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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CAMPUS SANTA INÊS DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM CURSO DE ENFERMAGEM BACHARELADO GABRYELLE MENEZIO DA COSTA RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SAÚDE MENTAL E PSIQUIATRIA SANTA INÊS – MA 2023 GABRYELLE MENEZIO DA COSTA RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SAÚDE MENTAL E PSIQUIATRIA Relatório Parcial de Estágio supervisionado apresentado à supervisão de estágio da Universidade Estadual da Maranhão-UEMA, campus Santa Inês, como pré-requisito para a aprovação da disciplina de Atividades supervisionadas I, do 9º período. Preceptor: Jildeglan Gomes. SANTA INÊS – MA 2023 IDENTIFICAÇÃO 1.1 Identificação do estagiário: Nome: Gabryelle Menezio da Costa Código: 20190103050 Curso: Enfermagem Bacharelado Endereço: Rua M. Deodoro da Fonseca, nº 491, Canecão, Santa Inês/MA 1.2 Identificação do campo de estágio: Disciplina: Saúde Mental e Psiquiatria Local: CAPS II – Seba Salomão Endereço: Av. Luís Barros Elouf, s/n, Aeroporto Período: 20/03/2023 a 07/04/2023. Preceptor: Jildeglan Gomes SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 5 APRESENTAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO – CAPS II – SEBA SALOMÃO ................. 7 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS – CAPS II – SEBA SALOMÃO ................................. 10 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 12 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 13 APÊNDICES ....................................................................................................................... 14 APÊNDICE A- Fotos das atividades no CAPS II durante estágio supervisionado em Saúde Mental e Psiquiatria.......................................................................................................... 15 APÊNDICE B- Estudo de Caso Clínico ........................................................................... 18 5 INTRODUÇÃO Ao discutirmos sobre saúde mental, é necessário compreender o contexto histórico. A Reforma Psiquiatra iniciada no Brasil no final da década de 70 foi um marco importante para mudanças significativas no tratamento destinado aos portadores de transtornos mental, dando início as discussões acerca do fim dos manicômios e sua desinstitucionalização, visando não mais tratar esse paciente a regime fechado hospitalar, mas adaptá-lo na sociedade, conquistas estas decorrentes de diversos movimentos sociais e de trabalhadores de saúde (BRASIL, 2005). Desde então, os sanitaristas vêm lutando em busca de uma assistência humanizada, o que inclui a saúde mental. Este processo de movimentação da saúde para mudança deu origem à Lei 10.216, de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, trazendo uma nova visão de assistência aos pacientes e reestruturando os serviços de saúde que já existiam com a criação de novas modalidades assistenciais para atender o paciente de forma integral (HIANNY et al, 2018). A partir dessa lei, origina-se a Política de Saúde Mental, que tende garantir o cuidado ao paciente/usuário com transtorno mental em serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos, promovendo a redução programada de leitos psiquiátricos de longa duração, incentivando as internações psiquiátricas, somente quando necessárias, sem isolar o paciente do convívio familiar e da sociedade como um todo (BRASIL, 2005). Ademais, essa política permite a atenção ao portador de sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização de pacientes de longa duração em hospitais psiquiátricos e ainda as ações que permitem a reabilitação psicossocial por meio da inserção pelo trabalho, da cultura e do lazer (HIANNY et al, 2018). A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) foi instituída em 2011 com a proposta de inserção da atenção psicossocial em diversos pontos, não apenas nos específicos de saúde mental, incluindo: atenção primária à saúde, atenção psicossocial especializada, atenção à urgência e emergência, atenção residencial de caráter transitório, atenção hospitalar, estratégias de desinstitucionalização e reabilitação psicossocial (PARANÁ, [2020?]). 