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INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NO AUTISMO Ana Paula Bonfante Alves¹ Daniely Cristina Francisco Correia Gabriele Schmoller Silva Henrique Ramos da Rocha Irene De Melo Cabral Joelma Machado Borges Ramos Tutor Externo Isabela Drapalski Morais² INTRODUÇÃ0 Este estudo apresenta um caráter informativo e descritivo sobre a história do autismo relacionando as dificuldades dos portadores deste transtorno com alimentação buscando na literatura vigente possíveis formas de minimizar esse problema melhorando a qualidade de vidas dos autistas. De acordo com (J. A. Carvalho et. al 2012) “ O autismo é um dos mais conhecidos, entre os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, é caracterizado pelo atraso no desenvolvimento das habilidades sociais, comunicativas e cognitivas.” O autismo (Transtorno do Espectro Autista - TEA), é um transtorno que afeta o desenvolvimento da criança, geralmente na fala, coordenação motora, cognição, socialização e na alimentação, podendo gerar seletividade alimentar. Nos primeiros anos de vida é a fase em que a criança deveria experimentar uma gama de alimentos, texturas e sabores diferenciados. (DIAS et al., 2018). Geralmente crianças autistas vivem com rotinas e padrões estabelecidos, dificultando novas escolhas alimentares, sua nutrição pode ser comprometida, pois escolhem o que é “confortável” ao paladar, ou seja, chocolates, balas, jujubas e etc., algo prazeroso ao portador do TEA é o açúcar, é de grande importância um nutricionista acompanhando esse processo, para que no futuro não haja mais complicações. (DIAS et al., 2018). Atualmente estudos têm sido realizados na tentativa de demonstrar a relação de alterações intestinais relacionadas à intolerância ao glúten e alergia à caseína, com o comportamento do autismo. Crianças autistas têm o padrão alimentar diferente de crianças não autistas, na maioria das refeições elas se tornam agitadas, choram, e não ingerem todos os nutrientes necessários devido a sua seletividade. Em geral o estado nutricional do 2 autista depende não só da ingestão alimentar, mas também de processos fisiológicos e metabólicos, como a digestão e a absorção (GOMES et al., 2016). O diagnóstico é feito através de atendimento clínico, geralmente com a família de convivo, pode ser feito através de testes e questionários, não existe exame laboratorial para identificação do TEA e nem mesmo da seletividade alimentar. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA O presente estudo visa buscar conhecimentos sobre a relação da alimentação e autismo, considerando as particularidades envolvendo o Transtorno TEA, bem como as possibilidades de dietas e ou terapias alimentares que proporcionam melhor qualidade de vida e ou nutricional dos portadores deste Transtorno. OBJETIVO GERAL Conhecer através da literatura pesquisada a história do Autismo, analisar as opiniões dos autores sobre o desenvolvimento da doença e como uma alimentação adequada para os portadores da síndrome pode proporcionar uma melhora na qualidade de vida. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Conhecer a história do autismo; Citar as deficiências nutricionais comuns no autismo; Descrever a complexidade envolvida entre alimentação e autismo; Comparar opiniões de autores sobre o autismo e a alimentação; Listar as dietas utilizadas no autismo e seus benefícios. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA No livro Outra Sintonia a História do Autismo, relata a história de Donald um menino que nasceu em 1933, e que aparentemente no primeiro ano de vida não apresentava sintomas de ser uma criança especial, mas que aos 4 anos de idade não conseguia ter concentração no que fazia com diversas manias estranhas, não conseguia 3 nem se alimentar, exigindo de sua mãe uma atenção constante para com o filho em tudo o que ele fazia. Naquela época crianças especiais eram consideradas um perigo para a sociedade e os médicos recomendavam a internação e não tinham instruções para os pais de como criá- las, as crianças eram internadas em clínicas até melhorarem, mas isso não aconteceu com Donald, até que os pais deles conseguiram quando ele tinha 5 anos uma consulta com o psiquiatra