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Atividade Geral da célula É classificada em quatro categorias: • Euplasia • Retroplasia • Proplasia • Neoplasia maligna Euplasia Atividade celular normal Estrutura nuclear: • Cromatina – Grânulos arredondados, finamente dispersos através da paracromatina. • Nucléolo – Quando presente indica atividade de síntese proteica pela célula. (eosinofílico). • Membrana nuclear – Não é visualizada no microscópio óptico, identificando-se a chamada membrana cromatínica • Multinucleação – Não é frequente na euplasia; ocorre em certos tipos de célula e sob condições específicas. Citoplasma nas células euplásicas geralmente é abundante, mas varia de acordo com a diferenciação funcional da célula. Proplasia Representa o estado da célula ou tecido com aumento da atividade biológica e inclui a preparação para a divisão celular. Estrutura Nuclear: • Hipercromasia e Estrutura da Cromatina – A cromatina se torna hipercromática (mais escura) com o aumento da atividade celular. • Membrana Nuclear – O núcleo é geralmente arredondado e vesicular. A membrana nuclear tem espessura uniforme e pode ser ondulada. • Cariomegalia – O aumento nuclear (cariomegalia) é comum na proplasia. • Multinucleação – Pode ocorrer na proplasia, com núcleos similares entre si. • Nucléolo – É indicativo de produção de proteínas para o uso da própria célula ou com fins de secreção pela célula. Assim, o nucléolo é característico da proplasia e se apresenta redondo. Características Celulares nos processos patológicos gerais Retroplasia Alteração da estrutura celular geral. Estrutura Nuclear: • Cromatina – Os grânulos são redondos com limites mal definidos, borrados. • Cariopicnose – O núcleo pode se retrair, tornando-se escuro, não podendo se distinguir os grânulos de cromatina. • Edema Nuclear – Na tumefação turva (acúmulo de água), o núcleo se torna maior, e o seu conteúdo é diluído, dando a impressão de hipocromasia (redução na tonalidade avermelhada das hemácias). • Cariorrexe – O núcleo se condensa e depois se fragmenta em massas redondas ou ovais, de tamanhos variados, espalhadas no citoplasma ainda íntegro. • Cariólise – Com o resultado da tumefação turva ou hiperqueratose o núcleo pode desaparecer, às vezes persistindo como uma sombra (núcleo fantasma). • Vacuolização Nuclear – Geralmente é relacionada à degeneração rápida, como a que ocorre na radioterapia. Apresenta-se sob a forma de vacúolos redondos, pequenos, isolados ou múltiplos. • Núcleos Desnudos – Células que apresentam citoplasma delicado podem ser muito sensíveis a traumas, mesmo pequenos, como acontece durante a confecção dos esfregaços. Ocorre ruptura do citoplasma das células, com o aparecimento de numerosos núcleos desnudos que preservam a estrutura finamente granular da cromatina e a membrana nuclear bem definida e regular. Na atrofia pós-menopausa, esse padrão citológico é bastante comum. • Citoplasma - Há desnaturação das proteínas e outros constituintes com consequente modificação das características citoplasmáticas. Os lipídeos se acumulam tornando o citoplasma granular, floculento, turvo, espumoso ou vacuolizado. Roteiro de avaliação do esfregaço Na avaliação dos esfregaços citológicos, os seguintes aspectos são considerados: Fundo: O fundo pode ser entendido como a área do esfregaço entre as células Agrupamentos celulares • Quanto a sua distribuição, as células podem se encontrar dissociadas ou agrupadas. Quando agrupadas, podem ser reconhecidos diferentes tipos de arranjos: • Em monocamada: Conjunto organizado de células que mostram espaçamento regular entre si e apresentam limites citoplasmáticos bem definidos. a - Substância mucoide de “fundo”. b - Muco em samambaia. c - “Fundo” purulento. d - “Fundo” hemorrágico. Em paliçada: Células glandulares cilíndricas (colunares) em condições normais ou lesões benignas quando vistas lateralmente são tipicamente distribuídas em fila (arranjo em tira ou paliçada). Sincicial ou tridimensional: Conjunto desorganizado de células com espaçamento irregular entre si, resultando na sobreposição dos núcleos. Neste caso, os limites citoplasmáticos são indistintos. Em “roseta”, acinar ou glandular: Conjunto onde as células se dispõem em torno de um espaço central. É encontrado mais frequentemente nos adenocarcinomas (neoplasias malignas de origem glandular). Em bola ou esférico: Agrupamento tridimensional de células. O limite do conjunto celular é bem demarcado, liso. Papilar: Arranjo celular tridimensional com projeções, conferindo um aspecto arborescente ao conjunto. Na porção central do agregado as células se amontoam, enquanto na periferia as células assumem uma disposição perpendicular, em paliçada, conferindo uma borda bem demarcada ao conjunto. Características do Citoplasma Estudo do citoplasma celular: O citoplasma fornece as pistas da origem, função, estado metabólico e diferenciação celular. Tamanho celular – referência: Linfócito / Neutrófilo e hemácias Anisocitose – processos malignos Formato celular A forma das células depende de sua função e ultraestruturalmente se deve à ação dos microtúbulos, rigidez da membrana celular, viscosidade citoplasmática, tensão superficial e pressão exercida pelas células contíguas no tecido de origem. Células monomórficas: apresentam formas idênticas Pleomorfismo celular: células com variação de tamanho e forma, muitas vezes associadas a processos malignos Especializações de membrana • A função celular pode ser traduzida por especializações da membrana citoplasmática, como