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1 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti Clinica II de Pequenos Animais: REVISÃO ANATOMOFUNCIONAL DO SISTEMA URINÁRIO DO CÃO E DO GATO Anatomia do TU – femea: Anatomia do TU - Cão macho: - O canal vaginal e a uretra da femea desembocam no vestíbulo da vagina. As fêmeas de carnívoros recebem as secreções uterinas, urina, passagem do feto e do pênis pelo vestíbulo. - Quando se tem uma piometra aberta e tem pus, vai estar cheio de bactéria, que vai passar pelo Óstio uretral externo podendo contaminar ali também. E como o útero fica bem próximo da bexiga, se tiver cheio de pus devido a piometra, vai acabar comprimindo a bexiga, causando uma disfuncionalidade. - A uretra da femea é curta e calibrosa sendo mais difícil de fazer pressão na hora de urinar e limpar aquele canal, por isso é mais predisposta a infecções urinarias. Sendo menos propensa a obstrução devido ao calibre. - já nos machos, os pontos mais comuns de obstrução são na tuberosidade isquiática e na base do osso peniano. A chance diante de uma alteração neurológica do macho ter retenção urinária é maior do que na femea, porque o esfíncter é mais eficiente. - Nos machos castrados a próstata diminui, porque não tem mais testículo produzindo espermatozoide para alimentar aquela próstata. Já em animal que é inteiro, a próstata tem uma função de produzir uma secreção que é nutritiva para o espermatozoide, sendo um meio bom para proliferação de bactéria, caso a bactéria consiga chegar até lá. A próstata quando ela cresce pode acabar apertando a uretra, fazendo retenção urinária. - Os rins dos carnívoros são unipiramidais, ficam laterais a coluna vertebral e o rim direito é mais cranial. - O ureter leva a urina até a bexiga, desembocando no óstio ureterais dentro da bexiga na região dorsal, que se chama TRIGONO VESICAL. - O Urotélio é um epitélio de transição. Quando a bexiga está vazia, a mucosa vai estar pregueada e as células vão estar uma em cima da outra, parecendo ter um epitélio estratificado, porém é pseudoestratificado por ser apenas uma camada. Já quando a bexiga está cheia, a mucosa fica fina dando para visualizar uma monocamada de células. - A urina flui do ureter para a bexiga por meio da pressão. E essa própria pressão do líquido impede que desça mais líquido, e que faça ter o estímulo para urinar. - A partir do momento em que o ureter está garroteado, a urina não vai descer mais e vai se acumular. A pressão interna dentro do ureter, da pelve renal e do parênquima renal vão ficar alta e com esse aumento da resistência tecidual a filtração glomerular vai abaixar. - Quando o paciente está obstruído, mesmo tendo estímulo para micção o animal não consegue urinar e começa a acumular urina e compostos nitrogenados. 2 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti Anatomia do TU - Gato macho: Anatomia funcional do trato urinário caudal: • Armazenamento: SN simpático → Bexiga: alta capacidade e baixa resistência → Uretra: alta resistência • Esvaziamento: SN parassimpático → Bexiga: bomba muscular → Uretra: baixa resistência Eventos da micção: regulação Anotações: A bexiga tem 3 camadas musculares (musculatura detrusora da bexiga) sobrepostas para que ela na contração para expulsar a urina não fique deformada. Essas camadas se contraem por um estímulo parassimpático e ao mesmo tempo para a bexiga contrair e a urina sair a uretra tem que relaxar, então o estimulo do parassimpático vai fazer contrair a musculatura detrusora e relaxar a musculatura uretral. Já o estímulo simpático vai fazer o travamento da uretra e o relaxamento vesical para essa bexiga ficar frouxa e permitir que a urina venha, com isso ela vai enchendo e depois de um certo tempo e certa pressão vai disparar um novo estímulo do parassimpático. - O pênis do cão e do gato são de tamanho diferentes. Pelo gato ter um pênis menor, é mais fácil de obstruir e pelo mesmo motivo que é difícil de desobstruir, porque em alguns casos não conseguem passar uma sonda ali. - As principais doenças urológicas de felinos são mais relacionados a processo inflamatório primário do que infecciosos. O trato urinário deles parece ser mais protegido de bactérias, até mesmo por ser mais saturadores urinários, então a bactéria precisa ser muito mais potente e tolerante ao excesso do soluto, principalmente ao sódio para poder sobreviver ali. - O sistema nervoso simpático e parassimpático são modulados pelo sistema nervoso somático, que tem a função de raciocinar a vontade de fazer xixi (modulação cortical). Quando o animal está em coma ou sedado o córtex dele não vai estar funcionando, por isso que ele acaba tendo micção automaticamente, porém totalmente controlada pelo sistema nervoso autônomo, ou seja, encheu a bexiga a urina vai sair. 3 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti Regulação neural da micção: Reflexo da Micção (autônomo): Sistema Nervoso Simpático (SNS) → Relaxamento vesical e contração uretral • NERVOS HIPOGÁSTRICOS → Origem medula toraco-lombar − L1 a L4 no cão, L2 a L5 no gato − sinapses dos gânglios mesentéricos caudais ◊ Excitatório para colo vesical e uretra – NE - β receptores ◊ Inibitório para o SN Parassimpático – NE - α receptores Sistema Nervoso Parassimpático (SNPS) → Contração vesical e relaxamento uretral • NERVOS PÉLVICOS → Origem nos neurônios motores da medula lombo-sacral − S1 a S3 ◊ Excitatório para detrusor da bexiga – Ach - receptores muscarínicos ◊ Inibitório uretra Sistema Nervoso Somático → Relaxamento uretral distal: Lesões em coluna podem atrapalhar a neurofisiologia. - De L1 a L4 se tem a emersão do nervo hipogástrico, que via feixes Beta vai para a bexiga e as fibras Alfa vão para a uretra. Quando quer relaxar a uretra, pode usar bloqueadores alfa (prazosina) e não vai ter nenhuma interferência no Beta, sendo um ponto positivo para um gato que obstrui muito. - Já no sistema nervos parassimpático os nervos saem entre S1 e S3, sendo que o nervo pélvico vai até a musculatura detrusora, fazendo contrair, mas ao mesmo tempo é modulável por fibras Alfa do simpático também. Então quando o estimulo simpático sessa por conta do excesso de pressão interna, há uma parada nessa sinalização e assim o parassimpático começa a atuar. Parando o simpático a uretral automaticamente relaxa. - O nervo pudendo é da inervação somática, que vai para a musculatura do esfíncter uretral externo e é esse que é possível bloquear. 4 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti • NERVO PUDENDO → Origem nos neurônios motores da medula lombo-sacral − S1 a S3 ◊ Inibição do tônus uretral (esfíncter externo)– receptores NICOTÍNICOS Retenção ou Incontinência??? Anotações: Gotejamento de urina pode ser por continência (bexiga fica sempre contraída, ou seja, tolerância para volume é pequena), ou porque o animal tem fragilidade na musculatura uretral e assim não consegue travar ela, e pode ser também por retenção (ou seja, está sempre travando a uretra e relaxando a bexiga, só que como vai ficar muita urina acumulada, vai acabar gotejando um pouco por esgotamento da capacidade interna da bexiga). Se identifica qual desses é por meio do histórico do animal e observando ele no passeio, pois quando ele vai passear provavelmente vai fazer xixi. Se o animal tem costume de levantar a patinha para fazer xixi e não está fazendo isso pode ser devido a um problema ortopédico e acaba prendendo o xixi. Outro caso é, uma raça que já tem predisposição de problema de coluna, se os nervos que vão inervar a bexiga e uretra vem da coluna e esse animal está tendo o comportamento de micção alterada, tem que investigar esse problema de coluna antes, que vai resolver esse problema urinário. - É importante palpar a bexiga do animal antes e depois da micção para poder comparar e sentir se ele realmente eliminou tudo ouestá com retenção. Para ver se o animal está com retenção, tem que apertar a bexiga dele e se sair com facilidade é porque o problema está na contração da bexiga, mas se não estiver escapando e tem que fazer muita força para eliminar é porque está travado mesmo. Anatomia e Fisiologia Renal: A pelve renal é importante a nível ultrassonográfico, pois se tiver uma quantidade de liquido maior que deveria ter o animal vai estar com pielectasia, podendo ter água ou pus ali dentro se acumulando. - Na parte cortical do rim se tem glomérulos, túbulos contorcidos proximais e distais. Já na medular se tem as alças longas da alça de henle e o ducto coletor. Juntando tudo o que vai ser produzido em cada néfron se tem a formação da urina. 