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T É C N I C A S D E E X A M E P S I C O L Ó G I C O I I O S T E S T E S E X P R E S S I V O S P R O FA . PA U L A P R ATA Os testes expressivos • Objetivos Compreender o conceito e características dos testes expressivos, sua aplicabilidade, análise e interpretação. 1. Conceituação e utilização; 2. O teste HTP (casa – árvore – pessoa) Os testes expressivos 1. Conceituação e utilização • Os instrumentos expressivos visam a compreensão dos movimentos expressivos. • Nos testes expressivos, o indivíduo não se projeta, ao contrário ele se concentra em si mesmo. Nas provas projetivas, temos uma cilada para que o sujeito se deixe levar ingenuamente As provas expressivas se limitam a obter um material sobre o qual o sujeito não pode intervir Os testes expressivos 1. Conceituação e utilização • O comportamento considerado expressivo em um sujeito refere-se ao estilo de suas respostas. Ou seja, diante de uma mesma situação pessoas apresentam comportamentos diferentes. • Sendo assim, uma avaliação só pode ser feita se levada em consideração a maneira característica daquela pessoa. • As peculiaridades encontradas nas respostas expressam qualidades que diferenciam as pessoas. Anzieu (1988) diferenciou as técnicas projetivas das expressivas e psicométricas. Para ele: Técnicas expressivas: Configuram situações nas quais há uma ampla liberdade, tanto de instruções, quanto do material utilizado Técnicas projetivas: Com respostas livres, material definido e padronizado, embora ambíguo Testes psicométricos: Para os quais o material exige uma grande precisão, e em que as respostas adequadas variam muito pouco. São consideradas técnicas expressivas aquelas que investigam características de personalidade através dos padrões dos movimentos e ritmos corporais (SCHEEFFER, 1962). É importante lembrar que as técnicas expressivas são simultaneamente projetivas. Os testes expressivos 1. Conceituação e utilização • Podemos considerar como expressivas as técnicas utilizadas no desenho e pintura, a brincadeira nas sessões livres, entre outras; • O grafismo e o brincar são recursos bastante utilizados no psicodiagnóstico de crianças e adolescentes. Os testes expressivos 1. Conceituação e utilização • Anastasi (1967) considera as técnicas expressivas como uma das categorias dos testes projetivos; • Para ela, entre os principais tipos dessa categoria estão as técnicas do desenho e de pintura, as atividades de brinquedo, e o psicodrama; • Esses métodos serviriam como recursos diagnósticos e terapêuticos. • Através da oportunidade de autoexpressão oferecidas por eles, o sujeito não apenas revelaria suas dificuldades, como também conseguiria se libertar delas. Os testes gráficos e indícios de ideação suicida, segundo Zalsman & cols (2000) 1. Excesso de linhas trêmulas e penugengentas 2. Excesso de linhas rápidas, impacientes, rabiscos 3. Uso excessivo de borracha e reconfiguração do desenho, baixa simetria direita/esquerda 4. Excesso de sombreamento 5. Linhas corporais inconsistentes 6. Cortes no pescoço e nos braços 7. Excesso de desenhos bizarros e imaturos 8. Olhos vazios ou ausência de orelhas* 9. Excesso de desenhos no topo ou na base direita Obs.: Esses indícios devem se apresentar confirmados e confirmados por mais de um instrumento associados à história de vida e clínica do examinando. ZALSMAN, G., NETANEL, R., FISCHEL, T., FREUDENSTEIN, O., LANDAU, E., ORBACH, I., … APTER, A. (2000). Human Figure Drawings in the Evaluation of Severe Adolescent Suicidal Behavior. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, 39(8), 1024– 1031. doi:10.1097/00004583-200008000-00018 ZALSMAN, G., NETANEL, R., FISCHEL, T., FREUDENSTEIN, O., LANDAU, E., ORBACH, I., … APTER, A. (2000). Human Figure Drawings in the Evaluation of Severe Adolescent Suicidal Behavior. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, 39(8), 1024– 1031. doi:10.1097/00004583-200008000-00018 Indicadores Gerais de Má Adaptação 1) Omissões de partes corporais (sem pernas, pés ou braços)* 2) Partes do corpo transparentes com órgãos à mostra 3) Partes do corpo desconectadas ou com excesso de desproporção entre as partes* 4) Verticalidade comprometida, com clara inclinação para um dos lados* 5) Cabeças extremamente simplificadas 6) Corpos extremamente simplificados 7) Qualidade empobrecida para a idade (impressionista) 8) Diferenciação sexual (grau com que a pessoa claramente configura o masculino e o feminino quando não foi feita essa solicitação) 9) Elaboração sexual excessiva (seios, volume do pênis, etc.) O teste HTP (casa – árvore – pessoa) 2. O teste HTP (casa – árvore – pessoa) • Desenvolvido por John Buck e divulgado em 1948; • A técnica se constitui em três itens específicos: • casa, • árvore e • pessoa. • A escolha destes itens por Buck foi devido ao fato de que são itens familiares a todos, facilmente aceitos para serem desenhados por todas as idades, estimulam verbalizações mais espontâneas e são simbolicamente férteis em significados inconscientes; • Partiu do princípio de que esses temas são bastante familiares a todos os sujeitos, mesmo na mais tenra idade, o que facilita a idealização dos desenhos e a projeção de suas experiências internas. 2. O teste HTP (casa – árvore – pessoa) • Segundo Hammer (1981), “o HTP investiga o fluxo da personalidade à medida que ela invade a área da criatividade artística” e , mesmo que haja uma infinidade de possibilidades nos tipos de figuras desenhadas, é possível se fazer uma avaliação quantitativa e qualitativa, utilizando-se das simbologias, que torna a técnica fidedigna; • A partir de sua criação, surgiram algumas “variações”, como, por exemplo, além de desenhar a casa, árvore e pessoa, pode-se pedir também que desenhe uma figura do sexo oposto a anteriormente feita, bem como o desenho da família; • Em uma situação de avaliação para Recursos Humanos, os três desenhos originais são suficientes para um parecer completo a respeito do testando, mas em uma situação clínica, para um maior aprofundamento, pode-se incluir os outros desenhos. 2. O teste HTP (casa – árvore – pessoa) • APLICAÇÃO • O HTP pode ser aplicado a partir dos 8 anos de idade; • O psicólogo deve sentar-se de frente ou de lado para o sujeito e explicar que irão realizar uns desenhos com o objetivo de conhecê-lo melhor; • O tempo é livre para a realização dos desenhos; • O psicólogo(a) deverá seguir as instruções constantes do manual do instrumento. Aplicação 1) Entregar cada folha na ordem Casa-árvore-pessoa; a) Escrever casa (folha na horizontal) b) Demais folhas na vertical. Aplicação 2) “Quero que faça um desenho de uma casa. Pode desenhar o tipo de casa que deseje e faça o melhor que puder. Pode apagar quantas vezes quiser. Pode tomar o tempo que necessite" Importante dizer que não é uma prova de habilidade artística. O desenho deve ser apenas fruto do seu esforço. Aplicação 3) Anotar a ordem dos detalhes: a) Latência inicial: o tempo entre o final das instruções e o cliente realmente começar o desenho; b) Ordem dos detalhes desenhados; c) Duração das pausas e o detalhe específico desenhado quando a pausa ocorrer; d) Qualquer verbalização espontânea ou demonstração de emoção e o detalhe que estiver sendo desenhado quando essas ocorrerem; e) O tempo total utilizado para completar o desenho. Divergências com relação a aplicação • Hammer (1991) propõe que se dê uma folha de cada vez, colocando-a com a dimensão maior horizontalmente na frente do sujeito, para o desenho da casa, e verticalmente, para o desenho da árvore e da pessoa. • Já Groth-Marnat (1999): é fornecida uma única folha de papel para que o sujeito nela faça os três desenhos.(Essa proposta é valiosa para se analisar as inter-relações dos três desenhos) Possibilidade de ser cromática • Hammer (1991) faz a complementação dos desenhos acromáticos com uma fase cromática, que constitui um recurso para explorar “camadas mais profundas da personalidade” Inquérito posterior ao desenho Qualquer detalhe implícito, como componentes básicos escondidos atrás da figura ou que se estendem para além da margem da página, devem ser investigados, bem como qualquer aspecto do desenho que não estiver claro; Detalhes que forem adicionados durante o inquérito também deve ser identificado; Deve-se contar com os princípios básicos de entrevistas clínicas* para determinar o quanto e quando a investigação de uma dada característica do desenho é apropriada. http://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/article/view/13586/10478 http://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/article/view/13586/10478 https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0031.PDF https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0031.PDF http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/17963/material/Texto 