Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PRÁTICA DE ENSINO - PRÁTICA EM LABORATÓRIOS Todos sabemos que a curiosidade torna o aprendizado mais eficaz e agradável. Alunos curiosos não só fazem perguntas, mas também procuram ativamente as respostas. Sem curiosidade Isaac Newton nunca teria formulado as leis da física e Alexander Fleming, provavelmente, não teria descoberto a penicilina. A IMPORTÂNCIA DAS AULAS PRÁTICAS A CURIOSIDADE A EXPERIMENTAÇÃO COMO PRÁTICA DE ENSINO Incutir nos alunos um forte desejo de conhecer ou aprender alguma coisa é o que motiva todo professor e pesquisas mostram que a curiosidade é tão importante quanto a inteligência para determinar o quão bem os alunos vão na escola. A idéia de experimentação está presente na história da humanidade. Desde os primeiros homens até os nossos dias, tudo se inicia a partir de um pensamento, de uma necessidade. Com isso surgem as tentativas, os erros e os acertos até acontecer um fato concreto. A ciência tem evoluído a tal ponto que traz inúmeras facilidades à vida diária, tendo em vista que, em quase todos os campos da atividade humana, existe a participação efetiva da comunidade científica (CRUZ, 2007). Várias descobertas científicas foram feitas “ao acaso”. Dizemos ao acaso porque não era o objetivo inicial do pesquisador. Entretanto, se não houvesse uma pergunta inicial, também não haveria qualquer descoberta. Dessa forma, a experimentação é o ponto de partida para começarmos a responder a lgumas questões fundamentais. Em 1895, o físico alemão Wilhelm Röntgen cobriu com papel preto um tubo de vidro onde eram realizados experimentos com corrente elétrica e observou uma fluorescência sobre uma tela que estava do outro lado da sala. Para ele, uma radiação desconhecida havia viajado pelo ambiente, causando o brilho. Essa radiação, como notou depois, atravessava livros, metais e até partes do corpo. Assim, testou a radiação na mão de sua mulher usando uma chapa fotográfica e produziu a primeira imagem de raio-X da história. Pela descoberta, o cientista recebeu o primeiro Nobel de Física, em 1901. A ideia inicial de Wilson Greatbatch, professor assistente de engenharia elétrica de uma universidade nos Estados Unidos, era criar um aparelho que gravasse o som das batidas do coração. Por engano, ao encaixar um resistor de tamanho maior no experimento, inventou um equipamento que emitia pulsos elétricos intermitentes, mimetizando o coração. Estava criado, em 1958, o marca- passo. Dois anos depois, o dispositivo foi parar no peito de um paciente e, até hoje, é um grande aliado das pessoas com problemas cardíacos. Ao perceber que uma barra de chocolate derreteu em seu bolso, o engenheiro norte-americano Percy Spencer, então gerente de uma empresa de equipamentos de uso militar, descobriu, em 1946, a lógica do microondas. O doce amoleceu porque Spencer ficou parado próximo a um magnetron, dispositivo usado no desenvolvimento de radares. Intrigado, expôs grãos de milho que rapidamente se transformaram em pipoca. Ele então criou um campo de alta densidade, injetando as microondas de um magnetron em uma caixa metálica, para que não pudessem escapar. A primeira versão do forno foi colocada à venda cinco anos depois. Esses são apenas alguns exemplos de como grandes descobertas podem ser feitas a partir de experimentações e da curiosidade natural do ser humano. Para o ensino de Ciências, a curiosidade também deve ser encorajada e, nesse sentido, é fundamental que os estudantes tenham acesso às práticas experimentais nos laboratórios escolares. É por meio da vivência prática que os estudantes conseguem manusear equipamentos e recursos que facilitam o aprendizado dos conteúdos estudados na teoria. Durante os experimentos práticos, os estudantes aprendem a formular hipóteses, a observar, a trabalhar em equipe e a encontrar soluções para situações reais ou simuladas. É também no contexto da aula prática que os estudantes aprendem a tirar conclusões a partir dos resultados encontrados nos experimentos. O aprendizado teórico, aliado à prática, é imensurável. É o caminho que leva à descoberta e ao prazer de criar. Hoje, nas escolas, encontramos alunos ávidos por desafios, mas, na maioria das vezes, falta-lhes o incentivo capaz de transformá-los nos cientistas de amanhã. As aulas práticas de Ciências proporcionam grandes espaços para que o aluno seja atuante, construtor do próprio conhecimento, descobrindo que a ciência é mais do que mero aprendizado de fatos. Através de aulas práticas o aluno aprende a interagir com as suas próprias dúvidas, chegando a conclusões, à aplicação dos conhecimentos por ele obtidos, tornando-se agente do seu aprendizado. A Base Nacional Comum Curricular para a educação básica brasileira aponta que o ensino das Ciências da Natureza, por meio de um olhar articulado de diversos campos do saber, precisa assegurar aos alunos do Ensino Fundamental o acesso à diversidade de conhecimentos científicos produzidos ao longo da história, bem como a aproximação gradativa aos principais processos, práticas e procedimentos da investigação científica. É