5 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti O Rim Insuficiente Anotações: Geralmente o doente renal precisa ajustar a dose do medicamento para menos, porém também alguns tem que fazer para mais porque ele acaba perdendo muita água e alguns fármacos são carreados por água de forma passiva e se ele está fazendo poliúria, o clearence do medicamento está sendo muito rápido e acaba que não consegue fazer o efeito. - As fenestras das arteríolas tem seletividade por tamanho, carga e natureza: as moléculas que passam por essas fenestras tem que ser menor que 35 (a albumina tem 36, ou seja, se tem uma vasodilatação glomerular como acontece na glomerulonefrite, a albumina vai passar, por isso que a microalbuminúria é um achado de várias doenças infecciosas tipo erliquia, anaplasma, babesia que fazem glomerulonefrite). Já a carga é devido a membranas basais dos capilares glomerulares é carregada negativamente, e os imunocomplexos que tem a carga positiva geralmente se depositam aí, causando uma resposta inflamatória local. A seletividade pela natureza é relacionada a afinidade pela agua, ou seja, moléculas hidrossolúveis podem passa, já as moléculas lipossolúveis devem ficar (porém o ácido úrico deve ser eliminado) - As moléculas que tem tamanho pequeno, carga positiva e a natureza hidrofílica são importantes, como os aminoácidos, glicose (o cão tem uma tolerância de até 180 mg por dl de glicose, se tiver uma glicemia de até isso o rim vai filtrar e vai ser capaz de reabsorver tudo, porém se tiver acima disso o rim não vai ser mais capaz e vai causara glicosúria. Já o gato tem uma tolerância maior de 360 mg por dL, então para o gato fazer glicosúria ele tem que estar com a glicose absurdamente alta) e a agua, que não pode ser totalmente eliminada, deve ser filtrada e depois reabsorvida para não acontecer a desidratação. - O rim saudável tem várias funções: reabsorção de agua (o que é afetado no animal doente renal), os principais exemplos de excreção é dos compostos nitrogenados (principalmente ureia e creatinina – mais potente para saber a capacidade renal), secreta a eritropoetina que faz a eritropoiese (formação de hemácias) e o calcitriol que participa ativamente no metabolismo do cálcio, ou seja, permite uma ótima absorção de cálcio vindo da alimentação no intestino e também atua no rim facilitando a eliminação do fosforo e fazendo a reabsorção de cálcio que passa facilmente na filtração porém tem que ser absorvido. Se está faltando calcitriol, vai ter uma hipocalcemia consequentemente vai acumular o fósforo podendo causar um hiperparatireoidismo secundário renal. O cálcio cristaliza muito fácil, principalmente em ambientes ácidos, que são aqueles que estão inflamados (mineralização da gengiva, mineralização das paredes dos vasos, nefrite...) - Achados laboratoriais: densidade da urina baixa, azotemia... 6 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti - Se o animal tem uma pressão normal (100-140 mmHg) ele vai vencer a resistência tecidual em relação a filtração. Se o animal tem a pressão baixa ele não tem a capacidade de vencer a resistência tecidual, por isso que esse animal vai suspender a filtração glomerular, podendo entrar em IRA. Já se ele está hipertenso, acontece ao contrário, vai ter uma super pressão de chegada do sangue que vai causar lesão no endotélio e um turbilhonamento podendo formar trombos, mas antes que esse trombo aconteça já tem a formação de um processo inflamatório naquele local. Tipos de Injúrias ao Rim: A: O normal é chegar uma pressão sanguínea (100-140) havendo uma resistência do tecido que luta contra, mas a pressão sanguínea é maior do que a resistência então ocorre a filtração. O que passa nas fenestras dos glomérulos, junto com processos podais e as estruturas mesangiais é tudo que é hidrossolúvel, pequeno e o que é carregado positivamente, ocorrendo assim a filtração. B: Se tiver uma baixa pressão sanguínea, não vai ter como vencer a resistência do tecido. Então no caso de uma hipovolemia, que é uma causa pré-renal, as forças se anulam e acaba não ocorrendo a filtração. Isso acontece depois de um limiar, pois o rim tem mecanismo de evitar que isso aconteça, fazendo uma vasoconstrição da arteríola eferente e mesmo que o sangue chegue com pouca pressão vai ficar tudo estagnado e a lentidão da passagem do sangue vai ser tamanha que vai coagular ali mesmo e assim o glomérulo vai perder a sua função. C: Já em casos de proteinúria, vai haver uma obstrução intraluminal em qualquer ponto do trato urinário, podendo ser dentro dos túbulos (proximal ao glomérulo) ou pode ser até mesmo na uretra. Nesses casos vai ter uma força contrária que o tecido está fazendo devido a obstrução. Outro motivo da obstrução intraluminal é quando o animal tem uma nefrite intersticial, podendo ser devido a proteinúria, pois sabendo que a proteína está ali dentro e pode As injúrias podem vir por meio da glomerulonefrite, necrose tubular, hipotensão, hipertensão... As injúrias podem vir por meio da glomerulonefrite, necrose tubular, hipotensão, hipertensão... 7 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti obstruir o lúmen, as células começam a pinocitar e jogar ela para dentro da célula para assim secretar para o interstício, gastando assim toda a energia disponível e começam a entrar em degeneração. Com a proteína indo para o interstício, a intenção seria que depois que o sangue passasse recuperaria ela para ir para o sangue, porém no interstício as PTN são consideradas fatores inflamatórios, ocorrendo assim a vasodilatação, escape de conteúdo liquido de dentro dos vasos indo para fora do vaso causando o edema. E com isso o glomérulo vai vasodilatar (glomerulonefrite) A proteinúria é fator de progressão da doença renal, pode ser um fator desencadeador dela, como também se ela tiver muito alta pode ser causador de IRA (como em casos de glomerulonefrite = doenças infecciosas) D: Quando há um dano tubular, como em casos de intoxicação por medicamentos..., podendo causar necrose. O sangue vai chegar normal e vai filtrar porque a barreira glomerular vai estar normal, porém o que deveria ser excretado não é, e com isso o sangue vai recaptar devido aos danos nos túbulos. E: Já na esclerose glomerular que pode acontecer devido a uma glomerulonefrite que sofreu uma cicatrização e consequentemente fibrose, e o tecido fibrótico não é funcional. As fibras colágenas deixam os túbulos muito duro sendo impermeável, podendo então diminuir a filtração do glomérulo = podendo levar a doença renal Injúria Renal: 8 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti Insuficiência da Função Renal em Cães e Gatos: Doença Renal Crônica (DRC) e Injúria Renal Aguda (IRA): INJÚRIA RENAL AGUDA (IRA): • International Renal Society (IRIS) • Perda brusca da função renal por causas: − Pré-renais − renais − Pós-renais Anotações: Na IRA o tecido pode entrar em degeneração e quando tratar o que causou a degeneração o tecido vai voltar a normalidade celular. O problema é que dá degeneração pode vir a necrose e nesses casoso que foi perdido não se recupera mais As vezes o animal pode virar doente renal crônico devido a IRA, mesmo tratando a IRA direitinho. EX: um animal teve uma hipovolemia severa, foi atropelado e rompeu o baço então o sangue foi todo para a cavidade, ou seja, saiu do leito vascular. 25% de tudo o que o coração impulsiona de sangue vai para os rins, então se tem uma hipovolemia severa o rim vai ter uma dificuldade de se manter funcionando, pq ele vai gastar muita energia e oxigênio. Passando de um nível aceitável de baixa perfusão, as células começam a degenerar e isso faz com que a célula fique inchada e o lúmen entre as células fica pequeno, então fica mais difícil da pressão normal da filtração vencer esse espaço diminuido. • Fases e consequências da IRA: A partir do momento que se tem um dano estrutural vai ter um dano funcional também, sendo refletido em uma falha renal como em concentrar a urina, falha na regulagem de pH, falha em regular eletrólitos, falha em metabolizar e excretar.... As consequências disso é que depois de uma falha renal estrutural muito grave, depois que o animal se recuperar ele no mínimo vai virar um Doente Renal Crônico estágio 1, porém se a recuperação renal for menor que isso então o animal vai para o estágio 2-4 e se realmente não se recuperar o rim é condenado. 9 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti • Origens da IRA: • Felino obstruído na emergência – Potencial IRA: − Animal Sondado – sistema de coleta • Diagnóstico – Achados Clínicos: − Anamnese ◊ Antecedentes ◊ Ambiente ◊ Convívio ◊ Alimentação ◊ Hábitos ◊ Medicamentos − Exame físico (use seus sentidos!) • Sinais Clínicos: − Anorexia − Letargia − Depressão - O rim que entra em IRA inflama e depois incha, com isso vai ter uma vasodilatação levando ao inchaço do interstício também e consequentemente os vasos ficam comprimidos e causa a isquemia. - Na fase latente é desde a entrada da nefrotoxina até o dano que acontece e até as primeiras perdas funcionais. - fase de indução é a partir do momento que teve isquemia e processo degenerativo, o rim vai funcionar pior. Se vier a necrose a lesão é permanente. - Geralmente as IRAs são oligúricas, mas tem IRA poliúrica como é no caso da leptospirose. - Se o animal se recupera e não tem azotemia, mas já tem uma densidade urinaria baixa e tem perda de tecida já é considerado um animal de risco = Doença Renal Crônica. Porém também tem como o animal ter a função renal normal apesar de perda tecidual. A disfunção da micção pode ser originada de um animal que tem problema na coluna e tem retenção urinária pois trava o esfíncter e a bexiga fica relaxada e com o tempo, de tanto ficar cheia, a urina pode começar gotejar e os ureteres estarão garroteados na parede então consequentemente a pressão até a pelve renal está alta - Antecedentes: na piometra o animal pode ter poliúria e polidipsia devido a nefrotóxica da E. Coli que impedi os túbulos de reabsorverem água, podendo estar em IRA. É preciso estabilizar ela antes de entrar para cirurgia. - Ambiente: se tem rato, plantas nefrotóxicas... - Convívio: o cachorro que tem convívio com gato que caça e ele traz um rato ... - Alimentação: frutas tóxicas - Medicamento nefrotóxico - Exame Físico: Olhar úlceras na boca (quando o animal tem cálculo dentário, algumas bactérias ficam alojadas ali e podem ser urease positiva, ou seja, pegam uma ureia que está superconcentrada pois o rim falhou para excretar essa ureia e transforma em amônia, causando assim úlceras, principalmente onde está o cálculo dentário) - Sentir o hálito do animal, sentir o cheiro da urina. Palpar a bexiga 