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CADERNO - ARBITRAGEM GABRIEL SEIJO

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23 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
CADERNO DE ARBITRAGEM – GABRIEL SEIJO – 2022.2 
 
AULA 01 – ARBITRAGEM: NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 
1. Apresentação da disciplina: 
 
 Corte entre arbitragem e mediação (Disciplina “Arbitragem” x Disciplina “Técnicas de 
resolução de conflitos”); 
 Enfoque teórico e prático – estudo da legislação, doutrina e casos; 
 Aulas expositivas (Limitação do conteúdo dos slides – slides servem apenas para + 
incentivo ao debate) 
 Talvez ocorram atividades em grupo valendo pontos extras; 
 Sites: CBAr, CONIMA, Kluwer Arbitration Blog, Kluwer Mediation Blog; 
 Referências bibliográficas: 
 
 Textos publicados no Ágata; 
 “Curso de Arbitração e Mediação”/ Cahali; 
 “Arbitragem e processo”/Carmona; 
 “Teoria geral da arbitragem”/Fichtener, Monteiro e Mannheimer; 
 
2. Noções introdutórias: 
Os bens da vida são limitados, o que culmina na constante ocorrência de conflito de 
interesses. 
A função social do Direito é prevenir e resolver disputas. A arbitragem é um meio de 
resolução de disputas. 
 
Os meios de resolução de disputas podem ser: 
 Autocompositivos: Permitem a resolução do conflito por acordo entre as partes. Ex: 
A e B demarcam um território entre si; A e B resolvem ajustar o valor da dívida entre 
si; 
Exemplos: Negociação, conciliação e mediação; 
 
Embora envolva um terceiro, o mediador não resolve o problema, mas busca por 
meio de técnicas que as partes dialoguem mais facilmente (há a geração de empatia 
mútua). O espectro da mediação é muito amplo. 
24 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
 Heterocompositivos: A resolução é dada por um terceiro. 
 
Exemplos: 
 
 Jurisdição estatal: Exercida pelo Poder Judiciário cuja decisão é vinculante e 
final; 
 
 Dispute resolution boards: Decisão não é final/imutável/definitiva/vinculante, 
podendo a jurisdição estatal ou a jurisdição arbitral atuar. A decisão pode ser 
contestada; 
 
 Expertise ou arbitramento pericial: É contrato um expert que vai examinar a 
disputa e proferir uma decisão. Não se trata de uma decisão jurisdicional, 
podendo ocorrer atuação posterior da jurisdição estatal ou da jurisdição 
arbitral. A decisão pode ser contestada; 
 
 Arbitragem: Exercida por um particular (terceiro) cuja decisão é 
vinculante/final/imutável/definitiva. A grande distinção é o fato de que a 
decisão do árbitro se equipara à justiça estatal 
OBS: Não necessariamente antes de um meio heterocompositivo precisa ter um meio 
autocompositivo; 
 
3. Ditame constitucional: eficácia do processo e acesso à justiça (CF, art. 5º, XXXV e 
LXXVIII): 
A jurisdição estatal não é mais suficiente na tarefa de classificar a sociedade. É necessário 
que o profissional do século XXI domine, também, outros mecanismos de resolução de 
conflitos em virtude do aumento da demanda. 
Art. 5º 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392) 
 
25 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Somando-se as curvas azul, vermelha e verde, chegamos à conclusão de que há um processo 
para a cada dois habitantes em curso no Brasil. Destarte, infere-se uma elevada demanda do 
Poder Judiciário. 
 
Quebra do mito de que “juiz não trabalha”. Este trabalha muito, assumindo uma carga de 
trabalho excessiva. 
A remuneração dos servidores públicos não é uma carreira muito atrativa para os bons 
profissionais. 
 
4. Acesso à justiça: modelo de Cappelleti e Garth 
 
 Primeira onda: Assistência judiciária, sobretudo no que tange à população carente, já 
que esta não pode ser privada do acesso à justiça. 
26 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Segunda onda: Direitos difusos e coletivos em juízo. Verificou-se a necessidade de 
proteger constitucionalmente direitos que não apresentam sujeitos identificáveis 
(vide o caso do derramamento de petróleo nas praias do Nordeste em 2019); 
 
 Terceira onda: Meios alternativos (adequados) de resolução de disputas (ADR). 
Alguns doutrinadores criticam a noção de “meios alternativos” pois esta pressupõe a 
existência de “meios principais” (a jurisdição estatal), daí, a defesa da substituição do 
termo “alternativos” por “adequados”. No Brasil, estamos fortemente na terceira 
onda. 
 
 Arbitragem: Modernização da legislação (Lei 9.307/96/ CNY) – foi somente 
em 1996 que a arbitragem foi impulsionada no Brasil, embora esta técnica já 
fosse contemplada desde as Ordenações Filipinas; 
 
 Mediação: Criação de legislação (Lei 13.140/2015) – tornou a prática da 
mediação mais segura; 
 
 Política pública de tratamento adequado dos problemas jurídicos e conflitos 
de interesses (Resolução CNJ 125/2010) – reconhecimento de que a 
jurisdição estatal, sozinha, é insuficiente para resolver os conflitos vigentes no 
Brasil. 
 
 
5. Acesso à justiça: modelo de Frank E. Sander 
Buscou identificar soluções com a administração da justiça que contemplasse a insatisfação 
dos cidadãos estadunidenses. 
Justiça multiportas (multi-door courthouse): A justiça é uma casa que pode ser acessada por 
diversas portas para além da justiça estatal. 
Inspirou a Resolução CNJ 125/2010. 
 
 
27 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
6. Definição de arbitragem na doutrina brasileira: 
“...meio alternativo de solução de controvérsias através da intervenção de uma ou mais 
pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo com base nela, sem 
intervenção estatal, sendo a decisão destinada a assumir a mesma eficácia da sentença 
judicial...” (Carmona) 
A decisão proveniente de arbitragem faz coisa julgada (decisão imutável) – grifos nossos. 
 
“... the concept of arbitration is a simple one. Parties who are in dispute agree to submit their 
disagreement to a person whose expertise or judgment they trust. They each put their 
respective cases to this person – this private individual, this arbitrator – who listens, 
considers the facts and the arguments, and then makes a decision. That decision is final and 
binding on the parties (...) Arbitration, in short, is an effective way of obtaining a final and 
binding decision on a dispute or series of disputes, without reference to a court of law.” 
(Redfern e Hunter/ Blackaby e Partasides) 
 
7. Elementos de definição: 
 
 Núcleo ontológico: Meio de resolução de disputas; 
 Origem: Negócio jurídico; 
 Mecanismo: Escolha de terceiro para resolver a disputa; 
 Efeitos: Natureza definitiva e vinculante da decisão (coisa julgada) e subtração da 
resolução do mérito da disputa do Judiciário; 
 
Livros sugeridos: “Um artista da fome” e “O processo”, de Franz Kafka. 
 
AULA 02 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ARBITRAGEM 
 
1. Vantagens da arbitragem: 
 
 Celeridade: O processo arbitral costuma a durar 18 a 24 meses (mais célere); 
 
 Julgamento especializado: O que é muito difícil de acontecer no âmbito do Poder 
Judiciário. Visa-se, portanto, a escolher pessoas com conhecimento especializado 
sobre a matéria; 
28 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
 Segurança jurídica: O Direito é formado por um plexo de valores, entre os quais se 
inclui a segurança jurídica (direito fundamental positivado no art. 5º, caput, CF/88). 
Em muitas ocasiões, a segurança jurídica (previsibilidade da decisão) deve, sobretudo 
em relações particulares, se sobrepor, inclusive em detrimento da justiça; 
 
 Flexibilidade do procedimento: O procedimento é um passo-a-passo a ser seguido 
em um processo. O procedimento, na arbitragem, é propositalmente flexível 
(organização da audiência, apresentação de provas entre as partes, prazo para a 
sentença, como será realizado o protocolo, contagem de prazo... – tudo pode ser 
acordado, desde que respeitea ordem pública); 
 
 Custo-benefício: Há uma economicidade em comparação com os procedimentos do 
Poder Judiciário. Deve-se adequar a câmara à realidade econômica das partes. Além 
disso, precisa gerar benefício às partes; 
 
 Autonomia (arbitragem internacional): 
 
 
2. Desvantagens da arbitragem: 
“Not everthing in the garden is lovely” (Blackaby e Partasides). 
 Custos: A escolha de um prestador de serviço que não caiba no orçamento das partes 
pode se tornar uma desvantagem; 
 
 Ausência de recurso: Gabriel Seijo não considera esta uma desvantagem da 
arbitragem; 
 
 Dificuldade de agregar terceiros à arbitragem: Por exemplo, em uma disputa que 
agrega somente A e B, é difícil trazer C à comissão de arbitragem; 
 
 Dificuldade de consolidar arbitragens distintas: É difícil, por exemplo, reunir dois 
processos inerentes a comissões de arbitragens distintas. 
 
 Dificuldade de indicar árbitros em arbitragem multipartes; 
 
 Limitação dos poderes dos árbitros; 
 
Temos, basicamente, três tipos de tutelas (proteção). 
29 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Conhecimento: 
 Condenatória: O árbitro impõe a uma das partes o cumprimento de uma 
obrigação (ex: determina que A é devedor de B); 
 Constitutivo: O árbitro constitui ou desconstitui uma relação jurídica (por 
exemplo, um divórcio); 
 Meramente declaratória: O árbitro apenas declara o direito, não impondo 
uma obrigação, nem constitui ou desconstitui um direito (ex: negócios 
jurídicos nulos por ilicitude do objeto – por lei nunca foi constituído, vide os 
estudos de IED Privado II); 
 
 Cautelar: Tem por objetivo proteger o futuro resultado útil de um processo. Uma das 
partes demonstra ao julgador que, se for aguardado o final do processo, existe uma 
situação de risco que pode tornar inócua a sentença a ser proferida. Havendo tal 
risco e demonstrado que a parte tem uma aparência de bom direito, o árbitro, então, 
concede uma tutela cautelar para proteger a futura sentença. Esse risco pode não vir 
a se concretizar, conduto, naquele momento era justificável a sua possível 
ocorrência. 
 
