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A Psicanálise, a Gestalt e a Psicologia Humanista

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A Psicanális�, � Gestal� � � Psicologi� Humanist�
FREUD: FUNDAÇÃO DA PSICANÁLISE E
NASCIMENTO DA PSICOLOGIA CLÍNICA
A fundação da Psicanálise está intrinsecamente
ligada à busca pela origem da histeria, ou seja:
pessoas acometidas por problemas nos nervos,
que a medicina convencional não conseguia
resolver.
Inicialmente, acreditava-se que poderia
encontrar uma parte no cérebro responsável
pelos sintomas histéricos. Sigmund Freud, o
criador da Psicanálise, de inconsciente.
Entretanto, antes de chegar a Freud,
precisamos entender Jean-Martin Charcot, o
Hospital de Salpêtrière, o método indutivo e o
longo caminho percorrido pela Psicanálise, até
sua formação como conhecemos atualmente.
CHARCOT, LA SALPÊTRIÈRE E A HIPNOSE
La Salpêtrière foi um hospital projetado em
Paris, França, para alojar marginais, pobres,
pessoas em situação de rua e qualquer um que
pudesse atrapalhar a ordem da alta sociedade
parisiense. Entretanto, pouco a pouco foi se
tornando também o lar de qualquer um que
padecesse de alguma doença mental, sendo
aproximadamente três mil acometidos por
esses transtornos e cinco mil o número total de
internos. Construído no século XVII, atualmente
é centro hospitalar universitário, que engloba a
maioria das especialidades médicas.
AFINAL, O QUE É A HISTERIA?
Inicialmente, acreditava-se que a histeria era
uma condição exclusiva de mulheres,
Entretanto, ao descobrir-se que a histeria vinha
do cérebro e não do útero feminino, uma nova
gama de contribuições médicas pôde ser dada
ao tratamento dessa tão controversa doença
dos nervos.
Para os conceitos da época, o termo englobava
uma série de doenças e transtornos, tais como:
epilepsia, paralisia de membros, fobias,
distúrbios de linguagem, amnésia e afins.
Basicamente, tudo que fugisse à saúde normal
do ser humano e que não tivesse explicação
médica/fisiológica acabava entrando no
espectro da histeria. Principalmente, se a
pessoa fosse uma mulher, claro. Isso causava
uma grande indagação sobre qual a etiologia
de tais doenças, pois não se encontravam em
lugar corpóreo nenhum.
Após estudar inúmeros casos de histeria,
Charcot concluiu que a histeria era proveniente
de um trauma. Não necessariamente lembrado
em detalhes pela pessoa, pois poderia ter
passado por um extenso período de latência, às
vezes, remontando à infância. O médico passou
a usar o recurso da hipnose, para tentar fazer
com que, nesse estado indutivo, a pessoa
lembrasse o que a teria afligido a ponto de
ocasionar um sintoma em seu corpo.
Podemos dizer que o diferencial de Jean-Martin
Charcot foi olhar humanamente para seus
pacientes, em vez de só observar
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fisiologicamente e ignorar o sofrimento de
todos aqueles internados de Salpêtrière.
SIGMUND FREUD
Médico formado na Universidade de Viena em
1881, especializou-se em Psiquiatria e
conseguiu uma bolsa de estudos em Paris,
onde trabalhou e aprendeu com Charcot.
Grande parte do advento da Psicanálise é
devida à trajetória pessoal de Freud. Sua
história de vida está indubitavelmente
mesclada com os conceitos psicanalíticos. Se
não fossem suas experiências, muito
provavelmente sua reflexão teórica não seria
tão precisa. E era necessário um olhar aguçado
e crítico para enxergar as comprovações de
suas teses até mesmo nas expressões humanas
mais sutis.
Terapeuta, mas ao mesmo tempo paciente: esse
é o termo que define Sigmund Freud.
Em Viena, Josef Breuer, médico e cientista,
aliou-se a Freud e suas investigações, ainda
sobre a etiologia da histeria. No tratamento da
paciente Anna O., que era atendida por Breuer,
ambos descobriram que os sintomas histéricos
de sua doença tratavam de questões mal
resolvidas e de repressões sofridas ao longo de
sua vida.
O caso de Anna O.
Em tal caso, especificamente, a paciente
possuía um conjunto de sintomas:
● Paralisia com contrações musculares
● Inibições
● Dificuldade de pensamento
Entretanto, em seu estado de vigília, a paciente
não conseguia se lembrar da origem desses
sintomas.
Já no estado hipnótico, porém, ela relatava a
origem deles e o conteúdo reprimido era
expressado; tudo começara com a doença e
morte de seu pai. Durante o período da
enfermidade dele, no qual ela era responsável
por todos os cuidados, às vezes, pensamentos
para que ele morresse vinham em sua mente,
pois os cuidados eram um fardo difícil de
sustentar. Esses pensamentos foram reprimidos
e transformados em sintoma.
O caso Emmy Von N. e a associação livre
O caso Emmy é um interessante episódio na
história da Psicanálise. A paciente se recusava
a comer e beber nem que fosse água mineral,
evocando dores gástricas. Sendo forçada a se
alimentar, ela acaba rejeitando a hipnose.
Tendo desistido de hipnotizá-la, Freud anunciou
que daria 24 horas para que ela se
convencesse de que suas dores decorriam
apenas dos seus temores.
Aparentemente, a estratégia funcionou. Um dia
depois, Emmy voltou a se alimentar e a ingerir
líquidos, e admite de modo ambíguo que Freud
estava com a razão. Nas palavras de Emmy :
“Acho que elas (as dores gástricas) provêm de
minhas apreensões só porque o senhor o diz”.
Emmy diz sim à interpretação freudiana,
confirmando o seu valor de verdade (no sentido
quase lógico), mas no seu assentimento é como
se ela se colocasse à margem de si mesma.
Em um segundo momento, Freud perguntado de
quando datam os sintomas gástricos, Emmy
respondeu que não sabia. Freud tentou
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novamente a estratégia da intimidação e deu
até o dia seguinte para ela responder. Foi nesse
momento que Emmy, em um tom ríspido,
respondeu que ele não deveria ficar
perguntando de onde provinha isso ou aquilo,
mas sim que a deixasse falar ou contar o que
tinha a dizer.
