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Planejamento e Orçamento Público | Planejamento e Orçamento Público www.cenes.com.br | 1 DISCIPLINA PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICO Planejamento e Orçamento Público | Planejamento e Orçamento Público www.cenes.com.br | 2 Sumário Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 1 Planejamento e Orçamento Público ------------------------------------------------------------------ 4 2 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 2.1 O Ponto de Partida do Processo Orçamentário é o Planejamento. ---------------------------------------- 4 2.2 As políticas representam decisões condicionadas -------------------------------------------------------------- 5 2.3 O Orçamento Contemplava Os Ingressos E Saídas Ocorridas Durante O Ano Fiscal ------------------- 7 3 O processo orçamentário -------------------------------------------------------------------------------- 9 3.1 Etapas do Processo Orçamentário -------------------------------------------------------------------------------- 12 3.2 A Primeira Etapa de Preparação do Orçamento é o Processo de Diagnóstico. ----------------------- 15 3.3 Alcance do Orçamento e Objetivos ------------------------------------------------------------------------------- 21 3.4 Princípios para Elaboração do Orçamento ---------------------------------------------------------------------- 22 O Orçamento Aumenta o Nível de Integração Entre as Áreas -------------------------------------------------------------------- 23 Limitações do Orçamento ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 24 Classificação do Orçamento ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 28 3.5 Princípios Base em Orçamento de Obra ------------------------------------------------------------------------- 33 Generalidades ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 33 Objetivo da Contabilidade de Custos: Como Pode Transformar uma Empresa ---------------------------------------------- 36 3.6 Princípios contábeis aplicados a custos -------------------------------------------------------------------------- 36 Controlar a Produção com o Custo Médio ---------------------------------------------------------------------------------------------- 37 Controlar uma Rotina Para Reduzir Custos --------------------------------------------------------------------------------------------- 37 Identificar Formas de Racionalizar Custos ---------------------------------------------------------------------------------------------- 38 A Departamentalização e o Rateio de Custos ------------------------------------------------------------------------------------------ 38 Centros de custos ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 38 Terminologia de Custos: Importante Para as Informações Contábeis ---------------------------------------------------------- 39 3.7 Os Sete Tipos de Orçamentos Empresariais -------------------------------------------------------------------- 40 Orçamento Estático --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 41 Orçamento Flexível --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 41 Orçamento Rolling ou Contínuo ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 41 Orçamento Beyond Budgeting ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 42 Orçamento Ajustado ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 42 Orçamento Base Zero (OBZ) ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 42 Controle Matricial ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 43 3.8 Diminuição dos Riscos do Negócio -------------------------------------------------------------------------------- 45 4 Referencias ------------------------------------------------------------------------------------------------- 51 Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por marcadores. Planejamento e Orçamento Público | Planejamento e Orçamento Público www.cenes.com.br | 3 Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e DESCOMPLICADA pelo conteúdo. Planejamento e Orçamento Público | Planejamento e Orçamento Público www.cenes.com.br | 4 1 Planejamento e Orçamento Público 2 Introdução O orçamento consiste em um documento que reflete o planejamento. Sua expressão é quantitativa, embora contemple itens não-financeiros (a exemplo das unidades de medidas). Corresponde a uma extensão do planejamento, pois enquanto esse explicita a natureza das ações e objetivos, o orçamento as traduz em metas e esforço financeiro (valores monetários). O planejamento, em sentido mais restrito, é o processo que envolve avaliação e tomada de decisões em cenários prováveis, visando definir um plano para atingir uma situação futura desejada, com base nas informações sobre as variáveis ambientais, crenças e valores, missão, modelo de gestão, estrutura organizacional preestabelecidas e a consciência da responsabilidade social. (MOSIMANN; FISCH, 1999, p. 44) Welsch (1983) define orçamento como um plano da administração para fases distintas do processo operacional para um futuro determinado. Desta forma, expressa objetivos, metas, planos de ação, programas, políticas operacionais e estratégicas. “[...] o orçamento nas empresas reflete as condições quantitativas de como alocar recursos financeiros para cada subunidade organizacional com base em suas atividades e nos objetivos de curto prazo” (ATKINSON et al., 2008, p. 465). O orçamento, nessa perspectiva, traduz as projeções às expectativas dos gestores relativas ao desempenho. “Orçar significa processar todos os dados constantes do sistema de informação contábil de hoje, introduzindo os dados previstos para o próximo exercício, considerando as alterações já definidas para o próximo período” (PADOVEZE, 2005, p. 31). 2.1 O Ponto de Partida do Processo Orçamentário é o Planejamento. O orçamento corresponde a um conjunto organizado de ações que orientam o dimensionamento de recursos financeiros com o objetivo de alcançar os propósitos (operacionais, táticos e estratégicos) da entidade. Para Parsloe e Wright (2001, p. 11): “Um orçamento é um plano financeiro que estabelece, de forma mais precisa possível, como se espera que transcorram os Planejamento e Orçamento Público | Introdução www.cenes.com.br | 5 negócios de um departamento ou de uma empresa, geralmente num prazo mínimo de um ano”. Para Sá e Moraes (2005), o orçamento expressa o planejamento estratégico em números, compatibilizando as diferentes políticas pulsantes em uma organização (de concessão de crédito a clientes, de reposição de estoques, de imobilização, de financia- mento, de pagamento de dividendos etc.). 2.2 As políticas representam decisões condicionadas O orçamento consiste na formalização e sistematização das tarefas de planejamento e controle. Trata-se, de maneira bastante simplificada, da expressão monetária dos planos de ação nas diversas áreas de uma organização. Embora o orçamento seja usado como instrumento de controle, seu objetivo não é impor limites para cerceara liberdade de expressão, mas sim, promover a eficácia operacional. Conceito que, necessariamente, pressupõe economicidade no uso de recursos e alcance de metas. (VASCONCELOS et al., 2004, p. 58) São múltiplos os benefícios proporcionados pelo orçamento quando vinculado ao processo decisório: • Expressa quantitativamente os ingressos e saídas de recursos, determinando o plano financeiro consoante aos objetivos organizacionais; • Comunica metas de curto prazo; serve de base para coordenação das atividades operacionais; • Sinaliza eventuais problemas de nível operacional (por meio da diferença entre desempenho real e orçado); • Constitui referência para avaliação de desempenho; • Facilita o controle financeiro. O orçamento é fundamental para o controle e planejamento financeiro. É através do planejamento financeiro e orçamento que se poderá visualizar as medidas que deverão ser executadas, bem como as expectativas a respeito do futuro da empresa. As decisões importantes, quando embasadas no planejamento e no controle Planejamento e Orçamento Público | Introdução www.cenes.com.br | 6 financeiros, têm grande possibilidade de serem eficazes e darem certo na empresa. (ZDANOWICZ, 1995, p. 16) O planejamento financeiro estrutura-se em ações e o ônus necessário para implementá-las (recursos financeiros). O orçamento é o documento que comunica em termos quantitativos os planos de gestão das entidades. É o coração do planejamento financeiro. Define-se como processo orçamentário o conjunto de etapas ou fases necessárias à elaboração, implementação e acompanhamento efetivo do orçamento. Uma das contribuições mais importantes do processo orçamentário é servir de base para a determinação de padrões de desempenho e metas. O orçamento auxilia o gestor no sentido de orientar as ações e esforços dos líderes das áreas em uma organização. Cria um ambiente de comprometimento com a missão e objetivos da empresa e o hábito de realizar estudos prospectivos, examinando os fatores que possam vir a afetar ou influenciar o processo decisório. Serve ainda como referência para avaliação de desempenho.” (VASCONCELOS et al., 2004, p. 58) Parte dessas disposições se mescla com o processo de preparo do orçamento. O processo orçamentário, conhecido como orçamentação, auxilia na antecipação de problemas potenciais porque parte de um acirrado estudo da realidade organizacional (diagnóstico). Seus múltiplos benefícios justificam a necessidade e importância