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O estud� d� desenvolviment� human� Locke acreditava que a mente humana poderia ser comparada, desde o nascimento, a uma tábula rasa ou a uma página em branco, e que o ambiente “escreveria” nessa página, formando a psique. Rousseau e Kant ressaltavam a existência de características inatas do ser humano. Rousseau ainda dividia a infância em estágios com características próprias. Ainda que as primeiras questões sobre o desenvolvimento tenham sido trazidas originalmente por esses filósofos citados, a área é ainda relativamente nova e tem mudado bastante. Por exemplo, hoje, é comum o entendimento de que o desenvolvimento humano acontece durante toda a vida. A Psicologia considera que os indivíduos passam por diferentes etapas do ciclo de vida: infância, juventude, maturidade e velhice. Não havia articulação entre as diferentes áreas do saber que estudavam o desenvolvimento. Cada uma estabelecia parâmetros e critérios para o estudo, o que gerava pesquisas diferentes e eventualmente contraditórias. Mudança quantitativa e qualitativa A mudança quantitativa é uma alteração de número ou quantidade, como mudança de peso ou altura. A mudança qualitativa é uma alteração no tipo, na estrutura ou na organização. Uma mudança de qualidade trata do surgimento de novos fenômenos que não podem ser previstos de maneira fácil a partir do funcionamento que se apresentava anteriormente. Uma vez que o desenvolvimento é complexo e os fatores que o afetam nem sempre podem ser medidos/analisados com precisão (afinal como “medir” a influência da educação dos pais?), os estudiosos não podem dar uma resposta definitiva e única sobre como ocorre esse processo e quais são suas fases para todos os sujeitos e para todas as culturas. As variações são imensas, na medida em que há de se considerar combinações entre diferentes culturas, grupos, famílias, indivíduos, constituição genética, alimentação, educação formal. Hereditariedade significa o fenômeno em que os genes e as características dos pais são transmitidos aos seus filhos. São chamadas de hereditárias as características genéticas e fenotípicas. Para ficar mais claro: o genótipo é o grupo de genes que é recebido do pai e da mãe. Quando juntamos a combinação desses genes com as influências do meio ambiente, teremos o fenótipo de um sujeito, as características físicas que podemos observar. Fazendo um passeio pela história, o médico grego Hipócrates (460-370 a.C.), por volta de 410 a.C., propôs a pangênese, que indicava uma produção de partículas de todas as partes do organismo, as quais eram transmitidas no momento da reprodução. Essa ideia foi bem aceita até o final do século XIX. Depois disso, Aristóteles (384-322 a.C.) propôs que existia algum material no sêmen (usado no sentido de gametas) produzido pelos pais que garantia a transmissão de características. Mendel é considerado o pai da genética por conta dos resultados de seus estudos envolvendo ervilhas: após fazer um cruzamento de variedades de ervilhas, ele analisava como as características eram passadas de uma geração para outra. Antes mesmo de a estrutura e o funcionamento dos cromossomos serem conhecidos, Mendel compreendeu os princípios básicos da hereditariedade. Lei da Segregação ou Primeira Lei de Mendel Cada característica é condicionada por um par de fatores que se separam na formação dos gametas. Os fatores seriam, de fato, os genes que temos conhecimento hoje. Lei da Segregação Independente ou Segunda Lei de Mendel Os fatores que determinam diferentes características distribuem-se de forma independente para os gametas e se combinam ao acaso. As duas leis de Mendel explicam as variações que existem na transmissão de algumas características, utilizando regras simples de probabilidade. Elas serviram como base para a ampliação do conhecimento genético e propuseram a ideia de herança particulada, que demonstra que os pais passam adiante unidades herdáveis separadas (atualmente, chamadas de genes). Mendel e seus estudos foram o ponto de partida para a genética moderna e a compreensão da hereditariedade. Maturação A palavra maturação refere-se a padrões de mudanças determinados internamente, como tamanho do corpo, forma e habilidades que começam na concepção e continuam até a morte. O desenvolvimento determinado pela maturação, em sua forma pura, ocorre independentemente da prática ou do treinamento. É um processo inato, geneticamente determinado e resistente à influência do meio ambiente. Entretanto, há poucos casos de maturação pura. Mesmo alguns processos, como ficar de pé na forma bípede, serão muito atrasados ou não existirão se a criança não for estimulada. Podemos definir maturação como o processo que leva o corpo humano à forma e às funções normais adultas ou ao estado de completo desenvolvimento morfológico, fisiológico e psicológico. Esse processo tem, necessariamente, influência da herança genética e do ambiente. Nosso corpo, nosso equipamento neurofisiológico, passa por uma evolução que é determinada por fatores biológicos, e isso torna possível determinado padrão de comportamento. São mudanças qualitativas que capacitam o organismo a progredir em direção a níveis mais elaborados de funcionamento. Assim, por exemplo, precisamos de maturação para estabelecer o controle esfincteriano que é um dos marcos do desenvolvimento infantil. Precisamos, portanto, de maturação neurológica para controlar os esfíncteres, mas aqui também se vê a influência da cultura: em países mais frios, é comum que o desfralde seja feito mais tardiamente, tendo em vista a impossibilidade de deixar o bebê com todas as roupas molhada. Baxter-Jones, Eisenmann e Sherar (2005) afirmam que o processo de maturação apresenta duas fases distintas: o timing e o tempo. Timing A idade em que os eventos maturacionais específicos acontecem (menarca, espermarca, por exemplo) é o timing. ✖ Tempo Já o tempo diz respeito ao índice e à velocidade com que a maturação avança e progride em direção ao estado maturacional adulto. Acredita-se que jovens em estado maturacional mais adiantado provavelmente serão mais altos, mais pesados e terão maiores níveis de força e maior resistência muscular se comparados com aqueles de maturação tardia. O processo de crescimento, maturação e desenvolvimento humano interfere diretamente nas relações afetivas, sociais e motoras dos jovens. Adequar os estímulos ambientais em função desses fatores é fundamental. Ambiente Como “meio” podemos entender um conjunto de influências e estimulações ambientais que pode alterar os padrões de comportamento do indivíduo. Podemos pensar, por exemplo, na alimentação dos sujeitos. Desenvolvemos hábitos alimentares mais adequados a uma vida saudável e ao crescimento em função da forma como somos ou não estimulados, especialmente por nossa família, durante a formação desses hábitos. Como nos lembram Rossi, Moreira e Rauen (2008), a escola, as redes sociais (virtuais ou não), as condições socioeconômicas e culturais influenciam o processo de construção dos hábitos alimentares da criança e, consequentemente, do indivíduo adulto. Utilizando o referencial teórico do ciclo vital de Paul Baltes (1939-2006), os seres humanos são seres sociais que, desde o início, desenvolvem-se dentro de um contexto social e histórico. De acordo com Neri (2006), os princípios básicos em sua abordagem do desenvolvimento do ciclo da vida são: ● O desenvolvimento é vitalício; ● O desenvolvimento envolve ganho e perda; ● Há influências relativas de mudanças biológicas e culturais sobre o ciclo de vida; ● O desenvolvimento envolve mudança na alocação de recursos; ● O desenvolvimento revela plasticidade; ● O desenvolvimento é influenciado pelo contexto histórico e cultural. O contexto de influências do meio mais imediato para o bebê é, normalmente, a família. Mas o meio familiar também está sujeito às influências mais amplas e sempre em transformação: do bairro, da comunidade e da sociedade e, claro, da época histórica. Piaget estudou o desenvolvimento a partir da intelectualidade,Vygotsky, a partir da socialização e da influência da história social e da cultura, e Freud, a partir do aspecto afetivo-emocional. 