Essa réplica de Emmy permitiu que Freud
elaborasse a regra de ouro da psicanálise, ou
seja: a associação livre. O analista,
consequentemente, deve servir de quadro em
branco para que o analisando possa pintar o
setting como bem entender, falando sobre o que
lhe vem à mente e sem o risco das repressões
que ocorrem na vida em sociedade.
As fases do desenvolvimento e a evolução da
libido
A formação clássica das fases do
desenvolvimento psicossexual (oral, anal, fálica,
latência e genital) causou revolta na
comunidade científica, que se mostrou inflexível
e incapaz de associar que as pulsões humanas
existem desde a mais tenra infância.
Freud usava uma analogia do mito de
Édipo-Rei, para explicar a relação forçada de
renúncia da criança ao seu objeto de desejo, os
pais. Com essa ocorrência, a criança passa a
deixar tal lado pulsional em segundo plano e a
pertencer aos parâmetros da ordem social. A
publicação, em 1913, de Totem e Tabu mostrou
que o conceito de horror ao incesto influencia o
inconsciente do indivíduo por toda sua vida.
Podemos considerar, assim, a adequação ao
parâmetro social como um forte exemplo de
repressão que acaba por marcar o psíquico do
indivíduo até mesmo décadas depois, quando
este já é adulto.
A Antropologia também trata de seus estudos
em relação à moral sexual, o tabu e o desejo
pelo amor dos progenitores. Freud analisa
diversas sociedades e como a lei moral do
horror ao incesto está presente em todas as
civilizações, mesmo que a barreira nem sempre
inclua o triângulo sujeito-mãe-pai, podendo ser
transferida para sujeito-primo e afins. Em
sequência, Freud diz que até mesmo algumas
sociedades mais instintivas, que nunca
conheceram os valores morais do Ocidente,
fazem jus à sua teoria.
As duas Tópicas Freudianas
Tópica é um termo derivado do grego topos
(lugar). Freud utilizou o termo para definir o
aparelho psíquico em duas etapas essenciais
de sua elaboração teórica.
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Primeira Tópica
Na primeira concepção tópica, chamada de
primeira tópica freudiana (1900-1920), Freud
distingui o inconsciente, o pré-consciente e o
consciente.
Inconsciente
é constituído por conteúdos recalcados aos
quais foi recusado o acesso aos sistemas
pré-consciente e consciente. É
indissoluvelmente uma noção tópica e
dinâmica que brotou da experiência do
tratamento. Este mostrou que certos conteúdos
só setornam acessíveis à consciência depois
de superadas certas resistências. O que Freud
percebeu é que a vida psíquica estava cheia de
pensamentos eficientes, embora inconscientes,
e que era destes que emanava os sintomas.
Pré-Consciente
Em A Interpretação dos Sonhos), Freud nomeia
de pré-consciente o sistema que está entre o
inconsciente e a consciência, separado pela
censura que procura barrar aos conteúdos
inconscientes o caminho para o pré-consciente.
A função do pré-consciente é evitar que
preocupações perturbadoras cheguem à
consciência.
Consciente
é um dado da experiência individual que se
oferece à intuição imediata. A consciência
fornece para a psicanálise não mais do que
uma versão lacunar dos nossos processos
psíquicos, pois são na maioria inconscientes
Segunda Tópica
Já na segunda tópica (1920-1939), Freud fez
intervir três instâncias ou três lugares: id (isso),
ego (eu) e superego (supereu).
ID (Isso)
equivalente ao sistema inconsciente na
primeira tópica. A principal diferença é que na
segunda tópica, o ego e suas operações
defensivas são inconscientes, sendo o id o que
abrange os conteúdos precedentes abrangidos
pelo inconsciente, mas não o conjunto do
psiquismo inconsciente.
Superego (Supereu)
põe em evidência uma instância que se
separou do ego e parece dominá-lo. É uma
parte do ego que se opõe a ele e o julga de
maneira crítica. Essa noção aparece na
segunda tópica como uma instância que
encarna uma lei e proíbe a sua transgressão.
Ego (Eu)
representa o polo defensivo da personalidade
no conflito neurótico; ele expõe mecanismos de
defesa motivados pela percepção de afetos
desagradáveis (sinais de angústia). Do ponto
de vista da economia da libido, o ego surge
como um fator de ligação dos processos
psíquicos.
o ego aparece de duas maneiras diferentes:
como aparelho que surge do contato do id com
a realidade externa e como produto de
identificações na formação, no âmago da
pessoa, como objeto de amor investido pelo id.
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1. Um dos marcos na história da Psicologia foi o
caso da paciente atendida por Sigmund Freud,
Emmy Von N. Esta paciente se recusava a comer
ou até mesmo beber água e possuía grande
resistência ao tratamento que Freud propunha
a ela, sempre indagando com questões e, com
isso, deixando-a irritada. Em determinado
momento do tratamento, Emmy diz a Freud
grosseiramente que a deixe falar apenas o que
tem a dizer. Tal fato mudou para sempre a
história da Psicologia e da Psicanálise, pois
originou o método de tratamento conhecido
como:
r:Associação livre
2. Leia o texto a seguir e preencha as lacunas.
Depois, assinale a alternativa que representa
as palavras e ordens corretas.
Nascido em Viena em 1856 _______________ se
formou em Medicina na universidade de sua
cidade natal e especializou-se em Psiquiatria.
Por dificuldades financeiras, não pôde se
dedicar exclusivamente a vida de pesquisador,
tendo, então, começado a clinicar pessoas que
sofriam de problemas nervosos. Obteve, ao final
de sua residência médica, uma bolsa de
estudos para Paris, onde trabalhou no
_____________________ juntamente a seu
mentor, _____________. Após a temporada na
capital francesa, ________________ retornou à
capital austríaca e passou a clinicar através
do/da ___________________, juntamente a
_______________.
R:Sigmund Freud – Hospital da Salpêtrière –
Jean Charcot – Sigmund Freud – Método
hipnótico – Josef Breuer
módulo 2
CARL GUSTAV JUNG (1875-1961) foi um
psiquiatra e terapeuta suíço, inicialmente
conhecido como o mais promissor discípulo de
Freud e a quem o Pai da Psicanálise desejava
deixar seu legado em mãos.
Em 1907, Jung visitou Sigmund Freud em Viena
e a aliança entre os dois começam com uma
viagem aos Estados Unidos em 1909 para levar
a Psicanálise às Américas e para fundar a
Associação Psicanalítica Internacional, da qual
Jung foi presidente. Entretanto, após diversos
anos de parceria, a colaboração de ambos
começou a romper por divergências extremas
quanto ao caráter da libido:
Freud ligava a libido à sexualidade humana.
