Buscar

modernismo na poesia brasileira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Grande evento, divisor de águas do Modernismo brasileiro, a 
Semana de Arte Moderna de 1922 gerou polêmicas e um terreno 
fértil para a atualização artística nacional. 
Anúncio da última apresentação da Semana de Arte Moderna de 
1922, comandada pelos espetáculos musicais de Heitor Villa-
Lobos. 
PUBLICIDADE 
Marco oficial do Modernismo brasileiro, a Semana de Arte 
Moderna aconteceu em São Paulo (SP) e reuniu artistas das mais 
diversas áreas no Theatro Municipal de São Paulo ao longo dos 
dias 13 e 18 de fevereiro de 1922. Apresentações musicais e 
conferências intercalavam-se às exposições de escultura, pintura e 
arquitetura, com o intuito de introduzir ao cenário brasileiro as 
mais novas tendências da arte. 
Influenciados pelas vanguardas europeias e pela renovação geral 
no panorama da arte ocidental, esses escritores, pintores, 
escultores, intelectuais e músicos uniram seus esforços para 
apresentar suas produções ao grande público. Reunião das 
tendências estéticas que tomavam forma em São Paulo e no Rio de 
Janeiro desde o início do século, a Semana de Arte Moderna 
também revelou novos grupos, novos artistas, novas publicações, 
tornando a arte moderna uma realidade cultural no Brasil. 
Resumo da Semana de Arte Moderna de 1922 
 Aconteceu entre 13 e 18 de fevereiro de 1922, no 
Theatro Municipal de São Paulo; 
 É considerada um marco no Modernismo brasileiro; 
 Congregou artistas de diversas áreas: pintura, escultura, 
arquitetura, música, dança, literatura; 
 Participaram, direta ou indiretamente, nomes célebres 
da arte brasileira, como Graça Aranha, Oswald de 
Andrade, Menotti del Picchia, Ronald de Carvalho, Mario 
de Andrade, Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos, Victor 
Brecheret, Di Cavalcanti, Guiomar Novais, entre outros; 
 Pinturas e esculturas ficaram expostas no saguão do 
Theatro e causaram grande escândalo ao gosto público 
da época; 
 Conferências, saraus e apresentações de dança e música 
aconteceram em três dias do evento; 
 Consolidou o ambiente propício para a publicação de 
diversas obras que caracterizaram a Primeira Geração 
do Modernismo brasileiro (Geração de 20). 
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) 
Contexto histórico da Semana de Arte Moderna 
Até o início do século XX, a escola artística tida como oficial no 
Brasil era o Parnasianismo. Caracterizado pelo rigor formal 
(preocupação com a forma do poema no que se refere à 
metrificação), pela proposta da “arte pela arte” e pelo 
academicismo e elevada erudição, o Parnasianismo havia sido a 
tendência estética dominante até então, especialmente na poesia, 
figurando em textos oficiais, como o Hino Nacional Brasileiro. 
Como a grande maioria das escolas estéticas, o Parnasianismo foi 
importado da Europa. No continente europeu, contudo, vigorava 
outra proposta artística. As grandes reviravoltas da Revolução 
Industrial haviam instituído uma nova maneira de viver, 
modificando completamente as relações humanas. A luz elétrica e 
a rapidez dos automóveis e das produções fabris em larga escala 
transformaram a sociedade. 
O advento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a destruição 
mortífera causada por ela também influenciaram social e 
filosoficamente os artistas do período. O início do século XX 
trouxe inúmeras mudanças ao modo de viver europeu; a arte, 
portanto, precisava acompanhar essas mudanças. Vinham à tona as 
vanguardas artísticas e, com elas, a consolidação da modernidade 
no âmbito da arte. 
O Brasil, por sua vez, também começava a se modernizar. As 
primeiras indústrias começavam a se instalar na cidade de São 
Paulo, e a produção de café do interior paulista gerava grandiosa 
receita de exportação, transformando o estado em novo centro 
econômico brasileiro. Por esse motivo, a capital paulista foi o palco 
dos eventos da Semana de Arte Moderna, que contou com o 
patrocínio de diversos membros da burguesia industrial que ali se 
consolidava. 
Além disso, 1922 foi o centenário da Independência do Brasil. 
Assim, o cenário era ideal para a renovação artística nacional, e esse 
foi um dos motes da Semana: a atualização intelectual da 
consciência nacional. O Brasil, que se transformava e se 
modernizava, precisava de um novo olhar artístico, sociocultural e 
filosófico que propusesse uma arte nacional original e atualizada, 
trazendo consigo um pensamento a respeito dos problemas 
brasileiros e da variedade cultural que se estendia por nosso vasto 
território. 
Predecessora importante da Semana foi a Exposição de Pintura 
Moderna – Anita Malfatti, que ocorreu em 1917, também em São 
Paulo. Cinquenta e três obras da pintora foram apresentadas ao 
lado de obras de artistas internacionais ligados às vanguardas 
europeias. As telas impressionaram nomes que liderariam, depois, 
a Semana, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti 
del Picchia e Di Cavalcanti. 
A exposição também causou grande desaprovação da crítica 
conservadora, em especial Monteiro Lobato, que publicou uma 
crítica extremamente negativa, intitulada “Paranoia ou 
mistificação?”. Com traços expressionistas, Malfatti trouxe ao Brasil 
uma nova estética, em exposição considerada o primeiro “estopim” 
para a idealização da Semana. 
As novas tendências que floresciam com as vanguardas, grande 
período de experimentação do início do século XX, deram aos 
artistas brasileiros a possibilidade de trabalhar com novas 
linguagens, novos materiais e novas propostas, a fim de renovar a 
arte nacional. Mas, diferente do Parnasianismo, não houve uma 
incorporação completa dessas estéticas – não se importou para o 
Brasil o cubismo ou o expressionismo em busca de se desenvolver 
aqui uma escola análoga. 
Os artistas que iniciaram o Modernismo brasileiro aproveitaram-se 
desses novos procedimentos e técnicas, desse rompimento com o 
academicismo, para reelaborar o cenário artístico nacional. 
“O modernismo, no Brasil, foi uma ruptura, foi um abandono de princípios e de técnicas 
consequentes, foi uma revolta contra o que era a Inteligência nacional.” [1] 
 
