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Andragogia 
e Educação 
Profissional
Lisiane Lucena Bezerra
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autor 
LISIANE LUCENA BEZERRA
A AUTORA
Lisiane Lucena Bezerra
Olá! Meu nome é Lisiane Lucena Bezerra. Sou Licenciada em 
Ciências Agrarias, mestre em Fitotecnia e doutora em Agronomia/
Fitotecnia, com experiência técnico-profissional na área de licenciatura há 
mais de nove anos. Passei por empresas como a Universidade Estadual 
da Paraíba (UEPB). Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha 
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por 
isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de 
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase 
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Tendências Pedagógicas .........................................................................12
Pedagogia liberal ............................................................................................................................. 13
Tendência tradicional ................................................................................................ 14
Tendência Renovada Progressivista .............................................................. 15
Tendência renovada não diretiva ..................................................................... 16
Tendência liberal tecnicista ................................................16
Pedagogia progressista .............................................................................................................. 17
Tendência progressista libertadora ................................................................ 18
Tendência progressista libertária ..................................................................... 19
Tendência progressista crítico-social dos conteúdos ..................... 20
Pensamento Político-Pedagógico sobre Educação de Jovens e 
Adultos ............................................................................................................ 22
Educação de Jovens e Adultos .............................................................................................22
Pensamento político-pedagógico sobre a educação de jovens e 
adultos .....................................................................................................................................................25
Projeto de Educação para Currículo Andragógico ....................... 30
Projeto educativo ............................................................................................................................ 31
Visões norteadoras para a construção curricular na andragogia ................35
Construção de um Currículo Andragógico ...................................... 39
Currículo andragógico ................................................................................................................ 39
Conteúdos do EJA e seu papel curricular .................................................................... 41
Conteúdos a serem selecionados ......................................................................................42
Os conteúdos e suas dimensões ........................................................................................43
Conteúdos conceituais ...........................................................................................44
Conteúdos procedimentais .................................................................................44
Conteúdos atitudinais ...............................................................................................45
Conteúdos curriculares e sua organização................................................................. 46
9
UNIDADE
02
Andragogia e Educação Profissional
10
INTRODUÇÃO
Você sabia que as tendências pedagógicas são de grande 
importância para a educação, especialmente para a prática docente e 
para as propostas pedagógicas? Dessa forma, o conhecimento dessas 
tendências e perspectivas de ensino contribuem para um trabalho 
direcionado. Assim, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma 
modalidade de ensino para os indivíduos que não concluíram o Ensino 
Fundamental ou Ensino Médio e para os que não conseguiram ter acesso 
à escola no período apropriado, conforme a Educação Básica do Brasil. 
A escola para jovens e adultos além de ser garantida através da 
constituição como um direito apresentado ao aluno, deve também ter tanto 
o processo referente ao ensino como também aprendizado fornecidos e 
com qualidade. O currículo EJA, ao ser discutido, é considerado relevante 
sobre a percepção de que os valores implícitos das práticas utilizadas na 
escola pelos professores assumem uma postura em que define e impera 
sobre os conteúdos a serem escolhidos. Entendeu? Ao longo desta 
unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Andragogia e Educação Profissional
11
OBJETIVOS
Olá! Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você 
no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término 
desta etapa de estudos:
1. Descrever as tendências pedagógicas;
2. Interpretar o pensamento político-pedagógico sobre a educação 
de jovens e adultos;
3. Identificar a construção de um currículo direcionado à andragogia;
4. Entender como pode ser construído um currículo andragógico.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Antes vamos com a frase do grande pensador Paulo Freire: “O mundo não 
é. Ele está sendo!”.
Andragogia e Educação Profissional
12
Tendências Pedagógicas
INTRODUÇÃO:
Ao término do estudo deste capítulo você será capaz de 
entender as tendências pedagógicas. Isso será fundamental 
para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para 
desenvolver essa competência? Então vamos lá. Avante!
As tendências pedagógicas são de grande importância para a 
educação, especialmente para a prática docente e para as propostas 
pedagógicas. Dessa forma, o conhecimento dessas tendências e 
perspectivas de ensino contribuem para um trabalho direcionado.
Diante das dificuldades para se estabelecer a síntese das tendências 
pedagógicas, ainda hoje emprega-se a teoria classificada por José 
Carlos Libâneo (1990) em dois grupos: pedagogia liberal e pedagogia 
progressistas, onde as liberais incluem as tendências tradicional, renovada 
progressista, renovada não diretiva e tecnicista; e as progressistas incluem 
as tendências libertadora, libertária e crítico-social dos conteúdos.
Sendo assim, as tendências pedagógicas se classificam como:
Quadro 1: Classificação das tendências pedagógicas conforme José Carlos Libâneo (1990)
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Pedagogia liberal Pedagogia progressivistaTradicional Libertadora
Renovada progressivista Libertária
Renovada não diretiva Crítico social dos conteúdos
Tecnicista
Fonte: Elabora pela autora com base em Libâneo (1990).
Assim sendo, vamos conhecer cada uma dessas tendências.
Andragogia e Educação Profissional
13
SAIBA MAIS:
José Carlos Libâneo é educador e escritor bastante 
conhecido no meio educacional, pois suas reflexões 
sobre didática e prática de ensino e sobre sua perspectiva 
crítico-social dos conteúdos o colocam entre os mais 
importantes teóricos progressistas da educação. Nasceu 
em 1945 na cidade de Angatuba/SP. Quer saber mais sobre 
as publicações de Libâneo? Recomendamos o acesso ao 
seu currículo lattes, disponível em: https://bit.ly/2QAETsa. 
Acesso em: 01 mar. 2021.
Pedagogia liberal
Na pedagogia liberal a escola tem papel fundamental na preparação 
dos indivíduos, pois é preciso preparar, de acordo com as habilidades 
individuais, de maneira que desempenhe seu papel social. Sendo assim, 
pressupõe-se que o indivíduo necessita adaptar-se tanto aos valores, 
como às normas que vigoram na sociedade de classe, e isso se dá devido 
ao desenvolvimento cultural individual. 
A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças 
de classes, pois, embora difunda a ideia de igualdade de 
oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições. 
Historicamente, a educação liberal iniciou-se com a pedagogia 
tradicional e, por razões de recomposição da hegemonia 
da burguesia, evoluiu para a pedagogia renovada (também 
denominada escola nova ou ativa), o que não significou a 
substituição de uma pela outra, pois ambas conviveram e 
convivem na prática escolar. (LUCKESI, 1994, p. 55)
Com relação ao aspecto cultural, não são consideradas as 
diferenças entre as classes sociais, uma vez que não leva em conta a 
desigualdade existente, mesmo a escola transmitindo a ideia de que 
todos têm oportunidades iguais.
Para Oliveira (2017, p. 18), “as tendências liberais visam a reprodução 
dos modelos sociais, atentando para as necessidades do mercado 
Andragogia e Educação Profissional
14
capitalista, com a finalidade de formar trabalhadores que ocupem as 
vagas pré-definidas pelo mercado”.
Tendência tradicional
Nessa tendência, o principal personagem é o professor, ele é o 
centro e autoritário. Suas aulas são dispositivas, tendo como principal 
foco o conhecimento intelectual e moral. A repetição e a memorização 
mecânica são os métodos utilizados. Dessa forma, todos os alunos são 
passivos, já que o conhecimento não se relaciona com a realidade e/ou 
cotidiano do aluno. Assim, o aluno é como uma folha em branco que será 
preenchida pelos conhecimentos repassados pelo professor, e esse tem 
a obrigação de reproduzi-los. A capacidade de memorização dos alunos 
é testada através de exames. 
