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John Hicks HICKS, J. Uma teoria de história econômica. Rio de Janeiro: Zahar, 1972. (1969) John Hicks 1904-1989, economista britânico, professor da London School of Economics, Machester e Oxford Nobel de economia (1972), juntamente com Kenneth Arrow Obras: The Theory of Wages (1932), “Mr. Keynes and the Classics” (1937), Capital and Value (1938), Capital and Growth (1965), A Theory of Economic History (1967) Contribuições importantes à teoria econômica, na síntese dos modelos de equilíbrio geral e das proposições keynesianas (IS/LM model), assim como à teoria monetária Uma teoria da história econômica (1969) Lectures na Universidade de Gales, em 1967 Teoria e história: história econômica como um fórum interdisciplinar Uma teoria da história que analisa padrões gerais e uniformidades estatísticas, mas sem implicações de determinismo e evolucionismo A ascensão do mercado como fenômeno crucial a explicar 2. Costume e Mando Um diálogo implícito com a sociologia política de Max Weber e as teorias da organização A noção weberiana de tipos ideais: economias tradicionais, de mando e de mercado Se a ascensão do mercado foi uma transformação, o que foi transformado? Como era anteriormente? Organizações sem mercado: o gradiente entre costume e mando Um exemplo: a organização interna da firma Costume e Mando Delegação de poder: relações principal-agente Organizações: conjuntos de regras e procedimentos formais e informais Impossibilidade de especificar todas as tarefas e procedimentos: necessidade de interpretação das regras e sua aplicação a situações específicas Importância da experiência anterior como guia: convenções e tradições Costume e Mando As regras devem ser compreendidas e aceitas (em alguma medida) pelos subordinados a uma organização (problemas de legitimação) Portanto, as regras vem de “cima”, mas também de “baixo” Extremos: rotinas e decisões em situações de incerteza Costume e Mando Economias da tradição e economias do mando (ordinário e extraordinário) Mundo real: situações intermediárias (feudalismo e burocracias clássicas) Feudalismo: processos centrífugos de dispersão da autoridade e tradicionalização O problema da manutenção do séquito: concessão de feudos e tradução local dos comandos Costume e Mando Estruturas burocráticas: solucão mais eficiente que o feudalismo, mas que só desenvolverá todas as suas possibilidades com o desenvolvimento do mercado Formas burocráticas “clássicas” estão associadas aos primeiros impérios Condições de sucesso: controle e fiscalização de uns funcionários pelos outros; sistemas de carreira e sistemas de recrutamento Costume e Mando Economias tradicionais e de mando: economias de arrecadação, dependentes de receitas (tributos ou impostos), pagos por camponeses e produtores diretos Oportunidades para divisão do trabalho anteriores ao mercado Especializações dirigidas “de cima” para atender o consumo conspícuo da corte 3. Ascensão do Mercado O cenário da ascensão do mercado: A economia tradicional, com um componente maior o menor de mando Agricultura, governo e “indústria”: camponeses, soldados, administradores e artesãos Não há comerciantes especializados Ascensão do Mercado O comércio kula: dádivas são compatíveis com a ordem tradicional Como o comércio especializado emerge da ordem tradicional? Vários caminhos possíveis Braudel e o Inventário das formas de mercado: feiras, lojas, mascastes Ascensão do Mercado O comércio regular no interior da ordem tradicional: a transição “pela base” A feira e os mercados de aldeia Camponeses e artesãos se transformam em intermediários: a loja e a oficina Categorias de indivíduos que compram e vendem Do pequeno comércio ao comércio de grosso trato: o comércio à longa distância Ascensão do Mercado Mando, especialização prévia e comércio: a transição “pelo alto”: Dádivas e redistribuição Comerciantes especializados a serviço do rei no comércio externo Transição de comerciante servidor para comerciante independente (dinâmica centrífuga) Arrecadação e distribuição de riquezas e sua conversão em comércio Ascensão do Mercado Forças de “baixo” e do “alto” conduzindo à expansão dos mercados Cidades e mercados: junção de caminhos Comerciantes, grandes ou pequenos, agindo nos limites da economia tradicional ou de mando Ascensão do Mercado Comerciantes especializados: novos tipos de “comunidade” que moldam seu próprio ambiente A economia mercantil: nem tradicional nem planejada: um novo tipo de ordem, dependente de um conjunto de uma estrutura política ou quase política de regulação específica Ascensão do Mercado Direitos de propriedade e sua aplicação por meio de arbitramento e sanção: custos de transação Economia mercantil: necessidades de proteção dos contratos e da propriedade Atos de troca em que os bens não estão fisicamente presentes, e se realizarão em momentos de tempo distintos: Contratos e