10 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti − Vômito (extremante fétido, com cheiro de urina) − Diarreia − OLIGÚRIA ou ANÚRIA* (Pode ser normúrica ou até poliúrica) • Diagnóstico – Achados Clínicos: − Exame físico ◊ Hálito urêmico ◊ Pelame e escore corporal costumam ser normais ◊ Achados inespecíficos (hipertermia, desidratação, depressão) ◊ Ulceração oral, sinais neurológicos – síndrome urêmica ◊ À palpação – rins normais ou aumentados, podendo estar doloridos ◊ Sinais das causas de base comumente estão presentes • Como identificar ANÚRIA/OLIGÚRIA: • Diagnóstico – do que preciso se suspeito de qualquer doença renal? − Hemograma − Bioquímica sérica ◊ Creatinina ◊ Uréia ◊ Ca/P, Na/K, Cl ◊ Proteínas e frações − Urinálise − Relação Cr/P urinária − Hemogasometria/perfil ácido-básico − Radiografia/Ultrassonografia − Aferir pressão arterial. - O vomito pode ser devido a uremia que deflagra o centro do vomito. Assim esse centro percebe que está com aumento de compostos nitrogenado alto e a circulação de coisas toxicas. - A diarreia geralmente tem sangue e ocorre devido a toxinas urêmicas O escore corporal pode estar normal pois é um caso AGUDO e antes o animal poderia estar bem. -Um método para analisar é sondando o animal e colocar alguma bolsa de coleta para poder medir essa quantidade. - Se o animal está na fluido e está produzindo a quantidade que produziria um animal sem estar na fluido, ele vai estar oligúrico, porque na fluido a água está direta no vaso e não tem perda para nenhum lugar O hemograma vai dar a causa de base principalmente (Se for pielonefrite ou piometra, vai ter uma leucocitose neutrofílica com desvio a esquerda. Já se for erliquia, vai ter uma trombocitopenia, anemia, monocitose.) NÃO pode faltar o bioquímico e urinálise (cistocentese ou sondagem)!! A partir da urinálise dá para fazer a UPC (principais maneiras de saber da onde que vem a proteinúria, pois as proteínas devem ficar no sangue e na urina não pode ter e a creatinina tem que ficar grande na urina e no sangue deve estar no limite dentro dos valores de referência. Qualquer coisa que fuja desse padrão altera a UPC, então se o animal está proteinúrico mesmo sem estar azotemico altera a UPC, pois vai ter proteína grande na urina, então a relação da proteína e creatinina vai dar maior. Se tiver azotemico, com aumento de compostos nitrogenados, mesmo que não esteja proteinúrico vai alterar a UPC ficando em uma relação mais proporcional, pois a proteína e a creat vão estar menores na urina. Na IRA se a hipertensão foi a causa, tem que corrigir, mas se não foi essa causa mesmo com tanta alteração hemodinâmica vai ter hipotensão, tendo que corrigir pois a perfusão renal está muito baixa. 11 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti • Diagnóstico- Achados laboratoriais: − Hemograma ◊ Pode refletir a causa de base ◊ Pode não apresentar alteração − Bioquímica sérica: ◊ Aumento de Ureia e Creatinina ◊ Hiperfosfatemia, hipercalemia ◊ Raramente hipocalcemia ◊ SDMA elevado − Urinálise ◊ Incapacidade de concentrar urina (DU = 1,007 a 1,017) ◊ Avaliação do sedimento (cilindrúria) − GGT urinária ◊ Lesões tubulares precoces − UPC ◊ Proteinúria – dano! Anotações: A densidade é a quantidade de soluto presente na urina. No animal poliúrico a densidade da urina vai ser baixa. Densidade alta vai ser devido a quantidade de soluto presente na urina EX: Um cão que deveria ter entre 1.015 – 1.035 de densidade urinaria, está com 1.007, ou seja, está com muita agua e pouco soluto, e está oligurico, sendo assim o rim dele não está funcionando pois não está seletivo. Cilindros são proteínas. Um deles é o cilindro de ialino, que pode acontecer em casos agudos que passou proteína na urina e ai quando faz fluido o anima tem mais chances de expulsar esses cilindros. Outro jeito que pode acontecer a cilindrúria é com a proteína de tamusfal, que estavam ocupando o lúmen dos néfrons da reserva, sendo assim um sinal de que estavam recrutando os nefrons de stand by. Os cilindros podem trazer características da causa da injúria, por exemplo: tercilindro de leucócito, com bactéria agarrado nele, pode ter cilindros com células renais (quando está tendo necrose tubular = fármaco nefrotóxicos, uva, carambola...). A GGT urinária é bom para predizer a IRA, ela aumenta antes do fluxo de sangue reduzir. Não é a mesma do fígado, porque essa é dosada na urina. Ela indica lesões tubulares. UPC indica se tem proteína na urina! − Urocultura ◊ Descartar infecção − Sorologias ◊ Doenças infecciosas subjacentes (leptospirose, erliquiose, etc) O que sempre solicitar a partir da urina? Podem auxiliar no diagnóstico, não são para todos os casos O potássio vai para onde a água vai. Na IRA provavelmente o anima não vai estar produzindo urina e vai está segurando urina, por isso que vai ter hipercalemia. O SDMA é caro e não é tão específico Tem que tratar a causa também!! 12 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti − Hemogasometria: ◊ Acidose metabólica o Intervalo aniônico [(Na+K) – (Cl+HCO3)] o Normal = 12 a 16 mEq/l ◊ Eletrólitos o Na o K => comumente elevado o P => comumente elevado o Ca (i) o Cl • Critérios de Graduação da IRA: Anotações: Desgaste de néfrons ao longo do tempo é DRC, já a IRA é algo agudo Creatinina: É um marcador de eleição para o dano renal, pois é filtrada livremente. Ureia: A amônia é captada no intestino e via sistema porta vai para o fígado onde vai ser convertida em ureia. A presença de sinais clínicos vai intensificar quando tem muita ureia ou amônia. A ureia pode se reconvertida em amônia nas mucosas que tem uma microbiota (boca, intestino...) tendo muito dano nesses locais. Danos renais importantes descompensam o pH. Tem que interferir quando se tem uma acidemia sem estar apresentando compensação. Déficit de base significa que está faltando bicarbonato, ou seja, está muito ácido. Se tiver muito aumentado (16,17) tem que interferir, dando bicarbonato. Para não ter falsos resultados: não pode ter bolha na seringa, dependendo do que querer analisar tem que retirar sangue arterial ou venoso, o sangue não pode coagular então tem que utilizar a heparina apenas molhando o canhão. Nesse caso (foto) o BEecf está -17, ou seja, está faltando bicarbonato. 13 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti O animal DRC pode ficar anêmico devido a falta de eritropoetina, porém o animal em IRA não tem anemia causada por essa falta de eritropoetina pois a hemácia tem uma vida de 120 dias, algo agudo não iria causar essa anemia, a não ser que o animal já estava anêmico e consequentemente teve IRA. A anemia não é consequência da IRA. O animal com IRA não vai desenvolver hiperparatireoidismo secundário renal, pois é algo que demanda tempo. A deposição de cálcio nos tecidos e para o osso ficar desmineralizado demora! Quando o animal tem DRC ele tem que recrutar néfrons que estão de stand by (reserva), porém chega uma hora que nem os da reserva vão dar conta, causando assim um sobrecarregamento dos néfrons que ainda estão vivos, sendo chamados de supernéfrons Na DRC tem perda de massa funcional, 66-75% de perda de néfrons e queda da taxa de filtração glomerular de 50%, pois os néfrons que sobreviveram vão trabalhar o dobro para dar conta (supernéfrons). Na IRA dependendo da causa, até os néfrons da reserva vão estar muito prejudicados ou pode não ter acontecido nada com eles, ou seja, não tem como saber exatamente qual vai ser o desfecho rim do paciente. Se o paciente é jovem provavelmente vai ter mais chances de se recuperar. Possíveis desfechos para o paciente com IRA: pode voltar com a função renal muito próxima do normal, pode voltar com a função alterada clinicamente ou pode ser que ele faleça pois não tem néfrons de reserva para atuar no rim. Na IRA o animal pode ficar oligúrico pois o rim fica inflamando e edemaciado, podendo colabar os túbulos sobreviventes, tendo assim pouco fluxo e menor produção de urina. • Diagnóstico – Imagem: − US – 1ª escolha na maioria dos casos ◊ Avaliação de urólitos, dilatações, doenças parenquimatosas ◊ “Sinal de medular” => comum na IRA ◊ Baixa perfusão => dopplerfluxometria − RX ◊ Processos obstrutivos ◊ Urografia excretora pode ser usada ◊ Menos utilizado − Urografia Excretora − Biópsia renal: ◊ IRA não aparente ◊ Resposta inadequada à terapia ◊ Distinção IRA x IRC não é possível ◊ Identificação de causa subjacente como amiloidose e glomerulonefrite. • Tratamento: ◊ Interromper o uso de qqr fármaco nefrotóxico, se possível ◊ Corrigir fatores pré-renais - perfusão renal Para avaliar a viabilidade de tecido, fluxo de sangue é no ultrassom. Na IRA se tem o sinal de medular, que é uma hiperecogenicidade na margem entre cortical e medular que vai mostrar que tem uma agressão aí acontecendo. O RX serve para medir o tamanho do cálculo A urografia excretora não é muito utilizada pois o contraste pode ser nefrotóxico A cortical do rim tem que estar equilibrada em termo de ecogenicidade com o baço. Nesse rim (foto) a cortical está muito mais hiperecogênico do que o baço. Na IRA isso pode acontecer devido a uma glomerulonefrite O etilenoglicol causa necrose dos túbulos contorcidos proximais. IRA não aparente: quando se tem uma alteração morfológica renal e aparentemente isso não impactou na função. O principal motivo de fazer uma biópsia renal é quando se tem um tumor ou quando o animal está em síndrome nefrótica, pois não dá para saber se o animal está com amiloidose ou glomerulonefrite Enquanto o rim está tentando se recuperar, pode fazer uma terapia de substituição renal temporária: diálise 14 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti ◊ Controle do vômito, acidose metabólica e distúrbios hidroeletrolíticos ◊ Tratar doenças subjacentes 1. Fluidoterapia – 1º passo: − Reposição da Desidratação ◊ Calcular déficit de desidratação ◊ Se a função cardíaca estiver normal, reponha o déficit em 2 a 6 horas; ◊ Ringer com lactato quase sempre (eletrólitos); ◊ Se houver hipercalemia severa -> alguns autores indicam NaCl 0,9%. − Manutenção da Fluido ◊ Manter a hidratação com base nas perdas o Pode ser necessária por toda a fase de recuperação (7 a 14 dias) ◊ Priorizar uso de Ringer Lactato o Alternar RL com Dextrose a 5% (evita hipernatremia) ◊ Interromper a fluido gradualmente, estimulando o consumo de água 2. Correção da oligúria – se há baixa produção, mesmo normoidratado: a) Expansão de Volume − Prova de carga (10 mL/Kg/20 minou 15 mL/Kg/15 min) − 2x manutenção (2 x 50 x peso) – às vezes utilizada b) Diurese Osmótica − Manitol (0,25 a 0,5g/kg ev por 5 a 10 min) ◊ Diurese ok => suspender ou repetir a cada 6 ou 8h ◊ Sem diurese em 15 minutos => repetir a cada 15 minutos até a dose máxima de 1,5 g/kg. ◊ Dextrose 20%. % de desidratação X peso corporal (kg) X 10 Se não conseguir tirar fármacos nefrotóxicos, tem que fazer muita fluido nele. Fatores pré-renais: desidratação, então tem que fornecer uma fluido para voltar a perfusão renal Quando não escolher ringer com lactato: quando o animal tem uma insuficiência hepática, pois o lactato é convertido no fígado em carbonato. Se o animal não conseguir converter o lactato vai ficar intoxicando ele. Nesses casos, pode fornecer um ringer simples. Se o animal tem uma hipercalemia tão severa que não vai conseguir receber o potássio que vem no ringer, então tem que Primero corrigir o potássio dele antes e depois dar a fluido de ringer com lactato. Tem que fazer o animal voltar a urinar, pois significa que o rim dele secou o suficiente para que os túbulos voltassem a ser permeáveis, para que o sangue possa chegar e a urina possa fluir. A expansão de volume serve para forçar a água passar pelo meio do tecido. Com a produção de urina vai ser eliminadocompostos nitrogenados tóxicos. Isso ajuda o animal com desidratação e hipotensão. Se o animal for idoso, ou for um paciente que provavelmente não vai aguentar a prova de carga, pode fazer 2x a manutenção. Próximo passo se não deu certo com a expansão de volume, tem que fazer o animal urinar, estimulando a diurese nele. Pode começar com um açúcar (manitol), pois o açúcar atrai a água, tirando assim a água do tecido para ela ser excretada. 15 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti Correção da Oligúria: c) Vasodilatadores inotrópicos positivos − Dopamina ev em baixas doses − Monitorar ECG quanto a arritmias d) Diuréticos de alça => Furosemida − Deve ser evitada na IRA por gentamicina, pois pode potencializar sua nefrotoxicidade 3. Correção dos distúrbios eletrolíticos: − Potássio (K) – espera-se HIPERCALEMIA ◊ Fluido ◊ Bicarbonato de sódio 0,5 a 1 mEq/kg ◊ Glicose (+ insulina para gatos) ◊ Gluconato de Ca => cardioprotetor na hipercalemia severa ◊ Monitorar com ECG ◊ Se após diurese houver hipocalemia, acrescentar KCl ao fluido ou VO Anotações: Quando o animal tem aumento de potássio, o coração bate mais fraco pois não vai ter contração direito. O bicarbonato pega o potássio do meio extracelular e coloca no meio intracelular. Tem que fazer uma insulina antes da glicose, assim vai puxar toda a glicose para dentro da célula, fazendo com que o potássio entre também. Porém a glicose vai embora rápido, mas a insulina vai permanecer, e se não repetir a glicose o animal vai ter um hipoglicemia. O potássio vai para onde a água vai, então ele vai fazer uma hipocalemia depois que começar a urinar. Se for uma IRA oligúrica ou anúrica vai ter potássio alto, mas se for poliúrica vai estar baixo pois o potássio vai para onde a água vai Um aumento de potássio vai levar a uma bradicardia e consequentemente um baixo DC e volume = hipotensão, porém a diminuição de potássio não necessariamente vai causar taquicardia − Hipercalemia: ◊ Distúrbios comumumente ocorrem com K > 7 mEq/L o Arritmias o Bradicardia o Onda T elevada – 50% maior que a onda R o Aumento do intervalo P-R o Diminuição ou ausência da onda P => paralisia atrial ou “stand still” Alterações da ordem podem ser necessárias desviam o K para o meio intracelular A dopamina em altas doses faz vasoconstrição, mas nesse caso ela em baixas doses vai fazer vasodilatação. Tem que botar no eletro, pois se ele tiver bradicardico com arritmias é sinal de que o potássio está alto. A furosemida é um diurético de alça, mas se a causa estiver atingindo as alças então esse diurético não vai fazer efeito. Ausência da onda P significa que o átrio está parado. 16 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti − Fósforo: ◊ Contribui para os efeitos da uremia ◊ Fluido ◊ Conjugadores intestinais e dietas pobres em P o Carbonato de cálcio o Hidróxido de Alumínio − Distúrbios Ácidos-Básicos: ◊ Espera-se ACIDOSE METABÓLICA o Tratar se pH sanguíneo for <7,2 o Administrar bicarbonato o Metade EV lento em 15 min e o restante nas 6 ou 8 h seguintes. Anotações: Tem que ficar atento com a hipocalemia depois de dosar o bicarbonato ou no animal que está hipercalemico e acabar ficando hipocalemico Tem que saber o déficit de base para fazer o cálculo Geralmente o bicarbonato é 1 mEq por ml 4. Manejo dos vômitos: − Manejo das irritações ao trato gastrointestinal ◊ Ranitidina 2mg/KgSID ou BID ◊ Famotidina 1mg/Kg SID ou BID ◊ Omeprazol 0,7 mg/Kg SID ou BID ◊ Sucralfato 0,5 g BID − Manejo das náuseas de origem central ◊ Ondansetrona 1mg/Kg ◊ Maropitant (1mg/Kg SC ou IV ou 2mg/Kg VO). Anotações: É muito importante o manejo do vomito pois se não o animal vai voltar a desidratar e vai abaixar o potássio A gastrite pode virar uma úlcera A ureia em excesso vai causar vasculite Nas ulceras tem a produção de ac clorídrico (que serve para a desnaturação das proteínas) em excesso e junto com a pepsina (que digere as proteínas), vai acabar tendo a produção de muito muco para proteger o estomago da acidez, por meio das prostaglandinas (que vai induzir também a vasodilatação da mucosa para se manter oxigenada e nutrida). A bomba de prótons vai ficar jogando íons H+ para o lúmen e o receptor H2 vai fiar recebendo o estimulo para fazer a bomba produzir. Então é necessário intervir nesse mecanismo, bloqueando a bomba de prótons e o receptor H2 Déficit de base* X peso corporal (kg) X 0,3 Ureia ata e creat alta vai fazer o fosforo potencializar isso. Para diminuir o fosforo, tem que fazer fluido. Outro jeito é utilizar os conjuradores intestinais, porém para pacientes que estão se alimentando pois é um conjugador da dieta. Carbonato de cálcio tem menos efeitos adversos. - O hidróxido de alumínio é bem eficaz mas pode acabar ocorrendo uma intoxicação, principalmente no paciente que tem uma mucosa gástrica ou intestinal muito permeável por conta da inflamação. Não pode ficar fazendo direto O hidróxido de alumínio é bem eficaz, mas pode acabar ocorrendo uma intoxicação, principalmente no paciente que tem uma mucosa gástrica ou intestinal muito permeável por conta da inflamação. Não pode ficar fazendo direto 17 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti O omeprazol (cães e gatos) vai atuar na bomba de prótons e a famotidina vai atuar no receptor H2 (em cães) – efeito sinérgico Quando o animal tem uma falha na função renal vai ter mais acúmulo de gastrina, juntando assim com a mucosa desprotegida, vasculite que a uremia está causando, necrose por causa da vasculite, hipersecreção ácida devido a hipergastrinemia. O sucralfato vai proteger a mucosa que já está danificada, evitando as úlceras. A uremia faz necrosar a mucosa do animal e circula no centro do vomito, causando náuseas também! Pode ser usado a ondansetrona e maropitant (analgesia visceral tem que ser feto IV) juntos, mas se não estiver tão grave pode fazer ondansetrona 5. Terapias de Substituição Renal: − Terapias dialíticas ◊ Hemodiálise X Diálise Peritoneal ◊ Mais indicadas para IRA do que para DRC ◊ Não dispensam os demais tratamentos − DIÁLISE – indicada para pacientes com ureia acima de 150mg/dL ◊ Mais indicadas na IRA ou nas agudizações da DRC. − Hemodiálise ◊ Sangue passa por uma máquina para ser depurado (rim artificial) ◊ Sistema de contracorrente – depuração e entrega de substâncias ◊ Função: baixar os níveis de toxinas do sangue e melhorar o estado geral Correção de desequilíbrios hidroeletrolíticos e ácido-básicos. ◊ Ótima para intoxicações agudas e no pré e pós-operatório de nefropatas ◊ Mecanismo de contracorrente => O sangue e o fluido dialisante passam em sentidos opostos. ◊ Indicada, em geral, para animais acima de 15 kg. − Diálise peritoneal (DP): ◊ Substância dialisante é introduzida via intraperitoneal, permanece 30 min e em seguida é drenada. ◊ O processo se repete algumas vezes. Quando animal já está uremico e azotemico já pode indicar a diálise. Na hemodiálise o sangue passa por uma máquina que faz a função do rim, é uma terapia de substituição renal melhorando a saúde do paciente e não do rim. Já na diálise peritoneal as trocas acontecem via peritoneal. É colocado um cateter na barriga do animal, desce um líquido que vai fazer uma troca via difusão pela membrana peritoneal, e depois que o liquido se concentrou com as substancias que estavam concentradas na corrente sanguínea é drenado o liquido. O animal tem que estar um pouco estável para fazer a anestesia. É mais indicado para IRA pois tem mais chances de o rim voltar ao normal Hemodiálise: tem que ter um sistema de contracorrente dependente