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aprofundamento-sociologia-Émile Durkheim-10-05-2021-

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1 
Sociologia 
 
Émile Durkheim 
 
Teoria 
Quem foi Émile Durkheim? 
Émile Durkheim é considerado, ao lado de Karl Marx e Max Weber, um dos arquitetos da Sociologia. Acreditava 
que a sociedade tinha natureza e dinâmica próprias, características de um objeto de estudo e uma ciência 
específica. Compreendia que os fenômenos sociais eram mais que experiências individuais, possuíam 
externalidade e alcance em relação aos indivíduos. 
Auguste Comte foi uma grande influência para Durkheim, e podemos ver 
essa influência em seu pensamento. Comte entendia que a sociedade 
deveria ser analisada sob o método e o espírito das ciências naturais, 
que ela apresentaria regularidade e previsibilidade, possibilitando a 
formulação de leis gerais. As metáforas de Durkheim apontam nessa 
direção. A sociedade é sempre pensada pelo autor como um organismo 
vivo. 
Seu foco de estudo foi a ordem social. Sua questão principal era definir 
o que mantinha a sociedade coesa, apesar das grandes transformações 
pelas quais passava. No seu arcabouço teórico encontraremos conceitos como instituições sociais, coesão 
social, consenso, consciência individual e coletiva etc. Também se preocupou com a relação entre o indivíduo 
e a estrutura social e como se dá o comportamento no seu interior. 
 
Sociologia como ciência 
A forte influência das ciências naturais na produção de conhecimento sobre a sociedade resulta na utilização 
de seus métodos, verificação de dados e informações, admitir leis gerais, buscar teorias abrangentes e 
afirmar certezas sobre a realidade. Mas como fazer isso, se a sociedade se manifesta de forma tão distinta 
da realidade dos fenômenos naturais? 
O positivismo pressupõe que conhecimento objetivo e 
verdade absoluta são equivalentes. O que é produzido pelos 
parâmetros teórico-metodológicos das ciências alcança 
estatuto de verdade. Apesar disso, fenômenos sociais são 
conjunturais, marcados pela interação com uma infinidade 
de outros fenômenos, o que torna cada um único. A 
sociedade acontece numa realidade concreta, que 
demanda um método específico para captar sua 
complexidade. 
Durkheim é o primeiro a propor um método científico 
específico para a análise da sociedade. Sua proposta é tornar um grupo de fenômenos sociais, chamados 
“fatos sociais”, o objeto de estudo, considerado como “coisa” a ser identificada e estudada. Seus métodos 
buscavam comprovar a existência dos fatos sociais como externos aos indivíduos, impostos e de grande 
alcance na sociedade. 
 
 
 
 
2 
Sociologia 
 
Método 
O método de Durkheim ficou conhecido como método 
comparativo ou funcionalista. Dos três métodos consagrados 
pelos clássicos, o método durkheimiano é o que mais se aproxima 
da metodologia das ciências naturais. Para Durkheim, a 
legitimidade da Sociologia como ciência dependia de demonstrar 
que existe um campo da produção de conhecimento humano 
específico que deve ser analisado através de métodos próprios. 
Sua corrente, o funcionalismo, atribui uma função para cada 
componente social, tal qual os órgãos de um corpo. Não admite irracionalidade ou falta de significado na 
ação humana. Os elementos sociais são interdependentes, assim como os órgãos, porque cada um cumpre 
uma função, alcançando a situação de organização social pela correta distribuição e equilíbrio de suas 
atividades. Por isso, qualquer fenômeno deve ser tomado a partir de sua integração no conjunto social. É uma 
teoria holística, onde analisar fenômenos individualmente não permitirá sua compreensão, já que a sociedade 
em si ocorre a partir dessa integração. Seu método é comparativo, porque classifica diferentes sistemas 
sociais. 
Por último, para construção de seu arcabouço teórico-metodológico, Durkheim defende uma postura imbuída 
do espírito científico. Afirma que, no meio social, circulam vários saberes sobre a sociedade. No entanto, para 
fazer Sociologia, é preciso abandonar esses saberes, chamados pelo autor de “prenoções”. Recorrendo a 
Descartes, Durkheim afirma que a intenção da dúvida metódica proposta pelo filósofo (recurso metodológico 
que propõe colocar tudo que sabemos em dúvida, para, a partir daí, produzir conhecimento) é fundar as bases 
da proposta da ciência moderna. Abandonar as prenoções é utilizar, na ciência, apenas o conhecimento 
produzido através de seus métodos, que garantem, em algum nível, segurança e verificabilidade. 
 