 Execução: É uma medida de satisfação efetiva/concreta do Direito. Ex: A foi obrigado 
a entregar a B uma máquina via sentença condenatória e não o fez. B, neste caso, 
precisa de uma tutela de execução para que as autoridades possam remover a 
máquina das mãos de A. A outro título exemplificativo pode-se citar a busca e 
apreensão de documentos. 
 
3. Corte do estudo: 
ARBITRAGEM DE DIREITO INTERNACIONAL 
PÚBLICO 
Presente em guerras, conflitos, acordos 
entre os Estados, etc. 
 
Pode ser feita: Arbitragem de Direito 
Internacional Público ad hoc (caso a caso) ou 
pela Corte Permanente de Arbitragem 
(Haia). 
ARBITRAGEM DE INVESTIMENTO Ex: Se algum Estado fizer um investimento 
em outro Estado e este tomar atitudes para 
prejudicar aquele, ter-se-á a atuação de uma 
arbitragem de investimento internacional. 
 
Convenção de Washington de 1965 (criou 
um órgão denominado ICSID/ BITs); 
30 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Doutrina Calvo: Doutrina da qual o Brasil é 
adepto. Na disputa entre um Estado e um 
particular estrangeiro, relativo a atos 
ocorridos naquele Estado, devem ser 
resolvidos pelos tribunais locais (daquele 
Estado). 
ARBITRAGEM COMERCIAL: OBJETO DO 
ESTUDO DA DISCIPLINA 
Trata-se de todas as outras arbitragens que 
não se relacionem com as duas 
anteriormente citadas (de Direito 
Internacional Público e de Investimento). 
 
A doutrina utiliza a nomenclatura Comercial 
(uso consagrado na prática), a qual Gabriel 
Seijo considera equivocada por estar 
vinculada somente a uma relação de 
comércio. Seria mais plausível a 
nomenclatura empresarial (embora não se 
restrinja a este âmbito, embora 
predominantemente sim) ou, melhor, o 
emprego do termo residual. 
 
4. Histórico da arbitragem comercial (universal): 
Dificuldade do estudo: “Privative dispute resolution has always been resolutely private” (Lord 
Mustill) 
 
Arbitragem na Idade Antiga: 
 Referência em textos literários e religiosos; 
 Evidências na Mesopotâmia, Egito, Grécia e Roma (em Roma a jurisdição era 
exercida, principalmente, por particulares); 
 Grécia: autonomia privada e exclusão de cortes estatais (defesa da participação ativa 
dos cidadãos); 
 Roma: compromissum e arbiter (regime jurídico do árbitro); 
 
Arbitragem comercial a partir da Idade Média: Tivemos a utilização costumeira da 
arbitragem. 
31 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Expansão comercial e lex mercatória – surgimento de um Direito Internacional 
costumeiro praticado por vários países. Passam a surgir arbitragens pautados na lex 
mercatória para solucionar eventuais conflitos; 
 Instituições não estatais de resolução de disputas – tais como as corporações de 
ofício (guildas) e marítimos + Officium mercanziale; 
 Instituições não estatais para a disputa de setores da sociedade – ex: Tribunais 
rabínicos; 
 
Arbitragem comercial a partir do Século XX: 
 Desenvolvimento do internacionalismo, sobretudo após a Primeira Guerra Mundial – 
Fundação da CCI (Câmara de Comércio Internacional – 1919); 
 Passa-se a compreender a arbitragem, cada vez mais, como um mecanismo de 
pacificação de conflitos; 
 Aperfeiçoamento normativo da arbitragem comercial internacional: 
 Protocolo de Genebra de 1923 (convenções arbitrais); 
 Convenção de Genebra de 1927 (execução de sentenças estrangeiras); 
 Convenção de NY de 1958 (execução de sentenças estrangeiras); 
 Convenção do Panamá de 1975 (arbitragem internacional); 
 Regulamento de Arbitragem da Uncitral (ad hoc) (1976/2010); 
 Lei Modelo da Uncitral sobre a arbitragem comercial internacional (1985/2006), a 
qual influencia a nossa lei; 
 
 Desenvolvimento do institucionalismo: 
 Consolidação e aperfeiçoamento da CCI; 
 Surgimento de novas instituições arbitrais; 
 
 Aperfeiçoamento das legislações nacionais: 
 Novas leis em países de todos os continentes; 
 Influência da Lei Modelo de Uncitral sobre Arbitragem Comercial (natureza 
vinculante da convenção de arbitragem, impossibilidade de revisão do mérito 
da sentença arbitral pelo Judiciário); 
 
Sugestões de leitura: Viva o Povo Brasileiro – João Ubaldo Ribeiro + Ilíada e Odisseia 
(Homero). 
 
AULA 03 – CONSTITUCIONALIDADE DA ARBITRAGEM 
32 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
1. Principal legislação arbitral em vigor 
 
Normas de direito internacional vigentes no Brasil: 
 Convenção de Nova York (Decreto n. 4311, de 23.07.2002) – Global; 
 Convenção do Panamá (Decreto n. 1902, de 09.05.1996) – América; 
 Acordo de Buenos Aires (Decreto n. 4719, de 04.06.2003) – Mercosul; 
 Protocolo de Las Leñas (Decreto n. 2067, de 12.11.1996) – Mercosul; 
Eventuais conflitos entre os diplomas normativos mencionados são solucionados através do 
critério da especialidade: lei especial derroga a lei geral. 
 
Lei arbitral esparsa: 
 Dissídios trabalhistas coletivos de natureza econômica: litígios que envolvem, pelo 
menos, um sindicato em uma das pontas – CF (art. 114, §§ 1º e 2º) + Lei n. 7783/89; 
 Disputas societárias – Lei n. 6404/76; 
 Concessões do setor de óleo e gás – Lei n. 9487/97; 
 Concessões de serviços públicos – Lei n. 8987/95; 
 Parcerias público-privadas – Lei n. 11079/95 + Lei estadual n. 9290/04; 
 
2. A Lei de Arbitragem (Lei n. 9307/96): 
Natureza jurídica: É uma lei. Não é um código (legislação elaborada para durar um logo 
período em vigor e que, baseada nos postulados da sistematização e da coerência, busca 
regulamentar todo um grande ramo do direito – ex: Código Penal, Código Civil, Código 
Tributário, etc). 
 
Principais influências da LA: 
 Lei Modelo da Uncitral sobre Arbitragem Comercial; 
 Lei espanhola de 1988; 
 Convenção de Nova York de 1958; 
 Convenção do Panamá de 1975; 
 
Principais características da LA: 
33 
 
ThiagoCoelho (@taj_studies) 
 
 Convenção arbitral: compromisso e cláusula compromissória (art. 3º): Torna-se 
desnecessário, portanto, reafirmar, através de outro contrato, o interesse na 
realização de arbitragem já expresso contratualmente; 
 
 Execução específica da cláusula compromissória (art. 7º): Obtenção de providências 
necessárias para se começar o processo arbitral. Trata-se da possibilidade da vítima 
reivindicar arbitragem mesmo que a outra parte não concorde; 
 
 Vedação à homologação judicial (art. 18): O árbitro é juiz de fato e de direito. A 
sentença por ele proferida não fica sujeita a recurso ou homologação pelo Judiciário; 
 
 Princípio competência-competência (arts. 8º, parágrafo único, e 20, §2º): Somente 
após o término do processo arbitral, o Judiciário pode intervir. Dessa forma, a Lei de 
Arbitragem visa a segurar a não intervenção na arbitragem. Ademais, quem juga a 
validade e eficácia da convenção arbitral são os árbitros. 
 
 Extinção do processo judicial face à convenção arbitral (art. 41): Se as partes 
convencionaram que vão realizar arbitragem e, mesmo assim, uma das partes leva a 
disputa ao Judiciário, o réu pode alegar a existência da convenção arbitral e o juiz 
deve extinguir o processo judicial sem a análise do mérito. 
 
 Coisa julgada e vedação à revisão judicial do mérito (arts. 31 e 32): As decisões 
proferidas pelos árbitros são imutáveis (detentoras de natureza jurisdicional). Uma 
parte insatisfeita não pode iniciar outra arbitragem ou conduzir a questão ao Poder 
Judiciário. 
 
 Constituição de título executivo judicial (arts. 31 e 41): Os árbitros tem poder para as 
tutelas de conhecimento e cautelares. Os títulos executivos são documentos 
necessários para a ocorrência do processo arbitral – os quais podem ser judiciais ou 
extrajudiciais. 
 
3. Constitucionalidade da LA: 
 
 Antecedentes históricos: 
 
 Tradição da arbitragem no Direito brasileiro; 
 Julgamento da AI 52181 pelo STF; 
 
34 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
INCORPORAÇÃO, BENS E DIREITOS DAS EMPRESAS ORGANIZAÇÃO LAGE E DO ESPOLIO DE 
HENRIQUE LAGE. JUÍZO ARBITRAL. CLÁUSULA DE IRRECORRIBILIDADE. JUROS DA MORA. 
CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. LEGALIDADE DO JUÍZO ARBITRAL, QUE O NOSSO DIREITO 
SEMPRE ADMITIU E CONSGROU, ATÉ MESMO NAS CAUSAS CONTRA A FAZENDA. 
PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 2. LEGITIMIDADE DA CLÁUSULA DE 
IRRECORRIBILIDADE DE SENTENÇA ARBITRAL, QUE NÃO OFENDE A NORMA 
CONSTITUCIONAL. 3. JUROS DE MORA CONCEDIDOS, PELO ACÓRDÃO AGRAVADO, NA 
FORMA DA LEI, OU SEJA, A PARTIR DA PROPOSITURA DA AÇÃO. RAZOAVEL INTERPRETAÇÃO 
DA SITUAÇÃO DOS AUTOS E DA LEI N. 4.414, DE 1964. 4. CORREÇÃO MONETÁRIA 
CONCEDIDA, PELO TRIBUNAL A QUO, A PARTIR DA PUBLICAÇÃO DA LEI N. 4.686, DE 21.6.65. 
DECISÃO CORRETA. 5. AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGOU PROVIMENTO. 
 