de água. Se tiver um paciente muito pequeno não é muito indicado, pois vai piorar a perfusão para o rim, pois uma parte do sangue está na máquina para ser depurado, sendo maisindicado a diálise peritoneal Tem que colocar um cateter venoso central com 3 portais, para fazer a fluido, medicação e alimentação parenteral Tira a saturação que estava dentro do sangue para fora do organismo É importante ter cuidado no volume de infusão pois se for acabar botando muito comprimindo assim os órgãos e depois quando drena vai causar uma síndrome da descompressão 18 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti ◊ Reposição de bicarbonato ◊ Redução de ureia e creatinina o Soluções comerciais ou preparados o Solução dialisante pode ser drenada de 1-1h (na drenagem da primeira infusão não será coletado todo conteúdo administrado, pois parte foi absorvida). o 40ml/kg por infusão ◊ Pode ser usada a seguinte fórmula: o Ringer Lactato + glicose a 2% o 1000 unidades de heparina/L de dialisado para prevenir obstrução fibrinosa do cateter o 500 mg de ampicilina ◊ Dreno de Blake ◊ Conectores o Implantação requer anestesia leve e bloqueio • Monitoração do Paciente: − Monitorar peso − Hidratação (hipo ou hiper) − Hematócrito (VG) − Ptns séricas e frações − Função Renal ◊ Uréia e Creatinina, a cada 24h ◊ Eletrólitos (Na, K, P) a cada 12 ou 24h ◊ Débito urinário Está receita é em casos de não ter com fazer a diálise em si. A glicose a 2% é um agente osmótico Tem que colocar a heparina para o sangue não coagular Ampicilina serve como profilaxia O peso reflete também hidratação VG aumentou, mas sem sinais de regeneração pode indicar que ele está desidratado Débito urinário analisa também pesando o tapete higiênico 19 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti • Caso Clínico: − Cadela de 7 anos, aumento de volume abdominal e secreção muco- purulenta saindo pela vulva. Desidratação 8%, ureia 490 mg/dL, creatinina 7,5 mg/dL, K = 7,0, pH=7,13. − Anamnese: vômitos frequentes e incessantes, alguma diarreia. Presença de algumas aftas. Sobre este caso: a) Existe alguma alteração renal? Baseada em quais destes achados? R: Sim. Devido a Creat, Ureia, Desidratação, Potássio, pH, vomito, aftas... b) Como proceder com o diagnóstico da nefropatia? R: necrose tubular por isso que o paciente pode vir poliúrico e com polidipsia, a desidratação causa diminuição da volemia, glomerulonefrite causando a diminuição de proteínas = proteinúria= IRA, a bactéria pode acessar a uretra tendo assim uma ITU que vira uma pielonefrite. Precisa fazer um hemograma, ultrassom tanto par avaliar o útero e o rim, pode sondar para saber o débito urinário, precisa aferir a pressão, hemogasometria, ECG. c) Elabore um protocolo terapêutico para este animal: R: Fluido (ringer com lactato), corrigir o potássio mesmo se tiver aumentado após a fluido, fazer bicarbonato para corrigir o pH e potássio, (metade é IV lento por 15 min). O potássio pode ficar baixo enquanto faz o bicarbonato, tendo assim que repor fazendo cloreto de potássio (0,5 mEq por Kg por h – limite para não causar a eutanásia ). Depois que estabilizar a ac. Metabólica e o potássio ai que administra omeprazol, famotidina, ondansetrona, sucralfato para corrigir o vomito e aftas. O que a terapia pode causar no animal: hipocalemia devido a administração de bicarbonato. Se o potássio abaixou vai ter uma fraqueza muscular e o gato pode ficar com a cabeça pendente, sendo assim necessário repor o potássio. Como o animal não está bem pode fazer a hemogaso com sangue venoso, porém o ideal seria arterial para saber os gases também DOENÇA REANL CRÔNICA – DRC: • International Renal Society (IRIS) − Lesão renal persistente ◊ Pelo menos 3 meses − Redução da tfg em mais de 50% − Múltiplos sistemas afetados • Independente da causa primária, caracteriza-se por lesões estruturais irreversíveis que causam declínio progressivo da função dos rins que, por sua vez, acarretam uma série de alterações metabólicas. • Tentativa de compensação por: − Mobilização da reserva funcional dos rins, Vai ter a perda de 66-75% de néfrons, sobrando assim mais ou menos 25% vivos, porém vão trabalhar em dobro e a taxa de filtração glomerular também vai ser o dobro 20 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti − Ativação dos mecanismos de hipertrofia e da hiperplasia de néfrons. − Azotemia => Quando há perd de néfrons > 65 (cães) a 75% (gatos) • Falência renal => disfunção máxima Anotações: Não necessariamente o animal DRC passa por uma IRA, depende da causa O mecanismo compensatório pode piorar o quadro do animal (hipoperfusão -> o organismo vai tentar aumentar a pressão -> podendo causar danos aos néfrons). O animal vai ter a urina mais baixa densidade e mais concentrada (poliúrico) e isso é um sinal de azotemia mas não de uremia ainda • Sinais Clínicos: Anotações: Os nefrons não conseguem concentrar a urina Anemia é uma consequência da DRC e não da IRA Tontura, enjoo, vasculite por causa da uremia e hipergastrina (necrose de mucosa e a mucosa tem bactéria, assim a bact vai pegar a ureia e vai converter em amônia de novo causando mais lesão) Letargia devido da baixa produção de hemácias e também por causa da desidratação Vasoconstrição periférica para preservar o coração e o rim A ativação SRAA pode ser muito intensa e causar hipertensão Se o sangue tem menos hemácias, vai ter a redução da pressão oncótica e aumento da pressão hidrostática, fazendo com que a água abandone os vasos sanguíneos e vão para as periferias, podendo causar edema em órgãos parenquimatosos e efusões em cavidades. A proteinúria iria contribuir para esse caso, pois a hemácia e a prot. dão a pressão oncótico sangue, causando assim o edema. O cão é mais fácil de fazer edema pulmonar e o gato efusão (tem que ser drenado!) Anotações: O doente renal tem dificuldade de excretar o fósforo devido a baixa produção de calcitriol e da incapacidade tubular. O calcitriol também é importante para o cálcio pois ele atua nos túbulos renais recaptando o cálcio e no intestino é importante para conseguir absorver o cálcio do alimento. O organismo percebe quando o animal está com o fosforo aumentado e com o cálcio baixo, causando assim um estimulo nas paratireoides produzirem o paratormônio que recrutam o cálcio dos ossos para a corrente sanguínea, para assim o valor de cálcio e fósforo ficarem proporcionais, porém o fosforo ainda vai continuar alto e o cálcio vai começar a ficar aumentado também. O cálcio se deposita muito fácil, é altamente mineralizante, principalmente onde está ácido (mucosa oral inflamada – calcificando a língua, estomago- calcificando a parede gástrica, vasculite – mineralização da aorta..), assim o osso vai ficando mais fraco e radiolucente, fazendo calcificação metastáticas dos tecidos moles 21 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti • Azotemia e Uremia: − Capacidade excretora prejudicada − Acúmulos a partir de 75% de lesão − Sinais associados à uremia: ◊ Hálito urêmico ◊ Ulcerações orais ◊ Vômitos e Diarreia ◊ Alterações neurológicas ◊ Sinais associados à hemólise ◊ Vasculite o Petéquias/Trombocitopenia o Pneumonite o Encefalite Anotações: Hálito urêmico devido à alta concentração de ureia e o acúmulo de amônia vai se depositar nas inflamações da boca causando esse hálito Ulcerações orais devido a necrose tecidual por conta da microcirculação prejudicada pela vasculite Amônia é mais tóxica que a ureia O vomito é por causa da uremia, gastrina estimulando mais produção de ácido causando uma acidez maior induzindo ao vomito Alterações neurológicas por causa da intoxicação por amônia, podendo até ter uma encefalopatia Na crise urêmica as hemácias duram menos, devido a alta concentrações de compostos nitrogeados as membranas das hemácias se rompem podendo ter sinais de hemólise. Animal DRC pode ter anemia e classicamente é uma anemia arregenerativa( normocítica normocromica), mas se tiver hemólise vai ter um estimulo para regeneração, então algum animal pode ter uma anemia normocítica normocromica com um início de regeneração. Pneumonite urêmica Vasculite faz as hemácias romperem e assim gasta mais hemácias piorando a anemia, causa também petéquias, pneumonite urêmica. Não é bom fazer a Doxiciclina pois ela irrita o estomago, esôfago, e atrapalha a mucosa que já está prejudicada. Fazer apenas quando o animal está com doença do carrapato Geralmente causa lesões na língua da ponta em cães e na borda da língua nos gatos • Ulcerações no TGI e Vômitos: − UREMIA ◊ Vasculite ◊ Ação da amônia nos tecidos ◊ Ativação do centro do vômito − HIPERGASTRINEMIA Muita produção de ácido, inflamação.. Pode causar muita dor de estômago e ulceras que podem causar o rompimento do estomago (ulcera perfurada). Desse jeito o animal nem consegue comer direito, então tem que fazer o combo vomito completo, ou seja, tem que proteger a mucosa com sucralfato, diminuir a secreção ácida com o omeprazol e a náusea com maropitant e ondasetrona. Geralmente a afta vai se localizar em locais em cima do cálculo dentário, pois a amônia é tão volátil que queima 22 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti − ANEMIA Anotações: Quando se tem a vasculite na crise urêmica, vai ter a destruição das células endoteliais e consumo das plaquetas (exatamente o que ocorre na erliquiose) Na tentativa de tamponar essa lesão vai ter o gasto de plaquetas, não tendo assim um sucesso no tamponamento. Então é disparado a colágeno e fator de von willebrand para estimular a cascata de coagulação e assim vai ter a formação de um trombo, que vai obstruir aquele vaso, e a partir disso vem as necroses e as plaquetas