O Objeto 
O objeto da Sociologia, para Durkheim, são os fatos sociais. É através da comprovação da existência deles 
que Durkheim funda sua defesa da Sociologia como ciência. Próximo das ciências naturais, o sociólogo 
defende que os fatos sociais sejam encarados como coisas. Assim, ele os caracteriza e classifica conforme 
sua manifestação. 
Mas o que são fatos sociais? Eles são maneiras coletivas de pensar, agir e sentir, consolidadas num 
determinado grupo. Para que sejam fatos sociais, essas maneiras devem constituir padrões de 
comportamento. Daí as características observadas por Durkheim: 
Generalidade – o fato social deve ser de conhecimento de um grande grupo de indivíduos (não como fato 
social). Deve ser uma forma de se comportar que tenha alcance na sociedade. 
Externalidade – o fato social não é uma intenção da consciência de cada indivíduo, ele é formulado e existe 
fora das pessoas. Se uma pessoa deixar de agir tal qual o fato social, ele não deixará de existir. No final das 
contas, é a sociedade que define como o indivíduo agirá. 
Coercitividade – fechando o grupo de características que configuram o fato social como um padrão, temos 
seu caráter impositivo. Indivíduos que não agem tal qual essas maneiras sofrem alguma sanção. O grupo 
social ao qual esse indivíduo desviante pertence espera que ele se comporte seguindo o padrão, e o desvio 
comumente tem um efeito negativo. Zombaria, reprovação e até ostracismo podem ser as consequências às 
quais o indivíduo desviante será submetido, além de sanções penais para padrões de comportamento que se 
configuraram como lei. 
 
 
 
 
3 
Sociologia 
 
Instituições sociais e os indivíduos 
Como observamos, a análise de Durkheim foca na sociedade. Para ele, os fenômenos sociais estudados de 
forma individual não são capazes de traduzir a realidade social. A sociedade sempre prevalece sobre o 
indivíduo, dispondo de padrões de comportamento impostos. Esses padrões visam a sua manutenção, ordem 
e estrutura. Durkheim acredita que, sem esses padrões, a ordem social ruiria. 
Essas regras, normas e costumes formam uma consciência coletiva, um conjunto de conhecimentos e 
características compartilhado que faz com que os indivíduos ajam de maneira minimamente parecida. Isso 
dá sentido à integração social e permite a convivência. A língua, a moral, a compreensão do mundo etc. são 
exemplos de componentes dessa consciência coletiva. A vida em sociedade só é possível com um mínimo 
de comunhão entre os indivíduos e a forma como são e estão no mundo. As fronteiras entre a consciência 
coletiva e individual não são claras, e, muitas das vezes, acreditamos estar nos comportamos tal qual nossa 
vontade, quando, na verdade, estamos seguindo o padrão imposto socialmente. 
Esses componentes da consciência coletiva se realizam em instituições sociais, que são a base da sociedade 
e correspondem às crenças e comportamentos instituídos pela coletividade. Família, escola, sistema 
judiciário, Estado, igreja etc. são exemplos de instituições sociais. Sua função é reproduzir a consciência 
coletiva (o conjunto de regras, normas e costumes que dão sustentação à vida coletiva) de maneira tal que 
formem e mantenham a estrutura social. Se você pensar bem, perceberá que é no interior da sua família que 
você aprende a estar em família, assim como é no interior da escola que aprendemos o modo de estar na 
escola. É frequentando determinado culto e professando qualquer fé que reproduzimos seus valores. As 
instituições sociais produzem a sociedade,tanto que, para Durkheim, a Sociologia é “a ciência das instituições 
sociais, de sua gênese e de seu funcionamento”. 
Esse processo de aprendizado no interior das instituições sociais é o processo de socialização, onde 
aprendemos as regras do jogo social, os limites e as expectativas de ação e comportamento. As gerações 
mais velhas ensinam as futuras sobre o funcionamento da sociedade, e a possibilidade de mudança só se 
concretiza lentamente na mudança da instituição em si. Durkheim chega a afirmar que revoluções são 
prováveis tanto quanto milagres. 
 