Veja também: A representação do negro na literatura brasileira 
Como foi a Semana de Arte Moderna de 1922? 
Entre os dias 11 e 18 de fevereiro, o Theatro Municipal de São Paulo 
permaneceu aberto para visitação. Em seu saguão, instalou-se 
uma exposição de pintura e escultura. Obras de Anita Malfatti, Di 
Cavalcanti, Victor Brecheret, entre outros, escandalizaram o gosto 
público brasileiro, nada acostumado às novas formas de 
representação propostas pelo modernismo. 
Vaias, burburinhos e agitação geral só aumentaram ao longo da 
Semana. Além da exposição, o evento contou com três festivais, 
que envolviam apresentações de música, dança, declamações de 
poesia e conferências, a acontecer nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro. 
No início do século XX, foram os saguões e salões do Theatro 
Municipal que abrigaram os eventos da Semana de Arte Moderna 
de 1922. 
Graça Aranha, que à época já era um aclamado escritor e intelectual 
brasileiro, fez as honras da abertura do festival, no dia 13, com a 
conferência intitulada “A emoção estética da arte moderna”. Ele foi 
ouvido respeitosamente pelo público e declamou versos de 
Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho, acompanhado de 
músicas executadas pelo maestro Ernani Braga. 
Ainda no dia 13, o já citado poeta Ronald de Carvalho esteve à 
frente de sua própria conferência, de nome “A pintura e a escultura 
moderna no Brasil”, seguida de três solos de piano de Ernani Braga 
e três danças africanas de Villa-Lobos – compositor, aliás, tachado 
na ocasião de “talento ainda não cultivado o bastante”, por sua 
música “Privada de bom senso” e “Puramente africana”. 
O dia 15 de fevereiro representou o auge da Semana, nos mais 
escandalosos termos. A nova literatura provocou irritação e 
algazarra no público presente. Destacam-se a palestra de Mario de 
Andrade, cujo texto depois se tornaria a publicação A escrava que 
não é Isaura, em que o autor defende enfaticamente o 
abrasileiramento da língua portuguesa,e a conferência sobre a 
estética moderna proferida por Paulo Menotti del Picchia, que 
provocou os ânimos da plateia, fazendo ecoar vaias pelos quatro 
cantos do Theatro. 
Também nesse dia houve um sarau, que contou com a participação 
de diversos escritores, que tentavam falar no meio da gritaria da 
plateia. Nesse dia, Ronald de Carvalho leu o famoso poema “Os 
Sapos”, de autoria de Manuel Bandeira, que ridicularizava os 
parnasianos. Leia um trecho: 
Os sapos 
Enfunando os papos, 
Saem da penumbra, 
Aos pulos, os sapos. 
A luz os deslumbra. 
 
Em ronco que aterra, 
Berra o sapo-boi: 
— "Meu pai foi à guerra!" 
— "Não foi!" — "Foi!" — "Não foi!". 
 
O sapo-tanoeiro, 
Parnasiano aguado, 
Diz: — "Meu cancioneiro 
É bem martelado. 
 
Vede como primo 
Em comer os hiatos! 
Que arte! E nunca rimo 
Os termos cognatos! 
 
O meu verso é bom 
Frumento sem joio 
Faço rimas com 
Consoantes de apoio. 
 
Vai por cinquenta anos 
Que lhes dei a norma: 
Reduzi sem danos 
A formas a forma. 
 
