Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Geovana Sanches - TXXIV DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO E TOPOGRÁFICO EM NEUROLOGIA DEFINIÇÕES Síndrome As síndromes correspondem a um conjunto de sinais e sintomas que são compartilhados por diversas etiologias distintas, de tal forma que elas se assemelham e se confundem. Para identificação de uma síndrome, é necessário ter conhecimento do exame neurológico e da fisiopatologia envolvida na mesma. Topografia A topografia consiste no local em que a lesão se encontra. Sua identificação é de grande auxílio para afunilar o leque dos diagnósticos etiológicos; para tal, faz-se necessários os conhecimentos acerca da neuroanatomia e neurofisiologia. O objetivo central no diagnóstico é definir a etiologia. Todavia, para tal, temos que inicialmente definir o diagnóstico sindrômico e topográfico. ROTEIRO A neurologia é composta por cinco grandes síndromes: (1) Síndromes cognitivas (2) Síndromes motoras (3) Síndromes sensitivas (4) Síndromes cerebelares (5) Síndromes de Nervos cranianos SÍNDROMES COGNITIVAS Neuroanatomia da cognição A cognição refere-se a soma de todas as funções intelectuais, associado ao comporta- mento. Sendo assim, inclui funções como a memória, cálculo, atenção, linguagem e outras funções motoras como a praxia (realização de um ato previamente aprendido). Ela depende, principalmente, do funcionamento adequado dos hemisférios cerebrais (frontal, parietal, temporal, occipital e ínsula), sendo alguns locais mais especializados para determinadas funções do que outros. Os hemisférios cerebrais são compostos por duas porções distintas: o córtex e a substância branca. • Córtex: é a porção mais externa, onde se encontram os corpos celulares dos neurônios. o Núcleos (ou gânglios) da base: ilhas profundas onde também há corpos celulares • Substância branca: é a porção mais interna, onde se alojam os axônios. o Os axônios podem ter mais de 1m e podem apresentar bainha de mielina. Assim, ao nos referirmos a doenças desmielinizantes, estamos falando sobre doenças que acometem a substância branca. Geovana Sanches - TXXIV Áreas corticais As funções cognitivas dependem dos neurônios corticais e de suas relações com outras áreas (redes neuronais). As áreas corticais podem ser divididas em: • Áreas primárias: contém as funções de motricidade e sensibilidade. o Área motora: relaciona-se aos movimentos propriamente ditos. o Área sensorial: relaciona-se com os órgãos do sentido (tato, olfato, paladar, audição, visão e sistema vestibular [equilíbrio]). • Áreas de associação: relacionam-se a cognição, promovendo a interpretação dos estímulos sensoriais e o planejamento das respostas motoras. o Secundárias (unimodais): está relacionada com a interpretação mais bem definida de um estímulo. § Planejam o movimento antes da ativação da área motora o Terciárias (heteromodais): estão relacionados a interpretação de aspectos não tão bem definidos; coordenam mais do que uma modalidade. § Córtex pré-frontal • Áreas límbicas e paralímbicas: estão relacionadas as emoções e ao comportamento. Camadas do córtex O córtex é formado por seis diferentes camadas, sendo a I a mais superficial e a VI a mais profunda; elas se diferenciam de acordo com o tipo celular. A depender da região cortical há diferença de espessura entre essas camadas. No córtex motor primário, por exemplo, há predominância das camadas V e VI, as quais apresentam células piramidais (ou células gigantes de Betz) especializadas na função motora. Por outro lado, no córtex sensitivo há uma camada V menos exuberante. Os córtex de associação são próximos ao seu córtex motor ou sensitivo; suas camadas são como uma “transição” entre o córtex motor e o sensitivo, apresentando um padrão intermediário das camadas. O principal córtex de associação heteromodal se encontra na área pré-frontal. Ela é responsável pela capacidade de inibição, ou seja, impede impulsos, verifica atos inadequados, entre outras coisas. Há alterações, tais como o álcool, privação de sono e Alzheimer, que afetam essa região, tornando o indivíduo desinibido. Principais redes neurais da cognição Função Topografias envolvidas Atenção Redes subcorticais tálamo-frontais Memória Núcleo basal de Meynert (colinérgico) e conexões com hipocampo e córtex entorrinal Linguagem Área de Broca (frontal), Wernicke (temporal) e fascículo arqueado no hemisfério dominante Funções executivas Pré-frontal dorsolateral Praxias Lóbulo parietal inferior (giro angular e supramarginal) dominante, área motora suplementar (frontal) e corpo caloso Habilidades visuoespaciais Gnosias: têmporo-occipital e parieto-occipital Heminegligência: frontal (cíngulo anterior, pré-frontal, dorsolateral e área motora suplementar), parietal (inferior e giro angular), núcleos da base Geovana Sanches - TXXIV As redes neurais são comunicações entre neurônios de diferentes áreas. É importante sabermos que a cognição não depende apenas de uma área, mas sim dessas redes. Ao falarmos em atenção, por