1O estudo do desenvolvimento humano é assunto antigo e já interessou diversos filósofos dos séculos XVII e XVIII, antes mesmo do nascimento da Psicologia como ciência. R: A Psicologia do desenvolvimento estuda hoje todo o ciclo vital ou ciclo de vida, desde a infância até a velhice, considerando a adolescência e a maturidade Questão 2 Paul Baltes foi um psicólogo alemão cujo trabalho científico teve como destaque o estabelecimento da perspectiva life-span do desenvolvimento humano. Ele também era um teórico no campo da Psicologia do envelhecimento. R: Para Baltes, a noção de plasticidade enfatiza que existem muitos resultados de desenvolvimento possíveis, e que a natureza do desenvolvimento humano é muito mais aberta e pluralista do que fica inicialmente implícito por visões tradicionais. módulo 2 Desenvolvimento humano e pesquisa Toda evolução do homem e suas conquistas são fruto da busca pela compreensão do mundo e de sua vontade de dominá-lo. Como podemos conhecer o desenvolvimento humano? A resposta é simples: por meio da ciência, do estudo científico. Esse estudo consiste em um conjunto de procedimentos formais, sistemáticos e controlados, com o objetivo de obter respostas para questões em determinado campo de conhecimento. De acordo com Dessen e Costa Junior (2008), o conhecimento atual em Psicologia do desenvolvimento constitui os produtos dinâmicos, mutáveis, de mais de um século de pesquisas científicas. Como disciplina científica, a Psicologia do desenvolvimento procura explorar, descrever e explicar os padrões comportamentais de estabilidade e mudança, expressos pelo indivíduo durante o seu curso de vida. Foi instaurada ao longo do século XX, a partir da adoção de paradigmas metodológicos inspirados no positivismo e nas ciências naturais. Inicialmente, o estudo do desenvolvimento humano focava na criança, considerando o interesse existente, no final do século XIX e início do século XX, pelos anos iniciais de vida e pela preocupação com os cuidados e educação das crianças e com o próprio conceito de infância como um período particular do desenvolvimento. Ciclo vital Até os anos 1960, as vidas humanas não eram um objeto de estudo muito comum, principalmente em seu contexto social e histórico. Os pesquisadores não relacionavam o desenvolvimento infantil com o que acontecia depois da infância. Os estudos do ciclo vital mudaram tudo isso. Hoje, há um consenso de que o estudo do desenvolvimento humano deve focar em todo o ciclo vital, ou seja, observar o conjunto das fases da vida em que se espera uma série de transições e superação de diversas provas e de crises. Essas teorias são resultado de pesquisas realizadas com base em uma metodologia científica, que pode envolver: ● Técnicas de observação e coleta de dados em grupos com diferentes faixas etárias. ● Análise de estudos de casos clínicos. ● Comparações feitas com gêmeos. ● Trabalhos de observação em sujeitos, desde seu nascimento até a idade adulta. ● Estudos longitudinais, que acompanham o sujeito a partir de sua idade cronológica. ● Estudos transversais, que fazem cortes transversais à linha cronológica para observar uma faixa etária. Método de pesquisa O Projeto de Pesquisa é um documento que apresenta a descrição da pesquisa em seus pontos fundamentais. É o planejamento do pesquisador, um roteiro a ser seguido. É como se estivéssemos roteirizando uma festa de casamento: primeiro, temos os noivos; segundo, o local para casar (uma igreja ou uma casa de festas); depois, as flores e a música; e assim por diante. O projeto de pesquisa apresenta o roteiro a ser seguido com as questões de estudo, uma maneira de abordar a realidade e a verificação de outros pesquisadores que já estudaram o problema. Diversos fatores devem ser considerados na decisão de se adotar uma forma de abordar a realidade, ou seja, o método de investigação específico que será usado. Para construção do conhecimento científico, é necessária uma metodologia científica: o estudo dos métodos que permitem a consolidação das práticas de pesquisa, procedimentos teóricos e técnicos, assim como as modalidades de divulgação dos resultados das investigações. O tema de pesquisa, por exemplo, deve orientar os procedimentos de coleta e análise de dados, ou seja, a escolha do método dependerá, inicialmente, do objeto a ser analisado. Caso se deseje examinar, por exemplo, o aumento da altura de um sujeito em função da introdução na dieta de algum alimento, possivelmente, será uma pesquisa experimental, com verificação de altura em laboratório. Outra questão essencial no estabelecimento do projeto ou roteiro da pesquisa é o referencial teórico-filosófico que embasa o estudo e, consequentemente, os conceitos e as definições operacionais a serem utilizados na pesquisa. No caso do desenvolvimento humano, são muitas as teorias que podem embasar os estudos. Se for estudada a habituação de um comportamento, por exemplo, a teoria do condicionamento talvez seja a mais adequada. Construção do projeto Em todo processo de construção do projeto ou roteiro, é fundamental que o pesquisador, além do domínio técnico, possua ou desenvolva determinadas qualidades, tais como: curiosidade, criatividade, atitude ética, rigor metodológico. Por meio do método científico, buscam-se respostas para uma dúvida. A pesquisa busca a evolução do conhecimento humano em todos os setores da ciência pura ou aplicada. Ela demonstra a existência (ou ausência) de relações entre diferentes fenômenos, como ao relacionar o hábito de fumar e o câncer de pulmão. A pesquisa também desenvolve novas tecnologias ou apresenta novas aplicações de tecnologias conhecidas, por exemplo, a criação de novos aparelhos de comunicação, como celulares e computadores. Ela descreve as condições sob as quais um fenômeno acontece, como o surgimento da violência em determinados grupos. Para pesquisas com seres humanos, a Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), está apoiada no respeito à dignidade humana e à proteção aos participantes das pesquisas científicas envolvendo seres humanos. Já a Resolução nº 510/2016, também do CNS, regulamenta a avaliação dos aspectos éticos em pesquisa nas Ciências Humanas e Sociais. Tipos de pesquisa Abordagem do problema: pesquisas quantitativa e qualitativa Existem diversos tipos de pesquisa e natureza das abordagens de um trabalho científico e várias formas de classificá-los. É importante o conhecimento dessas formas de classificação, pois elas ajudam a entender as possibilidades da pesquisa. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, a pesquisa pode ser quantitativa ou qualitativa. As dimensões quantitativas e qualitativas fazem parte da realidade da vida, logo não são separadas. O pesquisador pode preferir uma dimensão à outra ou mesmo admitir a qualidade como algo “melhor” que quantidade, ou o contrário. Contudo, uma dimensão não substitui a outra. Podemos ainda ter um tipo de pesquisa quali-quantitativa ou quanti-qualitativa, o que proporcionará as informações que o pesquisador precisa. Os dois métodos se complementam, tornando possível a ampliação da abrangência da pesquisa e uma maior confiabilidade na interpretação dos resultados. A natureza do objeto e o objetivo da pesquisa que determinarão a abordagem mais adequada. Pesquisa exploratória A pesquisa exploratória tem como objetivo procurar padrões, hipóteses ou ideias. É um estudo preliminar, cujo objetivo é familiarizar-se com um fenômeno que propicia que o estudo principal possa, na sequência, ser projetado com maior compreensão e precisão. Esse estudo permite ao investigador definir seu problema de pesquisa e formular sua hipótese com mais precisão e a escolha das técnicas mais adequadas para sua pesquisa. Exemplo: Estudo bibliográfio sobre o desenvolvimento da linguagem de crianças com síndrome de Down. Pesquisa descritiva A pesquisa descritiva é umtipo de estudo que pretende descrever os fatos e fenômenos de uma realidade, as características de determinadas populações ou fenômenos. Está muito presente em pesquisas com variáveis e análises por classificação, medida e/ou quantidade, com delineamento quantitativo e/ou qualitativo. Exemplo: Pesquisa com análise documental dos prontuários das crianças nascidas em determinado hospital de uma cidade, em certo período de tais anos, para verificar o tamanho dos bebês. Pesquisa explicativa A pesquisa explicativa tem o objetivo de identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Ela quer explicar o porquê das coisas por meio dos resultados oferecidos. Está calcada em métodos experimentais. Exemplo: pesquisas de John Watson (1878-1958) e do condicionamento clássico de bebês. Teorias do desenvolvimento humano As teorias contêm afirmações (princípios) testáveis. A suscetibilidade a testes constitui um elemento essencial de autocorreção das teorias do desenvolvimento humano. As teorias também são generalizáveis entre os indivíduos e procuram explicar características da natureza humana que sejam comuns a todos os indivíduos ou à grande parte deles, o que ajuda a estabelecer um padrão e a dar informações importantes aos profissionais que trabalham com o desenvolvimento. A elaboração de uma teoria é o produto de uma sequência formal de passos, que teve início, possivelmente, com a observação de um evento que interessava ao pesquisador, envolvendo a formulação e o teste de hipóteses, bem como uma análise dos dados obtidos. As pesquisas também são influenciadas por aquilo que chamamos de zeitgeist ou espírito científico da época histórica em que ocorrem. Afinal, como muito bem nos informa Bock, Furtado e Teixeira (2018), toda e qualquer produção humana, seja uma teoria seja um computador, tem por trás a contribuição de inúmeros homens, que, em um tempo anterior, fizeram pesquisas, realizaram