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Filtração glomerular 1 Filtração glomerular Anatomia e fisiologia renal PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS RINS → eliminação de excretas, regulação do voluma extracelular, regulação da pressão osmótica, regulação do equilíbrio ácido-base, regulação da excreção de potássio, cálcio e fósforo, regulação da PA ANATOMIA RENAL: Os rins apresentam-se em pares, de coloração marrom-avermelhada e localizados no espaço retroperitoneal, entre L1-L4 (T12-L3 em decúbito dorsal). Normalmente, o rim direito é 1cm maior que o esquerdo e está mais caudal. obs.: redução do tamanho renal → nefropatia crônica Pode ser dividido em córtex e medula: CÓRTEX → glomérulos, túbulos contorcidos proximais e distais MEDULA → alças de Henle e túbulos e ductos coletores O néfron é a unidade funcional do rim, formado pelo corpúsculo renal (glomérulo + cápsula de Bowman), túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distal e parte do ducto coletor. Existem néfrons de alça curta (néfrons corticais), que atingem a medula externa, e de alça longa (justamedulares), que atingem a medula interna. obs.: néfrons justaglomerulares estão mais relacionados com a hiperosmolaridade medular. No glomérulo, há um tufo capilar (glomerular) inserido na cápsula de Bowman, cuja função é ultrafiltrar o sangue. Com isso, há formação do ultrafiltrado, que é depositado no espaço de Bowman/urinário e vai, posteriormente, para o túbulo proximal. Filtração glomerular 2 obs.: cada capilar glomerular produz ~60 nanolitros por minutos de ultrafiltrado ou ~85 microlitros por dia. O tufo glomerular é formado por alças capilares em paralelo, originadas na arteríola aferente e que terminam na arteríola eferente. Com a passagem do sangue pelo glomérulo e pelas diferenças osmóticas, há ultrafiltração. O sangue que retorna pela arteríola eferente (vira capilar peritubular) irrigará o córtex e a medula, além de participar dos outros processos de filtração renal. O suprimento sanguíneo dos capilares peritubulares do córtex e da medula é pós glomerular. obs.: a. renal → r. anterior da a. renal → a. interlobar → a. arqueada → a. interlobulares (corticais radiadas) → arteríola aferente → tufo glomerular → a. eferente → capilar peritubular obs.: aparelho justaglomerular → situado no hilo glomerular; composto por arteríola aferente, arteríola eferente, mácula densa, túbulos distal e mesângio; relacionado com a auto- regulação do fluxo sanguíneo renal e da filtração glomerular. Filtração glomerular 3 obs.: sd. nutcracker → compressão da veia renal esquerda pela aorta e artéria mesentérica superior, gerando comprometimento da filtração. Para ultrafiltração, o sangue passa pela barreira de filtração, formado por endotélio do capilar glomerular fenestrado, a membrana basal glomerular (MBG) e a fenda podocitária do epitélio dos pronlongamentos podocitários (pedicelas), que constituem o folheto visceral da cápsula de Bowman. BARREIRA DE FILTRAÇÃO: endotélio do capilar fenestrado → MBG → fenda podocitária❗ MBG → esqueleto do tufo glomerular, complexo saco dobrado com abertura no hilo; face externa é coberta por podócitos e internar pelo capilar. Trilaminar na ME, composta por colágeno tipo IV (possui cadeias alfa-3, 4, 5), laminina e proteoglicano hepatan-sulfato; possui carga negativa obs.: sd. GoodPasture → auto-anticorpos contra a cadeia alfa-3 do colágeno tipo IV; sd. de Alport → mutação nos genes COL4A3, COL4A4, e COL4A5 que codifica a cadeia alfa-5 do colágeno tipo IV e produz fitas alteradas de colágeno tipo IV Assim, o tufo glomerular é formado por 3 tipos de células: 1. Células endoteliais → corpos celulares, lâminas citoplasmáticas, fenestrados e sem diafragma; 50-100 nm 2. Células mesangiais → células com múltiplos processos, microfilamentos de actina, miosina e alfa-actina, repceptores de angiotensina II, vasopressina, FNA, prostaglandinas, PTH 3. Podócitos → epitélio visceral da cápsula de Bowman, não regenerativo PODÓCITOS → epitélio visceral da cápsula de Bowman; atividade mitótica termina na vida pré-natal, junto com a parada de formação de novos néfrons; são incapazes de se diferenciais (não se regenera); corpos reticulares grandes, presos ao tufo glomerular pelo pedicelos. Estrutura do podócito: Conexão com MBG pelas integrinas alfa-3-beta-1 e lamininas, formando colágeno tipo IV com cadeias alfa-3, 4 e 5, e por beta-alfa-distroglicanos; Seu corpo é formado por microtúbulos e poucas organelas; possui receptores de superfície (PNA, NO, AMPc, Ang II, protaglandinas E2, dopamina, PTH e vasopressina); Filtração glomerular 4 Possui fenda → diafragma da fenda é rico em sialoglicoproteínas que dão carga negativa Diafragma da fenda → 14nm2; fenda de fenestração de 30-40 nm; albumina não passa por conta da carga negativa do diafragma da fenda, que repele a albumina (de carga negativa) Nefrina: proteína de adesão do diafragma; participa na sinalização. Codificada pelo gene NPHS1 (160 mutações conhecidas, como na sd. nefrótica corticodependente da infância e a síndrome nefrótica finlandesa). É uma proteína transmembrana, com parte extracelular semelhante a Ig 8 e intracelular com C-terminal: PDZ atípico (domínio de ancoragem), que se liga a MAGI (família das guanina kinases); semelhante a fibronectina 1. Actina: citoesqueleto do pé e ancoragem; ligação com nefrina resulta no transporte intracelular de proteínas motoras Myo1c; faz parte dos lamelipódios e lipódios Com todos esses processos, há a ultrafiltração renal, medida pelo ritmo de filtração glomerular (RFG - soma de todos os 2mi de néfrons), utilizada como uma medida da função renal. CONSEQUÊNCIAS DA PERDA DA FUNÇÃO RENAL → hiperpotassemia, acidose metabólica, retenção de fluidos, uremia, coma e morte. INSUFICIÊNCIA RENAL = diminuição do RFG; pode ser aguda ou crônica. O rim é o único órgão vital cujas funções podem ser substituídas em longo prazo sem necessidade de transplante → diálise perioteneal, hemodiálise Função renal Ultrafiltração glomerular GLOMÉRULO → formado por a. aferente, a. eferente, tufo glomerular, cápsula de bowman e espaço de bowman. Os rins não filtram o sangue, eles ultrafiltram e depois reabsorvem de forma seletiva quase a totalidade do ultrafiltrado, mantendo o balanço entre água e solutos e eliminando escórias. Dinâmica da microcirculação glomerular No glomérulo, com a ultrafiltração, há uma redução da pressão hidráulica/hidrostática e aumento da pressão osmótica, conforme progressão dos vasos. Inicialmente, a pressão hidráulica é igual à arterial, porém há uma redução pela resistência da arteríola aferente, manutenção no capilar glomerular (por ajustes das arteríolas aferente e eferente), redução pela resistência da eferente e dos capilares peritubulares. Assim, a pressão do capilar glomerular (Pcg): Aumento da PA = aumento da Pcg; diminuição da PA = diminuição da Pcg Redução da Ra = aumento da Pcg (fica mais próxima à PA) e vice-versa Pcg = PA.Re/(Ra+Re) Filtração glomerular 5 Redução da Re = redução da Pcg; o inverso é verdadeiro. Assim, o controle de Ra e Re está diretamente relacionado ao controle da Pcg, o que permite ultrafiltração renal constante, mesmo em situações agudas de alteração pressória e do fluxo plasmático glomerular. Após passar pelo glomérulo, o ultrafiltrado passa pelos outros