exemplo, não há dependência do tálamo e lobo frontal isoladamente, mas sim das conexões que essas porções apresentam. Atenção A atenção é a função cognitiva mais importante, tendo em vista que sem ela, nenhuma das demais pode ser executada. Uma alteração importante é o Delirium, o qual pode ser visto como “o choro do idoso” por poder significar diversas coisas, tais quais infecções e desidratação. O delirium ou estado confusional agudo é uma síndrome mental orgânica que, em grande parte das vezes, não se relaciona a uma alteração neurológica. Dessa forma, quando o quadro base é revertido, o paciente retorna ao seu estado basal de atenção. Memória A memória é dependente das conexões entre o núcleo basal de Meynert (localizado na região basal do lobo frontal) e o hipocampo (localizado profundamente no lobo temporal). Uma alteração importante na memória é a doença de Alzheimer, na qual os neurônios do hipocampo sofrem inatividade, tornando indivíduo incapaz de reter informações. Linguagem A linguagem é dependente da conexão das áreas de Broca (lobo frontal) e Wernick (lobo temporal), o que se dá através de uma rede de fibras denominada fascículo arqueado. Vale ressaltar que a linguagem se encontra no hemisfério dominante, o qual é o esquerdo em 99% dos destros e 70% dos canhotos. Funções executivas As funções executivas dizem respeito a capacidade de planejamento e execução. Elas dependem das redes pré-frontais dorsolaterais. Praxias As praxias referem-se a habilidades motoras, de forma que lesões nos seus circuitos responsáveis levam a perda de movimentos previamente aprendidos. Habilidades visuoespaciais As gnosias dependem da região temporo- occipital e parieto-occiptal, enquanto as habilidades visuoespaciaias de heminegligência dependem de lesões frontais e parietais. As síndromes cognitivas 1. Memória 2. Linguagem 3. Praxia 4. Habilidades visuoespaciais 5. Comportamento (região pré-frontal) a. Disfunção executiva b. Apatia-abulia: apatia se refere a perda de empatia (indiferença) e abulia, a perda de iniciativa c. Desinibição: perda do “freio” social d. Esterotípica: leva o paciente a repetir comportamentos MEMÓRIA Existem dois tipos básicos de memória: a de curto prazo e da de longo prazo. Todavia, dentro dessa classificação há outras divisões. Memória de curto prazo Trabalho • Refere-se ao conjunto de informações relativas à determinada atividade. Ao ativarmo-las, trazemos a mente tudo o que sabemos sobre aquele assunto. • É como uma mesa de trabalho, na qual cada gaveta possui um assunto • Exemplo: ao falarmos sobre o ballet clássico, pensaremos nas informações que sabemos acerca dele e não sobre o hip hop. Imediata • Dura cerca de 30 segundos • Não é dependente do hipocampo • Exemplo:utilizada para decorar um número de telefone para ligar e pedir uma pizza; após o pedido, já não nos lembramos mais do número. Memória de longo prazo Declarativa A memória declarativa está relacionada a fatos e eventos; é formada no hipocampo. Ela permite nos mensurar/dizer quando aquela memória foi assimilada. • Episódica: relacionada aos fatos Geovana Sanches - TXXIV o É a mais importante na neurologia o Depende do hipocampo o Quando lesada, o indivíduo perde a capacidade de assimilar novas memórias, mas as antigas permanecem. É a memória perdida, por exemplo, na doença de Alzheimer. • Semântica: relacionada aos conceitos; ao reconhecimento das coisas. o Quando preservada, reconhecemos o objeto/ato, mas não sabemos necessariamente quando isso ocorreu (pois isso depende da integridade da memória episódica) Não declarativa (ou procedural) A memória não declarativa refere-se a atividades e projetos; é formada pelos gânglios da base e cerebelo. São habilidades adquiridas após determinado treinamento e, posteriormente, não é mensurada, sendo apenas um condicionamento. • Habilidade: refere-se à capacidade de execução. • Condicionamento: repetição de atitudes baseada em um estímulo específico. o Exemplo: experimento no qual batia-se um sino e alimentava o animal; após um período, ao bater o sino, o animal já salivava. • Habituação: refere-se ao hábito de fazer ou utilizar algo, não mais “lembrando” disso. o Exemplo: sentamo-nos sobre a região isquiática, mas não lembramos disso pois já sofreu habituação. • Priming: trata-se de uma memória cuja exposição prévia leva a uma resposta esperada. o Utilizada no mundo da publicidade e propaganda. Funcionamento da memória Ao recebermos um estímulo, este é recebido e processado pelo córtex. A seguir, é enviado ao hipocampo, local que auxilia no fortalecimento das sinapses e estabelecimento da memória. As sinapses podem voltar ao córtex, de forma a ser retida como memória de longo prazo. Amnésia global transitória A amnésia global transitória consiste em um déficit agudo de memória recente e de retenção de informações. Relaciona-se, portanto, a perda de memória episódica em decorrência da não assimilação de novas informações pelo hipocampo. Características • Preservação de memória de curta duração e remota • Duração < 24h • Sem outras disfunções cognitivas associadas • Mais comum em indivíduos acima de 50 anos • Pode ser uma manifestação de crise epiléptica Importante O estado de amnésia global transitória não tem relação com “confusão mental”, apesar disso ser relatado pelos pacientes. A confusão mental, por definição, refere-se à alteração na atenção e os pacientes com amnésia global transitória não estão desatentos, apenas não conseguem reter informações durante aquele dia. Encefalopatia de Wernicke-Korsakoff (PROVA) A encefalopatia de Wernicke-Korsakoff é de extrema importância. Ela é ocasionada pelo déficit de vitamina B1 (tiamina), de forma que acomete indivíduos que não absorvem bem a vitamina ou não a ingerem. A tiamina é consumida na via glicolítica. Sendo assim, ao suspeitar de um quadro de Encefalopatia de Wernicke-Korsakoff, não podemos administrar glicose para o paciente, pois isso levará a uma queda ainda maior de tiamina, podendo levar a necrose do cerebelo e ao óbito. Grupos de risco • Etilistas o Atenção ao administrar glicose em pacientes alcoolizados, pois isso pode desencadear a encefalopatia. • Desnutridos • Cirurgia bariátrica • Doença inflamatória intestinal Fases à Fase crônica (Síndrome de Kowsakoff) • Amnésia anterógrada (perda de memória recente; o paciente não consegue reter informações desde que a doença se iniciou) + • Confabulações (paciente inventa histórias) Geovana Sanches - TXXIV à Agudização (Encefalopatia de Wernicke) A encefalopatia de Wernicke é caracterizada pela tríade clássica mencionada a seguir. Ao identificarmos qualquer paciente com tal quadro, a primeira conduta é administrar tiamina. • Confusão mental (Delirium; sem atenção) + • Ataxia (perda de coordenação) + • Oftalmoparesia (paralisia da musculatura ocular; o paciente não consegue olhar para os lados) LINGUAGEM A linguagem refere-se à capacidade do ser humano em se comunicar. Ela é dependente do hemisfério cerebral dominante, o qual é o esquerdo na maioria dos indivíduos. Dentro desse hemisfério encontram-se duas importantes áreas da linguagem, as quais são comunicadas pelo fascículo arqueado: • Área de Broca o Lobo frontal o Área motora ou da expressão da linguagem o Dicas § Broca era francês, língua mais fácil de entender do que o alemão (Wernicke) § O carro tem a broca, se relacionando ao motor • Área de Wernicke o Lobo temporal o Área sensitiva ou da compreensão da linguagem o Dica § Wernicke era alemão, língua mais difícil de entender que o francês. Avaliação da linguagem A avaliação da linguagem inclui 4 parâmetros: 1. Nomeação o É o mais importante o Para sua avaliação, solicitamos que o paciente nomeie 5 objetos, 5 cores e 5 partes do corpo 2. Repetição o Para sua avaliação, solicitamos que o paciente repita a frase “nem aqui, nem ali, nem lá” 3. Fluência o Consiste na capacidade de falar múltiplas palavras em um curto período de tempo o Para sua avaliação, solicitamos que o paciente mencione todos os animais que ele lembra em 1 minuto, sendo ideal que ele nos diga ao menos 12 4. Compreensão o Para sua avaliação, solicitamos que o paciente obedeça a um comando, como por exemplo, fechar os olhos Afasias Quando o paciente tem alteração na Área de Broca ou na Área de Wernicke, ele apresenta disfasia. Caso a alteração esteja em ambas as áreas, estamos diante de uma afasia. É importante mencionar que a afasia não é uma condição congênita, ou seja, nenhum paciente nasce afásico. Ela é decorrente de uma lesão neurológica com consequente perda da linguagem. Tipos de afasia Todos os pacientes afásicos apresentam déficit de nomeação, sendo a diferenciação entre elas através dos demais parâmetros. Afasia de Broca A disfasia de Broca é a mais importante e é decorrente de uma lesão no lobo frontal do hemisfério dominante (geralmente, o esquerdo). Trata-se de uma afasia motora, ou seja, o paciente não tem a capacidade de falar (alteração na nomeação, repetição e fluência). Todavia, sua compreensão está preservada (Wernicke ✓). Geovana Sanches - TXXIV à Exemplo https://www.youtube.com/watch?v=jGd88GE0Ki M O paciente se apresenta atento e não consegue nomear, mas compreende o que o examinador quer. Afasia de Wernicke A afasia de Wernicke consiste na perda da compreensão, estando apenas a fluência preservada. Assemelha-se a um estado de confusão, porém na afasia o paciente está atento (em caso de desatenção, estamos diante de um delirium). à Exemplo https://www.youtube.com/watch?v=4corrSyDsJ0 O paciente se apresenta atento, mas não compreende o que o examinador fala. Ele tem a fluência preservada, conseguindo falar um grande número de palavras por minuto (ainda que neologias); é com uma “salada de palavras”. Afasia global A afasia global ocorre quando todas as funções estão prejudicadas, ou seja, o paciente é incapaz de realizar nomeação, repetição, fluência e compreensão. Afasia “do papaguaio” A afasia “do papaguaio” diz respeito a afasia transcortical motora, na qual o paciente é capaz de repetir palavras (repetição) e dizer um grande número