começam a cair. Como vai ter o rompimento de vários vasos e não vai ter plaqueta suficiente para tamponar, o animal vai começar a ter petéquias. • Hipertensão Arterial: Baixa eritropoetina devido também a baixa nutrição, parra a medula ter respaldo para construir hemácias. Além de aumentar a hemólise e perdas do trato gastrointestinal O Paratormônio também abaixa as hemácias, porque ele bloqueia a função medular se ele tiver muito atua, contribuindo para a falta de hemácias Os rins percebem um decréscimo na quantidade de filtrado que está passando pelo túbulo contorcido distal e isso é relacionado com o decréscimo da pressão arterial. Havendo assim a ativação do SRAA. A Angiotensina II faz vasoconstrição para melhorar a pressão e estimula a adrenal a produzir aldosterona que vai aumentar a retenção de água e sódio, diminuindo assim as perdas de liquido, e vai também estimular o centro da sede tendo assim polidipsia e consequentemente poliúria. NO início é compensatória, mas como a DRC é progressiva o sistema renina angiotensina aldosterona se perpetua e começa a ficar mais intensa podendo causar uma hipertensão arterial intensa. Para impedir essa hipertensão arterial tem que bloquear a ECA que ai não vai ter produção de angiotensina 2 ou bloquear o receptor de angiotensina 2 23 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti • Acidose Metabólica: − Etiologia e tratamento: obstrução aguda da função excretora causa retenção dos ácidos endógenos gerados, resultando numa acidose metabólica com anion-gap aumentado. − Uma perda aguda da função renal irá imediatamente depletar o bicarbonato corporal. Se a produção endógena de ácidos é normal (1 a 2 mEq/kg/dia), sem geração renal ou extra-renal de bicarbonato, a concentração sérica de bicarbonato diminui aproximadamente para 2 a 4 mEq/litro/dia. Se a produção endógena de ácidos está aumentada devido a fatores catabólitos ou perda de bicarbonato, a concentração sérica de bicarbonato cairá mais rapidamente. • Hiperparatireoidismo secundário renal: Com a diminuição da taxa de filtração, vai ter uma diminuição da excreção renal de sulfato, fosfato, de íons H+ e ressíntese de Bicarbonato = acidúrico e acidótico Cálculos de oxalato de cálcio devido a mobilização do cálcio por conta da ativação do paratormônio ((mais fosforo do que cálcio) O cálculo pode até obstruir o animal e piorar a condição dele. O calcitriol é produzido no rim, como ele está insuficiente irá ter uma menor produção, causando assim menos reabsorção de cálcio e mais acúmulo de fósforo Para o DRC tem que ajustar a dieta pobre em fosforo, pois ele está acumulando, fazer também o quelante de fosforo (carbonato de cálcio). O calcitriol também pode suplementar. 24 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti • HPTSR – desmineralizações: • Hipocalemia: • DIAGNÓSTICO: − Como identificar o paciente DRC? ◊ Sinais típicos + ◊ Ureia e creatinina ◊ SDMA ◊ Proteínas e frações Alterações devem estar presentes por 3 meses ou mais para fecharmos o caso!! A paratireoide fica aumentada causando uma hiperplasia dela Consequências do hiperparatireoidismo secundário renal: A desmineralização óssea (o osso fica mais frágil), levando a osteodistrofia principalmente nos ossos que tem mais ação mecânica Fraturas patológicas, como a fratura do galho verde O cálcio retirado dos ossos fica circulante e quando se depara com tecidos inflamados vai se depositar neles causando a mineralização deles Animal em IRA tem hipercalemia, mas o com DRC tem hipocalemia Como o animal renal tem poliúria, ele vai perder potássio na urina. O animal com hipocalemia fica com frouxidão da musculatura, podendo causar até a hiporexia ou anorexia pois o animal não tem forças para andar e comer. O gato faz ventroflexão cervical pois não tem ligamento da nuca e quem faz a cabeça dele ficar em pé é a musculatura, então se a musculatura está frouxa a cabeça vai cair. Se for cachorro tem uma fraqueza muscular generalizada. Hipocalemia gera apenas arritimia e não taquicardia Tem que suplementar o potássio! 25 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti ◊ Na e K, Ca e P, Cloreto ◊ Ultrassonografia abdominal ◊ Hemogasometria ◊ Urinálise ◊ UPC ◊ Aferição de pressão Estadiamento DRC atualizado 2019: • Estadiamento DRC – subestágios: − Hipertensão e Proteinúria – agravantes − SDMA => estadiamento mais fiel e precoce − Hipertensão: ◊ Prevalência maior que 50% nos cães e gatos nefropatas. ◊ PA normal 100 a 140 mmHg. Anotações: Hipertensão vai tratar com inibidor de ECA Proteinúria pode fazer restrição proteica (cuidado com o manejo em gatos) O SDMA é valido para animais que tem uma perda de massa corpórea magra ou perda muscular ou quando tem doença metabólica que aumenta a excreção aumentada de creatinina, como no caso do hiperadreno e no hipertireoidismo. Fora isso a creatinina é a principal! No estagio não azotemico, embora não ter ureia e creat aumentadas, ele tem poliuria e polidipsia (pois perdeu a capacidade de concentrar a urina, tendo assim uma densidade urinária mais baixa). Tem que acompanhar esse paciente, aferir a pressão dele, dependendo tem que mudar a dieta dele, e manter o animal hidratado No estágio 2 o animal já tem azotemia, mas as vezes pode nem ter clínica. O animal vai ter poliúria e polidipsia, menor hidratação, pode ter aumento da pressão, pode ter uma leve anemia, leve hiperparatireoidismo secundário renal, hiporcalemia Já o estágio 3 é o clássico da DRC, é onde se vê todos os sinais. Quando o animal vai para o estágio 4, ele está com risco iminente de falecer. É um estágio mais crítico Quanto mais o animal avança nos estágios, maior é a perda de néfrons 26 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti − Proteinúria: • Estadiamento SDMA: − Novas perspectivas de diagnóstico − Ideal para animais com baixíssima massa muscular − Detecção precoce da DRC − Ajustes no estadiamento • TRATAMENTO:− Nenhuma terapia específica é curativa (lesões irreversíveis) - EXCETO O TRANSPLANTE − Objetivos da terapia convencional são conservativos ◊ Minimizar progressão ◊ Controle dos sinais decorrentes da uremia ◊ Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-base ◊ Suprimento de nutrição adequada ◊ Aumentar a sobrevida − Dieta do animal nefropata: ◊ Restrição de Fósforo e Sódio ◊ Ômega 3 (500mg/dia para cães de até 10 Kg e gatos, e 1000 mg/dia para cães acima de 10 Kg); ◊ Restrição da quantidade de proteína => alto valor biológico e baixo peso molecular; ◊ Quantidades adequadas de calorias não-protéicas, vitaminas e minerais ◊ Ração (a restrição racional de proteínas e fósforo reduz a progressão da uremia e seus sinais). Se for azotemico é proteinúrico O tratamento para UPC faz a diminuição da pressão intraglomerular (pode acabar aumentar um pouco a creatinina) com inibidor de ECA ou de receptor da angiotensina, e diminui as proteínas que puder diminuir com a ração Proteínas de alto peso glomerular pode agredir o rim Ômega 3 faz um efeito antinflamatória renal Faz a diminuição da pressão com benazepril 27 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti − Suplementos - Renavast® ◊ Contém um dipeptídeo formado pelos aminoácidos Alanina e Histidina; ◊ Contém Arginina - aminoácido precursor nutricional do óxido nítrico (vasodilatação); ◊ Contém também os aminoácidos: Glutamina, Glicina, Ácido Glutâmico e Ácido Aspártico ◊ Vasodilatação melhora a perfusão renal − Suplementos – Renadogs e Renacats® ◊ Quitosana, Carbonato de Cálcio e Citrato de K ◊ Quelante Intestinal de Fósforo ◊ Repositor de Potássio Sérico ◊ Conversor do Citrato a Bicarbonato (regula pH) ◊ O citrato de K é convertido no fígado em citrato de bicarbonato (bom para a acidose metabólica) − Distúrbios hidroeletrolíticos e ácido- básicos: ◊ Fluidoterapia (poliúria – compensar sub-hidratação) Fluido EV nas agudizações; Estimular ingesta de água e soluções reidratantes específicas; Fluido subcutânea – útil. Anotações: Para a ingestão de agua para o gato é importante dar patê misturado com agua ◊ Equilíbrio do potássio (K) ◊ Correção da acidose metabólica (HCO3) ◊ Correção da Hiperfosfatemia Dieta restritiva Conjugadores de Fosfato intestinal (hidróxido de alumínio, carbonato de cálcio, etc) Calcitriol 28 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti − Tratamento da anemia não-regenerativa ◊ VG abaixo de 20% Eritropoetina recombinante humana (100 UI 3x semana e depois semanal) Darbaepoetina Transfusão Andrógenos (médio-longo prazo) – contestáveis para gatos o Estanozolol (Winstrol®) – 1 a 4 mg VO BID ou SID o Nandrolona (Deca-Durabolin®) – 1mg/kg IM ou SC a cada 7 a 10 dias Anotações: Transfusão VG abaixo de 15% e com prognóstico ruim − Manejo das manifestações clínicas do TGI devido ao dano às mucosas: ◊ Famotidina 1mg/Kg TID ◊ Omeprazol 1,0 mg/Kg BID ◊ Sucralfato 1g/animal BID ◊ Hidróxido de alumínio (pode ser usado também com esse fim). Anotações: Não é bom dar o hidróxido de alumínio por muito tempo pois causa toxicidade − Manejo das náuseas de origem central ◊ Ondansetrona 1mg/Kg ◊ Maropitant (1mg/Kg SC ou IV ou 2mg/Kg VO). − Hipertensão ◊ Benazepril (0,25 a 0,5mg/kg/dia SID) - 1ª escolha em cães ◊ Amlodipino (0,1 mg/kg SID) → 1ª escolha em felinos ◊ Furosemida (1 a 2 mg/kg VO BID ou SID) – CUIDADO com expoliação de potássio e desidratação). Anotações: Se tiver que fazer a furosemia pode suplementar o potássio junto para não causar hipocalemia Se o cão não estiver respondendo ao benazepril pode dar o Amlodipino e se o gato não estiver respondendo ao amlodipino pode dar o benazepril 29 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti − Alfa-cetoanálogos – ex: Ketosteril® (1 tablete/5kg) ◊ Não possuem N em sua formula, captam da dieta hipoproteica → aa essencial → reduz formação da URÉIA. Estimulam a síntese proteica, Inibem a degradação proteica (JAHN et al, 1992), Reduzem a acidose metabólica (GOTCH, SARGENT, KEEN, 1982), Previnem ou reduzem a osteodistrofia renal (LAFAGE et al, 1992). Cuidado para não mascarar o quadro. Minimizam síndrome urêmica – conforto − Controle do HPTSR: ◊ Quelantes de Fósforo – apenas para os que estão se alimentando Hidróxido de alumínio Carbonato de cálcio ◊ Calcitriol – melhora do balanço Ca-P • AVANÇOS NO TRATAMENTO: Terapias de substituição renal ◊ DIÁLISE – indicada para pacientes com ureia acima de 150mg/dL. Mais indicadas na IRA ou nas agudizações da DRC. ◊ Hemodiálise Sangue passa por uma máquina para ser depurado (rim artificial) Sistema de contracorrente – depuração e entrega de substâncias ◊ Diálise peritoneal Substância dialisante é introduzida via intraperitoneal, permanece 30 min e em seguida é drenada. O processo se repete algumas vezes. ◊ Transplante Renal: Nos Estados Unidos, se seu cachorro precisar de um transplante de rim, você pode pegar o órgão de algum cachorro de rua. Você deve adotar o cachorro doador, para que você possa salvar duas vidas, ao invés de só uma. • DISCUSSÃO DE CASO CLÍNICO – EKI: − Espécie: Canina − Idade: 5 anos − Sexo: Masculino − Raça: Buldogue francês − Peso: 9,400 Kg. − Histórico: 30 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti ◊ Emagrecimento e apatia ◊ Vômitos, diarreia, anorexia ◊ Internação prévia em outro hospital ◊ Diagnóstico de Erliquiose e Anaplasmose + Injúria renal ◊ Animal morou no interior de MG por um período de três meses ◊ Tutor observou anoréxico, apático, apresentando êmese e diarreia e trouxe de volta para o ES. ◊ Registros de Hemograma, Bioquímica sérica (Ureia, creatinina e K), 4DX , Ultrassonografia abdominal e Hemogasometria − Achados laboratoriais e tratamento inicial: ◊ Hemograma: Anemia normocítica normocrômica e leucopenia. ◊ DPP = negativo (Leishmaniose) ◊ 4DX = + para Ehrlichia e Anaplasma ◊ Ureia (> 600) e Creatinina (>7,0) ◊ Coletada urina para URINÁLISE e UPC − Segunda consulta no hv-uvv: ◊ Animal apresentava ainda anemia normocítica normocrômica, pior que no exame anterior. ◊ Marcado retorno para quatro dias após a segunda consulta. − Terceira consulta no hv-uvv: ◊ Proprietário relatou que animal estava ainda apático porém hiporéxico e apresentando vômitos ocasionais. ◊ Exame físico: Desidratação grave: (<10%); PAS alta (165mmHg) e perda de peso (8,100kg). − Internação: ◊ Animal internado por 4 dias feito diariamente hemograma bioquímica sérica (ureia, creatinina, PPT e frações, Na e K). ◊ Tratamento durante a hospitalização: Fluidoterapia (RL), Ondansetrona (1mg/Kg) IV, TID; Omeprazol (0,7mg/Kg) IV, SID, Ômega 3 (500mg/10Kg) VO, SID; Benazepril (0,3mg/kg) VO, BID; Doxiciclina (5 mg/Kg), VO, BID. ◊ D1: Transfusão sanguínea ◊ D2: Melhora clínica visível, voltando a comer e mais ativo Hemograma → resposta positiva a transfusão apesar de continuar anêmico. ◊ D3 e D4: Animal se manteve clinicamente bem. 31 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti ◊ PAS: 165mmgHg com picos em situações de estresse. Prescrição na alta (para uso domiciliar): o Fluidoterapia subcutânea RL 200 ml, duas vezes por semana; o Omeprazol (20mg), VO, SID em jejum; o Ranitidina 2 mg/Kg BID; o Benazepril 0,5 mg/Kg BID, ANR; o Ondansetrona 1mg/Kg TID em caso de vômito. Retorno: Agendado para uma semana após alta − Quarta consulta: ◊ Duas semanas após a alta hospitalar. ◊ Animal mais ativo, ganho de peso ◊ Administrada eritropoetina injetável Foi sugerida nova internação devido a azotemia/uremia e hipoalbuminemia encontrados em bioquímica sérica. Tratamento em casa: adicionados o Sucralfato, SID, 15 dias; o Hemolitan® VO, SID, 7 dias. − Quinta consulta: ◊ Proprietário relatou melhora após a eritropoietina, e que animal estava ativo◊ Só fez o Hemolitan por três dias (episódios de êmese) ◊ Internação por 1 dia ◊ Solicitados: hemograma, bioquímica sérica (ureia, creatinina, PPT e frações, colesterol, P, Na e K) e US abdominal o Alterações: Anemia normocítica normocrômica; leucopenia; azotemia; hipercolesterolemia. − Ultrassonografia: ◊ Presença de microcristais/debris celulares em bexiga; ◊ Degeneração senil e/ou infiltração gordurosa e/ou nefropatia associadas a pontos de mineralização em rins e E e D; ◊ Sedimentos biliares/lama biliar, cálculos biliares em vesícula biliar; ◊ Estômago com distensão com conteúdo predominantemente gasoso; ◊ Prostatopatia associada a cistos/abcessos/neoformações cavitárias; ◊ Degeneração senil/pontos de fibrose em testículos. − Liberação sem alta médica: ◊ Fluidoterapia subcutânea com RL300 ml uma vez ao dia, ou 150 mL duas vezes por dia ◊ Ômega 3 cáps 500mg (1 cápsula SID) 32 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti ◊ Hidróxido de alumínio líquido, 30 mg/Kg, VO, TID ◊ Calcitriol (0,25 mg/animal), VO, SID. − Evolução: ◊ Animal foi ficando cada vez mais apático, mesmo sob tratamento ◊ Lesão de pele => calcinose cutânea Adicionados à prescrição: o Diprogenta creme BID (lesão) o Gabapentina 10mg/Kg VO, TID. ◊ Uma semana após o episódio, proprietário relatou que animal estava apresentando aquesia, anorexia e oligúria ◊ Foi sugerido que animal retornasse ao HV, porém veio a óbito na manhã do dia seguinte ◊ Sugerida necropsia, que foi autorizada. Volume de efusão torácica Volume de efusão abdominal Rins pálidos, superfície irregular Estômago: Úlceras e mucosas hiperêmicas compatíveis com gastrite ulcerativa e pâncreas levemente aumentado Fígado: Superfícies lisas e brilhantes com leve congestão e levemente abaulado. Coração: Áreas de mineralização em região de epicárdio e miocárdio, sendo bem envolvente à palpação; endocardiose. − Discussão: “O objetivo da terapia do doente renal crônico é minimizar a progressão da doença, controlar as alterações orgânicas provenientes da uremia e desequilíbrios hidroeletrolíticos e acido-básicos e oferecer conforto ao paciente.” 33 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti 34 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti − Considerações Finais: ◊ DRC => achados clínicos e laboratoriais Agravamento pela Erliquiose e Anaplasmose e Hipertensão HPTSR => piora do quadro após após instalado 35 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti HISTÓRICO: • Domesticação; • “Síndrome Urológica Felina” (SUF) • “Doença do Trato Urinário Inferior de Felinos” (DTUIF) • “Cistite Intersticial Felina” (CIF) • Síndrome de Pandora (analogia à lenda grega) Anotações: A síndrome de pandora não é sinônimo só de doença do trato urinário felino. A maioria do animal com doença do trato urinário felino vai ter síndrome de pandora, porém não necessariamente é causado por essa síndrome. A doença do trato urinário felino pode incluir neoplasia, ITU ou urolitíase. A infecção do trato urinário é rara nos gatos, principalmente nos machos devido ao tamanho da uretra), mesmo nas gatas fêmeas que tem a uretra curta é mais raro do que nas cadelas. Urolitíase é difícil de ser um agente obstrutor nos gatos. SÍNDROME DE PANDORA: • Dermatopatias • Sinais gastrointestinais • Distúrbios alimentares • Distúrbios comportamentais • Doença do trato urinário felino → Neoplasias → ITU → Urolitíase QUE DOENÇA É ESSA? • Processo é multifatorial e inflamatório • Principal distúrbio urinário felino - machos e fêmeas • Machos => episódios obstrutivos – dimensões e elasticidade Anotações: É difícil ter processo infeccioso com inflamação na síndrome de pandora Geralmente não é preciso administrar antibiótico, mesmo se for sondado (tem que fazer o procedimento da sondagem de forma estéril) A femea sofre com disúria, hematúria, polaciúria... Se o animal tem tendência de ter a síndrome, seria importante ter uma areia mais clara para conseguir observar a urina do animal Plugs com 0,7 mm ou mais obstruem machos A síndrome de pandora faz o animal ter dermatopatias, distúrbios alimentares (compulsão alimentar ou pouca vontade de comer), comportamentais, sinais gastrointestinais 36 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti ANATOMIA DO FELINO: ETIOLOGIA MULTIFATORIAL: Muitas teorias possíveis e interligadas • Estresse – Síndrome de Pandora • Neurogênica • Mastocitose vesical • Glicosaminoglicanos • Supersaturação Anotações: No estresse crônico é liberado o cortisol que não vai agir na inflamação, o animal vai continuar inflamado. Os mastócitos são células de resposta ultra rápida, liberam histamina e outros mediadores químicos. A histamina faz vasodilatação, causando um espessamento na mucosa, podendo ter um extravasamento do líquido intravascular para o extra, causando assim o edema. Os mastócitos são hiperreativos, hiperdegranulantes. O animal pode ter dor e disúria! Os glicosaminoglicanos (GAG) são moléculas na superfície do urotélio para se proteger da urina, mas gatos com doença do trato urinário tem falta desse glicosaminoglicanos, causando assim uma lesão O gato supersatura muito a urina • Inflamação neurogênica • Diminuição das glicosaminoglicanas Se obstruir a uretra a bexiga vai começar a dilatar por causa do acúmulo de urina, e os ureteres vão parar de drenar a urina dilatando-o, consequentemente uma pielectasia (dilatação da pelve), sendo bilateral pois a obstrução é mais distal, se for unilateral é devido a obstrução no próprio ureter. O rim fica com uma pressão interna grande, então não vai ter filtração porque o sangue não consegue vencer a resistência interna do rim, causando assim uma menor perfusão no rim e podendo gerar a IRA!! Tudo