(STF - AI: 52181 GB, Relator: Min. BILAC PINTO, Data de Julgamento: 14/11/1973, TRIBUNAL 
PLENO, Data de Publicação: DJ 15-02-1974 PP-*****) 
Inafastabilidade da jurisdição (CF, art. 5º, XXXV): Alguns doutrinadores fundamentam 
através desse inciso a inconstitucionalidade da arbitragem a luz do ordenamento jurídico 
brasileiro. 
Art. 5º, XXXV - CF: A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito. 
 
Controle de constitucionalidade da LA: Julgamento da SE 5206 AgR pelo STF – A arbitragem 
é constitucional. 
 
4. Análise do julgamento da SE 5206 AgR pelo STF: 
 
 Desnecessidade de compromisso arbitral; 
 Cabimento de execução específica de cláusula compromissória; 
 Equiparação dos efeitos da sentença arbitral à judicial (norma que dá o caráter 
jurisdicional à arbitragem); 
 Alguns dispositivos foram declarados constitucionais à unanimidade; 
 Alguns dispositivos foram declarados constitucionais pela maioria (7 x 4); 
 
 
 
 
35 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Declaração de constitucionalidade por unanimidade (11x0): 
 
Declaração da constitucionalidade por maioria (7x4): 
 
Fundamentos para o resultado: 
 Consensualismo e autonomia privada: 
 Liberdade de escolher o meio de resolução dos próprios litígios; 
 Aplicação apenas a litígios sobre direitos patrimoniais disponíveis; 
 Direitos passíveis de renúncia e transação; 
 
 Interpretação do art. 5º, XXXV, da CF: 
 O destinatário da norma é o legislador e não o jurisdicionado (as partes em comum 
acordo podem, no exercício da autonomia privada, afastar o acesso ao Judiciário); 
 Renunciabilidade do direito de ação (voto vencido, porém que merece destaque): A 
renúncia só pode ser realizada quando o Direito já existia. Não basta a renúncia 
através da cláusula compromissória, mas a existência de uma dupla manifestação da 
vontade para assegurar a compatibilidade com a Constituição. 
 
 Possibilidade de controle pelo Poder Judiciário: Ação anulatória (não pode ocorrer 
em virtude do caráter jurisdicional da decisão arbitral); 
 Acesso à justiça por meios alternativos: O acesso à justiça não se confunde com 
acesso ao Judiciário. A arbitragem é fruto da tradição do direito brasileiro e já foi 
difundida internacionalmente. 
 
OBS: A homologação de sentença estrangeira no Brasil, hoje, é realizada pelo STJ. 
36 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
5. Arbitragem no CPC/2015 (destaques): 
 
 Preservação da LA (arts. 3º, § 1º e 42): A Lei de Arbitragem continua em vigor; 
 Preservação da Convenção de NY e demais tratados internacionais (art. 960, § 3º); 
 Segredo de justiça em processos relativos a arbitragem (art. 189, IV); 
 Criação da carta arbitral (arts. 237, IV, 260, § 3º, e 267); 
 Convenção de arbitragem em preliminar (art. 337, X) – impossibilidade de 
conhecimento de ofício pelo Judiciário (art. 337, § 5º) + renúncia à arbitragem em 
caso de silêncio (art. 337, § 6º); 
 Sentença sem resolução do mérito (art. 485, VII) – acolhimento da alegação de 
convenção de arbitragem + reconhecimento da própria competência pelo árbitro 
(Princípio competência-competência); 
 Sentença arbitral como título executivo judicial por equiparação em virtude do seu 
cunho jurisdicional (art. 515, VII); 
 
6. Arbitragem no Código Civil de 2002: 
 
 Poderes especiais para firmar compromisso (art. 661, § 2º); 
 Normas sobre compromisso e cláusula compromissória (arts. 851 a 853). 
 
 
7. Arbitragem a luz da Convenção de NY: 
 
 Trata-se de um dos principais tratados internacionais relacionados ao instituto da 
arbitragem. 
 Foi aderida pelo Brasil; 
 Semelhanças com a LA; 
 Equiparação de tratamento à sentença judicial; 
 Reconhecimento das convenções de arbitragem; 
 Limitação das causas de denegação de reconhecimento; 
 
 
AULA 04 – ESPÉCIES DE ARBITRAGEM 
 
1. Espécies de arbitragem em geral: 
 
 Arbitragem de Direito Internacional Público 
 Arbitragem de investimento 
37 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Arbitragem residual (“comercial”) – embora não se resuma a questões de comércio. 
 
2. Espécies de arbitragem comercial: 
 
 Multiplicidade de critérios; 
 Arbitragem institucional x Arbitragem ad hoc; 
 Arbitragem doméstica x Arbitragem internacional; 
 Arbitragem de direito x Arbitragem de equidade 
 
3. Arbitragem institucional x ad hoc 
ARBITRAGEM INSTITUCIONAL AD HOC 
Presença de uma instituição arbitral 
(câmara); 
 
Funções dessa instituição: 
 Faz a gestão da arbitragem (função 
administrativa); 
 Traz segurança jurídica; 
 Resolve questões processuais e 
incidentais, exercendo, de certa 
forma, jurisdição; 
 Auxilia na constituição do tribunal 
arbitral (considerada a mais 
importante entre as funções); 
 
Exigência de previsão expressa (art. 5º); 
 
Procedimento: 
 Utilização do regulamento da 
instituição arbitral (art. 5º) – 
modificação do regulamento pelas 
partes ou pelo árbitro 
 Utilização do regulamento de outra 
instituição arbitral (o que pode não 
acontecer,pois essa instituição não é 
obrigada a seguir o regulamento de 
outra – ninguém é obrigado a fazer 
nada se não em virtude de lei, art. 
5º, II, CF/88); 
Não há a presença da câmara; 
Realizada entre particulares, por isso é difícil 
mensurar quantas existem; 
Administração do processo arbitral; 
 
Procedimento: 
Estabelecimento na convenção de 
arbitragem (art. 26); 
Estabelecimento pelo árbitro (art. 26, § 1º); 
Utilização do regulamento de instituição 
arbitral; 
Utilização do Regulamento de Arbitragem da 
Uncitral; 
 
Indicação do árbitro: 
 Pelas partes; 
 Por terceiro; 
 Pelo Poder Judiciário (art. 7º), no 
caso de falha das partes e de 
terceiro, já que não há uma câmara 
na arbitragem ad hoc – isso se 
mostra extremamente ineficiente; 
 
Custos: Geralmente mais barata; 
 
Vantagens: 
 Flexibilidade; 
 Custos; 
38 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Indicação do árbitro: 
 Pelas partes; 
 Pela instituição arbitral; 
 Por terceiro; 
 Pelo Poder Judiciário (art. 7º)? – 
carece de interesse e necessidade; 
 
Custos: Tende a ser mais cara, mas não 
necessariamente. 
 
Vantagens: 
 Previsibilidade e segurança; 
 Regulamento previamente 
estabelecido; 
 Auxílio na nomeação de árbitro; 
 Equipe especializada na 
administração de processos arbitrais; 
 
Desvantagens: 
 Menor flexibilidade; 
 Custos; 
 
Constituição e funcionamento de 
instituições arbitrais: 
 Criação livre; 
 Natureza jurídica: pessoa jurídica de 
direito privado; 
 Não precisam de autorização de uma 
autarquia especializada; 
 Inexistência de entidade de classe de 
fiscalização; 
 Fiscalização pelo Poder Público – uso 
de símbolos oficiais;* 
 Fiscalização pela sociedade civil - 
Funções do Conima e do CBAr; 
 
Exemplos: 
 Instituições arbitrais setoriais e 
gerais; 
 
 
Desvantagens: 
 Imprevisibilidade e insegurança; 
 Possíveis dificuldades para nomear 
árbitro; 
 Possíveis dificuldades para 
estabelecer o procedimento; 
 Possíveis dificuldades para 
administrar o processo arbitral; 
 Exigência de maior colaboração; 
39 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Instituições arbitrais setoriais: 
 Câmara de Arbitragem do Mercado – 
B3; 
 CAS – Court of Arbitration for Sport 
(não integra o Poder Judiciário), 
localizada na Suíça; 
 The Refined Sugar Association; 
 Camagro – Câmara de Arbitragem e 
Mediação de Agronegócio; 
 
Principais instituições arbitrais gerais 
internacionais: 
 CCI – Paris ; 
 ICDR/AAA – Nova York; 
 LCIA – Londres; 
 SCC – Estocolmo; 
 SIAC – Singapura; 
 
Principais instituições arbitrais nacionais: 
 ACB – Salvador; 
 CCBc – São Paulo; 
 CIESP/FIESP – São Paulo 
 CAMARB 
 
* 
4. Arbitragem de direito e arbitragem de equidade: 
ARBITRAGEM DE DIREITO ARBITRAGEM DE EQUIDADE 
Arbitragem propriamente dita. 
 
Geralmente adotado pelas partes. 
A diferença é pautada na liberdade de 
escolha do critério de julgamento (art. 2º) 
 Autonomia privada; 
40 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Consensualismo; 
 
Uma forma de decidir sem que haja 
remissão necessária ao direito positivo; 
 
Sua característica principal é a liberdade de 
método decisório; 
 
Quase impossível de ser constatada no dia-
dia; 
 
Com o direito positivo (arbitragem de 
direito) já é difícil obter um resultado, 
imagina com a equidade. 
 
Concede poder em demasia ao intérprete; 
 
Limites da arbitragem de equidade: 
princípios e garantias fundamentais (ordem 
pública) – ex: uma ordem que determina o 
corte da mão de um indivíduo é considerada 
nula; 
 
Exigência de previsão expressa (art. 11, II) – 
em virtude da insegurança jurídica por ela 
proporcionada. 
 