delas por minuto (fluência), mas é incapaz de nomear e compreender o que está sendo dito. Vale lembrar, entretanto, que o papagaio não é um ser afásico, pois ele nunca teve essas capacidades. A afasia é uma alteração adquirida. Importante Não podemos confundir as afasias com disartria ou dislalia, a saber: • Disartria: consistena dificuldade de pronunciar as palavras, porém com a escrita preservada (o afásico apresenta alteração nessa função). • Dislalia: alteração no desenvolvimento da linguagem, de forma que o paciente nunca falou de maneira correta. É a fala do cebolinha. PRAXIAS As praxias consistem na capacidade de realizar um ato motor previamente aprendido, sem a necessidade de programá-lo novamente. São exemplos: segurar a caneta, pentear o cabelo, colocar a roupa etc. Os atos práxicos ficam gravados no lóbulo parietal inferior esquerdo. Quando queremos realizar esse ato, ativa-se inicialmente a área pré- motora esquerda (área de associação unimodal), a partir da qual será ativada a área responsável pela ação requerida. Caso o movimento desejado seja do lado direito, a área pré-motora esquerda já possibilita toda a comunicação (movimento é contra-lateral). Por outro lado, caso o indivíduo quisesse realizar o movimento com o lado esquerdo, a informação segue via corpo caloso para a área pré-motora direita, seguindo posteriormente até a área motora primária direita. Apraxia A apraxia consiste na perda de movimentos previamente aprendidos, por uma lesão no circuito mencionado. É um quadro parcial, ou seja, não é necessário que o indivíduo não consiga realizar 100% dos movimentos para que seja apráxico, ele pode apresentar apenas algumas funções prejudicadas. HABILIDADES VISUOESPACIAIS Gnosias As gnosias dizem respeito a capacidade de reconhecer algo através do tato, visão ou audição. Ela depende de duas vias principais: • Via Dorsal (Onde?) o Utilizada para se orientar no espaço Geovana Sanches - TXXIV o Vai do lobo occipital em direção ao lobo parietal § O gPs nos orienta • Via Ventral (o que?) o É a via de orientação e identificação o Vai do lobo occipital em direção ao lobo temporal Agnosias à Exemplo 1 Se mostrarmos uma caneta para o paciente e ele não souber que aquilo é uma caneta pela visão, estamos diante de uma agnosia. à Exemplo 2 “Assim que o vi, em poucos segundos, ficou evidente que não havia traço algum de demência(...). Ele(...) falava bem, com fluência, imaginação e humor (...). No entanto, havia alguma coisa meio estranha. Ele ficava de frente para mim quando falava (...), me encarava com os ouvidos (...), mas não com os olhos (...). Estes faziam estranhas fixações súbitas – em meu nariz, minha orelha direita, desciam até o meu queixo, subiam para meu olho direito – como se estivessem (...) estudando essas características individuais, porém sem enxergar o rosto inteiro (...), ‘eu’ como um todo (...). Quando retornei, o dr P estava sentado placidamente perto da janela, atento, ouvindo em vez de olhar para fora. O ‘o tráfego (...), sons das ruas, trens à distância (...) uma espécie de sinfonia’ (...). ‘Posso ajudá-lo (...) a calçar o sapato?’ (...) Seu olhar parou sobre seu pé. ‘Esse é meu sapato, não?!’ (...) ‘O sapato está ali’. ‘Ah, pensei que aquele fosse meu pé. (...) Ele também parecia ter decidido que o exame terminara, e começou a olhar em volta à procura do seu chapéu. Estendeu a mão e agarrou a cabeça de sua mulher, tentou erguê-la e tirá-la para pôr em sua cabeça. Parecia que ele tinha confundido sua mulher com um chapéu! Ela olhava como se estivesse acostumada com coisas assim (...). Como ele podia, por um lado, confundir sua mulher com um chapéu e, por outro, (...) lecionar na faculdade de música? (...) Poucos dias depois, fui à casa do dr P (...) No caminho para o apartamento (...), eu havia (...) comprado uma vistosa rosa vermelha (...). Ele a pegou como um botânico ou morfologista (...) e não como alguém que recebe uma flor. ‘Uns 15 cm de comprimento, uma espiral vermelha com um anexo linear verde’ (...) ‘E o que o senhor acha que é isso? (...) ‘Cheire’, sugeri. (...) fez como pedi e levou a flor ao nariz (...) ‘Lindo (...) uma rosa temporã. Que aroma divino’” Nesse exemplo, verifica-se que o paciente não está desatento ou confuso. Todavia, ele confundiu sua mulher com um chapéu e não identificou a flor pela visão – porém identificou-a através do cheiro. Temos, portanto, uma agnosia visual. Atenção espacial O hemisfério cerebral esquerdo, geralmente envolvido com a linguagem, está ocupado com essa função, de forma que só consegue prestar atenção no lado direito do nosso corpo. Já o hemisfério direito está mais livre e, assim, presta atenção em ambos os lados do nosso corpo. Quando há uma lesão no hemisfério direito, por exemplo, a atenção espacial do lado esquerdo será totalmente perdida, o que resultará em uma heminegligência (o paciente ignora o meio externo e/ou interno de um lado – geralmente à esquerda, por lesão do hemisfério não domintante). Lesões mais comuns • Lobo parietal direito: giro angular • Lobo frontal direito o Cíngulo anterior o Área pré-frontal o Área motora suplementar Testes Ao realizarmos o teste do relógio ou solicitar que o paciente desenhe um objeto, observaremos que ele fará apenas metade dele, ignorando o lado alterado. Um outro teste possível é utilizar a “figura do roubo dos biscoitos”, sendo que nesse caso o paciente verá a mulher lavando a louça, a água escorrendo pela pia, mas ignorará as crianças roubando os Geovana Sanches - TXXIV biscoitos, pois essa imagem encontra-se ao lado esquerdo. Ele pode ser utilizado, por exemplo, em pacientes com AVC. SÍNDROMES PRÉ-FRONTAIS: COMPORTAMENTO As síndromes pré-frontais referem-se as alterações do comportamento, tais quais a disfunção executiva, apatia-abulia, desinibição e estereotipia. Disfunção executiva A disfunção executiva diz respeito a incapacidade de fazer movimentos planejados. Ela pode ser avaliada através dos seguintes testes: Teste da figura complexa de Rey O racional é que o indivíduo inicie o desenho por um retângulo grande, dividindo a figura posteriormente. Teste do relógio É o teste mais utilizado. Solicitamos que o paciente desenhe um relógio, coloque os números em seu interior e aponte os ponteiros para horas em quadrantes diferentes (ex. 11h10min). Esse teste vai piorando de acordo com a evolução da doença de Alzheimer. Torre de Hannoi Solicitamos ao paciente que passe a torre para o pino do lado na ordem e para a próxima torre em seguida, utilizando o menor número de movimentos possíveis. Teste de stroop Solicitamos que o paciente nos diga em que cor a palavra está escrita (e não o que está efetivamente escrito). Para realizá-lo adequadamente, temos que inibir o impulso de ler, o que não ocorre em pacientes com disfunção executiva. Desinibição A desinibição diz respeito a um comportamento desinibido, exagerado, fora dos padrões sociais. Em casos de quadros psiquiátricos sem melhora, é interessante avaliar se não há uma lesão pré-frontal ou frontal que esteja afetando o comportamento daquele indivíduo. Essa disfunção foi descoberta com o caso Phineas Gage, um funcionário de uma estrada de ferro que era muito sentato. Durante o trabalho, um acidente fez com que uma barra de ferro perfurasse sua região malar e crânio, provocando uma lesão na região pré-frontal bilateral. A partir disso, o paciente “perdeu a noção”, permitindo a primeira associação entre quadros neurológicos e a função cognitiva. SÍNDROMES CEREBELARES Divisão anatômica do cerebelo O cerebelo encontra-se na porção posterior do tronco encefálico. Ele pode ser dividido em três porções principais: lobo anterior, lobo posterior e lobo flóculo-nodular. Além das três áreas principais, na porção central do cerebelo, encontra-se o verme. Geovana Sanches - TXXIV Divisão funcional do cerebelo Arquicerebelo • Também denominado vestíbulo-cerebelo • É a porção mais antiga do cerebelo em critérios evolutivos • Corresponde ao lobo flóculo-nodular • Controla o equilíbrio e os movimentos oculares Paleocerebelo• Também denominado espinocerebelo • Corresponde ao verme cerebelar • Troca informações com a medula espinal acerca dos músculos antigravitacionais • Responsável pela postura e locomoção Neocerebelo • Também denominado cérebro-cerebelo • É a porção mais recente do cerebelo em critérios evolutivos • Corresponde aos lobos anterior e posterior • Relacionasse com o planejamento motor Síndrome cerebelar axial A síndrome cerebelar axial envolve o arquicerebelo (lobo flóculo-nodular) e o paleocerebelo (verme), levando as seguintes alterações: • Marcha ebriosa: marcha de passos irregulares, com diferentes tamanhos, de bases alargadas e em direções distintas, com tendência à queda. Assemelha-se ao andar de um indivíduo embriagado. • Fala escandida / Disartria atáxica: enunciação lenta e tendência a hesitação no início de uma palavra ou sílaba (pausa longa entre as palavras). Assemelha-se a fala do Barney em os Flintstones: “ei, Fred”. • Alterações da motricidade ocular (nistagmo): movimento ocular pendular / irregular com resposta rápida. Síndrome cerebelar apendicular A síndrome cerebelar apendicular envolve o neocerebelo (lobos anterior e posterior). Durante um movimento habitual, o córtex motor envia informações via trato cortico-espinal para os núcleos pontinos. O núcleo pontino, por sua vez, prossegue com a informação para o núcleo denteado contralateral, o qual se encontra no cerebelo. No núcleo denteado, a informação é processada e corrigida, sendo posteriormente devolvida para o núcleo rubro (mesencéfalo). A partir daí, a informação vai até o tálamo, ascendendo até o córtex motor. Sendo assim, as informações provenientes do cerebelo chegam ao córtex, o qual é ativado para atuar no lado oposto. Quando há uma lesão cerebelar, há, portanto, sintomas ipsilaterais, ou seja, uma lesão no hemisfério esquerdo levará a uma alteração no lado esquerdo do organismo. Isso, pois, a via cruza e descruza. Os seguintes sinais são encontrados: • Dismetria: erro na pontaria, alterando o