está relacionado a inflamação. A partir da inflamação vai ter os sinais clínicos O buscopam no gato serve para diminuir os espasmos uretrais Diminuição dos glicosaminoglicanos causa lesão no trato urinário 37 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti CISTITE INTERSTICIAL X OBSTRUÇÃO URETRAL: • Etiologia semelhante • Gravidade aumenta nas obstruções • Primeiros sinais podem ser idênticos • Machos e fêmeas apresentam sinais comuns, mas praticamente só os machos obstruem • Diagnóstico: → Histórico e anamnese ◊ Disúria, polaciúria, estrangúria, hematúria ◊ Situações de estresse geralmente detectável ◊ Obesidade/inatividade ◊ Periúria (fazer xixi em locais inadequados) → Exame físico ◊ Dor à palpação ◊ Outros sinais de estresse/dor ◊ Bexiga espessada/aumentada FELINE GRIMACE SCALE: No consultório: O gato doente e muito quieto no consultório é porque está tendo muita alteração orgânica, por isso que não está conseguindo reagir Se o gato está descompensado e fica muito estressado na consulta, pode acabar piorando a situação e podendo levar a morte do paciente TEM QUE SABER MANIPULAR NO GATO!! • Diagnóstico: → Ultrassonografia ◊ Espessamento da parede vesical ◊ Sedimentos ◊ Coágulos Os primeiros sinais de cistite e obstrução podem ser idênticos: disúria A cistite é uma consequência da síndrome de pandora. A bexiga fica espessada, por isso se chama cistite intersticial, e como fica aumentada dá para palpar ela Confortável: olhos arredondados, bigodes relaxados e orelha levantada Dor; olhos elípticos, bigode espirrado, orelha para trás Muito desconforto: olho fechado por muito tempo, bigode muito aberto, orelha muito abaixadas. 38 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti → Urinálise: ◊ Intensidade da hematúria (em geral +++) ◊ pH urinário (em geral, urina alcalina) ◊ Células inflamatórias (leucócitos/piócitos) ◊ Cristais (a maioria estruvita) A análise dos urólitos/cristais é importante paradiagnóstico ◊ Cultura => Em geral negativa, mas necessária se tem piúria • Diagnóstico definitivo – pouco realizado: → Histopatologia: ◊ Inflamação perineural e perivascular da bexiga ◊ Mastocitose vesical ◊ Edema de mucos ◊ Fibrose → Cistoscopia: ◊ Amostras de mucosa ◊ Padrão típico: − Petéquias submucosas − Epitélio pregueado PROCESSOS OBSTRUTIVOS: • Possíveis causas: → Obstrução física - plugs ou tampões → Disfunção uretral ou vesical – edema, espasmo, fibrose → Interrupção do fluxo => função renal pausa =>pode haver lesão renal (IRA pós-renal) → Conduta terapêutica – CARÁTER EMERGENCIAL → Histórico e sinais clínicos das obstruções: ◊ Dor moderada a intensa à palpação − Animal resiste ao exame, vocaliza, rosna Se é de longa duração: Depressão, náusea, vômitos e odor urêmico (azotemia), hipotermia, bradicardia, decúbito (hipercalemia) => IRA 39 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti − Coluna curvada (dor intensa) − Lambedura excessiva do pênis, períneo ou regiã púbica – lesões por auto-trauma. → A lambedura excessiva no pênis é na tentativa de desobstruir, levando ainda mais ao estresse. TIPOS DE PLUGS: • Mucoproteínas • Cristais • Coágulos • Células • Gotículas de gordura • Restos teciduais • Corpos estranhos DIAGNÓSTICO: • Eletrocardiografia: → Obstruções de longa duração: ◊ Pode fornecer evidências da hipercalemia (K) ◊ Arritmias ◊ Bradicardia ◊ Onda T elevada – 50% maior que a onda R) ◊ Aumento do intervalo P-R Formação da matriz mucóide => resposta à agressão => gel no lúmen Células e cristais + gel = plugs “arenosos” 40 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti ◊ Diminuição ou ausência da onda P ◊ Paralisia atrial ou “stand still” • Tratamento: → Conduta imediata ◊ Objetivos: − Correção das alterações sistêmicas − Equilibrar fluidos e eletrólitos − Restauração da permeabilidade do lúmen uretral → Correção da hipotermia (10C por hora) ◊ Colchões térmicos, bolsas de água quente, fluidos intravenosos mornos. → Fluidoterapia ◊ Correção da desidratação, acidose, azotemia pós- renal, hipercalemia e hiperfosfatemia − Reposição da desidratação => feito em 2 a 6h − Manutenção após reposição – 50 a 66mL/kg (compensa a intensa diurese pós- desobstrução). → 1ª Analgesia para todos → 2ª Anestesia – racional e decidida caso a caso ◊ Não manipular o gato estressado à força! – risco de óbito ◊ Dar preferência para anestesiar o paciente estabilizado ◊ Se não for possível, utilizar doses mais baixas de sedativos ou anestésicos – buscar relaxamento muscular Anotações: Não pode usar antinflamatória precocemente, pois não sabe se o rim está danificado. É feito analgésico para controle de dor (butorfanol ou metadona) A anestesia vem no segundo momento, depois de fazer a fluido e equilíbrio de eletrólitos, para ser mais seguro. Se o gato é muito estressado ai teria que fazer a anestesia logo quando o animal chegar. Tem que corrigir a temperatura do animal, com bolsa de água morna ou tapete que aquece, enquanto vai fazendo outros procedimentos. Pois se o animal tiver frio demais, ele vai fazer vasoconstrição periférica, vai ter menos vitalidade e condições de melhorar do estresse A lambedura excessiva no pênis é na tentativa de desobstruir, levando ao estresse mais ainda. Gato estressado tem risco adicional de ter parada cardiorrespiratória. Começa a canular o gato Tentar fazer o manejo mais catfriendly Corrigir a desidratação antes de fazer a cistocentese de alívio, pois a fluido vai corrigir o líquido eu está faltando, até que o rim volte a funcionar e ter pressão para formação urina, já vai ter a correção da desidratação. Os órgãos que são priorizados quando o animal está hipovolêmico: rim, fígado, coração e cérebro. Fazer a hemogasometria e corrigir a acidose metabólica com bicarbonato Azotemia pós-renal se corrige aliviando a bexiga (cisto de alivio) e fazendo a reposição volêmica. 41 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti ANALGESIA - MANEJO DA DOR E LEVE SEDAÇÃO: ANESTESIA: • Geral → Dexmedetomidina (4µg/Kg IM) → Propofol (5 mg/Kg dose-efeito) • Bloqueio local → Bloqueio de nervo pudendo: Lidocaína 2% com vasoconstritor (0,25mL/Kg) • Inalatória → Alguns autores indicam para evitar a o stress da contenção RESTABELECENDO A PERMEABILIDADE URETRAL – IDEAL: RESTABELECENDO A PERMEABILIDADE URETRAL – ADAPTADO: A metadona pode causar hiperventilação. Tramadol excita, enjoo e não resolve dor aguda apenas dor crônica Morfina causa enjoo e o animal já vai estar enjoado. A dexmedetomidina IM é feita nos gatos que estão muito estressados, não permitem a manipulação e que não deixam canular. Se o gato deixou manipular, canular, fazer a fluido... Aí pode fazer o propofol Depois que anestesiou e estabilizou o paciente, pode fazer a cistocentese de alívio. Se for um animal calmo pode tentar fazer a cistocentese antes da anestesia A professora prefere manusear o pênis do gato só quando ele tiver anestesiado O que desobstrui o gato não é a sonda e sim o Flush. Empurra o líquido e ve se a sonda corre melhor, se a sonda evoluir é porque o plug foi para a bexiga e ali ele não causara problema Manuseio do pênis e massagem suave da bexiga é para gatos que tem a obstrução recente e que estão permitindo a manipulação e que não tem sinais clínicos graves. Faz isso para gerar a micção e a saída do plug. É bom coletar a urina inicial pois ela vem com vários sedimentos e isso vai trazer informações para entender a causa base. Se a massagem suave na bexiga não deu certo tem que fazer a cistocentese de alívio e depois faz a cateterização completa para o Flush. Se for um gato estressado e bravo já tem que começar pela cistocentese de alívio 42 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti EXPOSIÇÃO CUIDADOSA DO PÊNIS: MATERIAIS NECESSARIOS PARA A CISTOCENTESE DE ALIVIO: • Equipamentos para tricotomia • Materiais para antissepsia • Luvas estéreis • Panos de campo/compressas • Scalp 21 ou agulha hipodérmica 30 x 0,7 • Extensor pequeno • Torneira de 3 vias MATERIAIS NECESSARIOS PARA A DESOBSTRUÇÃO: • Equipamentos para tricotomia • Materiais para antissepsia • Luvas estéreis • Lubrificante/anestésico local estéril • Sonda tomcat com guia, sonda uretral no 4 ou sonda de espera do tipo Sovereign* • Extensor pequenoTorneira de 3 vias • Seringas de 3, 5 e 10 Ml • Equipo Macrogotas • Bolsa de coleta de urina ou frasco de soro vazio • Fios de sutura • Compressas esterilizadas Para expor o pênis do gato empurra o prepúcio em direção a coluna, fazendo um ângulo de 90 graus com a coluna para assim conseguir expor a ponta do pênis e depois rebate a ponta do pênis caudalmente. Para cateterizar o animal vai ser preciso estar com o pênis nessa posição, se não vai estar no formato de S, ferindo a uretra. Scapl 21 para ser mais fácil e rápido Agulha 30x0,7 é para gatos mais gordinhos. Tem que fazer a tricotomia no prepúcio e escroto Se fazer o manejo estéril não precisa fazer ATB depois Seringa ideal para desobstruir é a de 3 ml Fios de sutura – nylon 3-0 Sonda por muito tempo e se for grossa pode predispor a uma obstrução de novo. 43 Sara Ferrari e Lorena Fiorotti TRATAMENTO: • Correção da Hipercalemia → Ocorre por retenção e parada da filtração • Restabelecimento do fluxo urinário → Fluidoterapia → Correção: ◊ Bicarbonato de sódio Se há risco de morte iminente: ◊ Glicose + insulina ◊ Gluconato de cálcio 10% - cardioprotetor → IV lenta (1mg/Kg) • Correção da acidose metabólica • Hipocalemia → Monitorar declínio do K → Após desobstrução, por intensa diurese → Sinais aparecem quando abaixo de 2,5 mEq/L → Administrar KCl IV → taxa máxima 0,5 mEq/Kg/h • Conduta frente à hipotensão arterial
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