6 Dentre os serviços de saúde mental disponíveis em âmbito nacional específicos para o cuidado estão os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), instituições destinadas a atender os pacientes com transtornos mentais, estimulando sua integração social e familiar, apoiando-os em suas iniciativas de busca da autonomia, proporcionar atendimento médico e psicológico (BRASIL, 2004). O CAPS realiza atendimentos às pessoas com transtornos mentais, e usuários de drogas em regime de tratamento que variam de intensivo, semi-intensivo e não intensivo, esse cuidado é desenvolvido por intermédio do projeto terapêutico individual priorizando adesão espontânea. Constituída por uma equipe multidisciplinar composta por psiquiatra, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, enfermeiro, auxiliar ou técnico de enfermagem e outros (BRASIL, 2004). Os CAPS são divididos em categorias de acordo com a necessidade ou a demanda populacional. O Ministério da saúde estabelece alguns parâmetros para a implantação dos CAPS e suas demandas de acordo com a Portaria nº336, de 19 de fevereiro de 2002: CAPS 1 - são os centros de menor porte, que atendem municípios com população entre 20.000 e 50.000 habitantes. Atendendo pessoas de todas as faixas etárias, com transtornos mentais severos e persistentes e transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas, neste centro o médico é especialista em saúde mental. CAPS 2 - são serviços de médio porte, e dão cobertura a municípios com mais de 50.000 habitantes. A clientela típica destes serviços é de adultos com transtornos mentais severos e persistentes. Os CAPS II sendo exigido um psiquiatra para atendimento e preconizasse o acompanhamento de cerca de 360 usuários por mês. CAPS 3 - Os CAPS III são os serviços de maior porte da rede CAPS. Previstos para dar cobertura aos municípios com mais de 200.000 habitantes. Os CAPPS III funcionam durante 24 horas em todos os dias da semana e em feriados. O CAPS III realiza, quando necessário, acolhimento noturno (internações curtas, de algumas horas a no máximo 7 dias). CAPIS I - Os CAPSi, especializados no atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais, são equipamentos 7 geralmente necessários para dar resposta à demanda em saúde mental em municípios com mais de 200.000 habitantes. Funcionam durante os dias úteis da semana, e têm capacidade para atender cerca de 180 crianças e adolescentes por mês. CAPS AD – São especializados no atendimento de pessoas que fazem uso descontrolado de álcool e outras drogas, são previstos para cidades com mais de 200.000 habitantes. Funcionam durante os cinco dias úteis da semana, e têm capacidade para realizar o acompanhamento de cerca de 240 pessoas por mês. Os Centros de Atenção Psicossocial oferecem diversos tipos de atividades terapêuticas, por exemplo: psicoterapia individual ou em grupo, oficinas terapêuticas, atividades comunitárias, atividades artísticas, orientação e acompanhamento do uso de medicação, atendimento domiciliar e aos familiares. Essas atividades podem ser feitas em grupos ou individualmente, também podem ser destinadas às famílias ou comunidade. No CAPS são preferencialmente atendidaspessoas com transtornos mentais severos e/ou persistentes, ou seja, pessoas com grave comprometimento psíquico, incluindo os transtornos relacionados às substâncias psicoativas (álcool e outras drogas), crianças e adolescentes com transtornos mentais (HIANNY, 2018). Dentre os principais transtornos atendidos, destacam-se: Esquizofrenia, Transtorno Afetivo Bipolar, Depressão, Transtorno pós psicoativos, Transtorno do Espectro Autista entre outros diversos. APRESENTAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO – CAPS II – SEBA SALOMÃO O Estágio Curricular Supervisionado em Saúde Mental e