Clame a saparia 
Em críticas céticas: 
Não há mais poesia, 
Mas há artes poéticas . . . 
 
[...]” 
(Manuel Bandeira) 
Mario de Andrade pronunciou também uma breve palestra, na 
escadaria interna do Theatro, sobre as obras de pintura. Vinte anos 
depois, o autor relembrou o episódio na obra O Movimento 
Modernista, comentando: “Como pude fazer uma conferência sobre 
artes plásticas, na escadaria do Theatro, cercado de anônimos que 
me caçoavam e ofendiam a valer?...”. A grande confusão da plateia 
só se acalmou com as apresentações que encerraram o dia: 
números de dança de Yvonne Daumerie e o concerto de piano de 
Guiomar Novais. 
O evento de encerramento da Semana foi dedicado à música. 
Peças de Villa-Lobos foram executadas pelos diversos músicos 
participantes, com menos ruídos em vaias, mas não sem escapar às 
críticas ferinas dos conservadores. 
Acesse também: Oswald de Andrade – um dos precursores do 
Modernismo no Brasil 
Principais artistas da Semana de Arte Moderna de 1922 
 Arquitetos: Antonio Moya, Georg Przyrembel. 
 Escritores: Afonso Schmidt, Agenor Barbosa, Álvaro 
Moreyra, Elysio de Carvalho, Graça Aranha, Guilherme 
de Almeida, Luiz Aranha, Mario de Andrade, Menotti del 
Picchia, Oswald de Andrade, Ronald de Carvalho, Sérgio 
Millet, Tácito de Almeida. 
 Escultores: Wilhelm Haarberg, Hildegardo Leão Velloso, 
Victor Brecheret. 
 Músicos: Alfredo Gomes, Ernani Braga, Fructuoso Viana, 
Guiomar Novais, Heitor Villa-Lobos, Lucília Guimarães, 
Paulina de Ambrósio. 
 Pintores: Anita Malfatti, Antonio Paim Vieira, Emiliano 
Di Cavalcanti, Ferrignac, John Graz, Vicente do Rego 
Monteiro, Yan de Almeida Prado, Zina Aita. 
Consequências da Semana de Arte Moderna de 1922 
Polêmica, confusa, barulhenta, tida como “demasiado festiva” e 
“pouco moderna”, não se pode negar que a Semana de Arte 
Moderna de 1922 foi um marco, um divisor de águas no 
panorama artístico brasileiro. Ela escancarou as portas para uma 
grande liberdade no que diz respeito à produção e pesquisa estética 
no país, contribuindo para um florescimento intelectual e artístico. 
Na visão de Di Cavalcanti, o acontecimento da Semana extrapolou 
o campo cultural e repercutiu também na área política. 
A Semana fez o papel de divulgação da arte moderna, que, por 
sua vez, cultivou o terreno para a consolidação de uma revolução 
artística e literária que tomou forma após 1922, quando foram 
lançados os manifestos de Oswald de Andrade e as obras 
fundamentais do Primeiro Modernismo brasileiro, tais 
como Macunaíma (Mario de Andrade), Memórias Sentimentais de 
João Miramar (Oswald de Andrade) e Ritmo Dissoluto (Manuel 
Bandeira). 
Notas 
[1] ANDRADE, Mário de. Aspectos da literatura brasileira. São Paulo: Martins, 1974. p. 23. 
Créditos de imagem 
[1] Vinicius Bacarin / shutterstock 
 
Por Luiza Brandino 
Professora de Literatura 
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar 
ou acadêmico? Veja: 
BRANDINO, Luiza. "Semana de Arte Moderna de 1922"; Brasil 
Escola. Disponível em: 
https://brasilescola.uol.com.br/literatura/semana-arte-moderna-
1922.htm. Acesso em 19 de fevereiro de 2022. 
Assista às nossas videoaulas 
Vídeo 1 
Lista de Exercícios 
Questão 1 
Sobre a Semana de Arte Moderna, é incorreto afirmar: 
a) evento realizado em São Paulo no ano de 1922, tinha como principal objetivo ratificar os 
padrões estéticos vigentes à época frente às investidas de um grupo de jovens artistas que 
propunha a renovação radical no campo das artes influenciados pelas vanguardas europeias. 
b) o principal foco de descontentamento com a ordem estética estabelecida estava no campo 
da literatura (e da poesia, em especial). Exemplares do Futurismo italiano chegavam ao país e 
começavam a influenciar alguns escritores, como Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida. 
c) Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana não foi bem entendida em sua época. Esse 
evento ocorreu no contexto da República Velha, controlada pelas oligarquias cafeeiras e 
pela política do café com leite. O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a República e a 
elite paulista, esta totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais tradicionais. 
d) Os modernistas não apresentavam um projeto estético em comum, mas entre eles imperava 
a ideia de que era preciso renovar, dar às artes características genuinamente brasileiras. Para 
os jovens artistas, era indispensável a ruptura com a tradição clássica para abolir os moldes 
europeus que ditavam as regras na literatura, nas artes plásticas, na arquitetura, na música etc. 
e) A Semana de Arte Moderna de 1922 foi uma consequência do nacionalismo emergente da 
Primeira Guerra Mundial e também do entusiasmo dos jovens intelectuais brasileiros pelas 
comemorações do Centenário da Independência do Brasil. 
Questão 2 
(Enem 2012) 
O trovador 
Sentimentos em mim do asperamente 
dos homens das primeiras eras... 
As primaveras do sarcasmo 
intermitentemente no meu coração arlequinal... 
Intermitentemente... 
Outras vezes é um doente, um frio 
na minha alma doente como um longo som redondo... 
Cantabona! Cantabona! 
Dlorom... 
Sou um tupi tangendo um alaúde! 
ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade. 
Belo Horizonte: Itatiaia, 2005. 
Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de 
Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é 
a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal”, que, evocando 
o carnaval, remete à brasilidade. 
b) verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de 
Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas. 
c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do 
asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 
9). 
d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde (civilizado), apontando a síntese 
nacional que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade. 
e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para 
mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas. 
Mais Questões 
Artigos Relacionados 
 