descobertas, inventaram técnicas e desenvolveram ideias, ou seja, por trás de tudo, existe a história. Entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, é possível identificar alguns teóricos que adotam uma Psicologia do desenvolvimento qualitativa, marcada pelo pensamento universalizante. Suas explicações são limitadas, muitas vezes, aos processos de maturação. Nessa fase, havia um foco nas relações e na complexidade, sendo habitual o uso de observações detalhadas, diários e entrevistas clínicas. Piaget: Segundo o estudioso, o pensamento infantil passa por quatro estágios (sensório motor, pré-operatório, operatório concreto, operatório formal), desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida. Já Skinner apresentou o conceito de comportamento operante: o sujeito ativo age sobre o mundo e enfrenta as consequências de suas ações. Consequências referem-se ao reforço: evento com possibilidade de fortalecer o comportamento. Reforço positivo O sujeito emite um comportamento, por exemplo, copiar frase do quadro na escola, e o ambiente lhe dá uma “consequência” pelo seu comportamento, como um elogio do professor. Essa consequência do seu comportamento é definida como reforço positivo, ou seja, o fortalecimento de uma resposta devido à apresentação de determinado estímulo a ela contingente. Reforço negativo Já o reforço negativo está relacionado ao aumento na frequência de uma resposta por causa da remoção contingente de um estímulo. Para Vygotsky (2013), aprendizagem e desenvolvimento têm uma relação complexa: a aprendizagem nutre o desenvolvimento, e vice-versa. O desenvolvimento é tomado em dimensão prospectiva, e o bom ensino passa adiante do desenvolvimento e o direciona, contribuindo para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. A consciência humana é produto da história social. O desenvolvimento e a aprendizagem estão inter-relacionados desde o nascimento, pois o aprendizado movimenta o processo de desenvolvimento, diferentemente daquilo que acredita Piaget. Freud foi o primeiro teórico a falar cientificamente sobre a sexualidade infantil. Considerando o clima intelectual da época, ou zeitgeist, não era comum/esperado relacionar a sexualidade à infância. A sexualidade é uma dimensão humana essencial e deve ser entendida e estudada como tema e área de conhecimento. Ao descrever o desenvolvimento da personalidade humana como psicossexual, o que se desenvolve é a maneira pela qual a energia sexual do id (a parte mais primitiva da mente) se acumula e é descarregada à medida que amadurecemos biologicamente. Erik Erikson (1902-1994), responsável pela teoria do desenvolvimento psicossocial, a vida humana realiza-se no ciclo de vida, entendido como processo de desenvolvimento que começa com a história dos pais, tem continuidade na infância, passa pela idade adulta até a velhice. Interessante perceber como fatores de antes mesmo do nosso nascimento, como o desejo dos pais ou a falta de desejo, podem influenciar em nosso desenvolvimento. Cada fase da vida se relaciona de forma articulada e profunda com as outras, e cada período da vida tem os seus desafios e suas conquistas. A vida é, portanto, entendida como intergeracional. Paul Baltes, o desenvolvimento é um processo contínuo, multidimensional e multidirecional de mudanças, influenciado por fatores genético-biológicos e socioculturais de natureza normativa (experimentado de modo semelhante pela maioria das pessoas em um grupo) e não normativa (eventos incomuns que têm grande impacto sobre vidas individuais), marcado por ganhos e perdas concorrentes e pela interatividade indivíduo-cultura e entre os níveis e tempos das influências. Segundo ele, a Psicologia do envelhecimento tem ganhado espaço nas últimas décadas devido ao reconhecimento da teoria life-span (de desenvolvimento ao longo de toda a vida). Sua utilidade para os estudos acerca do envelhecimento humano, destacando que o desenvolvimento é um processo que ocorre ao longo de toda a vida, sempre equilibrando uma série de ganhos e perdas. Questão 1 Entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, foram identificadas importantes teorias do desenvolvimento humano, elaboradas por estudiosos que iniciaram as primeiras pesquisas nesse campo, alcançando notoriedade até os dias de hoje. Sobre essas teorias e seus idealizadores, considere (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas: ( V ) Piaget – pensador que criou a teoria da Epistemologia Genética, focada no desenvolvimento cognitivo e natural da criança. (F ) Skinner – pensador cujo viés teórico está voltado para os estudos sobre desenvolvimento intelectual e a relação entre aprendizagem e interações sociais. (F ) Vygotsky – pensador que elaborou a teoria do condicionamento operante, associada à ideia de reflexo condicionado do cientista russo Ivan Pavlov – conceitos relacionados à fisiologia do organismo (animal ou humano). (v ) Freud – pensador que criou a teoria do desenvolvimento psicossexual, cujo princípio indica que a personalidade do indivíduo se forma durante a infância, quando a criança lida com o conflito entre seus impulsos naturais, decorrentes de aspectos biológicos, e o que se espera dela. ( v ) Erikson – pensador que elaborou a teoria do desenvolvimento psicossocial, segundo a qual o indivíduo se desenvolve no ciclo de vida, entendido como processo que começa com a história dos pais, tem continuidade na infância, passa pela idade adulta até chegar à velhice. O trabalho de Skinner tem como conceito-chave o condicionamento operante. Já os estudos de Vygotsky convergem para a temática da cultura, em que os educadores têm interesse pelo desenvolvimento intelectual e pela relação entre aprendizado e manifestações sociais. Questão 2 Existem diversos tipos de pesquisa e várias formas de colher dados para um estudo. Se pararmos para analisar a forma como os mais famosos teóricos do desenvolvimento fizeram seus estudos, veremos que houve pesquisas experimentais, como as de Skinner, ou pesquisasde campo, como as de Piaget. Já Freud, de forma única, desenvolveu sua teoria sobre o desenvolvimento da sexualidade a partir do discurso de seus pacientes adultos. Mas a discussão sobre pesquisa continua. Assinale a alternativa que apresenta a resposta correta em uma comparação entre pesquisa qualitativa e quantitativa. R:A pesquisa quantitativa utiliza uma metodologia baseada em números, métricas e cálculos matemáticos. Portanto, sua amostra é, naturalmente, maior. Concepção, Período Pré natal e Perinatal Fecundação e período pré-natal: suas implicações no desenvolvimento O grupo familiar Nossos ancestrais já viviam em grupos com vários membros do sexo masculino e, como as fêmeas tinham a ovulação oculta, os machos não conseguiam saber quando elas estavam no período fértil, o que ajudava a manter o homem junto à mulher e aos filhos. Essas características contribuíram para que o homem se vinculasse à mulher, na época dos ancestrais caçadores-coletores, protegendo-a e auxiliando-a na alimentação dela e da prole, evitando assim que outro macho viesse a engravidá-la. Assim podemos considerar que o nosso desenvolvimento se dá em uma dança constante que une fatores inatos e sua interação com o ambiente. Da concepção à fase embrionária Nesse momento, inúmeras características genéticas já estão embutidas na estrutura do óvulo, e as células são programadas pelos genes para desenvolverem um ser humano. É já nessa etapa que as cores dos nossos olhos, nosso sexo e a cor do nosso cabelo serão definidos, por exemplo. Esse processo se dá sem a interferência de fatores externos, pois fazem parte de uma sequência determinada de forma hereditária. Após a fecundação, o novo organismo irá se dividir e se implantar na parede do útero, onde se dará início ao processo da fase que chamamos de embrionária, que durará dos 14 dias até a sétima semana da gestação. Nela o embrião está envolto em uma substância líquida que chamamos de líquido amniótico. Todos os nutrientes absorvidos pela mãe — proteínas, açúcares e vitaminas — são repassados ao embrião pela corrente sanguínea. Mas não só nutrientes e vitaminas serão absorvidos pelo embrião. Isso também ocorre com substâncias nocivas, como álcool e outras drogas, que são prejudiciais ao desenvolvimento da nova vida. Por isso, o cuidado da mãe com sua saúde e a alimentação são cruciais nessa etapa do desenvolvimento do bebê, pois é na fase embrionária que o sistema nervoso, respiratório e alimentar se desenvolvem mais rapidamente. Dessa maneira, podemos concluir que a ingestão de substâncias prejudiciais à saúde, assim como o uso de certos medicamentos, sem a devida supervisão médica, pode levar a problemas de má formação, síndromes e deficiências físicas e mentais, por exemplo. Ainda na fase embrionária, o embrião possui apenas três centímetros e pode chegar a cerca de cinco centímetros pela oitava semana de gestação. Ele tem formas humanas, e já conseguimos distinguir sua cabeça, braços e pernas, olhos, orelhas, nariz, dedos