Com início no período do Brasil Colônia, pautada nos princípios 
da Igreja Católica Apostólica Romana. Além de utilizar a educação para 
disseminar os dogmas da Igreja, os padres jesuítas ministravam aulas 
que faziam uso da memorização, centralização da figura do professor e 
reprodução dos modelos sociais. (OLIVEIRA, 2017, p. 18)
Figura 1: Pedagogia tradicional
Papel da escola Preparação intelectual e moral dos alunos
Pensadores Comenius Herbart
Aprendizagem Receptiva e mecânica
Professor x aluno
Autoridade do professor que exige atitude 
receptiva do aluno
Conteúdos Verdades absolutas
Métodos Exposição e demonstração por meio de modelos
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
O educando deve alcançar, por meio do seu esforço, sua realização 
plena como pessoa, sendo que isso se dá pela preparação intelectual e 
moral dos alunos para assumir sua posição na sociedade. Os conteúdos 
Andragogia e Educação Profissional
15
não têm qualquer relação com o dia a dia do aluno e muito menos com 
as realidades sociais, pois é intelectualista e enciclopédica. Os exercícios 
têm ênfase na repetição de conceitos ou fórmulas para memorização. 
A autoridade do professor exige atitude receptiva dos alunos e a 
aprendizagem é receptiva e mecânica.
Tendência Renovada Progressivista
Conforme Oliveira (2017, p. 18), essa tendência surgiu no século 
XIX, nas décadas de 1920 e 1930, foi influenciada pelas concepções do 
Movimento da Escola Nova e defendia uma educação acessível a todas 
as camadas sociais, dentre outras ideias. Ainda, para o mesmo autor,
essa tendência pretendia preparar o aluno para a vida, bus-
cando o aprendizado por meio de descobertas, colocando o 
educando no centro do processo de ensino-aprendizagem. 
Essa vertente defende o conceito da cultura como desenvol-
vimento das habilidades individuais, preconizando uma edu-
cação que enfoque a autoeducação (o educando como sujeito 
do conhecimento). (OLIVEIRA, 2017, p. 18)
Figura 2: Pedagogia renovada progressivista
Papel da escola
Adequar as necessidades individuais ao meio 
social
Pensadores
Montessori; Decroly, Dewey; Piaget; Lauro de 
Oliveira Lima
Aprendizagem
Baseada na motivação e estimulação de 
problemas
Professor x aluno
O professor é auxiliador no desenvolvimento livre 
da criança
Conteúdos
Experiências vividas pelo aluno frente à situações-
problema
Métodos Soluções de problemas
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Andragogia e Educação Profissional
16
Na tendência liberal renovada, a escola adapta as necessidades do 
educando ao seu meio social, preparando o aluno para assumir seu papel 
na sociedade. Dessa forma, a tendência tradicional está voltada para o 
professor como centro, e na tendência renovada progressivista, a ideia 
defendida é centrada no aluno, onde ele aprende fazendo, considerando 
seus interesses. 
Tendência renovada não diretiva
Essa tendência preocupa-se mais com os aspectos psicológicos 
do que com os intelectuais. Ela é permeada por objetivos voltados para 
a autorrealização e para as relações interpessoais, com suas bases nas 
teorias do psicólogo norte-americano Carl Rogers, tendo sido descoberta 
no processo de ensino-aprendizagem, o aspecto mais relevante 
(OLIVEIRA, 2017, p. 19).
Figura 3: Pedagogia renovada não diretiva
Papel da escola Formação de atitudes
Pensadores Carl Rogers
Aprendizagem Aprender a modificar as percepções da realidade
Professor x aluno Educação centralizada no aluno
Conteúdos Busca do conhecimento pelos próprios alunos
Métodos Facilitação da aprendizagem
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
A tendência liberal renovada não diretiva é orientada para os 
objetivos de autorrealização (desenvolvimento pessoal) e para as relações 
interpessoais (LUCKESI, 1994, p. 55).
Tendência liberal tecnicista 
Essa tendência teve origem no século XX, com a chegada do 
governo militar e a influência norte-americana na educação brasileira, 
tendo como objetivo formar pessoas com a capacidade de atuar em 
Andragogia e Educação Profissional
17
determinadas funções no mercado de trabalho. Devido a isso, passou-
se a valorizar a utilização da tecnologia na educação e a transmissão e 
assimilação de conhecimentos. 
A tendência liberal tecnicista subordina a educação à sociedade, 
tendo como função a preparação de “recursos humanos” (mão 
de obra para a indústria). A sociedade industrial e tecnológica 
estabelece (cientificamente) as metas econômicas, sociais 
e políticas, a educação treina (também cientificamente) nos 
alunos os comportamentos de ajustamento a essas metas. 
(LUCKESI, 1994, pp. 55-56)
Figura 4: Pedagogia tecnicista
Papel da escola Modelar atráves de técnicas específicas
Pensadores Skinner; Watson; Pavlov
Aprendizagem Baseada no desempenho
Professor x aluno
O professor transmite informações e o aluno deve 
fixá-las
Conteúdos
Informações ordenadas numa sequência lógica e 
psicológica
Métodos
Procedimentos e técnicas para a transmissão e 
recepção de informações
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Nessa tendência, o professor atua fazendo uma ponte entre o aluno 
e a ciência, sendo transmissor de conhecimentoe cumpridor de ordens 
técnicas.
Pedagogia progressista
As tendências progressistas tornaram-se um instrumento de luta 
dos docentes junto de outras práticas sociais, tendo como objetivo 
alcançar a transformação social e econômica. Assim, Luckesi (1994) cita 
que:
Andragogia e Educação Profissional
18
A pedagogia progressista tem-se manifestado em três 
tendências: a libertadora, mais conhecida como pedagogia 
de Paulo Freire; a libertária, que reúne os defensores da 
autogestão pedagógica; a crítico-social dos conteúdos, 
que, diferentemente das anteriores, acentua a primazia 
dos conteúdos no seu confronto com as realidades sociais. 
(LUCKESI, 1994, p. 64)
Tendência progressista libertadora
Tendo como base a obra do educador Paulo Freire, a tendência 
progressista libertadora passou a ter forma na década de 1960 por meio do 
desenvolvimento de um processo de alfabetização com jovens e adultos. 
Esse processo foi desenvolvido por Paulo Freire a partir da situação social 
dos alunos vindos da periferia do Recife (OLIVEIRA, 2017, pp. 26-27).
SAIBA MAIS:
Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) foi um educador, 
escritor e filósofo pernambucano. Tendo sua formação 
inicial em Direito, Freire desistiu da advocacia e atuou 
durante o início de sua carreira como professor de Língua 
Portuguesa no Colégio Oswaldo Cruz, instituição em 
que o professor havia concluído o Ensino Básico. Freire 
também trabalhou para o Serviço Social da Indústria (SESI) 
como diretor do setor de educação e cultura, além de ter 
lecionado Filosofia da Educação na então Universidade de 
Recife. Para saber mais, recomendamos a leitura do artigo 
de Paulo Freire, disponível em: https://bit.ly/3kwzLQI. 
Acesso em: 01 mar.2021.
Essa tendência pedagógica centraliza o foco na cultura que o aluno 
já possui, e o professor necessita aprender a conhecer esse conhecimento 
em poder do aluno.
Andragogia e Educação Profissional
19
Figura 5: Pedagogia libertadora 
Papel da escola
Consciência da realidade em que vivem na busca 
da transformação social
Pensadores Paulo Freire
Aprendizagem Resolução da situação-problema
Professor x aluno A relação é de igual para igual
Conteúdos Temas geradores
Métodos Dialogicidade do conhecimento
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Assim, para Oliveira (2017, p. 27) a tendência libertadora exibe 
características que se contrapõem ao modelo liberal de ensino, 
incentivando a participação ativa do educando através do contexto 
político-social no qual está inserido.