Datas Comemorativas - 2022 
 
27 DE 
 
20 poetas brasileiros essenciais para 
conhecer a evolução da poesia 
 
Rebeca Fuks 
Doutora em Estudos da Cultura 
Vários dos poetas brasileiros estão entre os nomes mais respeitados da poesia 
no mundo. Desde a época dos descobrimentos os nossos conterrâneos 
produzem poesia, colocando em palavras sentimentos complexos e refletindo 
os contextos nacionais. 
Do romantismo aos dias atuais, neste artigo apresentamos os 20 poetas 
essenciais para compreender a evolução da poesia no Brasil. 
1. Carlos Drummond de Andrade (1902-198O mineiro 
Carlos Drummond de Andrade foi um expoente da segunda fase do 
modernismo no Brasil, que apresentava uma tensão ideológica, política e 
social. 
Com versosmarcados pela ironia, com formas diferentes e originais, 
Drummond leva o título de mais influente poeta brasileiro do século XX. 
Um de seus textos mais famosos é a poesia No meio do caminho que marcou 
definitivamente a produção literária nacional: 
No meio do caminho tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
tinha uma pedra 
no meio do caminho tinha uma pedra. 
 
Nunca me esquecerei desse acontecimento 
na vida de minhas retinas tão fatigadas. 
Nunca me esquecerei que no meio do caminho 
tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
no meio do caminho tinha uma pedra. 
Entenda melhor o estilo e a trajetória de Carlos Drummond de Andrade. 
2. Manuel Bandeira (1886-1968) 
Chegamos na primeira fase do modernismo com o pernambucano Manuel 
Bandeira que teve o seu poema "Os sapos" sendo lido na abertura da Semana 
de Arte Moderna de 1922. 
Os modernistas prezavam uma poesia irreverente, livre de métricas e regras e 
baseada em um humor nacionalista. Bandeira é até hoje um dos poetas 
brasileiros mais lembrados dessa fase da literatura brasileira. Vou-me Embora 
pra Pasárgada está entre as suas poesias mais conhecidas, relembre o trecho 
inicial do poema: 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Lá sou amigo do rei 
Lá tenho a mulher que eu quero 
Na cama que escolherei 
Vou-me embora pra Pasárgada 
 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Aqui eu não sou feliz 
Lá a existência é uma aventura 
De tal modo inconsequente 
Que Joana a Louca de Espanha 
Rainha e falsa demente 
Vem a ser contraparente 
Da nora que nunca tive 
Saiba mais sobre a biografia de Manuel Bandeira. 
3. Vinicius de Moraes (1913-1980)O carioca Vinicius de 
Moraes foi um dos maiores poetas e compositores da literatura e da música 
brasileira e se consagrou, principalmente, pelos seus versos de amor. 
Diplomata de profissão, Vinicius de Moraes ficou eternizado pelos poemas 
apaixonados, mas também pela denúncia de problemas políticos e sociais 
(nacionais e internacionais) e pela escrita voltada para crianças. 
Um dos poemas mais conhecidos do poetinha é o Soneto de fidelidade: 
De tudo ao meu amor serei atento 
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto 
Que mesmo em face do maior encanto 
Dele se encante mais meu pensamento. 
Quero vivê-lo em cada vão momento 
E em seu louvor hei de espalhar meu canto 
E rir meu riso e derramar meu pranto 
Ao seu pesar ou seu contentamento 
E assim, quando mais tarde me procure 
Quem sabe a morte, angústia de quem vive 
Quem sabe a solidão, fim de quem ama 
Eu possa me dizer do amor (que tive): 
Que não seja imortal, posto que é chama 
Mas que seja infinito enquanto dure. 
Leia a biografia completa de Vinicius de Moraes. 
4. Cecília Meireles (1901-19 
Cecília Meireles foi um dos grandes nomes da segunda fase do modernismo no 
Brasil. Ela é uma das primeiras autoras reconhecidas da literatura brasileira. 
Os seus escritos eram espiritualistas e mais psicológicos. Dos mais de 
quarenta e cinco anos de produção poética, Romanceiro da 
Inconfidência (1953) é a sua coletânea poética mais elogiada. Relembre a 
passagem inicial da criação: 
Na?o posso mover meus passos, por esse atroz labirinto 
de esquecimento e cegueira 
em que amores e o?dios va?o: 
- pois sinto bater os sinos, 
percebo o roc?ar das rezas, 
vejo o arrepio da morte, 
a? voz da condenac?a?o; 
- avisto a negra masmorra 
e a sombra do carcereiro 
que transita sobre angu?stias, 
com chaves no corac?a?o; 
- descubro as altas madeiras 
do excessivo cadafalso 
e, por muros e janelas, 
o pasmo da multida?o. 
Leia mais sobre o extenso trabalho da poetisa Cecília Meireles. 
5. Mario Quintana (1906-1994) 
O poeta gaúcho Mario Quintana ficou conhecido pela sua poesia do 
cotidiano, da singeleza, da delicadeza, que estabeleceu uma proximidade com 
o leitor. 
Apesar da aparente simplicidade, os seus versos, profundos, foram celebrados 
com o Prêmio Machado de Assis (da Academia Brasileira de Letras) e com o 
Prêmio Jabuti. 
Além de poeta, Quintana também foi tradutor e jornalista. Um dos seus poemas 
mais famosos é Seiscentos e sessenta e seis: 
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa. 