Psiquiátrica tem carga horária de 90 horas e iniciou no dia 20 de março de 2023, mediante orientação e supervisão da preceptora e enfermeiro Jildeglan Gomes. As atividades foram desenvolvidas no Centro de Atenção Psicossocial II, localizado na Avenida Luiz Barros Elouf, s/n, bairro Aeroporto na cidade de Santa Inês– MA. O Centro de Atenção Psicossocial possui uma estrutura ampla de 3 pavilhões e já possui projeto que se aprovado poderá se tornar um CAPS III. 8 O primeiro pavilhão, possui 1 recepção, 1 consultório médico e de enfermagem com 1 banheiro, 1 consultório da assistente social, 1 consultório de psicologia com banheiro, 1 sala de coordenação, 1 farmácia, 1 almoxarifado, 2 banheiros sociais, um feminino e um masculino. No segundo pavilhão estão, 1 sala de procedimento, uma área multiuso, 2 banheiros de funcionários, um feminino e um masculino, 1 copa para funcionários, 1 cozinha, 1 refeitório social, e 1 despensa. O terceiro pavilhão possui, 1 sala de artesanato, 1 sala de psicopedagogia e 1 sala de música. O papel dos CAPS é o de articulação, assistência e regulação da rede de saúde e contam com uma equipe multidisciplinar com 1 psicóloga, 1 farmacêutica, 2 médicos, equipe de enfermagem (1 técnico de enfermagem e 1 enfermeiro), 1 assistente social, entre outras áreas como a administrativa e de serviços gerais a fim de trabalharem em conjunto e harmonia a fim de ajudar na reinserção social dos pacientes, assim como de ajudar a familiares. Abaixo temos o fluxograma de atendimento em Saúde Mental de Santa Inês (Imagem 1), cronograma geral do CAPS II (Imagem 2) e o cronograma das Oficinas Terapêuticas (Imagem 3). Imagem 1. Fluxograma de Atendimento em Saúde Mental Fonte: Secretaria de Saúde de Santa Inês, 2023. 9 Imagem 2. Cronograma Geral do CAPS II do mês de março de 2023 Fonte: CAPS, 2023. Imagem 3. Cronograma das Oficinas Terapêuticas Fonte: CAPS, 2023. Tanto o fluxograma, quanto os cronogramas são muito utilizados para a organização dos atendimentos e atividades, procedimentos e outras ações a serem 10 ofertadas, sendo que o cronograma geral pode ser alterado a qualquer momento e modificado mensalmente acompanhando as datas comemorativas de cada mês. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS – CAPS II – SEBA SALOMÃO Abaixo temos a descrição das atividades exercidas durante o período de estágio de Saúde Mental e Psiquiatria: Quadro. 1: Atividades desenvolvidas no período de 20 de março a 07 de abril de 2023 no CAPS II em Santa Inês. DATA HORÁRIO DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES 20-03-23 08:00 às 12:00 Hrs Nosso grupo de estágio foi apresentado no CAPS, pelo preceptor juntamente com a coordenadora e logo em seguida participamos de uma reunião com a com a mesma, que apresentou toda estrutura, funcionamento e os profissionais da equipe multidisciplinar ali presentes. 21-03-23 8:00 às 12:00 Hrs Realizamos a triagem dos pacientes, avaliando os sinais vitais e aferição de glicemia capilar dos pacientes diabéticos. Nesse dia acompanhamos o acolhimento dos pacientes realizado pela assistente social (Graça), e por fim acompanhamos os pacientes para sala de artesanato, auxiliando-os nas atividades propostas. 22-03-23 8:00 às 12:00 Hrs Ajudamos na triagem dos pacientes, logo após, participamos do acolhimento, que foi conduzido pela a farmacêutica (Rosilda), onde foi feito uma roda de conversa, no qual os pacientes se apresentavam e contavam um pouco da sua história. A equipe foi dividida em duplas e fomos de forma alternada acompanhar a farmacêutica, que nos apresentou as 11 medicações presente no RENAME e as medicações da FEME, além de mostrar como é feita a dispensação das medicações e o protocolo de cadastro para o recebimento. 23-03-23 8:00 às 12:00 Hrs Neste dia realizamos o acolhimento na área externa, foi feito uma roda e cada paciente tinha que falar duas qualidades da pessoa que estava ao seu lado (APÊNDICE A). Neste mesmo dia, a equipe dividiu-se em duplas e tivemos a oportunidade de acompanhar o enfermeiro na realização de um plano terapêutico do paciente. 