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Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 1 � Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) Sumário Introdução Definição Ataque Isquêmico Transitório (AIT) Clínica e diagnóstico Tratamento Exames a solicitar o mais breve possível Fatores de risco Escore ABCD2 Epidemiologia Etiopatogenia Macroscopicamente Microscopicamente Circulação colateral Embólico Cardioembólico (de origem cardíaca) Arterioembólico (de origem arterial) Trombótico Lacunar Trombose in situ de grandes e médios vasos Hemodinâmico Criptogênico Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 2 Referências Neurologia - CAMBIER; http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/LC_AVC_no_adulto.pdf Introdução Doenças cerebrovasculares (DCV) → AVCi, AVCh, hemorragia intraparenquimatosa, hemorragia subaracnóide, AIT e trombose venosa TOAST (Trial of Org 10172 in Acute Stoke Treatment) Formas clínicas NIHSS (National Institute of Health - Stroke Scale) Escala de Cincinatti Exames complementares Exames gerais a solicitar Tomografia Computadorizada (TC) de crânio ASPECTS → CT Stroke Score Tomodensitometria (TDM) AngioTC de crânio e cervical Ressonância Magnética (RNM) de crânio Exames laboratoriais Para investigação de fontes de embolia Eletrocardiograma Ecocardiograma Holter Manejo inicial - Fase aguda Suporte / Cuidados gerais Controle da PA Trombólise (rtPA) Indicações Contraindicações Cuidados pós-trombólise Sangramento pós-trombólise Cuidados pós-trombólise Específico Tratamento cirúrgico Trombectomia mecânica Manejo crônico Prognóstico http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/LC_AVC_no_adulto.pdf Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 3 cerebral (TVC). Definição “Episódio de disfunção neurológica aguda causada por infarto seguindo a distribuição de um território vascular definidos, com sintomas que persistem por, pelo menos, 24h, ou até o óbito.” Consequência de uma redução crítica do débito sanguíneo, devido à oclusão parcial ou total de uma artéria cerebral. Início abrupto de déficit neurológico atribuído a uma causa vascular focal. Ataque Isquêmico Transitório (AIT) “Evento agudo de isquemia encefálica sem infarto cerebral em neuroimagem”. Com duração de até 24 horas. Quando dura mais de 24 horas mas há possibilidade de regressão → não é mais AIT, mas sim déficit neurológico isquêmico reversível prolongado (DNIRP). Mesma etiopatogenia do AVC isquêmico. Clínica e diagnóstico Típico → amaurose fugaz - pequeno êmbolo na artéria oftálmica. 80% dos AITs duram menos de 30 minutos a 1 hora. Território carotídeo Déficit motor ou alteração sensitiva afetando o hemicorpo ou um membro, alteração da linguagem ou cegueira monocular transitória. Território vertebrobasilar Déficit motor ou sensitivo bilateral e ataxia do tipo cerebelar. Ocorrência simultânea de 2 ou mais dessas manifestações: vertigens, diplopia, disfagia ou ataque de queda. O diagnóstico é baseado na exclusão de outros diagnósticos, como aura de uma enxaqueca, síncope, manifestação funcional ante indivíduos ansiosos, hipoglicemia, tumor cerebral, hematoma subdural ou hemorragia intracerebral limitada. Deve-se pedir neuroimagem! Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 4 Tratamento Prevenir o AVCi. 30% dos pacientes com AVC tiveram um AIT anteriormente; 25% dos pacientes que tiveram um AIT terão nos próximos 5 anos um AVC, com risco maior no primeiro ano. 10% nos primeiros 3 meses; 5% nas primeiras 24 horas. Risco de IAM e de morte súbita de 20% em 5 anos. Cardioembólico Anticoagular (INR 2-3) Arterioembólico Antiagregar Obstrução carotídea > 70% Endarterectomia carotídea (opção - angioplastia carotídea com stent) AAS 100 mg/dia (se alergia ou intolerância, prescrever clopidogrel, 75 mg/dia); Clopidogrel 75 mg/dia associado a AAS nos pacientes que apresentaram AVC em uso prévio de AAS ou naqueles com evidência de doença aterosclerótica carotídea; Sinvastatina 40mg/dia; Pacientes hipertensos: ajustar anti-hipertensivo se pressão arterial (PA) sistólica 140 mmHg ou iniciar medicamento anti-hipertensivo se o paciente ainda não utilizava nenhum medicamento anti-hipertensivo. Exames a solicitar o mais breve possível Ecografia de carótidas e vertebrais com Doppler; Ecocardiograma com Doppler; Eletrocardiograma; Exames laboratoriais: hemograma, glicemia de jejum, creatinina, ureia, sódio, potássio, colesterol total, HDL, triglicerídeos. Fatores de risco Idade, diabetes, presença de estenose carotídea, de FA e natureza não retiniana do AIT. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 5 Uso de anticoncepcionais orais → risco 9x maior em mulheres que tomam ACO. Afecções hematológicas → policitemia vera, hemoglobinopatias, alterações da coagulação. Escore ABCD2 Age, Blood pressure, Clínica (déficit neurológico), Duração e Diabetes. Baixo risco (<4) Moderado risco (4-5) Alto risco (>5) Epidemiologia 80-85% dos casos de DCV. Segunda causa de morte no mundo, e a principal causa de morbidades e sequelas. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 6 1 em cada 4 pessoas vão ter um AVC (Organização Mundial de AVC). Dia 29 de outubro → Campanha mundial da conscientização sobre o AVC (”dia mundial do AVC / Semana do combate ao AVC”). Etiopatogenia Diversas etiologias podem causar oclusões ou estenoses em artérias encefálicas. 💡 O fluxo sanguíneo cerebral (FSC) normal é de cerca de 50 mL de sangue por 100 g de tecido cerebral por minutos e consumo cerebral de oxigênio é de 3,5 mL/100g por minuto. Quando o FSC é reduzido a um nível insuficiente para suprir a demanda metabólica tecidual, há uma isquemia, variando o grau de acordo com: se houve interrupção do fluxo ou apenas houve uma redução. ⚠ Core → centro da área de isquemia ⚠ Área de penumbra → área ao redor com isquemia menos intensa. Macroscopicamente Não há nenhuma lesão visível nas 6 primeiras horas. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 7 Entre 6 e 36 horas, a zona lesada amolece, fica mais pálida e o limite entre substancia branca e cinzenta fica obscuro. Nos próximos dias, o limite do acometimento fica mais bem definido. Microscopicamente Lesões isquêmicas dos neurônios (núcleos profundos, citoplasma basófilo e retraído). Há invasão por infiltrados celulares (leucócitos, macrófagos) A morte celular com colapso da BHE resulta na entrada de água nos tecidos cerebrais inflamados (edema cerebral secundário), dentro de algumas horas depois do evento. Nível máximo de edema cerca de 3 dias após o início do acidente vascular cerebral. Sinais clínicos de hipertensão intracraniana → cefaleia, vômitos e distúrbios da consciência. 💡 Em pacientes mais jovens, há maior risco de hipertensão intracraniana após um AVC. Já pacientes mais idosos com atrofia cerebral possuem menor risco, a menos que envolva o território de 2 ou mais vasos. No período subsequente ao infarto, os tecidos cerebrais mortos se liquefazem e são reabsorvidos, formando uma cavidade cística cheia de LCR e alterações gliais reativas (astrogliose) no parênquima circundante. Circulação colateral Pode se originar da rede anastomótica basal (polígono de Willis) ou das anastomoses leptomeníngeas superficiais das artérias cerebrais. É melhor na periferia do infarto (zona de penumbra) do que em seu centro. A recuperação desta área de penumbra é o objetivo do trombolítico (rtPA). Embólico Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 8 (+ comum) - 80% dos AVCi. Os trombos, ou fragmentos de material trombótico, que se despreendem da placa ateromatosa da parede de uma das principais artérias extracranianas, são transportados ao cérebro, onde se alojam na luz de uma artéria distal funcionante. Infarto territorial / completo→ quando a obstrução embólica do tronco principal causa infarto extensivo em todo o seu território. Cardioembólico (de origem cardíaca) 20-30% dos AVCi. FA não valvar, IAM, cardiopatia dilatada/reumática, miocardiopatia isquêmica e valvas protéticas. Ex → FOP. Arterioembólico (de origemarterial) 15% dos AVCi. Placa instável de ateroma nas artérias cérvico-cerebrais (carótida ou vertebral). Trombótico Lacunar 20-25% dos AVCi. Alterações microangiopáticas das artérias mais finas, com estreitamento progressivo do lúmen e obstrução subsequente. 💡 Típico da HAS (fator de risco mais importante). - Causa lipo-hialinose da parede vascular de artérias menores (pequenas artérias “perfurantes”). - As artérias lenticuloestriatais perfurantes, longas e finas, são as mais afetadas comumente. Principalmente em cápsula interna, gânglios da base, tálamo, substância branca periférica e ponte. Trombose in situ → infarto menor que 2 cm. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 9 Quando típicos, as lesões são esféricas ou tubulares e tem aspecto arredondando na TC ou RM. Trombose in situ de grandes e médios vasos 5% dos AVCi. Hemodinâmico Redução crítica da pressão de perfusão de um segmento arterial distal em consequência de uma estenose mais proximal. Em geral estão localizados na substância branca hemisférica. Causa déficits neurológicos flutuantes - oscilações do fluxo sanguíneo pelo segmento arterial pós-estenótico. Criptogênico 30% dos AVCi. Sem fonte evidente do êmbolo. Embolia paradoxal ou ateromatose aórtica. TOAST (Trial of Org 10172 in Acute Stoke Treatment) Classificação etiológica de AVCi, de acordo com o mecanismo fisiopatológico mais provável. 💡 Até os 45 anos, o TOAST → 2, 4 e 5 são as principais causas, depois dos 45 → 5, 2 e 3. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 10 Formas clínicas Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 11 Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 12 Sintomas instalados de modo súbito. Hipóteses diagnósticas sindrômicas e topográficas (local e território arterial comprometido - carotídeo ou vertebrobasilar). Artéria Cerebral Média Direita Hemiparesia esquerda, paralisia facial central esquerda, hemi- hipoestesia esquerda, heminegligência esquerda. Predomínio braquiofacial. Artéria Cerebral Média Esquerda Hemiparesia direita, paralisia facial central direita, hemi- hipoestesia direita e afasia. Predomínio braquiofacial. Artéria Cerebral Anterior Paresia e/ou hipoestesia de membro inferior contralateral, rebaixamento do nível de consciência (especialmente se bilateral), incontinência urinária. Sinais de frontalização Predomínio crural. Artéria Cerebral Posterior Hemianopsia homônima contralateral, hemi-hipoestesia contralateral. Rebaixamento do nível de consciência e alteração Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 13 das funções nervosas superiores. Predomínio crural. Artéria Carótida Interna Mesmos déficits para a ACM e ACA, amaurose do olho ipsilateral. Artérias do sistema vertebrobasilar Vertigem, alteração dos nervos cranianos (com exceção do nervo óptico e do olfatório), hemiparesia e/ou hemi-hipoestesia contralateral, paralisia facial central contralateral e ataxia cerebelar. Comuns → Hemiparesia, monoparesia, hemi-hipoestesia, afasia, ataxia, diplopia e hemianopsia. Cefaleia é mais comum no AVCh, mas pode estar presente no AVCi. Infarto total de ACM Hemiplegia completa, hemianestesia, hemianopsia homônima lateral e desvio da cabeça e dos olhos para a lesão. Infarto profundo de ACM Território dos ramos perfurantes (núcleo caudado, lenticular e cápsula interna). Hemiplegia, associada a afasia dinâmica com redução da fluência verbal no hemisfério dominante. Infartos superficiais de ACM Expressão clínica variável se em território cortical ou subcortical, se extenso ou parcial. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 14 Resumindo… Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 15 💡 Síndrome de Wallenberg: Infarto na região póstero-lateral retrolivar do bulbo. Início súbito, caracterizado por grandes vertigens, cefaleia posterior, alterações da deglutição e por vezes soluços. 1. Do lado da lesão → anestesia facial dissociada, poupando a sensibilidade tátil, síndrome de Horner, paralisia do hemivéu palatino, da hemifaringe e da corda vocal, síndrome vestibular (nistagmo rotatório, desvio dos indicadores, por vezes uma verdadeira pulsão lateral) e hemissíndrome cerebelar predominantemente estática. 2. Do lado oposto à lesão → hemianestesia dos membros, do tipo dissociado, espinotalâmica, compondo com a anestesia facial uma síndrome sensitiva alterna. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 16 NIHSS (National Institute of Health - Stroke Scale) https://neurologiahu.paginas.ufsc.br/files/2012/09/NIH-Stroke-Scale.pdf https://s3-us-west-2.amazonaws.com/secure.notion-static.com/03c896d5-2a8 2-4a2f-88be-fff2a12a7425/nihss_traduzida_brasil.pdf 11 itens, com pontuação de 0 a 42 pontos. Quantifica a gravidade do comprometimento neurológico. 