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo 
Quando se vê, já é 6ª-feira 
Quando se vê, passaram 60 anos! 
Agora, é tarde demais para ser reprovado 
E se me dessem um dia uma outra oportunidade, 
eu nem olhava o relógio 
seguia sempre em frente 
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas. 
Descubra a biografia completa de Mario Quintana. 
6. Cora Coralina (1889-1985) Nascida em Goiás, Ana Lins dos 
Guimarães Peixoto (conhecida no meio literário como Cora Coralina) começou 
a publicar apenas aos 76 anos. 
Com pouca educação formal, a escritora frequentou a escola somente até a 
terceira série do curso primário. Para se sustentar foi doceira e, nos tempos 
livres, escreveu poemas. 
A sua poesia é marcada pelo tom informal e pela relação de cumplicidade 
que estabelece com o leitor. 
Os seus versos giram em torno do cotidiano e das experiências de vida que 
procura transmitir através da poesia, como é possível comprovar através do 
poema Assim eu vejo a vida: 
A vida tem duas faces: 
Positiva e negativa 
O passado foi duro 
mas deixou o seu legado 
Saber viver é a grande sabedoria 
Que eu possa dignificar 
Minha condição de mulher, 
Aceitar suas limitações 
E me fazer pedra de segurança 
dos valores que vão desmoronando. 
Nasci em tempos rudes 
Aceitei contradições 
lutas e pedras 
como lições de vida 
e delas me sirvo 
Aprendi a viver. 
Saiba mais sobre o percurso de Cora Coralina. 
7. Ferreira Gullar (1930-2016) 
Um dos grandes nomes da poesia concreta brasileira, o maranhense 
Ferreira Gullar recebeu o importante Prêmio Camões em 2010 e, quatro anos 
mais tarde, se elegeu membro da Academia Brasileira de Letras. 
Os seus versos, engajados, foram fundamentais para denunciarem a situação 
política e social brasileira. 
O Poema sujo, escrito enquanto estava exilado em Buenos Aires durante a 
ditadura militar, é a sua produção poética mais conhecida, relembre o trecho 
abaixo: 
enquanto vou entre automóveis e ônibus 
entre vitrinas de roupas 
nas livrarias 
nos bares 
tic tac tic tac 
pulsando há 45 anos 
esse coração oculto 
pulsando no meio da noite, da neve, da chuva 
debaixo da capa, do paletó, da camisa 
debaixo da pele, da carne, 
combatente clandestino aliado da classe operária 
meu coração de menino 
Fique a par da biografia completa de Ferreira Gullar. 
8. Adélia Prado (1935) 
A mineira Adélia Prado escolheu criar uma poética voltada para o dia-a-dia, 
com uma escrita despojada e informal, como se os versos replicassem uma 
espécie de conversa intimista. 
A jovem começou a escrever poemas em 1950, depois da morte da mãe. 
Professora, o hobby da escrita a acompanhou ao longo dos anos. 
Profissionalmente o padrinho de Adélia Prado foi ninguém menos do que 
Carlos Drummond de Andrade. Contando com a sua ajuda na fase inicial da 
carreira, Adélia Prado começou a ficar conhecida pelo grande público e, desde 
então, não parou mais de produzir. 
Momento 
Enquanto eu fiquei alegre, 
permaneceram um bule azul com um descascado no bico, 
uma garrafa de pimenta pelo meio, 
um latido e um céu limpidíssimo 
com recém-feitas estrelas. 
Resistiram nos seu lugares, em seus ofícios, 
constituindo o mundo pra mim, anteparo 
para o que foi um acometimento: 
súbito é bom ter um corpo pra rir 
e sacudir a cabeça. A vida é mais tempo 
alegre do que triste. Melhor é ser. 
Admire a biografia completa de Adélia Prado. 
9. Gregório de Matos (1636-1695)O escritor foi o maior 
representante da poesia barroca brasileira, em vigor ainda na época do 
Brasil-Colônia. 
Gregório nasceu em Salvador, Bahia, filho de pai português e mãe brasileira. 
Foi odiado e perseguido pela sociedade brasileira pelas corajosas críticas 
sociais que fazia. 
O poeta ficou conhecido como "Boca do Inferno" pois os seus poemas 
satirizavam a sociedade da época,o costume dos povos e a Igreja Católica. 
Observe como exemplo o poema À cidade da Bahia: 
Triste Bahia! ó quão dessemelhante 
Estás e estou do nosso antigo estado! 
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado, 
Rica te vi eu já, tu a mi abundante. 
A ti trocou-te a máquina mercante, 
Que em tua larga barra tem entrado, 
A mim foi-me trocando, e tem trocado, 
Tanto negócio e tanto negociante. 
Oeste em dar tanto açúcar excelente 
Pelas drogas inúteis, que abelhuda 
Simples aceitas do sagaz Brichote. 
Oh se quisera Deus, que de repente 
Um dia amanheceras tão sisuda 
Que fora de algodão o teu capote! 
Quer saber mais? Leia a biografia completa de Gregório de Matos. 
10. Machado de Assis (1839-1908)vertente de combate 
social, crítica à burguesia, e análise psicológica dos personagens. Machado foi 
um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e publicou nada menos 
que cinco coletâneas de poemas e sonetos. 
Mundo interior 
Ouço que a Natureza é uma lauda eterna 
De pompa, de fulgor, de movimento e lida, 
Uma escala de luz, uma escala de vida 
De sol à ínfima luzerna. 
 