importante destacar que aprender Ciências da Natureza vai além do aprendizado de seus conteúdos conceituais. Nessa perspectiva, a BNCC da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias – por meio de um olhar articulado da Biologia, da Física e da Química – define competências e habilidades que permitem a ampliação e a s i s t e m a t i z a ç ã o d a s a p re n d i z a g e n s e s s e n c i a i s desenvolvidas no Ensino Fundamental no que se refere: aos conhecimentos conceituais da área; à contextualização soc ia l , cu ltura l , ambienta l e h istór ica desses conhecimentos; aos processos e práticas de investigação e às linguagens das Ciências da Natureza. Na área de Ciências da Natureza, os conhecimentos conceituais são sistematizados em leis, teorias e modelos. A elaboração, a interpretação e a aplicação de modelos explicativos para fenômenos naturais e sistemas tecnológicos são aspectos fundamentais do fazer científico, bem como a identificação de regularidades, invariantes e transformações. Portanto, no Ensino Médio, o desenvolvimento do pensamento científico envolve aprendizagens específicas, com vistas a sua aplicação em contextos diversos. As práticas de laboratório devem ser precedidas ou acompanhadas de aulas teóricas. A linguagem deve ser simples e adequada ao grupo de alunos, as estratégias didáticas devem ser bem escolhidas para que as atividades laboratoriais não sejam meras demonstrações. Assim, a teoria, as demonstrações, o exercício prático e o experimento produzirão a interação entre o aluno e o aprendizado de maneira prazerosa. O laboratório didático ajuda na interdisciplinaridade e na transdisciplinaridade, já que permite desenvolver vários campos, testar e comprovar diversos conceitos, favorecendo a capacidade de abstração do aluno. Os laboratórios de Ciências são locais de muito trabalho e cujas experimentações demandam grande atenção no uso de materiais adequados e no cumprimento dos protocolos de vest imenta e segurança . Nesse sent ido, o estabelecimento de regras e procedimentos padrão são fundamentais para que não haja acidentes, colocando em risco alunos e professores. Para Cruz (2007), os principais cuidados são: • O laboratório deve ser bem iluminado e arejado, de preferência munido de exaustores. • Instalações, como tubulações de gás, parte elétrica e hidráulica, devem estar em boas condições, e a manutenção deve ser feita periodicamente. • É imprescindível a presença de extintores de incêndio e sempre observadas as condições de uso. • O piso não deve ser escorregadio. • O local deve estar sempre limpo e organizado. • Deve-se utilizar cestos de lixo, de material não combustível, evitando que materiais fiquem espalhados pelo chão. • Não usar aparelhos de vidro rachados ou quebrados. • Cacos de vidrodevem ser embrulhados antes de serem colocados no cesto de lixo e o pacote, etiquetado com a inscrição “cacos de vidro”. • O laboratório deve ser sinalizado, os acessos desimpedidos de forma que permita uma evacuação rápida em caso de acidentes. Preferencialmente, devem estar situados em andar térreo, facultando o acesso de todos, inclusive de pessoas com deficiência. • Os móveis devem ser de fácil limpeza e baixa combustão. • Não colocar livros, sacolas, ferramentas, etc. sobre bancadas ou bancos. O local deve dispor de um escaninho para que os alunos deixem seus materiais antes de entrarem. Cada aluno terá um espaço para evitar problemas com objetos pessoais misturados. • Deve ser mantida, dentro do laboratório, uma caixa de primeiros socorros. • Não trocar tampas ou rolhas dos frascos, evitando assim perdas de reagentes ou soluções, decorrentes de contaminação. Uma vez retirado um frasco, retorne-o imediatamente ao seu lugar após o uso. • Utilizar sempre uma espátula limpa para retirar produtos químicos sólidos dos frascos; imediatamente após o uso lave a espátula e guarde-a. • Materiais perigosos devem ficar em armários fechados. • Gavetas e armários devem ser etiquetados com o nome dos materiais que estão ali guardados, pois facilita o preparo do laboratório para as aulas e, na ausência do técnico, os materiais podem ser facilmente encontrados. • Os frascos com reagentes devem ser devidamente etiquetados e identificados. O rótulo deve conter a data de valida - de do produto e as informações sobre periculosidade. • Ler com atenção o rótulo de qualquer frasco de reagente antes de usá-lo. Durante a utilização, segurar o frasco sempre com o rótulo voltado para a palma da mão. • Os estudantes devem ser orientados sobre os cuidados a serem tomados no manuseio de materiais, reagentes e seres vivos. • Todas as pessoas no laboratório devem usar jalecos, feitos de algodão, pois fibras sintéticas são altamente inflamáveis, óculos de proteção e sapatos fechados. No caso de manuseio de produtos corrosivos, deve-se usar luvas de borracha para proteção. • Não apontar o tubo de ensaio em que esteja ocorrendo uma reação para si mesmo ou em direção a outra pessoa. Pode ocorrer uma violenta formação de vapor que fará o conteúdo do tubo de ensaio projetar-se, causando acidente. • Ter