27-03-23 8:00 às 11:20 Hrs Ajudamos na triagem dos pacientes, neste dia a aula pedagógica foi conduzida pelo nosso grupo, fizemos uma pequena abordagem sobre a história de Santa Inês, depois realizamos uma atividade de jogo da memória com as imagens do primeiro prefeito e os primeiros vereadores da cidade, com o objetivo de trabalharmos o cognitivo do paciente (APÊNDICE A). Neste mesmo dia escolhemos um prontuário de um paciente do CAPS, para debater as condutas com os profissionais da equipe multidisciplinar e realizar a análise para construção do caso clínico. 28-03-23 8:00 às 12:00 Hrs O acolhimento seria realizado pela a psicóloga, mas pedimos para realizarmos, fizemos uma dinâmica (Batucada da Alegria), na qual passava um objeto entre as mãos dos pacientes enquanto tocava uma música, quando a mesma parava, a pessoa que estivesse com o objeto na mão tinha que se identificar e falar o que o deixava feliz 12 (APÊNDICE A). Em seguida fomos para a sala de arquivo para continuar as análises dos prontuários. Tivemos a oportunidade de acompanhar e preencher as RAAS, juntamente com o enfermeiro. 29-03-23 08:00 às 12:00 hrs Elaboração de painel com fotos “acervo Santa Inês” para exposição no II Sarau Literário 30-03-23 08:00 às 12:00 hrs Foi realizado o II Sarau Literário CAPS II. Auxiliamos na organização juntamente com a equipe profissional. (APÊNDICE A) 04-04-23 08:00 às 12:00 hrs Neste dia realizamos o acolhimento de forma diferente, organizamos uma ação sobre a higiene pessoal, na oportunidade realizamos uma dinâmica na qual levamos uma caixa com objetos de higiene pessoal e de acordo como iriamos pegando o objeto dentro da caixa eles tinham que falar para qual tipo de higiene era utilizado. (APÊNDICE A) 05-04-23 08:00 às 12:00 hrs Foi realizado uma celebração em comemoração à páscoa, onde estava presente um padre, além dos pacientes e responsáveis. Auxiliamos na organização da celebração juntamente com os profissionais da equipe. (APÊNDICE A). Neste mesmo dia discutimos o caso clínico com o preceptor. CONCLUSÃO O Estágio supervisionado em Saúde Mental e Psiquiatria foi de suma importância, o qual contribuiu de forma significativa para o processo de formação e desenvolvimento das minhas competências. Foi uma experiência que possibilitou enxergar a realidade sobre outra ótica, o que me conduziu a um olhar mais 13 contextualizado sobre o ambiente de atuação profissional de enfermagem no âmbito de saúde mental e psiquiatria. Poder conhecer a rotina do CAPS resultou em grandes conhecimentos e desmitificação quanto a saúde mental que de fato agregará muito a minha vida profissional, compreendendo que cada paciente vai além de um CID-10 e que há a necessidade de um atendimento singular para cada paciente, o qual necessita de cuidados específicos e que não deve ser marginalizado ou descriminado devido a sua situação. REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Saúde. OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL. Brasília, DF, 2004. BRASIL,Ministério da Saúde. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília, DF, 2004. BRASIL, Ministério da Saúde. Reforma Psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Brasília, DF, 2005. HIANY, Natália et al. perfil epidemiológico dos transtornos mentais na população adulta no Brasil: uma revisão integrativa. Revista Enfermagem Atual in Derme, v. 86, n. 24, 2018. PARANÁ, Secretaria Estadual de Saúde. Saúde Mental e a Atenção Psicossocial – SMAPS. Curitiba, PR, [2020?]. 14 APÊNDICES 15 APÊNDICE A- Fotos das atividades no CAPS II durante estágio supervisionado em Saúde Mental e Psiquiatria. Dia 23/03/2023: Acolhimento – Dinâmica das qualidades. . Fonte: Próprio Autor, 2023. Fonte: Próprio Autor, 2023. Dia 27/03/2023: Aula Pedagógica Fonte: Próprio Autor, 2023. Fonte: Próprio Autor, 2023. 16 Dia 28/03/2023: Acolhimento – Dinâmica Batucada da Alegria. Fonte: Próprio Autor, 2023. Dia 30/03/2023: II Sarau Literário CAPS II. Fonte: Próprio Autor, 2023. Fonte: Próprio Autor, 2023. 