábil, para que assim seja configurado, 
precisa conter, no mínimo cinco elementos:
• Local e data.
• Conta(s) debitada(s).
• Conta(s) creditada(s).
• Valor.
• Histórico.
Somente por meio desses elementos seremos capazes de 
localizar um documento relativo a uma determinada ope-
ração. Esse conjunto de elementos é o identificador do 
lançamento.
Como vimos ao estudarmos o método das partidas dobra-
das, pode haver quatro fórmulas de lançamentos, no livro 
diário, a saber:
1ª Fórmula:
Nesse tipo de lançamento temos uma conta debitada e 
uma conta creditada. 
Escrituração contábil
......................................................................................................................................................................................................................
97
2ª Fórmula:
Nesse tipo de lançamento temos uma conta debitada e 
mais de uma creditada.
3ª Fórmula:
Nesse tipo de lançamento temos mais de uma conta debi-
tada e apenas uma creditada.
4ª Fórmula:
Nesse tipo de lançamento temos mais de uma conta debi-
tada e mais de uma creditada.
Importante: não importa qual seja a fórmula utilizada, “Nunca 
podemos esquecer que o total de débitos TEM que ser igual 
ao total de créditos.”
Veremos agora como seriam feitos os lançamentos, no livro diário, 
de cada uma das fórmulas.
Exemplo de um lançamento de 1ª fórmula:
Uma compra, feita a prazo, de mercadorias para revenda, 
no dia 5 de junho de 2016, no valor de R$ 15.000,00.
Rio de Janeiro, 5 de junho de 2016.
Mercadorias 
a Fornecedores a Pagar 15.000,00
......................................................................................................................................................................................................................
98 Escrituração Contábil – Parte I
Exemplo de um lançamento de 2ª fórmula:
No dia 10 de junho de 2016 a empresa efetuou um paga-
mento ao fornecedor, com atraso. Era devida a importân-
cia de R$ 5.000,00, mas houve o acréscimo de R$ 100,00 a 
título de juros pelo atraso.
Rio de Janeiro, 10 de junho de 2016.
Bancos
a Diversos
a Duplicatas a Pagar 5.000,00
a Juros passivos 100,00 5.100,00
Exemplo de um lançamento de 3ª fórmula:
No dia 10 de junho de 2016 a empresa recebeu do Cliente 
X, por meio de depósito bancário, uma duplicata a receber 
no valor de R$ 10.000,00, já vencida, e recebeu R$ 200,00 
de juros pelo atraso.
Rio de Janeiro, 10 de junho de 2016.
Diversos
a Bancos 
Duplicatas a Receber 10.000,00
Juros Ativos 200,00 10.200,00
Exemplo de um lançamento de 4ª fórmula:
Em 5 de junho de 2016 a empresa adquiriu na Loja XYZ 
uma máquina para sua fábrica por R$ 3.000,00, uma mesa 
para microcomputador no valor de R$ 600,00 e uma ca-
deira no valor de R$ 400,00. No ato da compra foi dada 
Escrituração contábil
......................................................................................................................................................................................................................
99
uma entrada, em dinheiro, no valor de R$ 1.500,00, sendo 
o restante a ser pago por duplicata, vencível em 30 dias, 
no valor de R$ 2.500,00.
Rio de Janeiro, 5 de junho de 2016.
Diversos 
a Diversos
Caixa 1.500,00
Duplicatas a Pagar 2.500,00
a Móveis e utensílios 1.000,00
a Máquinas e Equipamentos 3.000,00
Observem que em todos os lançamentos os totais lança-
dos a débito são exatamente iguais aos totais lançados a 
crédito.
Se esses lançamentos fossem efetuados no livro-razão, te-
ríamos, como exemplo, o de 1ª fórmula:
Conta: N.N.N.NN.NNN – Mercadorias
Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C
05/06/2016
Compra 
– NF 222 
– Fornece-
dor XYZ
15.000,00 15.000,00 D
 
Conta: X.X.X.XX.XXX – Fornecedores a Pagar
Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C
05/06/2016
Compra 
– NF 222 
– Fornece-
dor XYZ
15.000,00 15.000,00 C
......................................................................................................................................................................................................................
100 Escrituração Contábil – Parte I
Buscando a simplificação da utilização do livro-razão, 
como se fosse um rascunho, utilizamos os razonetes, que 
são a representação gráfica da conta no formato de uma 
letra “T”. Acima do traço fica o nome da conta, do lado 
esquerdo ficam todos os créditos lançados na conta, e do 
lado direito ficam todos os débitos lançados na conta.
 
 
Débito Crédito
Nome da Conta
Vamos preencher os razonetes das 
operações mostradas no exemplo acima?
Vamos fazer primeiro o da conta mercadorias. Os recursos 
da conta mercadorias, no exemplo mostrado, representam 
origem ou aplicação de recursos? A resposta é simples: re-
presentam aplicações, pois as origens são explicadas pelo 
crédito dado pelo fornecedor.
Todas as vezes que você for fazer a classificação de uma 
conta contábil para saber se a lançará a débito ou a cré-
dito, faça a pergunta: de onde veio o recurso? A resposta 
indicará a(s) conta(s) que receberá(ão) lançamento(s) a cré-
dito. Em seguida faça a pergunta: onde foram aplicados 
os recursos? A resposta indicará a(s) conta(s) que recebe-
rá(ão) lançamento(s) a débito, ou seja, as origens são sem-
pre credoras, e as aplicações, sempre devedoras.
No nosso exemplo, os recursos em questão tiveram qual 
origem? “Fornecedores a Pagar”. Tiveram qual aplicação? 
“Mercadorias”. Então, crédito para “Fornecedores a Pagar” 
e débito de “Mercadorias”.
Escrituração contábil
......................................................................................................................................................................................................................
101
 
Débito Crédito
Mercadorias
Débito Crédito
Fornecedores a pagar
Um ponto de enorme relevância é que, de acordo com a 
Resolução CFC nº 750/1993, que foi modificada pela Reso-
luçãoCFC nº 1.282/2010, os registros contábeis devem ser 
feitos obedecendo ao Princípio da Competência, ou seja, 
os fatos devem ser reconhecidos no ato de sua ocorrência 
independentemente de seus pagamentos ou recebimentos. 
Assim também determina a Lei das Sociedades por Ações.
A escrituração da companhia será mantida em registros 
permanentes, com obediência aos preceitos da legislação 
comercial e desta Lei aos princípios de contabilidade ge-
ralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios 
contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações pa-
trimoniais segundo o regime de competência (Art. 177, da 
Lei nº 6.404/1976).
Outro princípio adotado na escrituração normal de uma 
entidade é o Princípio da Continuidade, quando se supõe 
que aquela empresa está funcionando em condição nor-
mal e com perspectiva de continuidade de suas atividades.
15.000,00
15.000,00
......................................................................................................................................................................................................................
102 Escrituração Contábil – Parte I
PRATICANDO A ESCRITURAÇÃO NO LIVRO 
DIÁRIO E NOS RAZONETES
Na cidade do Rio de Janeiro, em 1º de junho de 2015, João 
e José, futuros sócios na empresa XPTO, em fase de forma-
ção, reuniram-se oficialmente para elaborar seu contrato 
social, quando estabeleceram que o capital social da em-
presa seria de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), compos-
to por 2.000 quotas, no valor nominal de R$ 100.000,00 
cada, como se segue:
João R$ 100.000,00
José R$ 100.000,00
 
Total R$ 200.000,00
As quotas estabelecidas deveriam ser (e foram) integrali-
zadas, em 15 de junho de 2015, por meio de depósito ban-
cário na conta da Cia. XPTO, em moeda corrente do país.
Os primeiros fatos administrativos a serem escriturados 
estão presentes. Teriam que ser feitos no livro diário os 
seguintes lançamentos:
Rio de Janeiro, 1º de junho de 2015.
Capital Subscrito 
a Capital Social 200.000,00
Referente à subscrição do capital da Cia. XPTO.
Praticando a escrituração no livro diário e nos razonetes
......................................................................................................................................................................................................................
103
Nesse ato os razonetes assim teriam a seguinte represen-
tação:
200.000,00
Capital social
 
200.000,00
Capital a integralizar
Na escrituração acima ficou registrada a subscrição do ca-
pital (quanto os sócios determinaram que investiriam na 
empresa).
Em 15 de junho, conforme estabelecido, os sócios efetua-
ram os depósitos de suas quotas na conta bancária da Cia. 
XPTO. Para que se fizesse o registro desses fatos foram 
efetuados os seguintes registros contábeis no livro diário:
Rio de Janeiro, 15 de junho de 2015.
Bancos c/ Movimento 
a Capital subscrito 200.000,00
Referente à integralização pelos sócios da importân-
cia subscrita para a formação do capital social da Cia. 
XPTO.
......................................................................................................................................................................................................................
104 Escrituração Contábil – Parte I
Nos razonetes teríamos a seguinte representação:
200.000,00
Capital social
200.000,00
Capital a integralizar
200.000,00
Bancos Conta Movimento
Estamos no início de um exemplo de escrituração, mas 
vamos fixar alguns pontos importantes:
• No primeiro lançamento (subscrição do capital), 
a origem foi a conta “capital social”; por esse motivo 
ele foi lançado a crédito. A aplicação foi a conta “ca-
pital a integralizar”; por esse motivo ela foi lançada 
a débito.
• Nos razonetes, os lançamentos a crédito ficam 
sempre do lado direito do “T”; os a débito, do lado 
esquerdo.
• No segundo lançamento (integralização do capi-
tal), a origem foi a integralização, por isso foi lan-
çado um crédito na conta capital a integralizar e a 
200.000,00
Praticando a escrituração no livro diário e nos razonetes
......................................................................................................................................................................................................................
105
aplicação foi depositada na conta Bancos conta mo-
vimento da Cia XPTO, que recebeu um lançamento 
a débito.
• No livro diário, os créditos não são precedidos da 
partícula “a”, os débitos são.
Conta Devedora
a Conta Credora
No dia 16 de junho de 2015, já com o dinheiro depositado 
na conta da Cia XPTO, os dois sócios resolveram iniciar 
as atividades e adquiriram um microcomputador por R$ 
3.000,00, duas mesas de escritório ao custo unitário de R$ 
600,00 e duas cadeiras de escritório ao custo unitário de 
R$ 200,00. Tudo foi pago à vista.
No mesmo dia adquiriram mercadorias para revender, no 
valor de R$ 20.000,00, sendo que metade foi pago no ato 
da compra, e a outra metade, a crédito, para ser paga em 
20 dias.
O livro diário teve fatos para registrar no dia 16, e eles 
foram nele assim registrados:
......................................................................................................................................................................................................................
106 Escrituração Contábil – Parte I
Rio de Janeiro, 16 de junho de 2015
Máquinas e Equipamentos
a Bancos conta movimento 3.000,00
Relativo à aquisição de um microcomputador na Firma 
XYZ, por meio da Nota Fiscal nº 9.999.
Móveis e Utensílios 
a Bancos conta movimento 1.200,00
Relativo à aquisição de duas mesas de escritório na Fir-
ma ZYX, por meio da Nota Fiscal nº 7.700
Móveis e Utensílios
a Bancos conta movimento 400,00
Relativo à aquisição de duas cadeiras de escritório na 
Firma ZYX, por meio da Nota Fiscal nº 7.700
Diversos
Banco conta movimento 10.000,00
Estoques 10.000,00
a Fornecedores a Pagar 20.000,00
Relativo à aquisição de mercadorias para revenda do 
Fornecedor Gente Boa, por meio da Nota Fiscal nº 6.987.
Praticando a escrituração no livro diário e nos razonetes
......................................................................................................................................................................................................................
107
200.000,00
Capital social
 
200.000,00
200.000,00
Capital a integralizar
3.000,00
1.000,00
10.000,00
Bancos Conta Movimento
200.000,00
 
3.000,00
Máquinas e equipamentos
200.000,00
Móveis e utensílios
 
200.000,00
Estoques
10.000,00
Fornecedores a pagar
 
Fique atento para o fato de que, nas contas até aqui lança-
das, todas são patrimoniais, ou seja, são bens, direitos ou 
obrigações. Quando movimentamos somente contas patri-
moniais, o total do patrimônio líquido não é alterado, ou 
seja, todos os fatos são permutativos. Vamos recapitular 
os lançamentos, apurando a posição patrimonial a cada 
lançamento efetuado.
......................................................................................................................................................................................................................
108 Escrituração Contábil – Parte I
Temos que considerar que a equação patrimonial é a se-
guinte:
Patrimônio Líquido = Ativo - Passivo
• No primeiro lançamento foi efetuado o registro 
da subscrição do capital. Ficamos com saldo em 
duas contas do patrimônio líquido, uma com cré-
dito de R$ 200.000,00, e outra com débito de R$ 
200.000,00. Nenhuma conta no Ativo e nenhuma no 
Passivo. Olhando para a fórmula, teremos: 0 – 0 = 0 
(200.000,00 – 200.000,00). 
• No segundo lançamento foi efetuado o registro 
da integralização (a colocação dos recursos pelos 
sócios na empresa) do capital social.
• Ao final ficamos com um saldo credor na conta 
capital socialde R$ 200.000,00 e um saldo devedor 
na conta banco conta movimentos de R$ 200.000,00.
Respeitando a equação patrimonial teremos: 
Ativo – Passivo = Patrimônio líquido
200.000,00 – 0 = 200.000,00
 
• No terceiro lançamento foi feita uma compra de 
um microcomputador, à vista, por R$ 3.000,00, ou 
seja, ocorreu um fato permutativo, pois transferiu-
-se saldo de uma conta do ativo para outra, sem al-
terar o patrimônio líquido.
Praticando a escrituração no livro diário e nos razonetes
......................................................................................................................................................................................................................
109
• O total do ativo, nesse momento, era de R$ 
200.000,00, sendo R$ 197.000,00 na conta bancos 
conta movimento e R$ 3.000,00 na conta máquinas 
e equipamentos. O total do passivo continuou zero, 
de forma que o ativo subtraído do passivo resultou 
nos mesmos R$ 200.000,00 da operação anterior.
• No quarto lançamento foi efetuada a compra de 
duas mesas, à vista, totalizando R$ 1.200,00. Mais 
uma vez o patrimônio líquido não se alterou.
• O ativo continuou totalizando R$ 200.000,00, 
sendo R$ 195.800,00 na conta bancos conta movi-
mento, R$ 3.000,00 na conta máquinas e equipa-
mentos e R$ 1.200,00 na conta móveis e utensílios. 
O passivo continuou zero, e, consequentemente o 
patrimônio líquido permaneceu em R$ 200.000,00.
• No quinto lançamento foi efetuada a compra de 
duas cadeiras, à vista, totalizando R$ 400,00. No-
vamente não ocorreu modificação no patrimônio 
líquido.
• O ativo continuou totalizando R$ 200.000,00, 
sendo R$ 195.400,00 na conta bancos conta movi-
mento, R$ 3.000,00 na conta máquinas e equipa-
mentos e R$ 1.600,00 na conta móveis e utensílios. 
O passivo continuou zero, e, o patrimônio líquido 
permaneceu em R$ 200.000,00.
• No sexto e último lançamento feito, foi efetua-
da a compra de mercadorias para revenda, sendo 
metade à vista e metade a prazo, totalizando R$ 
20.000,00. Novamente não ocorreu modificação no 
patrimônio líquido, mas observem que aqui ocorreu 
um fato diferente. O patrimônio líquido não se alte-
rou, mas o ativo aumentou, e o passivo aumentou 
no mesmo valor.
......................................................................................................................................................................................................................
110 Escrituração Contábil – Parte I
Vamos rever os razonetes, após esse último lançamento 
efetuado.
200.000,00
Capital social
 
200.000,00
Capital a integralizar
200.000,00
200.000,00 3.000,00
1.000,00
10.000,00
Bancos Conta Movimento
 