de estudá-lo. A necessidade de orçar recursos não é recente. Sua origem é tão antiga quanto a própria humanidade, visto que o homem primitivo previa suas necessidades visando à sobrevivência no inverno. A origem da palavra orçamento deve-se aos antigos romanos, que usavam uma bolsa de tecido chamada de “fiscus” para coletar os impostos. Posteriormente, a palavra foi também utilizada para as bolsas da tesouraria e também para os funcionários que as usavam. No início da Idade Média, a tesouraria do Reino Unido era conhecida como “fisc”. (LUNKES, 2003, p. 35) Segundo Lunkes (2003) existem vestígios de prática orçamentária em épocas mais antigas em relação ao surgimento do dinheiro. O termo “orçamento” em francês é traduzido como bouge ou bougette, originado do latim bulga. A expressão bougett foi incorporada ao vocabulário inglês entre 1400 e 1450. Porém, as raízes das práticas contemporâneas de orçamento devem-se ao desenvolvimento da Constituição inglesa em 1689. A lei estabelecia que o rei, e depois Planejamento e Orçamento Público | Introdução www.cenes.com.br | 7 o primeiro-ministro, poderia cobrar certos impostos ou gastar recursos, mas somente com a autorização do Parlamento. Em meados do século XVIII, o primeiro-ministro levava ao Parlamento os planos de despesas envoltos em uma grande bolsa de couro, cerimônia que passou a chamar-se de opening of the budget, ou abertura de orçamento. A palavra budget substituiu rapidamente o termo bolsa e em 1800 foi incorporada ao dicionário inglês. (LUNKES, 2003, p. 35-36) O século XIX foi fecundo no que se refere ao desenvolvimento de políticas, procedimentos e práticas gerenciais, especialmente no governo de Napoleão (LUNKES, 2003). Por exemplo, em 1860 a França tinha desenvolvido um sistema contábil uniforme, aplicado em todos os departamentos do governo. Na época, foi determinado um período fiscal de referência e regras para a prestação de contas. Também foi estabeleci- do um programa de auditoria e a reversão de recursos não empregados ou alocados. A França foi o cenário principal desse desenvolvimento por força da necessidade de controle de gastos do exército no governo de Napoleão. 2.3 O Orçamento Contemplava Os Ingressos E Saídas Ocorridas Durante O Ano Fiscal Os procedimentos para elaboração do orçamento compreendiam todas as fases de preparo do documento. Por exemplo, o cálculo dos recursos demandados por soldado era calculado como segue: levantava-se o custo unitário por soldado na ativa durante um ano, em seguida multiplicava esse valor pelo número total de soldados (deduzido o número de soldados doentes e ausentes). O custo total era composto por parcelas referentes a gastos com alimentos, manutenção de equipamentos etc. Na metade do século XIX, no Reino Unido, as técnicas francesas foram incorpora- das pelo primeiro-ministro, visando o controle financeiro. No início do século XX, nos Estados Unidos, a técnica orçamentária se desenvolveu significativamente culminando no movimento de elaboração do orçamento público, peça que discriminava todas as atividades do governo (ingressos e saídas) no período fiscal. Em 1921, o congresso norte-americano tornava obrigatória a elaboração do orçamento público, embora desde 1919 o instrumento já fosse empregado no âmbito privado. O vanguardista na prática de adotar o orçamento na gestão de empresas privadas foi Brown, da Du Pont de Memours. Planejamento e Orçamento Público | Introdução www.cenes.com.br | 8 No Brasil o instrumento gerencial ganhou destaque a partir da década de 1940, sendo seu apogeu na década de 1970. Apesar da importância do orçamento para a prática gerencial, muitos o associam à restrição de gastos, quando seu alcance é amplo. Segundo Ching (2006, p. 157) orçamento “é uma ferramenta que ajuda os gestores, sejam empresas ou órgãos do governo, sejam empresas privadas, em suas funções de planejamento e controle, na previsão dos resultados operacionais e nas condições financeiras”. O processo histórico do instrumento talvez influencie a construção dessa concepção, uma vez que o orçamento foi muito empregado com a função de controlar gastos. A figura ilustra as fases do desenvolvimento do orçamento no Brasil. Na primeira fase o orçamento empresarial era o foco. A ênfase era projetar resultados para atender às necessidades operacionais e gerar lucro e posteriormente controlá-los. Na segunda fase, o orçamento contínuo ganhou relevo. O orçamento contínuo atribui ênfase ao processo de revisão contínua dos números orçados, substituindo-se dados do período recentemente findado por dados projetados para o próximo período. Na terceira fase observou-se a disseminação do Orçamento Base Zero. A proposta desse orçamento é recomeçar os estudos a cada período, justificando cada gasto como se as operações se iniciassem naquele momento. Na quarta fase o orçamento flexível era amplamente praticado. Os dados, nesta modalidade de orçamento, são projetados para cobrir níveis de atividades determinados. É utilizado para se avaliar os custos nestes níveis de atividades. A quinta fase foi marcada pelo orçamento por atividades, que consiste na projeção dos recursos demandados nas atividades, baseando-se em direcionadores do comportamento de custos. A sexta fase ressalta o orçamento perpétuo que orienta o emprego de recursos baseado na relação de causae efeito. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 9 Desenvolvimento do orçamento no Brasil É importante ressaltar que a relação de tipos de orçamento não é exaustiva. As metodologias acompanham as tendências e necessidades gerenciais. 3 O processo orçamentário Preliminarmente à elaboração do orçamento é importante definir o período orçamentário. As organizações são livres para preparar orçamentos em diferentes períodos, todavia é importante associar o instrumento às necessidades de suporte ao processo decisório. Alguns orçamentos alcançam cinco, dez anos (orçamentos de longo prazo). Os orçamentos de curto prazo podem ter abrangência de um mês, ou até mesmo de um trimestre. “Normalmente, quanto maior o período orçamentário, menos detalhado é o orça- mento” (JIAMBALVO, 2002, p. 200). Apesar de ser normalmente relacionado às organizações com fins lucrativos, a aplicação do orçamento se estende a diferentes tipos de negócios, inclusive unidades Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 10 governamentais. Por exemplo, o orçamento é crucial para empresas cuja atividade é rural, para igrejas, hospitais, ONGs etc. O orçamento envolve (1) o estabelecimento de metas específicas, (2) a execução de planos para atingir suas metas e (3) a comparação periódica dos resultados efetivos com as metas. Essas metas abrangem todas as metas da empresa, incluindo as metas específicas para cada unidade operacional. (WARREN et al., 2001, p. 179) Os autores completam: Estabelecer metas específicas para futuras operações faz parte da função administrativa do planejamento, enquanto as ações executadas para atingi-las faz parte da função administrativa de direção. Comparar, periodicamente, os resultados reais com as metas e tomar medidas apropriadas faz parte da função administrativa de controle. (WARREN et al., 2001, p. 179) O processo orçamentário tem partida em um orçamento-mestre, também denominado de orçamento global, que é decomposto em: • Orçamentos operacionais (compreendendo atividades como vendas, produção, compras etc.); • Orçamentos financeiros (compreendendo as demonstrações contábeis projetadas). Os orçamentos operacionais relacionam-se às atividades do ciclo operacional das organizações e os orçamentos financeiros têm o papel de dar feedback acerca das de- cisões operacionais. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 11 Estrutura do orçamento –mestre No momento de preparação do orçamento, os orçamentos específicos se relacionam entre si, como ilustra a figura. Relação entre os orçamentos Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 12 Essa inter-relação é explicada pela complexidade natural de muitas das ações organizacionais, envolvendo geralmente diferentes áreas. 3.1 Etapas do Processo Orçamentário As etapas de elaboração do orçamento diferem entre as organizações, mas em geral se mesclam com as de elaboração do planejamento por uma simples razão: o orçamento pressupõe um planejamento consolidado (Figura 4). O número de etapas varia em função do engajamento do processo orçamentário ao processo de elaboração do planejamento e do que é identificado no processo diagnóstico. Algumas organizações, apesar de não recomendado, desatam o processo de planejamento do processo orçamentário. Assim, existem diferentes roteiros e o número de etapas pode variar conforme o contexto. Poderão ser criadas sub etapas. Cada organização tem a liberdade de criar sua própria metodologia, segundo suas peculiaridades, e definir o estilo de participação mais apropriado para o êxito do programa orçamentário. O ponto fundamental é que o orçamento deve estar totalmente integrado com a cultura empresarial. As organizações desenvolvem um conjunto de valores, princípios, regras e procedimentos ambientais que formam sua cultura específica, pela qual os gestores, desde a sua entrada na organização, devem parametrizar seu comportamento profissional, sob pena de terem seu desempenho comprometido. (PADOVEZE, 2005, p. 34) A título de exemplo, poderíamos estruturar o processo em apenas quatro sub etapas (considerando-o como extensão do planejamento): 1. Diagnóstico das necessidades específicas das áreas funcionais, segundo orientação do planejamento. 