Solidariedade e coesão 
O trabalho é central para o pensamento de Durkheim. Para ele, a vida social faz circular a atividade 
profissional. Mas como? Ora, pela solidariedade! A solidariedade é um senso de pertencimento e obrigação 
para com o grupo que gera coesão social. Já coesão social é a adesão do indivíduo ao grupo, o que mantém 
a sociedade de pé. Durkheim identifica que, em sociedades pré-capitalistas, onde a divisão do trabalho era 
simples, a coesão social surgia por um tipo de solidariedade baseada na semelhança entre os indivíduos. Há 
um compartilhamento de valores, visão de mundo, cultura, etnia e até aspectos físicos. Assim, a solidariedade 
classificada como mecânica é caracterizada por funções sociais semelhantes, mecanismos de coerção e 
direito punitivo e pouca divisão social do trabalho. 
Mas Durkheim observa que as revoluções pelas quais as sociedades estavam passando produziram 
profundas alterações no ordenamento social. Como a coesão social se mantinha com o adensamento moral 
produzido por essas revoluções? Como as estruturas se mantinham com a convivência tão próxima de 
indivíduos tão diferentes em vários aspectos? A resposta está no próprio conceito de coesão social! A 
integração produzida pela coesão se baseia no compartilhamento de objetivos, metas e crenças. Indivíduos 
compartilham necessidades e vontades e interagem com determinado fim. As mudanças observadas por 
Durkheim mudaram a solidariedade porque puderam alterar esse compartilhamento. Enquanto nas 
sociedades tradicionais a coesão se dava pela adesão a crenças religiosas e morais, nas sociedades 
4 
Sociologia 
modernas a adesão era à organização da divisão social do trabalho complexa. Assim a solidariedade orgânica 
se caracteriza por causar uma profunda diferenciação profissional e, ao mesmo tempo, uma grande 
interdependência funcional. Os indivíduos agora não compartilhavam mitos fundantes, mas o senso de que 
todos dependiam de todos, o reconhecimento da importância de cada indivíduo nessa estrutura social 
complexa e o consenso em torno de regras gerais para reger essa nova organização social (direitos e 
deveres). Durkheim defende ainda que essa classificação forma um espectro, indo de solidariedade 
totalmente mecânica para solidariedade totalmente orgânica. Assim, dependendo do nível de complexidade 
da divisão do trabalho, as sociedades podem ter diferentes níveis de solidariedade. 
Compreendemos então a importância da divisão do trabalho no pensamento durkheimiano. Tanto que o 
sociólogo compreende que os grupos funcionais e profissionais (organização dos trabalhadores e 
empregadores, como sindicatos) são entidades decisivas na formação da sociedade. A formação 
profissional e a especialização são vistas como positivas, pois possibilitam o desenvolvimento das 
sociedades. Cabe a essas corporações mediar a relação entre empregadores e empregados, para afastar do 
processo elementos que impeçam o desenvolvimento normal da divisão do trabalho. 
E quando tudo isso não funciona? 