3.000,00
Máquinas e equipamentos
600,00
400,00
Móveis e utensílios
 
20.000,00
Estoques
10.000,00
Fornecedores a pagar
 
Para apurar o saldo de cada conta soma-se o total nela 
lançado a débito. Faz-se o mesmo com o total a crédito. 
O saldo da conta é a diferença, portanto a conta pode ter 
saldo devedor, saldo credor ou saldo igual a zero.
Praticando a escrituração no livro diário e nos razonetes
......................................................................................................................................................................................................................
111
• A conta capital social tem um saldo credor de R$ 
200.000,00.
• A conta capital a integralizar tem saldo zero.
• A conta bancos conta movimento tem saldo de-
vedor de R$ 185.400,00.
• A conta máquinas e equipamentos tem saldo de-
vedor de R$ 3.000,00.
• A conta móveis e utensílios tem saldo devedor de 
R$ 1.600,00.
• A conta estoques tem saldo devedor de R$ 
20.000,00.
• A conta fornecedores a pagar tem saldo credor 
de R$ 10.000,00.
Lembrando que os componentes do ativo são os bens e os 
direitos, teremos no ativo:
Banco conta movimentos R$ 185.400,00
Estoques R$ 20.000,00
Máquinas e Equipamentos R$ 3.000,00 
Móveis e utensílios R$ 1.600,00
Total do Ativo R$ 210.000,00
 
No passivo:
Fornecedores a pagar R$ 10.000,00
No Patrimônio líquido:
Capital social R$ 200.000,00
......................................................................................................................................................................................................................
112 Escrituração Contábil – Parte I
Utilizando a equação do patrimônio teremos:
R$ 200.000,00 (ativo) – R$ 10.000,00 (passivo) = R$ 200.000,00 
(patrimônio líquido).
Observe que o ativo aumentou, o passivo aumentou, mas 
isso não alterou o patrimônio líquido.
Praticando a escrituração no livro diário e nos razonetes
......................................................................................................................................................................................................................
113
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o 
Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 11 jan. 2002.
CONSELHO FEDERAL DE CONTALIBIDADE. ITG 2000 (R1): 
escriturações contábeis. Brasília, DF, 2014.
FERREIRA, R. J. Contabilidade básica: teoria e mais de 
1.600 questões comentadas. 10. ed. Rio de Janeiro: Ferrei-
ra, 2013.
MORAES JÚNIOR, José J. Contabilidade Geral. Rio de Janei-
ro: Campus, 2013.
SÁ, Antônio Lopes de. Dicionário de Contabilidade. 9. ed. 
São Paulo: Atlas, 1995.
VELTER, Francisco; MISSAGIA, Luiz R. Manual de Contabi-
lidade: teoria e mais de 650 questões. 8. ed. Rio de Janeiro: 
Campus/Elsevier 2011.
......................................................................................................................................................................................................................
114
115As contas de resultado
......................................................................................................................................................................................................................
CAPÍTULO 3 
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL – 
PARTE II
Neste capítulo serão mostrados os desdobramentos da es-
crituração e seus efeitos sobre o patrimônio.
Outro ponto fundamental do capítulo será a abordagem 
detalhada das contas de resultado, ou seja, as contas que, 
ao serem confrontadas, revelam se uma entidade teve lu-
cro ou prejuízo.
A partir desses elementos estudados serão mostradas si-
tuações com a utilização de contas patrimoniais e con-
tas de resultados para que sejam apresentados os efeitos 
da escrituração sobre o patrimônio. Esses lançamentos 
serão registrados em razonetes. Depois de finalizados, 
será apresentado o balancete de verificação para que seja 
visto de que forma é feita a conferência dos lançamentos 
efetuados e como se prepara a apuração do resultado do 
exercício. 
Após encerrada a apuração do resultado será mostrado de 
que forma esse resultado será incorporado ao patrimônio 
da entidade.
É sobre isso que será o enfoque deste capítulo.
116
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
Observando atentamente os exemplos apresentados no 
final do capítulo anterior, detecta-se com clareza que so-
mente foram movimentadas as contas patrimoniais, po-
rém, no Capítulo I, quando foram mostradas as contas, 
foi esclarecido que elas estão divididas em dois grupos 
distintos: as patrimoniais, que são o ativo e o passivo, e o 
patrimônio líquido e as de resultado, que são as receitas 
e as despesas.
Ao estabelecer uma empresa com finalidade lucrativa, o 
objetivo dos investidores é fazer o seu patrimônio líquido 
aumentar, que pode aumentar, ou mesmo diminuir, me-
diante as seguintes situações:
Aumentar: Diminuir:
• Os sócios da empresa 
colocam(integralizam) 
mais recursos na 
empresa, aumentando 
o seu capital social.
• A empresa apresentou 
lucro ao final de um 
exercício social.
• Os sócios da empresa 
retiram uma parte do lucro 
gerado pela empresa.
• A empresa apresentou 
prejuízo ao final de 
um exercício social.
Em condições normais, as decisões de financiamento da 
entidade estão atreladas às suas decisões de investimen-
tos, ou seja, quando são colocados recursos em uma em-
presa, na qualidade de investidores, é importante saber 
como eles serão investidos a fim de que gerem o resultado 
imaginado.
Ficou bastante claro que dentre as opções possíveis de 
alteração do Patrimônio Líquido, somente duas são atra-
117Escrituração Contábil – Parte II
......................................................................................................................................................................................................................
entes para os investidores da entidade: a empresa apre-
sentar lucro ao final de um exercício social, de preferência 
resultante de suas operações normais, ou ela distribuir 
lucros (para distribuir, antes ela terá que gerar) para seus 
sócios, sem comprometer seu funcionamento futuro.
Como fazer com que essas empresas gerem lucros? Como 
saber se geraram? Afinal, como é apurado o lucro de uma 
entidade?
118
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
AS CONTAS DE RESULTADO
Como já mostrado, trata-se das contas de Receitas e das 
contas de Despesas ou Custos.
Segundo o Pronunciamento Conceitual Básico (R1) – Estru-
tura conceitual para elaboração e divulgação de relatório 
contábil-financeiro, visando à correlação da contabilidade 
brasileira às Normas Internacionais de Contabilidade, em 
seus itens, ele apresenta para essas contas as seguintes 
definições:
Receitas
4.29. A definição de receita abrange tanto receitas propriamente di-
tas quanto ganhos. A receita surge no curso das atividades usuais da 
entidade e é designada por uma variedade de nomes, tais como ven-
das, honorários, juros, dividendos, royalties, aluguéis.
4.30. Ganhos representam outros itens que se enquadram na defini-
ção de receita e podem ou não surgir no curso das atividades usuais 
da entidade, representando aumentos nos benefícios econômicos e, 
como tais, não diferem, em natureza, das receitas. Consequentemen-
te, não são considerados como elemento separado nesta Estrutura 
Conceitual.
4.31. Ganhos incluem, por exemplo, aqueles que resultam da venda 
de ativos não circulantes. A definição de receita também inclui ga-
nhos não realizados. Por exemplo, os que resultam da reavaliação de 
títulos e valores mobiliários negociáveis e os que resultam de aumen-
tos no valor contábil de ativos de longo prazo. Quando esses ganhos 
são reconhecidos na demonstração do resultado, eles são usualmen-
te apresentados separadamente, porque sua divulgação é útil para 
fins de tomada de decisões econômicas. Os ganhos são, em regra, 
reportados líquidos das respectivas despesas. 
119As contas de resultado
......................................................................................................................................................................................................................
4.32. Vários tipos de ativos podem ser recebidos ou aumentados por 
meio da receita; exemplos incluem caixa, contas a receber, bens e 
serviços recebidos em troca de bens e serviços fornecidos. A receita 
também pode resultar da liquidação de passivos. Por exemplo, a enti-
dade pode fornecer mercadorias e serviços ao credor por empréstimo 
em liquidação da obrigação de pagar o empréstimo.
Despesas
4.33. A definição de despesas abrange tanto as perdas quanto as des-
pesas propriamente ditas que surgem no curso das atividades usuais 
da entidade. As despesas que surgem no curso das atividades usuais 
da entidade incluem, por exemplo, o custo das vendas, salários e de-
preciação. Geralmente, tomam a forma de desembolso ou redução 
de ativos como caixa e equivalentes de caixa, estoques e ativo imo-
bilizado.
4.34. Perdas representam outros itens que se enquadram na definição 
de despesas e podem ou não surgir no curso das atividades usuais da 
entidade, representando decréscimos nos benefícios econômicos e, 
como tais, não diferem, em natureza, das demais despesas. Conse-
quentemente, não são consideradas como elemento separado nesta 
Estrutura Conceitual.
4.35. Perdas incluem, por exemplo, as que resultam de sinistros como 
incêndio e inundações, assim como as que decorrem da venda de 
ativos não circulantes. A definição de despesas também inclui as 
perdas não realizadas. Por exemplo, as que surgem dos efeitos dos 
aumentos na taxa de câmbio de moeda estrangeira com relação aos 
empréstimos da entidade a pagar em tal moeda. Quando as perdas 
são reconhecidas na demonstração do resultado, elas são geralmen-
te demonstradas separadamente, pois sua divulgação é útil para fins 
de tomada de decisões econômicas. As perdas são, em regra, repor-
tadas líquidas das respectivas receitas.
120
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
Elas são bem diferentes das patrimoniais. É por meio da 
confrontação entre elas que uma entidade apura os seus 
resultados.
No exemplo de lançamentos contábeis, que foi apresenta-
do no final do Capítulo II, ficou patente que toda aquela 
movimentação ocorrida somente alterou o patrimônio da 
empresa no momento da integralização do capital. A par-
tir daquele lançamento, todos os outros apenas trocaram 
posições patrimoniais, sem alterar o patrimônio líquido.
Ao lançarmos uma receita, automaticamente o patri-
mônio líquido da entidade aumenta.
Ao lançarmos uma despesa, automaticamente o pa-
trimônio líquido da entidade diminui.
O conceito de Resultado está ligado ao confronto das Recei-
tas e Despesas. Se o total de receitas for maior, a empresa 
teve lucro. Porém, se o total de despesas for maior, a empre-
121As contas de resultado
......................................................................................................................................................................................................................
sa apurou prejuízo, e, finalmente, se os totais se igualarem 
é porque não houve lucro nem prejuízo. Lucro aumenta o 
patrimônio líquido, enquanto o prejuízo o reduz.
Naturalmente, quando são abordadas a escrituração, a apu-
ração de resultados, e outros, deve ser levado em considera-
ção o princípio da competência e o da continuidade. Sendo 
assim, sabe-se que nem todas as receitas significam entrada 
de numerário para a empresa, assim como nem todas as 
despesas significam saída de numerário da empresa.
Lembram o Princípio da Competência?
O Princípio da Competência determina que os efeitos 
das transações e outros eventos sejam reconhecidos 
nos períodos a que se referem, independentemente do 
recebimento ou do pagamento.
Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe 
a simultaneidade da confrontação de receitas e de des-
pesas correlatas.
É importante também que, sempre de acordo com as nor-
mas contábeis, estabelecidas por meio de leis, decretos, 
pronunciamentos, resoluções, interpretações técnicas, 
orientações, resoluções, circulares, resoluções normativas 
e deliberações de diversos órgãos reguladores, colocan-
do-se sempre as leis e os decretos em primeiro lugar, a 
fim de que uma receita ou uma despesa sejam reconheci-
das como tais, elas deverão cumprir alguns requisitos que 
estão estabelecidos no Pronunciamento Conceitual Básico(R1), conhecido como CPC 00, a saber:
122
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
Reconhecimento de receitas
4.47. A receita deve ser reconhecida na demonstração do 
resultado quando resultar em aumento nos benefícios 
econômicos futuros relacionado com aumento de ativo ou 
com diminuição de passivo, e puder ser mensurado com 
confiabilidade. Isso significa, na prática, que o reconhe-
cimento da receita ocorre simultaneamente com o reco-
nhecimento do aumento nos ativos ou da diminuição nos 
passivos (por exemplo, o aumento líquido nos ativos ori-
ginado da venda de bens e serviços ou o decréscimo do 
passivo originado do perdão de dívida a ser paga).
4.48. Os procedimentos normalmente adotados, na práti-
ca, para reconhecimento da receita, como, por exemplo, a 
exigência de que a receita tenha sido ganha, são aplicações 
dos critérios de reconhecimento definidos nesta Estrutura 
Conceitual.
Tais procedimentos são geralmente direcionados para res-
tringir o reconhecimento como receita àqueles itens que 
possam ser mensurados com confiabilidade e tenham su-
ficiente grau de certeza.
Quando é feita a apuração do resultado, ele deverá ser evi-
denciado de forma detalhada em uma peça contábil, con-
forme já vimos, denominada DRE. Observe que, segundo a 
definição dada, uma receita pressupõe aumento do ativo 
e/ou redução no passivo. Deve-se considerar que tenham 
suficiente grau de certeza (no caso de uma receita a prazo) 
e que ela possa ser mensurada de forma confiável.
123As contas de resultado
......................................................................................................................................................................................................................
Reconhecimento de despesas
4.49. As despesas devem ser reconhecidas na demonstra-
ção do resultado quando resultarem em decréscimo nos 
benefícios econômicos futuros, relacionado com o decrés-
cimo de um ativo ou o aumento de um passivo, e puder 
ser mensurado com confiabilidade. Isso significa, na prá-
tica, que o reconhecimento da despesa ocorre simultane-
amente com o reconhecimento de aumento nos passivos 
ou de diminuição nos ativos (por exemplo, a alocação por 
competência de obrigações trabalhistas ou da depreciação 
de equipamento).
4.50. As despesas devem ser reconhecidas na demonstra-
ção do resultado com base na associação direta entre elas 
e os correspondentes itens de receita. Esse processo, usu-
almente chamado de confrontação entre despesas e recei-
tas (regime de competência), envolve o reconhecimento 
simultâneo ou combinado das receitas e despesas que re-
sultem diretamente ou conjuntamente das mesmas tran-
sações ou outros eventos. Por exemplo, os vários compo-
nentes de despesas que integram o custo das mercadorias 
vendidas devem ser reconhecidos no mesmo momento em 
que a receita derivada da venda das mercadorias é reco-
nhecida. Contudo, a aplicação do conceito de confronta-
ção, de acordo com esta Estrutura Conceitual, não autori-
za o reconhecimento de itens no balanço patrimonial que 
não satisfaçam à definição de ativos ou passivos. 
4.51. Quando se espera que os benefícios econômicos 
sejam gerados ao longo de vários períodos contábeis e a 
associação com a correspondente receita somente possa 
124
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
ser feita de modo geral e indireto, as despesas devem ser 
reconhecidas na demonstração do resultado com base em 
procedimentos de alocação sistemática e racional. Muitas 
vezes isso é necessário ao reconhecer despesas associadas 
com o uso ou o consumo de ativos, tais como itens do 
imobilizado, ágio pela expectativa de rentabilidade futura 
(goodwill), marcas e patentes. Em tais casos, a despesa é 
designada como depreciação ou amortização. Esses proce-
dimentos de alocação destinam-se a reconhecer despesas 
nos períodos contábeis em que os benefícios econômicos 
associados a tais itens sejam consumidos ou expirem.
4.52. A despesa deve ser reconhecida imediatamente na 
demonstração do resultado quando o gasto não produzir 
benefícios econômicos futuros ou quando, e na extensão 
em que, os benefícios econômicos futuros não se qualifi-
carem, ou deixarem de se qualificar, para reconhecimento 
no balanço patrimonial como ativo.
4.53. A despesa também deve ser reconhecida na demons-
tração do resultado nos casos em que um passivo é incor-
rido sem o correspondente reconhecimento de ativo, como 
no caso de passivo decorrente de garantia de produto.
Em síntese, são sacrifícios de ativos da empresa ou assun-
ção de passivos em busca da geração de receitas. Observe 
que a norma se refere diretamente à confrontação entre re-
ceitas e despesas considerando o regime de competência.
Para facilitar o entendimento, é apresentado um peque-
no exemplo, de uma forma bem primária: a montagem de 
uma loja para vender roupas.
125As contas de resultado
......................................................................................................................................................................................................................
Inicialmente, é necessário o investimento em ativos (es-
toques de mercadorias para revenda, prateleiras, compu-
tadores, vitrines, cabines, iluminação, letreiro etc). Isso 
pronto, torna-se fundamental que seja alugada uma loja, 
que já estava em vista; em seguida, a empresa deve contra-
tar vendedores para suas mercadorias.
Qual o objetivo dos investidores nesse empreendimento? 
– Conseguir receitas de vendas e ter lucros.
Como? – Vendendo as mercadorias que têm em estoque 
por preços superiores aos que os compram.
Porém, a fim de que isso seja possível, é necessário que se 
façam alguns sacrifícios: pagar o aluguel da loja, as taxas de 
luz, telefone, condomínio, além das taxas municipais para o 
funcionamento da loja, os salários dos vendedores contra-
tados, as comissões sobre as vendas que eles efetuarem etc.
Observe que, para que seja possível a obtenção de receitas, 
deve-se fazer uma série de sacrifícios de ativos, normal-
mente dinheiro, que são denominadas despesas. Porém, 
sem incorrer nessas despesas, como obter receitas? Porque 
até as empresas de e-commerce têm suas despesas, apesar 
de não terem as despesas com instalações, lojas etc.
A ideia central da gestão reside neste raciocínio:
Devem-se tomar decisões de financiamentos (nas quais se-
rão obtidos os recursos que utilizaremos na empresa – nor-
malmente, a parte inicial é dos sócios, além da parte de ter-
ceiros), assim como qual será o prazo para pagar o capital 
de terceiros, quais serão as taxas que estão sendo cobradas 
por eles e associá-las às decisões de investimento, ou seja, 
126
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
de que forma serão aplicados esses recursos obtidos para 
que seja possível remunerar o capital investido pelos sócios, 
quitar as obrigações assumidas e ainda gerar riqueza para a 
entidade, aumentando o seu patrimônio líquido.
Justamente para que se possa saber o resultado da empre-
sa, deve ser efetuada a apuração do resultado.
Outro ponto importante é que as contas patrimoniais e as 
de resultado, nas operações normais da empresa, mistu-
ram-se. Não há a restrição em relação à contrapartida de 
uma conta de resultado não poder ser uma contapatrimo-
nial ou vice-versa.
Ao final do exercício, no momento da apuração, elas serão 
devidamente separadas para que seja efetuado o procedi-
mento da apuração do resultado do exercício.
Antes de iniciar um exemplo, é importante que sejam re-
lembrados alguns conceitos:
• Normalmente, as contas do ativo representam 
aplicações de recursos, por isso elas têm natureza 
devedora.
• Existem no ativo algumas contas, denominadas 
redutoras do ativo, que têm natureza credora, pois 
elas servem para diminuir o valor da conta à qual 
elas estão ligadas.
• No geral, as contas do passivo representam ori-
gens de recursos, por isso elas têm natureza credora.
127As contas de resultado
......................................................................................................................................................................................................................
• Existem no passivo algumas contas, denomina-
das redutoras do passivo, que têm natureza credo-
ra, pois elas servem para diminuir o valor da conta 
à qual elas estão ligadas.
• Todas as receitas são credoras, pois aumentam o 
patrimônio líquido.
• Todas as despesas são devedoras, pois reduzem 
o patrimônio líquido.
• Todos os lançamentos contábeis devem ter totais 
iguais lançados a débito e a crédito, segundo o Mé-
todo das Partidas Dobradas.
A equação patrimonial é:
Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido
ou
Patrimônio Líquido = Ativo - Passivo
Recordando todo o esquema, teremos:
 