das mãos e dos pés. Seu pequeno coração apresenta batimentos e seu sistema circulatório é presente. Isso mesmo, ele cabe na palma da sua mão e já é um organismo complexo, com um sistema nervoso capaz de movimentos rudimentares. O feto e o período fetal O feto vai chegar a cerca de 7,5cm por volta da 12ª semana de gestação, e é nesse momento que seus órgãos sexuais começam a ficar visíveis. Esse é um tema que causa muita agitação, principalmente nos pais e familiares Pela 16ª semana de gestação, a mulher deve começar a sentir os primeiros movimentos do feto na sua barriga. Tais movimentos estão relacionados às capacidades de movimentação da boca e mãos, por exemplo. Cabelos, olhos, glândulas sudoríparas e papilas gustativas se unem ao desenvolvimento de uma habilidade também essencial ao ser humano: respirar. Isso ocorre em torno da 24ª semana, o equivalente aos seis meses de gestação. Mesmo com a presença de uma capacidade fundamental para a existência da vida, um nascimento nesse período provavelmente seria mortal para o feto. Desenvolvimento no período fetal A partir da 27ª até a 28ª semana, o feto já fecha os olhos para dormir e os abre quando acorda. Ele já pesa mais de 1kg e mede cerca de 30cm. Nascimentos prematuros, em que o bebê encontra alguma chance de sobreviver, se tiver cuidados médicos apropriados, podem ocorrer após a 28ª semana de gestação. Da 30ª até a 34ª semana, o tecido adiposo vai se formando rapidamente e torneando seu corpinho. Ao final dessa fase, ele já é um bebezinho de mais de dois quilos e cerca de 40cm de comprimento, e seu pulmão já tem capacidade de sintetizar as substâncias necessárias para a respiração do bebê fora do útero. As mulheres podem começar a encontrar alguma dificuldade para dormir e se locomover no final da gestação. O bebê já está bem grandinho e se movimenta bastante dentro do útero, buscando uma posição que seja mais confortável. Pela 37ª à 38ª semana, essa mudança de posição pode incomodar bastante a mamãe, mas, por outro lado, será importante para o momento do parto. Para o parto, o bebê precisa estar encaixado, em uma posição em que suas nádegas se voltam para parte de cima do útero e sua cabeça fica bem próxima do canal vaginal. Influências no período intrauterino A ultrassonografia é capaz, por exemplo, de identificar o sorriso e o choro do bebê, interpretados a partir de imagens das suas expressões faciais. Estar conectado à sua mãe o torna sensível às influências externas e aos seus estados emocionais. Em contrapartida, a mãe também sofre influência das suas percepções e expectativas relacionadas à gravidez, estabelecendo uma conexão. Influências socioculturais Após o parto, ele receberá seu banho de cultura e tudo o que ele experimentará, logo ao nascer, estará relacionado ao ambiente sociocultural e ao modo de vida em que ele for inserido. Pesquisas da área de Psicologia do Desenvolvimento revelam que nos diferenciamos uns dos outros a partir da linguagem e de outras representações simbólicas próprias de cada povo. Existe uma transmissão cultural pelas gerações que envolvem crenças, valores e modos de pensar e agir. Os bebês humanos, embora dentro do útero de suas mamães possam ter uma trajetória desenvolvimental similar, após o nascimento estarão diante de influências que podem se distanciar e muito. No período inicial, após o nascimento, o cérebro do bebê está se desenvolvendo rapidamente e os sistemas neurais estão se adaptando às características do ambiente, como a linguagem. Esta vai permitir a transmissão do conhecimento do grupo e fornece um mecanismo de aprendizagem social e cultural. A interação entre fatores biológicos e culturais se constitui em um processo constante e dinâmico, já que a cultura está em constante processo de transformação. Questão 1 Alguns marcos gestacionais são indicados por meio da contagem de semanas. Aponte abaixo a alternativa que contempla a última semana da fase embrionária. R: sétima semana Questão 2 Ao longo da gestação, vários marcos de desenvolvimento do bebê são representativos para seus pais e familiares. A descoberta do sexo, em especial, gera muita comoção e é motivo de festa em muitos lares. Em qual momento do desenvolvimento pré-natal é possível identificar o sexo do bebê? R: No período fetal, a partir da 12ª semana de gestação, o feto já está com seus órgãos sexuais maturados o suficiente para serem identificados. 2 módulo Tipos de parto Há duas possibilidades de se realizar o parto: o conhecido parto normal, em que o bebê passa pelo canal vaginal da mulher, e o parto cesariana, em que o médico faz um pequeno corte no baixo ventre da mulher e retira o bebê pelo seu abdômen. No parto normal, muitas mulheres começam a sentir cólicas fortes que são chamadas de contrações. Elas se iniciam de maneira leve e vão se tornando menos espaçadas à medida que vai chegando o momento do nascimento. Nesse caso, podemos encontrar as seguintes fases: Alguns medicamentos podem ser utilizados pela equipe médica para induzir ouacelerar o trabalho de parto, como a ocitocina, bem como para diminuir a dor da mulher durante o processo. Parto cesariana O parto do tipo cesariana é um procedimento cirúrgico e pode ou não ser acompanhado de cólicas. Algumas mulheres agendam esse procedimento com seus médicos e não passam pelo processo natural do corpo, que por sua vez envolve as contrações. Já outras podem ser encaminhadas para uma cesariana caso encontrem alguma dificuldade para ter o bebê de maneira natural ou quando há chance de risco para a mãe ou para o bebê, como mulheres que desenvolvem eclampsia ou placenta prévia. O parto humanizado é realizado com uma equipe médica preparada e sensível às demandas da mulher. Não são utilizadas medicações para induzir o trabalho de parto, nem outros procedimentos que possam causar dor ou desconforto. Independentemente de ser um parto normal ou cesariana, realizado em casa ou no ambiente hospitalar, ele pode ser considerado humanizado. Importância do pré-natal Um bom pré-natal acompanhado por um médico de confiança é fundamental quando falamos da identificação de muitas doenças que podem ser evitadas ou até mesmo tratadas se forem precocemente detectadas. Se, dentro do útero, o feto tiver contato com substâncias nocivas ou com alguma doença contraída pela mãe, os processos de maturação sofrerão alterações. A pobreza também pode ser considerada um fator de risco, pois expõe algumas mulheres à má nutrição durante a gestação, o que pode levar a baixo ganho de peso do bebê. No geral, problemas que podem afetar negativamente a gestação e/ou o parto estão relacionados à pobreza, à má nutrição, à idade, a doenças preexistentes na mãe, ao seu estado emocional e ao uso de medicação e outras substâncias como álcool e drogas. A identificação precoce favorece que sejam realizadas intervenções que podem contribuir para um desenvolvimento saudável da díade mãe-bebê. O período do pré-natal também serve como uma preparação para a mulher que se encontra gestante, além de poder ajudá-la psicologicamente no caso de o bebê apresentar algumas das patologias mencionadas. Método canguru No método canguru, a mãe coloca o bebê sobre o seu peito e o segura nessa posição por algum tempo. A troca de calor emocional e afetivo entre a mãe e o bebê favorece o fortalecimento e a recuperação do bebê, que já pode ser considerado responsivo desde o seu nascimento. Como indicado pela literatura, um bebê humano dá preferência a vozes e faces humanas em detrimento de outro som ou objeto qualquer. Sendo assim, essa interação pode não só fortalecê-lo emocionalmente, mas também trazer benefícios para sua saúde como um todo. Questão 1 A supervalorização dos saberes médicos nas últimas décadas favoreceu o aumento do número de partos hospitalares do tipo cesariana. No entanto, esse tipo de recurso foi desenvolvido com o intuito de reduzir o número de mortalidade de mulheres e bebês durante o parto. Via de regra, em que circunstâncias especiais esse procedimento deve ser recomendado? R: O parto tipo cesariana é indicado quando existe algum risco de complicações ou morte para mãe e/ou para o bebê, como mulheres que desenvolvem eclampsia ou placenta prévia Questão 2 Muitos recursos têm sido utilizados pela ciência médica para aumentar a sobrevida de bebês que nascem prematuros e precisam de assistência logo após seu nascimento, sendo um dos principais o método da incubadora. Esse método auxilia, dentre outras, que necessidade? R: A incubadora é um método que auxilia no suporte de vida, ajudando principalmente na regulação da temperatura corpórea de bebês nascidos prematuramente. 