17 Dia 04/04/2023: Ação sobre Higiene Pessoal. Fonte: Próprio Autor, 2023. Fonte: Próprio Autor, 2023. Dia 05/04/2023: Celebração da Páscoa Fonte: Próprio Autor, 2023. Fonte: Próprio Autor, 2023. Fonte: Próprio Autor, 2023. 18 APÊNDICE B- Estudo de Caso Clínico INTRODUÇÃO De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), os transtornos mentais compreendem-se como doenças com manifestações psicológicas, as que causam comprometimento funcional devido a perturbações, sendo de causas: biológicas, sociais, psicológicas, genéticas, físicas ou químicas. Para diagnóstico pelo CID-10 o indivíduo deve apresentar pelo menos um sintoma, como inserção ou roubo do pensamento, delírios de controle, vozes alucinatórias, delírios persistentes, alucinações persistentes de qualquer modalidade, intercepção do curso do pensamento resultando em discurso incoerente, comportamento catatônico, sintomas negativos e alteração significativa do comportamento pessoal, como perda de interesse, falta de objetivos, inatividade e retraimento social (KAPLAN, 2003). A delimitação da saúde mental muitas vezes é feita de forma imediatista, levando em conta somente a clínica e contexto adoecimento, porém está relacionada diretamente a forma como cada pessoa reage às exigências da vida e ao modo como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, ideias e emoções (PARANÁ, [2020?]). Atualmente a esquizofrenia tem sido considerada um dos principais problemas de saúde pública exigindo considerável investimento do sistema de saúde uma vez que, 95% das pessoas diagnosticadas permanecem com o transtorno, que é de caráter psicótico, durante toda a vida (STUART e LARAIA, 2001). A esquizofrenia é conhecida como uma das doenças psiquiátricas mais graves, desafiadoras e complexa, que causa as hospitalizações mais prolongadas e compreende manifestações psicopatológicas variadas de pensamento, percepção, emoção, movimento e comportamento (OLIVEIRA; FASCINA; SIQUEIRA, 2012). A depressão é um dos transtornos afetivos mais conhecidos pela sociedade e requer um bom acompanhamento social, tornando-se uma condição médica comum, crônica e recorrente. Encontra-se associada a incapacitação funcional e comprometimento da saúde física (FLECK, 2009). 19 Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta cerca de 340 milhões de pessoas e causa 850 mil suicídios por ano em todo o mundo. No Brasil, são cerca de 13 milhões de depressivos (MALDONATO, 2006). Estima que a depressão seja atualmente a doença psiquiátrica mais diagnosticada: ocupa o quarto lugar entre os maiores problemas de saúde do Ocidente e é a segunda causa de invalidez. Visando compreender mais sobre o transtorno citado acima, esse estudo teve como objetivo analisar o caso de uma paciente do CAPS II na cidade de Santa Inês no Maranhão, visando contribuir com intervenções de enfermagem para a melhora do seu prognostico ou contribuindo para os eu bem-estar. DESCRIÇÃO DO CASO Paciente C.S, sexo masculino, nascido em 19 de novembro de 1965, 57 anos, casado. Foi casado por 26 anos no primeiro casamento, relacionamento marcado por conflitos familiares com a sogra, o que resultou no divórcio, encontra-se sem familiares e ausência dos filhos em seu convívio. Relata sobre magia negra feita por sogra e associa seu transtorno ao fato. O paciente deu entrada no Caps em 12 de julho de 2016, com diagnóstico de Esquizofrenia (F20), fazendo uso de Olanzapina (Medicamento classificado como antipsicótico e que age no Sistema Nervoso Central, ocasionando a melhora dos sintomas em pacientes com esquizofrenia e outros transtornos mentais (psicoses)) e Clonazepan, iniciou o tratamento por motivos que ouvia vozes e vontade de suicidar- se, e possui Diabetes Mellitus (DM) pregressa, suas principais queixas era alucinações e sonhos perturbadores. De acordo com informações encontradas em seu prontuário, paciente agora faz tratamento não apenas para esquizofrenia, mas também para depressão (F33.2), atualmente encontra se casado com S., também paciente da instituição e apresenta Transtorno Esquizoafetivo (F25). Apresenta em seu exame psíquico com o autocuidado preservado, sem alterações aparente, apresenta comportamento passivo, com comunicação vagarosa, humor com instabilidade afetiva (deprimido), pensamento acelerado, apresenta lapsos de amnésia, sensopercepção de alucinação e delírio. 