2. Planejamento da implementação do orçamento. 3. Implantação propriamente dita. Acompanhamento do processo orçamentário. (VASCONCELOS, 2008, p. 44). A distribuição das etapas nos roteiros também depende da equipe que conduzirá o Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 13 processo, se interna ou externa. Vasconcelos et al. (2004, p. 59) apresentou cinco fases para elaboração do orçamento, admitindo-se que o processo fosse conduzido por um elemento externo à organização (consultores). Etapa 1 – Reconhecimento do clima organizacional e diagnóstico da realidade econômico-financeira: a. realização de visitas para entendimento do ciclo operacional e realidades funcionais; b. compreensão da missão, objetivos da empresa e estratégia; c. identificação da ênfase desejada para o planejamento e controle; d. conhecimento da expectativa dos gestores; e. descrição da estrutura de controle existente; f. percepção da cultura organizacional; g. reconhecimento da posição de mercado atual e esperada assim como da estratégia corporativa; h. projeção de cenário. Estas informações são obtidas, em geral, nas visitas iniciais, onde o consultor deve escutar mais e expressar menos sua opinião. Etapa 2 – Elaboração do planejamento da prática orçamentária: a. coleta de informações específicas junto aos setores da empresa; b. discussão com os gerentes acerca das diretrizes que nortearão os trabalhos; c. levantamento do material a ser utilizado e seus respectivos custos; d. escolha das pessoas que implementarão o planejamento e discussão sobre a forma de fazê-lo (análise crítica da técnica). Trata-se da fase mais trabalhosa e que definirá o êxito do trabalho. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 14 Etapa 3 – Organização da infraestrutura e ambiente para a construção do orçamento: a. definição da equipe a ser envolvida, com base em estudo preliminar acerca do perfil profissional qualificado para a tarefa; b. identificação dos responsáveis setoriais; c. discussão sobre as formas de treinamento necessário; d. construção de um cronograma para reuniões. Etapa 4 – Elaboração do orçamento propriamente dito: a. definição do alcance orçamentário; b. identificação das fontes de receitas que financiarão as despesas e custos da empresa; c. definição das fontes alternativas de recursos. Etapa 5 – Gestão e acompanhamento orçamentário: a. avaliação dos resultados obtidos comparando os números estimados com os valores efetivamente realizados; b. descoberta e correção das falhas no processo; c. redimensionamento de novas diretrizes a partir dos resultados obtidos. Propomos neste texto, a título de ilustração de como os roteiros podem diferir, uma sequência organizada em oito etapas, que em essência guarda a mesma configuração das propostas anteriores. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 15 Etapas do processo orçamentário 3.2 A Primeira Etapa de Preparação do Orçamento é o Processo de Diagnóstico. O diagnóstico representa uma leitura crítica sobre a realidade organizacional investigada sob diferentes enfoques ou dimensões. Diagnosticar representa explorar a realidade organizacional identificando seus pontos fortes e fracos, assim como suas expectativas dentro do negócio. Trata-se de um estudo profundo que contempla aná- lises interna e externaà organização. A análise interna tem como alcance a estrutura organizacional em suas diferentes áreas e dimensões (institucional, operacional e financeira) assim como os níveis do ambiente organizacional. Tem por propósito permitir o entendimento acerca das origens do desempenho atual e de fatores estratégicos relevantes que determinaram esse desempenho. A análise interna é importante para o processo de elaboração do orçamento porque o coloca em bases reais, considerando as forças, fraquezas, capacidades e Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 16 competências da empresa para a obtenção de êxito almejado ou projetado no negócio. A tarefa de “orçar” demanda realismo e objetividade. A análise externa corresponde ao estudo do ambiente externo, como o próprio nome sugere. Permite a identificação de riscos, ameaças, oportunidades atuais e futuras. Responde a seguinte questão: quais as variáveis que afetam o desenvolvimento organizacional no que se refere à concretização dos objetivos a que se propõe? O diagnóstico é um fator de sucesso porque radiografa a organização nos pontos essenciais. Vasconcelos et al. (2004, p. 69-70) sugere questões relevantes a serem obtidas no diagnóstico organizacional: 1. A empresa utiliza-se de orçamento? 2. Qual a periodicidade desse orçamento? 3. O orçamento é formalizado com base em documentos e papéis de trabalho? 4. O orçamento é discutido com base em um rigoroso cronograma? 5. Existe um setor responsável pela feitura do orçamento? 6. São gerados planos de ação a partir do orçamento? 7. Quais os tipos de decisões são tomadas a partir do orçamento? 8. Existem responsáveis diretos pela execução das decisões? 9. Considera o orçamento desta empresa alinhado à estratégia corporativa? 10. Como resumiria a estratégia da empresa? 11. Como definiria as etapas de elaboração do orçamento? 12. Quais as premissas fixadas? 13. Que visão tem do orçamento? 14. Quais os benefícios da prática orçamentária para a empresa? 15. Quais as limitações inerentes? 16. Foi identificado desde o início da implementação, em algum momento ou fase, problemas comportamentais associados à prática orçamentária? Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 17 17. Quais foram eles e como foram resolvidos? 18. De que maneira o orçamento foi implementado nessa empresa? 19. Quais as principais evidências de evolução do projeto orçamentário vivenciado pela empresa? 20. Quais as limitações hoje percebidas na prática orçamentária? 21. De que forma se configura a interação com o setor contábil? 22. Quais as principais limitações informacionais? 23. Que sistema de informações gerenciais a empresa utiliza na confecção do orçamento? Solicite informações sobre esse sistema. 24. O orçamento permite identificar de fato o potencial de lucro da empresa? 25. Como são feitas as projeções? 26. Quais as técnicas estatísticas empregadas? 27. Cada vez mais o serviço pós-venda é reconhecido como parte integrante da cadeia de valor. De que maneira são incluídos no orçamento? 28. Os orçamentos devem contemplar os serviços pós-venda? 29. As atividades pós-venda conseguem aumentar a lealdade dos clientes? Qual a experiência vivenciada pela empresa? 30. É mais barato manter do que conquistar um cliente? 31. Cada vez mais é importante considerar o ciclo de vida do produto na realização do orçamento. Como isso é contemplado pelo sistema orçamentário da empresa? 32. Descreva o ciclo de vida do produto carro-chefe. 33. O que sugere para melhorar hoje a prática orçamentária da empresa no que diz respeito ao operacional e ao aspecto cultural da empresa? Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 18 Atributo A B C D E Crescimento do setor Expansão da carteira de clientes Velocidade de obsolescência do(s) produto(s) Velocidade da inovação tecnológica Nível de ameaça ao crescimento ou rentabilidade Nível de oportunidade de crescimento ou rentabilidade Perspectiva global A = Excelente B = Muito bom C = Bom D = Regular E = Ruim Quadro – Desenho do perfil estratégico A segunda etapa é a formalização do diagnóstico e consolidação de orientações para elaboração do orçamento, que corresponde essencialmente à sistematização dos resultados obtidos com o diagnóstico. A terceira etapa corresponde à realização de ajustes ou intervenções. Contempla ações que contribuem para eficácia do processo orçamentário. Refere-se a: • Revisão de metas, de compatibilidade de infraestrutura em relação à produtividade desejada; • Alocações no quadro funcional; • Correções dos pontos fracos, dentre outras. A quarta etapa culmina na revisão do planejamento e em novas intervenções que se configuram na quinta etapa. Somente após esse olhar cuidadoso para a estrutura organizacional é que as diretrizes orçamentárias são desenhadas, correspondendo à sexta etapa. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 19 Definidas as diretrizes, que são as orientações básicas para a elaboração do orçamento, inicia-se a elaboração do orçamento propriamente dito e sua implementação, é a sétima etapa. O processo de elaboração e implementação contemplam a realização de estudos preditivos. “Previsão – estudo prévio das alternativas de ação administrativa e das suas possibilidades de realização em função das previsões referentes a mais provável evolução de determinadas condições internas e externas à empresa e que afetam o seu desempenho” (PASSARELLI; BOMFIM, 2004, p. 13). Os gestores compatibilizam as previsões com os propósitos institucionais. O orçamento começa então a ganhar unidade. O orçamento de vendas é o primeiro orçamento a ser elaborado, porque norteia com suas informações (quantidade produzida, preço de venda etc.) o preparo dos demais módulos orçamentários. A oitava etapa é a fase de avaliação e ajustes, conduzidos a partir do acompanha- mento do comportamento das variáveis relacionadas no orçamento. Realiza-se nesta fase uma análise orçamentária para verificar a resposta ou efetividade do trabalho até aqui conduzido. Periodicamente, através de comparações entre o desempenho da empresa e os padrões fixados no orçamento, são apurados os desvios ou variações. A análise desses desvios e as medidas tendentes a corrigi-los ou compensá-los (a fim de garantir que os objetivos finais sejam alcançados) constitui o CONTROLE. (PASSARELLI; BOMFIM, 2004, p. 13) São objetivos da elaboração do orçamento: Controle: assegurar que as finanças da empresa sejam controladas adequadamente, de modo que esta sobreviva, atinja suas metas financeiras e prospere; • Coordenação: assegurar que as despesas necessárias, das diferentes partes da empresa, somem um total que esta possa pagar, e que esses recursos financeiros sejam alocados nos departamentos de uma maneira consistente, sem que um deles tenha precedentes sobre os outros; • Comunicação: assegurar que todas as divisões da empresa estejam cientes de suas metas financeiras e dos recursos que poderão utilizar para atingir essas metas. A comunicação é uma via de mão dupla. O processo Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 20 orçamentário também fornece um meio dos departamentos e funcionários expressarem suas necessidades à administração da empresa, principalmente na época anual de execução do orçamento, mas, também em outros períodos; • Comparação: assegurar que os resultados reais sejam avaliados regularmente, tendo-se em vista as metas orçamentárias, de modo que a empresa tenha conhecimentos detalhados do progresso alcançado e de quaisquer problemas que possam estar surgindo. (PARSLOE; WRIGHT, 2001, p. 11-12) O controle orçamentário evitadesperdícios, a duplicação de trabalho, a perda de foco e os efeitos de atividades conflitantes. De fato, um sistema orçamentário será eficaz e efetivo na mesma medida que a estrutura de controle o for dando suporte ao processo de avaliação de desempenho nos diferentes níveis e contribuindo para a organização das atividades na empresa. O controle orçamentário integra o sistema de controle organizacional. O preparo do orçamento deve considerar, nesta ordem: • A determinação de objetivos e estratégias; • A trajetória necessária para cumprimento dos objetivos e estratégias assim como o provimento dos recursos demandados para eficácia; • A organização e planejamento, que estrutura as ações em torno dos objetivos; o modus de controle das ações, comparando o real versus o planejado. O orçamento não tem o propósito de visualizar o futuro organizacional, como uma bola de cristal; o instrumento apenas orienta acerca das possíveis tendências dentro das condições desejadas ou norteadas pelo planejamento. Serve, portanto, de guia para a tomada de decisão, caracterizado pela flexibilidade e aderência às diretrizes institucionais. O processo orçamentário é geralmente orquestrado pela Controladoria. Mas, isso não vale como regra, uma vez que as organizações possuem diferentes portes e estruturas funcionais. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 21 3.3 Alcance do Orçamento e Objetivos O orçamento pode ser aplicado em organizações de qualquer porte e natureza. Para Passarelli e Bomfim (2004, p. 12): “[...] não há, praticamente, ramo de atividade ao qual o Controle Orçamentário não possa trazer uma contribuição positiva em termos administrativos”. Os autores ressaltam: O Controle Orçamentário constitui, portanto, uma técnica tendente a ser aplicada a praticamente 100% dos empreendimentos bem-sucedidos em todo o mundo, sejam quais forem o porte (pequeno, médio ou grande) e a natureza (privada, estatal ou filantrópica) desses empreendimentos. Na realidade, procedidas as adaptações necessárias, o Controle Orçamentário aplica-se a qualquer empresa, de qualquer porte e de qualquer natureza. (PASSARELLI; BOMFIM, 2004, p. 12) O orçamento empresarial apresenta os seguintes objetivos: • Coordenar os objetivos organizacionais promovendo a sinergia entre as partes– função de integração; • Formar benchmark para condução das ações; Ao oferecer benchmarks (padrões ideais para comparar e monitorar atividades concretas), constituem uma forma confiável de analisar o real desempenho da organização. Representam, assim, um modo de gerar informações para que a empresa possa aferir o andamento de suas atividades e definir como adaptar-se aos planos traçados. (BROOKSON, 2000, p. 7) • Servir de estímulo para as pessoas, pois incentiva a autonomia relativa – função de motivação; • Ensejar a sinergia de ações e esforços com o propósito de alcançar eficácia – função de produtividade; • Servir de referência para trabalhos posteriores e de canal de comunicação entre as pessoas na organização e o ambiente – função informativa ou de reporte; Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 22 • Orientar a liberação de recursos financeiros às áreas ou unidades organizacionais segundo o critério da necessidade – função de autorização e controle. As funções do orçamento são ilustradas na figura. Função de motivação Função de integração Função informativa ou de reporte Função de autorização e controle Função de produtividade Figura– Funções do orçamento. 3.4 Princípios para Elaboração do Orçamento O orçamento deve ser orientado por objetivos para evitar a perda de foco e direção de esforços. O preparo do orçamento deve envolver todas as pessoas, dos diferentes níveis hierárquicos (da cúpula ao operacional). Deve tomar por referência estudos sistemáticos acerca da realidade da empresa (análise interna) e do ambiente. As expectativas devem ser objetivas, evitando-se os “achismos”. As metas fixadas devem ser coerentes com a capacidade da empresa: desafiadoras, mas alcançáveis. O processo orçamentário deve ser transparente e democrático, flexível e sem posturas dogmáticas. Deve ser conduzido com critérios, o que educa as pessoas no contexto da democracia organizacional. A transparência nas comunicações pode atuar como fator motivacional. Recomenda-se que o processo de preparo do orçamento compreenda todos na organização em movimentos nos dois sentidos: de cima para baixo, top down, e de baixo para cima, bottom up. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 23 Movimentos orçamentários Apesar do incentivo à democracia no processo orçamentário, Padoveze (2005, p.33) adverte e concordamos nesse sentido: Por outro lado, o processo orçamentário conduzido de forma totalmente democrática (bottom up) traz os problemas inerentes a essa política de condução de negócios. Existe a possibilidade de que os desejos, as necessidades e os objetivos setoriais não estejam, em um primeiro momento, coerentes com os objetivos da organização. Não é incomum também, nesse procedimento, que alguns gestores, menos pragmáticos, estipulem metas e objetivos exagerados, tanto no lado de incremento como no de redução do volume de atividade. O que não recomendamos são os modelos ditatoriais, centrados em figuras e não em objetivos e resultados. O modelo democrático ressalta o elemento humano e requer unidade, sinergia e alinhamento de objetivos. O Orçamento Aumenta o Nível de Integração Entre as Áreas Os orçamentos parciais isolados dão lugar a um orçamento conjunto e harmonicamente integrado, com interesses principais unificados e em convergência para os objetivos da organização. Provoca mudança de comportamento, introduzindo o costume de detalhar, datar e quantificar suas ações, aumentando o nível de delegação interna, conferindo às áreas funcionais maior autonomia e responsabilidade. Observa-se uma melhor transparência e coordenação das atividades nas áreas. (VASCONCELOS et al., 2004, p. 58) Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 24 Escala da participação coletiva O processo orçamentário, se bem conduzido, representa uma experiência interessante para as pessoas na organização visto que estimula posturas proativas. Limitações do Orçamento Apesar de o orçamento mostrar-se importante para a gestão financeira das organizações, tem-se verificado algumas críticas: • Ferramental ineficiente para o processo de gestão e frustração com os resultados obtidos no processo; • O orçamento engessa em demasia a empresa (o plano tem de ser seguido a qualquer custo!) impedindo a criatividade e o empreendimento dos gestores setoriais, provocando conformismo, medo e/ou insatisfação; • Impossibilidade de utilização desse ferramental em situações de crônica variação de preços; • Extrema dificuldade de obtenção dos dados quantitativos para as previsões e volatilidade do futuro; • Altamente consumidor de tempo e recursos e criador em excesso de rotinas contábeis; falta de cultura orçamentária; • Utilização de tecnologias de informação inadequadas etc. (PADOVEZE, 2005, p. 34) Padoveze (2005) coloca que, parte das críticas, pelo menos as mais fortes, tem origem numa instituição denominada de Beyond Budgeting Round Table (BBRT). Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 25 Fraser e Hope (2001, apud PADOVEZE, 2005, p. 34) apresentaram dados interessantes oriundos de pesquisas promovidas acerca do tema: • Em 1998, 88% dos diretores financeiros das principais empresas europeias disseram que estavam insatisfeitos com o modelo orçamentário; • Muitas empresas gastam mais com orçamento e menos com estratégias: 78% não mudam seusorçamentos no ciclo fiscal; 60% não vinculam estratégia com o plano orçamentário; 85% das equipes gerenciais gastam menos de uma hora por mês discutindo estratégia; • Estudos da KPMG mostraram que orçamentos ineficientes roubam 20% a 30% do tempo dos executivos, seniores e administradores financeiros; 20% do tempo dos administradores é tomado pelo processo orçamentário e relatório de variações. Com base na análise dos pontos apresentados questionamos: qual a origem das insatisfações relatadas? Para esses autores, que acreditam que as organizações deveriam viver sem orçamento, a insatisfação deve-se às seguintes razões: • Os mecanismos do processo orçamentário são ineficientes; • Os orçamentos são preparados de forma isolada, não-alinhada com metas e objetivos estratégicos; o foco é exclusivamente financeiro, não incorporando outras medidas de avaliação de desempenho não- financeiras; • O horizonte de tempo do orçamento não é vinculado ao ritmo dos negócios – longos horizontes em setores que mudam rapidamente e horizontes curtos em setores relativamente estáveis; • As informações do desempenho corrente não são acessíveis facilmente; os administradores tendem a jogar com os planos e manejá-los; • As metas dos funcionários e o processo de avaliação de desempenho não são vinculados aos objetivos do negócio. (PADOVEZE, 2005, p. 34) Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 26 Muitas vezes o problema ou origem da insatisfação não reside no instrumento gerencial, mas sim na forma como é utilizado ou visto pelas pessoas nas organizações. É importante analisar a origem e vetor da insatisfação para entendê-la. Fraser e Hope (1999, apud PADOVEZE, 2005) sugerem modelos alternativos de gestão suportados em 12 princípios. • Governança – utilizar fronteiras e valores claramente definidos como uma base para a ação em vez de planos e relatórios de missão. • Responsabilidade pelo desempenho – fazer os administradores responsabilizarem-se por resultados competitivos, não para atingir seus orçamentos. • Delegação – dar aos funcionários liberdade e habilidade para agir, em vez de controlá-los e constrangê-los. • Estrutura – organizar a empresa ao redor dos processos, não em cima das funções e dos departamentos. • Coordenação – coordenar as interações dos processos da companhia por meio do planeja- mento de sistema de informações que fluam com rapidez, não detalhando ações mediante orçamentos. • Liderança – desafiar e treinar os funcionários, em vez de comandá-los e controlá-los. • Atribuição de metas – dar metas competitivas, não orçamentos. • Processo estratégico – fazer do processo da estratégia um ato contínuo e compartilhado, não um evento anual de cima para baixo. • Administração dos recursos – prover disponibilidade de recursos para as operações, quando requeridos e a um custo justo, em vez de alocá-los arbitrariamente a partir da cúpula administrativa. • Mensuração e controle – utilizar uns poucos indicadores-chave de desempenho para controlar os negócios, não um detalhado e massificante conjunto de relatórios de variações. • Motivação e recompensas – estruturar recompensas com base em um desempenho competitivo da empresa e da unidade específica do gestor, não em metas predeterminadas. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 27 Os autores ressaltam que os controles burocráticos inibem a criatividade e a capacidade de inovação. Bourne e Neely (2002, apud PADOVEZE, 2005) destacam os seguintes pontos relacionados à limitação do orçamento: • Demanda significativa de tempo e recursos; • Obstáculo à responsabilidade, mudança e flexibilidade; • Pouca ênfase na estratégia; • Fortalecimento do controle verticalizado e comando; • Ênfase demasiada nos custos em detrimento de uma maior atenção na criação de valor; • Não consideração de aspectos estruturais relacionados às redes de trabalho; • encorajamento à prática de “jogos” entre gestores e a base operacional durante o preparo de metas; • Demora de resposta e ajustes; • Baseiam-se mais na vontade do que em dados contundentes; • Criam e reforçam as barreiras departamentais em vez de pontes, desencorajando o compartilhamento entre as áreas; • Provocam no indivíduo a sensação de “subavaliados”. As críticas, são muito úteis para o aprimoramento dos processos gerenciais, sendo, portanto, uma provocação interessante para fomentar o aprendizado. No caso específico do processo orçamentário, penso que parte das críticas relacionadas não alcançam a essência do instrumento. São limitações circunstanciais que podem ser sanadas por meio de uma implementação adequada. Creditar ao instrumento a responsabilidade por falhas no processo de preparo e condução do orçamento é precipitado. Parte dos problemas comportamentais permanecerá mesmo aplicando- se modelos alternativos, porque a essência da questão está na forma como o instrumento é comunicado, desenvolvido e implementado na organização. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 28 Classificação do Orçamento Existem classificações distintas para o orçamento, todavia uma se destaca. Refiro- me àquela que divide o orçamento em global (master budgets) e parciais (sub budgets). O orçamento global resume todos os orçamentos das unidades funcionais. Os orçamentos parciais são aqueles feitos para as áreas, a exemplo do orçamento de matéria-prima, orçamento de mão-de-obra, de vendas. Os orçamentos das áreas são conhecidos como módulos orçamentários e compreendem, na verdade, as áreas contempladas pelo instrumento. • Orçamento de vendas. • Orçamento de produção: • Orçamento de matéria-prima: • Orçamento de compras; • Orçamento de consumo de matéria-prima. • Orçamento de mão-de-obra; • Orçamento de custos indiretos. • Orçamento de investimento. • Orçamento de resultado. • Orçamento de caixa. Os módulos orçamentários podem variar analiticamente. Os orçamentos podem ainda ser classificados segundo o prazo (tempo de cobertura): os orçamentos de curto prazo dizem respeito ao exercício social (12 meses), já os orçamentos de longo prazo podem alcançar cinco, oito até mesmo 10 anos. Na indústria automobilística, por exemplo, na qual o lançamento de um novo produto (ou mesmo modificações a serem processadas em produtos já existentes) exige antecipação de vários anos em termos de estudos de mercado, análise de Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 29 competição e investimento, planos de 10 anos são bastante comuns. (PASSARELLI; BOMFIM, 2004, p. 15) Os orçamentos podem ainda ser classificados em periódicos ou contínuos. Os orçamentos periódicos são preparados em intervalos não necessariamente regulares, sendo aplicados em mercados relativamente estáveis. A maior parte das empresas cujas características e tipo de negócio permitem uma certa segurança nas previsões referentes a períodos próximos a um ano, geralmente adotam os orçamentos do tipo periódico – orçamentos válidos para um período bem determinado (geralmente de um ano) coincidindo, via de regra, com o exercício contábil da empresa. (PASSARELLI; BOMFIM, 2004, p. 15) Os orçamentos podem ser preparados uma ou duas vezes por ano, sendo raro ser elaborado quatro vezes por ano. Depois de concluídos, os números orçados permanecem estáticos até a conclusão do período de sua vigência. A prática desse orça- mento requer segurança na previsão. Como nem todos os negócios têm condições de prever com segurança, para esses empreendimentos o orçamento periódico não deve ser aplicado. Os orçamentos contínuos são preparados em curtos períodos. Demandam atualização mensal, balizados por revisões contínuas e sistemáticas. “O orçamento contínuorepresenta o processo orçamentário que pressupõe um período específico, normalmente de um ano, no qual à medida que passa um mês ou outro período, apaga-se esse dado e incrementa-se um novo mês ou período orçado em seu lugar” (FERNANDES, 2005, p. 21). Independente do tipo de orçamento, ao que parece, sua eficácia na organização não depende exclusivamente da técnica, mas igualmente, da qualidade do planejamento, do comprometimento das pessoas, apoio da cúpula diretiva e da educação orçamentária. Existe uma diversidade de tipos de orçamento, distintos quanto a proposta conceitual e metodológica. Este texto apresenta alguns desses tipos. Embora em muitas empresas a avaliação de desempenho se baseie em dados históricos, outras preferem tomar por base o atingimento de metas orçadas. • As metas orçadas correspondem a padrões de desempenho. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 30 O processo orçamentário fornece referências importantes para a criação de padrões de desempenho. Para Fernandes (2005, p. 15): O processo orçamentário força as empresas a fazer o seguinte: 1. – Identificar seus objetivos a longo prazo e suas metas a curto prazo e ser específicas no estabelecimento de metas e na avaliação do desempenho relativo a elas. 2. – Reconhecer a necessidade de enxergar a empresa como um sistema de componentes interagindo, que devem estar coordenados. 3. – Comunicar as metas da empresa a todos os seus sócios e colaboradores e envolvê-los no processo orçamentário. 4. – Antecipar problemas e tratá-los proativamente em lugar de reativamente. Se considerarmos o orçamento como continuidade do processo de planeja- mento, essas características são bastante coerentes (Figura 1). O orçamento tem o objetivo de antecipar desempenhos (resultados) dentro de um determinado intervalo de tempo. [...] podemos considerar que o orçamento é um plano administrativo-financeiro que cobre todas as fases operacionais por um período determinado, ou seja, é uma expressão formal das diretrizes, políticas, planos e metas estabelecidas pela alta direção de uma empresa, buscando quantificar e valorizar tais operações, tanto sobre o aspecto global, quanto sobre as diversas divisões e setores das organizações. (FERNANDES, 2005, p. 18) A implantação de um projeto orçamentário exige análise do sistema contábil e forma de custeio. Como as informações são estruturadas no sistema de informações contábeis? Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 31 O processo orçamentário Conheçamos alguns tipos de orçamento: orçamento contínuo; • orçamento incremental; • orçamento base zero; • orçamento perpétuo; • orçamento por atividade; • orçamento estático; • orçamento flexível; • orçamento por projeto. No orçamento contínuo (rolling budgeting) à medida que o mês passa (ou qualquer subperíodo orçamentário) o dado é apagado, lançando-se um novo dado orçado em seu lugar. Por exemplo, digamos que você orçou um saldo para o mês de março de 200X. Ao término do referido mês, o dado orçado será excluído, acrescentando-se o orçamento do mês de março para o próximo subperíodo (200X1). O orçamento incremental toma por base o princípio de que o dispêndio ocorrido no período passado constitui referência para orçamento do gasto do período seguinte. O incremento na transição dos períodos é percentual. O Orçamento Base Zero (OBZ) é uma das modalidades de orçamento mais conhecidas. A ideia central é romper com o passado, ou seja, desconsiderar qualquer padrão verificado em períodos anteriores. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 32 “A proposta do orçamento base zero está em rediscutir toda a empresa sempre que se elabora o orçamento. Está em questionar cada gasto, cada estrutura, buscando verificar sua real necessidade” (PADOVEZE, 2005, p. 42). No orçamento base zero cada processo é único. “O orçamento base zero pressupõe que as unidades de negócio justifiquem continuamente cada uma das despesas de sua área” (FERNANDES, 2005, p. 21). Por essa metodologia, os itens são orçados com base em prioridade e real necessidade. A origem do orçamento base zero está nas limitações do orçamento incremental. O orçamento perpétuo pressupõe um estudo acurado de processos buscando- se entender a relação entre os eventos e a maneira com que seus efeitos impactam sobre o desempenho da entidade. “O orçamento perpétuo utiliza a metodologia que propõe a sua previsão base- ada nas relações de causa e efeito entre os diversos processos, identificando as inter-relações entre as atividades da empresa e definindo como elas influenciam na expectativa de resultado final de suas operações” (FERNANDES, 2005, p. 21). O orçamento por atividade toma por base uma estrutura de custeio baseado em atividades. O orçamento estático é o mais comum. A partir de um volume determinado, os valores são orçados. Uma vez orçados, os dados não são mais alterados, o que pode dificultar o processo de acompanhamento e avaliação de desempenho. O orçamento flexível pressupõe que o orçamento deve ser ajustado ao nível de atividade (real). “Neste caso, em vez de um único número determinado de produção ou vendas, ou volume de atividade setorial, a empresa admite uma faixa de nível de atividades, em que tendencialmente se situarão tais volumes de produção ou venda” (PADOVE- ZE, 2005, p. 43). O orçamento por projeto é empregado quando para cada empreendimento os controles de ingressos, investimentos e saídas são segregados. São orçamentos específicos, porém partem de um orçamento geral. A relação de orçamentos não é exaustiva, na medida em que novas propostas conceituais podem surgir em respostas das limitações das propostas já existentes. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 33 3.5 Princípios Base em Orçamento de Obra As medições podem ser elaboradas a partir de um caderno de encargos, de um projeto ou através do levantamento pessoal realizado na visita ao local do trabalho. Para os casos, deve-se proceder análise criteriosa, de forma a obter de forma o mais clara possível todas as informações relativas a uma obra. A experiência anterior nesta área para uma análise é muito importante, principalmente quando a medição tem que ser realizada através de elementos entregues pelo dono da obra, como caderno de encargos e projetos, sem a possibilidade de acesso ao local da obra. Estes elementos podem conter informações precisas, mas também podem omitir detalhes que fazem a diferença nos cálculos a serem realizados posteriormente. Para a realização de uma medição precisa, deve-se procurar conciliar a análise dos documentos entregues, com a análise do local de intervenção, visando abranger todos os pontos que direta ou indiretamente podem gerar custos no desenvolvimento do trabalho. Generalidades As medições constituem a determinação analítica das quantidades de trabalhos previstos no projeto ou especificação da obra. Estas quantidades são organizadas em listas ou mapa de medições. As medições devem ser realizadas seguindo regras bem definidas tendo em vista atingir os objetivos bem definidos como os descritos no manual “Curso sobre regras de medição na construção” publicadas pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (FONSECA, 1999): • Possibilitar, a todas as empresas que apresentam propostas a concurso, a determinação dos custos e a elaboração de orçamentos, com base nas mesmas informações de quantidades e nas condições especificadas para os trabalhos indicados no projeto; • Elaborar listas de trabalhos, de acordo com sistemas de classificação que individualizem cada trabalho segundo grupos específicos que possibilitem, às várias entidades envolvidas no processo,análises comparativas de custos e avaliações económicas de diferentes soluções; Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 34 • Proporcionar às empresas, a avaliação das propostas cujos preços foram formulados com idêntico critério, bem como permitir, de um modo facilitado, a quantificação das variações que se verificarem durante a construção, devidas a trabalhos a mais e a menos ou a erros e a omissões de projeto; • Possibilitar às empresas um acesso simplificado a informação eventualmente tipificada e informatizada relativa a trabalhos-tipo, permitindo assim a formulação de propostas para concursos com bases determinísticas sólidas, nomeadamente as relativas a custos de construção, de canteiro, e de sub-empreitadas, etc; • Proporcionar às empresas uma sistematização de procedimentos relacionada com o controle dos diversos trabalhos a executar, nomeadamente os devidos a rendimentos de recursos que proporcionam o cálculo das quantidades de materiais e avaliação das quantidades de mão-de-obra, de equipamentos ou de outros recursos a utilizar na execução dos trabalhos; • Facilitar o estabelecimento dos planos de inspeção e ensaios aplicados ao controle da quantidade e de segurança na execução dos diferentes trabalhos; • Estabelecer as bases para que as empresas realizem a análise e o controle de custos dos trabalhos. Os erros de medições acarretam consequências financeiras para os donos de obra e para o construtor. Para os donos de obra: • Impedir a execução da obra prevista por insuficiência de créditos já anteriormente calculados e previstos; • Produzir prejuízos por avaliação excedente dos montantes a consumir na obra. Para o construtor: • Necessidade de remodelação do projeto pelo fato do custo real ultrapassar o limite fixado pelo cliente. • Provocar prejuízos consideráveis que podem pôr em risco a viabilidade da empresa ou levar à falência. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 35 Apesar de cada obra possuir suas próprias particularidades que a diferenciam, podem ser definidos alguns princípios base a ter em consideração na elaboração das medições, nomeadamente os seguintes (FONSECA, 1999): • Estudo da documentação existente. Caderno de encargos, projetos, desenhos e cálculos apresentados devem constituir fonte importante de análise inicial do orçamentista. • As medições devem satisfazer integralmente os projetos apresentados e as condições técnicas gerais e especiais do caderno de encargos, pois podem existir erros e omissões que o orçamentista deve esclarecer com o autor do projeto de imediato. Neste sentido a conferência de metragens e dimensões apresentadas são indispensáveis. • As medições devem ser realizadas de acordo com as regras de medição adotadas, na falta de informação do caderno de encargos, o orçamentista deve adotar critérios que conduzam a quantidades corretas. Estes critérios devem ser discriminados, de forma clara, nas medições do projeto. • As medições devem ter em consideração as normas aplicáveis à construção, nomeadamente aos materiais, produtos e técnicas de execução. • Dentro dos limites razoáveis das tolerâncias admissíveis para a execução das obras, as medições devem ser elaboradas de modo a que não sejam desprezados nenhum dos elementos constituintes dos edifícios. • Durante o cálculo das medições devem ser realizadas as verificações das operações efetuadas e as confrontações entre somas de quantidades parciais com quantidades globais. O grau de rigor a obter com estas verificações e confrontações depende, como é evidente, do custo unitário de cada trabalho. • A lista de trabalhos deve ser individualizada e ordenada segundo os critérios seguintes: • Os trabalhos medidos devem corresponder às atividades que são exercidas por cada categoria profissional de operário; • As medições devem discriminar todos os trabalhos, principais e auxiliares, com uma definição clara de cada trabalho e indicarem as características mais importantes necessárias à sua execução. Sempre que possível, esta definição deve ser esclarecida Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 36 com