os cílios, comuns nas células da endocérvice. Os cílios são ancorados sobre uma superfície densa do citoplasma, a placa terminal, representada pelos corpúsculos basais no microscópio eletrônico. Coloração do citoplasma – basófilo x acidófilo A coloração e a textura citoplasmática resultam do estado metabólico da célula, assim como dos métodos de fixação e coloração da amostra. Com a fixação em etanol e a coloração pelo Papanicolaou, habitualmente o citoplasma das células epiteliais escamosas apresenta cor rosa (eosinofílico - acidófilo) ou azul-esverdeado (cianofílico - basófilo). a – Papanicolaou. Células escamosas superficiais e intermediárias com a sua forma poligonal característica. b - Células colunares típicas do epitélio glandular endocervical. c - Células malignas pleomórficas (fusiformes) de origem escamosa. d - Células malignas pleomórficas. Células variando de forma, com uma delas com prolongamento citoplasmático (seta). Carcinoma escamoso. a - Células escamosas eosinofílicas e cianofílicas. b - Células escamosas com citoplasma anfofílico. c - Células escamosas superficiais e metaplásicas. d - Células escamosas queratinizadas. Células escamosas com citoplasma denso, orangeofílico, devido à produção anormal de queratina. Textura do citoplasma Quanto à textura do citoplasma, ele se mostra homogêneo, granular ou vacuolizado. O citoplasma granular pode refletir produtos de secreção ou mesmo excesso de organelas. Estrutura Nuclear • O tamanho do núcleo pode ser avaliado individualmente (área nuclear absoluta) ou em função do tamanho da célula (relação nucleocitoplasmática, ou área nuclear relativa). Geralmente as células epiteliais maduras, diferenciadas, apresentam núcleo pequeno, enquanto as células imaturas, pouco diferenciadas, mostram núcleo aumentado. As células malignas exibem mais frequentemente núcleos volumosos, com acentuado aumento da relação nucleocitoplasmática, sendo comum a variação do tamanho entre os núcleos das células em um mesmo agrupamento, devido a alterações no conteúdo de DNA. a - Células escamosas maduras revelando núcleos pequenos com baixa relação nucleocitoplasmática. b - Células escamosas imaturas (parabasais) mostrando discretoaumento da relação nucleocitoplasmática. c - Células escamosas imaturas anormais. As células são pequenas, com citoplasma escasso e núcleos volumosos com elevada relação nucleocitoplasmática (área nuclear relativa). d - Células escamosas malignas com núcleos volumosos. Posição do Núcleo • A posição do núcleo pode ser central, retratando geralmente uma célula em equilíbrio, ou excêntrico, desviado para a periferia, pelo acúmulo de substâncias contidas no citoplasma. Alterações nucleares – multinucleação Formato nuclear A forma do núcleo geralmente acompanha a forma da célula, ou seja, células arredondadas apresentam núcleo arredondado; células cilíndricas ou colunares exibem núcleo oval; células fusiformes revelam núcleo alongado. Em células malignas, o núcleo nem sempre acompanha a forma da célula. Membrana Nuclear e Cromatina O núcleo é limitado pela membrana nuclear não visível à microscopia óptica. Porém, quando ocorre depósito de cromatina (DNA e proteínas associadas ao DNA) no folheto interno da membrana nuclear, tem-se a falsa impressão de membrana nuclear espessada, conhecida como membrana cromatínica. Cromatina Material genético associado a proteínas. • Células normais - exibem cromatina finamente granular uniformemente distribuída, não apresentando grande afinidade pelo corante nuclear (hematoxilina). • As condensações regionais da cromatina - constituem os cromocentros, que variam de tamanho e número, podendo ser confundidos com nucléolos. • Degeneração celular - a cromatina pode se tornar condensada, opaca, caracterizando o chamado núcleo picnótico. Nas células malignas, geralmente os grumos de cromatina são separados por espaços claros irregulares. a - Células de reparação com membrana cromatínica lisa, delicada. b - Células escamosas com membrana cromatínica espessa, lisa. c - Célula com leve irregularidade da borda nuclear. Com a saída de água do núcleo, este pode apresentar leve ondulação (seta). Representa alteração degenerativa. d - Células malignas de origem escamosa com membrana cromatínica irregularmente espessa (setas). Carcinoma escamoso. Nucléolo • O nucléolo reflete o grau de síntese proteica pela célula. • Produção é estimulada de acordo com as necessidades da própria célula, como no reparo, ou com o objetivo de secretar material extracelular, como o muco. • Ausência frequentemente reflete síntese diminuída de proteínas, como nas células malignas escamosas queratinizadas. Um nucléolo pequeno, esférico e central às vezes múltiplo pode ocorrer em células normais. Nucléolo proeminente é encontrado tanto em células benignas (processo de reparação) como em células malignas. • Pode ser ainda de forma irregular, geralmente associado às células malignas. • Se o espécime celular sofrer uma exposição demasiada à hematoxilina ou uma subcoloração com contracorantes fracos, o nucléolo pode corar com a hematoxilina em azul e não captar o contracorante ácido. Nessa situação o nucléolo não pode ser diferenciado dos cromocentros. Mitose a - Células de reparação com nucléolos proeminentes, redondos. b - Células de reparação atípicas com nucléolos proeminentes de configuração anormal. c - Células malignas com frequentes nucléolos, às vezes múltiplos. d - Células malignas glandulares com nucléolos proeminentes redondos. Adenocarcinoma endocervical.