20 20 de julho de 2018, Sr C. S relata conflitos existentes com a esposa, o que acarreta na intensificação dos seus sintomas depressivos. Em 16 de agosto de 2018, o paciente foi agredido por outro usuário do Caps com socos, ferimento no supercílio e tentativa de enforcamento, o mesmo recebeu atendimento no local pela equipe técnica presente e levado a emergência do Hospital Municipal Tomáz Martins, este episódio agravou significativamente seu quadro depressivo. 02 de dezembro de 2020, se queixa de alucinações auditivas, continua fazendo uso de olanzapina 10mg 2 comprimidos 1x ao dia, período noturno e Clonazepam 20mg 1x ao dia, período noturno. 16 de março de 2021, paciente vem sem queixas e fazendo uso de olanzapina 10 mg, 2 comprimidos 1x ao dia, pela noite. Foi suspenso seu medicamento Clonazepam. 09 de agosto de 2022, paciente afirmar não está fazendo uso de olanzapina e vem com queixas de insônia, faz uso apenas de escitalopram (Medicamento indicado para tratamento e prevenção de recorrência de depressão), Em 13 de setembro de 2022, paciente comparece ao caps com queixas de vozes de comando mandando se matar, está sem escitalopram, faz uso de olanzapina 10 mg, 1x ao dia pela noite e Fluoxetina 20 mg, 1x ao dia pela manhã (Medicamento antidepressivo da classe dos inibidores seletivos de captação de serotonina); 17 de janeiro de 2023, paciente vem sem queixas e com Diabetes Mellitus descontrolada, não mostra interesse no controle da DM e não deseja ser encaminhado ao endócrino, se mantem fazendo uso de Olanzapina e Fluoxetina. Desde então, paciente vem melhorando, está estável, sem queixas alucinóticas, apenas episódios depressivos quando há conflito com a esposa. DIAGNÓSTICOCLÍNICO Paciente diagnosticado com CID-10: F20 (Esquizofrenia) e CID-10 associado F33.2 (Transtorno Depressivo Decorrente) 21 FISIOPATOLOGIA DA(S) DOENÇA(S) Ao analisar todo o histórico da paciente observa-se que no início da sua chegada na instituição em 2016 enfrentou diversas crises e surtos, como alucinações, vozes de comando e surtos depressivos. Mas agora, o mesmo vem se mantendo estável a algum tempo, compreende-se então, que o paciente vem seguindo o tratamento de forma correta. Quanto ao diagnóstico de depressão recorrente, as diretrizes que coordenam a prática clínica preconizam que a duração mínima para tratamento com antidepressivo deve ser de 6 a 12 meses, e ainda afirmam que quando realizado corretamente por 6 meses tem o risco maior para redução de recaídas. Porém, aproximadamente 30% dos pacientes descontinuam os medicamentos em 30 dias e mais de 40% em 90 dias (FLERK et al, 2009). Diante disso, é imprescindível que os pacientes se mantenham ativos no CAPS, para que exista um controle e estimulo para que os pacientes continuem no tratamento, observando de perto as reações e alterações do paciente. Neste caso clínico foi destacado a importância da observação das alterações de humor da paciente, para que sejam evitadas as crises e os possíveis surto, além do mais a literatura científica demonstra que o tratamento medicamentoso combinado com intervenções psicossociais tem demonstrado ter mais eficácia, do que realizado individualmente. TERAPÊUTICA ADOTADA Faz uso de Olanzapina 10mg, 3 comprimidos uma vez ao dia, no período noturno e Fluoxetina 20mg 1x ao dia pela manhã (medicamento antidepressivo da classe dos inibidores seletivos de captação de serotonina) DIAGNÓSTICO(S) DE ENFERMAGEM A partir das informações obtidas no prontuário da paciente no Centro de Atenção Psicossocial Seba Salomão – CAPS II, baseado no exame físico, exame das