≠
Jung enxergava na libido a energia corpórea
como um todo.
A ruptura definitiva entre os dois ocorreu em
1912, quando Jung publicou seus livros
Psicologia do Inconsciente e Transformações e
Símbolos da Libido. Com essa dissidência,
Jung criou sua própria abordagem: a
Psicologia Analítica.
Para Jung, uma concepção plena da
personalidade humana fornece respostas para
três séries de questões:
Questão estrutural
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Quais os constituintes que compõem a
estrutura da personalidade e de que modos
esses componentes interagem uns com os
outros?
Questão dinâmica
Quais as fontes de energia que ativam a
personalidade e de que modo essa energia se
distribui pelos diversos componentes?
Questão desenvolvimentista
Como se origina a personalidade e que
mudanças nela ocorrem ao longo da existência
do indivíduo?
Personalidade e sua estrutura na Psicologia
Analítica
A psique
De acordo com Jung, a Psicologia é um
conhecimento da psique. A psique é a
personalidade como um todo; e, como um todo,
é composta de sistemas e níveis interatuantes.
São eles: a consciência, o inconsciente pessoal
e o inconsciente coletivo.
Consciência
A consciência aparece cedo na vida e cresce
diariamente por força da aplicação das quatro
funções mentais: pensamento, sentimento,
sensação e intuição. Fora essas quatro funções,
existem as atitudes que orientam a mente
consciente em relação ao mundo externo ou
interno: atitude extrovertida e atitude
introvertida. Existe também o processo por meio
do qual o indivíduo busca conhecer tão
completamente quanto possível a si mesmo.
Jung denomina esse processo de individuação.
Quando falamos em individualização, é
importante destacar o ego.
EGO
É denominado de ego a organização da mente
consciente composta de percepções
conscientes, recordações, pensamentos e
sentimentos. O ego é seletivo e filtra as
experiências que temos: a maioria não se torna
consciente.
O ego fornece identidade de continuidade em
vista de seleção e de eliminação do material
psíquico. Nesse sentido, a individuação e o ego
estão intimamente interligados. Fora isso, pelo
caráter seletivo do ego, lembranças e
percepções que provoquem angústia estão
sujeitas a não se tornar conscientes.
Inconsciente pessoal
Nada do que foi experimentado desaparece da
psique; fica armazenado no que Jung
denominou de inconsciente pessoal. Um nível
da psique contíguo ao ego. Nesse receptáculo,
ficam todas as atividades ou conteúdos que
não se harmonizam com a individuação ou
função consciente. Os conteúdos do
inconsciente pessoal têm fácil acesso à
consciência, quando surge tal necessidade.
Sobre o inconsciente pessoal, é importante
entender sobre complexos.
complexos: a reunião dos conteúdos para
formar um aglomerado ou constelação. Ele
chegou à primeira comprovação da existência
dos complexos com o teste de associação das
palavras. Eles formam quase uma
personalidade separada na personalidade
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total; são autônomos e possuem uma força
propulsora própria.
Certos complexos podem ser compreendidos
em um jargão atual como manias. A maioria dos
complexos tem a ver de modo acentuado com a
condição neurótica do paciente.
Jung considerava que os complexos têm origem
nas experiências traumáticas da primeira
infância.
Inconsciente coletivo
Desde 1860, a Psicologia científica havia
surgido como disciplina independente da
Filosofia e da Fisiologia e os estudos sobre o
inconsciente, em Psicologia, já haviam sido
iniciados por Freud na década de 1890. A
consciência e o inconsciente eram tidos como
originados da experiência. Por outro lado, Jung,
rompendo com os determinismos relativos à
mente demonstrou que a evolução e a
hereditariedade dão linhas de ação para a
psique. Nesse sentido, a descoberta do
inconsciente coletivo foi um marco decisivo
para a história da Psicologia. Para Jung, a
psique deve ser pensada dentro do processo
evolutivo: a mente do homem é prefigurada pela
evolução da espécie.
Por isso, nos últimos 40 anos, Jung se dedicou
ao estudo dos arquétipos,Existem tantos arquétipos quanto situações
típicas na vida. Uma repetição infinita gravou
essas experiências em nossa constituição
psíquica, não sob a forma de imagens
saturadas de conteúdos, mas somente como
formas sem conteúdo.
Alguns arquétipos têm enorme importância na
formação de nossa personalidade e de nosso
comportamento, são eles: persona, sombra,
anima e animus, e o self. Os arquétipos são
universais; todos herdamos as imagens
arquetípicas básicas.
Persona
Refere-se ao que é esperado socialmente do
indivíduo e como este deseja ser visto pelo
outro. É a máscara social utilizada em público
para impor uma imagem agradável de nós
mesmos, somos obrigados a adotá-las nas
diferentes esferas da vida, seja na vida
profissional ou até mesmo familiar,
representando diferentes papéis. O resultado
de uma persona inflada é a sobreposição de
uma vida pautada no parecer em vez de ser.
Sombra
É o arquétipo que se desenvolve em oposição à
persona. Nós o escondemos em relação aos
outros, mas também a nós mesmos. É também
tudo que se encontra no inconsciente,
manifestando-se, muitas vezes, de forma
instintiva e emocional, no qual atribuímos ao
outro nossos defeitos como mecanismo de
defesa para, assim, não encarar as falhas que
residem em nossa sombra.
Anima/Animus
Para Jung, temos uma minoria de
características do sexo oposto que habita
nosso psiquismo, mesmo que seja na forma de
um ideal ao qual desejamos. Ou seja: em toda
mulher há a imagem de um homem ideal e em
todo homem há a imagem de uma mulher ideal.
Tais arquétipos vão se reproduzindo ao longo
da vida em diferentes objetos e, muitas vezes,
podem ser fonte de decepção, tendo em vista
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que são meras projeções e não
necessariamente a realidade concreta.
Self
É o principal arquétipo descrito pelo teórico; é o
símbolo da ordem. Segundo Jung, o self é a
soma de tudo que somos agora, de tudo que já
fomos e de tudo que poderemos ser. É o ponto
de nossa personalidade da direção da
autorrealização e da totalidade. Ao sermos
honestos conosco e ao propor a mudar nossas
realidades, o ego pode encontrar a força
interior necessária para se unir ao self e
consequentemente atingir a consciência plena
de tudo aquilo que estava nas sombras.