AULA 05 – NATUREZA JURÍDICA DA ARBITRAGEM 
 
1. Modelos de política legislativa: 
MODELO DUALISTA MODELO MONISTA 
Ocorre nos ordenamentos jurídicos que 
distinguem a arbitragem internacional e 
doméstica; 
 
Previsão de regimes jurídicos distintos; 
 
Utilização do modelo (ex.): França/Portugal; 
Adotado pelo ordenamento jurídico 
brasileiro e por outros países como a 
Alemanha; 
 
Indistinção legislativa entre arbitragem 
internacional e doméstica; 
 
41 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Tem a virtude de nos aproximar de uma “lex 
mercatoria” com a arbitragem internacional. 
Previsão de regime jurídico único; 
 
Utilização do modelo jurídico único; 
 
Tem a virtude de simplificar a aplicação de 
critérios (são os mesmos, já que não há a 
pretensão de se distinguir arbitragem 
doméstica e internacional); 
 
MODELO MONISTA INTERNACIONALIZANTE 
Distinção legislativa entre arbitragem internacional e doméstica; 
 
Previsão de regime jurídico único, com poucas regras especiais para a arbitragem 
internacional (há um número insuficiente para estabelecer um regime jurídico próprio) – daí 
“modelo monista internacionalizante”; 
 
Países aderentes: Espanha/Itália. 
 
2. Modelo monista na lei de arbitragem: 
Indistinção entre arbitragem internacional e doméstica. 
Art. 2º - LA: A arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a critério das partes. 
§ 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na 
arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. 
§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base 
nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio 
(lex mercatoria) 
§ 3o A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e 
respeitará o princípio da publicidade. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 
2015) (Vigência) 
 
Art. 9º - LINDB: Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se 
constituirem. 
42 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Se um contrato é celebrado no Brasil, as normas brasileiras incidem; caso seja celebrado em 
Portugal, as normas portuguesas incidem. O Brasil adota, como regra, o modelo monista. 
Debate doutrinário: Uma parte da doutrina considera que a norma anterior é uma norma de 
norma pública e outra parcela não considera-a norma de ordem pública. Para a segunda 
corrente, normas jurídicas estrangeiras podem regular contratos celebrados no Brasil em 
virtude da autonomia privada das partes (desde que, obviamente, compatíveis com a ordem 
pública brasileira). 
 
3. Natureza jurídica da arbitragem: 
Introdução: 
 Importância da identificação da natureza jurídica; 
 As normas não são produzidas de forma sistemática, mas, em algumas ocasiões, de 
forma que tende ao caos. 
 A função social do jurista consiste em transformar o ordenamento desorganizado em 
um sistema organizado, coerente, coeso, previsível e seguro (Tercio Sampaio Ferraz 
Junior). 
 
Teorias: 
CONTRATUAL JURISDICIONAL MISTA 
A arbitragem é um negócio 
jurídico bilateral (contrato), 
que se estende 
definitivamente. 
 
A autonomia privada da 
arbitragem não se manifesta 
somente na origem negocial 
da arbitragem (arts. 3º, 8º e 
9º), mas também: 
 Na escolha dos 
árbitros (art. 13, § 
1º); 
 Na escolha das 
normas aplicáveis 
(art. 2º) 
 Na flexibilidade do 
Parte do conceito 
contemporâneo de 
jurisdição. 
 
Segundo os teóricos dessa 
corrente, no século XXI, o 
Estado não é necessário para 
considerar um mecanismo 
jurisdicional. 
 
Fala-se, portanto, em um 
Pluralismo Jurídico. Ex: 
Comunidades indígenas da 
Bolívia ou no sul dos EUA 
exercem jurisdição. 
 
A jurisdição apresenta 
Mescla de aspectos 
contratuais e jurisdicionais. 
 
A arbitragem passa a ser 
jurisdicional quando o 
processo se inicia. 
 
Antes do processo se iniciar, 
há a predominância 
contratual; a partir do início, 
a jurisdicional passa a 
prevalecer. 
 
Essa é a visão compartilhada 
por Gabriel Seijo. 
 
 
43 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
procedimento(art. 
21) 
 
Parcela dos contratualistas 
afirma que a jurisdição 
somente pode ser exercida 
pelo Estado. 
 
caráter vinculante, seja 
exercida ou não pelo Estado. 
 
O árbitro é juiz de fato e de 
direito (art. 18 – LA): exerce 
atividade jurisdicional 
(produz decisões 
vinculantes, imutáveis, 
finais, definitivas). 
 
As decisões proferidas pelo 
árbitro se equiparam às 
decisões proferidas pelo 
Judiciário (art. 31 – LA). 
 
Constituição de título 
executivo judicial (art. 31 – 
LA): O árbitro não detém 
tutela jurídica de execução. 
O processo de execução para 
ser possível, deve contar 
com a apresentação do 
documento conhecido como 
título executivo. 
 
Títulos executivos 
extrajudiciais (cheques, taxas 
condominiais, escritura 
pública, etc) x Títulos 
executivos judiciais (deve-se 
respeitar as disposições do 
CPC). 
 
 
44 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Luiz Guilherme Marioni busca distinguir arbitragem e jurisdição por meio dos quatro 
principais argumentos mencionados no fragmento anterior. 
Gabriel Seijo critica o segundo argumento, uma vez que ministros do STF não são escolhidos 
por concurso público, mas exercem jurisdição. 
A tutela executória não pode ser exercida pelo árbitro, todavia, este pode executar uma 
justiça de tutela de conhecimento, a qual representa o exercício da jurisdição. 
As críticas anteriores foram respondidas por Fredie Didier Jr, o qual venceu, consoante visão 
do STJ. 
 
 
4. Os princípios da arbitragem: 
Geralmente os princípios são determinados pela natureza do ramo jurídico. 
45 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Autonomia privada: Base do nosso ordenamento jurídico privado, mas que deve 
respeitar os limites da ordem pública; 
 
 Boa-fé: No Código Civil, adotamos a boa-fé objetiva. As partes devem agir de forma 
leal, se submetendo ao padrão ideal de conduta. Se um contrato leva a diferentes 
conclusões, deve-se considerar aquela pautada na boa-fé objetiva. A boa-fé gera 
deveres anexos (acessórios) ao contrato: transparência, proteção à legítima 
expectativa despertada na prática contrária, não ocorrer em comportamento 
contraditório, entre outros; 
 
 Força obrigatória da convenção arbitral: Se as partes contratam, as partes estão 
obrigadas a cumprir. No caso do inadimplemento, há sanções e processos incidentes; 
 
 Relatividade dos efeitos da convenção arbitral: O contrato obriga apenas as partes e 
não terceiros; 
 
 Intangibilidade do conteúdo da convenção arbitral: Não pode ser modificado; 
 
 Princípios processuais: 
 
 Devido processo legal: ampla defesa, contraditório; 
 Fundamentação (combate à arbitrariedade); 
 Celeridade (alguns sustentam se tratar de um postulado e não, princípio); 
 Igualdade das partes (paridade de armas – Caso Paranapanema/TJSP); 
 Imparcialidade e independência do árbitro (mesmo que tenha sido escolhido 
por uma das partes); 
 Livre convencimento motivado; 
 Competência-competência; 
 
 
 
AULA 06 – CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM 
 
1. Introdução: 
As partes precisam celebrar uma convenção de arbitragem, ou seja, firmar um negócio 
jurídico mediante o qual pactuaram que certos litígios seriam solucionados pela via da 
arbitragem. 
46 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
A convenção de arbitragem trata-se de um negócio jurídico livremente pactuado no qual as 
partes resolvem arbitrar. 
Os negócios jurídicos podem ser unilaterais ou bilaterais. A convenção de arbitragem é um 
negócio jurídico bilateral (envolve dois ou mais sujeitos), em virtude da inexistência de um 
conflito jurídico do indivíduo para consigo mesmo. 
Na convenção de arbitragem, tem-se vontades em sentidos paralelos. As partes não estão 
em sentidos opostos, pois ambas querem a mesma coisa: resolver o litígio por meio de 
arbitragem (contrato plurilateral, para Túlio Ascarelli). 
NEGÓCIO JURÍDICO  NEGÓCIO JURÍDICO BIALTERAL  CONTRATO  CONTRATO 
PLURILATERAL 
 
2. Espécies: 
CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA COMPROMISSO ARBITRAL 
Natureza ex ante: Firmada antes de 
qualquer litígio entre as partes. Ex: A e B, 
cônjuges, de antemão, prevendo um futuro 
conflito, impõe que este, se acontecerá, 
deverá ser solucionado através de 
arbitragem. 
 
Objeto determinável: O objeto (disputa) 
pode vir a se concretizar ou não. 
 
Origem extrajudicial: Ela é feita 
extrajudicialmente, fora do conflito judicial e 
não em sua duração. 
 
 
Natureza ex post: Firmado quando já existe 
um conflito entre as partes (posteriormente 
ao aparecimento da controvérsia). Ex: A e B 
são vizinhos e dizem ser donos da 
propriedade às margens do rio que corta o 
terreno. A e B decidem celebrar um 
compromisso arbitral e, assim, constituir 
uma arbitragem para compor a LIDE. 
 
Objeto determinado: Se refere a uma 
disputa concretizada e, portanto, específica. 
 
Origem extrajudicial ou judicial: Firmada, em 
regra, durante o conflito judicial. 
 
Questões sociológicas e psicológicas contribuem para que, na prática, o número de cláusulas 
compromissórias seja maior. É mais fácil de se chegar a um consenso em um momento 
harmônico em comparação a um momento conflituoso. 
 
3. Efeitos da convenção de arbitragem: 
47 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
EFEITO POSITIVO EFEITO NEGATIVO 
Se submete ao princípio da força 
obrigatória. Uma celebrada a convenção de 
arbitragem, as partes estão obrigadas a 
arbitrar. 
 
Em suma, a convenção de arbitragem, uma 
vez celebrada, é obrigatória e apresenta 
tutela específica. 
Extinção do processo judicial sem resolução 
do mérito (CPC/73, art. 267, IX; CPC/15, art. 
485, VII). 
 