Conta
Efeito
Ativo Passivo
Patrimônio
líquido
Aumenta Débito Crédito Crédito
Diminui Crédito Débito Débito
......................................................................................................................................................................................................................
128
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
Contas Ativo Passivo Efeito
Receitas Crédito Aumentam o
Patrimônio Líquido
Despesas Débito Reduzem o Patrimônio Líquido
129Contabilização a partir de razonetes
............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
CONTABILIZAÇÃO A PARTIR DE 
RAZONETES
Sendo assim, visando a entender, parte a parte, o que foi 
apresentado até aqui, será montado um exemplo em que 
será feita a contabilização, por meio de razonetes, de cada 
fato administrativo ou contábil ocorrido. Ao final de to-
dos os lançamentos, será feita a apuração do resultado do 
exercício.
1 – Na cidade do Rio de Janeiro, em 2 de janeiro de 2015, 
Antônio e Maria, futuros sócios na empresa comercial Ma-
rônio, em fase de formação, oficialmente se reuniram para 
elaborar seu contrato social, quando estabeleceram que o 
capital social da empresa seria de R$ 300.000,00 (trezen-
tos mil reais), composto por 2.000 quotas, no valor nomi-
nal de R$ 150.000,00 cada, como segue:
Antônio R$ 150.000,00
Maria R$ 150.000,00
 
Total R$ 300.000,00
No Fato Contábil envolvido, deve ser efetuado o lançamento em 
duas contas, que são “Capita Social” e “Capital Subscrito”, sendo 
que, nesse caso, a origem do futuro recurso é a conta “Capital So-
cial”, que recebe um lançamento de R$ 300.000,00 a crédito, e a 
aplicação do futuro recurso é a conta “Capital Subscrito”, que re-
cebe um lançamento de R$ 300.000,00 a débito. Dessa forma, o 
total lançado a crédito, ou seja, o total de origens, é igual ao total 
lançado a débito, ou seja, o total de aplicações é igual ao total de 
origens.
130
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
Isso se refere a um lançamento de 1ª Fórmula, ou seja, 1 débito e 
1 crédito.
O razonete desse lançamento ficaria assim:
 
Observe que nesse momento o patrimônio da empresa é igual a 
zero.
2 – As quotas estabelecidas deveriam ser (e foram) inte-
gralizadas, em 5 de janeiro de 2015, por meio de depósito 
bancário na conta da companhia XPTO, em moeda corrente 
do país. 
 
Acontece aqui um fato administrativo modificativo aumentativo 
que envolve duas contas: “Banco c/ movimento” e “Capital a in-
tegralizar”.
A origem do recurso veio da conta “Capital a integralizar”, e o re-
curso foi aplicado na conta “Banco c/ movimento”. Portanto, cré-
dito para a primeira e débito para a segunda.
Nesse momento, o Ativo (Bens + Direitos) totaliza R$ 300.000,00 
em direitos (depósito bancário). O Passivo totaliza zero, portanto, 
o Patrimônio Líquido é R$ 300.000,00 – R$ 0 = R$ 300.000,00, ou 
seja, houve aumento do patrimônio líquido.
131Contabilização a partir de razonetes
......................................................................................................................................................................................................................
3 – A Marônio adquiriu, à vista, máquinas e equipamentos 
no valor de R$ 50.000,00.
Ocorre aqui um fato administrativo permutativo que envolve duas 
contas: “Banco c/ movimento” e “Máquinas e Equipamentos”.
A origem do recurso veio da conta “Banco c/ movimento”, e o recur-
so foi aplicado na conta “Máquinas e Equipamentos”; portanto, cré-
dito para a primeira e débito para a segunda.
Nesse momento, o Ativo (Bens + Direitos) totaliza R$ 300.000,00 
em direitos (depósito bancário). O Passivo totaliza zero; portanto, 
o Patrimônio Líquido é R$ 300.000,00 – R$ 0 = R$ 300.000,00, ou 
seja, não houve alteração quantitativa do patrimônio líquido.
4 – A Marônio adquiriu, à vista, móveis e utensílios, no 
valor de R$ 30.000,00.
 
Há aqui outro fato administrativo permutativo que envolve duas 
contas: “Banco c/ movimento” e “Móveis e Utensílios”.
132
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
A origem do recurso veio da conta “Banco c/ movimento”, e o re-
curso foi aplicado na conta “Móveis e Utensílios”; portanto, crédito 
para a primeira e débito para a segunda.
Nesse momento, o Ativo (Bens + Direitos) totaliza R$ 300.000,00 
em direitos (depósito bancário). O Passivo totaliza zero, portanto, 
o Patrimônio Líquido é R$ 300.000,00 – R$ 0 = R$ 300.000,00, ou 
seja, houve aumento do patrimônio líquido. Novamente, ele não 
sofre alteração. O que houve foi uma transferência do saldo de 
uma conta do ativo para outra conta do ativo.
5 – A empresa adquiriu, a prazo, mercadorias para reven-
da no valor de R$ 80.000,00.
Ocorre aqui outro fato administrativo permutativo que envolve 
duas contas: “Fornecedores a Pagar” e “Estoques”.
A origem do recurso veio da conta “Fornecedores a Pagar”, e o re-
curso foi aplicado na conta “Estoques”; portanto, crédito para a 
“Fornecedores a Pagar” e débito para “Estoques”.
Nesse momento, o Ativo (Bens + Direitos) totaliza R$ 380.000,00 
em Bens e direitos. O Passivo totaliza R$ 80.000,00 em obrigações; 
portanto, o Patrimônio Líquido é R$ 380.000,00 – R$ 80.000,00 = R$ 
300.000,00, ou seja, não houve alteração quantitativa do patrimô-
nio líquido.
133Contabilização a partir de razonetes
......................................................................................................................................................................................................................Observe que, nesse caso, ocorreu aumento no ativo: a parte positi-
va do patrimônio é de igual valor no passivo, a parte negativa do 
patrimônio, e, por esse motivo, não ocorreu alteração do valor do 
Patrimônio Líquido.
6 – Considerando a inexistência de impostos na operação, 
a empresa vendeu, a prazo, metade das mercadorias em 
estoque pelo preço de R$ 120.000,00. 
Atenção:
Há aqui um fato misto aumentativo que envolve quatro contas: 
“Clientes a Receber” e “Receitas de Vendas”, “Estoques” e “Custo 
das Mercadorias Vendidas”.
(As contas sublinhadas são as de resultado de, respectivamente, 
receita e despesa).
Observe que esse fato obedece a duas etapas no registro, conside-
rando o método das partidas dobradas:
134
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
Primeiro, registramos a venda. Como a origem do recurso foi uma 
receita de venda, a conta a ser registrada a crédito, no valor vendi-
do, que é de R$ 120.000,00, é a conta “Receitas de Vendas”. A conta 
que recebeu a aplicação desse recurso foi “Clientes a receber”, tam-
bém no valor de R$ 120.000,00.
Estão envolvidas, na primeira transação, uma conta de resultado 
e uma patrimonial.
Em seguida, temos de fazer o registro da saída da mercadoria do 
estoque que foi vendida. Qual a fonte do recurso? O estoque. En-
tão, crédito para a conta estoque no valor de R$ 40.000,00 (me-
tade do estoque existente – veja o razonete da conta estoque 
acima). E para onde foi esse recurso? Para o cliente, em troca do 
valor que ele ficou devendo à empresa. Então, débito de “Clientes 
a receber” no valor de R$ 40.000,00.
Temos de destacar alguns pontos importantes do lançamento 
contábil que foi efetuado:
• Foram lançadas a débito 2 contas e a crédito 2 contas, por-
tanto, trata-se de um lançamento de quarta fórmula.
• Houve um lançamento permutativo cuja troca não teve 
valores iguais, ou seja, houve um débito de R$ 120.000,00 
(Clientes a Receber) e um crédito de R$ 40.000,00 (Estoques).
• A diferença citada acima é compensada nesse ponto. Houve 
um lançamento de uma receita (Receitas de Vendas) no valor 
de R$ 120.000,00 e um lançamento de uma despesa relativa 
à saída da mercadoria do estoque no valor de R$ 40.000,00.
• A apuração do lucro dá-se por meio do confronto entre o 
total de receitas e o total de despesas, de forma que, nesse 
caso, houve um lucro de R$ 80.000,00 (R$ 120.000,00 – R$ 
40.000,00). 
• Se houve lucro, ocorreu aumento do patrimônio líquido, 
portanto, esse é um fato misto aumentativo.
135Contabilização a partir de razonetes
......................................................................................................................................................................................................................
7 – A empresa havia estabelecido o pagamento aos ven-
dedores de 5% sobre suas vendas a título de comissão de 
venda e resolveu fazer, na sequência da venda ocorrida, 
o pagamento da comissão ao vendedor que a efetuou no 
valor de R$ 6.000,00 (5% de 120.000,00).
Há aqui um fato misto diminutivo que envolve as contas: “Bancos 
c/ Movimento” e “Despesas com comissão”.
Aqui se configura uma despesa, traduzida pelo sacrifício de um 
ativo (dinheiro em banco) em função da obtenção de uma receita 
(a venda das mercadorias).
O lançamento contábil correspondente a esse fato administrativo 
é o crédito da conta bancária, a origem do recurso, e débito da 
conta despesas com comissão, a conta na qual foi aplicado o re-
curso.
136
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
8 – A Marônio efetuou o pagamento no valor de R$ 10.000,00 
relativos à pintura da nova loja.
Há aqui novamente um fato misto diminutivo que envolve as con-
tas: “Bancos c/ Movimento” e “Despesas diversas”.
Da mesma forma que no lançamento anterior, aqui isso também 
se configura uma despesa, traduzida pelo sacrifício de um ativo 
(dinheiro em banco) em função da obtenção de receitas de venda 
(a melhoria da aparência da loja).
O lançamento contábil correspondente a esse fato administrativo 
é o crédito da conta bancária, a origem do recurso, e o débito da 
conta despesas diversas, a conta na qual foi aplicado o recurso.
137Contabilização a partir de razonetes
......................................................................................................................................................................................................................
9 – A empresa recebeu R$ 40.000,00 de parte do que seu 
cliente lhe devia.
 
Ocorre aqui outro fato administrativo permutativo que envolve 
duas contas: “Clientes a Receber” e “Bancos c/ Movimento”.
A origem do recurso veio da conta “Clientes a Receber”, e o recur-
so foi aplicado na conta “Bancos c/ Movimento”, portanto, crédito 
para a primeira e débito para a segunda.
Observe que, nesse fato administrativo, não houve alteração se-
quer do total do ativo.
10 – Considerando que as operações do período foram 
registradas, resta fazer a apropriação das despesas in-
corridas e não pagas, conforme determina o Princípio da 
Competência.
138
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
APROPRIAÇÃO DAS DESPESAS 
INCORRIDAS E NÃO PAGAS
A empresa tem de apropriar as despesas com salários, o 
aluguel da loja, a taxa de condomínio e as taxas de servi-
ços (água, luz e telefone), cujos valores são os seguintes: 
10.1 – Despesas com salários R$ 10.000,00
10.2 – Despesas com aluguel da loja R$ 5.000,00
10.3 – Despesa com taxa de condomínio R$ 2.000,00
10.4 – Despesas gerais R$ 6.000,00
Para que seja feita a apropriação, deve ocorrer o reconhe-
cimento da despesa incorrida no período, mesmo que ela 
não tenha sido nele paga.
O reconhecimento da despesa consiste em um lançamento 
de uma despesa, tendo como contrapartida o lançamento 
de uma obrigação a pagar (passivo).
10.1 – No caso das Despesas com salários, teríamos:
 
10.1 10.000,00
Despesas com Salários 
 10.110.000,00
Salários a pagar
No reconhecimento da despesa, temos a origem do recurso na 
dívida assumida pela empresa, de forma que a conta “Salários a 
pagar” recebe um lançamento a crédito. Os recursos foram consu-
midos e não pagos durante o mês, sendo aplicados na conta “Des-
pesas com Salários”, que recebe um lançamento a débito.
139Apropriação das despesas incorridas e não pagas
......................................................................................................................................................................................................................
10.2 – No caso das Despesas com aluguéis, teríamos:
10.2 5.000,00
Despesas com aluguéis
 
10.25.000,00
Aluguéis a pagar
Da mesma forma que na apropriação anterior, vista no item 10.1, 
temos a origem do recurso na dívida assumida pela empresa, de 
forma que a conta “Aluguéis a pagar” recebe um lançamento a 
crédito. Os recursos foram consumidos e não pagos durante o mês 
e foram aplicados na conta “Despesas com aluguéis”, que recebe 
um lançamento a débito.
10.3 – No caso das despesas com taxas de condomínio, 
teríamos:
10.3 2.000,00
Despesas com condomínio
 
10.32.000,00
Condomínio a pagar
Aqui é feita a repetição do mesmo procedimento dos itens 10.1 e 
10.2.
Nesse caso, a origem é a conta “Condomínio a pagar”, que é lan-
çada a crédito.A aplicação é registrada na conta “Despesas com 
condomínio”, que é lançada a débito.
10.4 – No caso das despesas gerais, teríamos:
10.4 6.000,00
Despesas gerais
 