Tendência progressista libertária
Na tendência libertária, conforme Luckesi (1994), o professor tem 
a função de transformar a personalidade do educando, num sentido 
libertário e autogestionário, com o objetivo de promover mudanças 
na estrutura escolar, partindo de situações mais simples até as mais 
complexas, alcançando o sistema educacional como um todo. O professor 
também é concebido como uma espécie de conselheiro.
Figura 6: Pedagogia libertária 
Papel da escola
Transformar a personalidade num sentido libertário 
e de autogestão
Pensadores C. Freinet; Miguel Gonçales; Arroyo
Aprendizagem Informal, via grupo
Professor x aluno O professor é orientador e os alunos livres
Conteúdos As matérias são colocadas, mas não são exigidas
Métodos Vivência grupal na forma de autogestão
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Andragogia e Educação Profissional
20
Conforme Oliveira (2017), no modelo de educação libertária o 
educando passa a ter
liberdade para decidir quando participa ou não da aula e ao 
professor é concedido o direito de negar-se a responder, 
assim como aos próprios alunos, com a justificativa de que 
se possa promover uma reflexão e conclusão coletiva sobre 
determinada situação ou problema. É atribuição do grupo 
promover a participação de todos e se o professor não 
responde alguma dúvida pode ser para que os integrantes 
do grupo encontrem por si mesmos as respostas. (OLIVEIRA, 
2017, p. 24)
Tendência progressista crítico-social dos conteúdos
Essa tendência preocupa-se com uma educação voltada para a 
transformação social e formação de consciência do educando. Surgiu no 
Brasil no final da década de 1970 e início dos anos 1980, período em que 
coincide com o fim da ditadura militar e o início da abertura política do país e 
tem como principal expoente o educador Dermeval Saviani (OLIVEIRA, 2017, 
p. 33).
A tendência da pedagogia crítico-social dos conteúdos 
propõe uma síntese superadora, das pedagogias tradicional 
e renovada, valorizando a ação pedagógica enquanto inserida 
na prática social concreta. Entende a escola como mediação 
entre o individual e o social, exercendo aí a articulação entre a 
transmissão dos conteúdos e a assimilação ativa por parte de 
um aluno concreto (inserido num contexto de relações sociais); 
dessa articulação resulta o saber criticamente reelaborado. 
(LUCKESI, 1994, p. 64)
Andragogia e Educação Profissional
21
Figura 7: Pedagogia crítico-social dos conteúdos
Papel da escola Difusão dos conteúdos
Pensadores
Makarenko; B. Charlot. G. Snyders; Demerval 
Saviani
Aprendizagem
Baseada nas estruturas cognitivas já estruturadas 
nos alunos
Professor x aluno
Papel do aluno como participador e do professor 
como mediador entre o saber e o aluno
Conteúdos
Incorporados pela humanidade frente à realidade 
social
Métodos
Relação direta da experiência do aluno 
confrontada com o saber sistematizado
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos 
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que as 
tendências pedagógicas se classificam em dois grupos: a 
pedagogia liberal e progressista. Na pedagogia liberal, a 
escola tem por função preparar os indivíduos, de acordo 
com as habilidades individuais, para que desempenhem 
seu papel social. Essas tendências são: liberal tradicional, 
liberal renovada progressivista, liberal renovada não diretiva 
e liberal tecnicista. E a pedagogia progressista se tornou um 
instrumento de luta dos docentes junto de outras práticas 
sociais, tendo como objetivo alcançar a transformação 
social e econômica. Essas tendências são: progressista 
libertadora, progressista libertária e progressista crítico-
social dos conteúdos. 
Andragogia e Educação Profissional
22
Pensamento Político-Pedagógico sobre 
Educação de Jovens e Adultos
INTRODUÇÃO:
Ao término do estudo deste capítulo, você será capaz 
de entender o pensamento político-pedagógico sobre 
a educação de jovens e adultos no Brasil. Isso será 
fundamental para o exercício de sua profissão. Motivado 
para desenvolver esta competência? Então, vamos lá. 
Avante!
Educação de Jovens e Adultos
A educação de adultos é utilizada para designar todas aquelas 
atividades educativas destinadas especialmente às pessoas adultas 
(VOGT & ALVES, 2005). 
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino para 
os indivíduos que não concluíram o Ensino Fundamental ou Ensino Médio 
e para os que não conseguiram ter acesso à escola no período apropriado, 
conforme a Educação Básica do Brasil.
Dessa forma, o Estado é responsável por garantir que os indivíduos 
que não tiveram acesso à escola possam voltar a estudar e garantir sua 
participação diante da sociedade. Assim, a educação de adultos é de 
grande importância, pois é um dos principais serviços que favorecem o 
desenvolvimento socioeconômico do país e, consequentemente, tem 
papel decisivo no desenvolvimento da sociedade. 
Figura 8: Aprendizagem em todas as idades
Fonte: Pixabay, 2017. Autor: OpenClipart-Vectors.
Andragogia e Educação Profissional
23
Assim, cada vez mais o indivíduo está buscando se desenvolver 
para alcançar sua realização pessoal, se superar e estar preparado para 
enfrentar as diversas situações que surgem num mundo de constante 
transformações. Isso faz com que ele tenha a necessidadede se educar e 
ir em buscar de conhecimento.
Vale lembrar que o adulto é um ser que está constantemente em 
busca de sua realização pessoal e que traz junto de si uma bagagem de 
informações que foram adquiridas na sua infância e adolescência.
Dessa forma, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um campo 
de práticas e reflexão que inevitavelmente transborda os limites da 
escolarização em sentido estrito. Isso acontece porque abrange processos 
formativos diversos, nos quais podem ser incluídas iniciativas, visando a 
qualificação profissional, o desenvolvimento comunitário, a formação 
política e um sem número de questões culturais pautadas em outros 
espaços que não o escolar. 
Figura 9: Pedagogia crítico-social dos conteúdos
Questões culturais.
Formação política.
Desenvolvimento comunitário.
Qualificação profissional.
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Ainda, mesmo quando se focalizam os processos de escolarização 
de jovens e adultos, o cânone da escola regular, com seus tempos e 
espaços rigidamente delimitados, imediatamente se apresenta como 
problemático. Trata-se, de fato, de um campo pedagógico fronteiriço, que 
bem poderia ser aproveitado como terreno fértil para a inovação prática 
e teórica.
Andragogia e Educação Profissional
24
Para Di Pierro, Joia e Ribeiro (2001):
Quando se adotam concepções mais restritivas sobre o 
fenômeno educativo, entretanto, o lugar da educação de jovens 
e adultos pode ser entendido como marginal ou secundário, 
sem maior interesse do ponto de vista da formulação política e 
da reflexão pedagógica. Quando, pelo contrário, a abordagem 
do fenômeno educativo é ampla e sistêmica, a educação de 
jovens e adultos é necessariamente considerada como parte 
integrante da história da educação em nosso país, como uma 
das arenas importantes onde vêm se empreendendo esforços 
para a democratização do acesso ao conhecimento. (DI 
PIERRO; JOIA; RIBEIRO, 2001, p. 58)
A educação de jovens e adultos tem características de uma 
educação compensatória, tentando suprir a escolarização daqueles que 
não a tiveram na idade adequada, dessa forma, sendo direcionada aos 
mais pobres.
Para Haddad (1992, p. 4), no Brasil, a educação de jovens e adultos 
se constituiu muito mais como produto da miséria social do que do 
desenvolvimento. É consequência dos males do sistema público regular 
de ensino e das precárias condições de vida da maioria da população, 
que acabam por condicionar o aproveitamento da escolaridade na época 
apropriada.