Em algumas situações, Durkheim observa um desvio no processo de desenvolvimento social. Quando a 
diferenciação de atividades ocorre de maneira muito abrupta, produz-se um desequilíbrio. Em vez do 
reconhecimento da interdependência, os indivíduos perdem a noção de que compõem um todo maior. Vendo-
se isolados, esses indivíduos priorizam suas vontades, afastando-se do conjunto de normas, regras e valores 
que limitam as ações no interior da sociedade. Essa configuração de ausência ou afastamento de limitadores 
é chamado de anomia, um momento de desorientação e dissenso entre os indivíduos e um desequilíbrio entre 
a consciência coletiva e a individual. 
Durkheim usa os momentos iniciais da Revolução Industrial e Francesa, os primeiros tempos do capitalismo, 
quando uma nova forma de organização econômica não encontrava respaldo legal e moral, causando 
inúmeros conflitos. 
Suicídio 
Por que Durkheim estuda o suicídio? Na verdade, é uma ideia brilhante. Na tentativa de consolidar a Sociologia 
como ciência, ele usa o senso comum e as outras ciências a seu favor. Quando falamos de suicídio, um exame 
racional, porém não tão profundo sobre o assunto, pode nos levar a crer que é um ato individual, pessoal e 
subjetivo. Durkheim, em sua pesquisa, busca provar que o suicídio tem um aspecto social, configurando-se 
como fato social, e que, por isso, deveria ser estudado também sob a luz das ciências sociais. Ele começa 
delimitando que considera suicídio como qualquer morte resultante da atuação positiva ou negativa do 
indivíduo (fazer ou deixar de fazer alguma coisa), onde esse indivíduo conhece as consequências de seu 
comportamento. 
Estudando as religiões como componente de produção de valores e normas de conduta, Durkheim conclui 
que sociedades majoritariamente protestantes têm taxas de suicídio maiores que as de sociedades católicas. 
Assim, o autor conecta códigos de conduta padronizados (fatos sociais) com o fenômeno estudado. Em sua 
teoria, encontramos as seguintes categorizações de suicídio: 
5 
Sociologia 
Egoísta: ocorre quando a consciência individual (o ego) supera a coletiva, tornando esse indivíduo “grande 
demais” ante a sociedade. A vida perde o sentido pelo descolamento desse ego da relação com a consciência 
coletiva. 
Altruísta: É o processo contrário. A consciência coletiva se dilata tanto que se torna insuportável para o ego. 
Ele se misturou a algo fora de si, deixou de ser individual. A barreira que o continha como consciência foi 
desfeita e está disposto a abandonar a vida pelo grupo. 
Anômico: Ocorre em momentos de anomia social, ou seja, a ausência ou afastamento dos padrões e regras 
morais de uma sociedade. Aqui a ordem é desfeita, e os indivíduos têm dificuldade de lidar com esse 
processo. Processo de degradação da normalidade social, como crises econômicas, guerras, grandes 
tragédias etc. produzem esse efeito. 
Clique aqui para visualizar o PPT utilizado em aula
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6 
Sociologia 
 