a referência às peças desenhadas e às condições técnicas ou de outras informações existentes noutras peças do projeto. • As medições devem ser decompostas por partes da obra que facilitem a determinação das quantidades de trabalho realizadas durante a progressão da construção bem como a comparação de custos com projetos similares. Objetivo da Contabilidade de Custos: Como Pode Transformar uma Empresa A Contabilidade de Custos é a subdivisão da contabilidade geral que analisa todos os gastos decorrentes da produção de bens e serviços. Voltada principalmente a empresas comerciais, industriais e prestadoras de serviços, ela produz informações aos diversos níveis gerenciais da organização e auxilia no planejamento e controle das operações, assim como nas decisões que precisam ser tomadas pelas gerências e direção da empresa. Por meio dessas análises e informações possibilita também uma melhor alocação dos custos de produção aos produtos. O objetivo da contabilidade de custos, de forma geral, é responder a questões essenciais sobre qualquer tipo de negócio, dando suporte à decisão gerencial com relação à fixação do preço de venda e estimar o custo real de produção. As informações sobre esses questionamentos são conseguidas por meio da coleta, classificação e registro de dados operacionais das várias atividades da companhia – chamados de dados internos. Eventualmente ocorre também a coleta e organização de dados externos. Nesse levantamento são considerados dados operacionais as horas de trabalho, unidades produzidas, quantidade de ordens de produção e de requisições, por exemplo. 3.6 Princípios contábeis aplicados a custos Quando o objetivo da contabilidade de custos se ramifica, abrange os seguintes processos: Estimar custos de produção por período Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 37 Para que uma empresa tome decisões importantes como a definição do preço de venda de um produto, ela precisa ter conhecimento sobre o que o custo operacional representa no orçamento. A análise de informações contábeis do processo produtivo ao longo de um ano, por exemplo, pode ajudar a identificar períodos de maior ou menor gasto. De posse dessa informação, a empresa promoverá os ajustes e cortes necessários. Outro exemplo: a análise de dados mostra que a margem de lucro está pequena ou quase nula no mês vigente. A empresa então focará em aumentar o preço de venda, colocar em andamento alguma estratégia de contenção de despesas ou qualquer outra ação possível. Quando o objetivo for encontrar custo de produção por período (CPP), há três elementos a serem considerados: Os materiais diretos: é tudo que se aplica ao produto, que está diretamente ligado e que é componente dele, como embalagens, matéria-prima etc. Mão de obra direta (MOD): trata-se do custo que se teve com material humano durante a produção, como encargos, salários etc. Custo indireto de fabricação (CIF): é todo gasto que interfere de forma indireta no processo de produção - esses são os mais difíceis de calcular. Exemplos: energia, aluguel, depreciação de máquinas e equipamentos etc. Controlar a Produção com o Custo Médio Nem sempre vender mais significa faturamento maior. Se a empresa não conhece o custo de seu processo de produção, pode estar vendendo mais e mesmo assim perdendo dinheiro. O custo médio (o total gasto para produzir dividido pela quantidade de produtos ou serviços) pode estar com uma margem de lucro bem achatada e a empresa achando que está faturando bem. Controlar uma Rotina Para Reduzir Custos A contabilidade de custoscomo prática rotineira auxilia bastante a saúde financeira de uma companhia. Pela análise de gastos é possível saber exatamente como anda o empreendimento e fazer os ajustes necessários para alcançar o objetivo, seja sair do vermelho ou expandir a área de atuação. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 38 Identificar Formas de Racionalizar Custos Gerir eficientemente um negócio significa também produzir pelo menor custo possível. Se a empresa gasta mais do que deveria e não tem essa informação, não tem o incentivo para fazer os ajustes. Já quando utiliza a contabilidade de custos e consegue identificar os gargalos, consegue saber exatamente o que precisa fazer – mudar a matéria-prima, conseguir descontos, negociar com fornecedores etc. A Departamentalização e o Rateio de Custos Estudar e associar de forma correta os custos de fabricação, sendo os direcionados aos departamentos e após, ao produto – essa é a função da departamentalização. É uma maneira de mostrar de forma mais clara a lucratividade dos produtos. A departamentalização separa os setores por atividades, facilitando o rateio de custos e buscando mais eficiência e melhorias na lucratividade. Esse processo dá todas as informações necessárias ao acompanhamento de desempenho de cada departamento. Dessa forma, cada custo é relacionado ao seu respectivo gestor, auxiliando na identificação e contabilização dos custos da companhia. Centros de custos Ao identificar os custos de cada departamento, a associação a eles se faz por meio dos centros de custos. Cada departamento tem um centro de custo e um código numérico que acumula todos os gastos relacionados a ele. O centro de custo é a menor unidade para a vinculação de custos. Exemplo: Departamento de produção - centro de custos nº 143023 Departamento de RH – centro de custos nº 143024 Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 39 Sendo assim, o recrutamento e contratação de novos funcionários gerarão custos para o centro de custos nº 143024 e custos de mão de obra direta do produto são atribuídos ao centro nº 143023. Quer conhecer mais sobre departamentalização e centros de custos? Leia esta postagem: A departamentalização como estratégia da Contabilidade de Custos. O que é alavancagem operacional e como é representada na Contabilidade de Custos? A alavancagem operacional acontece quando um crescimento percentual nas vendas causa um crescimento de "n" vezes esse percentual no lucro bruto. Isso acontece porque os custos fixos são distribuídos em um volume maior de produção, acarretando em um custo unitário reduzido do produto. Seu cálculo é dado pela equação: Alavancagem Operacional = Margem de Contribuição / Lucro. O efeito da alavancagem se relaciona com os gastos fixos da organização e que podem representar riscos para as atividades operacionais. A alavancagem mede a proporção dos riscos e seu impacto diminuirá conforme as vendas crescerem acima do ponto de equilíbrio, gerando um lucro maior. Se o gestor conhecer bem sobre ponto de equilíbrio e alavancagem, terá ótimos subsídios para estipular suas metas de produção, sabendo que impacto causará no resultado econômico da organização. Você pode saber mais sobre esta pauta lendo este post: Alavancagem operacional na Contabilidade de Custos: qual a relação? Terminologia de Custos: Importante Para as Informações Contábeis Há alguns termos que, a princípio, são parecidos, mas que na Contabilidade de Custos representam coisas distintas - como desembolso, gasto e despesa. Além desses, a terminologia de custos tem outros termos que fazem parte do escopo da Contabilidade de Custos e que você precisa conhecer. Gasto - é todo valor utilizado pela empresa para adquirir um serviço ou produto. Exemplo: gastos com pessoal, com mercadorias etc. Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 40 Custo - é o gasto que ocorre em um bem ou serviço que depois é utilizado para produzir outros bens ou serviços. Refere-se também ao que vai ser revendido com lucro. Exemplos: matéria-prima, energia elétrica, mercadorias etc. Despesa - é o gasto em um bem ou serviço sobre o qual não se obtém receita. Exemplos: despesas financeiras, pagamentos de comissões etc. Investimento – gasto realizado em bens, direitos ou serviços que representam benefícios futuros. Exemplos: ações, maquinário e outros. Desembolso – pagamento que se faz ao adquirir um bem ou serviço. Perda – bem ou serviço consumido de forma anormal ou involuntária. Exemplo: deterioração de produtos perecíveis. Alocar e apropriar – significa identificar os gastos e fazer a distribuição de recursos a um fim específico ou a um determinado produto. Quando for relacionado à acumulação de gastos em um centro de custo, podem significar somar ou agregar. Custeio - técnica utilizada para se obter o custo de um produto, serviço etc. Objeto de custeio – é item sobre o qual se aplica a técnica e para o qual são atribuídos os custos. Podem ser produtos, departamentos, atividades, processos e outros. 