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre a história da Educação de Jovens 
e Adultos no Brasil, recomendamos a leitura do artigo: 
“Tendências históricas da educação dos jovens e adultos 
no Brasil: da subordinação a tentativas de emancipação” 
(PEREIRA, 2014). Disponível em: https://bit.ly/3bPFb5o. 
Acesso em: 01 mar. 2021.
Andragogia e Educação Profissional
25
Pensamento político-pedagógico sobre a 
educação de jovens e adultos
Diante de tanta desigualdade e insegurança, a educação de jovens 
e adultos sugere, como novo paradigma, que a aprendizagem seja não 
só um fator de desenvolvimento pessoal, como também é preciso que 
os indivíduos façam parte de uma sociedade mais justa, mais solidária, 
democrática pacífica e sustentável. 
Figura 10: Inclusão de todos os indivíduos
Fonte: Pixabay, 2017. Autor: geralt.
Aproveitando-se do descaso do Estado com os menos favorecidos 
e com sua educação, a escola libertária se mostra preocupada com a 
classe trabalhadora. Por meio do ensino formal, incluíam-se nessa 
clientela crianças, jovens e adultos; e por meio de Centros de Cultura 
Social, organizavam-se as palestras, os jornais operários, a panfletagem, 
as greves, os centros de estudos sociais, que serviam de suporte técnico. 
Desse modo, o conteúdo estava à disposição do aluno, incluindo as 
experiências vividas pelo grupo (TARTARI, 2013).
Conforme Libâneo (2012 apud TARTARI, 2013, p. 41), 
o papel atribuído à escola é que ela proporcione ao aluno um 
perfil libertário e autogestionário. Sendo assim, tem o início 
com o movimento aos menos favorecidos, que se amplia 
como rede e, por fim, estendendo-se por todo o sistema. 
Nesse caso, com base na participação grupal, a escola 
estabelecerá mecanismos institucionais de mudança. Além da 
formação de grupos com perfis educativos com características 
autogestionárias.
Andragogia e Educação Profissional
26
Figura 11: Mecanismos institucionais de mudanças
Assembleias Conselhos Eleições Reuniões Associações
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Os adultos adquirem conhecimento em seu ambiente societário por 
meio das experiências vivenciadas no dia a dia e no ambiente educativo 
formal, o qual é sistematizado e planejado exclusivamente para os adultos.
Para Galván (2004 apud VOGT; ALVES, 2005, p. 203):
A educação de adultos não se constitui em si mesma em 
um instrumento de transformação social, uma vez que seu 
significado e sua intencionalidade dependem do marco 
ideológico-político-filosófico no qual se assenta a proposta 
pedagógica. Entretanto, o autor afirma que a ação educativa 
pode proporcionar mudanças nas estruturas sociais, no 
âmbito individual – pelo desenvolvimento para o trabalho, 
pela inserção social ou ocupação construtiva do tempo livre 
- ou como projeto político de transformação da sociedade – 
com a participação ativa de seus membros. (GALVAN, 2004 
apud VOGT; ALVES, 2005, p. 203)
Assim sendo, a construção curricular passa a ter papel de 
fundamental importância, pois é preciso fornecer aos educandos do EJA 
subsídios para que eles sejam indivíduos críticos, ativos, democráticos e 
criativos, para fortalecê-los e para que possam se instituir como seres 
sociais. 
Os educandos possuem uma grande diversidade e, nesse caso, 
essas diferenças atingem principalmente o meio social, portanto, é 
preciso que a Educação de Jovens e Adultos proporcione atendimento 
especializado para cada público cultural, pois é necessário que esses 
educandos conheçam outras formas de socialização dos conhecimentos 
e de outras culturas. Isso acontece porque existe a necessidade de 
adequação das condições.
Andragogia e Educação Profissional
27
Figura 12: Indivíduo com pensamento crítico, ativo, criativo e democrático
Fonte: Pixabay, 2018. Autor: Disponível em: mohamed_hassan.
Sendo assim, a Educação de Jovens e Adultos precisa se adequar 
ao perfil desses educandos, já que isso implica na diversidade, como: 
diferença de idade, nível de escolaridade, situação socioeconômica, 
situação cultural, sua ocupação e o motivo que o levou a voltar a estudar.
Paulo Freire começou com um método inovador que trazia a ideia 
de trabalhar com adultos um repertório que tivesse significados, questões 
que os educandos entendessem, que trouxesse a realidade, falasse do 
dia a dia, suas experiências, rompendo assim as premissas do ensino 
voltado para cartilhas, que eram utilizadas na alfabetização.
Dessa forma, Paulo Freire utilizou suas experiências para aplicar 
esse método inovador com os adultos. 
SAIBA MAIS:
Você sabia que Paulo Freire ensinou mais de 300 adultos a 
ler em apenas 45 dias? Isso mesmo! Isso aconteceu no Rio 
Grande do Norte. Para saber, recomendamos a leitura da 
reportagem: “1ª turma do método Paulo Freire se emociona 
ao lembrar das aulas”. Disponível em: https://glo.bo/3uIJoAr. 
Acesso em: 01 mar. 2021.
Andragogia e Educação Profissional
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Esse método é retratado muito bem na obra de Paulo Freire 
Pedagogia do Oprimido, que traz algumas situações do tipo:
Figura 13: Situações do método inovador de Paulo Freire
A educação não é neutra
O processo educativo é ato político
Pedagogia pautada na libertação
Dialógica e dialética
Levar o aluno à leitura de mundo
Professor deve ser provocador de situações
Professor deve ser um animador cultural
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
O pensador mostra que nada na educação é neutro, pois toda 
neutralidade tem uma intencionalidadee essa intenção é política. Não 
existe neutralidade na forma de lidar com um aluno, por exemplo, nem no 
conteúdo que o professor escolhe a ser apresentado para o aluno. Portanto, 
o processo educativo é ato político porque diz respeito a relacionamento, à 
vida social, à organização da sociedade, a direitos e deveres.
Na sua obra, Paulo Freire entende que os processos educacionais 
trazem o sujeito para o campo da opressão. Passa a ser também 
conscientizadores de todas as situações vivenciadas pelo indivíduo, 
sendo ampliados a partir da dialógica com a dialética, sendo uma relação 
extremamente dialógica, pois se tem uma relação com o aluno voltada 
para o diálogo.
Dialética: “Arte do diálogo; arte de, através do diálogo, fazer a 
demonstração de um tema, argumentando para definir e distinguir com 
clareza os assuntos e conceitos debatidos nessa discussão”. “Processo de 
busca da verdade por meio da argumentação e/ou da discussão racional, 
tentando demonstrar alguma coisa” (DICIO, 2021).
Andragogia e Educação Profissional
29
EXEMPLO:
É a questão da dialética que permite entender que algo que é 
hoje, amanhã pode não ser mais. Que a opinião sobre algo hoje pode 
ser transformada amanhã. Que uma opinião considerada certa pode ser 
considerada errada por outra pessoa. Isso pode acontecer em diversas 
possibilidades, sem certezas definitivas e absolutas.
O trabalho realizado na escola deve levar ao aluno a leitura de 
mundo, fazer o aluno entender as relações estabelecidas. O professor é 
provocador de situações, que instiga e amplia a curiosidade dos alunos, 
para irem em busca do conhecimento. Além disso, ele deve ser um 
animador cultural, para colocar as culturas para serem vivenciadas e 
permitidas. 