Ouço que a natureza, a natureza externa, 
Tem o olhar que namora, e o gesto que intimida 
Feiticeira que ceva uma hidra de Lerna 
Entre as flores da bela Armida. 
 
E contudo, se fecho os olhos, e mergulho 
Dentro em mim, vejo à luz de outro sol, outro abismo 
Em que um mundo mais vasto, armado de outro orgulho 
 
Rola a vida imortal e o eterno cataclismo, 
E, como o outro, guarda em seu âmbito enorme, 
Um segredo que atrai, que desafia e dorme. 
Se você tem interesse em saber mais do mestre da literatura nacional, leia a 
biografia completa de Machado de Assis. 
11. Hilda Hilst (1930 – 2000 
A paulistana Hilda Hilst é considerada uma das maiores escritoras em língua 
portuguesa do século XX, tendo produzido textos por mais de cinquenta 
anos. Hildque o seu trabalho buscava representar a difícil relação entre Deus e 
o homem. 
Mais de vinte livros de poesia de Hilda foram publicados. A autora também 
recebeu os principais prêmios nacionais de literatura como o Prêmio da 
Associação Paulista dos Críticos de Arte (1977) e o Prêmio Jabuti (1984) 
O seu livro de poesias "Cantares de perda e predileção" (1983) é indispensável 
para quem gosta de produções poéticas. 
Conheça um pouco do trabalho da escritora através do poema Árias pequenas. 
Para bandolim: 
Antes que o mundo acabe, Túlio, 
Deita-te e prova 
Esse milagre do gosto 
Que se fez na minha boca 
Enquanto o mundo grita 
Belicoso. E ao meu lado 
Te fazes árabe, me faço israelita 
E nos cobrimos de beijos 
E de flores 
Antes que o mundo se acabe 
Antes que acabe em nós 
Nosso desejo. 
Conheça a biografia de Hilda Hilst. 
12. João Cabral de Melo Neto (1920-1999)O 
pernambucano é um dos nomes de destaque da terceira geração do 
modernismo, pois inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil, com 
o concretismo. A escrita de Melo Neto, o poeta de poucas palavras, era 
marcada por versos capazes de aguçar sensações. 
A sua principal obra, Morte e Vida Severina (1955) conta a história de um 
retirante nordestino em busca de uma vida melhor na capital pernambucana, e 
até hoje rende adaptações e estudos na área cultural. 
O meu nome é Severino, 
como não tenho outro de pia. 
Como há muitos Severinos, 
que é santo de romaria, 
deram então de me chamar 
Severino de Maria; (...) 
Somos muitos Severinos 
iguais em tudo na vida: 
na mesma cabeça grande 
que a custo é que se equilibra 
Saiba mais sobre a poesia revolucionária de João Cabral de Melo Neto. 
13. Paulo Leminski (1944-1989)O curitibano Leminski ainda 
não é encaixado em nenhuma vertente poética, apesar de serem claros 
os traços de modernismo na sua forma livre e criativa de escrever. 
Herdeiro da poesia concretista, sua obra conta com mais de quinze livros 
publicados, cheio de jogos de palavras, recursos visuais e outros. Leminski 
também fez muitos trabalhos como letrista de MPB, o que teve influência sobre 
sua obra. 
Um dos poemas mais conhecidos do escritor é Incenso fosse música: 
isso de querer 
ser exatamente aquilo 
que a gente e? 
ainda vai 
nos levar além 
Quer saber mais sobre a "obra maldita" desse poeta fora da caixa? Leia a sua 
biografia de Paulo Leminski. 
14. Ariano Suassuna (1927 - 2014) 