teste índex-nariz • Disdiadococinesia: dificuldade na realização de movimentos rápidos alternados • Decomposição de movimentos: o indivíduo realiza diversos movimentos para atingir um alvo; o movimento não é fluido, associando-se a tremor de intenção. Há alteração do teste calcanhar-joelho Síndrome cerebelar global A síndrome cerebelar global ocorre quando há acometimento das três porções cerebeladres: arqui, paleo e neocerebelo, unindo as alterações da síndrome cerebelar axial e apendicular. SÍNDROMES DE NERVOS CRANIANOS Regra para decorar os 12 pares de nervos 1. N. Olfatório: temos apenas um nariz 2. N. Óptico: temos dois olhos Geovana Sanches - TXXIV 3. N. Oculomotor: o 3 de cabeça para baixo parece a letra M e um óculos 4. N. Troclear: quaTROclear 5. N. Trigêmeo: mamãe + papai + trigêmeos = família com 5 pessoas 6. N. Abducente: o som do Seis é semelhante ao do abducente (Abduiseiste) 7. N. Facial: o 7 virado ao contrário parace um F, de facial 8. N. Vestíbulo-coclear: precisamos tirar 8 para passar no vestibular 9. N. Glossofaríngeo: o 9 se assemelha ao g, de glossofaríngeo 10. N. Vago: o 10 tem zero, que é um número vago 11. N. Acessório: o 11 parece um par de brincos, que é um belo acessório 12. N. Hipoglosso: o H se assemelha ao número 2 em romano I-I Todos os nervos cranianos passam de alguma forma pelo tronco encefálico. • Mesencéfalo: núcleos para o III e IV nervos o + parte do núcleo do V nervo • Ponte: núcleos para o VI e VII nervos o + maior parte do núcleo do V nervo o + parte do núcleo do VIII nervo • Bulbo: núcleos para o IX, X, XI e XII nervos o + parte do núcleo do V nervo o + parte do núcleo do VIII nervo • Os núcleos principais dos nervos I e II não estão no tronco encefálico, todavia, ambos apresentam sinapses com núcleos do tronco. VIA VISUAL (II NERVO CRANIANO) Componentes da via visual • Retina temporal: porção mais lateral • Retinas nasais: porção mais medial • Campos visuais • Nervo óptico • Quiasma óptico • Trato óptico • Corpo geniculado lateral (tálamo) • Radiação óptica A via visual se inicia na retina, a qual recebe informação luminosa cruzada dos campos visuais, ou seja, a retina nasal recebe informação do campo visual temporal, enquanto a retina temporal recebe informação do campo visual nasal. A partir da retina há formação do nervo óptico, o qual se anastomosa com o lado contralateral para formar o quiasma óptico (próximo à hipófise). Do quiasma óptico se origina o trato óptico, o qual vai até o corpo geniculado lateral no tálamo. A partir do tálamo partem fibras que passam pelos lobos parietal (campo visual inferior) e temporal (campo visual superior), formando a radiação óptica, a qual chegará no córtex visual primário localizado no lobo occipital. Campos visual nasal Campo visual nasal à retina temporal à segue pela parte lateral do nervo óptico à trato óptico ipsilateral à corpo geniculado lateral (tálamo) à • Imagem do campo visual nasal superior vai para o lobo temporal à córtex visual primário (lobo occipital) • A imagem do campo visual nasal inferior vai para o lobo parietal à córtex visual primário (lobo occipital) Geovana Sanches - TXXIV Campo visual temporal Campo visual temporal à retina nasal à nervo óptico à decussação no quiasma óptico à trato óptico contralateral à corpo geniculado lateral (tálamo) à • Imagem do campo visual temporal superior vai para o lobo temporal à córtex visual primário (lobo occipital) • A imagem do campo visual temporal inferior vai para o lobo parietal à córtex visual primário (lobo occipital) Lesões da via visual As lesões da via visual podem ocorrer em quatro locais distintos: nervo óptico, quiasma óptico, radiação ótpica ou lobo occipital. 1) Lesão no nervo óptico • Afeta os 4 quadrantes ipsilaterais • Paciente apresenta anopsia monocular • Causa mais comum: neurite óptica por esclerose múltipla 2) Lesão no quiasma óptico • Afeta as imagens que chegam nas retinas nasais, ou seja, as provenientes dos campos temporais • O paciente não enxerga nada proveniente dos campos temporais de ambos os olhos, mas a visão dos campos nasais está preservada. Sendo assim, ele apresenta hemianopsia bitemporal. o É como a visão dentro de um túnel, em que só visualizasse a parte central. • Causa mais comum: tumor de hipófise (comprime o quiasma) 3) Lesão do lobo temporal • Alteração da radiação óptica que só acomete fibras temporais • As fibras temporais pegam quadrantes superiores, de forma que o indivíduo não vai ver o quadrante lateral superior • Paciente apresentará quadrantanopsia homônima superior contralateral. 