Dinâmica da personalidade
Na abordagem analítica, a personalidade
(tratado por Jung como psique) é como um
sistema unitário em si mesmo, relativamente
fechado, com uma energia mais ou menos
autocomandada, distinta de qualquer outro
sistema de energia.
A psique abrange todos os pensamentos,
sentimentos e comportamentos, tanto os
conscientes como os inconscientes, o que
possibilita a adaptação do sujeito ao ambiente
social e físico.
Consiste em vários sistemas isolados, mas que
atuam uns sobre os outros de forma dinâmica.
Enquanto afetado por energias externas e
internas, o sistema psíquico se mantém em
estado de mudança contínua e nunca pode
atingir um estado perfeito de equilíbrio; apenas
lhe é dado uma estabilidade relativa. Quanto
aos estímulos recebidos, o que importa são os
resultados que podem provocar.
Energia psíquica
A energia graças a qual se efetiva o trabalho da
personalidade é chamada de energia psíquica.
Jung também a denominou de libido, mas não
reduz a libido à energia sexual.
São as experiências consumidas pelo indivíduo
que se transformam em energia psíquica.
Jung considerava impossível estabelecer uma
equivalência precisa entre energia física e
energia psíquica, mas acreditava em uma
espécie de ação recíproca entre esses dois
sistemas.
Valores psíquicos
O valor é uma medida da quantidade de
energia consagrada a um elemento psíquico
particular, ou seja, são avaliações de
quantidade energética (energia psíquica).
Como exemplo, podemos citar a beleza e o
poder, enquanto elementos psíquicos.
Determinada pessoa pode atribuir alto (ou
baixo) valor em relação a esses elementos,
sendo possível comparar nossos valores
psíquicos com os outros. Importante destacar
que, como elemento na dinâmica da
personalidade, envolve tanto aspectos
conscientes quanto inconscientes.
A psicodinâmica diz respeito ao estudo da
distribuição da energia pelas estruturas da
psique e à transferência da energia de uma
estrutura para outra. Em termos junguianos, a
psicodinâmica vale-se de dois princípios
extraídos da Física: o princípio de equivalência
e o princípio de entropia.
Princípio de equivalência
De acordo com o princípio de equivalência, não
há perda de energia na psique. Segundo a
primeira lei da termodinâmica, ou lei da
conservação de energia, Jung afirma que se
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uma quantidade de energia desaparecer de um
determinado elemento psíquico, igual
quantidade de energia aparecerá em outro
elemento psíquico.
Princípio de entropia
De acordo com Jung, o princípio de
equivalência descreve o intercâmbio de energia
no interior de um sistema, mas não explica a
direção em que a energia flui. Na Física, a
direção para qual a energia flui é explicada
pela segunda lei da termodinâmica, ou
princípio de entropia. Em termos da psique, a
distribuição da energia visa a obtenção de
equilíbrio em todas as estruturas (JUNG, 2002,
p.58-59).
Desenvolvimento da personalidade
Tendo como alicerce a sua vasta experiência
clínica, Jung apresentou conceitos básicos
referentes ao desenvolvimento da
personalidade. Vejamos um pouco sobre isso:
Individuação
No início da vida, o indivíduo começa em um
estado de totalidade indiferenciada. O
desenvolvimento o conduz a uma
personalidade diferenciada, unificada e
equilibrada, embora essas metas raramente
sejam atingidas por completo. De qualquer
modo, a meta é sempre atingir maior
individuação que se diferencie dos outros e se
diferencie dentro de si mesmo, indo de uma
estrutura mais simples em direção a uma
estrutura cada vez mais complexa. Plenamente
individualizado, o ego passa a captar de modo
mais tênue e mais profundo o significado dos
fenômenos objetivos.
Transcendência e integração
A integração da personalidade é um dos temas
dominantes na Psicologia junguiana. A
integração é a individuação de todos os
aspectos da personalidade. Porém, não pode
ser pensada sem levarmos em consideração a
função transcendente. Esta é dotada da
capacidade de unir todas as tendências
contrárias da personalidade e de trabalhar
para que se atinja a meta da totalidade. Sendo
assim, a função transcendente é um
instrumento da realização da unidade ou
arquétipo do self. Ela é a produção e
desdobramento da totalidade potencial
original.
KAREN HORNEY (1885-1952) foi uma
psicanalista prussiana que questionou diversas
das perspectivas tradicionais freudianas.
Inicialmente, Horney e suas ideias se
alinhavam à perspectiva psicanalista ortodoxa;
Segundo Karen, a Psicanálise deveria ir além
das fases do desenvolvimento e considerar as
influências culturais na formação da
personalidade. Em sua teoria, o ser humano
não é orientado apenas pelo princípio do
prazer, mas também por dois outros princípios:
a segurança e a satisfação.
Para ela, as neuroses resultam das tentativas
de nos encontrar em meio à sociedade. E a
soma de todas as primeiras experiências do ser
humano faz emergir sua personalidade.
No início da vida, portanto, todos temos
potencial, mas precisamos de um ambiente
adequado para desenvolvê-los. A base primária
do desenvolvimento pode ser saudável ou
neurótica, depende da influência cultural e
ambiental.
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Sendo assim, caso não se tenha tal ambiente
de potencialidades, as influências adversas e
externas podem admitir neuroses.
Duas das mais primitivas dessas influências
são a inabilidade e a má vontade dos pais de
oferecer amor às crianças, por causa de suas
próprias neuroses. Um ambiente com pais
autoritários, negligentes, desenvolvem um
sentimento de hostilidade básica. A repressão
de seus sentimentos, levando em consideração
uma insegurança que se manifesta ao longo da
vida.
Uma psicanálise feminista
Outro aspecto importante de sua carreira, é que
por vezes ela é incluída como parte de um
movimento neopsicanalítico, que questiona a
importância que Freud atribui aopênis e
discorda sobre as diferenças entre o sexo
biológico da forma como Sigmund propôs.
A partir de uma perspectiva da Psicologia
feminista, a autora enfatiza que as diferenças
entre homens e mulheres são culturais e não
meramente biológicas.
Na contramão do enaltecimento fálico, Horney
afirma que os homens, com a incapacidade de
engravidar e dar à luz, tentam, como forma de
compensação, se voltar para avanços em
trabalhos externos.