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter 
aprendido que o pensamento político pedagógico sobre 
a educação de jovens e adultos é de grande importância 
para sociedade brasileira. A Educação de Jovens e Adultos 
(EJA) é uma modalidade de ensino para os indivíduos que 
não concluíram o Ensino Fundamental ou Ensino Médio 
e para os que não conseguiram ter acesso à escola no 
período apropriado, conforme a Educação Básica do 
Brasil. Isso faz com que o indivíduo tenha necessidade 
de educar-se e ir em busca de conhecimento. Como os 
educandos possuem uma grande diversidade, essas 
diferenças atingem principalmente o meio social, então é 
preciso que a EJA proporcione atendimento especializado 
para cada público cultural, sendo necessário que esses 
educandos conheçam outras formas de socialização dos 
conhecimentos e de outras culturas. Paulo Freire começou 
com um método inovador que trouxe a ideia de trabalhar 
com adultos um repertorio com significados, fazendo 
com que os educandos entendam trazendo-os para sua 
realidade, falando do seu dia a dia e das suas experiências.
Andragogia e Educação Profissional
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Projeto de Educação para Currículo 
Andragógico
INTRODUÇÃO:
Ao finalizar o estudo deste capítulo, você será capaz 
de entender como pode ser construído um currículo 
direcionado à andragogia. Isso será de fundamental 
importância para o exercício de sua profissão. Motivado para 
desenvolver esta competência? Então, vamos lá. Avante!
A escola para jovens e adultos além de ser garantida por meio da 
constituição como um direito apresentado ao aluno, deve também ter 
tanto o processo referente ao ensino como o aprendizado fornecidos e 
com qualidade. 
Diante disso, há uma exigência sobre o professor de jovens e adultos, 
de forma que devem ter um olhar criterioso em relação às questões que 
envolvem a ligação entre o professor, o aluno e o conhecimento, de 
maneira que o sucesso escolar pode ser interferido devido a essa relação.
Para isso, fatores importantes devem ser considerados para um 
processo de ensino-aprendizagem de qualidade.
Figura 14: Fatores para o processo ensino aprendizagem
Contrato didático
Gestão de tempo
Organização do espaço
Recursos didáticos
Interação e cooperação
Interação da escola com as práticas sociais
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Andragogia e Educação Profissional
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Projeto educativo
Em todas as escolas há o desenvolvimento de uma proposta 
educativa, porém nem sempre é explícita, e essa falta de clareza ou 
consciência resulta em dificuldades para que o trabalho em coletividade 
da equipe escolar seja realizado.
Para que os princípios e as metas, que têm como objetivo orientar 
as ações da equipe escolar, sejam alcançados, faz-se necessário que os 
envolvidos em sua totalidade devem ter clareza sobre o que é proposto. 
Isso explica a grande importância de a proposta educativa ser concretizada 
para que esse projeto norteie o trabalho da equipe (MEC, 2002).
Um dos aspectos que tem mais relevância no que tange ao EJA 
sobre o projeto educativo, está relacionado à forma isolada que esses 
cursos ocupam nas unidades escolares. No entanto, esses cursos não 
podem ser considerados apenas cursos paralelos dentro da escola, pois 
a educação de jovens e adultos também integra o projeto educativo 
proposto na escola.
Assim, as oportunidades devem ser oferecidas aos professores 
que lecionam no EJA, para que possam participar diretamente, tanto na 
discussão como na elaboração do projeto educativo que será utilizado. 
Com isso, os alunos têm garantias, como as suas especificidades que 
serão consideradas como direitos iguais aos demais alunos no que se 
refere à utilização, tanto de espaços como de materiais, além de conseguir 
o respeito da equipe e ter interação com os outros. 
Para que um projeto educativo seja realizado, é necessário um 
processo de continuidade em que a prática pedagógica deve ser bem 
refletida. Para esse processo ocorrer, é de fundamental que a equipe 
realize:
 • Discussões;
 • Propostas;
 • Práticas do que foi proposto;
 • Acompanhamentos;
Andragogia e Educação Profissional
32
 • Avaliações;
 • Registro de ações.
Essas atividades servirão para o desenvolvimento e alcance de 
objetivos que foram traçados de forma coletiva. Cotidianamente, ao 
trabalhar com seus alunos, o conhecimento pedagógico é construído e 
reconstruído, tanto em sala de aula como fora dela. 
Para a elaboração do projeto, ocorrem discussões e a coletividade 
dos valores é exposta pela escola, onde as prioridades são delimitadas, os 
resultados que se deseja alcançar são definidos e a autoavaliação sobre 
o seu trabalho é incorporado, tudo girando em torno do conhecimento 
existente na comunidade onde tem atuação, como também a 
responsabilidade a ela dedicada. 
De acordo com Rechlinski e Schwertner (2017), segundo os 
princípios andragógicos, o centro da aprendizagem está no aprendiz, em 
que há uma divisão no processo de aprendizado, ou seja, divide-se entre 
os que participam desse processo. Para as autoras: 
 [...] O adulto com sua maturidade desenvolve a autonomia e 
o comprometimento com seu aprendizado, faz experiências 
para utilizar na vida prática, o conhecimento. Estuda porque é 
movido pela oportunidade de solucionar melhor os problemas 
que se apresentam em sua vida, por esse motivo, querem ter 
controle sobre o conteúdo do aprendizado [...]. (RECHLINSKI; 
SCHWERTNER, 2017, p. 2)
Então, para a elaboração e o desenvolvimento de um projeto 
educativo serem conferidos na escola, não significa que as instâncias 
dos governos devam se omitir frente a isso, tanto no ponto de vista da 
pedagogia quanto em questões financeiras e administrativas. 
Dessa maneira, para se desenvolver e elaborar um projeto educativo, 
devem ser repensados a função, o papel, o foco, os valores e a finalidade 
da educação escolar.
Andragogia e Educação Profissional
33
IMPORTANTE:
Devem ser observados os pontos sobre a motivação dos 
alunos, se suas características são consideradas, seusanseios, suas necessidades como também da sociedade 
em que esse aluno está inserido e sua comunidade 
local. Com isso, variadas formas devem ser encontradas 
pela escola para mobilizar e organizar tanto os alunos 
quanto as comunidades, possibilitando a integração em 
vários espaços educativos existentes na sociedade e, 
principalmente, a criação de ambientes onde as atitudes 
criativas do cidadão possam ser reforçadas, como também 
ele participe de um maior leque de opções em relação à 
educação (BRASIL, 2002).
Com isso, para que se desenvolva e se elabore um projeto educativo, 
alguns aspectos devem ser observados, segundo o MEC (2002), são eles:
 • O projeto educativo deve ter a perspectiva do presente: nesse 
ponto, deve-se levar em consideração que tanto o jovem quanto 
o adulto podem estar atravessando momentos considerados 
muito especiais referentes a sua existência, eles podem 
estar experimentando esses momentos da vida humana com 
especificidade. Por isso, deve-se dar a devida importância para 
que a vida desses alunos seja conhecida pelo professor, ao 
perceber que a escola busca interesse pelas suas necessidades, 
suas preocupações ou seus problemas, há desenvolvimento de 
autoconfiança no aluno, como também ele passa a confiar mais nos 
outros. Com isso, seu desempenho escolar pode ser melhorado.
 • O projeto deve ser caracterizado, dimensionando-o como futuro, 
em que as formas que os alunos devem ser inseridos no mundo 
que envolve as relações de trabalho, culturais e social devem ser 
feitas antecipadamente. Dessa forma, a escola apresenta uma 
proposta ainda inexistente, porém é uma possibilidade realista, 
que pode ser alcançada de forma gradativa.
Andragogia e Educação Profissional
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 • O sistema de planejamento deve ser repensado, em que metas 
devem ser definidas para que possam ser atingidas, por meio do 
estabelecimento de cronogramas, assim havendo continuidade 
nas propostas. A utilização de recursos necessários deve ser 
prevista, sem desperdícios e devem ser usados funcional e 
plenamente, entre outros aspectos.