10.46.000,00
Contas a pagar
 
140
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
Novamente é feita a repetição do mesmo procedimento dos itens 
anteriores.
Nesse caso, a origem é a conta “Contas a pagar”, que é lançada a 
crédito. A aplicação é registrada na conta “Despesas gerais”, que é 
lançada a débito.
Feitas as apropriações, o próximo passo é fazer a apu-
ração do resultado do exercício, que é feita por meio da 
confrontação das contas de resultados, ou seja, Receitas 
X Despesas.
A seguir será colocada a relação dos razonetes de todas 
as operações:
141Apropriação das despesas incorridas e não pagas
......................................................................................................................................................................................................................
Estão listadas, em formato de razonetes, todas as contas 
contendo as movimentações que sofreram nas operações 
que foram feitas, passo a passo.
É bom relembrar que o saldo de uma conta é a diferença 
positiva entre os totais nela lançados a débito e a crédito.
Portanto, pode-se dizer que o saldo da conta “Bancos 
c/ Movimento” é de R$ 244.000,00, ou seja, (300.000,00 
+ 40.000,00) – (50.000,00 + 30.000,00 + 6.000,00 + 
10.000,00).
O próximo passo para apurar o resultado do exercício e 
fazer a confrontação das contas de resultado é transferir os 
saldos dessas contas (receitas e despesas) para uma conta 
de resultado que concentrará o saldo de todas as outras, de-
nominada apuração do resultado do exercício – ARE. Essas 
contas, nesse ato, serão encerradas, ou seja, ficarão com 
saldo zerado, restando saldo somente na conta ARE, se o 
total de receitas for diferente do total de despesas.
Os razonetes estão apresentados na mesma sequência em 
que foram registrados, ou conforme foram ocorrendo os 
142
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
fatos registrados. Para facilitar e organizar a disposição 
das contas e de seus respectivos saldos, utiliza-se o ba-
lancete de verificação, primeiro, para verificar se o mé-
todo das partidas dobradas foi aplicado de forma correta. 
Como fazer isso?
143Balancete de verificação
......................................................................................................................................................................................................................
BALANCETE DE VERIFICAÇÃO 
Respondendo à pergunta anterior: verificando se os totais 
lançados a débito são iguais aos totais lançados a crédito, 
pois, como já foi visto, o total de origens (créditos) tem 
que ser, obrigatoriamente, igual ao total de aplicações (dé-
bitos).
Como também já visto, o balancete de verificação, que é 
um demonstrativo contábil auxiliar, pode ter diversos for-
matos. Para o nosso caso, utilizaremos o mais simples. A 
ordem em que as contas são apresentadas no balancete 
de verificação não é importante. E após sua conclusão, o 
primeiro passo é verificar se o total a débitos é igual ao to-
tal a créditos. Em seguida, temos que classificar as contas 
que são patrimoniais e as que são de resultado, pois, para 
efeito de apuração do resultado do exercício, somente as 
últimas serão utilizadas.
Apurando, conta por conta, os saldos apresentados nos 
razonetes da movimentação que ocorreu no exemplo 
apresentado, e considerando que as contas que têm seus 
saldos zerados não necessitam ser relacionadas, teremos 
o balancete de verificação com a seguinte formação:
Contas
Natureza do saldo
Devedor Credor
Capital social 300.000,00
Banco c/ movimento 244.000,00
Total 523.000,00 523.000,00
144 Escrituração Contábil – Parte II
Contas
Natureza do saldo
Devedor Credor
Máquinas e equipamentos 50.000,00
Móveis e utensílios 30.000,00
Fornecedores a pagar 80.000,00
Estoques 40.000,00
Receitas de vendas 120.000,00
Clientes a receber 80.000,00
Custo das mercadorias vendidas 40.000,00
Despesas com comissão 6.000,00
Despesas diversas 10.000,00
Despesas com salários 10.000,00
Salários a pagar 10.000,00
Despesas com aluguel 5.000,00
Aluguéis a pagar 5.000,00
Despesas com condomínio 2.000,00
Condomínios a pagar 2.000,00
Despesas com serviços 6.000,00
Contas a pagar 6.000,00
Total 523.000,00 523.000,00
Propositalmente, para facilitar a visualização e o entendi-
mento, as contas patrimoniais (bens, direitos, obrigações) 
foram marcadas na cor branca, e, consequentemente, as 
contas de resultados estão assinaladas na cor cinza.
145Apuração do resultado do exercício
APURAÇÃO DO RESULTADO DO 
EXERCÍCIO
Como já dito, para fazer a apuração do resultado, temos 
que fazer o encerramento das contas de resultado, confron-
tando as receitas e as despesas, utilizando a conta ARE.
 
120.000,00
Receitas de Vendas
 
40.000,00
Custo das Mercadorias Vendidas
 
6.000,00
Despesas com Comissão
 
10.000,00
Despesas Diversas
 
10.000,00
Despesas com Salários
 
10.000,00
Salários a Pagar
 
5.000,00
Despesas com Aluguéis
 
5.000,00
Aluguéis a Pagar
 
2.000,00
Despesas com Condomínio
 
2.000,00
Condomínio a Pagar
 
6.000,00
Despesas com Serviços
 
6.000,00
Contas a Pagar
146 Escrituração Contábil – Parte II
Após relacionar todos os razonetes das contas de resulta-
dos, será criado um razonete para a conta ARE.
 
ARE
Agora será criada a conta ARE.
 
Os saldos de cada uma das contas de resultado serão trans-
feridos por meio de lançamento escriturado nos livros di-
ário e razão para a conta de resultados. No entanto, não 
podemos simplesmente colocar saldo em uma conta se 
não houver uma origem e uma aplicação no mesmo valor.
A primeira conta de resultado no quadro é a Receita com 
Vendas. Ela tem saldo credor. Será feito um lançamento a 
débito para zerar o seu saldo e um lançamento a crédito 
na conta ARE.
 
 
120.000,00
Receitas de Vendas
120.000,00 
40.000,00
Custo das Mercadorias Vendidas
 
6.000,00
Despesas com Comissão
 
10.000,00
Despesas Diversas
 
10.000,00
Despesas com Salários
 
10.000,00
Salários a Pagar
147Apuração do resultado do exercício
 
5.000,00
Despesas com Aluguéis
 
5.000,00
Aluguéis a Pagar
 
2.000,00
Despesas com Condomínio
 
2.000,00
Condomínio a Pagar
 
6.000,00
Despesas com Serviços
 
6.000,00
Contas a Pagar
120.000,00
ARE
A próxima conta que aparece no quadro é a Custo das 
Mercadorias Vendidas. Será repetido o mesmo procedi-
mento que foi feito na primeira conta, e depois sucessi-
vamente para todas as demais, ou seja, será feito o mes-
mo para a conta Despesas com comissão, depois para 
a Despesas diversas, em seguida, para a Despesas com 
salários e posteriormente, para a Salários a pagar. Na se-
quência, será feito o mesmo para a conta Despesas com 
aluguéis, a seguir, para a Aluguéis a pagar, prosseguindo 
para a Despesas com condomínio, que terá, em seguida, a 
conta Condomínio a pagar, partindo para a Despesas de 
serviços e, finalmente, para a Contas a pagar. Feitos os 
lançamentos, restará apenas saldo na conta ARE, e todas 
148 Escrituração Contábil – Parte II
as outras contas de resultado estarão comseus saldos en-
cerrados, ou, como se diz comumente, “zerados”.
Veja na sequência como ficaram os razonetes:
 
120.000,00
Receitas de Vendas
120.000,00 40.000,00
Custo das Mercadorias Vendidas
40.000,00 
 
 6.000,00
Despesas com Comissão
6.000,00 10.000,00
Despesas Diversas
10.000,00
 10.000,00
Despesas com Salários
10.000,00 5.000,00
Despesas com Aluguéis
5.000,00
 2.000,00
Despesas com Condomínio
2.000,00 6.000,00
Despesas com Serviços
6.000,00
120.000,00
ARE
40.000,00
6.000,00
10.000,00
10.000,00
5.000,00
2.000,00
6.000,00
79.000,00 120.000,00
149Apuração do resultado do exercício
Na confrontação entre receitas e despesas feita na conta 
ARE, o total de despesas foi de R$ 79.000,00, e o total 
de receitas foi de R$ 120.000,00. Porém, como o saldo de 
uma conta é obtido pela diferença entre receitas e despe-
sas, pode-se inferir que o saldo da conta é credor em R$ 
41.000,00, ou seja, no período apurado, a Marônio obteve 
um lucro de R$ 41.000,00.
Até o momento, o que foi apurado é chamado de Lucro An-
tes do Imposto de Renda e da Contribuição Social Sobre 
o Lucro Líquido — LAIRCSL. Em uma empresa comercial 
que opere pelo lucro real (esse assunto será tratado em ou-
tro livro), a alíquota da Contribuição Sobre o Lucro Líquido 
— CSLL, tributo instituído pela Lei nº 7.689/1989, com o 
intuito de financiar a seguridade social brasileira, é de 9% 
sobre o lucro ajustado por algumas adições, exclusões e 
compensações, as quais não serão abordadas neste livro.
Para fins didáticos, está sendo considerado que as ope-
rações registradas, nas quais não foram informadas suas 
respectivas datas, compreendem o exercício completo de 
janeiro a dezembro de 2015 e que a empresa optou pela 
declaração anual de suas informações contábeis.
Considerando que o LAIRCSL é, nesse caso, a base de cál-
culo da CSLL, o valor a ser provisionado para o pagamento 
desse tributo seria de R$ 3.690,00 (9% de R$ 41.000,00).
O Imposto de Renda com base no lucro real, que também 
tem suas adições, exclusões e compensações, será calcula-
do, nesse caso, com uma alíquota de 15%, de forma que o 
valor a ser provisionado para o pagamento desse tributo 
seria de R$ 6.150,00 (15% de R$ 41.000,00).
150 Escrituração Contábil – Parte II
Dessa forma, para finalizar a apuração do resultado, ainda 
serão registrados os dois fatos administrativos correspon-
dentes aos impostos incidentes sobre o lucro, que seriam 
os seguintes:
3.690,00
Despesa c/ provisão para CSLL
 
3.690,00
CSLL a Pagar
 
6.150,00
Despesa c/ provisão para 
Imposto de Renda
 
6.150,00
I.R. a Pagar
Resultaram desses fatos duas contas de resultado (despe-
sas) e duas contas patrimoniais (obrigações). Sendo assim, 
ainda há duas contas de resultado que deverão ter seus 
saldos transferidos para a conta ARE, para a apuração do 
Lucro Líquido.
3.690,00
Despesa c/ provisão para CSLL
3.690,00
 
CSLL a Pagar
3.690,00
6.150,00
Despesa c/ provisão para 
Imposto de Renda
6.150,00 
 
I.R. a Pagar
6.150,00
151Apuração do resultado do exercício
120.000,00
ARE
40.000,00
6.000,00
10.000,00
10.000,00
5.000,00
2.000,00
6.000,00
79.000,00 120.000,00
3.690,00
6.150,00
88.840,00 120.000,00
31.160,00
Considerando as despesas com imposto de renda e com a 
CSLL e como todas as contas de resultado devem ser en-
cerradas (zeradas) ao final do exercício, o saldo contido na 
conta ARE, nesse caso em que houve lucro, portanto, sal-
do credor, deve ser transferido para a conta Lucros Acu-
mulados. Como fazer a transferência? Fazendo um lança-
mento a débito na conta ARE, zerando o seu saldo, e um 
lançamento a débito na conta Lucros Acumulados, que é 
uma conta patrimonial que integra o Patrimônio Líquido. 
O lançamento seria o seguinte:
 
152 Escrituração Contábil – Parte II
120.000,00
ARE
40.000,00
6.000,00
10.000,00
10.000,00
5.000,00
2.000,00
6.000,00
79.000,00 120.000,00
3.690,00
6.150,00
88.840,00 120.000,00
31.160,0031.160,00
 
Lucros Acumulados
31.160,00
A partir de todas essas operações, nenhuma conta de re-
sultado possui saldo, ou seja, todas foram “zeradas”. Se 
for elaborado um segundo balancete de verificação, com 
essa nova situação, seria evidenciada a seguinte situação:
 