Na obra Gender and Envy (Gênero e Inveja), da
autora Nancy Burke, Horney fala sobre a
obviedade do enaltecimento fálico que ocorre
no meio psicanalítico, dizendo que isso se deve
à sua criação ter sido feita por um homem. Pois,
mesmo que Sigmund Freud fosse um gênio, ele
ainda assim continuava sendo homem; e seu
trabalho foi perpetuado, na época,
majoritariamente por outros homens, detentores
da erudição.
ALFRED ADLER
Alfred Adler (1870-1937), psicanalista austríaco,
fez parte do primeiro círculo psicanalítico da
história, tendo sido convidado pelo próprio
Freud para fazer parte, mesmo sendo 14 anos
mais jovem do que o Pai da Psicanálise. Tais
reuniões começaram em 1902 e serviram
posteriormente para delinear todas as diversas
sociedades psicanalíticas que surgiriam ao
redor do mundo.
Alfred Adler.
No entanto, em 1911, o teórico deixou a
Sociedade Psicanalítica Vienense por
divergências sobre concepções teóricas; Adler
não aceitava a importância do papel do
recalque e da libido no funcionamento psíquico.
Sua ruptura com Freud não ocorreu de maneira
amigável, sobretudo, por Adler acrescentar
novas ideias ao meio psicanalítico e criar sua
própria teoria, chamada Psicologia Individual.
Tal separação foi a primeira cisão importante
do movimento psicanalítico; fundou um grupo
chamado Sociedade para a Pesquisa
Psicanalítica Livre.
Sua teoria conciliava a influência do ambiente
social com o consciente. Um dos pilares de sua
pesquisa era sobre autoestima e como esta se
desenvolve perante o mundo.
Para ele, sentir-se inferior é uma experiência
humana universal, pois relaciona-se com a
infância.
Segundo o autor, crianças sempre se sentem
inferiores por estarem rodeadas de pessoas
mais fortes e que obtêm poder sobre elas. Esse
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sentimento pode acompanhar o sujeito pelo
resto da vida.
Como estudo de caso, Adler utilizou a história
de Theodore Roosevelt, que era um jovem
acanhado e doente até a adolescência e que,
depois, passando por intensas transformações,
chegou a ser o presidente mais jovem dos
Estados Unidos, em 1901.
O self criativo e a psicoterapia
Adler desenvolve o conceito de poder criativo
do self. O teórico austríaco propôs que, apesar
da hereditariedade e da experiência, o ser
humano faz sua própria personalidade
lapidando o material bruto que lhe foi dado
biologicamente e ambientalmente, em um
processo de criação de si.
Tal criação ocorre dentro e fora do setting
terapêutico, onde o terapeuta deve conduzir o
paciente a perceber seu estilo de vida e a
orientá-lo e reeducá-lo para uma melhor
situação na vida real, sem conflitar
dolorosamente qualquer aspecto inconsciente.
Por fim, um aspecto revolucionário do método
de Adler é que a relação entre terapeuta e
paciente passou a ser igualitária, face a face e
empática. Esse fator influenciou uma série de
teóricos, como por exemplo Karen Horney,
Abraham Maslow, Carl Rogers e muitos outros.
1. Carl Gustav Jung (1875-1961), renomado
psicoterapeuta suíço, inicialmente era visto
como o maior discípulo freudiano e o
psicanalista que carregaria seu legado. Os dois
tiveram uma parceria de pesquisas que durou
anos e resultou em diversos trabalhos
imprescindíveis para a história da Psicanálise.
Entretanto, Jung não concordava com um dos
principais conceitos freudianos, o que causou
uma ruptura nessa aliança. Esse conceito era
o/a:
R: Libido
2. Karen Horney (1885-1952) foi uma
psicanalista prussiana que questionou diversos
conceitos de Sigmund Freud (1856-1939). Uma
de suas principais colaborações foi a respeito
do papel da mulher na Psicanálise. A partir de
seus conhecimentos sobre Horney, analise as
afirmações a seguir e depois marque a
alternativa correta:
I. Horney acreditava na inferioridade da mulher
marcada no real devido à ausência de pênis,
fato que exemplifica a histeria como um
fenômeno feminino.
II. Horney questionava a importância que Freud
dava ao pênis no desenvolvimento psíquico,
criando uma teoria feminista que ia na
contramão do enaltecimento fálico.
III. Horney afirmava a obviedade do
enaltecimento fálico na psicanálise, tendo em
vista que toda a criação da teoria foi feita por
homens.
IV. Horney afirmava que as mulheres
engravidavam como forma de compensação
fálica na sociedade, mostrando que o corpo
biológico feminino também era fonte de
poderio.
V. Horney afirmava que os homens, com a
incapacidade de engravidar e dar à luz, tentam
como forma de compensação se voltar para
avanços externos.
I, II e IV.
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módulo 3
IMAGENS GESTÁLTICAS
Vaso de Rubin
O Vaso de Rubin é um dos mais conhecidos
exemplos de Gestalt. Nele, pode-se ver tanto
uma taça quanto dois rostos de perfil se
encarando.
Elefante da Gestalt
Nesta ilustração, é possível ver o elefante
formado por cabeças humanas.
Gestaltismo
O conceito de Gestalt surgiu como uma reação
Associacionismo. Para compreender melhor,
entretanto, é importante que antes saibamos o
significado do termo. A famosa frase que define
os gestálticos é:
O todo é mais que a soma das partes.
O correspondente mais próximo em nossa
língua seria forma ou configuração. Essa teoria
defende que as experiências devem ser
consideradas mais em sua totalidade do que
em acontecimentos separados.
Gestalt-Terapia
Utiliza as artes como recurso terapêutico.
≠ Gestalt
Utilizado em diversas áreas, como as artes
visuais.
Surgida na sociedade alemã e tendo Fritz Perls
como principal teórico, a Gestalt-terapia tem
como foco o aqui e agora, sobrepondo-se a
abordagens que focavam no passado e
destacando a responsabilidade de si mesmo na
atual experiência individual.
É um modo de psicoterapia que não se
concentra na doença, mas em gerar mais
saúde mental a partir das potencialidades que
todo indivíduo possui. Tem grande diálogo com
teorias humanistas, que exploram as potências
individuais como o meio de atingir a
autorrealização. Além disso, a abordagem foca
no conceito de percepção como chave para a
compreensão da atual experiência individual.
insight: o indivíduo obtém uma reestruturação
súbita em seu campo perceptual e, a partir
disso, pode compreender melhor e,
consequentemente, mudar o que não se
encontra em ressonância com o resto de sua
vida. É a apreensão verdadeira de uma coisa,
livre dos conteúdos que podem deturpar as
percepções do ser sobre as coisas em sua volta
e sobre si mesmo.