 • A elaboração e o desenvolvimento de um projeto educativo 
devem ser feitos com suficiência de tempo para que ele possa ser 
analisado, discutido e reelaborado continuamente se necessário, 
incluído em um clima favorável na instituição e que seja elaborado 
com objetividade de condições. Destacando-se que não se atinge 
rapidamente essa prática coletiva de reflexão e que a escola 
apresenta complexidade em sua realidade, sem a possibilidade 
de tratar as questões de forma simplista e fáceis de resolver.
 • Por fim, ao realizar o projeto educativo de forma contínua, 
apresenta maior possibilidade de conhecimento sobre o 
desenvolvimento de ações feitas por professores diferentes, onde 
toda a equipe escolar reflete e tem o projeto como base para 
dialogar. Em relação aos professores, ao fazer e exercitar o projeto, 
veem o desenvolvimento de suas atividades com mais coerência 
e o mais importante é que fornece para sua formação profissional 
contribuições efetivas, com o favorecimento para que possam 
refletir e atuar dentro da realidade a qual estão compreendidos 
em seu ambiente de trabalho. 
A base para que haja reflexão e elaboração de um projeto educativo 
é o acúmulo de experiências dos profissionais que fazem parte da escola. 
Torna-se fundamental para a elaboração e o desenvolvimento que a 
equipe constituinte da escola conheça seus alunos, de forma a identificar 
aspectos como:
 • Suas necessidades;
 • Situações socioeconômicas;
 • Suas expectativas;
Andragogia e Educação Profissional
35
 • Seu dia a dia;
 • O que fazem fora da escola.
Para que essas informações sejam obtidas, é necessário realizar a 
coleta de dados e organizá-los.
No que se refere às discussões concretas sobre a construção de 
um projeto, torna-se fundamental que a equipe escolar tenha atenção 
sobre alguns pontos (Figura 15):
Figura 15: Pontos de atenção sobre o projeto educativo
Valorização do processo de planejamento, onde a tomada de 
decisões parte da consistência das reflexões realizadas e que há 
participação.
Um tempo deve ser destinado de forma adequada para que o 
planejamento seja realizado e avaliado.
Os trabalhos referentes ao planejamento devem ser organizados 
objetivando a garantia do tempo, como também de espaço, para que 
o grupo formado por professores faça suas reflexões.
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Visões norteadoras para a construção 
curricular na andragogia
Para fundamentar uma proposta curricular direcionada à educação 
de jovens e adultos, busca-se a identificação de concepções, desse modo 
ganhando destaque o educador Paulo Freire e sua contribuição.
O educador Paulo Freire tem como proposta o foco no aluno 
e no professor e a relação entre eles, como também entre o aluno e o 
conhecimento, que enfatiza o quanto é importante respeitar a experiência 
e a identidade cultural que fazem parte dos alunos e da construção dos 
saberes que foram obtidos devido a seus afazeres. De acordo com o MEC 
(2002): 
Andragogia e Educação Profissional
36
[...] Freire coloca o aluno como sujeito, e não como objetivo do 
processo educativo, afirmando sua capacidade de organizar 
a própria aprendizagem em situações didáticas planejadas 
pelo professor, num processo interativo, partindo da realidade 
desse aluno [...]. (BRASIL, 2002, p. 97)
A partir dessa pressuposição é realizada uma crítica sobre os 
procedimentos utilizados na pedagogia, pois o professor está atuando 
como um transmissor de conhecimentos, considerando-se que apenas 
ele detém todo o conhecimento, enquanto o aluno apenas escuta como 
se não soubesse de nada.
Em contrapartida, surge uma proposta para que entre o aluno e 
o professor prevaleça um novo tipo de relação, onde a verticalidade é 
deixada de lado e a prevalência da visão sobre o mundo que é imposta 
pelo professor é substituída por uma relação horizontal, possibilitando 
diálogos entre ambas as visões, tanto do professor quanto as dos alunos, 
remetendo igualdade, e dessa forma o conhecimento é efetivado.
O educador Paulo Freire propunha que apenas o recebimento 
de conhecimentos não caracterizava um processo educativo dirigido 
aos alunos, onde são oferecidos conhecimentos ditos como prontos e 
acabados. Para ele, o estímulo deve refletir sobre os conhecimentos que 
estão circulando e se transformando constantemente; a produção cultural 
está presente tanto em professores quanto nos alunos, nesse caso, todos 
têm a possibilidade de ensinar e aprender, de forma que o processo de 
aprendizagem é permanente nos sujeitos que fazem parte da educação. 
Quando os alunos da escola de jovens e adultos chegam no 
ambiente escolar, eles já trazem vários conhecimentos que apesar de 
não serem os que a escola sistematizou, são conhecimentos adquiridos 
durante a sua vida, os quais devem ser respeitados e utilizados como o 
ponto o qual favorecerá o aluno a adquirir outros conhecimentos. 
O professor tem como desafio considerar e utilizar estratégias 
para associar o conhecimento a ser repassado junto ao conhecimento já 
existente do aluno. Essas estratégias devem ser explícitas e passíveis à 
comparação com outros algoritmos que foram construídos por antigas 
Andragogia e Educação Profissional
37
civilizações. A exemplo, temos as técnicas de operação, que são 
baseadas no sistema que engloba a numeração decimal, levando assim 
ao conhecimento do aluno que a construção do conhecimento oferecido 
pela escola está diretamente relacionada com os conhecimentos que já 
foram construídos pelo cotidiano de sua vida, vendo a grande utilidade 
que ambos têm ao serem ampliados e relacionados. 
As obras de Paulo Freire têm um aspecto que apresenta grande 
destaque, que se refere à educação e sua afirmação, apresentando 
caráter que proporcione para a realidade:
Figura 16: Pontos para a afirmação da educação
Libertação EmancipaçãoProblematização
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Esses pontos propostos por Freire para que uma educação possa 
ser afirmada atendendo os objetivos de aprendizado propostos sobre o 
aluno, se contrapõe a uma educação submissa. 
Com isso, tanto a opção quanto a ação educacional não apresentam 
neutralidade, estando sempre favorecendo um posicionamento político, 
repercutindo na relação entre: 
 • Professor;
 • Aluno;
 • Conhecimento.
Por consequência, reflete no modelo em que se pretende formar 
o ser. Ao acatar a opção pela educação que tem papel transformador, o 
professor deve utilizar uma educação que forneça problematização em 
sua essencialidade, tendo como pressuposição a reflexão e a criatividade 
no que se refere à realidade, assumindo desse modo um compromisso 
sobre sua mudança.
Andragogia e Educação Profissional
38
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos assistir ao 
vídeo: “Pedagogia libertadora de Paulo Freire”. Disponível 
em: https://bit.ly/2QDMV3t. Acesso em: 02 mar. 2021.
Portanto, uma educação libertadora proposta por Freire refere-se ao 
ato de saber, o ato de conhecimento e um método de transformação da 
realidade que se busca conhecer, migrando de uma consciência envolta 
pela ingenuidade para uma consciência repleta de criticidade, e para que 
isso ocorra é necessário que o aluno vá além de escutar e obedecer, para 
que ele não se torne incapaz e ignorante.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
sobre os pressupostos de um projeto educativo necessário 
para que um currículo direcionado à educação de jovens 
e adultos seja construído, como também observamos 
sobre pontos norteadores para essa construção através 
da educação libertadora proposta por Freire, pontos esses 
que abrangem a relação que envolve o professor, o aluno 
e suas relações sobre o conhecimento, indicando que esse 
conhecimento deve abranger tanto o fornecido pela escola 
no papel do docente como o conhecimento já existente no 
aluno que foi adquirido no decorrer de sua vida. 
Andragogia e Educação Profissional
39
Construção de um Currículo Andragógico
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
como pode ser construído um currículo andragógico. Isso 
será fundamental para você exercer sua profissão, uma 
vez que a educação de adultos de extrema importância. 
Motivado para desenvolver esta competência? Então, 
vamos lá. Avante!