promessas: confiança, ambiguidades, riscos e oportunismo Ascensão do Mercado Contratos, regras tácitas e arbitramento na cominidade mercantil Contingências não previstas nos contratos: disputas, abritramento e instituições quase-legais Os sistemas legais tradicional e de mando não estão preparados para lidar com as necessidades de uma economia de mercado Ascensão do Mercado Comunidades de comerciantes em contextos estrangeiros: definição de regras e procedimentos internos à comunidade mercantil Confinamento da sociedade mercantil em espaços limitados Expansão: circunstâncias em que é conveniente aos governantes ter comerciantes entre seus súditos Ascensão do Mercado Caso especial: situações em que os próprios comerciantes se transformam em governantes Comércio Exterior, comunidades pequenas, independência suficiente para moldar suas instituições Cidades-estado Cidades-estado: principal diferença entre ocidente/oriente Ascensão do Mercado O mediterrâneo como locus da cidade estado: cidades-estado feníncias, etruscas e gregas; roma; cidades italianas da idade média e da renascença A “Revolução Comercial”, sécs. XI a XIV (Robert Lopez) Navegação à vela e expansão para o norte: cidades hanseáticas e os Países Baixos 4. Cidades-Estado e Colônias A Cidade-Estado como uma organização econômica específica Cidade-estado: um grupo de comerciantes especializados dedicados ao comércio externo – Economia mercantil Economia mercantil: um sistema de centros comerciais com transações entre si, mas dependente de relações com não-comerciantes Cidades-Estado e Colônias Especialização comercial: vantagens recíprocas (o modelo trigo-azeite) Efeitos distributivos negativos: a expansão comercial pode acentuar rendas coercitivas (servidão/escravidão) Reinvestimento dos lucros do comércio: tendência a rendimentos decrescentes Diversificação dos investimentos comerciais: busca de novos mercados e outras linhas de investimento Cidades-Estado e Colônias Novos contratos, novos parceiros, novos riscos: obstáculos à expansão e diversificação Instituições da Cidades-estado: meios de contornar os “rendimentos decrescentes” Novas oportunidades lucrativas não-antecipadas: a sequência “decrescente” não é pré determinada Tendencias a “retornos crescentes” da atividade comercial Cidades-Estado e Colônias Formas de organização do comércio que reduzem os custos Ganhos de escala (o comércio de grosso trato) Economias externas decorrentes de ser parte de um “distrito comercial” (A. Marshall) Economias externas: concorrência e complementariedade (especialização e divisão do trabalho) Cidades-Estado e Colônias Economias externas: redução nos custos, mas especialmente redução nos riscos Custos de informação e custos transacionais “A evolução das instituições da economia mercantil é principalmente um problema de encontrar maneiras de diminuir os riscos” p. 53 Cidades-Estado e Colônias Instituições mercantis legais e quase-legais: funcionamento ótimo dependente da escala Mecanismos bilaterais, multilaterais e arbitrais (Avner Greif) Problemas de agência e desenvolvimento dos mecanismos de seguro marítimo Cidades-Estado e Colônias Relações internas à cidade-estado e relações entre centros comerciais Formação de novos centros: colônias Colonização mercantil e não-mercantil Intercessões de territorialismo e capitalismo mercantil Vantagens mercantis e extração de rendas coercitivas (fronteira frágil) Limitações das cidades-estado na construção de impérios Cidades-Estado e Colônias Economias mercantis: descontinuidades imprevistas em função de novas fontes fornecedoras e novos produtos (símile das descobertas tecnológicas no mundo industrial) Mudança de hegemonias econômicas Fases de expansão, fases de estagnação, novas oportunidades imprevistas (não há sequências inevitáveis: não há “equilíbrios” Cidades-Estado e Colônias Rendimentos decrescentes e intensificação da concorrência: conflitos entre as Cidades-Estado Tentativas de acordos de “restrição da concorrência” para reduzir a incerteza e o conflito: tradicionalização da economia Fim da expansão e investimentos em prestígio: a renascença (Giovanni Arrighi) 5. Moeda, Lei e Crédito O Declínio do sistema de Cidades-Estado O Rivais das cidades: Fortalecimento dos Estados territoriais Estados: Sistemas tributários de larga escala, novas tecnologias militares, aumento de escala dos exércitos Derrota das cidades: absorção (e não necessáriamente destruição) da economia mercantil nos Estados territoriais Moeda, Lei e Crédito “Esta condição de sobrevivência dos centros comerciais, sob a proteção – proteção às vezes vacilante – de um Estado que está apenas semimercantilizado, foi uma forma-padrão de organização econômica durante grande parte da história conhecida.” 