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A percepção e a boa forma
Os gestaltistas estavam preocupados em
compreender quais eram os processos
psicológicos envolvidos na percepção. Ou,
como cada sujeito tem uma forma diferente de
perceber a realidade.
Isso fez com que houvesse um embate com o
movimento comportamentalista, pois para a
Gestalt existe um processo entre o estímulo e a
resposta do indivíduo. Esse processo é a
própria percepção, que se mostra única para
cada ser humano.
É importante, portanto, saber o que o sujeito
percebe e como o percebe.
Outro fator importante do movimento gestáltico
é a concepção de pregnância das formas (ou lei
da boa forma). Tal aspecto diz que sempre
enxergamos a composição visual geral das
coisas antes de nos aprofundarmos nos
detalhes. O ser humano, em sua busca por
autorrealização, esse é um dos motivos que nos
mantém em uma incessante busca por nós
mesmos.
Usando como analogia um exemplo de obras de
arte, quando observamos inicialmente um
quadro, não vemos linhas, pontos ou pinceladas
isoladas, mas um conjunto completo. E é disso
que se trata a experiência gestáltica.
o contexto que mesclou a Filosofia gestáltica
com a Psicologia.
As origens filosóficas
o Associacionismo pretendia encontrar
“elementos constituintes”. Uma conduta, por
exemplo,pode ser considerada como composta
por elementos existentes em si mesmos que se
associam, formando os conjuntos aditivos que
caracterizam a experiência.
O confronto com esse modo de pensar teve
início com o filósofo Locke, mas em 1890, com
Ehrenfels, com um trabalho sobre a qualidade
das formas (Gestaltqualitäten), ganhou uma
nova configuração. Com esse trabalho,
Ehrenfels pretendia mostrar que existem
características da experiência que não podem
ser explicadas pelas propriedades das
sensações consideradas como elementos
constituintes.
O que Ehrenfels procura mostrar é que tanto o
ponto de vista fisiológico quanto o ponto de
vista psicológico não podem ser explicados
pela associação dos elementos constituintes.
Exemplo: Uma melodia pode ser transposta
para outro tom e tocada por outro instrumento e
continua sendo a mesma melodia mesmo tendo
todos os seus elementos alterados. A adição de
unidades isoladas não explica isso.
A conclusão a partir de Ehrenfels é que as
melodias são formas. Isso serviu de base para
os estudos de Wertheimer, Köhler e Ko�ka.
Estava nascendo a Psicologia da forma, ou
Gestalt.
A questão de Köhler e Ko�ka, em termos de
estrutura, é que existem no mundo físico “todos”
cujas propriedades não ocorrem por adição,
por soma de suas partes. Para eles, existem
diferentes formas de subordinação parte/todo.
Entretanto, é importante mencionar que o
gestaltismo não pretende de modo algum que
toda realidade seja gestáltica.
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o
Mas qual a diferença da Gestalt, enquanto
estrutura, e a ideia de estrutura para o
pensamento estruturalista?
considera a estrutura ou a forma não como
parte da realidade empírica, mas como modelo
construído em relação a ela. No caso do
gestaltismo, a estrutura é uma característica da
própria realidade. Uma outra possibilidade de
estruturalismo afirma que para o estruturalismo
a estrutura é um modelo como um sistema de
diferenças que pode ser transposto de
fenômeno para fenômeno.
Os exemplos da Gestalt como estrutura são
retirados da realidade física:
Em um condutor de carga elétrica homogêneo,
se exercemos uma modificação em uma das
partes haverá uma alteração na totalidade dos
pontos de distribuição. Assim é a base da
terapia da Gestalt: se modificarmos um ponto
específico, podemos, a partir desse, mudar o
todo.
Na perspectiva de Köhler, se o mundo físico
apresenta características gestálticas, não há
por que não as encontrar nos fenômenos
fisiológicos. O autor, ao recusar o método
introspectivo em Psicologia, mantém um contato
com o comportamentismo, mas a sua Teoria da
Forma apresenta aspectos muito específicos.
Para ele, a constituição do objeto parte da
modalidade perceptiva “construída”. Em outras
palavras, a Psicologia da Gestalt procura dar
conta da “estrutura do campo”.
A organização do conjunto perceptivo é o dado
primário para Köhler. A essa interpendência
funcional das sensações, ele nomeará de
Togetherness (união) dos estímulos. Nessas
configurações globais, o problema central será
o sentido (Sinn) inerente à experiência
perceptiva.
O que caracteriza a Gestalt é a “consideração
imanente” do campo perceptivo como a
determinação de uma estrutura que atua na
percepção. Para a Gestalt, o campo sensorial
não é um mosaico de estímulos, mas
organizado desde o início, originalmente
estruturado. O que Köhler considera como
imanente são as formações perceptivas, tais
como ocorrem na experiência concreta, por
isso, não importa a decomposição analítica em
“dados”.
Quanto à constituição do objeto, a Gestalt, por
sua irredutibilidade à localização, tratará de
conjuntos e subconjuntos a partir da ideia de
figura e fundo. Apoiado na fenomenologia e se
distanciando dela, Köhler propõe uma
homologia entre as organizações do mundo
perceptivo e os processos nervosos que o
subentendem.
Ao pensar os aspectos fisiológicos, Köhler
abandona o mecanicismo, e procura pensar a
autorregulação dinâmica própria de um
“fisicalismo autêntico”. Logo, a proposta da
Gestalt obedece a suposição de um paralelismo
psicofísico. Para Köhler, o caminho da
Psicologia tem como rumo esses aspectos: o
abandono do modelo mecânico – e o
direcionamento para uma física desapegada
de todas as instâncias mecanicistas. Mas
existem críticas a Köhler, pelo fato de se referir
sempre a articulações extremamente simples
do campo perceptivo.
KURT LEWIN
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o
Kurt Lewin (1890-1947), psicólogo e professor
alemão, originou sua Teoria de Campo, talvez o
método mais importante de seu legado.
Lewin abandona os limiares de percepção e os
aspectos psicofisiológicos da Gestalt para
buscar na Física as bases metodológicas de
sua Psicologia.