3 módulo Desenvolvimento neuropsicomotor nos primeiros dois anos De acordo com os estudos de teóricos da Psicologia do Desenvolvimento Evolucionista - PDE, os seres humanos têm diversos pontos de tangência e divergência em relação a algumas espécies de animais; no entanto, somos a única espécie com um longo período inicial de desenvolvimento. Esse pode ser considerado um mecanismo adaptativo que evoluiu para possibilitar a aquisição de habilidades sociais necessárias para o convívio do indivíduo no meio social em que está inserido. Adaptações como essas contribuíram para que o bebê humano fosse cuidado e protegido por seus pais, aumentando assim as chances de sobrevivência do indivíduo. O desenvolvimento neuropsicomotor faz parte de uma interação entre as características biologicamente determinadas e as influências socioambientais do contexto em que a criança for inserida. Ele tem caráter progressivo e, aos poucos, permite a realização de tarefas cada vez mais complexas. Recém-nascidos têm pouca acuidade visual, mas aos dois anos de vida já são capazes de enxergar como um adulto. A parte auditiva tem um aumento significativo aos seis meses. Nessa etapa, os estímulos visuais também são importantes, e o bebê já pode tentar localizar a origem do barulho. Assim como ocorre com a visão, ao longo dos dois primeiros anos de vida haverá muitas mudanças nos processos de maturação dos sentidos sensoriais. As habilidades estão inseridas em diferentes domínios, como motor e as áreas da linguagem e psicossocial. Os recém-nascidos apresentam uma série de reflexos que são movimentos involuntários desencadeados por estímulos específicos. Na área motora, podemos observar pequenas expressões comportamentais em bebês pequenos que vão se tornando mais elaboradas à medida que a criança cresce. São elas: ● Capacidade de se sustentar ● Capacidade de se deslocar ● Capacidade de caminhar Desenvolvimento da autonomia A estimulação física nesse período é muito importante. Muitas vezes, os pais buscam por brinquedos elaborados e caros e pensam que seus bebês precisam deles para um bom desenvolvimento. No entanto, nenhum brinquedo muito especial é necessário. O bebê aprende de forma lúdica, ou seja, brincando com massinha, segurando lápis e canetinhas e desenhando. Todos os bebês passarão pelas mesmas etapas, mas cada um irá conservar a maneira e o tempo de maneira subjetiva. Desenvolvimento da linguagem] para aprender a falar, é necessário que haja um desenvolvimento neurológico associado. As crianças começam a balbuciar, depois falam algumas palavras com sílabas repetidas, como “mama” e “papa”. Em seguida, vão aumentando seu vocabulário a partir das interações com seus cuidadores. Após o primeiro ano de vida, os bebês já são capazes de unir palavras e depois de formar pequenas frases. Construção dos vínculos No domínio psicossocial, podemos destacar as interações afetivas e a construção dos vínculos. Uma análise de estudos sobre o desenvolvimento infantil inicial revela indícios de que os bebês são socialmente responsivos desde o nascimento e que, mesmo com capacidades de comunicação limitadas, já são capazes de expressar uma sensibilidade social, como, por exemplo, dando preferência a vozes e faces humanas em detrimento de outro som ou objeto qualquer. Como seres essencialmente sociais, necessitamos dessas interações com o outro para nossa sobrevivência. Um longo período de imaturidade no início da vida e a dependência de cuidados dos adultos são características de nossa espécie. Parentalidade normal A capacidade de compreender o outro emocionalmente por meio de afetos e sentimentos faz parte da parentalidade normal. As interações entre a díade devem se estabelecer de modo que haja sintonia entre eles, e o conhecimento social, que começa a se desenvolver no contexto dessas interações, vai auxiliar a criança a monitorar e prever seu comportamento e o de outras pessoas, facilitando a comunicação e as trocas interpessoais. Conclui-se daí que a parentalidade terá repercussões no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, impactando a capacidade das crianças em regular suas emoções. Essa capacidade é reconhecida como um componente essencial da competência socioemocional e um princípio organizador central do desenvolvimento da criança. As interações entre os bebês e seus cuidadores tornam-se, progressivamente, mais intensas e dialógicas, sendo que, com alguns poucosmeses de vida do bebê, um modo próprio de se comunicarem vai surgindo, podendo ser descrito como uma protoconversação. Isso indica uma prática e o valor a ela atribuído pelos adultos de acordo com o meio cultural de que fazem parte. Questão 1 O desenvolvimento neuropsicomotor infantil se dá na interação com outras pessoas e o ambiente em que a criança está inserida. Nessa etapa do seu ciclo vital, qual a melhor maneira de facilitar que o bebê adquirira as habilidades necessárias para o seu desenvolvimento? R: Utilização de métodos lúdicos. Questão 2 A qualidade da interação entre pais e bebê se constitui em algo que favorece o desenvolvimento de diversas habilidades, em especial as emocionais. A parentalidade intuitiva correspondem a que capacidade? R: Talento natural dos pais para interagir com os bebes. Neuroplasticidade Plasticidade cerebral A plasticidade cerebral, característica dos seres humanos, permite que o cérebro continue a se desenvolver mesmo após o nascimento, o que constitui uma vantagem para os membros da espécie que tanto têm a aprender ainda durante os anos da infância. Para isso, temos um período de infância estendida, diferentemente de outros animais. O nascimento dos bebês com um cérebro cujo desenvolvimento não foi concluído e, portanto, menor do que o cérebro dos adultos é adaptativo e resultado de nossa história filogenética. Alterações anatômicas foram imprescindíveis para a passagem de locomoção quadrúpede para bípede, destacando-se as modificações na pélvis, pelas alterações posturais. Tais modificações levaram à seleção de um nascimento imaturo do bebê, pois bebês menores tinham mais condições de passar por uma pelve estreitada e nascer sem danos. Comportamentos como piscar os olhos, mover a cabeça em direção a algum barulho, fazer anotações de uma lição que você está estudando são rotineiros e fazem parte do nosso dia a dia. O que não nos atentamos é que, para que isso ocorra, muitos processos diferentes estão trabalhando juntos no nosso corpo para que possamos atingir esses pequenos objetivos. O sistema nervoso, os nossos órgãos sensoriais, os músculos e as glândulas auxiliam na tarefa de compreender o ambiente à nossa volta e permitir que nosso corpo continue trabalhando intensamente e de maneira funcional. Contudo, a percepção que cada um tem do mundo e dos eventos cotidianos pode se diferenciar em muitos aspectos, a depender das crenças e dos valores de cada um de nós. O neurônio é uma célula capaz de enviar informações para diversas partes do corpo por meio de sinapses. A rede de conexões formada pelos neurônios é o que chamamos de neuroplasticidade. O recém-nascido também precisa fazer uma regulação interna dos sistemas do corpo para se adaptar às condições externas, o que vai ser gerido, em parte, por suas interações emocionais. As emoções e os sentimentos cumprem um papel fundamental nessa regulação, pois por meio deles os bebês vão atribuir significado às situações que se apresentam diante deles e vão aprender a controlar seu comportamento para atender aos objetivos sociais. Uma região do cérebro desempenha um papel-chave na vida emocional dos seres humanos, além de estar envolvida em respostas visuais e espaciais: o córtex orbitofrontal. O córtex orbitofrontal liga-se diretamente às emoções, está localizado na parte dianteira dos lobos frontais e vai se desenvolver, em grande parte, após o nascimento. Devido a esse desenvolvimento do córtex orbitofrontal após o nascimento, as experiências dos bebês serão moduladas por meio de seu nicho de desenvolvimento e das trocas estabelecidas com outras pessoas. O cérebro se desenvolve socialmente programando-se de acordo com o relacionamento que se tem com as pessoas mais velhas, para que haja uma adaptação ao meio social em que se está inserido. Os danos causados pelo estabelecimento de vínculos pobres ou enfraquecidos na infância também podem ser um fator prejudicial para o desenvolvimento do cérebro. O encéfalo vai se desenvolver de acordo com as experiências vividas. Assim, a privação de relações interpessoais, principalmente nos primeiros três anos de vida, período em que o cérebro mais se desenvolve, também pode prejudicar o desenvolvimento de habilidades sociais. O corpo caloso, com suas fibras mielinizadas, liga áreas dos dois hemisférios do cérebro. Essa parte do cérebro tem sido estudada por diversos pesquisadores que encontraram uma diferenciação entre o cérebro de crianças maltratadas e não maltratadas. Questão 1 A plasticidade cerebral é uma característica típica dos seres humanos. Diferentemente de outras espécies de animais, temos uma infância estendida e somos dependentes de cuidados por longos anos, no início da nossa vida. Assinale a alternativa que melhor explica esse processo. R: o cérebro recebe muita influência do ambiente em que o bebê é inserido e se adapta a esse ambiente, tornando essa etapa do desenvolvimento muito importante para a aquisição