153Apuração do resultado do exercício
Contas
Natureza do saldo
Devedor Credor
Capital social 300.000,00
Banco c/ movimento 244.000,00
Máquinas e equipamentos 50.000,00
Móveis e utensílios 30.000,00
Fornecedores a pagar 80.000,00
Estoques 40.000,00
Clientes a receber 80.000,00
Salários a pagar 10.000,00
Aluguéis a pagar 5.000,00
Condomínios a pagar 2.000,00
Contas a pagar 6.000,00
I. R. a pagar 6.150,00
CSLL a pagar 3.690,00
Lucros acumulados 31.160,00
Total 444.000,00 444.000,00
Considerando que todas as contas de resultado foram en-
cerradas, as apropriações, efetuadas, e os impostos, reco-
nhecidos por meio da provisão para pagamento no futuro, 
temos no balancete de verificação acima, porém, somente 
a existência de contas patrimoniais (bens, direitos ou obri-
gações), e os totais de origens (créditos) é igual ao total de 
aplicações (débitos). Pode-se, então, partir para o próxi-
mo passo, que é a elaboração do balanço patrimonial, mas 
esse assunto será tratado no próximo capítulo.
......................................................................................................................................................................................................................
154
......................................................................................................................................................................................................................
Escrituração Contábil – Parte II
REFERÊNCIAS
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronuncia-
mento Conceitual Básico (R1): estrutura conceitual para 
elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro: 
correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – 
The Conceptual Framework for Financial Reporting (IASB 
– BV 2011 Blue Book). Brasília, DF, 2011.
155Características
............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
CAPÍTULO 4 
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
BÁSICAS
Este capítulo aborda, de forma detalhada, duas das prin-
cipais demonstrações contábeis obrigatórias e que devem 
ser conhecidas e construídas pelo estudante: o balanço 
patrimonial e a DRE.
É apresentada a relação das demonstrações obrigatórias, 
mas essas outras deverão ser estudadas em outra etapa.
156
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
CARACTERÍSTICAS
Se o objetivo da contabilidade é fornecer informações acer-
ca das variações ocorridas no patrimônio de uma entidade, 
ao longo dos exercícios sociais, podemos compará-las às 
demonstrações contábeis que sejam úteis e tragam infor-
mações relevantes para os tomadores de decisão, sobretu-
do os externos, apresentadas de forma correta, confiável e 
tempestiva e que atendam às características qualitativas 
fundamentais e às características qualitativas de melho-
ria estabelecidas pelo Pronunciamento Conceitual Básico 
(R1) – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Divulgação 
de Relatório Contábil-Financeiro, emitido pelo CPC.
Para que a informação contábil-financeira seja útil,são ne-
cessárias características qualitativas fundamentais, que 
são Relevância e Representação Fidedigna:
• Relevância – Segundo o Pronunciamento Concei-
tual Básico, também chamado de CPC 00:
QC6. Informação contábil-financeira útil é aquela 
capaz de fazer diferença nas decisões que possam 
ser tomadas pelos usuários. A informação pode ser 
capaz de fazer diferença em uma decisão mesmo 
no caso de alguns usuários decidirem não a levar 
em consideração, ou já tiver tomado ciência de sua 
existência por outras fontes.
157Características
......................................................................................................................................................................................................................
QC7. A informação contábil-financeira é capaz de 
fazer diferença nas decisões se tiver valor preditivo, 
valor confirmatório ou ambos.
QC8. A informação contábil-financeira tem valor pre-
ditivo se puder ser utilizada como dado de entrada 
em processos empregados pelos usuários para pre-
dizer futuros resultados. A informação contábil-fi-
nanceira não precisa ser uma predição ou uma pro-
jeção para que possua valor preditivo. A informação 
contábil-financeira com valor preditivo é empregada 
pelos usuários ao fazerem suas próprias predições.
QC9. A informação contábil-financeira tem valor 
confirmatório se retroalimentar – servir de feedback 
– avaliações prévias (confirmá-las ou alterá-las).
QC10. O valor preditivo e o valor confirmatório da 
informação contábil-financeira estão inter-relacio-
nados. A informação que tem valor preditivo muitas 
vezes também tem valor confirmatório. Por exem-
plo, a informação sobre receita para o ano corrente, 
a qual pode ser utilizada como base para predizer 
receitas para anos futuros, também pode ser com-
parada com predições de receita para o ano corrente 
que foram feitas nos anos anteriores. Os resultados 
dessas comparações podem auxiliar os usuários a 
corrigirem e a melhorarem os processos que foram 
utilizados para fazer tais predições.
Para que a informação possa ser relevante ela deve apre-
sentar a característica da Materialidade.
158
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
QC11. A informação é material se a sua omissão ou 
sua divulgação distorcida (misstating) puder influen-
ciar decisões que os usuários tomam com base na 
informação contábil-financeira acerca de entidade 
específica que reporta a informação. Em outras pa-
lavras, a materialidade é um aspecto de relevância 
específico da entidade baseado na natureza ou na 
magnitude, ou em ambos, dos itens para os quais a 
informação está relacionada no contexto do relató-
rio contábil-financeiro de uma entidade em particu-
lar. Consequentemente, não se pode especificar um 
limite quantitativo uniforme para materialidade ou 
predeterminar o que seria julgado material para uma 
situação particular.
• Representação Fidedigna – Segundo o Pronun-
ciamento CPC 00: 
QC12. Os relatórios contábil-financeiros represen-
tam um fenômeno econômico em palavras e núme-
ros. Para ser útil, a informação contábil-financeira 
não tem só que representar um fenômeno relevante, 
mas tem também que representar com fidedignida-
de o fenômeno que se propõe representar. Para ser 
representação perfeitamente fidedigna, a realidade 
retratada precisa ter três atributos. Ela tem que ser 
completa, neutra e livre de erro. É claro, a perfeição 
é rara, se de fato alcançável. O objetivo é maximizar 
referidos atributos na extensão que seja possível.
QC13. O retrato da realidade econômica completo 
deve incluir toda a informação necessária para que o 
159Características
......................................................................................................................................................................................................................
usuário compreenda o fenômeno sendo retratado, in-
cluindo todas as descrições e explicações necessárias. 
Por exemplo, um retrato completo de um grupo de 
ativos incluiria, no mínimo, a descrição da natureza 
dos ativos que compõem o grupo, o retrato numérico 
de todos os ativos que compõem o grupo, e a des-
crição acerca do que o retrato numérico representa 
(por exemplo, custo histórico original, custo histórico 
ajustado ou valor justo). Para alguns itens, um retrato 
completo pode considerar ainda explicações de fatos 
significativos sobre a qualidade e a natureza desses 
itens, fatos e circunstâncias que podem afetar a qua-
lidade e a natureza deles, e os processos utilizados 
para determinar os números retratados.
QC14. Um retrato neutro da realidade econômica é 
desprovido de viés na seleção ou na apresentação 
da informação contábil-financeira. Um retrato neu-
tro não deve ser distorcido com contornos que pos-
sa receber dando a ele maior ou menor peso, ênfase 
maior ou menor, ou qualquer outro tipo de manipu-
lação que aumente a probabilidade de a informação 
contábil-financeira ser recebida pelos seus usuários 
de modo favorável ou desfavorável. Informação 
neutra não significa informação sem propósito ou 
sem influência no comportamento dos usuários. A 
bem da verdade, informação contábil-financeira re-
levante, por definição, é aquela capaz de fazer dife-
rença nas decisões tomadas pelos usuários.
QC15. Representação fidedigna não significa exati-
dão em todos os aspectos. Um retrato da realidade 
160
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
econômica livre de erros significa que não há erros 
ou omissões no fenômeno retratado, e que o proces-
so utilizado, para produzir a informação reportada, 
foi selecionado e foi aplicado livre de erros. Nesse 
sentido, um retrato da realidade econômica livre de 
erros não significa algo perfeitamente exato em to-
dos os aspectos. Por exemplo, a estimativa de preço 
ou valor não observável não pode ser qualificada 
como sendo algo exato ou inexato. Entretanto, a re-
presentação dessa estimativa pode ser considerada 
fidedigna se o montante for descrito claramente e 
precisamente como sendo uma estimativa, se a na-
tureza e as limitações do processo forem devida-
mente reveladas, e nenhum erro tiver sido cometido 
na seleção e aplicação do processo apropriado para 
desenvolvimento da estimativa.
QC16. Representação fidedigna, por si só, não re-
sulta necessariamente em informação útil. Por 
exemplo, a entidade que reporta a informação pode 
receber um item do imobilizado por meio de sub-
venção governamental. Obviamente, a entidade ao 
reportar que adquiriu um ativo sem custo retrata-
ria com fidedignidade o custo desse ativo, porém 
essa informação provavelmente não seria muito 
útil. Outro exemplo mais sutil seria a estimativa do 
montante por meio do qual o valor contábil do ativo 
seria ajustado para refletir a perda por desvaloriza-
ção no seu valor (impairment loss). Essa estimativa 
pode ser uma representação fidedigna se a entidade 
que reporta a informação tiver aplicado com pro-
priedade o processo apropriado, tiver descrito com 
propriedade a estimativa e tiver revelado quaisquer 
161Características
......................................................................................................................................................................................................................
incertezas que afetam significativamente a estimati-
va. Entretanto, se o nível de incerteza de referida es-
timativa for suficientemente alto, a estimativa não 
será particularmenteútil. Em outras palavras, a re-
levância do ativo que está sendo representado com 
fidedignidade será questionável. Caso não exista al-
ternativa para retratar a realidade econômica que 
seja mais fidedigna, a estimativa nesse caso deve 
ser considerada a melhor informação disponível.
Aplicação das características qualitativas fundamentais
QC17. A informação precisa concomitantemente 
ser relevante e representar com fidedignidade a rea-
lidade reportada para ser útil. Nem a representação 
fidedigna de fenômeno irrelevante, tampouco a re-
presentação não fidedigna de fenômeno relevante 
auxiliam os usuários a tomarem boas decisões.
QC18. O processo mais eficiente e mais efetivo para 
aplicação das características qualitativas funda-
mentais usualmente seria o que segue (sujeito aos 
efeitos das características de melhoria e à restrição 
do custo, que não são considerados neste exemplo). 
Primeiro, identificar o fenômeno econômico que te-
nha o potencial de ser útil para os usuários da in-
formação contábil-financeira reportada pela entida-
de. Segundo, identificar o tipo de informação sobre 
o fenômeno que seria mais relevante se estivesse 
disponível e que poderia ser representado com fi-
dedignidade. Terceiro, determinar se a informação 
está disponível e pode ser representada com fide-
162
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
dignidade. Dessa forma, o processo de satisfazer as 
características qualitativas fundamentais chega ao 
seu fim. Caso contrário, o processo deve ser repe-
tido a partir do próximo tipo de informação mais 
relevante.
Visando ao atendimento das necessidades dos usuários, 
sobretudo os externos, o CPC fez destaques importantes, 
também, sobre as características qualitativas de melhoria, 
que são quatro: comparabilidade, verificabilidade, tem-
pestividade e compreensibilidade.
Determina o CPC 00 sobre elas:
QC19. Comparabilidade, verificabilidade, tempes-
tividade e compreensibilidade são características 
qualitativas que melhoram a utilidade da informa-
ção que é relevante e que é representada com fi-
dedignidade. As características qualitativas de me-
lhoria podem também auxiliar a determinar qual 
de duas alternativas que sejam consideradas equi-
valentes em termos de relevância e fidedignidade 
de representação deve ser usada para retratar um 
fenômeno.
Comparabilidade
QC20. As decisões de usuários implicam escolhas 
entre alternativas, como, por exemplo, vender ou 
manter um investimento, ou investir em uma enti-
dade ou noutra. Consequentemente, a informação 
acerca da entidade que reporta informação será 
163Características
......................................................................................................................................................................................................................
mais útil caso possa ser comparada com informa-
ção similar sobre outras entidades e com informa-
ção similar sobre a mesma entidade para outro pe-
ríodo ou para outra data.
QC21. Comparabilidade é a característica qualita-
tiva que permite que os usuários identifiquem e 
compreendam similaridades dos itens e diferenças 
entre eles. Diferentemente de outras características 
qualitativas, a comparabilidade não está relaciona-
da com um único item. A comparação requer no mí-
nimo dois itens.
QC22. Consistência, embora esteja relacionada com 
a comparabilidade, não significa o mesmo. Consis-
tência refere-se ao uso dos mesmos métodos para 
os mesmos itens, tanto de um período para outro 
considerando a mesma entidade que reporta a in-
formação, quanto para um único período entre enti-
dades. Comparabilidade é o objetivo; a consistência 
auxilia a alcançar esse objetivo.
QC23. Comparabilidade não significa uniformidade. 
Para que a informação seja comparável, coisas iguais 
precisam parecer iguais e coisas diferentes precisam 
parecer diferentes. A comparabilidade da informa-
ção contábil-financeira não é aprimorada ao se fazer 
com que coisas diferentes pareçam iguais ou ainda 
ao se fazer coisas iguais parecerem diferentes.
QC24. Algum grau de comparabilidade é possivel-
mente obtido por meio da satisfação das caracte-
164
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
rísticas qualitativas fundamentais. A representação 
fidedigna de fenômeno econômico relevante deve 
possuir naturalmente algum grau de comparabili-
dade com a representação fidedigna de fenômeno 
econômico relevante similar de outra entidade que 
reporta a informação.
QC25. Muito embora um fenômeno econômico sin-
gular possa ser representado com fidedignidade de 
múltiplas formas, a discricionariedade na escolha 
de métodos contábeis alternativos para o mesmo 
fenômeno econômico diminui a comparabilidade.
Verificabilidade
QC26. A verificabilidade ajuda a assegurar aos usu-
ários que a informação representa fidedignamente o 
fenômeno econômico que se propõe representar. A 
verificabilidade significa que diferentes observado-
res, cônscios e independentes, podem chegar a um 
consenso, embora não cheguem necessariamente a 
um completo acordo, quanto ao retrato de uma rea-
lidade econômica em particular ser uma representa-
ção fidedigna. Informação quantificável não necessi-
ta ser um único ponto estimado para ser verificável. 
Uma faixa de possíveis montantes com suas proba-
bilidades respectivas pode também ser verificável.
QC27. A verificação pode ser direta ou indireta. Ve-
rificação direta significa verificar um montante ou 
outra representação por meio de observação direta, 
como, por exemplo, por meio da contagem de caixa. 
165Características
......................................................................................................................................................................................................................
Verificação indireta significa checar os dados de en-
trada do modelo, fórmula ou outra técnica e recal-
cular os resultados obtidos por meio da aplicação 
da mesma metodologia. Um exemplo é a verificação 
do valor contábil dos estoques por meio da checa-
gem dos dados de entrada (quantidades e custos) e 
por meio do recálculo do saldo final dos estoques 
utilizando a mesma premissa adotada no fluxo do 
custo (por exemplo, utilizando o método PEPS).
QC28. Pode não ser possível verificar algumas ex-
plicações e alguma informação contábil-financeira 
sobre o futuro (forward-looking information) até 
que o período futuro seja totalmente alcançado. 
Para ajudar os usuários a decidir se desejam usar 
dita informação, é normalmente necessário divulgar 
as premissas subjacentes, os métodos de obtenção 
da informação e outros fatores e circunstâncias que 
suportam a informação.
Tempestividade
QC29. Tempestividade significa ter informação dis-
ponível para tomadores de decisão a tempo de po-
der influenciá-los em suas decisões. Em geral, a in-
formação mais antiga é a que tem menos utilidade. 
Contudo, certa informação pode ter o seu atributo 
tempestividade prolongado após o encerramento do 
período contábil, em decorrência de alguns usuá-
rios, por exemplo, necessitarem identificar e avaliar 
tendências.
166
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
Compreensibilidade
QC30. Classificar, caracterizar e apresentar a infor-
mação com clareza e concisão torna-a compreensível.QC31. Certos fenômenos são inerentemente com-
plexos e não podem ser facilmente compreendidos. 
A exclusão de informações sobre esses fenômenos 
dos relatórios contábil-financeiros pode tornar a 
informação constante em referidos relatórios mais 
facilmente compreendida. Contudo, referidos rela-
tórios seriam considerados incompletos e poten-
cialmente distorcidos (misleading).
QC32. Relatórios contábil-financeiros são elabora-
dos para usuários que têm conhecimento razoável 
de negócios e de atividades econômicas e que re-
visem e analisem a informação diligentemente. Por 
vezes, mesmo os usuários bem informados e dili-
gentes podem sentir a necessidade de procurar aju-
da de consultor para compreensão da informação 
sobre um fenômeno econômico complexo.
Aplicação das características qualitativas de me-
lhoria
QC33. Características qualitativas de melhoria de-
vem ser maximizadas na extensão possível. Entre-
tanto, as características qualitativas de melhoria, 
quer sejam individualmente ou em grupo, não po-
dem tornar a informação útil se dita informação for 
irrelevante ou não for representação fidedigna.
167Características
......................................................................................................................................................................................................................
QC34. A aplicação das características qualitativas 
de melhoria é um processo iterativo que não segue 
uma ordem preestabelecida. Algumas vezes, uma 
característica qualitativa de melhoria pode ter que 
ser diminuída para maximização de outra caracte-
rística qualitativa. Por exemplo, a redução temporá-
ria na comparabilidade como resultado da aplicação 
prospectiva de uma nova norma contábil-financeira 
pode ser vantajosa para o aprimoramento da rele-
vância ou da representação fidedigna no longo pra-
zo. Divulgações apropriadas podem parcialmente 
compensar a não comparabilidade.
Além das características qualitativas apresentadas, há 
também a premissa subjacente sobre a qual se baseiam os 
relatórios contábil-financeiros: a continuidade.
Significa dizer que as demonstrações contábeis são ela-
boradas, em condições normais, utilizando como premis-
sa que a entidade está em atividade e assim permanecerá 
dentro de um futuro previsível. Entende-se assim que a 
empresa não tem a pretensão de reduzir suas atividades, 
nem perspectiva de entrar em processo de liquidação.
Há também que se observar uma relação positiva entre 
custos para a geração da informação e os benefícios que 
ela irá trazer.
Um dos aspectos referidos em relação às demonstrações 
contábeis diz respeito a um conceito que precisa ser en-
tendido, de acordo com o que determina a Lei das Socie-
dades Anônimas, o exercício social. Qual a duração de um 
exercício social? Quando tem seu início e qual o seu final?
168
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
OBRIGATÓRIAS
A Lei das Sociedades por Ações, Lei nº 6.404/76, modificada 
pela Lei nº 11.638/2007, em seu artigo nº 176 determina: 
Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará ela-
borar, com base na escrituração mercantil da com-
panhia, as seguintes demonstrações financeiras, 
que deverão exprimir com clareza a situação do 
patrimônio da companhia e as mutações ocorridas 
no exercício:
I - balanço patrimonial;
II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumu-
lados;
III - demonstração do resultado do exercício; e
IV - demonstração das origens e aplicações de re-
cursos.
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação 
dada pela Lei nº 11.638, de 2007)
V – se companhia aberta, demonstração do valor 
adicionado. (Incluído pela Lei nº 11.638, de 2007)
 § 1º As demonstrações de cada exercício serão 
publicadas com a indicação dos valores correspon-
dentes das demonstrações do exercício anterior.
 § 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes 
poderão ser agrupadas; os pequenos saldos pode-
rão ser agregados, desde que indicada a sua natu-
reza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor 
do respectivo grupo de contas; mas é vedada a uti-
lização de designações genéricas, como “diversas 
contas” ou “contas-correntes”.
 § 3º As demonstrações financeiras registrarão a 
destinação dos lucros segundo a proposta dos ór-
gãos da administração, no pressuposto de sua apro-
vação pela assembleia-geral.
 § 4º As demonstrações serão complementadas 
por notas explicativas e outros quadros analíticos 
169Demonstrações contábeis obrigatórias
......................................................................................................................................................................................................................
ou demonstrações contábeis necessários para escla-
recimento da situação patrimonial e dos resultados 
do exercício. (grifos nossos)
O CPC emitiu o Pronunciamento CPC nº 26 (R1) – Apre-
sentação das Demonstrações Contábeis, aprovado pela 
Deliberação CVM nº 676/2011, no qual torna parte do 
conjunto das demonstrações contábeis obrigatórias para 
as sociedades por ações abertas. O CFC, através da Orien-
tação Técnica Geral – OTG 1000 e da NBC 26 (R3) – Apre-
sentação das Demonstrações Contábeis, ampliou a exigên-
cia para outras empresas. De forma geral a situação ficou 
assim:
Demons-
tração 
contábil
ME e EPP 
ITG
1000
PMEs 
NBC TG
1000
Regra
Geral
S.A. de
Capital
Aberto
BP Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
DR Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
DRA Facultativa
Pode ser 
substituída 
pela DLPA
Obrigatório Obrigatório
DLPA Facultativa
Facultativa 
(Obriga-
tória se 
substituir 
a DRA ou 
a DMPL)
Facultativa Facultativa
DMPL Facultativa
Pode ser 
substituída 
pela DLPA
Obrigatório Obrigatório
DFC Facultativa Obrigatório Obrigatório Obrigatório
NE Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório
DVA Facultativa Facultativa Facultativa Obrigatório
 Fonte: <http://www.crcpr.org.br/new/content/publicacao/mai-
ling/html/2013_06_17_informativoFiscalizacao.html>.
170
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
Observações: O § 6º do art. 176 da Lei nº 6.404/76 deter-
mina que a companhia fechada com patrimônio líquido, 
na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois mi-
lhões de reais) não será obrigada à elaboração e publica-
ção da demonstração dos fluxos de caixa. (Redação dada 
pela Lei nº 11.638/2007).
O parágrafo § 3º do art. 177 da mesma lei estabelece que 
as demonstrações financeiras das companhias abertas de-
vem observar ainda as normas expedidas pela CVM e serão 
obrigatoriamente submetidas à auditoria por auditores in-
dependentes nela registrados. (Redação dada pela Lei nº 
11.941/2009). Ainda no mesmo artigo mais três pontos 
relevantes devem ser destacados: § 4º as demonstrações 
financeiras serão assinadas pelos administradores e por 
contabilistas legalmente habilitados; no § 5º ocorre a de-
terminação que as normas expedidas pela CVM a que se 
refere o § 3º do artigo 177 deverão ser elaboradas em con-
sonância com os padrões internacionais de contabilidade 
adotados nos principais mercados de valores mobiliários. 
(Incluído pela Lei nº 11.638/2007); e finalmente, no § 6º 
fica estabelecido que as companhias fechadas poderão 
optar por observar as normas sobre demonstrações finan-
ceiras expedidas pela CVM para as companhias abertas. 
(Incluído pela Lei nº 11.638/2007).
Exercício Social
O exercício social é definido pela Lei 6.404/76, em seu 
art. 175, pelo Código Civil, Lei 10.406/2002, em seu art.1.179, também no Pronunciamento Técnico CPC 21 (R1) – 
Demonstração Intermediária e tem duração de 12 meses, 
171Demonstrações contábeis obrigatórias
......................................................................................................................................................................................................................
sem que seu início ocorra necessariamente no dia 1º de 
janeiro de cada ano, pois a data de início varia de acordo 
com o previsto nos estatutos de cada companhia.
Ciclo Operacional
Trata-se do tempo decorrido a partir da data da compra 
da mercadoria, para uma empresa comercial onde será re-
vendida, ou da matéria-prima, para uma empresa indus-
trial em que será transformada em produtos, até o rece-
bimento dos recursos relativos aos produtos vendidos ou 
mercadorias revendidas.
172
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
O BALANÇO PATRIMONIAL
A mais conhecida demonstração contábil é o balanço pa-
trimonial. Ele é um dos relatórios cuja apresentação é 
obrigatória para as sociedades por ações e para as empre-
sas de grande porte, segundo determina a Lei 6.404/76. 
Já o Código Civil Brasileiro, Lei 10.406/2002, determina:
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária 
são obrigados a seguir um sistema de contabilida-
de, mecanizado ou não, com base na escrituração 
uniforme de seus livros, em correspondência com a 
documentação respectiva, e a levantar anualmente 
o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
§1º Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a 
espécie de livros ficam a critério dos interessados.
§2º É dispensado das exigências deste artigo o pe-
queno empresário a que se refere o art. 970.
O art. 970 do Código Civil prevê:
Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, di-
ferenciado e simplificado ao empresário rural e ao 
pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efei-
tos daí decorrentes.
Por sua vez a Resolução CFC nº 1.482/2012, que aprova a 
OTG 1000 – Modelo Contábil para Microempresa e Empre-
sa de Pequeno Porte, determina, em seu item 4:
173O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
4. A adoção dessa Interpretação não desobriga a mi-
croempresa e a empresa de pequeno porte a manu-
tenção de escrituração contábil uniforme dos seus 
atos e fatos administrativos que provocaram, ou 
possam vir a provocar, alteração do seu patrimônio.
O objetivo do balanço patrimonial é evidenciar o patrimô-
nio, em termos quantitativos e qualitativos, de uma enti-
dade no último dia de cada exercício fiscal, o que normal-
mente ocorre no dia 31 de dezembro de cada ano. Como 
demonstra a situação de um determinado momento, é 
considerada uma demonstração estática.
Para que sua informação seja útil, o balanço patrimonial, 
bem como as outras demonstrações obrigatórias, deve ser 
apresentado de forma resumida.
Como foi visto na abordagem sobre patrimônio, o patri-
mônio é composto por bens, direitos e obrigações com 
terceiros.
A Lei nº 6.404/76 obriga em seu art. 176 que as demons-
trações de cada exercício sejam publicadas com a indica-
ção dos valores correspondentes das demonstrações do 
exercício anterior, para que os usuários possam ter parâ-
metros de comparação.
Outro ponto importante definido nesse artigo é que, nas 
demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agru-
padas (lembram-se de que se trata de uma demonstração 
resumida?), desde que indicada a natureza desses agru-
pamentos e que não ultrapassem um décimo do valor do 
referido grupo de contas, sendo proibido o uso de deno-
174
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
minações genéricas, que não determinem a natureza do 
agrupamento, como “diversas”, por exemplo.
Segundo a Lei nº 6.404/76, as contas no balanço patrimo-
nial são divididas em dois grupos: Ativo e Passivo, de for-
ma que o passivo total da empresa seja o capital próprio 
somado com o capital de terceiros. Dessa forma podemos 
afirmar, com base no método das partidas dobradas, que 
o ativo deve ser sempre igual ao passivo. Isso explica o 
motivo de a demonstração chamar-se balanço. Tem que 
haver equilíbrio entre os dois lados.
A equação patrimonial diz que Ativo = Passivo (capital de 
terceiros ou passivo exigível) + Patrimônio Líquido (capital 
próprio ou passivo não exigível).
Atenção: É comum nos livros a separação ativo = passivo 
+ patrimônio líquido, em que se considera que passivo se 
trata somente das obrigações com terceiros. Em questões 
de provas e concursos há que se tomar muito cuidado com 
essa questão. Prevalece a lei.
Apresentação das contas do Ativo e do Passivo
Há a necessidade de que os relatórios contábeis sejam ela-
borados de forma padronizada, para permitir a compa-
rabilidade, portanto a estrutura das informações a serem 
evidenciadas no relatório deve obedecer, visando harmo-
nização das normas internacionais, ao Pronunciamento 
CPC nº 26, porém a Lei das Sociedades Anônimas não 
pode ser descumprida. Por esse motivo o citado pronun-
ciamento considera os dados existentes na lei e somente 
acrescenta as informações que faltam para o atendimento 
175O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
do objetivo de harmonização com as práticas internacio-
nais; por exemplo, no CPC não há determinação de ordem 
de apresentação de contas, mas na lei há. Uma coisa não 
prejudica a outra, portanto temos que cumprir a lei.
Em seu art. 178, § 1º, no ativo, as contas serão dispostas 
em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos 
nelas registrados.
Grau de liquidez significa o prazo no qual os bens e os 
direitos podem ser transformados em dinheiro e as obri-
gações liquidadas. Quanto mais rápido, maior o grau de 
liquidez daquele bem, direito ou obrigação.
O Ativo
O Ativo é composto por dois grupos:
• Ativo Circulante
• Ativo Não Circulante
Para que seja bem entendido esse conceito de circulante e 
não circulante é preciso a assimilação do seguinte concei-
to bem simplificado: é considerado circulante tudo o que 
se espera que seja realizado (no caso do ativo) ou liquida-
do (no prazo do passivo) até o final do exercício seguinte, 
ou seja, doze meses após o encerramento do balanço do 
ano corrente, que teoricamente ocorrerá no dia 31 de de-
zembro do mesmo ano. Nos casos das empresas que tive-
rem o ciclo operacional maior do que um exercício social, 
o conceito de circulante passa a ser adotado em função do 
ciclo operacional.
176
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
O ativo não circulante é subdividido em quatro subgrupos:
1. Realizável a Longo Prazo.
2. Investimentos.
3. Imobilizado.
4. Intangível.
O ativo não circulante é formado por recursos que foram 
retirados de circulação em função de opções estratégicas 
e operacionais da entidade. 
O subgrupo Realizável a Longo Prazo refere-se aos direi-
tos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim 
como os derivados de vendas, adiantamentos ou emprés-
timos a sociedadescoligadas ou controladas (artigo 243 
da Lei 6.404/76), diretores, acionistas ou participantes no 
lucro da companhia, que não constituírem negócios usu-
ais na exploração do objeto da companhia.
Há nesse subgrupo algumas exceções que devem ser des-
tacadas: adiantamentos ou empréstimos a sociedades co-
ligadas (empresas que a entidade mantém participação 
ou influência significativa em sua gestão) ou controladas 
(empresas que a entidade detém o controle acionário, ou 
seja, que estejam submetidas à sua gestão), diretores, 
acionistas ou participantes no lucro da companhia que 
não constituam negócios usuais na exploração do objeto 
da companhia. Nesse caso, não importando o prazo da 
realização do direito, circulante (curto prazo) ou não cir-
culante (longo prazo), esses direitos serão classificados 
nesse subgrupo.
177O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
O subgrupo Investimentos inclui os seguintes direitos da 
companhia: as participações permanentes em outras so-
ciedades e os direitos de qualquer natureza, não classifi-
cáveis no ativo circulante e que não se destinem à manu-
tenção da atividade da companhia ou da empresa.
Muitas questões de concursos costumam explorar o as-
sunto em função do texto grifado. Atenção a esse impor-
tante detalhe!
O subgrupo Ativo Imobilizado inclui os direitos que te-
nham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção 
das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos 
com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações 
que transfiram à companhia os benefícios, riscos e contro-
le desses bens. (Redação dada pela Lei nº 11.638/2007).
Importante salientar que esse subgrupo está diretamente 
relacionado à manutenção das atividades da companhia, 
são ativos para uso.
O subgrupo Ativo Intangível agrupa os direitos que te-
nham por objeto bens incorpóreos destinados à manu-
tenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, 
inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei 
nº 11.638/2007).
O Passivo
Conforme já foi visto, a Lei 6.404/76 em seu Art. 178 in-
clui o passivo exigível e o patrimônio líquido (passivo não 
exigível) no grupo passivo, dessa forma o passivo fica as-
sim dividido:
178
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
1. Passivo Circulante.
2. Passivo Não Circulante.
3. Patrimônio Líquido.
Não está previsto na Lei das Sociedades por Ações ne-
nhum ordenamento específico para as contas do Passivo, 
porém convencionou-se ordená-las por grau decrescente 
de exigibilidade, ou seja, das que vencem primeiro para as 
que vencem por último.
Como foi visto, fica mantido o conceito de Circulante (cur-
to prazo) e Não Circulante (longo prazo) que foi visto no 
Ativo.
Não há subdivisões nesses grupos. O ponto fundamental 
aí é que eles representam as obrigações da entidade com 
terceiros, ou seja, com não participantes da sociedade que 
concederam algum tipo de crédito para ela, de curto ou de 
longo prazo.
O grupo Patrimônio Líquido disposto na Lei nº 6.404/76, 
com nova redação estabelecida pela Lei 11.941/2009, tem 
a seguinte composição:
1. Capital Social.
2. Reservas de Capital.
3. Ajustes de Avaliação Patrimonial.
4. Reservas de Lucros.
5. Ações em Tesouraria.
6. Prejuízos Acumulados.
7. Ajustes Acumulados de Conversão.
179O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
1. O subgrupo Capital Social é composto pelos recursos 
empregados na empresa por seus sócios, podendo ser na 
forma de dinheiro ou outro bem, suscetível de avaliação 
monetária. O montante desses recursos é fixado nos atos 
que constituem a sociedade e que são traduzidos por duas 
peças fundamentais: o estatuto social e o contrato social. 
É comum que esse montante seja alterado ao longo da 
vida da empresa, seja pela entrada de novos recursos ori-
ginários dos seus sócios ou pela incorporação de reservas 
dos lucros ou de capital registradas em seu patrimônio 
líquido.
Segundo a Lei das Sociedades por Ações, previsto em seu ar-
tigo 182, a conta capital social discriminará o total subscrito 
e, por dedução, a parcela ainda não integralizada. Capital 
subscrito representa os recursos que foram estabelecidos, 
nos atos de instituição da entidade, que os sócios aplica-
riam na entidade. O capital integralizado representa o total 
do capital subscrito já entregue pelos sócios à sociedade. 
Por dedução o capital a subscrever representa a parte que 
falta ser entregue à entidade do capital subscrito.
2. O subgrupo Reservas de Capital é constituído pelos 
valores recebidos pela entidade, de seus sócios ou outros 
participantes do capital (debenturistas com debêntures 
conversíveis em ações, portadores de bônus de subscrição 
e de partes beneficiárias).
A lei determina, em seu artigo 182, in verbis:
§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as 
contas que registrarem:
 a) a contribuição do subscritor de ações que 
180
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de 
emissão das ações sem valor nominal que ultrapas-
sar a importância destinada à formação do capital 
social, inclusive nos casos de conversão em ações 
de debêntures ou partes beneficiárias;
 b) o produto da alienação de partes beneficiá-
rias e bônus de subscrição.
§ 2° Será ainda registrado como reserva de capital o 
resultado da correção monetária do capital realiza-
do, enquanto não-capitalizado.
Alguns dos termos aí contidos são desconhecidos, vamos 
tentar esclarecê-los para facilitar o entendimento, mas 
isso somente será utilizado em fase mais avançada do cur-
so de Ciências Contábeis.
1. Debêntures – São valores mobiliários representa-
tivos de dívida de médio e longo prazos que asse-
guram a seus detentores (debenturistas) direito de 
crédito contra a companhia que as emitiu.
2. Debêntures Conversíveis – São aquelas que po-
dem ser trocadas por ações da companhia que as 
emitiu. As condições de conversibilidade devem es-
tar descritas na escritura de emissão.
3. Partes Beneficiárias – O art. 46 da Lei 6.404/76 
determina que uma companhia pode emitir, a qual-
quer tempo, títulos negociáveis, sem valor nominal 
e estranhos ao capital social, denominados “partes 
beneficiárias”. Acrescenta em seu § 1º que elas con-
ferirão aos seus titulares direito de crédito eventu-
al contra a companhia, consistente na participação 
nos lucros anuais (artigo 190).
181O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
4. Bônus de Subscrição – Em seu art. 75 a Lei das 
Sociedades por Ações autoriza que companhias po-
derão emitir, dentro do limite de aumento de capi-
tal autorizado no estatuto (artigo 168), títulos ne-
gociáveis denominados “Bônus de Subscrição”. Em 
seu parágrafo único define: os bônus de subscrição 
conferirão aos seus titulares, nas condições cons-
tantes do certificado, direito de subscrever ações do 
capital social, que será exercido mediante apresen-
tação do título à companhia e pagamento do preço 
de emissãodas ações.
5. Capital Autorizado – A Lei nº 6.404/76, em seu 
art. 168, prevê a possibilidade de que o estatuto de 
uma companhia possa conter autorização para au-
mento do capital social independentemente de re-
forma estatutária. Logicamente há nesse artigo ou-
tros itens que limitam e regulamentam os limites, 
os autorizadores e as condições para sua realização.
Observações: 
1. Os valores auferidos em face dos itens 2, 3 e 4 deverão 
ser registrados em Reservas de Capital.
2. É comum empresas oferecerem aos seus empregados, 
executivos, conselheiros etc. opções de ações, normalmen-
te a partir de contratos firmados, que dão a esses empre-
gados a exercer, ou não, o direito de compra de um de-
terminado quantitativo de ações da entidade, por prazo 
estabelecido em contrato e mediante o cumprimento de 
algumas condições (resultados, tempo de serviço etc.). Se-
182
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
gundo a Orientação Técnica OCPC 02, emitida pelo CPC, a 
contabilização dessas opções deve se dar com crédito em 
conta especial de patrimônio líquido; sugere Ferrari (2016, 
p. 695) que a denominação dessa conta seria “Opções ou-
torgadas reconhecidas”.
3. O subgrupo Ajuste de Avaliação Patrimonial represen-
ta uma das maiores mudanças que ocorreram no proces-
so de harmonização da contabilidade brasileira. Grandes 
mudanças ocorreram nas avaliações de ativos e passivos e 
na evidenciação dos resultados econômicos de uma enti-
dade em função de seu estabelecimento, juntamente com 
outras normas. Tais alterações foram introduzidas na Lei 
das Sociedades por Ações através da Lei nº 11.638/2007 
e confirmadas pela Lei 11.941/2007. A Lei 6.404/76 prevê 
em seu Art. 182, § 3º, que serão classificadas como ajustes 
de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no re-
sultado do exercício, em obediência ao regime de compe-
tência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de 
valores atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em 
decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos pre-
vistos nessa lei ou em normas expedidas pela CVM, com 
base na competência conferida pelo § 3º do art. 177 dessa 
mesma lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).
Por exemplo, um terreno foi adquirido e registrado pela 
empresa ao valor de R$ 80.000,00 em janeiro de um deter-
minado ano. Ao final desse ano, para fins de fechamento 
do seu balanço patrimonial, a empresa requereu a especia-
listas do mercado imobiliário uma avaliação do preço do 
referido terreno. Supondo que a avaliação, a preço de mer-
cado, indique que o valor do terreno, naquele momento, 
seja de R$ 85.000,00, teríamos a seguinte contabilização:
183O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
D – Terrenos 5.000,00
C – Ajuste de Avaliação Patrimonial 5.000,00
 