funções psíquicas e após estudo das patologias e medicações envolvidas foi realizado 22 o levantamento de problemas e os diagnósticos de enfermagem com base em NANDA (2009/2011) e elaborado o plano de cuidados e as intervenções de enfermagem frente ao paciente e familiares. Os diagnósticos elencados foram: Risco de Suicídio: Devido ao diagnóstico de depressão recorrente e as alucinações e vozes de comando para cometer suicídio, é necessário atentar- se com maior cuidado para essa paciente. Isolamento Social: Paciente apresentou por diversas vezes desejo de estar sozinho. Risco de Glicemia Instável: Possui a suscetibilidade à variação dos níveis séricos de glicose em relação à faixa normal que pode comprometer a saúde. Insônia: Apresentou dificuldade para iniciar e manter o sono, sendo o mesmo uma das suas queixas, o que prejudica o desempenho normal das funções da vida diária e insatisfação com o sono, apresentando sonolência durante período de permanência na instituição. INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM O plano de cuidados e assistência de enfermagem foi elaborado com objetivo de incluir no cuidado, tanto equipe profissional, paciente quanto familiares. Dentre as orientações e prescrições, podemos destacar a importância Realizar exame das funções psíquicas: essencial e deve ser feito em todas as consultas, visto que a paciente pode apresentar crise e surtos recorrentes. Monitorar ingestão de medicamentos para evitar o uso indevido. Observar, notificar e registrar mudanças de humor. Monitorar os níveis de glicose sanguínea, conforme indicado e fazer aconselhamento nutricional; Orientar quanto a redução de ruído, luminosidades e não ingerir alimentos e bebidas que prejudiquem a qualidade do sono. Aconselhamento, promoção da socialização: estimular a participação de grupos de socialização. 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS Reconhece-se que para obter um tratamento eficaz dentro do contexto da saúde mental é necessário não somente o uso das medicações, mas de um acompanhamento multiprofissional, somando ao cuidado familiar, ou do responsável, a fim de poder proporcionar uma melhor qualidade de vida e sociabilidade ao paciente e sua família. A realização do estudo de caso e a sistematização do mesmo foram importantes, permitindo uma visão mais abrangente da saúde mental possibilitando ações e cuidados mais efetivos com pacientes e familiares, contribuindo de forma significativa para o conhecimento, e assim, despertar curiosidades e interesses no campo da saúde mental e perder o receio frente à pacientes psiquiátricos. Entendemos que esse campo profissional tem muito ainda a ser estudado, pesquisado e avaliado. Além, de evidenciar a atuação da enfermagem nesse cenário, aonde sua função vai além de educador em saúde e prestação de cuidado, sendo também um subsidiador dos atendimentos, gerando uma comunicação eficaz, e proporcionando ao paciente acesso a todos os profissionais, e aos outros atendimentos de saúde. REFERÊNCIAS FLECK, Marcelo P. et al. Revisão das diretrizes da Associação Médica Brasileira para o tratamento da depressão (Versão integral). Brazilian journal of psychiatry, v. 31, p. S7-S17, 2009. KAPLAN, HAROLD I.; SADOCK B. J.; GREBB J. A. Compêndio de Psiquiatria: Ciências do comportamento e psiquiatria clínica. 7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. 1169 p. MALDONATO, M. Os aposentos vazios da depressão. Rev Viver mente & cérebro, ano XIV, n.160, maio 2006. p.38-45. OLIVEIRA, Renata Marques; FACINA, Priscila Cristina Bim Rodrigues; SIQUEIRA JÚNIOR, Antônio Carlos. A realidade do viver com esquizofrenia. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 65, p. 309-316, 2012. PARANÁ, Secretaria Estadual de Saúde. Saúde Mental e a Atenção Psicossocial – SMAPS. Curitiba, PR, [2020?]. STUART G. W.; LARAIA M. T. Enfermagem Psiquiátrica: Princípios e Prática. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. 958 p.
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