3.7 Os Sete Tipos de Orçamentos Empresariais A sobrevivência das empresas e organizações depende significantemente de planejamentos. O planejamento é um processo construtivo onde qualquer negócio, qualquer estabelecimento deve-se adequar nesse processo. Os tipos de planejamento são: Planejamento Estratégico, Tático e operacional. O orçamento empresarial ganhou destaque entre os anos 1950 e 1960, quando empresas fortes no mercado começaram a utilizar o orçamento em suas operações e com isso se expandiu mundialmente. As principais etapas para uma empresa elaborar o orçamento empresarial são: orçamento de vendas, orçamento de produção ou fabricação, orçamento dos custos de matéria-prima, orçamento dos custos de mão-de-obra direta, orçamento dos Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 41 custos indiretos de fabricação, despesas de vendas e administrativas, projeção dos financeiros. Neste texto serão abordados os diversos tipos de orçamento empresarial, bem como suas origens, objetivos e aplicabilidade. Os tipos de orçamentos são: Orçamento Estático (Budget), Orçamento Flexível, Rolling Budget Eforecast, Beyond Budgeting, Orçamento Ajustado Forecast, Orçamento Base Zero e Controle Matricial. Orçamento Estático Objetivo: É focada nos resultados de um único plano, uma única atividade, uma vez que ele é elaborado ele não muda, fica estático, parado, permanece sem alterações desde seu princípio. Esse tipo de orçamento não se ajusta a mudanças. Aplicabilidade: Funções administrativas Orçamento Flexível Origem: Inicialmente na década de 70, na Alemanha por Kilger e Plaut (GPK), englobando dois princípios básicos: controle e cálculo de custo por produto e a diversificação entre custos fixos e variáveis. Objetivo: Serve para auxiliar a empresa a calcular sua capacidade e assim prever seus custos para vários níveis de atividades. O orçamento flexível somente torna-se eficaz quando a empresa consegue calcular o que cada empregado produz o que cada máquina ou computador produz e o que cada metro quadrado a fábrica produz, assim os gestores conseguem se preparar para o inesperado. Aplicabilidade: Esse tipo de orçamento avalia e controla os custos de despesas operacionais e de fabricação. Orçamento Rolling ou Contínuo Objetivo: Analisar naquele período que foi elaborado o orçamento, o que deu certo e o que deu errado e assim projetar um novo orçamento a fim de diferenciar o Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 42 que deu errado, contudo, analisar detalhadamente as receitas e as despesas para ter base para a elaboração do período futuro. O orçamento contínuo cobre em tornode 12 meses, sendo que se pode revisá-lo mensalmente, trimestralmente e semestralmente, resultando em um orçamento mais claro e detalhado. Aplicabilidade: Empresas que trabalham com produtos com ciclo de vida reduzido e processos que necessitam de rapidez nas mudanças. Orçamento Beyond Budgeting Origem: Criado por um grupo de 60 empresas, no ano de 1998, do qual os empresários renunciaram o orçamento tradicional e apostaram na flexibilidade e descentralização dos gestores. Objetivo: Criar um ambiente de trabalho favorável, com autogerenciamento e uma cultura organizacional vinculado com responsabilidade, fornecendo assim uma cadeia de motivação, produtividade e melhor atendimento aos clientes da empresa, isso requer liderança e visão. O orçamento é projetado a médio e longo prazo, em torno de 18 meses. Aplicabilidade: Fábricas e bancos. Orçamento Ajustado Objetivo: Seu objetivo é a organização obter uma saída, uma alternativa conforme o planejamento da quantidade da fabricação e vendas ou de outras variáveis. O orçamento fica modificado a partir do orçamento inicial. Aplicabilidade Orçamento Base Zero (OBZ) Origem: Chamada de orçamento baseada em riscos, a primeira formalização ocorreu em 1960, no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, portanto somente em 1970 ocorreu a implementação na Divisão de Assessoria e Pesquisa da Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 43 Texas Instruments, e a primeira publicação foi realizada nos meses de novembro e dezembro do mesmo ano. Objetivo: Seu objetivo é examinar o custo-benefício ou análise de evolução de todos os processos, projetos e atividades, iniciando da estaca zero, foco nos objetivos e metas dos gestores para uma estimativa de vendas, fabricação e outras peças orçamentárias, sendo assim, o OBZ leva mais tempo para sua elaboração e contrapartida conduz a um resultado acertado. Temos os tipos de perguntas que ao elaborar o OBZ devemos analisar: O que gastar? Quanto gastar? Como gastar? Onde gastar? Por que gastar? Aplicabilidade: Atividades industriais, comerciais e de serviço, com ou sem fins lucrativos. Controle Matricial Objetivo: Serve para controlar os custos da organização, de tal forma como é chamada, matricial, que são analisados o orçamento através de linhas e colunas, para assim estar mais preparada para o mercado competitivo. Aplicabilidade: Controle de todas as despesas de qualquer empresa, de qualquer ramo. O sucesso do empreendedor é projetar o processo orçamentário para isso é indispensável à comunicação entre os gestores, entre a empresa. Assim são feitas as análises e os planos estratégicos. Com a pesquisa realizada foi concluído que para elaborar um orçamento empresarial é preciso analisar o ramo de atividade da empresa e assim buscar informações como um todo para elaborar o melhor orçamento a fim de buscar a lucratividade e menos riscos. Muitos sabem que a chave para o sucesso é conhecer bem o seu próprio negócio e não deixar cuidados primordiais, como a gestão de custos, nas mãos de terceiros. Isso porque administrar e controlar os gastos proporciona ao gestor o conhecimento do quanto foi investido e do valor a ser estipulado no preço final. Esse domínio auxilia no planejamento, na tomada de decisões e no bom gerenciamento financeiro. Sem essa percepção, a companhia pode perder Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 44 completamente o controle. Embora esse assunto seja de grande importância, muitas organizações acabam não fazendo o devido gerenciamento de suas despesas. Elas acabam deixando apenas no papel o que poderia ser a resposta para inúmeros problemas — e até mesmo para muitas oportunidades. Para não correr esse risco, continue lendo este post e descubra como garantir uma gestão de custos de qualidade para o seu empreendimento! Todo empresário sonha em tornar seu negócio sólido e longínquo — e essa missão está diretamente atrelada à forma como a empresa é dirigida. Isso envolve gestão de negócios, gestão de custos e resultados e controle de estoque, entre outros processos de administração. Muitos empresários têm dificuldades porque falta tempo para organizar tudo. Entretanto, é algo fundamental ter essas informações sempre à mão para ajudar na tomada de decisões. Basicamente, todos os investimentos que uma empresa precisa fazer para realizar as suas atividades são chamados de custos. Isso inclui tanto a criação de um produto como a oferta de um serviço. Nessa definição, enquadram-se os insumos, a energia elétrica, o transporte, a mão de obra, os equipamentos, etc. Sem saber os valores que compõem esses recursos, é impossível enxergar qual é a sua margem de lucro. Se você desconhece a sua lucratividade, de que adianta aumentar as suas vendas? Você pode duplicar seu desempenho e ainda assim acabar com um prejuízo. Nesse sentido, a contabilidade de custos é uma ferramenta estratégica para a gestão, já que se constitui como uma das fontes mais ricas de informação. Afinal, conhecer melhor os gastos é uma questão de sobrevivência. Quando realizada de forma inadequada, a gestão dos custos interfere diretamente nos resultados, implicando em queda da produtividade e do faturamento. Na contramão disso, uma gestão de custos apropriada permite estabelecer preços com margens de lucro mais robustas. Mais do que isso: o detalhado controle sobre as despesas possibilita aos líderes a criação de uma estratégia de precificação. O que isso significa? Que por meio dessas informações é possível visualizar quais produtos têm mais valor agregado — podem ser vendidos a um preço maior — Com essas informações, também e quais devem ser mais baratos, ou seja, precisam compensar em volume de vendas. Uma das principais metas da gestão de custos é dar mais segurança na hora de definir a sua margem de lucro em cada item. Isso acontece especialmente porque a Planejamento e Orçamento Público | O processo orçamentário www.cenes.com.br | 45 formação do preço de venda do produto ou do serviço está ligada à apuração das despesas. Se você tem dificuldades no controle financeiro, saiba que a contagem correta dos gastos é um fator que influencia muito nos resultados. Por isso, os desembolsos, do menor ao mais alto, devem receber toda a atenção. Abaixo, você confere um resumo dos principais propósitos da gestão de custos: • Fornece informações sobre o rendimento e o desempenho de diversas atividades da empresa; • Auxiliar no controle, planejamento e desenvolvimento das operações; • Fornecer informações que possam subsidiar a tomada de decisões. Quais são os benefícios da gestão de custos? A boa administração demanda muito mais do que aumentar a receita. Em determinados momentos da economia, reduzir seus gastos pode ser mais simples do que ampliar os seus ganhos. Nesse sentido, é fundamental saber equilibrar o que entra e o que sai de forma precisa — principalmente diante de um mercado cada vez mais competitivo. Dessa forma, o barateamento de insumos, matérias-primas, mão de obra e custos fixos pode afetar o bom andamento de um empreendimento. Quer saber como? Continue acompanhando a leitura e confira alguns dos benefícios de uma boa gestão de custos. 3.8 Diminuição dos Riscos do Negócio Muitas empresas fecham suas portas pelo simples fato de não conhecerem a fundo a dinâmica de seus custos. Por causa disso, suas contas de lucratividade são imprecisas, uma grande ameaça para o negócio. Lembre-se de que nem sempre faturamento alto é sinônimo de negócio saudável. Precificação e competitividade A precificação está relacionada ao mercado consumidor e às boas ofertas. Então, para diminuir os custos da produção, é preciso dar atenção aos gastos variáveis, como insumos, comissões e mão de obra. Planejamento e Orçamento
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