Apesar de ter vivido na mesma época que vários dos poetas modernistas, 
Suassuna aparece nesta lista por ser um caso à parte na história da 
literatura brasileira. 
A valorização da cultura nordestina e de movimentos populares foi o objetivo 
desse paraibano bem humorado. Sete dos seus quase trinta livros são de 
poesia, que fazem jus à nossa rica cultura popular. 
Infância (trecho) 
Sem lei nem Rei, me vi arremessado 
bem menino a um Planalto pedregoso. 
Cambaleando, cego, ao Sol do Acaso, 
vi o mundo rugir. Tigre maldoso. 
O cantar do Sertão, Rifle apontado, 
vinha malhar seu Corpo furioso. 
Era o Canto demente, sufocado, 
rugido nos Caminhos sem repouso. 
Saiba mais sobre o criador do épico "O Auto da Compadecida" através de 
leitura da biografia de Ariano Suassuna. 
15. Conceição Evaristo (1946) 
A mineira Conceição Evaristo nasceu e cresceu em uma favela de Belo 
Horizonte. Apenas depois de conseguir se formar em letras na Universidade 
Federal do Rio de Janeiro é que passou a divulgar o seu trabalho como 
escritora. 
Vencedora de um Prêmio Jabuti, Conceição é um dos nomes mais fortes 
da escrita sobre a vivência afro-brasileira, sendo sempre lembrada e 
requisitada a falar da causa em meios literários e outros. 
Seu livro "Poemas da recordação e outros movimentos" (2017) é indispensável 
para entender questões como a tensão racial no Brasil, questões de gênero e 
classe. 
Um dos poemas mais consagrados da autora é Eu-Mulher, cujo trecho se 
encontra reproduzido abaixo: 
Uma gota de leite 
me escorre entre os seios. 
Uma mancha de sangue 
me enfeita entre as pernas. 
Meia palavra mordida 
me foge da boca. 
Vagos desejos insinuam esperanças. 
Eu-mulher em rios vermelhos 
inauguro a vida. 
Em baixa voz 
violento os tímpanos do mundo. 
Antevejo. 
Antecipo. 
Saiba mais sobre a poesia de Conceição Evaristo. 
16. Castro Alves (1847-1871) 
Nascido em Salvador, Bahia, Castro Alves foi o principal nome da terceira fase 
do romantismo brasileiro, onde a temática girava em torno da abolição da 
escravidão e da república. 
Conhecido como "Poeta dos Escravos", foi frequentando saraus e festas 
artísticas que escreveu vários dos seus belos poemas líricos, incluindo "O 
Navio Negreiro" (1880), a sua mais famosa obra. Relembre os versos iniciais 
da criação: 
Stamos em pleno mar... Doudo no espaço 
Brinca o luar dourada borboleta; 
E as vagas após ele correm... cansam 
Como turba de infantes inquieta. 
Stamos em pleno mar... Do firmamento 
Os astros saltam como espumas de ouro... 
O mar em troca acende as ardentias, 
Constelações do líquido tesouro... 
Saiba mais sobre a vertente social e revolucionária dos poemas de Castro 
Alves. 
17. Olavo Bilac (1865-1918)O carioca Olavo Bilac é o principal 
nome da poesia parnasiana brasileira, corrente preocupada com um 
vocabulário nobre e uma precisão impecável. 
Bilac também foi um dos membros fundadores da Academia Brasileira de 
Letras, escreveu muitas poesias infantis e um de seus textos mais famosos é 
"Profissão de Fé" (1888), onde compara poetas a ourives, que trabalham 
detalhadamente a sua joia. 
Não quero o Zeus Capitolino 
Hercúleo e belo, 
Talhar no mármore divino 
Com o camartelo. 
 