Exercícios 
 
 
1. Arrependimentos terminais 
Em Antes de partir, uma cuidadora especializada em doentes terminais fala do que eles mais se 
arrependem na hora de morrer. “Não deveria ter trabalhado tanto”, diz um dos pacientes. “Desejaria ter 
ficado em contato com meus amigos”, lembra outro. “Desejaria ter coragem de expressar meus 
sentimentos.” “Não deveria ter levado a vida baseando-me no que esperavam de mim”, diz um terceiro. 
Há cem anos ou cinquenta, quem sabe, sem dúvida seriam outros os arrependimentos terminais. 
“Gostaria de ter sido mais útil à minha pátria.” “Deveria ter sido mais obediente a Deus.” “Gostaria de 
ter deixado mais patrimônio aos meus descendentes.” 
 COELHO, M. Folha de São Paulo, 2 jan. 2013. 
 
O texto compara hipoteticamente dois padrões morais que divergem por se basearem respectivamente 
em 
a) satisfação pessoal e valores tradicionais. 
b) relativismo cultural e postura ecumênica. 
c) tranquilidade espiritual e costumes liberais. 
d) realização profissional e culto à personalidade. 
e) engajamento político e princípios nacionalistas. 
 
 
 
2. A sociologia ainda não ultrapassou a era das construçõese das sínteses filosóficas. Em vez de assumir 
a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as brilhantes 
generalidades em que todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja expressamente 
tratada. Não é com exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode chegar a descobrir 
as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, generalizações às vezes tão amplas e tão 
apressadas não são suscetíveis de nenhum tipo de prova. 
DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 
 
O texto expressa o esforço de Èmile Durkheim em construir uma sociologia com base na 
 
a) vinculação com a filosofia como saber unificado. 
b) reunião de percepções intuitivas para demonstração. 
c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social. 
d) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais. 
e) incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político. 
 
 
 
 
 
7 
Sociologia 
 
3. Leia o texto a seguir: 
O saber da comunidade, aquilo que todos conhecem de algum modo; o saber próprio dos homens e 
das mulheres, de crianças, adolescentes, jovens, adultos e velhos; o saber de guerreiros e esposas; o 
saber que faz o artesão, o sacerdote, o feiticeiro, o navegador e outros tantos especialistas, envolve, 
portanto, situações pedagógicas interpessoais, familiares e comunitárias, em que ainda não surgiram 
técnicas pedagógicas escolares, acompanhadas de seus profissionais de aplicação exclusiva. 
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação? São Paulo: Brasiliense, 2007, p. 20. 
 
O tema discutido no texto é uma preocupação nos estudos da Sociologia desde a sua consolidação 
como ciência. Nos trabalhos de Émile Durkheim, esse tema ganhou um destaque por considerar uma 
forma de integração dos indivíduos e de perpetuação dos hábitos e costumes do grupo, ou seja, dos 
fatos sociais. 
Sobre isso, assinale a alternativa que NÃO indica uma característica do tipo de transmissão do 
conhecimento. 
a) A aprendizagem acontece sem que haja um planejamento específico e, muitas vezes, sem que os 
sujeitos se deem conta. 
b) O processo de construção do conhecimento é permanente, contínuo e não previamente 
organizado, desenvolvendo-se ao longo da vida. 
c) O conhecimento transmitido permite ao sujeito resolver situações referentes aos processos de 
socialização e àqueles relacionados às imposições da natureza para sobrevivência do grupo. 
d) A percepção gestual, a moral e a comportamental, provenientes de meios familiares de amizade, 
de trabalho e de socialização midiática, fazem parte do rol de aprendizagens e conhecimentos. 
e) O conhecimento e a habilidade são transmitidos por meio de um currículo pré-definido em 
ambientes especializados, num processo conhecido como escolarização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
Sociologia 
 
 
4. Um dos livros muito conhecidos do sociólogo Emile Durkheim é o “Da divisão do trabalho social”, obra 
publicada em 1893. Nesse livro, o autor identifica o surgimento de um novo método de trabalho que 
conduzia a uma nova fonte de interação social. 
Sobre a função da divisão do trabalho em Durkheim, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F, 
para as falsas. 
( ) A especialização das profissões e a divisão do trabalho baseiam-se em uma ética asceta que leva 
os indivíduos a buscarem acumulação e eficiência e a evitarem o desperdício e a preguiça. 
( ) Os resultados econômicos da divisão do trabalho são de menor importância, pois o efeito moral, o 
sentimento de solidariedade que essa produz é a sua verdadeira função. 
( ) Um arranjo social com classes dominantes e classes dominadas em constante conflito entre si é 
uma das principais implicações da divisão social do trabalho. 
( ) A divisão do trabalho possibilita a coesão social, garantindo o funcionamento harmônico do 
organismo social. 
 