65 Uma segunda fase do desenvolvimento mercantil Moeda, Lei e Crédito “Foi uma característica da primeira fase, em qualquer de suas formas, que as comunidades mercantis fossem construídas num ambiente que substancialmente, ou pelo menos relativamente, era não mercantil. A linha divisória entre a Economia Mercantil e as adjacências era nítida. Na fase intermediária, pelo contrário, a barreira quase que desaparece; de modo que as adjacências não-mercantis se abririam, de várias maneiras, à penetração do mercado. A história da fase intermediária como tal é a história dessa penetração.” Moeda, Lei e Crédito O uso da moeda A moeda na história: moeda cunhada, o mais das vezes Moeda aparece como criação do Estado Mas, a moeda não foi originalmente uma criação do Estado: a moeda precede à cunhagem Moeda como criação da economia mercantil Moeda, Lei e Crédito Moeda como subproduto da evolução do mercado Moedas dos governos urbanos: cidades gregas Moedas como reserva de valor, e posteriormente, como meios de pagamento Difusão das moedas das cidades aos Impérios Impérios: moeda e expansão da capacidade tributária e seus usos Moeda, Lei e Crédito Instituições legais: o legado grego e romano Império romano: um Império que emergiu de uma cidade-Estado Direito romano e noções modernas de contrato e propriedade: espaços para um direito mercantil Expansão da cidadania romana aos conquistados e da aplicação generalizada ao espaço mediterâneo de um quadro legal universalizante Moeda, Lei e Crédito Moeda e lei: utilização legal da mensuração e compensação monetária Período medieval: a economia monetária se contraiu, mas não desapareceu Cidades italianas medievais: redescoberta da antiguidade grega e latina e retomada da economia monetária Inovações institucionais na lei mercantil elaboradas a partir do legado romano Moeda, Lei e Crédito Renascença: não apenas um aumento da monetarização da economia, mas uma mudança de seu caráter: crédito e finanças Obstáculos: juro e usura como pecados Visões de mundo distintas de comerciantes e não-comerciantes com respeito aos papéis sociais do dinheiro Tendência dos tribunais a proteger os devedores: elevação dos riscos dos empréstimos Moeda, Lei e Crédito Garantias contratuais para empréstimos: penhor e hipoteca: formas típicas das relações de crédito entre comerciantes e não-comerciantes Empréstimos no interior da comunidade mercantil: crédito e reputação (o mercado “interno” de crédito, com juros reduzidos): um mercado autônomo, a princípio fora da lei Moeda, Lei e Crédito Desenvolvimento de um mercado financeiro: necessidade de ampliação do círculo de tomadores de empréstimos dignos de crédito Como pode ser ampliado esse círculo de crédito? Informação direta e indireta: Mecanismos reputacionais bilaterais e multilaterais Moeda, Lei e Crédito Mecanismos de colateralização: o aval e a letra de câmbio – confiança como mercadoria Desenvolvimento dos intermediários financeiros: especialização na atividade financeira: os bancos Aparecimento dos bancos: Abandono à restrição ao juro – uma ética (ou uma prática) secular anterior à ética protestante Moeda, Lei e Crédito Mecanismos de colateralização (Nicole Biggart): o aval e a letra de câmbio – confiança como mercadoria Desenvolvimento dos intermediários financeiros: especialização na atividade financeira: os bancos Aparecimento dos bancos: Abandono à restrição ao juro – uma ética (ou uma prática) secular anterior à ética protestante Moeda, Lei e Crédito Da incerteza ao risco: calculabilidade pela diversificação dos investimentos Contratos de seguro e empréstimos globalmente seguros pela independência dos riscos: economias de escala compensatórias do risco Surgimento do “pequeno investidor” e do “rentier” de títulos: bolsas de valores Companhias de responsabilidade limitada: surgimento de um mercado de capitais Adam Smith Karl Marx John Hicks Abordagens Teóricas Iluminismo Escocês/Economia Politica Clássica Economia Política Crítica/Marxismo Economia Neoclássica/ Institucionalismo Meta Teoria Efeitos não antecipados da ação humana Luta de Classes/Troca Desigual Interações entre regras e convenções do “alto” e da “base” História Evolucionária, mas irônica Evolucionária, determinada por umtelos, agônica Evolucionária, mas marcada por desequilíbrios edescontinuidades: incerteza Mecanismos Estruturas deIncentivo:micro-motivosemacro-resultados InstituiçõesPolíticas e DesenvolvimentoEconomico Poder, Expropriação eEspoliação: competição e conflito Tradição, mando e Instituiçõeseconômicas: competiçãoe cooperação Atores Senhores Rurais, Cidades, Estados Senhores, Capitalistas, Estados, Camponeses, Proletários Mercadores,Cidades-Estado, Estados territoriais Processos Dissolução do feudalismo e surgimento da sociedade de mercado Nascimento do Capitalismo: mercados de trabalho e acumulação Constituição da economia mercantil Momentos críticos Sécs. XI-XVI: Comercio, individualismo e constitucionalismo Sécs. XVI-XVIII: Acumulação Primitiva Sécs. XI-XIV:Cidades-EstadoItalianas
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