de uma série de habilidades. Questão 2 Os bebês são criaturinhas fofas e chamam a nossa atenção com bochechas grandes e movimentos desordenados. Algumas características físicas do bebê, bem como a sua preferência por vozes e rostos humanos, foram selecionadas para assegurar qual necessidade básica dos seres humanos? R: Assegurar sua sobrevivência. Desenvolvimento na infância Platão, na Grécia Antiga, já mencionava os ciclos de 7 em 7 anos no desenvolvimento humano, mas foi no século XX que as mudanças puderam ser organizadas e estabelecidas em mudanças e marcos relacionados mais especificamente com o avanço da idade. Sobre a visão do ciclo da vida, Papalia, Olds e Feldman (2006) descrevem o ciclo vital em oito períodos: pré-natal; primeira infância; segunda infância; terceira infância; adolescência; jovem adulto; meia-idade; e terceira idade. De outra forma, muitos autores propuseram utilizar divisões um pouco diferentes, pensando as etapas do ciclo em forma de marcos etários distintos. Platão, na Grécia Antiga, já mencionava os ciclos de 7 em 7 anos no desenvolvimento humano, mas foi no século XX que as mudanças puderam ser organizadas e estabelecidas em mudanças e marcos relacionados mais especificamente com o avanço da idade. Sobre a visão do ciclo da vida, Papalia, Olds e Feldman (2006) descrevem o ciclo vital em oito períodos: pré-natal; primeira infância; segunda infância; terceira infância; adolescência; jovem adulto; meia-idade; e terceira idade. De outra forma, muitos autores propuseram utilizar divisões um pouco diferentes, pensando as etapas do ciclo em forma de marcos etários distintos. Existia uma diferença de classes sociais, e a vida das crianças também era impactada dependendo do nível social. Em classes menos privilegiadas, as crianças trabalhavam no campo, vendiam produtos nos mercados e irremediavelmente aprendiam um ofício. Elas não recebiam nenhum tratamento especial e, muito pelo contrário, eram alvo de todo tipo de atrocidade por parte dos adultos. Nos ambientes de famílias mais abastadas, também se fazia pouca distinção entre a infância e a idade adulta. A escolarização era mais comum nesse ambiente social, e as crianças começavam a estudar aos quatro ou cinco anos de idade. O ensino era quase sempre enciclopédico, e nessas tarefas de leituras acadêmicas eram desenvolvidas as faculdades mentais de atenção, memória e abstração. As classes escolares eram compostas por indivíduos de todas as idades, e ninguém se espantava ao encontrar meninos de sete anos ao lado de jovens de dezoito recitando juntos uma lição. o surgimento de alguns pensadores que defenderão a ideia de que a mente da criança era diferente da mente do adulto Contudo, temos que destacar que todas essas mudanças foram exclusivamente encontradas em classes de aristocratas e de burgueses. Até o século XIX, a classe baixa continuou mantendo a visão secular da infância, fazendo pouca distinção entre crianças e adultos. Conceito de crescimento e desenvolvimento Segundo Amaral (2007), os termos “crescimento” e “desenvolvimento” foram considerados,durante muito tempo, como dois conceitos separados. O termo “crescimento”, até hoje, abarca os aspectos físicos, e o termo “desenvolvimento” diz respeito aos aspectos mentais. Essa separação era mais uma demonstração do pensamento dicotômico que divide mente e corpo, uma ideia herdada de Descartes, pensador da era iluminista. Atualmente, os pensadores e cientistas tendem a considerar os aspectos do crescimento como parte do desenvolvimento, que abrangeria o crescimento orgânico e o desenvolvimento mental. Dessa forma, o processo de crescimento será muito influenciado por dois fatores: ● Fatores intrínsecos: nos processos genéticos. ● Fatores extrínsecos: processos ambientais. Entretanto, com os avanços das neurociências e a observação da intensidade de crescimento e desenvolvimento dos primeiros anos de vida, muitos autores preferiram dividir a primeira infância em dois momentos: uma primeira infância (de 0 a 2/3 anos) e uma segunda infância (de 2/3 anos até 6 anos). Os primeiros anos ainda divergem entre autores, pois podemos encontrar na literatura de 0 até 2 anos e de 0 até 3 anos, mas a grande mudança estabelecida, segundo Amaral (2007), foi a conceituação de uma terceira infância, que ocorre dos 6 aos 11 anos, aproximadamente. destacar a importância dos primeiros anos de vida no crescimento e desenvolvimento das crianças. Veja a imagem de novas sinapses e a janela de oportunidade: Estágios Pré-natal: Da concepção ao nascimento. Primeira infância:Do nascimento aos 3 anos de idade. Segunda infância: De 3 a 6 anos. Terceira infância: De 6 a 11 anos. Adolescência: De 11 a 18 anos. Jovem adulto: De 19 a 40 anos. Meia-idade: De 41 a 65 anos. Terceira idade: De 66 anos em diante. Primeira infância A primeira infância está relacionada à fase de crescimento dos 0 aos 3 anos, período importante no qual ocorre o desenvolvimento das estruturas e circuitos cerebrais, em que também acontece a aquisição de capacidades fundamentais que permitirão o aprimoramento de habilidades futuras mais complexas e avançadas. Crianças que se desenvolvem integralmente e de forma saudável durante os primeiros anos de vida têm maior facilidade de se adaptarem a diferentes ambientes. o período dos três primeiros anos de vida, especialmente mais durante os primeiros meses do que em qualquer outro período da vida. os genes herdados por um bebê exercem forte influência e ajudam a determinar se uma criança será baixa ou alta, atarracada ou magra, ou um meio termo entre os dois. Essa influência genética interage em razão das influências ambientais, como a nutrição e o meio ambiente. O primeiro dente aparece entre o quinto e o nono mês de vida. No primeiro ano, a criança já tem de 6 a 8 dentes e aos dois anos e meio já tem 20 dentes. Finalmente, uma característica dessa fase, segundo Carvalho (2015), é a aquisição da fala. Por volta dos dezoito meses, quando a criança começa a falar, ela usa as palavras em uma sequência adequada e segue uma regra gramatica. Segunda infância em torno dos 3 anos, uma mudança começa a ocorrer na silhueta das crianças, quando se destaca a aparência delgada e atlética da infância. O tronco, os braços e as pernas tornam-se mais compridos, e a cabeça, que ainda é relativamente grande, vai se harmonizando com as outras partes do corpo que continuam aumentando. Tanto meninas como meninos podem alcançar no crescimento cerca de 5cm a 13cm por ano durante a segunda infância e ainda adquirem de 1,8kg a 2,7kg ao ano. Existe uma pequena vantagem em altura e peso dos meninos, que continuará até o surto de crescimento da puberdade. Essas mudanças na aparência refletem um desenvolvimento paralelo no interior do corpo das crianças. O desenvolvimento muscular e esquelético vai continuar nessa fase, tornando as crianças mais fortes. As cartilagens transformam-se em ossos em uma velocidade mais acelerada do que antes, e os ossos podem se tornar mais duros, dando à criança uma forma mais firme, com mais composição muscular e que protegerá os órgãos internos. Essas mudanças são impactadas pelo amadurecimento do sistema nervoso, que promove o desenvolvimento de uma ampla gama de habilidades motoras. Entre os 3 e 6 anos, as também crianças conquistam grandes avanços nas habilidades motoras gerais. Uma característica dessa etapa é a preferência no uso das mãos. Isso quer dizer que crianças entre 3 e 6 anos preferem usar a mão direita ou esquerda, o que geralmente se evidencia aos 3 anos. A preferência pelo uso das mãos nem sempre é definida e nem todo mundo prefere uma das mãos para todas as tarefas. Os meninos são mais propensos a serem canhotos do que as meninas. A aquisição da linguagem, segundo Carvalho (2015), desde a fala com maior repertório de palavras e o início da leitura, será uma etapa importante dessa fase, pois é uma característica importante dos seres humanos. Terceira infância As crianças, ao se aproximarem dos seis ou sete anos de idade, apresentam modificações consideráveis no seu comportamento, na linguagem e na forma como realizam suas interações com seus amigos, mostrando um avanço cognitivo na qualidade de raciocínio. Existe uma tendência ao egocentrismo nas crianças nessa fase. Observamos a diminuição da fantasia e uma forma de se relacionar com a realidade física e social mais objetiva. nesse período, compreendido dos 6 aos 11 anos, além do conceito de distância, serão aprendidos também os conceitos de tempo (aquele que marca as horas e aquele que nos coloca no mundo de um ser histórico), de classes, de relações e de número. A família continuará a desempenhar um papel importante na vida da criança na terceira infância, mas a escola surgirá como um elemento relevante para o seu desenvolvimento. Ao entrar na escola, ela poderá sentir receio quanto à sua habilidade para enfrentar novos desafios. esse temor geralmente será superado pelo fato de que ir à escola será um marco de maturidade e uma fonte de orgulho