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GUERRA FRIA Contexto histórico, características e impactos A Guerra Fria é o nome que damos ao conflito político e ideológico que se estendeu do final da década de 1940 até o ano de 1991. Esse acontecimento teve como protagonistas os Estados Unidos e a União Soviética, países que representavam duas ideologias distintas que eram o capitalismo e o socialismo, respectivamente. Essa polarização gerou um conflito político-ideológico entre as duas nações e seus respectivos blocos, cada qual defendendo os seus interesses e a sua ideologia, impactando de diversas maneiras o mundo, ao longo do século XX, e resultando em disputas nos campos científico, econômico, esportivo e bélico. A Guerra Fria nunca gerou um conflito armado direto entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), porém, a rivalidade e a disputa geopolítica levaram à deflagração de uma série de conflitos em outras partes do planeta. O início da Guerra Fria e seu contexto histórico A Guerra Fria foi iniciada logo após a Segunda Guerra Mundial, conflito que aconteceu entre 1939 e 1945. Ao final desse conflito, EUA e URSS saíram como as duas grandes potências mundiais e essa situação contribuiu para o surgimento de um cenário de polarização. Os historiadores consideram um discurso realizado pelo presidente norte-americano Harry Truman o ponto de partida para o início da Guerra Fria. Nesse discurso, realizado em 1947, Truman pedia aumento na liberação de verbas para que os Estados Unidos barrassem o avanço do socialismo pelo mundo. Com isso, iniciou-se a Doutrina Truman, ideologia que englobou as medidas realizadas pelo governo americano para conter o avanço do comunismo na Europa. Uma das etapas dessa doutrina foi o Plano Marshall, o plano de recuperação da Europa destruída pela Segunda Guerra Mundial. O discurso maniqueísta propagado por essa ideologia acabou criando um clima alarmista que contribuiu para acirrar os ânimos entre as duas nações. Conforme a rivalidade aumentou, os soviéticos também aderiram ao discurso maniqueísta, consolidando a polarização do mundo. Características da Guerra Fria Mesmo que não tenha adquirido um caráter bélico, o conflito ideológico próprio da Guerra Fria era pautado por sutis ameaças, desenvolvimento de armamentos, além da disputa por crescimento tecnológico. A Guerra Fria repercutiu-se de diversas maneiras, e caracterizou-se pela: ● Polarização do mundo; ● Corrida armamentista; ● Corrida espacial; ● Forte atuação dos serviços de espionagem; ● Formação de alianças militares e planos de cooperação econômica; ● Interferência estrangeira; ● Propaganda ideológica; ● Perseguição contra adversários políticos. Acontecimentos da Guerra Fria A Guerra Fria criou um clima de forte tensão internacional pela possibilidade de um conflito nuclear entre americanos e soviéticos, embora nunca tenham disputado diretamente, os países que estavam subordinados a eles se envolveram em importantes embates relacionados com as suas ideologias, no que desencadeou diversos episódios, dos quais se pode destacar: – REVOLUÇÃO CHINESA A Revolução Chinesa foi resultado da vitória do Partido Comunista Chinês, liderado por Mao Tsé-tung contra os nacionalistas, apoiados pelos Estados Unidos e liderados por Chiang Kai-shek na Guerra Civil Chinesa, em 1949. Com a vitória, a China transformou-se em uma nação comunista, e a derrota estratégica dos americanos na China fez com que os EUA passassem a investir no desenvolvimento econômico de países como Japão e Coreia para impedir o avanço do comunismo na Ásia e reduzir a influência chinesa nesses locais. – GUERRA DA COREIA A Guerra da Coreia foi um conflito travado entre Coreia do Sul e Coreia do Norte, entre 1950 e 1953. Esse conflito foi resultado da divisão da península da Coreia, promovida pelas potências Aliadas durante a Segunda Guerra Mundial. Como resultado, o norte ficou sob influência soviética e o sul sob influência americana. A Coreia do Norte passou a organizar-se militarmente e promoveu a invasão da parte sul da península com o objetivo de unificá-la sob seu comando. Os americanos interviram no conflito em ajuda aos sul-coreanos e, ao longo de três anos, nenhum dos lados conseguiu sobressair-se sobre o outro. Em 1953, um armísticio (tratado de paz) foi assinado entre os dois lados, e a divisão entre Coreia do Sul e Coreia do Norte permanece existindo até hoje. – CRISE DOS MÍSSEIS EM CUBA O momento