Ex: A deixou de entregar a B a safra que lhe 
vendeu. A e B firmaram uma cláusula 
arbitral. B deveria começar uma arbitragem. 
B, mal aconselhada pelo seu advogado, 
ajuíza uma ação perante o Poder Judiciário 
mesmo firmando uma cláusula de 
arbitragem. O juiz vai mandar citar A e A, em 
sua defesa, poderá alegar que existe uma 
cláusula compromissória. O juiz, daí, 
extingue o processo ajuizado por B sem a 
resolução do mérito (não houve a 
composição da LIDE). 
 
Em suma, na presença de uma cláusula 
compromissória, a parte não deve ajuizar 
uma ação perante o Judiciário e, caso fizer, 
este deverá ser extinto. 
 
4. Autonomia da cláusula compromissória: 
Autonomia x acessoriedade: O acessório segue o principal (princípio da gravitação). A 
cláusula de arbitragem é autônoma e, portanto, não é contaminada por eventuais defeitos 
externos (como um contrato de compra e venda, por exemplo). 
 Validade da cláusula compromissória x validade do negócio jurídico a que se refere 
(art. 8º - LA); 
 Eficácia da cláusula compromissória x eficácia do negócio jurídico a que se refere 
(art. 8º - LA); 
A cláusula compromissória é autônoma em relação ao negócio jurídico que ela se refere. A 
inexistência, invalidade ou ineficácia deste negócio jurídico não contamina a cláusula 
compromissória, de modo que a análise desses três planos deve ser feita separadamente. 
Art. 8º - LA: A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver 
inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da 
cláusula compromissória. 
48 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as 
questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato 
que contenha a cláusula compromissória. 
 
5. Espécies de cláusula compromissória: 
Cláusula compromissória direta x escalonada: 
 Cláusula compromissória direta: Não há escalonamento (direto para arbitragem). 
 Cláusula compromissória escalonada: Há um escalonamento (negociação  
mediação  arbitragem, por exemplo). Se falhar a negociação, tentar-se-á a 
mediação e, posteriormente, tentar-se-á a arbitragem (combinação de métodos 
autocompositivo e heterocompositivo).Controvérsia sobre os efeitos do escalonamento: 
 Alguns entendem que o escalonamento apresenta tutela específica (se foi direto ao 
ponto arbitral, sem respeitar o escalonamento, o processo deve ser extinto). Outros 
entendem que o escalonamento não deve ser um empecilho ao acesso à justiça. Para 
Gabriel Seijo, o correto seria a suspensão do processo arbitral, para se tentar a 
tentativa de autocomposição e, caso essa não funcione, retoma-se a arbitragem. 
 
Cláusula compromissória cheia x vazia x patológica: 
 Cláusula compromissória cheia: Presença de todos os elementos para instaurar a 
arbitragem (sem a necessidade de intervenção do Judiciário ou colaboração das 
partes); 
Art. 19 – LA: Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelo árbitro, se 
for único, ou por todos, se forem vários. 
Há três técnicas para obter uma cláusula compromissória cheia: 
 Adotar a arbitragem institucional (presença de uma câmara arbitral – mais utilizada): 
Se houver qualquer problema na investidura dos árbitros, a câmara arbitral entrará 
em cena. Se o regulamento for omisso, ter-se-á um problema; 
49 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
 Escolher uma autoridade nomeadora: Ter-se-á problema caso a autoridade não 
aceite e nem seja obrigada a tal. Por exemplo: um contrato prevê que a indicação do 
árbitro será feita pelo presidente da OAB-SP, todavia, este não é obrigado por lei 
para tal, podendo recusar e, portanto, a questão chegará ao Judiciário. Se houver 
recusa, ter-se-á revelia (o processo continua). 
O conceito de revelia foi forjado e é conhecido da doutrina geral do processo civil 
determinando que a ausência de uma das partes não impede o julgamento da questão e que 
tem como efeito a presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte requerente 
 
 Nomear um árbitro na própria cláusula: Ter-se-á problema se um árbitro estiver 
doente, morrer ou não quiser. Ex: Uma cláusula compromissória impõe que uma 
disputa seja solucionada pelo árbitro Fredie Didier; 
A cláusula compromissória cheia é negócio jurídico definitivo, sendo desnecessária, nesse 
viés, uma nova declaração de vontade. 
Art. 7º - LA: Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da 
arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer 
em juízo a fim de lavrar-se o compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim. 
 
 Cláusula compromissória vazia: 
Cláusula compromissória vazia é aquela que não contém os elementos necessários para a 
instauração da arbitragem, responsáveis por afastar a atuação do Judiciário e o consenso 
entre as partes. 
É uma cláusula que não prevê arbitragem institucional ou não concede poder aos árbitros ou 
não nomeia árbitros (há lacunas). 
 
Colmatação da lacuna: 
 Colmatação por declaração de vontade das partes: 
 Celebração de aditivo à cláusula compromissória; 
50 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Celebração de compromisso arbitral; 
 Colmatação por decisão judicial (art. 7º - LA): 
 Tutela específica da cláusula compromissória; 
 Estabelecimento de compromisso arbitral em juízo (sentença com os mesmos 
efeitos do compromisso arbitral); 
 
(Fluxograma resumido – tutela específica) 
 
Para a próxima aula: Cláusula compromissória patológica. 
 
AULA 07 – A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA PATOLÓGICA E ELEMENTOS DA 
CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA 
 
1. Observações sobre a avaliação (26/09): 
 
 Cahali e Carmona (autores importantes); 
 Assistir à monitoria; 
 Consultar legislação; 
 
 
51 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
2. A cláusula compromissória patológica: 
É aquela decorrente de uma “doença” ou “patologia”. 
(...) a expressão cláusula arbitral patológica é utilizada para designar aquelas avenças 
inseridas em contrato que submetem eventuais litígios à solução de árbitros mas que, por 
conta de redação incompleta, esdrúxula ou contraditória, não permitem aos litigantes 
a constituição do órgão arbitral, provocando dúvida que leva as partes ao Poder Judiciário 
para a instituição forçada da arbitragem. 
(CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo – Um Comentário à Lei nº 9.307/96, 
p.112) 
Ex: Uma cláusula impõe que a Câmara X decidirá o conflito, todavia, tal câmara não existe. 
Ex: Uma cláusula impõe que o árbitro deve torcer pro Vitória-BA e ser bicampeão brasileiro 
(faticamente impossível). 
Ex: Uma cláusula impõe que o árbitro deve ser um chinês, que fala japonês e torce para o 
Galícia. 
 
 Saneamento: 
Interpretação do negócio jurídico (CC, arts. 112 e 113) – Entre essas normas, há a 
possibilidade de se manter o negócio, dando mais atenção a vontade das partes em 
detrimento do que foi realmente expresso. 
Se foi demonstrado que a imposição não é elementar do contrato, ou seja, que pode ser 
afastada, poderá ser mantido o negócio jurídico. Caso contrário, como no caso de uma das 
partes confiar somente naquele juiz específico (chinês, fluente em japonês e torcedor do 
Galícia), essa imposição é elementar do contrato, o qual, dada a impossibilidade de se 
encontrar tal árbitro, será declarado nulo. 
Art. 112 – CC: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 
Art. 113 – CC: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do 
lugar de sua celebração. 
 
A impossibilidade de saneamento, conforme já citado, invalida a cláusula compromissória 
(art. 166, II, CC). Toda cláusula será nula ou apenas um item? 
52 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Se tal disposição for indispensável, tal qual sem ela as partes manifestariam sua 
vontade de forma distinta da manifestada; 
 
 Caso seja possível sanar, ou seja, as partes manifestariam a mesma vontade sem 
aquela cláusula, nem toda a cláusula será considerada nula, mas apenas alguns itens; 
Art. 166 – CC: É nulo o negócio jurídico quando: 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
 
3. A cláusula compromissória a luz da tridimensionalidade: 
Elementos necessários: 
 Sujeitos; 
 Objeto; 
 Forma; 
 
Elementos facultativos: 
 Conveniência da inserção dos elementos facultativos; 
 Designação da instituição arbitral (arbitragem institucional de preferência); 
 Estabelecimento das normas procedimentais; 
 Critério de julgamento: Direito ou equidade? Se for Direito, quais as normas 
escolhidas? 
 Método de indicação dos árbitros: Cada parte escolhe um árbitro, cada parte veta 
dois?... 
 Sede: Onde serão realizados os atos da arbitragem? Onde será proferida a sentença 
arbitral? Qual a nacionalidade da sentença (vai precisar ou não de homologação do 
STJ)? Qual a lei aplicado ao processo arbitral e à convenção de arbitragem? Qual o 
foro arbitral? 
 Idioma: Idioma é poder. Na arbitragem, há a primazia da autonomia da arbitragem, 
logo, não se aplica aquela norma que afirmar ser a língua portuguesa o idioma oficial 
da República Federativa do Brasil (art. 13, caput, CF/88). Pode ser realizada em 
português, inglês, espanhol, bilíngue...; 
 Prazo: A LA estabelece que a arbitragem será concluída em seis meses e senão o for, 
as partes podem notificar o Tribunal Arbitral para proferir a sentença em dez dias, 
sob pena de nulidade; 
 Confidencialidade: Trata-se de um dos atrativos da arbitragem (visão corroborada 
por Gabriel Seijo), embora não seja expresso na LA. Além disso, possa ser que a 
53 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
publicidade seja necessária em alguns casos (como, por exemplos, aqueles que 
envolvem interesses coletivos); 
 Despesas da arbitragem e honorários dos árbitros (peritos, intérpretes, 
estenotipistas, court reporter, filmador da audiência e demais profissionais). 
Geralmente, as partes adiantam uma parte do valor desde o início; 
 Honorários advocatícios, incluindo os honorários de sucumbência: 
 
 Sistema de sucumbência:No Código de Processo Civil, o qual não se aplica à 
arbitragem, é previsto que o vencido será condenado a pagar um valor ao 
advogado do vencedor (valor que pode ser muito alto). No caso de 
sucumbência recíproca (um ganhou 40% e o outro, 60%, ambos deverão 
pagar os honorários advocatícios proporcionais à parcela de prejuízo – não 
há, portanto, compensação de honorários advocatícios). Tal sistema é 
criticado veementemente por Gabriel Seijo; 
 
 Sistema do reembolso dos honorários contratuais: Há a recomposição do 
patrimônio do vencedor. Se A, na disputa com B, teve que contratar um 
advogado por cem mil reais e venceu. B deverá pagar cem mil reais a A. 
 