segmentos do néfron. REABSORÇÃO DA ÁGUA: REABSORÇÃO DO SOLUTO: Dinâmica da ultrafiltração e seus determinantes A ultrafiltração é medida pelo RFG, que é a multiplicação entre a filtração por néfron (FPN) e o número de néfrons (~2mi). Filtração glomerular 6 Dentro disso, a ultrafiltração depende da pressão do espaço de Bowman (Peb), da pressão do capilar glomerular (Pcg) e da pressão coloidosmótica/oncótica do capilar glomerular (πcg), sendo que a do espaço de Bowman é ~0, pois o capilar glomerular é pouco permeável à proteínas. Assim, as forças de Starling são ∆P e πcg, determinantes da movimentação do fluido no capilar glomerular. Outro determinante é o coeficiente de ultrafiltração/condutânciahidráulica (Kf), que mede a facilidade com que a parede glomerular permite a passagem de fluido. Kf depende da permeabilidade hidráulica intríseca/condutividade hidráulica da parede glomerular (k) e da superfície total disponível para filtração (s). Assim: Quanto menor for Kf, menor será FPN e o contrário também. Outro determinante é o fluxo plasmático glomerular inicial (Qa), o fluxo na arteríola aferente. Conforme há passagem de água para o EB, a πcg aumenta, mas não fica superior a ∆P (mesmo que fiquem próximas no final da ultrafiltração), mantendo a Peuf positiva (fisiologicamente). Porém, a taxa de ultrafiltração de cada segmento vai tendendo a zero. Logo, a FPN (taxa de ultrafiltração total do glomérulo) é a soma da taxa de ultrafiltração de todos os segmentos. Nesse contexto, se aumentarmos a Qa, a elevação da concentração das proteínas é menor (a πcg não aumentará tanto), a ultrafiltração será facilitada, a Peuf será maior e, logo, a FPN. Assim, os determinantes da ultrafiltração glomerular são: Diferença de pressão hidráulica transglomerular (∆P) → aumento de ∆P = aumento de RFG Concentração plasmática de proteínas (Ca/πcg) → diminuição da πcg = aumento da RFG Fluxo plasmático glomerular (Qa) → com aumento, as proteínas se concentram mais lentamente ao longo do capilar glomerular, aumentando o RFG Coeficiente de ultrafiltração (Kf) → com a diminuição, diminui a RFG, mas seu aumento não aumenta a RFG (elevação de Kf = aumento da πcg = redução da Peuf = redução da FPN) POSSÍVEIS ALTERAÇÕES: Variação do ∆P → hipotensão, hipertensão, estenose de artéria renal, obstrução urinária. Variação do Qa → geralmente junto com a pressão, iECA Variação do Kf → elevação de Kf = aumento da πcg = redução da Peuf (mais do que a elevação de Kf) = redução da FPN; redução do Kf = redução do FPN (embora reduza a πcg e aumente a Peuf, pois FPN = Kf x Peuf) Variação πcg → síndrome nefrótica, hepatopatia crônica, desnutrição. ❗Logo, embora seja possível reduzir a FPN e o RFG diminuindo o Kf, o contrário não é verdadeiro, mesmo que o Kf seja alto. É necessário modificar ∆P e Qa por meio de alterações de Ra (reduzindo Ra) e Re (em menor grau). Pressão efetiva de filtração. Filtração glomerular 7 Variação de Ra e Re na dinâmica glomerular Ra → com o aumento da Ra, há redução do Qa, da Pcg e da FPN. O inverso é verdadeiro. obs.: DM = dilatação anômala da Ra e, em menor grau, da Re = aumento do Qa e ∆P Re → quando a Re é muito baixa, a Pcg diminui (bem como ∆P) e a FPN diminui (mesmo com aumento de Qa). Com aumento da Re, há aumento de Pcg e ∆P, porém o aumento da FPN é limitado, com possível redução da FPN com aumento exagerado de Re - isso ocorre pela redução de Qa. Assim, a arteríola eferente é menos eficaz como reguladora, mas exerce um papel fisiológico fundamental, mantendo alta a Pcg. É essa característica o que distingue o glomérulo dos demais capilares, que filtram muito pouco. Alteração ∆P Alteração Qa Alteração Kf