de maior tensão em toda a Guerra Fria ficou conhecido como Crise dos Mísseis e aconteceu em Cuba, em 1962. Cuba havia passado por uma revolução nacionalista, em 1959, e um tempo depois aliou-se aos soviéticos por causa de embargos americanos. Em 1962, os soviéticos resolveram instalar uma base de mísseis em Cuba e deu início à crise diplomática. Os mísseis instalados em Cuba não representavam séria ameaça aos americanos, mas prejudicavam a imagem do presidente John F. Kennedy. Com isso, o governo americano ameaçou os soviéticos de guerra, caso os mísseis soviéticos não fossem retirados. Duas semanas depois, os soviéticos retiraram os mísseis de Cuba e, em troca, os americanos retiraram mísseis da Turquia. – GUERRA DO VIETNÃ A Guerra do Vietnã aconteceu entre 1959 e 1975 e foi um dos momentos mais tensos dos EUA na Guerra Fria. Nessa guerra, Vietnã do Norte e Vietnã do Sul travavam um conflito aos mesmos moldes do que havia acontecido na Coreia. Os americanos, em socorro aos sul-vietnamitas, invadiram o país e passaram a lutar contra o Vietnã do Norte. O envolvimento americano na guerra foi extremamente impopular na sociedade norte-americana, teve um peso altíssimo para a economia do país e matou milhares de jovens americanos, além de ter resultado uma enorme barbárie no país asiático. Em 1973, as tropas norte-americanas foram retiradas do Vietnã e, em 1976, os comunistas venceram a guerra e reunificaram o país. – GUERRA DO AFEGANISTÃO O Afeganistão é mencionado por muitos como o “Vietnã da União Soviética”. Esse conflito foi travado entre 1979 e 1989 e se iniciou quando os soviéticos invadiram o Afeganistão para apoiar o governo comunista daquele país contra rebeldes fundamentalistas islâmicos que atuavam, sobretudo, no interior afegão. Ao longo de dez anos de conflito, os soviéticos lutaram em vão contra as forças rebeldes. Exauridos economicamente, os soviéticos retiraram-se do Afeganistão, em 1989 e, pouco tempo depois, o governo comunista foi derrubado pelos rebeldes. Alemanha na Guerra Fria A Alemanha foi um local de extrema importância durante a Guerra Fria, porque ali a polarização manifestou-se de forma intensa. O país foi dividido em zonas de influência, no fim da 2ª Guerra Mundial, e elas resultaram no surgimento de duas Alemanhas: a Alemanha Ocidental, aliada dos EUA, e a Alemanha Oriental, aliada da URSS. Essa divisão também foi refletida em Berlim que, a partir de 1961, foi dividida por um muro construído pelo governo da Alemanha Oriental, em parceria com a União Soviética. Os comunistas queriam pôr fim à evasão da população da Alemanha Oriental para Berlim Ocidental. O Muro de Berlim permaneceu de pé por 28 anos e foi o símbolo da polarização causada pela Guerra Fria. Fim da Guerra Fria Com o passar do tempo, as bases econômicas da União Soviética se desgastaram. A partir de 1970, entrou um declínio monetário importante. Além disso, o crescimento e inovação do capitalismo eram um forte oponente do estabelecimento e consolidação do sistema socialista. O envolvimento com conflitos, como a Guerra do Afeganistão, gerou ainda mais prejuízos financeiros. Alguns políticos tentaram reestruturar a nação, mas foram mal sucedidos em seus planos. Diante disso, em 1989 foi derrubado o muro de Berlim, um marco da bipolaridade mundial, e, em 1991, a União Soviética foi definitivamente dissolvida, marcando o fim da Guerra Fria. Consequências da Guerra Fria As consequências da Guerra Fria se desdobram até os dias atuais, seja na divisão entre Coreia do Norte (socialista) e Coreia do Sul (capitalista), seja na existência de ogivas nucleares norte-americanasem bases em diferentes partes do mundo ou até mesmo na tensão diplomática entre Rússia e os Estados Unidos. Após o fim do conflito, diversas mudanças ocorreram no mundo todo, entre elas a reunificação da Alemanha, a formação de novos blocos econômicos, a expansão do capitalismo, o grande desenvolvimento em avanços tecnológicos e o surgimento de novas nações. No Brasil, a Guerra Fria também trouxe consequências marcantes. Uma delas foi o rompimento de relações diretas com a URSS e, consequentemente, o aumento da dependência com os Estados Unidos. Além disso, possibilitou a implantação da Ditadura Militar, que perdurou 21 anos (1964-1985) em nosso território, estabelecendo a censura de imprensa, a restrição aos direitos políticos e a perseguição a opositores do regime.
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