As partes devem acordar o sistema. No silêncio, prevalece o que estiver no regulamento. No 
caso de omissão do regulamento, prevalece o sistema do reembolso dos honorários 
contratuais (art. 27, LIA). 
Art. 27 – LIA: A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes acerca das 
custas e despesas com a arbitragem, bem como sobre verba decorrente de litigância de má-
fé, se for o caso, respeitadas as disposições da convenção de arbitragem, se houver. 
 
 Consolidação de processos arbitrais; 
 Foro: Circunscrição onde determinado juízo exerce sua competência, no caso, o 
árbitro; 
 
AULA 08 – VALIDADE DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA E ALCANCE DA 
CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM 
 
1. Validade: 
 
54 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Capacidade (art. 1º); 
 Arbitrabilidade subjetiva; 
Art. 1º - LA: As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir 
litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 
 
2. Objeto: 
 
 Lícito: Não se pode ter uma cláusula compromissória para resolver conflitos sobre o 
tráfico de entorpecentes. 
 Possível; 
 Determinado ou determinável: Se pode ter arbitragem para eventos certos ou 
eventos futuros, desde que as partes façam um acordo sobre uma relação jurídica 
definida. A e B não podem, por exemplo, firmar em um contrato que “todo conflito 
que tivermos será resolvido por arbitragem” (objeto indeterminado). É necessário 
realizar um recorte mais específico: “todo conflito que tivermos sobre a fazenda será 
resolvido por arbitragem”. 
 Arbitrabilidade objetiva (art. 1º): Apenas os conflitos relacionados a direitos 
patrimoniais disponíveis serão arbitrados. 
 Forma: A lei exige forma específica (exceção à liberdade da forma) para negócios 
mais relevantes. A comissão de arbitragem deve ser gravada por escrito (LA, art. 4º, 
§ 1º; CNY, art. 2º, II); 
 
 Previsão no instrumento contratual; 
 Previsão em instrumento apartado; 
 Previsão em correspondências; 
Artigo II 
1. Cada Estado signatário deverá reconhecer o acordo escrito pelo qual as partes se 
comprometem a submeter à arbitragem todas as divergências que tenham surgido ou que 
possam vir a surgir entre si no que diz respeito a um relacionamento jurídico definido, seja 
ele contratual ou não, com relação a uma matéria passível de solução mediante arbitragem. 
2. Entender-se-á por "acordo escrito" uma cláusula arbitral inserida em contrato ou acordo 
de arbitragem, firmado pelas partes ou contido em troca de cartas ou telegramas.” 
A sociedade evolui e a norma precisa evoluir junto com a sociedade. É anacrônico mencionar 
“cartas” e “telegramas”. 
 
 Cláusula compromissória em contrato de adesão (art. 4º, § 2º - LA): 
55 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Aquela que, em virtude de questões econômicas, não há a possibilidade de discussão. Por 
exemplo, quando alguém vai pegar um empréstimo no banco, geralmente o contrato é 
muito vantajoso para o banco e à parte só resta aceitar. 
Concordância expressa do aderente em documento anexo ou em negrito, com assinatura ou 
visto específicos. Gabriel Seijo considera essas imposições insuficientes para a comprovação 
da manifestação da vontade. 
 
3. Alcance da convenção de arbitragem: 
Quando A e B firmam uma convenção de arbitragem, não estão apenas abrindo mão de um 
direito. Essa renúncia vai além: substituição da jurisdição estatal pela jurisdição privada. 
Logo, não precisa ser interpretada, necessariamente, de forma restritiva ou ampliativa. 
Sendo a convenção de arbitragem um negócio jurídico, devemos interpretá-la a luz dos 
cânones do negócio jurídico (arts. 112 e 113 – CC). 
Art. 112 – CC: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 
Art. 113 – CC: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do 
lugar de sua celebração. 
Prioriza-se, destarte, a manifestação da vontade das partes à vontade literal, levando-se em 
consideração, também, a boa-fé objetiva, os usos e os costumes (“práticas de mercado”). 
Preza-se pelo princípio da segurança jurídica (previsibilidade). 
 
 Alcance subjetivo da convenção de arbitragem: 
 Sucessores a título inter vivos: Substituição de uma pessoa por outra em certa 
relação jurídica; 
 Sucessores a título causa mortis: Quando alguém morre, os seus herdeiros se tornam 
donos do patrimônio do falecido. Supondo que A tenha vendido uma empresa e 
colocado uma cláusula compromissória. A morreu. Seus herdeiros estarão sujeitos à 
referida cláusula compromissória; 
 
Signatários e não signatários – consentimento expresso (declarado) e tácito (não se declara 
por palavras, mas é inferido por condutas): 
56 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Para a cláusula compromissória, no que tange aos não signatários, estes podem se tornar 
parte da convenção de arbitragem mediante consentimento tácito (para além do expresso). 
 No exterior: 
 Leading case: Caso Dow Chemichal (ICC 4131); 
 Evolução (ICC 4972, 6519) – controladora; 5730, 5721 – subsidiária); 
 
 No Brasil: 
 Caso Trelleborg (TJSP); 
 
 
Apesar de não terem assinado, os suecos aceitaram tacitamente por meio de condutas 
reiteradas na negociação. 
 
57 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Caso Continental (STJ): consentimento expresso e tácito – superou a 
jurisprudência do STJ. 
 
Um estrangeiro enviou um contrato por e-mail para um brasileiro. O brasileiro não assinou, 
mas cumpriu o contrato. O STJ considerou que consentimento tácito era inválido e que o 
ordenamento jurídico brasileiro exigia o consentimento expresso. 
O precedente anterior foi superado pelo Caso Continental do STF, o qual teve como relator o 
Min. Marco Aurélio. Passou-se a admitir, doravante, o consentimento tácito da cláusula 
compromissória. 
 
 
Próxima aula: Slide 10. 
 
AULA 09 – ALCANCE SUBJETIVO DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM 
 
1. Alcance subjetivo da convenção de arbitragem: 
A desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 - CC) + grupo econômico: é uma 
exceção e deve ser aplicada com cuidado pelo magistrado e, também, pelo árbitro (embora 
em relação a este existam debates doutrinários). Ela é decretada quando há abuso de 
personalidade jurídica – desvio de finalidade, confusão patrimonial ou fraude. Para Gabriel 
Seijo, divergindo de Fredie Didier Jr., o árbitro pode declarar a desconsideração da 
personalidade jurídica (princípio competência-competência). Nesse sentido, a 
desconsideração da personalidade jurídica pode comprometer a extensão da cláusula 
compromissória, uma vez que tal fenômeno jurídico pode atingir todos os atos praticados 
58 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
pelos sócios, inclusive a fixação da cláusula compromissória. Naquele momento, consoante 
Seijo, o sócio que assinou o contrato em nome da pessoa jurídica, no mínimo, concordou 
tacitamente com tal cláusula. 
 
Exemplo de decisão judicial – STJ 
 
2. Alcance objetivo da convenção de arbitragem: 
Geralmente, é preciso que a relação econômica seja objeto de diversos contratos para 
atender ao acordo entre as partes (“rede de contratos”). 
O que acontece com a cláusula compromissória contida em apenas um dos contratos ou 
apenasem alguns contratos da rede? 
Extensão em grupos de contratos: 
 Cláusula prevista em contrato quadro (framework agreement) e omitida nos demais: 
As partes fazem um “contrato-mãe” já prevendo a firmação de futuros contratos. 
 
 Cláusula prevista em certos contratos e omitida nos demais: Casos em que alguns 
contratos preveem cláusulas compromissórias e outros, não. Seguindo a linha de 
raciocínio do STJ, o acessório segue o principal, logo, a cláusula compromissória geral 
se estende aos contratos acessórios. 
59 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Do ponto de vista formal, a decisão do STJ foi irretocável. Contudo, limitou-se a possibilidade 
de manifestação contrária da vontade das partes e uma análise casuística ao sustentar que o 
acessório segue o principal. 
 
 Extensão em contratos de seguro: Se o sinistro acontecer, o segurado tem o direito 
de receber indenização. Supondo que uma indústria contrate uma construtora para 
erigir uma fábrica, bem como prevendo indenização no caso de sinistro que 
prejudique a ereção. Se a explosão da caldeira ocorreu por culpa da construtora, a 
fábrica se sub-roga no direito da construtora, sendo passível de receber indenização. 
O STJ entende que a sub-rogação se estende à convenção de arbitragem. 
 
Se a seguradora paga, é incubada de todos os direitos e ações do segurado, 
abrangendo cláusulas compromissórias. Os que discordam, alegam que isto é uma 
sub-rogação por força de lei, e na arbitragem exige-se consentimento. 
 
 
3. Oficina de redação: 
 
 Cláusulas sintéticas e analíticas: As analíticas contêm mais informações; 
 Cláusulas padronizadas: Cláusulas prontas para serem incorporadas nos contratos; 
 
 
4. Técnicas de redação da cláusula compromissória: 
 
 Concisão e clareza: Falar o que é necessário com o máximo de caracteres, bem como 
utilizar linguagem simples; 
 Precisão terminológica: Direito se expressa através da linguagem. Nesse sentido, 
deve-se difundir o uso da semiótica. Emprego correto do termo jurídico e sem 
preocupação com repetições, as quais são normais em contratos, por exemplo; 
60 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Harmonia com demais cláusulas do instrumento; 
 Sistematização: Cada ideia é uma cláusula diferente, devendo-se prever problemas 
futuros e colocar a solução no contrato; 
 Utilização de temas definidos: Muitos contratos evitam trazer glossários; 
 Check-list dos componentes da cláusula compromissória; 
 
 
5. Exemplos: 
 
 CCI (Paris): Todos os litígios oriundos do presente contrato ou com ele relacionados 
serão definitivamente resolvidos de acordo com o Regulamento da CCI, por um ou 
mais árbitros nomeados desse regulamento. 
 AAA (Nova York); 
 CCBC (São Paulo); 
 ACB (Salvador); 
III – cláusula compromissória específica 
Investigação da vontade das partes 
Investigação das circunstâncias fáticas 
Respeito às diferenças culturais – ex: franceses geralmente copiam e colam a cláusula da 
CCI. 
 