para a criança. Nesse mesmo período, a criança terá uma maior receptividade à amizade de outras crianças. Se compararmos com o ritmo acelerado da segunda infância, realmente o crescimento medido em peso e em altura, durante a fase da terceira infância, é consideravelmente mais lento. em média, as crianças em idade escolar crescem cerca de 2,5cm a 7,6cm a cada ano e ganham 2,2kg a 3,6kg ou mais, quase alcançando o dobro do seu peso corporal. Nesse mesmo período, com quase 11 anos, as meninas podem iniciar um surto de crescimento, ganhando cerca de 4,5kg por ano. Na maioria das vezes, elas estarão mais altas e um pouco mais pesadas que os meninos de sua turma na escola, continuando assim até aproximadamente os 12 ou 13 anos. Os rapazes, depois dessa fase, iniciam seu surto de crescimento e superam as moças. Questão 1 Considerando a proposta do ciclo da vida de Papalia, Olds e Feldman (2006), marque a única resposta certa: I. o ciclo vital é dividido em oito períodos abarcando períodos que seguem desde o pré-natal (da concepção ao nascimento) até a terceira idade. II. A fase adulta apresenta 3 fases: jovem adulto (de 19 a 40 anos); meia-idade (de 41 a 65 anos) e terceira idade (de 66 anos em diante). III. A infância será dividida em duas fases: primeira infância (de 0 a 6 anos) e segunda infância (de 6 a 11 anos). Marque a única resposta correta: R: I e II Questão 2 Historicamente, sobre a concepção da infância, é correto afirmar que: I. Existia, antes do século XVII, uma diferença na concepção da infância muito impactada conforme as classes sociais às quais as crianças pertenciam. II. Antes do século XVII, as famílias ricas e mais abastadas já separavam as crianças dos hábitos dos adultos, sendo que os estudos escolares já eram organizados por turmas de idades semelhantes. III. A partir do século XVII, o conceito de infância foi se modificando, e a educação familiar passou a separar as crianças dos assuntos dos adultos, que ficavam preocupados com a formação do caráter e da moral na infância. Marque a resposta correta. R: I e III A alternativaIII está incorreta. Antes do século XVII, a educação das crianças de famílias ricas fazia pouca distinção entre a infância e a idade adulta. O ensino era baseado nas leituras de enciclopédias, argumentação e as classes escolares eram compostas por indivíduos de todas as idades. Isso só foi modificado a partir do século XVII, com o surgimento de alguns pensadores que defenderão a ideia de que a mente da criança é diferente da mente do adulto. Módulo 2 2 Desenvolvimento cognitivo O modelo organicista não considera a criança como uma máquina, mas sim como um “ser vivo”, ou seja, um organismo biológico, no qual a herança genética e a maturação do organismo comandam o processo de desenvolvimento. O conhecido pedagogo alemão que tinha fortes traços religiosos, Friedrich Fröbel (1782-1852), mais conhecido como o criador da ideia do “jardim de infância”, é um exemplo dessa forma de pensamento. Fröbel propunha que todas as crianças fossem educadas com atividades que respeitassem as suas naturezas. Para Fröbel, somente dessa forma seria possível o desenvolvimento de suas potencialidades, respeitando-se a sua condição de ser uma obra divina, um filho ou filha de Deus. Para ele, como Deus está presente na natureza, as crianças sempre seriam boas por natureza por serem obras divinas. Vygotsky o modelo histórico-cultural, proposto por Vygotsky, que se fundamenta na compreensão de uma relação dialética entre o biológico e o social. Para Vygotsky, a criança não pode ser representada como uma máquina nem por um organismo vivo, mas como um ser que se constitui nas relações sociais. Esse pensador parte de um pressuposto de que o homem não é um ser passivo e inerte. Assim, a criança age sobre o mundo por meio das relações sociais e nelas é que serão buscadas as origens das formas superiores dos comportamentos Para Vygotsky, desde o seu nascimento, a criança estará em interação com os adultos que, por sua vez, buscarão incorporá-las às suas culturas. À medida que as crianças crescem, esses processos passam a ser internalizados, por meio de uma interiorização Piaget O grande trabalho de Piaget foi conseguir estabelecer as etapas do desenvolvimento a partir do aparecimento de novas qualidades do pensamento. sensório motor: Período de aperfeiçoamento contínuo que se inicia com uma vida mental aplicada aos reflexos e aos instintos. Aos poucos, a criança vai adquirindo autonomia motora e sensitiva. Ao final dos 2 anos, a criança já se locomove, reconhece os rostos das pessoas, demonstra afetos e esboça as primeiras palavras. Pré operatório (2 aos 7) : Período marcado pelo aparecimento da linguagem, que acelerará a comunicação e o surgimento do pensamento. A criança transforma a realidade em função de suas fantasias e desejos. No final deste período, inicia-se a famosa fase dos “porquês”. Neste momento, o pensamento começa a se adaptar ao real e a criança precisa de explicações. Operações concretas (7 aos 11) : Período em que aparece a capacidade de executar operações ou tarefas. Essas operações são possíveis quando relacionadas a objetos concretos e reais, ainda não há a capacidade de abstração. Operações formais ( 11 até 19): desenvolve-se a capacidade de generalização própria do pensamento adulto. Os meninos e as meninas já serão capazes de lidar com conceitos como justiça e liberdade. Primeira infância Os bebês podem levantar ligeiramente a cabeça para alcançar o seio, e param de chorar quando a mãe ou outras pessoas os acariciam. A criança, ao final do quarto mês de vida, já possui uma boa série de comportamentos adquiridos. O universo da criança, segundo Carvalho (2015), é composto pelo espaço bucal, espaço tátil, espaço visual e espaço auditivo. Aos poucos, a criança começa a demonstrar um interesse sistemático pelas consequências de seus atos. Quando a criança faz 9 meses, de forma gradual, seu desempenho mostra uma consolidação da noção do objeto permanente (categorias piagetianas) e de espaço contínuo. A criança vai se tornar capaz de reconstruir as causas a partir de um efeito percebido e vice-versa. Por exemplo, quando ouve o barulho da chave na porta, ela demonstra a expectativa da chegada de alguém. Por volta dos 18 meses, a criança começa a mostrar algum ressentimento quando alguma coisa que ela deseja lhe é tomada. Por volta dos 2 anos, a criança já estará apta a falar e, como um ser social, poderá se envolver nos mais diferentes tipos de atividades grupais. Ao descobrir que é capaz de realizar uma coisa nova, a criança logo emprega sua habilidade recém-adquirida. Segunda infância e cognição Durante a idade pré-escolar, há uma expansão da curiosidade intelectual. Nessa fase, ocorre o aparecimento da função simbólica, a linguagem, e ocorre a formação dos primeiros conceitos. Nessa fase, a ação dos pais será primordial ao darem atenção e responderem de forma adequada à curiosidade intelectual da criança. Com essas ações, eles possibilitarão que a criança modifique suas atitudes e expectativas corrigindo seus conceitos. O raciocínio da criança de 2 a 6 anos de idade apresenta três características fundamentais. Confira a seguir: Egocentrismo: Nesta fase, especialmente dos 2 aos 4 anos de idade, o raciocínio da criança é muito influenciado por suas próprias vontades e desejos, sua forma de pensar e perceber as coisas. Tudo reflete apenas um ponto de vista, ou seja, o seu. Animismo: Nesta fase, em razão de seu egocentrismo, a criança projeta estendendo suas experiências pessoais aos seus brinquedos ou animais. É como se ela transferisse e atribuísse uma alma humana para todos os seus objetos. Isso pode ocorrer com uma boneca ou um bichinho de pelúcia que forem deixados em casa quando a família sair para passear. Irreversibilidade: o invés de analisar o todo de um problema, a criança se atém em alguma característica específica de uma tarefa. O pensamento regulado pela percepção imediata é sempre irreversível. Uma vez usada uma sequência de raciocínio, é impossível anulá-lo e voltar ao ponto de partida. Esse pensamento vai se tornando, pouco a pouco, reversível por volta dos 6 anos de idade. Será essa reversibilidade que tornará possível que a criança possa operar com classes e relações, que será característico do raciocínio da fase seguinte Terceira infância e cognição Classificação Unidades conceituais: Isoladas, fazem parte de uma classe que corresponde à representação mental. Ou seja, a partir de características gerais ou definidoras, são formados os pensamentos sobre grupos de objetos ou pessoas. Seria uma denominação para quase todos os objetos de nossa experiência utilizando nomes genéricos para organizar as categorias elaboradas de forma concreta, pois baseiam-se em características observáveis como: forma, cor, tamanho, posição, entre outros. Sistema lógico: a classificação é de natureza operatória, e não apenas semântica. Dessa forma, será necessário o uso de operações de inclusão e complementação