infantil kanner mais renomado da época dos Estados Unidos, e então foi descoberto o primeiro caso de autismo através de Donald, abaixo uma citação do livro Outra Sintonia a História do Autismo, tradução 2017, p. 35. A “descoberta” do autismo por kanner não foi repentina; foi, isso sim, um reconhecimento germinado com vagar que durou quase quatro anos desde que ele conheceu Donald. Esse reconhecimento culminou, em 1943, num artigo revolucionário protagonizado por um menino que ele chamou de “Donald T”. Quando da sua publicação em abril daquele ano, o número de casos que kanner vinha acompanhando havia subido para onze. Oito meninos e três meninas. O título do artigo era o próprio nome do transtorno por ele cunhado: “Autistic Disturbances of Affective Contact” [Distúrbio autista do contato afetivo]. Em breve kanner o substituiria por autismo infantil, o que simplesmente significava, em terminologia médica, que o autismo estava “presente na primeira infância”. O trabalho apresentado é uma pesquisa bibliográfica, cujo objetivo é evocar o pensamento sobre a alimentação, que se pode não erradicar os problemas decorrentes da presença do espectro do autismo ser minimizados e assim garantir uma melhor qualidade de vida aos portadores. O autismo é um dos transtornos invasivos do desenvolvimento mais conhecidos, é marcada pelo o aparecimento precoce de atrasos e desvios no desenvolvimento das competências sociais, comunicacionais e cognitivas, com perturbação dos processos normais, portanto, é uma síndrome, de comportamento definido com causas orgânicas também identificadas. Abaixo a página 2 da cartilha Direita das Pessoas com Autismo (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO 2011). O autismo é uma doença global (também conhecido como Transtorno do espectro do autismo), características Por meio das grandes mudanças na comunicação, Na interação social e comportamento filho. Essas mudanças levam a importante Dificuldade em se adaptar e aparecer em 03 anos, você pode notar que em Alguns 4 casos já estão nos primeiros meses de vida. O motivo não é claro Está estabelecido, mas é sabido que o autismo é Mais comum em crianças do sexo masculino e Independentemente de raça, origem geográfica ou Condições socioeconômicas. Segundo Gonzaléz (2005), além das características mais significativas percebidas em pacientes com esse transtorno (principalmente relacionadas ao mau desenvolvimento da linguagem e à má interação social), existem muitas doenças gastrointestinais que afetam os pacientes autistas, como enzimas digestivas, inflamação de a parede intestinal e alterações na permeabilidade intestinal, todas as quais podem agravar os sintomas do paciente. O objetivo básico dos pais deve ser incentivar e trabalhar com seus filhos, torná- los cada vez mais independentes e eliminar a necessidade de ajuda contínua e direta aos outros. Segundo Schwartzman (1995) p. 38: Entre os casos de etiologia não conhecida, há evidencias no sentido de uma maior probabilidade de irmãos de autistas serem, também afetados quando comparados com a população em geral. As atitudes repetitivas podem estender-se aos hábitos alimentares do indivíduo autista, que exibe desintegração sensorial e pode limitar seu consumo a poucos tipos de alimentos, limitar a consistência alimentar ou, ainda, associar seu consumo a determinados hábitos e compulsão alimentar. A dificuldade de processamento sensorial inclui sensibilidade excessiva ou insuficiente a estímulos sensoriais no ambiente (olfato, paladar, visão, audição e tato). Os indivíduosautistas costumam apresentar desintegração sensorial, que pode se manifestar na alimentação. A alimentação e as refeições são especialmente desafiadoras para esses sujeitos e seus cuidadores. Segundo Magagnin (2019) No livro Comer Para Nutrir de a seletividade alimentar em indivíduos com autismo pode estar relacionada à disfunção do processamento sensorial, especificamente à sensibilidade sensorial oral. Constantemente, relatos de pais de crianças com autismo atribuem seletividade alimentar a aversões a cor, sabor, cheiro e/ou textura. A sensibilidade sensorial pode levar os indivíduos com autismo a restringirem seu consumo de alimentos com texturas preferenciais, toleráveis e controláveis Ademais, a hipersensibilidade sensorial oral atípica (não comum) é associada a taxas mais altas de recusa alimentar, repertório alimentar mais restrito e baixo consumo de frutas e vegetais. 