AULA 10 – OFICINA DE REDAÇÃO 
Sem anotações. Aula opcional com exemplos para quem quer seguir a carreira de 
arbitragem. Não cai na avaliação. 
 
AULA 11 – ARBITRABILIDADE 
 
1. Arbitrabilidade: 
Arbitrabilidade consiste na possibilidade de se submetermos um litígio a uma decisão por via 
arbitral. 
A arbitrabilidade pode ser: 
61 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Objetiva: Diz respeito ao objeto (qual tipo de relação jurídica pode ser levada para 
uma arbitragem); 
 Subjetiva: Concerne aos sujeitos (quem são as pessoas físicas ou jurídicas que podem 
ser partes de um processo arbitral); 
Art. 1º - LA: As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir 
litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 
Haverá arbitrabilidade subjetiva quando as partes apresentam capacidade de contratar 
Para ter arbitrabilidade objetiva é necessário que o litígio se refira a direitos patrimoniais 
disponíveis (de cunho econômico e que podem ser negociados). 
 
2. A arbitrabilidade objetiva: 
Disputas sobre direitos patrimoniais disponíveis. 
Os recursos devem ser associados a direitos de conteúdo econômico, mas não 
necessariamente. Ex: Uma fiscalização da condição sanitária de determinado produto 
comercializado (conteúdo de saúde pública e não econômico). 
É preciso, também, que o direito seja disponível. O direito é dito disponível quando passível 
de 
 Alienação, venda, doação: Possível de transferência; 
 Renúncia (ex: crédito): Extinto mediante a mera vontade do titular; ou 
 Transação: Não é sinônimo jurídico de operação econômica, mas um contrato típico 
regido pelo art. 840 e s. do Código Civil. Extingue-se conflitos mediante concessões 
mútuas (acordo). Ex: A resolve pagar B e B resolve tirar a ação contra A sobre danos 
reais. 
As fontes de direitos patrimoniais disponíveis são as mais variadas: negócios jurídicos, atos 
jurídicos não negociais (atos jurídicos stricto sensu, atos ilícitos, eventos de natureza, fatos 
materiais...). 
São disputas excluídas da arbitragem aquelas sobre: 
 Atos de jus imperii (atos administrativos de império) Ex: Apreensão de armas na 
fronteira entre Brasil e Paraguai; 
 Estado pessoal. Ex: O direito a filiação entre aluno e faculdade; 
 Direitos de personalidade 
 Os reflexos dos direitos de personalidade podem ser levados a arbitragem. Ex: 
Danos morais. A honra pode ser objetiva (reputação social) ou subjetiva 
(autoestima do sujeito) – ambas gozam de proteção constitucional. A honra 
62 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
em si não é objeto de arbitragem, mas o direito à indenização por danos à 
honra objetiva (ex: a inclusão indevida no Serasa) pode ser objeto de 
arbitragem. 
 
3. Questões polêmicas: 
 
a) Disputas trabalhistas. 
 
 Dissídios coletivos (há, em um dos polos, um sindicato) – não há discussão, 
admitindo-se expressamente a arbitrabilidade (art. 114, § 1º, CF) 
Art. 114, § 1º - CF/88: Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. 
 
 Dissídios individuais: Divergência doutrinária 
 Parte da doutrina afirma que sim, é possível submeter dissídios individuais ao 
juízo arbitral. A CF foi omissa, mas não proibiu; 
 Parte da doutrina afirma que não, uma vez que a arbitragem se restringe a 
questões civis e comerciais. Ademais, a CF, no art. 114, § 1º quis proibir tal 
arbitrabilidade. Existe, também como argumento, a hipossuficiência do 
empregado perante o empregador (não haveria paridade de armas em uma 
possível arbitragem); 
 Surgiu uma corrente intermediária: Há a possibilidade, todavia, somente para 
alguns dissídios individuais trabalhistas – só para auto empregados (aqueles 
que exercem funções executivas, têm remuneração elevada, são ouvidos 
diretamente pelo empregador >> hipossuficiência reduzida...); 
 Jurisprudência do TST: Proibição da arbitragem no que tange aos dissídios 
trabalhistas individuais; 
63 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
 Veto parcial à Lei n. 13.129/2015, a qual adotou a corrente intermediária (art. 
4º, § 4º): manutenção da proibição; 
 A reforma trabalhista (Lei n. 13.467/2017) do Governo Temer: 
Art. 1º. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 
1º de maio de 1943, passa a vigorar com as seguintes alterações: 
Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas 
vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência 
Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa 
do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei no 
9.307, de 23 
Para Gabriel Seijo, o legislador foi feliz na inclusão do art. 507-A, contudo, o valor fixado foi 
muito baixo para concretizar uma efetiva liberdade no que tange à cláusula compromissória. 
 
b) Disputas consumeristas (relativas ao Direito do Consumidor):Ineficácia da convenção de arbitragem (CDC, art. 51, VIII). 
Veto parcial à Lei n. 13.129/2015, estando ainda em vigor o referido artigo do CDC. 
É permitida a inclusão de cláusula arbitral nos contratos de consumo, desde que o 
consumidor inicie ou concorde com o fornecedor começar o processo arbitral. Não basta, 
portanto, o consentimento na cláusula compromissória – é necessária a concordância, 
expressa ou tácita, por parte do consumidor. 
64 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Gabriel Seijo considera plausível esse “freio”. A presidente foi feliz ao vetar uma norma que 
permitiria amplamente a arbitragem em disputas consumeristas. 
 
c) Disputas societárias: 
Disputas que mais demandam a intervenção de árbitros. 
 Aplicação a litígios entre sócios ou entre sócios e sociedade 
 Aplicação a litígios envolvendo sócios fundadores; 
 Aplicação a disputas envolvendo novos sócios; 
A cláusula compromissória em estatutos e contratos sociais pode ser inserida 
posteriormente. 
Não há arbitragem sem consenso. Se um sócio aparece na assembleia e vota contra (não se 
abstendo) à arbitrabilidade, o que acontece? 
 Parte da doutrina afirma que tal sócio não está vinculando à convenção de 
arbitragem; 
 Por outro lado, parte da doutrina afirma que ingressar em uma sociedade significa se 
vincular à decisão tomada pela maioria, mesmo que contra seu voto (consentimento 
indireto/prévio); 
O legislador foi feliz ao alterar a LSA: 
 Quórum de aprovação: maioria simples (art. 136, LSA); 
 Vacatio de 30 dias (art. 136-A, § 1º, LSA) – prazo para início da vigência da convenção 
de arbitragem; 
 Direito de retirada do acionista dissidente (art. 136-A, LSA) – a lei confere opção ao 
sócio, podendo o que votar contra sair da sociedade ou continuar na sociedade 
(consentindo com a arbitragem – preserva-se o consensualismo: ninguém é obrigado 
a ficar, mas se ficar, está consentindo); 
Há, entretanto, dois casos que esse direito de retirada do acionista dissidente não se 
aplica: 
 Caso a inserção seja condição para que os valores mobiliários da 
companhia sejam negociados em segmento de listagem de bolsa de 
valores ou de mercado de balcão e organizado que exija dispersão 
acionária mínima de 25% das ações de cada espécie ou classe; 
 Inaplicabilidade caso as ações da companhia tenham liquidez e 
dispersão no mercado, nos termos do art. 137, II, “a” e “b”; 
 
65 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
d) Disputas sobre insolvência: 
Se um sociedade vem a falir, isso não afeta a cláusula compromissória. 
 Cláusula compromissória em plano de recuperação judicial: Principal mecanismo de 
proteção jurídica das empresas. Um devedor empresário pode dar início a um 
processo judicial que acarretará a suspensão da maioria das execuções que ele tem 
contra si, propondo aos credores medidas em prol da saúde financeira da empresa. A 
dúvida diz respeito ao credor que votou contra – será que ele se vincula mesmo 
tendo se posicionado desfavoravelmente à arbitragem? Gabriel Seijo entende que 
ele não está vinculado (consentiu por força de lei e a lei não poderá subtrair da 
apreciação do Judiciário ameaça ou lesão a direito – art. 5º, XXXV, CF/88). 
 
e) Disputas de família e sucessões: 
Depende se for em relação a uma questão de direito patrimonial disponível. 
Ex: A e B resolvem se divorciar, mas não chegam a um consenso acerca da partilha dos bens. 
É plenamente possível o ingresso no juízo arbitral. 
Não se pode ter arbitragem, por exemplo, no caso de verificação da paternidade (não 
envolve direitos patrimoniais). 
A condição de herdeiro pode ser definida por arbitragem, assim como quais bens e como 
dividir os bens. 
Partilha nas sucessões testamentárias (CPC, art. 610) 
Art. 610 – CPC: Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário 
judicial. 
A lei disse menos do que queria, não havendo proibição da arbitragem. 
 
f) Disputas ambientais: 
É possível, desde que envolva questões patrimoniais. 
Ex: A investigação do responsável pelo derramamento de petróleo nas praias do Nordeste 
entre 2019 e 2020. O prejuízo a quem sofreu os impactos do petróleo, por exemplo, é uma 
questão que pode ser submetida à arbitragem. 
 
g) Disputas desportivas: 
66 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Os estatutos de diversas organizações esportivas preveem que a jurisdição apropriada para 
questionar as decisões administrativas é a arbitragem. 
A CBF está criando uma câmara de arbitragem. 
A FIFA prevê que as decisões que toma em relação aos seus associados podem ser revistas 
por um tribunal arbitral perante CAS (Corte Arbitragem de Arbitragem). 
 
h) Disputas administrativas: 
É possível arbitragem desde que sobre atos de gestão e não atos de império. 
Ex: A locação de uma sala pelo estado da Bahia. 
Os contratos administrativos no geral – como uma licitação – admitem arbitragem. 
 
i) Disputas tributárias: 
Depende de uma mudança na lei no que tange à disponibilidade. 
 