Currículo andragógico
O currículo EJA, ao ser discutido, é considerado relevante sobre a 
percepção de que os valores implícitos das práticas utilizadas na escola 
pelos professores assumem uma postura em que define e impera sobre 
os conteúdos a serem escolhidos (SANTOS; PEREIRA, 2017, p. 6871).
Para uma possível organização curricular direcionada, a educação 
de jovens e adultos consiste na identificação de suas capacidades, de 
competências ou de habilidades que intencionem construir e desenvolver 
nos jovens e adultos, as quais são tomadas como indicação por essa 
proposta pedagógica. Ela deve ser guiada, como também selecionar e 
organizar os conteúdos em vários campos de conhecimento, como os 
tempos e espaços serão destinados, entre outros.
No que se refere à definição dos objetivos gerais para o Ensino 
fundamental, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) designam 
capacidades ligadas aos seguintes aspectos: 
Figura 17: Aspectos que designam capacidades
Cognitivos Afetivos Físicos Éticos Estéticos
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Andragogia e Educação Profissional
40
Esses aspectos abrangem tanto sua inserção como sua atuação 
na sociedade, expressando assim uma formação que é básica, como 
também necessária para que a cidadania seja exercida, por isso, as 
abordagens didáticas e os conteúdos a serem selecionados devem ser 
norteados. Deve-se levar em conta que na atualidade há uma exigência 
sobre suas capacidades, onde as várias dimensões que fazem parte da 
vida devem se relacionar, como: família, trabalho, participação social e 
política, lazer e cultura.
As mudanças que ocorrem na atualidade exigem a melhor 
compreensão do mundo, de forma que se tenha criticidade suficiente 
para poder atuar, ter responsabilidade e exercer transformação. É dentro 
desse contexto que a definição das capacidades deve ser desenvolvida 
na educação fundamental. 
As questões da sociedade, da cultura e economia devem ser 
tematizadas de forma profunda, não apenas focando no meio em que 
se insere os cursos de educação de jovens e adultos, o país e o mundo 
devem ter relações estabelecidas com uma amplitude de dimensões, 
pois de acordo com o MEC (2002) referentes a esse tipo de educação 
relata que:
[...] os alunos do EJA conhecem bem a discriminação social de 
todas as ordens. As vivências de determinadas experiências 
os levam a esconder sua origem e a renegar ou desvalorizar 
aspectos de sua cultura, por considerá-los menores ou sem 
importância [...]. (BRASIL, 2002, p. 116)
Baseando-se nisso, deve haver empenho do curso no intuito de 
construção e reconstrução por parte do aluno sobre: os saberes populares, 
as suas festas, os seus costumes e suas danças. De forma a valorizá-los e 
perceber o quão o patrimônio que envolve a sociedade e cultura do país 
são ricos.
Outras questões que vêm ganhando destaque e sendo divulgadas 
através dos meios de comunicação está relacionada ao meio ambiente. 
Porém, mesmo apresentando sensibilização para essa problemática, 
os alunos do EJA não se veem como agentes que podem transformar 
Andragogia e Educação Profissional
41
a sociedade ou ter a percepção que por meio de suas ações, tanto de 
forma individual ou em coletividade, possivelmente possam realizar 
as mudanças que são necessárias. E é no decorrer do curso que essa 
capacidade deve passar por uma construção. 
Outro requisito considerado para que os alunos do EJA sejam 
inseridos socialmente é o uso de recursos tecnológicos de informação 
e comunicação, e essa capacidade só será desenvolvida se for oferecida 
pela escola oportunidade de acesso para os alunos. 
Conteúdos do EJA e seu papel curricular
De acordo com uma parcela de educadores, a definição de 
aprendizado e estudo não se baseiam de uma ou outra área de 
conhecimentos, de um ou outro conteúdo, e sim em temas considerados 
relevantes para o aprendizado.
Outra parcela pressupõe a necessidade de realizar um trabalho 
partindo-se do conhecimento já existente nos alunos, nos saberes que 
foram construídos no decorrer de sua vida, juntamente com acessibilidade 
a novos conhecimentos, tendo um cenário inclusivo e sem que ocorram 
episódios de discriminação.
A proposta referente ao currículo direcionado ao EJA não pode 
apenas ser apenas a convivência de forma simplificada e o estudo de 
disciplinas separadas, mas também a interdisciplinaridade.
Nela deve ser permitido o aprofundamento dos conhecimentos 
das disciplinas como uma tarefa exercitada permanentemente e junto 
realizar indagações se esses conhecimentos são relevantes e apresentam 
pertinência para os seguintes pontos: compreensão, planejamento, 
execução, avaliação de situações cotidianas e amplo sentido. 
No entanto, precisa-se debater e definir o grau em que se abrangerá 
e que serão aprofundados os conhecimentos ligados às disciplinas, visto 
a complexidade dessa tarefa. É importante destacar que a referência de 
uma proposta curricular é que as capacidades sejam desenvolvidas, e 
que sejam demandadas estratégias direcionadas à didática, que resultam 
em privilégios para que situações-problema contextualizadas sejam 
Andragogia e Educação Profissional
42
resolvidas, como também para realizar e formular projetos, em que a 
interdisciplinaridade se torne indispensável. 
Para finalizar, deve haver flexibilidade, diversificaçãoe participação, 
baseando-se nos interesses e nas necessidades dos indivíduos, de forma 
que as realidades sociais e culturais sejam levadas em consideração, 
como também a sua realidade, tanto científica quanto tecnológica, e a 
partir disso o saber terá reconhecimento. 
Conteúdos a serem selecionados
A seleção de conteúdos passa por um processo, no qual é 
apresentado um desafio, a identificação de duas características entre os 
variados campos em diferentes áreas de conhecimento, são elas:
 • Quais conteúdos apresentam relevância social?
 • Quais contribuem para que o intelecto do aluno se desenvolva?
Devem ser selecionados conteúdos que provoquem favorecimento, 
em que a coordenação do raciocínio seja desenvolvida, assim como 
sua intuição, capacidade de analisar criticamente e no que se refere à 
interpretação de fatos e fenômenos devem ser constituídos esquemas 
com logicidade de referência (BRASIL, 2002, p. 120).
A seleção de conteúdos que irão ser trabalhados pode ser 
realizada de forma mais ampla. Porém, para que novos conhecimentos 
sejam produzidos e assimilados, faz-se necessário que sua identificação 
contemple formas e saberes culturais.
Figura 18: Os conteúdos devem englobar
Explicações
Formas de 
raciocínio
Linguagens Valores
Sentimentos Interesses Condutas
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Andragogia e Educação Profissional
43
Os conteúdos se dimensionam nesta proposta, não somente em 
conceitos, mas também atitudes e procedimentos que se apresentam de 
duas formas baseando-se em cada área, sendo elas: blocos de conteúdo 
e eixos temáticos.
Nessas formas, as especificidades dos conteúdos são distinguidas, 
tendo como resultado o objetivo do trabalho apresentado de maneira 
mais clara, tornando-se vantajoso tanto para o professor como para o 
aluno, sendo de fundamental importância conhecer o que se ensina e o 
que se aprende. 
Cabe ressaltar sobre a existência de diversidade no país, sugerindo 
que nas salas de aula os conteúdos a serem trabalhados devem ser 
alterados e adaptados, direcionando a localidade em que os alunos estão 
inseridos, tendo como base suas características econômicas, culturais e 
sociais. Com isso, as diferentes propostas curriculares servem como uma 
referência abrangente, para serem analisadas por professores e técnicos 
e, a partir daí, decidirem e fazerem reflexão, de forma a adequar os 
conteúdos às necessidades educacionais de aprendizado que os alunos 
apresentam. 