Caso a avaliação feita demonstrasse um valor de mercado 
de R$ 78.000,00, teríamos:
D – Ajustes de Avaliação Patrimonial 2.000,00
C – Terrenos 2.000,00
No primeiro caso a empresa teve um ganho e no segundo 
caso teve uma perda, que não foram realizados pelo regi-
me da competência.
4. O subgrupo Reservas de Lucros apresenta as diversas 
reservas que podem se formar em função da destinação 
do lucro líquido apurado em cada exercício. O § 2º do 
Art. 178 da Lei das Sociedades por Ações determina que a 
conta lucros acumulados deverá ter seu saldo destinado e 
não poderá apresentar saldo no balanço patrimonial. Essa 
destinação deverá ser dividida entre reservas de lucros e 
distribuição de dividendos aos acionistas, de acordo com 
o § 6º do Art. 202 da Lei 6.404/76, podendo uma parte ser 
utilizada para aumento do capital. Importante destacar 
que esse impedimento diz respeito ao balanço encerrado 
ao final do exercício social, não havendo nada que impeça 
que nas demonstrações intermediárias seja apresentado 
saldo na conta lucros acumulados.
A Lei das Sociedades por Ações trata das diversas reservas 
de lucros, tais como reserva legal e a reserva estatutária, 
que pode ser composta por diversos tipos de reserva, tais 
como reserva para contingências, reserva de lucros a reali-
184
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
zar, reserva de retenção de lucros, reserva para dividendos 
obrigatórios, também chamada de reserva especial, e a re-
serva de incentivos fiscais.
Reserva Legal
Prevista pelo Art. 193, determina que 5 % do lucro líqui-
do serão, antes de qualquer destinação, para a constitui-
ção dessa reserva. É obrigatória, se houver lucro. Somente 
essa reserva é obrigatória, todas as outras podem ou não 
ser constituídas.
Seu limite não poderá ultrapassar 20% do total do capital 
social realizado corrigido monetariamente (correção que 
só ocorre em alguns casos especiais).
A empresa poderá constituir a reserva relativa ao exercí-
cio também caso o seu saldo somado ao das reservas de 
capital exceder 30% do capital social.
Essa reserva tem a finalidade de garantir a integridade do 
capital social e somente poderá ser utilizada para aumen-
to do capital social ou para a compensação de prejuízos.
Reservas Estatutárias
Os acionistas de uma companhia aberta têm o poder de 
criar diversos tipos de reservas, desde que as prevejam 
em seu estatuto, como sugere o nome, e que para cada 
reserva criada seja feita a indicação, precisa e pormeno-
rizada, de sua finalidade; sejam estabelecidos os critérios 
que determinem qual parcela do lucro será a ela destinado 
e que, também, estabeleça o limite máximo para a sua acu-
mulação, tal qual ocorre com a reserva legal, por exemplo.
Dentre as reservas estatutárias mais comuns temos:
185O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
• Reserva para contingências
Trata-se de uma das reservas mais utilizadas e deve 
ser proposta pelos Órgãos de Direção Executiva da 
Entidade e aprovada pela assembleia de acionistas. 
Determina a Lei 6.404/76 em seu Art. 195 que sua 
finalidade é a destinação de parte do lucro buscan-
do compensar, em exercício futuro, a diminuição do 
lucro decorrente de perda julgada provável, cujo va-
lor possa ser estimado.
A proposta dos órgãos da administração deverá in-
dicar a causa da perda prevista e justificar, com as 
razões de prudência que a recomendem, a constitui-
ção da reserva.
A reserva será revertida no exercício em que dei-
xarem de existir as razões que justificaram a sua 
constituição ou em que ocorrer a perda.
 