cuidado com reagentes inflamáveis. Não os manipulando na presença de fogo. Não aquecer líquidos inflamáveis diretamente em uma chama. • Não pegar, diretamente com as mãos, equipamentos que foram submetidos a um aquecimento e que ainda podem estar quentes. Lembre-se: vidro quente tem a mesma aparência de vidro frio. • Não aquecer um recipiente completamente fechado. Com a elevação da pressão interna, pode haver uma explosão. São imprevisíveis as conseqüências. • Alimentos e bebidas não devem ser ingeridos dentro do laboratório. • Todos os experimentos que envolvem a liberação de gases e vapores tóxicos devem ser realizados na câmara de exaustão (capela). • Não cheirar qualquer tipo de reagente ao ser aberto. • Nunca se deve pipetar soluções com a boca. • Não provar o “sabor” de nenhum produto químico, a não ser que haja orientação para isso. • Animais e plantas só podem ser mantidos em laboratórios se for possível realizar a manutenção adequada. • Não se deve realizar extração de sangue humano e utilizar organismos patogênicos em aula. • Cuidados devem ser tomados para não se utilizarem excessivamente substâncias, como éter e clorofórmio. • Para manusear espécimes conservados em formol, devem ser utilizadas luvas de borracha. • No caso de uma pessoa apresentar qualquer sintoma, como dificuldade de respirar, sangramento, irritação (pele, nariz, olhos, garganta) ou outro tipo de reação, ela deve ser retirada do laboratório. Não se deve medicar sem a orientação de um profissional especializado. Em casos graves, é necessário procurar socorro médico. • Ao se retirar do laboratório, verifique se não há torneiras de água ou gás abertas. Desligue todos os aparelhos e lave bem as mãos. Placas de segurança devem indicar os principais riscos de cada laboratório (ver imagem abaixo) e nos laboratórios cujas práticas envolvam o manuseio de reagentes e produtos químicos um chuveiro e um lavatório devem ser instalados para que, em caso de acidentes, os produtos possam ser removidos imediatamente da pele. Fig. 1 - Exemplos de placas de segurança Para cada experimento conduzido nos laboratórios de Ciências é fundamental que os estudantes produzam um relatório detalhado e objetivo para integrar o aprendizado teórico à prática experimental. Os relatórios devem ser construídos seguindo a ordem dos procedimentos, precedidos por uma breve descrição do tema e dos objetivos. Cada relatório deve conter os seguintes itens; • CAPA: a capa deve trazer o tema do experimento, o nome dos estudantes e da Instituição de ensino, e a data em que a aula aconteceu. • INTRODUÇÃO: Nessa parte, o aluno deve realizar buscas sobre o conteúdo que será abordado na aula e criar uma espécie de resumo sobre o tema. Constitui o embasamento teórico do assunto tratado. • OBJETIVO: Descrição do objetivo da prática. Pode haver mais de um objetivo, um mais geral e outro(s) específicos(s) . Normalmente os objetivos são apresentados como ações “obter”, “extrair”, “observar”, “analisar”, “caracterizar” etc. Exemplo: Objetivo geral: “Apresentar diferentes técnicas de extração de DNA”. Objetivo específico: “Extrair DNA genômico de Escherichia coli”. O aluno deve focar em responder ao que se pretende com aquela aula. Em uma aula sobre o sistema respiratório, por exemplo, espera-se que o aluno visualize e identifique os principais órgãos desse sistema, sendo esse, portanto, o objetivo da aula. • MATERIAIS: nesse item os estudantes devem listar todos os materiais utilizados no experimento. Os materiais podem ser divididos de acordo com a categoria, como por exemplo, “reagentes e soluções” e "equipamentos". • PROCEDIMENTOS: aqui devem ser descritas cada etapa dos experimentos, passo a passo. • RESULTADOS E DISCUSSÃO: ao chegar a esse tópico, o aluno deverá escrever todos os resultados obtidos na aula, fazendo uma relação com o conhecimento teórico adquirido. Nesse momento, pode-se destacar todos os erros cometidos durante o processo e o que foi feito para solucionar o problema.podem estar agrupados em um único item ou não. Em itens separados, os resultados são primeiro descritos e depois, no item de Discussão, são analisados. A apresentação dos resultados é uma das partes mais difíceis do relatório pois você deve descrever os resultados obtidos sem inclu ir necessariamente a interpretação desses resultados. Normalmente os resultados são apresentados em figuras, esquemas, tabelas, gráficos etc. que apresentam legendas próprias. • CONCLUSÃO: espera-se que o aluno descreva o que foi aprendido e conseguido com a aula prática realizada. É fundamental que as conclusões não sejam cópias de outros materiais, mas sim feitas pelo próprio aluno. A conclusão do relatório diz respeito diretamente ao seu objetivo. Em suma este item deve dizer se o objetivo foi alcançado ou não. • REFERÊNCIAS: aqui devem ser citadas todas as obras consultadas para elaboração do relatório (livros, artigos). Os estudantes devem ter muito cuidado com as informações extraídas de sites da internet. É sempre mais seguro utilizar textos científicos. PRÁTICA DE ENSINO - PRÁTICA EM LABORATÓRIOS
Compartilhar