12 - Entrevista Cl%C3%ADnica.pdf http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/17963/material/Texto 12 - Entrevista Cl%C3%ADnica.pdf Inquérito posterior ao desenho Inquérito pós desenho • Depois da fase gráfica, vem a fase verbal. • Nesta, pode-se utilizar uma abordagem mais aberta, sugerindo ao sujeito que fale sobre a casa, a árvore e a pessoa que desenhou, que conte uma história usando os três elementos, ou, ainda, pode ser usado um procedimento mais estruturado (inquérito) Reações durante e aplicação • Morris (1976) salienta também a importância das observações durante a testagem. • Devem- se registrar as reações do sujeito às instruções, que podem envolver indícios de ansiedade, resistência, desconfiança ou, pelo contrário, de cooperação ou de aceitação passiva da tarefa. • Além disso, devem-se anotar o tempo de reação e os comportamentos verbais e não- verbais. Interpretação da casa • De um modo geral, pensa-se na casa como o lar e suas implicações, subentendendo o clima da vida doméstica e as inter-relações familiares, tanto na época atual como na infância. • Há uma tendência para as crianças expressarem suas relações com pais e irmãos, enquanto as pessoas casadas vão refletir, no desenho, aspectos de suas relações adultas com os demais membros. • A casa envolve a percepção de família, seja numa ótica atual, passada ou, ainda, num futuro idealizado. Interpretação da árvore • A árvore e a pessoa permitem investigar o que se costuma chamar de autoimagem e autoconceito (Hammer, 1991) ou “diferentes aspectos do self”. • Aspectos projetados na árvore associar-se-iam com conteúdos mais profundos da personalidade. Interpretação da pessoa • Revelariam a expressão da visão de si mesmo mais próxima da consciência e de sua relação com o ambiente. Impressão geral • Na análise do desenho, em primeiro lugar é essencial identificar a impressão geral que causa. Algo de muito pessoal se comunica pela impressão geral transmitida pelos conteúdos projetados. • Um salgueiro, por exemplo, batido pelo vento, sugere sentimentos e atitudes bem diversos de um carvalho frondoso; • Assim como a figura de um príncipe altaneiro provoca uma impressão contrastante com a de um mendigo maltrapilho deitado numa calçada. Interpretação de aspectos projetivos e expressivos globais Posição; Tamanho; Características do traçado; Correções e os retoques; Sombreado; Entre outros. Localização do papel No meio da página Indica pessoa ajustada; crianças que desenham no centro indica ser autocentradas; Desenhos fora do centro da página Pessoas mais descontroladas e dependentes Desenho em um dos cantos Pode indicar fuga ou desajuste do indivíduo ao ambiente No eixo horizontal, desenho mais para a direita do centro horizontal Comportamento controlado, desejando satisfazer sua necessidades e impulsos, prefere satisfações intelectuais a emocionais Lado esquerdo da página Indica inibição ou introversão, controle intelectual Lado direito Extroversão e procura de satisfação imediata Pressão no Desenhar Oferece indicações sobre o nível de energia do sujeito 1. Pouca pressão: • Baixo nível energia, repressão e restrições; • Neuróticos medrosos; • Indivíduos deprimidos e com sentimentos de inadequação preferem traços muito leves, quase apagados. 2. Muita pressão, traços fortes: • Sujeitos extremamente tensos. • Psicopatas, epilépticos. Uso da Borracha • Uso normal: autocrítica • Ausência total: (quando a borracha se acha presente) – falta de crítica • Uso exagerado da borracha: • Incerteza, indecisão, insatisfação consigo mesmo; • Pode indicar também falta de controle. Caracterização do Traço 1) Forte - medo, insegurança, agressividade sádica; 2) Leve normal – Bom tônus, equilíbrio emocional e mental; 3) Apagado – Dissimulação da agressividade, medo de revelar seus problemas, inibição; 4) Reto com interrupções – Pessoa que contorna a situação; dissimulação do problema; 5) Trêmulo - Insegurança, dissimulação em que ganha tempo para procurar enfeitar os traços; doenças cerebrais, esgotamento nervoso; 6) Interrompido, mudando de direção – Dissimulação do caráter. Não aceitação do meio ambiente; 7) Negrito – Entrando em conflito; 8) Apagado e retocado – Zona de conflito; 9) Sombreado – Pessoa sonhadora; descuidada, sádica, pouco cuidadosa com a roupa. Interpretação da casa • Na interpretação do desenho da casa, são considerados seus elementos essenciais (telhado, paredes, porta, janelas) e