• Reserva de lucros a realizar
A Lei das Sociedades por Ações, em seu art. 202, 
estabelece que uma parte do lucro líquido, ajustado 
com a formação, e das reservas legais e estatutá-
rias e reversão de algumas das reservas estatutá-
rias, caso não haja previsão estatutária, 50% desse 
lucro líquido ajustado deverá ser distribuído aos 
acionistas da entidade. Ela, porém, autoriza que a 
assembleia geral dos acionistas determine um per-
centual menor, desde que não seja menor do que 
25%. A reserva de lucros a realizar é prevista pela 
Lei das Sociedades por Ações, em seu art. 197, e 
tem o objetivo de postergação do pagamento dos 
dividendos obrigatórios a serem distribuídos sobre 
os lucros ainda não realizados que não se espera 
186
......................................................................................................................................................................................................................Demonstrações contábeis básicas
que sejam transformados em moeda no decorrer do 
próximo exercício social.
Essa reserva somente poderá ser utilizada para o 
pagamento do dividendo mínimo obrigatório a me-
nos que seja absorvida para a cobertura de prejuí-
zos acumulados.
• Reserva de retenção de lucros
Conforme determina o art. 196 da Lei 6.404/76, a 
assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos 
da administração, deliberar reter parcela do lucro lí-
quido do exercício prevista em orçamento de capital 
por ela previamente aprovado.
O § 1º do artigo em tela impõe que o orçamento, 
submetido pelos órgãos da administração com a 
justificação da retenção de lucros proposta, deverá 
compreender todas as fontes de recursos e aplica-
ções de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a 
duração de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso 
de execução, por prazo maior, de projeto de inves-
timento. Prevê o § 2º do mesmo artigo que o orça-
mento poderá ser aprovado pela assembleia geral 
ordinária que deliberar sobre o balanço do exercício 
e revisado anualmente, quando tiver duração supe-
rior a um exercício social. (Redação dada pela Lei nº 
10.303, de 2001).
• Reserva de Incentivos Fiscais
A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos 
de administração, destinar para essa reserva a par-
cela do lucro líquido decorrente de doações ou sub-
venções governamentais para investimentos, que 
187O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo 
obrigatório (inciso I do caput do art. 202 dessa lei).
(Incluído pela Lei nº 11.638, de 2007).
• Reserva para dividendos obrigatórios
Quando a companhia não dispõe de meios para 
fazer o pagamento de dividendos obrigatórios, a 
parte não distribuída dos dividendos formará uma 
reserva que somente poderá ser utilizada para pa-
gamento de dividendos, a menos que seja absorvida 
para a cobertura de eventuais prejuízos futuros.
5. O subgrupo Ações em Tesouraria ocorre em função de 
que uma empresa pode adquirir no mercado partes das 
ações por ela emitidas e mantê-las em tesouraria por ra-
zões estratégicas. Esse ato tem amparo na Lei das Socieda-
des por Ações em seu art. 30, reproduzido a seguir:
Negociação com as Próprias Ações
 Art. 30. A companhia não poderá negociar com 
as próprias ações.
 § 1º Nessa proibição não se compreendem:
 a) as operações de resgate, reembolso ou amor-
tização previstas em lei;
 b) a aquisição, para permanência em tesouraria 
ou cancelamento, desde que até o valor do saldo de 
lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição 
do capital social, ou por doação;
 c) a alienação das ações adquiridas nos termos 
da alínea b e mantidas em tesouraria;
 d) a compra quando, resolvida a redução do ca-
pital mediante restituição, em dinheiro, de parte do 
valor das ações, o preço destas em bolsa for inferior 
ou igual à importância que deve ser restituída.
 § 2º A aquisição das próprias ações pela com-
panhia aberta obedecerá, sob pena de nulidade, às 
188
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
normas expedidas pela Comissão de Valores Mobili-
ários, que poderá subordiná-la à prévia autorização 
em cada caso.
 § 3º A companhia não poderá receber em garan-
tia as próprias ações, salvo para assegurar a gestão 
dos seus administradores.
 § 4º As ações adquiridas nos termos da alínea 
b do § 1º, enquanto mantidas em tesouraria, não 
terão direito a dividendo nem a voto.
 § 5º No caso da alínea d do § 1º, as ações adqui-
ridas serão retiradas definitivamente de circulação.
O art. 178 da Lei das Sociedades por Ações, em seu § 2º, 
estabelece que o passivo é composto, conforme o Inciso I, 
de passivo circulante; segundo o Inciso II, de passivo não 
circulante; e segundo o Inciso III, de patrimônio líquido.
 
O § 5º do art. 182 prevê que as ações em tesouraria de-
verão ser destacadas no balanço como dedução da conta 
do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos 
aplicados na sua aquisição.
6. O subgrupo Prejuízos Acumulados como já visto na 
definição do subgrupo Reservas de Lucros, quando a enti-
dade apura lucro ao final do exercício, após possíveis pre-
juízos acumulados, deverá destinar o lucro restante antes 
do encerramento do balanço patrimonial, de forma que a 
conta Lucros Acumulados não poderá ter saldo no balanço 
patrimonial de encerramento do exercício (nas demonstra-
ções intermediárias não há nenhum impedimento).
Se o resultado apurado no exercício for prejuízo este será 
transferido para a conta Prejuízos Acumulados. 
189O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
O art. 189 em seu parágrafo único determina que o pre-
juízo do exercício será obrigatoriamente absorvido pelas 
reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem. Ponto 
importante: a reserva Legal é uma reserva de lucro, mas a 
lei determina que é a última a ser utilizada para a compen-
sação de prejuízos acumulados.
No exercício seguinte, caso seja apurado lucro, serão de-
duzidos, antes de qualquer participação, os prejuízos acu-
mulados e a provisão para o Imposto sobre a Renda.
7. O subgrupo Ajustes Acumulados de Conversão, se-
gundo o Pronunciamento CPC 02(R2), o Pronunciamento 
CFC TG-02(R1) e a Deliberação CVM nº 640/2010, trata, 
entre outras coisas, dos Ajustes Acumulados de Conver-
são. Segundo Ferrari (2016, p. 696): “É uma das contas do 
Patrimônio Líquido que compõem os ‘Outros Resultados 
Abrangentes’, isto é, valores que alteram o PL sem, no en-
tanto, alterar o resultado.” 
Nela são registradas as variações cambiais de investimen-
tos no exterior, em coligadas, controladas ou controladas 
em conjunto, além dos instrumentos de proteção (hedge) 
utilizados para garantir esses investimentos.
Segundo a OCPC 02 (Orientação Técnica), essa conta será 
reconhecida no resultado apenas quando da baixa do re-
ferido investimento. Essa não é uma conta de reserva, ela 
tem funcionalidade semelhante à conta Ajuste de Avalia-
ção Patrimonial, podendo ter saldo devedor ou credor.
Dessa forma, visto item por item um balanço patrimonial 
completo teria a seguinte apresentação:
190
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
Ativo Passivo
Circulante
Caixa
Bancos
Duplicatas a Receber
Estoques
Circulante
Fornecedores a pagar
Impostos a pagar
Salários a pagar
Não circulante Não Circulante
Financiamentos a pagarRealizável a Longo Prazo
 Empréstimos a receber
Investimentos
 Participações em outras 
 entidades
Imobilizado
 Móveis de uso
 Móveis e Utensílios
 Máquinas e
 Equipamentos
Patrimônio Líquido
Capital Social
Reservas de Capital
Reservas de lucro
Ações em Tesouraria (redutora)
Ajustes de Avaliação Patrimonial (+/-)
Prejuízos Acumulados (redutora)
Ajustes Acumulados de 
Conversão (+/-)
Intangível
 Marcas e patentes
 Softwares
 Concessões
Ao final do capítulo III foi apresentado um exemplo de 
apuração de resultados do exercício que, após sua conclu-
são, resultou no seguinte balancete:
Contas
Natureza do Saldo
Devedor Credor
Capital 300.000,00
Banco c/ Movimento 244.000,00
Máquinas e 
equipamentos50.000,00
Móveis e utensílios 30.000,00
Fornecedores a pagar 80.000,00
Estoques 40.000,00
Clientes a receber 80.000,00
Salários a Pagar 10.000,00
191O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
Contas
Natureza do Saldo
Devedor Credor
Aluguéis a Pagar 5.000,00
Condomínio a Pagar 2.000,00
Contas a pagar 6.000,00
I.R. a Pagar 6.150,00
CSLL a Pagar 3.690,00
Lucros Acumulados 31.160,00
TOTAL 444.000,00 444.000,00
Utilizando como exemplo o mesmo balancete de verifica-
ção e, hipoteticamente, considerando que ele se refira ao 
mês de novembro de 2015, com o intuito de completar as 
contas para apresentar um balanço patrimonial com con-
teúdo em boa quantidade dos grupos e subgrupos, vamos 
imaginar que em dezembro e no fechamento do balanço 
patrimonial ocorreram as seguintes operações.
1. A empresa Marônio adquiriu participação perma-
nente em outra empresa, denominada XPTO Ltda., 
comprando 60% de seu patrimônio líquido pagando 
pela operação o valor justo de R$ 100.000,00, à vista.
2. A empresa Marônio emprestou à empresa XPTO a 
importância de R$ 20.000,00 para aliviar as dificul-
dades imediatas de caixa que a XPTO tinha naquele 
momento, sem prazo definido para pagamento.
3. A Marônio adquiriu, a prazo, software para ges-
tão de suas operações no valor de R$ 20.000,00.
4. A Marônio adquiriu máquinas e equipamentos, 
com financiamento a longo prazo, com 3 anos de 
192
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
carência para início do pagamento no valor de R$ 
200.000,00.
5. 5% do lucro líquido apurado foi destinado à reser-
va legal, no valor de R$ 1.558,00.
6. A Marônio adquiriu ações de uma determinada 
companhia, no mercado financeiro, e as classificou 
como investimentos temporários, no valor de R$ 
10.000,00. O valor justo dos referidos títulos foram 
avaliados ao final do exercício em R$ 10.800,00.
7. Em função de previsão de prejuízos no próximo 
exercício em face da retração da economia a direção 
da empresa propôs, e a assembleia dos acionistas 
aprovou, destinar 10% do lucro para a reserva de 
contingências.
8. A Marônio emitiu no mercado 1.000 títulos de 
Partes Beneficiárias e contabilizou R$ 10,00 em 
cada unidade captada, totalizando R$ 10.000,00.
9. O estatuto da Marônio prevê a distribuição míni-
ma de 30% do lucro para os seus acionistas.
a. Nesse caso, descontadas as reservas que foram 
criadas, o dividendo mínimo seria:
i. Lucro Líquido 31.160,00
ii. Reserva Legal 1.558,00
iii. Reserva de contingências 3.116,00
iv. Saldo 26.486,00
v. Dividendo mínimo 30% 7.945,80
vi. Saldo 18.540,20
193O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
10. Face aos projetos de expansão apresentados pela dire-
ção, a assembleia aprovou a constituição de reserva de re-
tenção de lucros com a utilização do saldo remanescente.
A contabilização dessas operações mostraria os seguintes 
saldos para as contas:
1. Banco c/ Movimentos
si
8
244.000
10.000
100.000 1
20.000 2
10.000 6
 
Participações em outras sociedades
1 100.000 
2. Empréstimos a Receber de Controladas
2 20.000
3. Softwares
3 20.000
 Títulos a Pagar
20.000 3
4. Máquinas e Equipamentos
si 50.000
4 200.000
 
