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Prova HIS122

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HIS 122 – HISTÓRIA ECONÔMICA I
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
1ª. AVALIAÇÃO (35 pontos)
16/04/2011
Matrícula: ______________________________
Esta prova é individual e sem consulta. Use a caneta para responder as questões. Construa sua questão por meio de frases com começo, meio e fim, evitando a mera enumeração de tópicos. Não ultrapasse o espaço destinado à resposta. Boa sorte!
Explique como Adam Smith interpreta os desenvolvimentos divergentes da agricultura inglesa e da Europa continental. (10 pontos)
Para Adam Smith, as diferentes trajetórias de desenvolvimento de países e regiões são resultado das diferentes estruturas institucionais e políticas, assim como das estruturas de incentivos estruturadas pelas relações de produção. Em sua análise, o desenvolvimento da agricultura inglesa é superior em função dos efeitos negativos de instituições e arranjos produtivos vigentes na Europa continental. Smith acentua efeitos negativos de instituições como a primogenitura e os vínculos, assim como os efeitos sobre a de governantes não controlados por instituições representativas (como o parlamento inglês). O núcleo de sua análise, entretanto, é na dinâmica das micro-relações estabelecidos entre produtores diretos e senhores. Smith acentua os efeitos negativos da servidão/escravidão sobre a produtividade do trabalho, e acentua a presença continuada do feudalismo na Europa continental, em formas mais brutais ou mais brandas. Formas intermediárias como a metayage estabelecem estruturas de incentivos um pouco mais propícias ao desenvolvimento econômico, mas são também marcadas por desincentivos derivados do poder pessoal dos senhores, da insegurança da ordem jurídica e dos efeitos da taxação abusiva. Para Smith, apenas na Inglaterra, onde arrendatários independentes e trabalhadores rurais substituíram os camponeses, e onde uma ordem constitucional liberal se consolidou, foi possível obter ganhos sustentados de produtividade que levaram à “revolução agrícola” do século XVIII. 
Explique as diferenças, segundo Marx, entre os cercamentos ingleses dos séculos XVI e XVIII. (7 pontos)
Para Marx, os cercamentos ingleses são o componente central do processo de “acumulação primitiva”, que produz as condições prévias para o processo de acumulação de capital e de constituição do trabalho assalariado. Em sua análise, entretanto, esse processo se desdobra em diferentes fases. Uma primeira “onda” de enclosures ocorre no século XVI, associada à expansão comercial da indústria dos têxteis de lã. Seu resultado seria uma intensa conversão de terras aráveis e comunais em pastagens para carneiros, expulsando os camponeses à força. Segundo Marx, esse processo de expropriação foi conduzido pela classe senhorial, ávida por expandir suas rendas. Embora sem sucesso, a monarquia paternalista dos Tutor tentou evitar o processo de desarticulação social em curso, se alinhando com os camponeses., No século XVIII, uma segunda onde de enclosures reflete a nova configuração política trazida pela Revoluções Inglesas do século XVII. Agora os enclosures são obra de atos do Parlamento inglês, e atacam a fundamentalmente as terras dedicadas ao uso comum com o objetivo de sustentar a expansão agrícola capitaneada por arrendatários capitalistas. A segunda onda de cercamentos expande e completa o processo de destruição do campesinato na Inglaterra, criando as bases para o capitalismo industrial moderno. 
Partindo do texto de John Hicks, discuta as relações entre Cidades-estados e o desenvolvimento da economia de mercado. (8 pontos)
Para John Hicks, o desenvolvimento da economia de mercado em sua forma plena depende da presença de ambientes institucionais favoráveis, em que direitos de propriedade e contratos podem ser previsíveis e calculáveis. Estas condições estão ausentes nos dois modelos de economia que abrangem a maior parte das atividades econômicas do passado, as quais ele denomina de “Economia do Costume” e “Economia do Mando”. Instituições favoráveis ao desenvolvimento da economia de mercado se desenvolvem, em primeiro lugar, como arranjos informais no interior da comunidade dos comerciantes, para resolver problemas de incerteza, informação e oportunismo. Em algumas situações extraordinárias, estas instituições informais se transformam ou são absorvidas em uma ordem legal formalizada. A Cidade Estado auto-governada pela classe dos comerciantes é a configuração clássica desse arranjo. Ela está presente desde a antiguidade clássica, mas encontra sua forma mais sofisticada nas cidades-Estado italianas de fins da idade média e da renascença.
A partir dos textos discutidos, compare as abordagens de Adam Smith, Karl Marx e John Hicks sobre as relações entre economia e política. (10 pontos)
Para os três autores as relações entre economia e política são cruciais para o entendimento da estrutura e o desempenho das economias. O Estado é uma variável importante tanto por seu papel decisivo na alocação de recursos, seja na taxação e na extração direta de recursos, seja pela sua capacidade de ampliar ou limitar as capacidades de acumulação ou reprodução dos diversos atores sociais e econômicos. Smith e Hicks acentuam o papel do Estado como agente de estabilização/desestabilização dos mercados garantindo ou colocando sob risco direitos de propriedade e a confiança nos contratos. Para Smith, a questão crucial e a do controle sobre o arbítrio do soberano, possível apenas em uma ordem constitucional-legal com auto-governo. Para Hicks, o elemento decisivo é o desenvolvimento de instituições legais afinadas com as necessidades da economia de mercado, ligadas a desenvolvimentos que tem como ator central os mecanismos informais desenvolvidos pela comunidade de comerciantes. Marx, ao contrário, vê a expansão dos mercados como inextricavelmente ligada à violência, à espoliação e ao arbítrio. As instituições políticas liberais e as instituições informais do mercado não são garantias de liberdade. Para Marx, o Estado é um poderoso instrumento de produção de desigualdades e injustiças, se alinhando claramente com os interesses das classes dominantes, e contribuindo decisivamente para os processos de expropriação e expoliação das classes inferiores.

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