acessórios (chaminé, perspectiva, linha de solo, etc.). • A ausência de qualquer dos elementos essenciais, conforme vários autores citados por Groth-Marnat (1984), suscitaria a hipótese da presença de transtornos mais graves. Interpretação da casa • Como regra básica, pode-se afirmar que quanto mais lógica e estruturada é a representação da casa, tanto mais adequadas podem ser consideradas as condições de funcionamento do ego; • Ao contrário, quanto mais aparecerem indícios bizarros e ilógicos, mais probabilidade há da presença de problemas psicopatológicos. Interpretação da casa • A forma de representação das paredes associa-se com a força do ego. • Paredes desenhadas com linhas frágeis ou inadequadas correspondem a dificuldades sérias nas funções do ego. Traços psicóticos • Em pacientes com funcionamento em nível psicótico, são frequentes as produções bizarras, com distorções importantes, que resultam no aparecimento de figuras ilógicas e irrealísticas. • Pacientes esquizofrênicos são os que apresentam o HTP mais comprometido. Traços psicóticos: casa • Ausência de partes essenciais (portas, janelas), sugerindo inacessibilidade ou mau contato com o ambiente; • Representação ilógica, pela presença de transparências; • Representação sincrética, em que o telhado substitui a casa total, refletindo a exacerbação da fantasia; • Paredes com a extremidade fendida (rachada), denunciando quebra dos laços com a realidade. Traços psicóticos: árvore • Tronco fendido (rachado), compatível com desorganização de personalidade; • Copa com tamanho mínimo, revelando mau contato ou tendências de se afastar do ambiente. Traços psicóticos: pessoa a) Ausência de partes essenciais (olhos, mãos, braços, tórax, cabeça, etc.), sugerindo a falta de percepção do corpo como totalidade ou “incapacidade para lidar com os problemas da vida”; b) Ambivalência no perfil, com corpo e cabeça em direções opostas; c) Omissão da roupa ou ênfase nos órgãos sexuais, como desconsideração de normas sociais ou, ainda, sugerindo aspectos agressivos;d) Superacentuação de olhos ou de orelhas, denunciando hipervigilância paranóide ou subentendendo componentes alucinatórios; e) Perfil típico esquizofrênico: “sem cabelo, um rosto parecido com máscara e um físico magro, rígido, desvirilizado” . Traços depressivos e hipomaníacos • Numa pesquisa de Freitas (1997), com trinta casos de pacientes que sofreram perdas significativas, foram identificados traços caracterizados como depressivos e como hipomaníacos. Traços depressivos • Os desenhos apresentam tamanho pequeno, sem sugestão de movimento, com traçado débil, trêmulo, cortado, inibido. • A localização pode variar, mas, habitualmente, são desenhos soltos “no ar”. Traços depressivos • Nas figuras a seguir têm-se as produções no HTP de uma mulher, de 41 anos, com crise depressiva, em razão da perda recente de um filho de 16 anos por leucemia. Traços depressivos • Casa simples, vazia, pobre, com portas abertas Traços depressivos: árvore • Árvore desprotegida, tênue, desvitalizada, podendo apresentar nódulos, sombreamentos, ramos frágeis e copa pequena. Traços depressivos: pessoa • Figura humana de tamanho grande, com os braços para fora e para o alto; fisionomia com expressão de triunfo (sorriso do tipo “boca de palhaço”); impressão de imaturidade, de infantilidade. Traços hipomaníacos • Os desenhos são localizados no canto da folha, voltados para o “alto”. Observam-se movimentos de expansão, mas as linhas são grossas, e o traçado é forte, feito com pressão. Traços hipomaníacos • Nas figuras a seguir têm-se as produções gráficas de uma mulher, de 43 anos, que perdeu o marido há seis meses, por enfisema pulmonar; • Após enviuvar, passou a gastar excessivamente, a participar de jogos de azar, com apostas altas, e a discutir com as pessoas, com agressividade verbal desproporcional à situação. Traços hipomaníacos: casa • Casa desenhada em perspectiva, com tamanho grande; ênfase nas portas e presença de flores Traços hipomaníacos: árvore • Árvore com grande dimensão, em expansão, ultrapassando os limites da folha; copa esférica; ramos para fora e para o alto; Traços hipomaníacos: pessoa • Figura humana de tamanho grande, com os braços para fora e para o alto; fisionomia com expressão de triunfo (sorriso do tipo “boca de palhaço”); impressão de imaturidade, de infantilidade.
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