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a 
a) V V V F 
b) F V V V 
c) F V F F 
d) F V F V 
e) V F F F 
 
 
5. No Brasil, entre abril e maio de 2017, uma espécie de jogo conhecido como “Baleia Azul” causou 
alvoroço nas redes sociais digitais. Trata-se de uma série de desafios que culmina no suicídio do 
“jogador”, geralmente um indivíduo jovem. As reações, principalmente das famílias e das escolas, 
alertavam para a necessidade de reforçar os laços sociais e as regras de convívio coletivo. Também se 
disseminaram opiniões sobre a necessidade de os jovens concentrarem-se nos estudos e no trabalho 
como forma de manutenção do equilíbrio social. Mas o assunto não é novo em Sociologia. Os aspectos 
sociológicos do suicídio foram analisados por um autor clássico, Émile Durkheim, que, em 1897, 
publicou a obra “O Suicídio: estudo de sociologia”. Com base na teoria de Durkheim, caracterize o 
“suicídio anômico” como um tipo de suicídio específico das sociedades modernas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
Sociologia 
 
Gabarito 
1. A 
Como podemos observar, o enunciado aponta a mudança, no interior de uma sociedade, do conjunto de 
valores normativos que guiam a ação dos indivíduos. Apesar de acreditarmos que estamos conscientes 
e livres em nossas escolhas, os padrões apresentados na questão remontam à teoria durkheimiana, que 
afirma haver um padrão de comportamento imposto pela sociedade e que há um consenso entre os 
indivíduos em torno dos objetivos do grupo social. 
 
2. D 
Durkheim foi fortemente influenciado por Comte e o positivismo, que defendia uma ciência social dotada 
de métodos e espírito semelhante ao das ciências naturais. Por isso, sua teoria funcionalista é 
caracterizada pela tentativa de formulação de leis gerais e teorias abrangentes, além da coleta metódica 
de dados e informações sobre os fenômenos estudados. 
 
3. E 
Durkheim não limita a passagem de conhecimento à escola e ao ensino formal. Na verdade, podemos 
interpretar de sua teoria que essa modalidade de educação representa uma pequena parte de todo o 
conhecimento necessário para a socialização do sujeito. O conjunto de valores, normas e regras 
necessários para a integração dos indivíduos dá conta de um vasto repertório de imposições sociais. 
 
4. D 
I. Falsa. Ascese é uma característica da ética protestante, parte da teoria weberiana não apontada 
por Durkheim. 
II. Verdadeira. A coesão social produzida pela divisão do trabalho é o que importa para Durkheim. 
Ela é a responsável por manter a estrutura social funcionando. 
III. Falsa. Mais uma vez temos uma teoria de outro clássico da Sociologia, e não de Durkheim. O 
conflito no arranjo social é parte da teoria marxiana, já que Durkheim compreende o conflito 
como sintoma da anomia, e o desenvolvimento social gerado pela divisão social do trabalho deve 
ser ordenado. 
IV. Verdadeira – Para Durkheim, a divisão social do trabalho é a organização que nos permite 
permanecer unidos. Seja pela semelhança, na solidariedade mecânica, ou pela diferença, na 
solidariedade orgânica, é o trabalho e a produção da vida que dá forma à estrutura social 
 
5. 
Durkheim verifica, por meio de estatísticas, certa regularidade de taxas de suicídio em intervalos de 
tempo determinados. Por vezes, essas taxas aumentam, estabilizam-se ou diminuem. Sua hipótese é 
que as causas encontram-se na sociedade e, portanto, são exteriores às consciências individuais. No 
caso do suicídio anômico, é justamente o estado anômico a origem dos suicídios. Anomia, para 
Durkheim, refere-se ao enfraquecimento das regras morais, coercitivas e reguladoras das paixões 
individuais. Em um estado anômico, a sociedade deixa de funcionar como freio moral às paixões 
individuais. O desregramento social provocado por uma crise econômica, por exemplo, faz com que 
alguns indivíduos, cujas limitações de desejo eram menores, devido a uma condição econômica mais 
elevada, cometam suicídio. E é nas sociedades modernas, caracterizadaspela solidariedade orgânica, 
nas quais o freio moral (coercitivo) encontra-se equilibrado com a divisão do trabalho como forma de 
coesão social, que o suicídio anômico tende a surgir como uma espécie de manifestação do desequilíbrio 
social.

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