que realizarem uma classificação, e não apenas o domínio do significado das palavras. Consiste em uma tarefa de ordenar ou arranjar os objetos ou eventos em séries. Outra tarefa seria ainda medir ou contar os objetos. Dessa forma, podemos entender que uma operação é um conjunto de ações que permite ao indivíduo fazer uma organização mental do mundo que o cerca. A criança nessa fase ainda não consegue fazer conexões utilizando conclusões sobre hierarquia de classes ou qualidades abstratas. Conceitos como felicidade ou justiça ainda não são compreensíveis cognitivamente. Por isso, Piaget chamou esse período do desenvolvimento de estágio das operações concretas. Finalmente, por volta dos 11 anos, a criança já consegue conferir e confirmar as classes formadas utilizando o caráter hierárquico de um sistema de inclusão, assim como é capaz de realizar uma classificação com conceitos abstratos. Seriação Ou seja, a ordenação de elementos, respeitando-se as grandezas crescentes ou decrescentes. Nessa etapa, tanto as diferenças como as semelhanças adquirem o valor de relaçõesquantificáveis em termos positivos e negativos. Por exemplo, em uma série de bonecos com comprimentos diferentes, a criança torna-se capaz de deduzir o tamanho de qualquer elemento da série sabendo do comprimento de um dos elementos e as proporções de diferença entre cada um deles. Com esse domínio sobre as relações transitivas assimétricas, a criança pode compreender as noções de presente, passado e futuro. Questão 1 Existe um estágio no desenvolvimento em que as crianças transformam a realidade em função de suas fantasias e desejos. Os pais podem observar os filhos inventando diálogos com seus brinquedos. Em qual dos estágios cognitivos de Piaget esse modelo descrito ocorre, sendo ele marcado pelo aparecimento da linguagem que acelera a comunicação e o surgimento do pensamento? R: Estagio Pré operatorio. Questão 2 Podemos encontrar algumas teorias sobre o desenvolvimento humano. Nesse caso, podemos analisar dois pensadores desse campo e suas ideias. O primeiro, _________________, postulava que o pensamento aparece antes da linguagem, e que apenas é uma das suas formas de expressão. A formação do pensamento depende, basicamente, da coordenação dos esquemas sensório-motores, e não da linguagem. Esta só pode ocorrer depois que a criança já alcançou um determinado nível de habilidades mentais. O segundo pensador, ________________, reconhecia que o pensamento e a linguagem são processos interdependentes, desde o início da vida. Este autor afirmava que a aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais superiores: ela dá uma forma definida ao pensamento, possibilita o aparecimento da imaginação, o uso da memória e o planejamento da ação. Nesse sentido, a linguagem, diferentemente daquilo que Piaget postula, sistematiza a experiência direta das crianças e por isso adquire uma função central no desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos que nele estão em andamento. A seguir, selecione a opção que completa as lacunas de forma correta com os nomes dos pensadores relacionados. R: A ordem correta é Piaget e Vygotsky. Marcos na infância Apesar de ser um documento com o objetivo exploratório de diagnosticar e descrever o estado nutricional com uma avaliação do crescimento mundial, a proposta foi aceita com entusiasmo pelos países em vias de desenvolvimento, a exemplo do Brasil. Nosso país na época convivia com taxas de mortalidade infantil muito elevadas, que eram decorrentes de uma alta prevalência de doenças infecciosas, que eram associadas à desnutrição. Como reflexo dessa ação internacional, em 1984, foi publicada pelo Ministério da Saúde uma série de manuais sobre atenção básica à criança de 0 a 5 anos. Entre esses volumes que se referiam ao desenvolvimento infantil, foi incluído um que abordava o acompanhamento do crescimento. Na época, não foi dada muita importância à vigilância durante o desenvolvimento, mas o tema foi tratado de forma didática com a inclusão de uma ficha com alguns dos principais marcos do desenvolvimento das crianças e um método instrutivo para pais e cuidadores sobre como lidar com a situação diante de atrasos ou suspeitas de problemas do desenvolvimento. Criação do Cartão da Criança Se pensarmos sobre a criança, a sequência do desenvolvimento pode ser identificada por meio dos marcos tradicionais. Essas referências são possíveis com um olhar para uma abordagem sistemática, ou seja, para a observação dos avanços da criança no tempo. A aquisição de determinada habilidade vai se basear nas adquiridas previamente, e raramente pulam-se etapas. Esses marcos constituem a base dos instrumentos de avaliação. A tabela de avaliação é composta por 4 categorias. ● Maturativo ● Psicomotor ● Social ● Psíquico Fatores de desenvolvimento Segundo Amaral (2007), existem 6 fatores de desenvolvimento. - Hereditariedade - Crescimento Orgânico - Amadurecimento neurofisiológico - Meio Ambiente - Desnutrição Infantil - Doenças, estresse e Hormônios Marcos do desenvolvimento motor Os marcos são capacidades que uma criança adquire antes de avançar para outras capacidades mais difíceis. Esses marcos não são realizações isoladas, pois as etapas são evolutivas e se desenvolvem sistematicamente. Cada capacidade adquirida prepara o bebê e a criança para lidar com as fases seguintes. Marco da aquisição da linguagem A fala inicial, a partir dos 14 meses de vida, não é apenas uma versão imatura da fala adulta, mas ela aos poucos vai ganhando um potencial de personalidade própria, qualquer que seja o idioma que a criança esteja falando. As crianças compreendem relações gramaticais que ainda não conseguem expressar e também não conseguem sequenciar palavras suficientes para expressar a ação completa. Aos 2 anos de idade, as crianças são capazes de reproduzir mais de 200 palavras, e aos 2 anos e 6 meses, mais de 500 palavras. O primeiro dia na escola e as aulas na primeira série são um marco para todas as crianças – um sinal dos avanços internos que possibilitam essa nova condição. Esse efeito de ingressar no primeiro ano é uma experiência que prepara as bases para toda a carreira escolar de uma criança. Marco da idade escolar (terceira infância) e pré-adolescência Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), serão fundamentais para o desenvolvimento do controle da emoção e da autoestima os ambientes familiar e escolar. Promover sentimentos positivos acerca da confiança em si mesmo, da visão sobre suas possibilidades, facilitando a vivência frente a desafios. As crianças, ao se relacionarem com seus pares da mesma idade cronológica, vivem uma oportunidade e um excelente aprendizado de comportamentos pró-sociais. Questão 1 O interesse pelo desenvolvimento humano e integral da criança tem recebido atenção nas últimas décadas. O aumento constante dos níveis de sobrevivência infantil em todo o mundo tem sido reconhecido como um grande esforço internacional na prevenção de problemas ou de patologias com efeitos duradouros na constituição do ser humano desde a infância. Sobre esse tema, é recomendado nas cartilhas distribuídas pelo Ministério da Saúde o acompanhamento de diversas etapas no desenvolvimento, sobretudo aspectos motores na primeira infância. Essas etapas são conhecidas como R: Marcos do desenvolvimento Questão 2 Para Papalia, Olds e Feldman (2006), o processo de crescimento será influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos que suportam a curva de crescimento por faixas etárias esperadas na infância. Alguns fatores são acompanhados no desenvolvimento, pois explicam muitas manifestações no comportamento da criança e até mesmo nas suas dimensões físicas e habilidades cognitivas. É o caso do fator da hereditariedade. Sobre esse tema,assinale (V) ou (F) em cada afirmativa. I. ( ) A hereditariedade é um fator importante para o crescimento biológico. II. ( ) O potencial hereditário de cada criança é predeterminado e ele sempre se desenvolverá, independentemente de meio e estímulos. III. ( ) Os aspectos genéticos podem atuar como uma bagagem potencial em todos nós, podendo ocorrer ou não. IV. ( ) A inteligência é uma capacidade que pode ser transmitida geneticamente, porém é uma capacidade potencial e ela pode desenvolver-se além ou aquém desse potencial. V. ( ) O crescimento corporal é um dos aspectos do desenvolvimento que é bastante influenciado por fatores hereditários. Marque a resposta com a sequência correta. R: V, F, V, V, V Vimos que as crianças, desde bebês, participam ativamente do universo que as cerca e são impactadas pelos estímulos que recebem. Ou seja, se elas recebem amor, é amor que irão refletir e internalizar. Mas se elas viverem em um ambiente hostil e sem condições favoráveis para absorver emoções positivas, elas poderão ter o seu desenvolvimento prejudicado e até criar traumas que, para a vida adulta, serão refletidos no modo como enxergam e reagem ao mundo.
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