5 A falta de variedade alimentar pode colocar os indivíduos em risco nutricional. Magagnin (2019) sugere que uma a alimentação do espectro autista deve variar e incentivar a ingestão de alimentos, sendo ela através de cores desenhos e formar para incentivar a ingestão de nutrientes de qualidade. Os alimentos ultra processados passam por muitas etapas de processamento e apresentam ingredientes como sal, açúcar, óleos, gorduras e aditivos alimentares. Esses aditivos têm a função de aumentar a duração dos alimentos, colorir, dar sabor, aroma e textura que os tornem muito atraentes. Existem vários motivos para evitar o consumo dos ultra processados em indivíduos com autismo. Estudos mostraram que os aditivos alimentares nesse tipo de alimento, especialmente conservantes, corantes, xarope de milho rico em frutose e adoçantes artificiais, estão ligados ao comprometimento do autismo. Essas substâncias podem também causar desequilíbrios minerais (baixos níveis de zinco e fósforo, altos níveis de cobre). O papel dos nutrientes isolados individuais tem se mostrado insuficiente para explicar a relação entre dieta e saúde. Os resultados benéficos vêm do próprio alimento e da combinação de nutrientes e outros compostos que fazem parte da matriz alimentar, ao invés de nutrientes isolados. No entanto, devido a certos comportamentos dietéticos específicos de indivíduos com autismo, deficiências nutricionais, como a falta de vitaminas, minerais e ácidos graxos, podem piorar os sintomas do indivíduo. Pessoas com autismo podem ter falta de ingestão de cálcio, vitamina A, vitamina E, ferro, vitamina C, riboflavina, zinco, vitamina B6 e fibra alimentar. Nesse caso, as prescrições nutricionais devem ser feitas por nutricionista ou médico de acordo com as necessidades individuais do paciente. Segundo SORATTO (2019) “Os alimentos in natura, ou minimamente processados, devem ser base da alimentação diária de um autista, pois os mesmos contêm nutrientes e micronutrientes necessários”. Alguns incentivos mesmo diante da sensibilidade sensorial e dificuldades dietéticas, os fatores ambientais também podem desempenhar um papel decisivo para melhorar a escolha alimentar ou apoiar uma dieta mais diversificada. A escolha de intervenções como hábitos saudáveis com pais e cuidadores pode ser uma boa estratégia para melhorar os hábitos alimentares, pois esses fatores podem desempenhar um papel decisivo no fortalecimento das escolhas alimentares das crianças e no incentivo a dietas 6 adequadas. Alguns fatores frustrantes são que o hábito de assistir TV estimula o consumo de alimentos, mesmo sem estar com fome. Portanto, quanto mais concentrada a atenção do indivíduo nessa atividade, maior a capacidade de consumir alimentos. Complementando essa situação, a publicidade de alimentos promove a escolha de produtos ultraprocessados e com alto teor calórico sendo assim evitar fazer as refeições em frente a TV e estimular conteúdos didáticos que ajudem a fazer escolhas saudáveis. Sendo assim existem algumas deficiências nutricionais comuns no autismo, Segundo Caetano et al. (2018), além das características que as crianças com TEA apresentam, percebeu-se ainda inúmeras desordens gastrointestinais, como produção de enzimas digestiva diminuída, inflamação da parede intestinal e permeabilidade intestinal alterada. Estudos apontaram esses sintomas sendo diarreia persistente, obstipação, gases, inchaço abdominal, desconforto abdominal e regurgitação, o que pode acarretar nos sintomas dos portadores dessa síndrome como irritabilidade (HORVATH et al., 2002). Dados apontam que crianças com esta síndrome possuem deficiências nutricionais e, até três vezes mais chances de serem obesas, do que os adolescentes não autistas. Essas crianças possuem uma alimentação limitada e restritiva devido à seletividade alimentar, e alguns detalhes podem influenciar essa seletividade, como o odor, textura, cor e temperatura dos alimentos, o que pode contribuir para uma alimentação inadequada, com uma baixa ingestão calórica, e consequentemente, deficiência de vitaminas e minerais. Sendo assim o incentivo a alimentação saudável e pratica de atividade física adaptada e regular é o melhor caminho para um evoluir saudável. 