Filtração glomerular 8 Regulação da RFG PA → autorregulação funciona entre 70-140 mmHg; <70 = insuficiência renal aguda; >140 = ruptura de alças glomerulares. Variação da Ra de acordo com variação da PA A autorregulação do RFG pode ser obtida por variações isoladas da Ra, embora a Re tenha (pouca) participação. Teoria Miogênica → resposta com contração muscular da arteríola aferente com elevação da PA. Teoria Metabólica → produção de adenosina em resposta a variação do fluxo sanguíneo renal = contração vascular Teoria da Realimentação Túbulo-glomerular → mácula densa (na porção inicial da TCD e alça espessa ascendente da alça de Henle) monitora os níveis de NaCl e, em caso de redução, promove a vasoconstrição da a. aferente (aumento de Ra) Medicações para regulação Medicações vasoativas no glomérulo: Inibidores da enzima conversora da angiotensina II (iECA) → Captopril, Enalapril, Ramipril Bloqueadores dos receptores de angiotensina II AT1 (BRA) → Losartana, Candesartana, Olmesartana Anti-inflamatórios não hormonais → Diclofenaco, Nimesulida, Ibuprofeno SRAA Atuação do SRAA com diminuição do volume sanguíneo. Atuação do SRAA com aumento do volume sanguíneo. Filtração glomerular 9 APARELHO JUSTAGLOMERULAR → células granulosas produzem renina; mácula densa (no final da porção espessa da alça de Henle, junto ao glomérulo) é um sensor de NaCl, que participa na autorregulação da filtração glomerular - aumenta a síntese de renina com a queda de NaCl (hipovolemia ou carência de Na), via sinalização para células granulosas. Mácula densa também sinaliza para redução da Ra em casos de redução de RFG e NaCl e vice-versa. Tal processo é conhecido como feedback túbulo-glomerular, em que o principal mediador é a adenosina (e não a própria renina). Além disso, a secreção de renina está relacionada com a detecção de perfusão renal/volemia por barorreceptores na a. aferente, a qual modula a secreção de renina na mácula densa e é reforçada pelo SNA, via terminações nervosas no aparelho justaglomerular (inibe a renina nas células granulosas). A angiotensina II (Octapeptípeo vasoconstritor, formado pela degradação da ang I, decapeptídeo) também tem o efeito de inibir a renina nas células granulosas, entre outras funções: TCP: aumenta absorção de sódio, secreção de ácido Estimula centro da sede Aumento da produção renal de prostaglandinas Inflamação, proliferação de fibroblastos, remodelação cardíaca Contração de musculatura lisa Estimula a liberação de Aldosterona pela supra-renal. Liga-se em 2 receptores: 1. AT1 → responsável pela maioria dos efeitos biológicos; estimula fosfolipase C, que forma IP3 e DAG, que aumentam o Ca2+; Ca2+ + calmodulina promovem contração pela miosina = vasoconstrição; no TCP está ligado à fosfolipase A2 2. AT2 → atividade oposta; moderador Funções do SRRA Filtração glomerular 10 Em relação à hemodinâmica renal, ang II atua em: Glomérulo → em casos de hipovolemia grave, tem efeito vasoconstritor Ae>Aa, aumentando a RFG; reduz o fluxo sanguíneo renal, deixando mais sangue par ao fluxo coronário e cerebral, promove constrição das células mesangeais = redução do Kf; mantém a RFG apesar do baixo fluxo TP → aumento de Na-H, reabsorvendo Na+ = função antinatriurética Efeito pró-inflamatório → NF-kappaB obs.: tanto pela vasoconstrição, quanto pela função antinatriurética, aumenta-se a RVP e a PA (em caso de queda, como na hipovolemia). Logo, a ECA tem grande importância: enzima proteolítica abundante no pulmão, rins (endotélio glomerular e borda em escova do TCP), duodeno, íleo e útero, inibidora da bradicinina (vasodilatador) e com ação vasoconstritora. Também inativa a bradicinina (vasodilatador), aumentando a vasoconstrição obs.: iECA = vasodilatação da a. eferente; inibe conversão de ang I em ang II (reduz vasoconstrição) e mantém a bradicinina ativa Já a aldosterona (liga-se a receptores intracelulares) é responsável por aumentar a função de receptores ENaC e da bomba de Na/K ATPase, estimulando a reabsorção de Na+ (como consequência há secreção de K+ via RONK). Alterações hemodinâmicas glomerulares Condições patológicas HIPERTENSÃO ARTERIAL → adaptação e mudança do patamar de autoregulação. Normalmente, em casos de aumento da PA, há aumento da Ra para manter o RFG. Com a HA crônica, há adaptação e mudança no patamar de autorregulação, em que o limite passa a ser 110-140 mmHg. O tto nessas circunstância pode trazer a PA abaixo do nível de autorregulação e provocar uma queda considerável na RFG. DM → hiperfluxo glomerular, com vasodilatação da aferente e constrição da eferente; aumento da RFG Uso de iECA ou BRA = vasodilatação da eferente e redução da pressão intraglomerular REDUÇÃO DE MASSA RENAL → em doenças renais crônicas, há diminuição do número de néfrons e hipertrofia dos restantes = hipertrofia glomerular, hiperfiltração, redução de Ra ESTENOSE DE A. RENAL → pacientes com HA, mas com estenose da a. renal possuem perfusão normal ou hipoperfusão e o tto para HA pode, então,reduzir mais ainda tal perfusão e a RFG; alta sensibilidade a iECA ou BRA GLOMERULONEFRITES → Kf reduzido SÍNDROME NEFRÓTICA → proteinúria elevada, alteração oncótica. CHOQUE HEMORRÁGICO → baixa perfusão renal = NTA (necrose tubular aguda) x necrose cortical; ∆P tende a 0 por redução da Pcg OBSTRUÇÃO URINÁRIA → Peb aumentada, com ∆P tendendo a 0 Medicamentos para correção iECA → vasodilatação da a. eferente (reduz Re) Filtração glomerular 11 AINE → vasoconstrição da a. aferente; inibe COX SGLT-2 → vasodilatação da a. aferente; reduz a pressão intraglomerular e mantém o fluxo estável, preservando a filtração PNA → vasodilatação da a. aferente e aumento da pressão intraglomerular; inibe renina obs.: citrato de sildenafila → vasodilatador Clearance (depuração) A medida do RFG é por meio de marcadores, moléculas livremente filtradas no glomérulo, cuja concentração é medida no plasma e/ou urina. Para medí-las, injeta-se uma substância no plasma e mede-se o seu decaimento, como insulina, EDTA, AAS (eliminação hepática). O clearance é o volume de líquido ou sangue que “se livra” de uma determinada substância; é a capacidade de “vazão do tanque”. O ritmo de decaimento da substância é denominado taxa de depuração plasmática = clearance (volume de plasma que se vê livre da substância por minuto). ⚠ Clearance não é igual a massa removida. Massa removida (M) = concentração plasmática (P) x clearance (C). C = M/P → a taxa de saída do plasma será mais rápida quanto maior a concentração no plasma. M = concentração urinária da substância (U) x volume urinário (V). M = U x P. 💡 C = (U.V)/P O clearance é uma propriedade intrínseca de um órgão em relação a um determinado soluto. M = P .C Exemplos Filtração glomerular 12 Creatinina Boa, barata e endógena, sem necessidade de infusão, pois é um produto do metabolismo muscular esquelético (anorexia, cirrose, obesidade, atletas e dietas ricas em proteínas podem alterar). obs.: aumentam a secreção tubular → cimetidina e trimetoprima É um marcador para o RFG e para a função renal. A excreção urinária de creatina deve, necessariamente, igualar a sua produção. Coleta-se os níveis plasmáticos ou urina 24h. CREATININA = 0,6-1,3 mg/dL (homens) ou 0,5-1,1 mg-dL (mulheres) Em princípio, carga excretada = carga filtrada. Conceitos de situação estacionária e de balanço SITUAÇÃO ESTACIONÁRIA → entrada = saída/vazão; situação em BALANÇO com a substância. Imaginando um tanque com água: Com aumento da entrada de água (jorro da torneira), adapta-se e aumenta-se a vazão do tanque, sendo que será atingida uma nova situação estacionária, em que o nível e os fluxos da água são maiores do que no início. O inverso, com redução do jorro, é semelhante, com uma nova situação estacionária, inferior ao nível de água inicial. Com redução da vazão, inicialmente, haverá aumento do nível de água, mas a vazão voltará ao normal. O inverso é verdadeiro. Independente da situação, o balanço da água nunca se altera (apenas provisoriamente - vazão se iguala ao jorro), mas sim a situação estacionária. Em relação à creatinina, a produção de creatinina (PRODcreat), a taxa de excreção urinária (Ucreat x V) e concentração plasmática de creatinina (Pcreat) seguem o mesmo raciocínio, em que Pcreat é o nível estacionário que pode se alterar. Considerando que a carga filtrada = excretada, a taxa de produção da creatinina = carga filtrada= taxa excretada, e que CARGA FILTRADA = Pcreat x RFG. TX PRODUÇÃO = Pcreat x RFG Se carga filtrada = produção de creatinina Pcreat x RFG = Ucreat x V 💡 RFG = (Ucreat.V)/Pcreat = Ccreat PRODcreat = Ucreat.V Pcreat = Txproduç o/RFGa~ Filtração glomerular 13 Na realidade, há secreção no túbulo proximal. 💡 CARGA EXCRETADA = CARGA FILTRADA + SECREÇÃO Isso pode trazer problemas, pois, mesmo com redução da carga filtrada (representando uma redução do RFG), a secreção tubular “compensa”, “escondendo” tal problema. Tal fato pode ocorrer em grande variação da RFG. Outra possível alteração é pela massa muscular individual, que altera tal curva, em que musculosos excretam mais creatinina do que magros. A idade também altera a Pcreat, em que a velhice promove a perda de néfrons e de RFG e a perda muscular (mantém a Filtração glomerular 14 Pcreat normal). Logo, é possível ver níveis normais de Pcreat em idosos com RFG baixo. Estimativa do RFG Fórmula de Cockcroft-Gault Tal fórmula é pouco precisa para TFG>60 ml/min e estima o clearance de creatinina e não o TFG (não considera a secreção tubular) e usa o método antigo de aferição da creatina. MDRD (Modification of Diet in Renal Disease) Considera idade, gênero, raça e padronizou a creatinina para estimar a TFG. Não validada em crianças e grávidas. Melhor acurácia que a anterior. Sugerida para TFG<60 ml/min. Equação de CK-EPI (chronic kidney disease epidemiology) Para TFG<60 ml/min, precisa como MDRD. Mais acurada para taxas de filtração maiores. Cistatina C Screat = creatinina sérica Filtração glomerular 15 Codificada pelo gene CST3 e encontrada em todas as células nucleadas. Potente inibidor da protease lisossômica e protease cisteína. Papel na fisiologia vascular, regula catepsinas, superexpressadas em lesão ateroscleróticas e aneurismas. Preditor de doença cardiovascular e marcador de lesão renal aguda. Não afetada pelo peso corporal, massa muscular. Produzida em taxa constante e livremente filtrada. Reabsorvida e catabolizada nos túbulos (TCP). LIMITAÇÃO → custo, afetada por adiposidade, inflamação, hipotireoidismo. Ureia Valor normal entre 20-40 mg/dl. Produto final do catabolismo de proteínas, 60-d. Concentração depende: Sobrecarga de proteínas, absorção intestinal de sangue nas hemorragias intestinais. Estados catabólicos → infecção, corticoides, QT Redução na produção → desnutrição, insuficiência hepática Livremente filtrada, reabsorvida no néfron distal, que aumenta muito em desidratações. Valor limitado para determinar TFG → muito variável, depende de produção e reabsorção tubular.
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