4) Lesão do lobo occipital • Afeta a imagem do campo visual contralateral de ambos os lados • Paciente terá hemianopsia homônima contralateral • Causa mais comum: AVC de artéria cerebral posterior o AVC do lado direito à perda total da visão à esquerda o AVC do lado esquerdo à perda total da visão à direita MOTRICIDADE OCULAR Motricidade ocular extrínseca A motricidade ocular extrínseca depende do III, IV e VI pares de nervo craniano. Nervo oculomotor (III NC) • Músculo reto superior (RS): permite o olhar para cima • Músculo reto inferior (RI): permite o olhar para baixo • Músculo reto medial (RM): permite que o olho vá para o lado, em associação com outros músculos o olhar para a esquerda: reto lateral esquerdo + reto medial direito o olhar para a direita: reto lateral direito + reto medial esquerdo Geovana Sanches - TXXIV • Músculo oblíquo inferior (OI): afasta o polo superior do nariz (extorsão) Além da inervação da musculatura extrínseca dos olhos, o nervo oculomotor (III NC) também é responsável pela motricidade intrínseca dos olhos, levando a miose. Inerva, ainda, o músculo elevadorda pálpebra, de forma que lesões do oculomotor podem levar a ptose palpebral. Nervo Abduscente (VI NC) • Músculo reto lateral (RL): faz com que o olho vá para o lado (abduscente) junto ao reto medial (oculomotor) Nervo troclear (IV NC) • Músculo oblíquo superior (OS): faz o movimento de aproximar o polo superior do nariz (intorsão). OS4 RELA6 REST3 • IV NC = músculo oblíquo superior • VI NC = músculo reto lateral • III NC = o restante (músculo reto medial, músculo reto superior, músculo reto inferior e músculo oblíquo inferior) Motricidade ocular intrínseca A motricidade ocular intrínseca se refere a inervação pupilar, a qual se dá pelo sistema nervoso autônomo. A ação conjunta do sistema nervoso simpático e parassimpático faz com que a pupila apresente um tamanho médio. Quando algum dos dois se sobressai há alteração do tamanho da pupila. • Sistema nervoso simpático o Dilatação da pupila (midríase) o Diencéfalo (hipotálamo) à mesencéfalo à ponte à bulbo à medula cervical à medula torácica à ápice pulmonar à artéria carótica interna à midríase • Sistema nervoso parassimpático o Contração da pupila (miose) o Realizado pelo III nervo craniano (oculomotor), o qual apresenta função parassimpática o Mesencéfalo à III NC à miose Lesão do simpático • Perda da capacidade em realizar midríase • Resulta na contração pupilar do lado da lesão Síndrome de Horner A síndrome de Horner pode ser ocasionada por uma lesão em qualquer ponto da via, tais quais o hipotálamo, tronco, medula cervical, medula torácica, gânglio cervical superior, ápice pulmonar (ex. câncer de pulmão) e dissecção de carótida. Consiste em uma lesão do sistema nervoso simpático, causando: • Miose: como há lesão do simpático, o parassimpático assume a função, levando a contração pupilar • Semiptose: o sistema nervoso simpático inerva o músculo tarsal, responsável por “esbugalhar” o olho; quando há perda dessa função, temos semiptose • Anidrose: o sistema nervoso simpático controla a sudorese e a perda disso leva a anidrose ipsilateralmente Tumor de Pancoast O tumor de Pancoast é a principal causa de síndrome de Horner. Trata-se de um tumor que acomete a região apical da caixa torácica, primário ou metastático. Pode ocasionar dor no ombro associada a alterações do simpático. Sempre deve ser suspeitado em pacientes com síndrome de horner + tosse + dor no ombro. Lesão do parassimpático • Perda da capacidade em realizar miose • Resulta em uma dilatação pupilar do lado da lesão (anisocoria) Reflexo fotomotor Geovana Sanches - TXXIV • Aferência: II NC (nervo óptico) • Eferência: III NC (nervo oculomotor) • Centro de integração: mesencéfalo – sinapse entre as vias aferente e eferente Existe o reflexo fotomotor direto e o reflexo fotomotor indireto (ou consensual). No primeiro, iluminamos um olho e avaliamos a resposta no mesmo olho, enquanto no segundo iluminamos um olho e avaliamos a resposta no outro. Isso se dá pela sinapse que ocorre entre o nervo óptico com os dois nervos oculomotores. Lesão no nervo óptico (II NC) • Estímulo ao lado lesionado à não há contração de nenhuma das pupilas, pois a informação não chega ao mesencéfalo • Estímulo ao lado saudável à ambas as pupilas contraem (reflexo fotomotor direto e consensual) Lesão no nervo oculomotor (III NC) • Estímulo luminoso à chega ao mesencéfalo e é transmitida ao nervo oculomotor preservado à assimetria na resposta (anisocoria) o Há contração da pupila no lado em que o nervo oculomotor está preservado, mas não há resposta na pupila inervada pelo nervo oculomotor lesado • Nervo oculomotor direito lesado o Não há contração da pupila direita (reflexo fotomotor direto abolido) o Há contração da pupila esquerda (reflexo fotomotor indireto ou consensual preservado) Reflexo de acomodação • Aferência: II NC (nervo óptico) • Eferência: III NC (nervo oculomotor) • Centro de integração: mesencéfalo O reflexo de acomodação se refere a contração das pupilas quando um objeto é aproximado dos olhos. A perda desse reflexo se dá, em geral, por lesão no mesencéfalo: • Reflexo fotomotor abolido + reflexo de acomodação presente à dissociação luz- perto (pupila de Argyll-Robertson) o Ocorre na neusossífilis • Perda do oculomotor à funcionamento exclusivo do sistema nervoso simpático à pupila dilatada (midríase) à anisocoria Lesão do nervo oculomotor (III NC) O núcleo do nervo oculomotor encontra-se no