1.Comportamentos relacionados à alimentação das crianças com TEA Variáveis Nº % Já passaram por fase de seleção de alimentos Sim 52 86,7 Não 8 13,3 Essas fases duraram: Dias 4 7,7 Semanas 7 13,5 Meses 41 78,8 Possuem dificuldades motoras com a 7 mastigação Sim 16 26,6 Não 44 73,3 Possuem facilidade para aceitar alimentos que não conhecem Sim 20 33,9 Não 40 66,6 Possui dieta com mais de 20 alimento Sim 28 46,7 Não 32 53,3 Insistem em ter algum utensílio específico para comer Sim 17 28,3 Não 43 71,6 FONTE: (BARROS 2018). Para (BARROS 2018) as dificuldades alimentares podem ser frequentes em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Dentre os problemas enfrentados no TEA, os alimentares ganham relevância por importante influência biopsicossocial. Objetivo: traçar o perfil alimentar de crianças com TEA, a fim de se observar a presença ou não de dificuldades alimentares nesse público. Casuística e Métodos: trata-se de um estudo descritivo-exploratório, de abordagem quantitativa envolvendo 60 cuidadores de crianças com TEA no Centro Educacional de Audição e Linguagem, realizado entre agosto e novembro de 2017. Utilizou-se o questionário Eating Profile adaptado. Os resultados foram analisados a partir de técnica estatística descritiva. Resultados: de 60 pais de crianças com TEA de 3 a 10 anos de idade, 75% mostraram não estar satisfeitos com a ingestão alimentar de seus filhos. Esses resultados foram relacionados ao limitado repertório de alimentos aceitos e recusa em provar ou comer novos alimentos. Conclusão: os resultados indicaram que crianças com TEA possuem dificuldades com a alimentação nos âmbitos da ingesta alimentar propriamente dita e comportamental. METODOLOGIA 8 Este estudo foi realizado através de pesquisa bibliográfica através de pesquisas em livros e artigos científicos sobre o tema, os resultados foram obtidos através de dados coletados de forma analítica e quantitativa. DISCUSSÃO E RESULTADOS Através desta pesquisa podemos observar que diversos autores relatam a mesma condição em relação aos autistas, dificuldade com a alimentação, limitada e restritiva devido à seletividade colocando essa população vulnerável e aumenta o risco de deficiência nutricional e obesidade. Apesar de existir vários livros e artigos ainda necessitamos de mais pesquisas sobre o tema, pois não temos ainda comprovação cientifica de dietas apropriadas para essa população. Sabemos que quanto antes os autistas forem acompanhados por equipe multiprofissional e seus respectivos cuidadoresmelhor são os resultados, estimulando uma dieta saudável e a prática de atividade física. REFERÊNCIAS BARROS, Bruna Silveira. Perfil alimentar de crianças com transtorno do espectro autista. 2018. 28 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Fonoaudiologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. CARVALHO, J. A .et. al. Nutrição e autismo: Considerações sobre a alimentação do autista. Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.5, n.1, Pub.1, Janeiro 2012. CAETANO, M.; GURGEL, D.; Perfil nutricional de crianças portadoras do espectro autista. Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 31, n.1, 2018. DIAS, E. C. Dieta isenta de glúten e caseína no transtorno do espectro do autismo: uma revisão sistemática. Revista Cuidarte, Minas Gerais, v. 9, n.1, p.1-16, 2018. DONVAN, John; ZUCKER, Caren. Outra Sintonia a História do Autismo. Tradução: ARAÚJO, Luiz A., Campanha das Letras, 2017. 9 GISELLE MAFRA, A Alimentação Tem Alguma Influência no Autismo? - Revista Saúde – Joinville. Agosto, 2019. HORVATH, K; PERMAN, J. A. Autism and gastrointestinal symptoms. Curr. Gastroenterol. Rep, Philadelphia, v. 4, n. 3, p. 251-258, 2002. Magagnin, T. et. al. Autismo: Comer para Nutrir a alimentação do autista. Almanaque Científico Extremo Sul Catarinense, v.5, n.1, Pub.1, Criciúma-SC, 2019. 10 1 Nome dos acadêmicos 2 Nome do Professor tutor externo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI > Nutrição (NTRO371) – Prática do Módulo I - 08/12/2020
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