Para o autor, o indivíduo e seu entorno não
devem ser vistos como instâncias a parte, pois
ambos interagem e consequentemente se
modificam no espaço que habitam. Uma de
suas principais contribuições é o conceito de
espaço vital, ao qual define como “a totalidade
dos fatos que determinam o comportamento do
indivíduo num certo momento”.
A Psicologia de Lewin trabalha com a
efemeridade, pois a vida é sempre considerada
dinamicamente e o campo não deve ser tido
como uma realidade física estática, mas sim
fenomênica.
Nas palavras do próprio Lewin: o campo deve
ser representado tal como ele existe para o
indivíduo em questão, em determinado
momento, e não como ele é em si.
Para a constituição desse campo, as amizades,
os objetivos conscientes e inconscientes, os
sonhos e os medos são tão essenciais como
qualquer ambiente físico.
Ou seja, o campo é uma realidade fenomênica,
não necessariamente física. a realidade
fenomênica é a maneira particular como se
interpreta determinada situação e, também,
componentes emocionais ligados às próprias
situações já vividas.
O campo psicológico é representado pelas
linhas de força, o que atrai a percepção e lhe dá
significado. As situações, muitas vezes, tendem
a ser interpretadas pelos seus aspectos
fenomenológicos e não pelo o que ocorre de
fato. As experiências, a todo o momento, podem
ganhar novos significados se sobrepostas a
fatos anteriores. E o comportamento, para sua
real compreensão, deve ser visto em sua
totalidade, não por fragmentos incompletos.
1. (FGV - 2018 - AL-RO) A Gestalt é um campo
teórico que ofereceu inestimáveis contribuições
ao estudo da percepção e da inteligência.
Segundo os autores clássicos, a solução de
impasses ocorre por meio da reestruturação
perceptiva. Sendo assim, ocorre um fenômeno
no qual a apreensão global da
situação-problema é seguida pelo ajuste dos
fatores relevantes em relação ao todo. Esse
fenômeno é chamado de:
R:Insight - é o nome que se dá a quando o
indivíduo passa a possuir uma apreensão
verdadeira de uma coisa, livre dos conteúdos e
das crenças que podem deturpar a percepção
das coisas à sua volta.
2. A partir de seus conhecimentos sobre
estímulo e percepção na teoria da Gestalt,
assinale a alternativa correta em relação à
importância da percepção do estímulo para a
compreensão do comportamento humano.
R: Para a Gestalt, existe um processo entre o
estímulo e a resposta do indivíduo. Esse
processo se mostra único para cada indivíduo,
não ocorrendo de forma universal.
A percepção é o ponto de partida dessa teoria.
Isso faz com que exista um embate entre
gestaltistas e comportamentalistas, pois para a
Gestalt existe um processo no meio do estímulo
e da resposta do indivíduo.
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o
Módulo 4
A PSICOLOGIA HUMANISTA
Tal perspectiva filosófico-psicológica surge
como uma resposta ao domínio que se tinha na
Psicologia entre o Comportamentalismo e a
Psicanálise, consideradas teorias rivais e que
repercutiam a lógica estadunidense e a
europeia, respectivamente.
CARL ROGERS
Foi em 11 de dezembro de 1940 que Carl Rogers
(1902-1987) deu sua famosa conferência e
expôs pontos que trilhavam um caminho para
além da lógica psicólogo (senhor do suposto
saber) e paciente. Sua proposta terapêutica
dava mais ênfase na situação atual do
indivíduo e defendia a tendência à
autorrealização que toda vida humana tem.
A terapia deixava de ser um lugar de tratar
doençase tornava-se um lugar de
autocompreensão para os indivíduos
perceberem os vastos recursos que possuem
dentro de si para modificação de seus
comportamentos e atitudes.
Sua forma de terapia foi se desenvolvendo
cada vez mais ao longo das décadas, até ser
nomeada como Abordagem Centrada na
Pessoa (ACP). Nessa psicoterapia, por exemplo,
o indivíduo que frequenta não é chamado de
“paciente” (assim como em outras) mas sim de
“cliente”; pois, entende-se que ele está
passando por um aconselhamento não diretivo
para explorar suas potencialidades.
Para que a modificação dos autoconceitos
ocorra, deve haver três condições para que se
crie um clima facilitador de crescimento
pessoal:
O primeiro elemento
Pode ser chamado de autenticidade,
sinceridade ou congruência. Quanto mais o
terapeuta for ele mesmo na relação com o outro
e puder remover as barreiras da lógica
profissional, mais isso significa que ele está
vivendo a essência daquele momento. O
terapeuta se faz transparente para o cliente. E,
do mesmo modo, o que o cliente vive pode se
tornar consciente e ser vivido na relação
terapeuta-cliente, e assim comunicado se for de
seu desejo.
Aceitação incondicional
“Isto ocorre quando o terapeuta tem uma
atitude ‘positiva e aceitadora’ em relação ao
que quer que o cliente seja naquele momento.
Quando a postura terapêutica se demonstra
dessa forma, a possibilidade de ocorrer uma
mudança positiva é maior. Nesse aspecto, é
importante que o cliente expresse qualquer
sentimento que esteja sentindo. O terapeuta
deve ter uma consideração integral e não
condicional pelo cliente”
Compreensão empática
“Para que isto ocorra é necessário que o
terapeuta tenha uma escuta sensível e ativa ao
que chega até a ele. Quando está em sua
melhor forma, o terapeuta pode entrar tão
profundamente no mundo interno do paciente
que se torna capaz de esclarecer não só o
significado daquilo que o cliente está
consciente como também do que se encontra
abaixo do nível de consciência”.
Uma das questões mais interessantes na
proposta de Rogers é que ela parece poder ser
ps
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o
aplicada a relações humanas cotidianas – e
não necessariamente terapêuticas – desde a
relação entre as pessoas que convivem muito
tempo em um mesmo espaço.
É nesse sentido que encontramos a
Aprendizagem Centrada no Aluno ou,
Tendência Pedagógica chamada Liberal
Renovadora Não Diretiva. Claramente inspirada
no pensamento de Rogers, será a base para a
Escola Nova, que influenciará tanto o ensino no
Brasil a partir dos anos 1930.
Mas por que Rogers teria essa influência em
tantas áreas, além da Psicologia?
Essa aprendizagem pessoal, longe de ser
apresentada como receita, mostra a base que
sustenta toda sua teoria.
Rogers (1997, p. 19-25) afirma:
“Na minha relação com as pessoas, descobri
que não ajuda, a longo prazo, agir como se eu
fosse alguma coisa que não sou.