Os conteúdos e suas dimensões
Para realizar a escolha dos conteúdos que serão trabalhados, é 
necessário ter consideração sobre uma visão mais ampla, levando em 
conta além dos conteúdos conceituais, os baseados em procedimentos 
e atitudes. 
Figura 19: Tipos de conteúdos
Conteúdos 
de natureza 
conceitual
Conteúdos 
de natureza 
atitudinal
Conteúdos 
de natureza 
procedimental
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Andragogia e Educação Profissional
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Conteúdos conceituais 
Eles englobam os conceitos e suas abordagens, os princípios e os 
fatos, neles a intelectualidade é construída de forma ativa, com o intuito 
de operações direcionadas a ideias, símbolos e signos, que é a realidade 
representadas por eles. 
Essa forma de aprendizagem ocorre por sucessividade de 
aproximação.
A sucessividade de aproximação para que o aluno tenha melhor 
aprendizado refere-se ao fato de que o aluno pode aprender sobre 
qualquer tema referente a conhecimentos, fazendo-se necessária a 
aquisição de informações pelo aluno. Situações devem ser vivenciadas a 
fim de identificar os conceitos que estão dispostos, em que no decorrer 
de sua experiência possam ser construídas generalizações parcialmente, 
que com o tempo irão se abranger cada vez mais. Dessa forma, eles serão 
levados a compreender princípios em que a abstração apareça em um 
nível mais elevado (BRASIL, 2002, p. 121).
Com isso, a depender da diversificação inserida nas atividades a 
serem realizadas, os alunos irão buscar:
 • Fatos e informações;
 • Regularidades;
 • Generalizações e produtos serão realizados.
Dessa forma, mesmo sendo analisados parcialmente, pode-se haver 
verificação sobre o aprendizado do conceito, se ele está demonstrando 
satisfatoriedade. 
Conteúdos procedimentais 
Esse tipo de conteúdo tem expressividade sobre o saber fazer, 
envolvendo a tomada de decisões e realização de ações em série, sem 
aleatoriedade e de forma ordenada, no intuito de alcançar uma meta 
estabelecida. Esse tipo de conteúdo sempre é incluso nos projetos 
referentes ao ensino, onde geralmente nas salas de aula existem 
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proposições como: a construção de uma maquete, o desenvolvimento de 
um resumo, a realização de uma pesquisa, entre outros. 
Os conteúdos procedimentais precisam ser levados em 
consideração, visto que, nesses conhecimentos que estão sendo 
excluídos de forma tradicional, são novamente incluídos, como: 
comparação de dados, argumentação, organização, revisão de textos, 
verificação, documentação, entre outros. Também abrangendo as formas 
relacionadas à produção de conhecimento, o modo de pensar, como 
também o de agir. 
Conteúdos atitudinais
Nos conteúdos atitudinais são incluídas as atitudes, os valores e 
as normas, que por sua vez intervêm no conhecimento escolar de forma 
geral. 
Nesse sentido, a escola pode ser vista como um contexto para 
socialização, onde atitudes referentes ao conhecimento, ao relacionamento 
com os professores e colegas são geradas, além da conectividade dessa 
relação com as tarefas e disciplinas.
Para que ocorra o aprendizado e o ensinamento de conteúdos de 
natureza atitudinal, exige-se uma posição clara sobre o que e a forma 
como esse conteúdo vai ser ensinado no meio escolar. A ocorrência desse 
posicionamento só é realizada ao se estabelecer o que é intencionado no 
projeto relacionado à educação, de forma que haja a seleção e adequação 
de conteúdos que são considerados básicos, recorrentes e necessários. 
Do ponto de vista pedagógico, a aprendizagem relacionada aos 
conteúdos de natureza atitudinal tem pouca exploração, com isso 
apresenta-se a necessidade de estar atentos ao dimensionar a cultura 
que está intrinsecamente ligada às práticas sociais, essas dimensões 
nunca devem passar por desqualificações ou serem descartadas, pois 
elas servem como ponto inicial para se debater e refletir sobre a educação 
no que envolve os padrões que são relevantes para identificação da 
coletividade. Assim, de acordo com o MEC (2002):
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[...] procedimentos e atitudes como conteúdo do mesmo 
nível que os conceitos não implica aumento na quantidade 
de conteúdos a serem trabalhados, porque eles já estão 
presentes no dia a dia da sala de aula: o que acontece é que, 
na maioria das vezes, não estão explicitados nem são tratados 
conscientemente. As diferentes naturezas dos conteúdos 
escolares devem ser contempladas de maneira integrada 
no processo de ensino e aprendizagem, e não em atividades 
específicas. (BRASIL, 2002, p. 125)
Para que esses conteúdos tenham um tratamento que seja 
apropriado, é preciso que se faça uma conscientização sobre o quanto 
eles são importantes para o meio educacional no EJA. Além disso, 
assumindo o objetivo de amplificação como também harmonia e equilíbrio 
no desenvolvimento dos alunos, com o intuito de que ele seja vinculado à 
escola no que tange a sua função na sociedade. 
Conteúdos curriculares e sua organização
Partindo-se de uma concepção baseada na linearidade (Figura 20), 
os conteúdos curriculares têm sua organização exposta ao modo que os 
conhecimentos são desencadeados, podendo ser expostos da seguinte 
forma: 
Figura 20: Conhecimentos desencadeados de forma linear
Fonte: Elabora pela autora, 2021.
De acordo com essa visão, os conteúdos exercem a função de base 
para o que virá em sequência, mesmo que eles nem sempre estejam 
relacionados, comisso os alunos têm a sensação de que cada conteúdo 
não apresenta relação com os passados anteriormente.
Já em contrapartida ao modelo baseado na linearidade, alguns 
autores sugerem um modelo na forma de rede. Nessa forma, os pontos 
compõem de maneira plural o desenho do currículo, sendo formados por 
caminhos e ramificações ligados entre si.
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Figura 21: Proposta de conteúdos ramificados
Fonte: Elaborada pela autora, 2021.
Ao selecionar conteúdos, puxam-se os fios iniciais. Com isso, 
são iniciados os percursos que deverão ser seguidos através de suas 
significações, em que a equipe escolar em sua coletividade realiza essa 
tarefa partindo-se das escolhas e de um esboço da rede que dará início. 
Ao observar as propostas que são desenhadas para o bimestre inicial, por 
exemplo, são visualizadas as conexões pelos professores e então passam 
por estabelecimento, como também pode-se acrescentar ou eliminar 
temas. 
Portanto, é evidente que um desenho curricular que sirva como 
base pode ser imaginado, porém ele deve ter flexibilidade e ser maleável, 
onde as salas de aula individualmente possam ter de formas diferenciadas 
concretizações sobre suas especialidades.
SAIBA MAIS:
Você quer se aprofundar mais nesse tema? Recomendamos 
a leitura do livro: Orientações curriculares para a educação 
de jovens, adultos e idosos (EJAI) (EDUCAÇÃO, 2018). 
Disponível em: https://bit.ly/3bWT41s. Acesso em: 03 ago. 
2020.
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RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
sobre a construção de um currículo andragógico e a forma 
com que se deve trabalhar o conhecimento do alunado 
que fazem parte da EJA, pudemos observar também como 
podem ser selecionados os conteúdos a serem trabalhados 
pela equipe escolar em sala de aula, como também o 
papel que esses conteúdos ocupam. Observamos como 
devem ser selecionados os conteúdos, sua natureza e as 
dimensões que eles ocupam no curso, por fim observamos 
as suas organizações. 
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REFERÊNCIAS
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pedagogia, o diálogo como essência da mediação sociopedagógica. 
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Tecnológica (EPT). Disponível em: https://bit.ly/3bQanBt. Acesso em: 02 
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Educação Profissional
Lisiane Lucena Bezerra

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