Financiamentos de Longo Prazo
20.000 4
5. Lucros Acumulados
 5 1.558
 7 3.116 
 9 7.945,00
10 18.540,20
si 31.160
 Reserva Legal
1.558,00 5
6. Ações disponíveis para venda
6 10.000
8.1 80.000
 Ajustes da Avaliação Patrimonial
800 8.1
194
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
7. Reservas de Contigências
3.116 7
8. Partes Beneficiárias
10.000 8
9. Dividendos a Distribuir
7.945, 80 8
10. Reserva de Retenção de Lucros
18.540,20 10
Após essas operações o balancete de verificação seria as-
sim apresentado:
Balancete de Verificação
Contas Débito Crédito
Capital Social 300.000,00 
Banco Conta Movimento 124.000,00 
Máquinas e Equipamentos 250.000,00 
Móveis e Utensílios 30.000,00 
Fornecedores a Pagar 80.000,00 
Estoques 40.000,00 
Clientes a Receber 80.000,00 
Salários a Pagar 10.000,00 
Aluguéis a Pagar 5.000,00 
Condomínios a Pagar 2.000,00 
Contas a Pagar 6.000,00 
I. R. a Pagar 6.150,00 
CSLL a Pagar 3.690,00 
195O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
Balancete de Verificação
Contas Débito Crédito
Participações Outras 
Sociedades
100.000,00 
Empréstimos a Receber 
de Controladas
20.000,00 
Softwares 20.000,00 
Títulos a Pagar 20.000,00 
Financiamentos a Longo Prazo 200.000,00 
Reserva Legal 1.558,00 
Ações Disponíveis para Venda 10.800,00 
Ajustes de Avaliação 
Patrimonial
800,00 
Reserva de Contingências 3.116,00 
Partes Beneficiárias 10.000,00 
Dividendos a Distribuir 7.945,80 
Reserva de Retenção de Lucros 18.540,20 
Total 674.800,00 674.800,00
196
......................................................................................................................................................................................................................
Demonstrações contábeis básicas
O balanço patrimonial, portanto, seria assim apresentado:
Companhia Marônio
Balanço Patrimonial - Encerrado em 31/12/2015
Ativo
Saldo
31/12/2014 31/12/2015
Circulante
Banco Conta Movimento
Ações Disponíveis para Venda
Estoques
Clientes a Receber
-
-
-
-
 
124.000,00 
 
10.800,00 
 
40.000,00 
 
80.000,00 
Não Circulante
Realizável a Longo Prazo
Empréstimos a Rec. 
de Controladas
Investimentos
Participações em 
Outras Sociedades
Imobilizado
Móveis e Utensílios
Máquinas e 
Equipamentos
Intangível
Softwares
-
-
-
-
-
20.000,00
100.000,00
 
30.000,00
250.000,00
 20.000,00
Total 674.800,00
197O balanço patrimonial
......................................................................................................................................................................................................................
Passivo
Saldo
31/12/2014 31/12/2015
Circulante
Salários a Pagar
Aluguéis a Pagar
Condomínios a Pagar
Fornecedores a Pagar
Contas a Pagar
Títulos a Pagar
I.R a Pagar
CSLL a Pagar
Dividendos a Distribuir
-
-
-
-
-
-
-
-
-
 
10.000,00 
 5.000,00 
 2.000,00 
 80.000,00 
 6.000,00 
 20.000,00 
 6.150,00 
 3.690,00 
 7.945,80 
 
Não Circulante
Financiamentos a Longo Prazo 200.000,00
Patrimônio Líquido
Capital Social
Reservas de Capital
Partes Beneficiárias
Reservas de Lucros
Reserva Legal
Reserva de Contingências
Reserva de Retenção 
de Lucros
Ajuste de Avaliação 
Patrimonial
-
-
-
-
-
-
300.000,00
10.000,00
1.558,00
3.116,00
18.540,20
800,00
Total 674.800,00
198 Demonstrações contábeis básicas
A DRE
Segundo Ferreira (2013,p. 877) a DRE é a exposição orde-
nadas das receitas realizadas e das despesas incorridas 
no exercício, registradas de acordo com o regime da com-
petência.
Se no balanço patrimonial são evidenciadas apenas contas 
patrimoniais, na DRE são listadas, em ordem, apenas as 
contas de resultado.
Tomando por base Velter e Missagia (2011, p. 503), é obri-
gatória para todas as empresas, independentemente de 
sua natureza jurídica, prevista pelo Art. 187 da Lei das So-
ciedades por Ações e Art. 1.189 da Lei nº 10.406/2002 (Có-
digo Civil), que a ele se refere como Balanço de Resultado 
Econômico ou Demonstração da Conta de Lucros e Perdas.
O CPC 26 (R1), aprovado pelo CFC através da NBC TG 26 
(R3) e pela Deliberação CVM nº 676/11; o CPC 31, aprova-
do pelo CFC através da NBC TG 31 (R2) e pela CVM através 
da Deliberação nº 598/09; e o CPC 41, aprovado pelo CFC 
através da NBC TG 41 (R1) e pela CVM através da Deli-
beração nº 636/10 também aludem à obrigatoriedade da 
evidenciação da DRE.
 
Com as alterações trazidas pelas Leis nº 11.638/2007 e 
11.941/2009 e em consonância com os Pronunciamentos 
Contábeis citados, foi estabelecida uma nova estrutura 
para a DRE:
199A DRE
Operações Continuadas ou Operações em Continuidade
Receitas (segundo o conceito do item 8 do CPC 30(R1) – Receitas).
( - ) Custo dos Produtos, Mercadorias ou 
Serviços Vendidos (CPV, CMV ou CSV)
( = ) Resultado Bruto (Lucro ou Prejuízo)
( - ) Despesas com Vendas
( - ) Despesas Administrativas
( - ) Despesas Gerais
( - ) Outras Despesas
( + ) Outras Receitas
( + ) Receita de Equivalência Patrimonial
( - ) Despesa de Equivalência Patrimonial
( = ) Resultado Antes das Receitas e Despesas Financeiras
( - ) Despesas Financeiras
( + ) Receitas Financeiras
( = ) Resultado Antes do IR e CSL
( - ) Despesas com IR e CSL (só das operações continuadas)
( = ) Resultado Líquido das Operações Continuadas (Lucro 
ou Prejuízo Líquido das Operações Continuadas)
Operações em Descontinuidade (ou Operações Descontinuadas)
( + ) Resultado Líquido das Operações Descontinuadas 
(Lucro ou Prejuízo Líquido das Operações Descontinuadas) 
( - ) Participações Estatutárias sobre o 
Lucro (Lei nº 6.404/76, art. 187)
( = ) Resultado Líquido do Exercício (lucro ou prejuízo líquido 
do exercício)
Resultado Básico por Ação (Segundo o CPC 41 – Resultado por 
Ação)
Resultado Diluído por Ação (Segundo o CPC 41 – Resultado por 
Ação)
Fonte: Ferrari (2016, p. 739-740).
É bom esclarecer um ponto que tem sido objeto de muita 
polêmica, o que é normal em ambiente de mudanças, en-
tre contabilistas. 
200 Demonstrações contábeis básicas
Concordo com o Prof. Ed Luiz Ferrari quando afirma que 
quando ocorrerem divergências entre a Lei das Sociedades 
por Ações e os Pronunciamentos Técnicos do CPC, aprova-
dos pelos diversos órgãos reguladores (no caso das Socie-
dades por Ações, a CVM), deve prevalecer a lei, com base 
nos § 3º e § 5º do Art. 177 da Lei em questão.
Pelo Art. 187 da Lei das Sociedades por Ações o início da 
DRE se apresenta da seguinte forma:
Receita Bruta
( - ) Deduções
( = ) Receita Líquida
( - ) CPV e/ou CMV e/ou CSV
O CPC 30 (R1), em seu item 8, demonstra com total clare-
za que não mais existem as receitas brutas e as receitas 
líquidas. Há somente um conceito que permanece: o de 
Receita.
Os tributos sobre vendas não recuperáveis (PIS, Cofins) so-
bre bens e serviços (ISS) e sobre o valor adicionado (ICMS, 
PIS e Cofins) recuperáveis) não são benefícios econômicos 
que fluam para a entidade e não resultam em aumento 
do Patrimônio Líquido. Portanto, são excluídos da Receita 
(FERRARI, 2016, p. 741).
Essas ocorrências são evidenciadas em Notas Explicativas, 
tal qual o detalhamento das operações descontinuadas.
Como se pode observar, a DRE é montada em um formato 
de conta aritmética, utilizando exclusivamente contas de 
resultados.
201Outras demonstrações obrigatórias
OUTRAS DEMONSTRAÇÕES 
OBRIGATÓRIAS
Não abordaremos em detalhes neste livro as outras de-
monstrações obrigatórias pela Lei das Sociedades por 
Ações e pelo CPC 26.
São elas, além do balanço e da DRE:
• Demonstração do Resultado Abrangente.
• Demonstração das Mutações do Patrimônio Lí-
quido.
• Demonstração dos Fluxos de Caixa.
• Demonstração do Valor Adicionado.
As Notas Explicativas são obrigatoriamente o complemen-
to das demonstrações, pois todas são resumidas, sinteti-
zadas ao máximo.
Ao conjunto das Demonstrações Contábeis deve ser incluí-
do o Relatório da Auditoria e o Relatório da Administração.
202 Demonstrações contábeis básicas
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe 
sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 17 dez. 1976.
. Lei nº 10.303, de 31 de outubro de 2001. Altera e 
acrescenta dispositivos na Lei nº 6.404, de 15 de dezem-
bro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, 
e na Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que dispõe 
sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão 
de Valores Mobiliários. Diário Oficial da União, Brasília, 
1º nov. 2001.
. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o 
Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 11 jan. 2002.
. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera 
e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro
de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e 
estende às sociedades de grande porte disposições rela-
tivas à elaboração e divulgação de demonstrações finan-
ceiras. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 dez. 2007.
. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a 
legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordi-
nário de débitos tributários; concede remissão nos casos 
em que especifica; institui regime tributário de transição 
[...] e dá outras providências. Diário Oficial da União, Bra-
sília, DF, 28 maio 2009.
203
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Deliberação CVM 
nº 598, de 15 de setembro de 2009. Aprova o Pronuncia-
mento Técnico CPC 31 do Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis, que trata de ativo não circulante mantido para 
venda e operação descontinuada. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 16 set. 2009.
. Deliberação CVM nº 636, de 6 de agosto de 2010. 
Aprova o Pronunciamento Técnico CPC 41 do Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis, que trata da determinação 
e apresentação do resultado por ação. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, 9 ago. 2010.
. Deliberação CVM nº 640, de 7 de outubro de 2010. 
Aprova o Pronunciamento Técnico CPC 02(R2) do Comitê 
de Pronunciamentos Contábeis – CPC sobre efeitos das mu-
danças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações 
contábeis. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 out. 2010.
. Deliberação CVM nº 676, de 13 de dezembro de 
2011. Aprova o Pronunciamento Técnico CPC 26(R1) do 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que trata da Apre-
sentação das Demonstrações Contábeis. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, 15 dez. 2011.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Orientação 
OCPC 02: esclarecimentos sobre as demonstrações contá-
beis de 2008. Brasília, DF, 2009.
. Pronunciamento Técnico CPC 41: resultado por 
ação: correlação às Normas Internacionais de Contabilida-
de – IAS 33. Brasília, DF, 2010. 
204 Demonstrações contábeis básicas
. Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2): efeitos das 
mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demons-
trações contábeis: correlação às Normas Internacionais de 
Contabilidade – IAS 21 (BV2010). Brasília, DF, 2010. 
. Pronunciamento Conceitual Básico (R1): estrutura 
conceitual para elaboração e divulgação de relatório con-
tábil-financeiro: correlação às Normas Internacionais de 
Contabilidade – The Conceptual Framework for Financial 
Reporting (IASB – BV 2011 Blue Book). Brasília, DF, 2011.
. Pronunciamento Técnico CPC 21 (R1): demons-
tração intermediária: correlação às Normas Internacionais 
de Contabilidade – IAS 34 (IASB – BV 2011). Brasília, DF, 
2011. 
. PronunciamentoTécnico CPC 26 (R1): apresen-
tação das demonstrações contábeis: correlação às Normas 
Internacionais de Contabilidade – IAS 1 (IASB – BV 2011). 
Brasília, DF, 2011.
. Pronunciamento Técnico CPC 30 (R1): receitas: 
correlação às Normas Internacionais de Contabilidade IAS 
18 (IASB – BV 2012). Brasília, DF, 2012.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Orientação 
Técnica Geral OTG nº 1.000, de 21 de outubro de 2015. 
Aprova a OTG 1000 que dispõe sobre modelo contábil 
para microempresa e empresa de pequeno porte. Brasília, 
DF, 23 out. 2015.
. Resolução CFC n° 1.482, de 20 de março de 2015. 
Acrescenta o parágrafo 5º ao artigo 1º e altera o caput 
do artigo 4º da Resolução CFC nº 1.442/2013, que dispõe 
sobre os critérios para a elaboração dos atos que discipli-
205
nam o exercício das atribuições legais e regimentais dos 
Conselhos de Contabilidade e dá outras providências. Diá-
rio Oficial da União, Brasília, DF, 8 abr. 2015.
. NBC TG 02 (R1): efeitos das mudanças nas taxas 
de câmbio e conversão de demonstrações contábeis. Bra-
sília, DF, 2013.
. NBC TG 26 (R3): apresentação das demonstrações 
contábeis. Brasília, DF, 2015.
. NBC TG 31 (R3): ativo não circulante mantido para 
venda operação descontinuada. Brasília, DF, 2015.
. NBC TG 41 (R1): resultado por ação. Brasília, DF, 
2013.
CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO PARANÁ. 
Informativo de Fiscalização nº 2: demonstrações contá-
beis obrigatórias. Curitiba, 18 jun. 2013. Disponível em: 
<http://www.crcpr.org.br/new/content/publicacao/mai-
ling/html/2013_06_17_informativoFiscalizacao.
html>. Acesso em: 5 ago. 2016.
FERRARI, Ed Luiz. Contabilidade Geral: teoria e mais de 
1.000 questões. 14. ed. Niterói: Impetus, 2016.
FERREIRA, R. J. Contabilidade básica: teoria e mais de 1.600 
questões comentadas. 10. ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2013.
VELTER, Francisco; MISSAGIA, Luiz R. Manual de Contabi-
lidade: teoria e mais de 650 questões. 5. ed., Rio de
Janeiro: Campus/Elsevier, 2011.
206
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste livro inicial da contabilidade creio ter sido possí-
vel ao leitor entender a importância do estudo das Ciên-
cias Contábeis nos dias atuais. Foi possível conhecer uma 
breve história da evolução e a fixação de alguns de seus 
principais conceitos, objeto e objetivos. Outros aspectos 
importantes inicialmente abordados dizem respeito aos 
usuários da informação contábil e à estrutura conceitual 
para a elaboração do relatório contábil, este constituin-
do um tema muito atual e merecedor de destaque na har-
monização das normas internacionais de contabilidade. 
Também foram inicialmente apontados temas importan-
tes, como as possibilidades de mercado de trabalho para 
o profissional da área contábil e a técnica contábil da es-
crituração. 
Pontos estruturais das Ciências Contábeis também foram 
abordados no início deste livro: o primeiro contato com a 
ideia do que seja patrimônio e suas situações possíveis, 
permeado com o entendimento da ideia de conta e com-
plementado com a concepção de um plano de contas, que 
certamente ajudarão em muito a compreensão da prática 
contábil.
Também foram abordados os princípios contábeis, cujo 
entendimento pelos alunos tem importância vital no uni-
verso contábil.
207
Para que fosse possível colocar os conhecimentos iniciais 
estudados em prática foram apresentados alguns temas 
decisivos. A diferença entre atos e fatos administrativos, 
os livros utilizados para o registro dos fatos adminis-
trativos e o primeiro contato com o secular Método das 
Partidas Dobradas, que se tornou a base da contabilidade 
desde seu descobrimento até os dias de hoje, e, acredito, 
assim permanecerá por longo tempo. 
Apresentados esses pontos essenciais, foi iniciada a apli-
cação prática dos conceitos inicialmente apresentados, 
começando pela técnica da escrituração, praticando-a uti-
lizando o livro diário por meio dos razonetes, inicialmente 
utilizando contas patrimoniais.
Ampliando os conceitos de conta contábil, buscando en-
tender como é efetuada a apuração dos resultados das en-
tidades, foram abordadas as contas de resultado de forma 
mais aprofundada, adicionando aos registros contábeis os 
conceitos de reconhecimento de receitas, de apropriação 
de despesas incorridas e não pagas ou reconhecimento de 
despesas, balancete de verificação com a posterior apura-
ção do resultado do exercício.
Finalmente, foram abordadas as demonstrações contábeis 
obrigatórias, com destaque para o balanço patrimonial e 
seu detalhamento e para a DRE, com sua nova estrutu-
ra. As demais demonstrações foram apenas mencionadas 
com o apontamento de suas funções básicas.
Espero que este conteúdo seja útil na sua caminhada no 
universo contábil.

Mais conteúdos dessa disciplina