Descobri que sou mais eficaz quando posso
ouvir a mim mesmo, aceitando-me; e assim
posso ser eu mesmo.
Atribuo um enorme valor ao fato de poder
permitir compreender uma outra pessoa.
Verifiquei ser enriquecedor abrir canais dos
quais os outros possam comunicar os seus
sentimentos, seus mundos perceptivos
particulares.
É sempre altamente enriquecedor aceitar outra
pessoa.
Quanto mais aberto estou às realidades em
mim e nos outros, menos me vejo procurando, a
todo custo, remediar as coisas.
E conclui:
“Não posso fazer mais nada do que tentar viver
segundo minha própria interpretação da
presente significação de minha existência, e
tentar dar aos outros a permissão e a liberdade
de desenvolverem a sua própria liberdade
interior para que possam atingir uma
interpretação significativa de sua própria
existência.”
ABRAHAMMASLOW (1908-1970)
conhecido como o Pai da Psicologia humanista
foi, sobretudo, um estudioso e observador
aficionado pelo comportamento humano. Filho
de pais imigrantes judeus, Maslow nasceu no
Brooklyn e sofreu discriminação durante
diversos momentos de sua vida. Isso o fez,
talvez como uma força motriz, tentar entender o
ser humano e devotar-se aos livros e às
bibliotecas. Inicialmente, estudava Direito, mas
posteriormente assumiu sua paixão pela
Psicologia, até obter seu Ph.D. em 1934 e
começar a lecionar em 1937.
Seus artigos não encontravam ressonância
para publicação na maior parte das revistas
técnicas de Psicologia. Entretanto, foi no final
da década de 1950 que Maslow decidiu fundar
sua própria revista de Psicologia humanista.
Afinal, o que seria o Humanismo?
Indo na contramão dos saberes psicanalíticos
(que coloca a satisfação das pulsões como
aspecto central da teoria) e dos
comportamentalistas (que procuram satisfazer
as necessidades fisiológicas do ser humano), o
Humanismo trata de descobrir os propósitos do
indivíduo na busca de sua autorrealização.
Em suma, a filosofia humanista se expressa
através da fidelidade consigo mesmo, para
ps
ico
.ge
o
descobrir quem realmente somos e para, a
partir disso, trabalhar nossa psique.
Para melhor compreensão de como seria a
autorrealização humana por essa perspectiva,
é necessário observar a esquematização
criada por Maslow, conhecida como Pirâmide
de Maslow ou Hierarquia de necessidades de
Maslow:
O Existencialismo é um Humanismo
Um dos aspectos mais importantes do
Humanismo é a aliança dessa teoria à Filosofia
Existencialista. Terapeuticamente, fez-se a
junção das duas linhas teóricas e criou-se a
Terapia Existencial-Humanista. Tal fato pode
ser ilustrado pelo célebre livro do autor
Jean-Paul Sartre, que, em 1946, publicou a obra
O Existencialismo é um Humanismo.
Tais teorias se complementam em um viés
psicoterápico devido à forma como enxergam o
ser humano, sempre digno de se autorrealizar
por meio de suas possibilidades de liberdade. A
clássica frase de Sartre: “O ser humano está
condenado a ser livre”, dimensiona os aspectos
que tal liberdade (sempre atrelada a uma
responsabilidade de si) trazem ao indivíduo,
que se depara com a angústia de ser livre
perante as possibilidades que o permeiam.
Para Sartre, o homem é o que se faz por si
próprio, ou seja: o homem nada mais é do que
seus atos. O homem primeiro existe e se projeta
conscientemente no futuro. Consequentemente,
outro conceito chave para tal abordagem é que
“a existência precede a essência”, portanto,
quem molda a essência de nossas vidas somos
nós, fato que se atrela ao conceito de caminhar
sempre para a autorrealização defendida pelo
Humanismo.
É necessário ir um pouco mais fundo nessa
afirmação de Sartre e perceber seu impacto
frente ao pensamento comumente aceito
acerca da existência humana.
Assim, para o existencial-humanismo, ao
afirmar que a existência precede a essência,
temos uma responsabilidade por nós mesmos e
pelo outro, tendo em vista que o outro também
se afeta de acordo com o que fazemos de nós.
Sartre diz que sua doutrina não é
desesperadora ou pessimista, mas pelo
contrário: devemos enxergar o destino em
nossas próprias mãos como possibilidades e
projetos. Além de que, isso nos traz uma
exaltação do ser humano tal como no
Humanismo, em que somos livres para criar um
projeto de ser-no-mundo e nos reinventar todos
os dias.
No existencial-humanismo, há também três
noções fundamentais: as de responsabilidade,
escolha e angústia. Esses aspectos se
relacionam entre si e são indissociáveis
Consequentemente, qualquer ato, por menor
que seja, é uma renúncia. A responsabilidade
mediante as ações humanas – ao fazer jus à
lógica sartreana –, independe de um Deus ou
ps
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o
de uma força superior. E, a respeito de tais
escolhas, temos a inclusão de um valor moral
particular de cada um.
Por fim, as ações de um ser humano repercutem
em todos e não só a ele isoladamente. Como
seres sociais, tudo que fazemos é norteado por
uma conduta que mescla as escolhas, as
angústias e as responsabilidades da
humanidade. O ser humano se compromete
com o que quer ser e também com o que quer
que seja o seu meio.
1. (FGV - 2013 - SEDUC-SP) Em O existencialismo
é um humanismo, Jean Paul Sartre afirmou: “O
homem nada mais é do que aquilo que ele faz
de si mesmo”,mostrando que a liberdade:
R: É uma condenação que lança o homem no
desamparo de não poder escapar da solidão e
da responsabilidade por seus atos.
2. A seguir, há uma pirâmide das necessidades
humanas, criada por Abraham Maslow, sem os
respectivos estágios atribuídos pelo autor.
Analise as lacunas e assinale a alternativa com
os respectivos números e ordenamento
corretos.
V – Fisiologia - IV – Segurança - III – Social
II – Estima - I – Realizações pessoais
No decorrer desses módulos, as conclusões que
pudemos chegar são a de encerramento de
uma rede de significações que já foram tecidas
no percurso de um trabalho. Aristóteles diz que
quando algo nos espanta, causa perplexidade,
começamos a pensar. Sim, e não há como não
ficar perplexo frente ao que cada um desses
teóricos e clínicos, aqui estudados de forma
introdutória, traz de inesgotável.

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