mesencéfalo. Apresenta duas porções principais: • Fibras pupilares o pertencem ao sistema parassimpático o são mais periféricas e superiores • Fibras oculomotoras o mais superiores o responsáveis pela motricidade extrínseca § M. reto medial § M. reto superior § M. reto inferior § M. oblíquo inferior o inervação do músculo elevador da pálpebra Uma paralisia do músculo oculomotor leva, portanto, a ação dos músculos cuja inervação está preservada, ou seja, músculo oblíquo superior (nervo troclear) e músculo reto lateral (nervo abduscente), resultando em um olho para baixo e na diagonal. Na lesão do III NC, temos, portanto: ptose palpebral + midríase + olho descolado para baixo e para diagonal. Oclusão do Vasa nervorum O vasa nervorum é responsável pela nutrição do nervo oculomotor. Ele é mais calibroso na periferia e mais delgado no centro, pois ramifica-se para o interior do nervo. Diversas doenças podem levar a microangiopatia do vasa nervorum, ocasionando sua oclusão. A principal entre elas é o diabetes mellitus, doença extremamente prevalente em nossa sociedade. Geovana Sanches - TXXIV • Maior acometimento inicial das fibras centrais, levando a ptose e desvio do olho o Pupila é poupada (pupil sparing) § Indica neuropatia diabética Lesões com efeito de massa (hematoma) Quando há lesão no hemisfério cerebral com efeito de massa, como um hematoma, isso “empurra” as fibras motoras, com consequente paresia contralateral e leva a hérnia do uncus temporal (hérnia uncal), a qual comprime o III NC. • Lesão do hemisfério direito à empurra fibras motoras à paciente parético à esquerda; • Lesão empurra o uncus temporal à herniação para o espaço infra-tentorial (abaixo da tenda do cerebelo à contato e compressão do nervo oculomotor à afeta fibras mais periféricas principalmente (fibras pupilares) à midríase com olho centrato (pois apenas as fibras pupilares foram afetadas) Tríade clássica da hérnia uncal 1. Midríase (com olho centrado) 2. Hemiplegia contralateral 3. Coma Aneurisma da A. comunicante posterior A artéria comunicante posterior passa ao lado do nervo oculomotor. Quando há um aneurisma, este pode crescer e esmagar as fibras pupilares. Quando isso ocorre há: • Cefaleia súbita o Decorrente do crescimento do aneurisma o Atinge a intensidade máxima em um minuto • Anisocoria o Por compressão do oculomotor o Midríase unilateral • Hemorragia subaracnoide o Sangramento para o LCR • Paciente pode estar acordado Lesão no núcleo do oculomotor • Lesão no mesencéfalo • Alterações o Midríase o Estrabismo § Desvio do olho para fora e para baixo o Ptose palpebral Lesão do nervo troclear (IV NC) O nervo troclear é responsável pela inervação do músculo oblíquo superior, o qual é sinérgico ao músculo oblíquo inferior (inervado pelo oculomotor). O oblíquo superior faz com que olhemos para baixo. Quando há uma lesão que afeta esse músculo ocorre, portanto, desvio do olhar do olhar para cima, pois há ação exclusiva do músculo oblíquo inferior. • Olho desviado para cima, com dificuldade de olhar para baixo • Diplopia piora ao olhar para baixo e ao inclinar a cabeça para o lado lesionado o Indivíduo tomba a cabeça contralateralmente à lesão o Nervo patético Lesão do nervo abducente (VI NC) O nervoabducente é responsável pela inervação do músculo reto lateral, o qual é sinérgico ao músculo reto medial (inervado pelo oculomotor). Assim, quando há lesão, apenas o reto medial funciona, ocasionando: • Paralisia do olhar horizontal • Estrabismo convergente o Paciente fica “vesgo” PARALISIA FACIAL A mímica facial é uma atribuição do VII nervo craniano (nervo facial), sendo formada por informações concomitantemente provenientes de ambos os hemisférios cerebelares, um inervando os dois andares superiores da face e o outro, o andar superior da face em ambos os lados. Paralisia facial periférica • Comprometimento do andar superior e inferior da face ipsilateral o Lesão periférica o Lesão do 2º neurônio motor Geovana Sanches - TXXIV • Perda da mímica facial ipsilateral de hemiface completa o Indivíduo não fecha os olhos e pode ter ulceração • Síndrome de Bell o Nome dado à paralisia do nervo fácil idiopática o Pode ter diversas etiologias, tais como tumor, lesão traumática, processo infeccioso, entre outros Paralisia facial central • Perda do andar inferior da face contralateral (lesão do 1º neurônio) • Perda de todas as funções do hemisfério afetado • A boca é repuxada para o lado em que a inervação está preservada o Boca entorta para o lado que tem força • Principal causa: AVC Diferença entre as paralisias Periférica + letras = + sintomas Central - letras = - sintomas ATAXIAS (INCORDENAÇÃO) Ataxia cerebelar • Nistagmo • Marcha ebriosa • Dismetria / Decomposição do movimento Ataxia vestibular • Nistagmo • Desvio lateral da marcha • Lateralização o erro da pontaria com os dois membros Ataxia sensitiva profunda • Sinal de Romberg o perda da propriocepção • Apalestesia o Perda de sensibilidade vibratória • Marcha talonante o Indivíduo não sabe onde está o chão
Compartilhar