Que outro não eu! a pedra corte 
Para, brutal, 
Erguer de Atene o altivo porte 
Descomunal. 
 
Mais que esse vulto extraordinário, 
Que assombra a vista, 
Seduz-me um leve relicário 
De fino artista. 
Quer saber mais? Leia a biografia completa de Olavo Bilac. 
18. Gonçalves Dias (1823-1864) 
Foi o principal nome da primeira geração do romantismo brasileiro, que se 
preocupava com a expressão dos sentimentos, e prezava por uma escrita que 
tinha um tom de fuga da realidadee nacionalismo. 
Produziu a maior parte das suas obras quando esteve em formação acadêmica 
em Portugal. A sua principal poesia é Canção do Exílio (1846), um dos poemas 
mais conhecidos da nossa literatura nacional: 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas tem mais flores, 
Nossos bosques tem mais vida, 
Nossa vida mais amores. 
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o sabiá. 
Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar - sozinho, à noite - 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem quinda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
Leia mais sobre Gonçalves Dias. 
19. Augusto dos Anjos (1884-1914) 
Paraibano que escrevia poemas desde os sete anos de idade, Augusto dos 
Anjos é considerado o principal nome do pré-modernismo, que incorporava 
em suas palavras a realidade brasileira. Expressava uma certa obsessão pela 
morte e o livro que reúne toda a sua obra poética, chamado "Eu e outros 
poemas" chocou a sociedade em 1912 sendo considerado de mau gosto. A 
obra tinha um vocabulário estranho e que não se encaixava em nenhuma 
corrente literária específica. 
Por isso até hoje seu livro é estudado como sendo um dos mais originais 
produzidos pela literatura brasileira e de grande valia para a ciência das 
letras. 
 Versos íntimos é das suas composições mais conhecidas: 
 
Vês! Ninguém assistiu ao formidável 
Enterro de sua última quimera. 
Somente a Ingratidão esta pantera 
Foi tua companheira inseparável! 
Acostuma-te à lama que te espera! 
O homem, que, nesta terra miserável, 
Mora, entre feras, sente inevitável 
Necessidade de também ser fera. 
Toma um fósforo. Acende teu cigarro! 
O beijo, amigo, é a véspera do escarro, 
A mão que afaga é a mesma que apedreja. 
Se alguém causa inda pena a tua chaga, 
Apedreja essa mão vil que te afaga, 
Escarra nessa boca que te beija! 
Leia mais sobre Augusto dos Anjos. 
20. Mel Duarte (1988) 
 
 Uma jovem que entra nessa lista como representante de uma nova literatura 
brasileira que tem ganhado força através de chamados saraus, slams e afins. 
Mel possui dois livros de poesia publicados, foi destaque na abertura da FLIP 
(Feira Literária Internacional de Paraty) em 2016 e representante da literatura 
brasileira em um festival angolano. 
Seus versos falam da realidade do povo periférico brasileiro, da vivência de 
mulheres, pessoas negras e também de política, além de outros 
temas. Descubra o trecho inicial do poema Minha condição: 
Eu não escrevo pra incendiar casas 
mas pra ascender faíscas aos olhos de quem me lê 
não escrevo pra matar a fome de multidões 
mas espero que minhas palavras preencham um vazio que te ajude 
a se manter de pé 
não escrevo pra governar um povo 
eu ouço o que ele diz e utilizo minha voz para propagar sua 
mensagem 
não escrevo pra obter a sua aprovação 
mas pra registrar minha trajetória e de tantas mulheres negras 
que já foram silenciadas. 
Gosta de literatura? Então você vai querer ler: 
 Os 26 escritores brasileiros que você deveria conhecer 
 Os fatos curiosos da vida de 25 escritores famosos que você ama 
Este conteúdo foi útil? 
Sim 
Não 
 
 
 
Atualizado em 08/02/2021 
 
Rebeca Fuks 
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura 
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia 
Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018). 
Veja também 
Os 28 escritores brasileiros que você deveria 
conhecer 
A vida e obra dos 10 principais escritores do 
romantismo brasileiro 
Os fatos curiosos da vida de 25 escritores 
famosos que você ama 
Os 32 maiores compositores brasileiros de 
todos os tempos 
Os 13 maiores escritores de todos os tempos 
Os 20 maiores músicos brasileiros dos últimos 
30 anos 
 Todas as Biografias 
 Artigos Populares 
 Novas Biografias 
 Top Biografias 
 Encontrou um Erro? 
 Quem Somos 
 Artigos Recentes 
 Política de Privacidade 
 Termos de Uso 
 Contato 
© 2000 - 2022 7Graus Todos os direitos reservados. 
eBiografia: biografias de famosos, resumo da vida, obras, carreira e legado.

Continue navegando