4. A arbitrabilidade subjetiva: 
Se refere aos sujeitos da arbitragem. 
Os sujeitos devem ser capazes, a qual deve ser verificada no tempo em que o ato é praticado 
e de acordo com a lei do local do domicílio das partes. 
 
 Situações polêmicas: 
 
a) Entes da Administração Pública: Podem ser partes da arbitragem, tanto entidades da 
Administração Pública Direta (estados, DF), como da Indireta (autarquias, fundações 
públicas, empresas públicas...). 
O problema da indisponibilidade do interesse púbico: Solucionada através da distinção entre 
atos de império (não admitem arbitragem) e atos de gestão. 
No acórdão 2345, o TCU reconheceu a decisão do STJ, admitindo a arbitragem em contratos 
administrativos. 
67 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Em 2015 a Lei de Arbitragem foi alterada pela Lei n. 13.129/2015, incluindo os parágrafos 1º 
e 2º no art. 1º. 
Art. 1º - LA: 
§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir 
conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis. (Incluído pela Lei nº 13.129, 
de 2015) (Vigência) 
§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração 
de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou 
transações. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência) 
Hoje, a Administração Pública (Direta e Indireta) tem arbitrabilidade subjetiva e não se 
discute isso. 
 
b) Entes despersonalizados: 
O art. 1º da Lei de Arbitragem menciona “pessoas capazes” no que tange à arbitrabilidade 
subjetiva. Seria isso uma proibição à arbitrabilidade subjetiva dos entes despersonalizados? 
Para Gabriel Seijo, não. Os entes despersonalizados como os condomínios, embora não 
tenham personalidade, celebram contrato e, portanto, não são excluídos pelo referido 
artigo. 
 
 Condomínio edilício (áreas privadas e áreas comuns); 
 Espólio: Partilha do patrimônio (massa de bens e obrigações) do morto; 
 Massa falida: Quando o empresário tem a sua falência decretada, os direitos e 
obrigações desse empresário passam a formar a massa falida. 
Todos os entes despersonalizados supracitados são detentores de arbitrabilidade subjetiva. 
No que tange à massa falida tem-se um enunciado do CJF (natureza doutrinária, não são leis 
e nem jurisprudência). 
68 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
AULA 12 – PODERES DO ÁRBITRO 
 
1. Poderes do árbitro e tutela jurisdicional: 
 
 Tutela de conhecimento (arts. 18 e 31 – LA): Visa à declaração de um direito; 
Art. 18 – LA: O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a 
recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário. 
Art. 31 – LA: A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos 
efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, 
constitui título executivo. 
 
 Tutela cautelar (art. 22-B– LA): Visa à proteção de um direito. Possibilidade do 
árbitro de emergência; 
Art. 22-B – LA: Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a 
medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário. (Incluído pela 
Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência) 
Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência será 
requerida diretamente aos árbitros. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 
2015) (Vigência) 
 Tutela de execução: Serve para satisfazer o direito. Envolve o monopólio estatal da 
força, portanto, os árbitros não apresentam tutela de execução. 
 
2. O princípio competência-competência: 
 
69 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Durante a tramitação do processo arbitral, não cabe interferência do Poder 
Judiciário; 
 Poder do árbitro de julgar a priori a própria jurisdição. Se uma das partes disser que o 
árbitro não é competente, quem vai julgar a competência é o árbitro; 
 Poder de julgar a priori a existência, validade e eficácia da convenção arbitral (art. 8º, 
p. único – LA). Quem julga a existência, validade e eficácia da convenção arbitral é o 
árbitro e não o Judiciário; 
Art. 8º, Parágrafo único – LA: Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das 
partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e 
do contrato que contenha a cláusula compromissória. 
 Poder de julgar a priori a arbitrabilidade (art. 20 - LA). Arbitrabilidade consiste na 
possibilidade de se submetermos um litígio a uma decisão por via arbitral. 
 Poder de julgar a priori os próprios impedimentos e suspeições (art. 15 – LA): 
Semelhante aos demais; 
 Controle judicial a posteriori (arts. 20, § 2º, 32 e 33 – LA); 
 
Art. 20, § 2º - LA: Não sendo acolhida a argüição, terá normal prosseguimento a arbitragem, 
sem prejuízo de vir a ser examinada a decisão pelo órgão do Poder Judiciário competente, 
quando da eventual propositura da demanda de que trata o art. 33 desta Lei. 
 
Art. 32 – LA: É nula a sentença arbitral se: 
I - for nula a convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 13.129, de 
2015) (Vigência) 
II - emanou de quem não podia ser árbitro; 
III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei; 
IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; 
V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; (Revogado pela Lei nº 
13.129, de 2015) (Vigência) 
VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva; 
VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e 
70 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei. 
 
Art. 33 – LA: A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a 
declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta 
Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência) 
Uma parte que considere que a arbitragem está lhe prejudicando deve permanecer calada 
até a conclusão do processo arbitral. O Poder Judiciário só pode interferir após concluído o 
processo arbitral. Essa contenção se faz plausível a fim de assegurar a eficácia e a duração 
razoável do processo arbitral. 
O número de processos arbitrais anulados é baixíssimo. Logo, o Poder Judiciário tende a 
concordar com as decisões arbitrais. 
 
3. Natureza jurídica do árbitro: 
O árbitro é juiz de fato e de direito (art. 18 – LA). A letra da lei é questionada por parte da 
doutrina, mas a expressão se fez plausível para reafirmar e consolidar o cunho jurisdicional 
da arbitragem. 
Equiparação a funcionário público para fins penais (art. 17 – LA). Os árbitros, portanto, 
podem cometer crimes relativos ao cargo de funcionário público (ex: corrupção passiva, 
prevaricação, etc). 
 
 Arbitro presidente (art. 13, § 4º - LA): 
 
 Presente, obviamente, quando há tribunal arbitral; 
 Dirige os trabalhos da audiência; 
 Faz a interface da comunicação com os co-árbitros; 
 Redige as primeiras minutas da decisão; 
 Havendo empate, prevalece o voto do presidente; 
 Método de escolha: autonomia privada; 
 
 Secretário: 
 
 Auxilia no trabalho do tribunal arbitral; 
 Método de escolha: autonomia privada 
71 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Pode ser um árbitro ou terceiro; 
 Geralmente é um advogado mais jovem; 
 
 
4. Nomeação do árbitro: 
 
 Número de árbitros: 
 
 Número ímpar (art. 13 – LA) – geralmente um ou três árbitros. É melhor o colegiado 
para ter dialética e contraposição na hora de decidir em comparação ao arbítrio de 
um único indivíduo; 
 Juízo arbitral singular (art. 13, § 1º); 
 Tribunal arbitral (art. 13, § 1º); 
 
 
 Definição do método de indicação pelas partes: 
 
 Autonomia privada e ordem pública: A ordem pública deve ser respeitada, apesar de 
ser um termo amplo; 
 Definição de método específico para nomeação (art. 13, § 3º - LA): Há uma maneira 
específica para nomear o árbitro; 
 Adesão às regras de instituição arbitral (art. 13, § 3º - LA) como a CCI, por exemplo; 
 Podem as partes indicar (embora seja raro se chegar a um consenso); 
 Pode ocorrer a indicação pela instituição arbitral; 
 Pode ocorrer a indicação por terceiro; 
 Pode ocorrer a indicação pelo Poder Judiciário (cláusula vazia); 
Muitas instituições arbitrais publicam listas de árbitro – que podem ser abertas ou fechadas, 
sendo que nas abertas é permitida a nomeação de um árbitro fora do rol. As listas fechadas 
são vistas como uma má prática de mercado. 
Confirmação: Controle pela instituição arbitral (art. 13, § 4º - LA): 
 
5. A arbitragem multiparte (art. 13, § 4º – LA): 
Assemelha-se ao litisconsórcio: tem-se mais de uma parte em um dos polos ou em ambos – 
requerente/requerido). 
Quando se tem várias partes em um mesmo polo, as partes de um mesmo polo indicam um 
único árbitro – deve ocorrer um consenso. 
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Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Pode ser que não haja um consenso em um dos polos (caso Paranapanema). Daí admite a 
interferência da instituição arbitral na escolha, ou até mesmo, do Judiciário. 
O árbitro deve ser imparcial (paridade de armas), mantendo-se equidistante das partes, 
contudo, a neutralidade é uma utopia. Dessa forma, a escolha de um árbitro – sobretudo 
quando há um estudo prévio acerca da sua postura acerca de determinada seara – é um 
poder de influenciar a decisão arbitral. 
 
6. Qualificação do árbitro: 
Capacidade e confiança (art. 13 - LA) + Previsão de qualificação adicional na cláusula arbitral 
 O árbitro é capaz e deve ter a confiança das partes. Confiança aqui é objetivamente 
constatada pela independência, imparcialidade e pelo conhecimento da matéria a ser 
decidida. 
 
7. Imparcialidade (art. 13, § 6º - LA): 
 
 Imparcialidade: O árbitro deve ser imparcial (art. 13, § 6º - LA); 
 Independência (art. 13, § 6º - LA): Imparcialidade não significa independência, 
embora caminhem juntas e estão expressas no parágrafo 6º do art. 13 da Lei de 
Arbitragem; 
 Habilidade (competência) (art. 13, § 6º - LA): O árbitro deve ter habilidade, ou seja, 
conhecimento da matéria; 
 Diligência (art. 13, § 6º - LA): Atuar com zelo 
 Discrição: Não pode comentar, nem falar do seu caso; 
 Revelação (art. 14, § 1º - LA): O árbitro deve fazer o disclosure, ou seja, impedir que 
as partes influenciem na sua independência e imparcialidade; 
 
A Lei 9.307 (LA) traz uma imparcialidade legal mínima, estando o árbitro submetido às 
mesmas regras de impedimento e suspeição presentes no CPC/15. Aqui é uma exceção – 
aplicação do CPC porque há disposição expressa na Lei de Arbitragem. 
 
 Imparcialidade legal mínima: 
 
 Equiparação a juiz estatal (art. 14 – LA); 


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