1a - Nível de consciência 1b - Perguntas/orientação (mês/idade) 1c - Comandos: abrir olhos, apertar mãos 2 - Melhor olhar conjugado (horizontal) 3 - Campos visuais (4 campos) 4 - Paralisia facial (estímulo de dor ou mímica facial) 5a - Motor - braço esquerdo 5b - Motor - braço direito 6a - Motor - perna esquerda 6b - Motor - perna direita 7 - Ataxia (índex-nariz, calcanhar-joelho) - testar lado não parético 8 - Sensibilidade (beliscão, dor) 9 - Melhor linguagem (descrição de cena, nomeação de objetos, leitura de frases) 10 - Disartria (ler ou repetir palavras) 11 - Extinção/desatenção (negligência) https://neurologiahu.paginas.ufsc.br/files/2012/09/NIH-Stroke-Scale.pdf https://www.notion.so/signed/https%3A%2F%2Fs3-us-west-2.amazonaws.com%2Fsecure.notion-static.com%2F03c896d5-2a82-4a2f-88be-fff2a12a7425%2Fnihss_traduzida_brasil.pdf?table=block&id=09a61734-2d76-4408-a6f7-02ac44a5082e&spaceId=25073d3c-94ad-49b1-807d-6b5e539f166a&userId=3aa7ebee-98f9-4c3c-b9fa-691102cdd001&cache=v2 Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 17 Escala de Cincinatti Exames complementares Auxilia em confirmar a localização e extensão da lesão e para definição etiológica do AVCi. Exames gerais a solicitar Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 18 Raio-X de tórax, ECG, exame de urina, hemograma, VHS, eletrólitos séricos, ureia, creatinina, glicemia, lipidograma, tempo de protrombina e tempo de tromboplastina ativada (TTP). Tomografia Computadorizada (TC) de crânio Normal nas primeiras horas após o início dos sintomas ou mostra alterações sutis como → apagamento dos sulcos corticais, perda de diferenciação entre a substância branca e cinzenta, ou sinal da artéria cerebrál média hiperdensa (quando em ACM). Posteriormente é possível identificar a área de hipoatenuação correspondente ao infarto. 1ª - Imediata: Para afastar hemorragia. 2ª - 24/48/72 horas depois: Detectar infarto. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 19 💡 TC não vê AVC de tronco → pedir RNM. ASPECTS → CT Stroke Score Uma forma de simplificar e avaliar alterações isquêmicas precoces na TC de crânio sem contraste. Avalia 10 áreas em 2 cortes axiais, cada área corresponde a 1 ponto, sendo 10 o escore “normal”. Regiões avaliadas ao nível dos gânglios da base: 1. Caudado 2. Lentiforme 3. Cápsula interna Regiões corticais da imagem: 1. Córtex da ACM anterior (M1) 2. Córtex da ACM lateral (M2) 3. ACM posterior (M3) Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 20 4. Ínsula 5. ACM anterior (M4) 6. Córtex da ACM lateral (M5) 7. Córtex da ACM posterior (M6) Tomodensitometria (TDM) Determina com precisão a localização da isquemia, sua extensão e repercussão em estruturas vizinhas. AngioTC de crânio e cervical Mostra a interrupção da irrigação sanguínea de uma área cerebral na fase aguda. Ressonância Magnética (RNM) de crânio Com sequências pesadas em difusão → mais sensível que TC para diagnóstico de AVCi, nas primeiras horas de início dos sintomas. Janela FLAIR - demora 6h para aparecer Exames laboratoriais 💡 Bioquímica, hemograma, coagulograma, lipidograma, velocidade de hemossedimentação, sorologia para doença de Chagas, se indicado. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 21 ⚠ Sepaciente com idade < 45 anos → pedir eletroforese de hemoglobina e autoanticorpos. Para investigação de fontes de embolia Origem aterosclerosa → ausculta da bifucação das carótidas pode distinguir um sopro, doppler, ecotomografia, angiografia convencional e angiografia por ressonância magnética. Origem cardíaca → ECG, holter prolongado, ecocardiograma transtorácico, ecocardiografia transesofágica. Eletrocardiograma Ecocardiograma Transtorácico ou transesofágico, se indicado. Holter Manejo inicial - Fase aguda Fora do serviço hospitalar: 1. Determinar a hora do início dos sinais e sintomas (se acordou com déficit, considerar a hora que foi dormir); 2. Se < 24 horas → SAMU. Durante a transferência: Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 22 1. Verificar história de diabetes, epilepsia, demência (excluir delirium) e dependência química; 2. Aplicar escala de Cincinatti e Glasgow; 3. Verificar sinais vitais (PA, FC, saturação e temperatura axilar); 4. Checar glicemia capilar: Hipoglicemia pode causar sinais focais e simular um AVC. Se glicose <70 mg/dL → administrar glicose hipertônica 50% / 20mL endovenosa / 1 vez, repetir hemoglicoteste em 1h; 5. Manter o paciente com cabeceira a 0º (em 30º se vômitos); 6. Acesso venoso periférico em membro superior não parético; 7. Manter permeabilidade de vias aéreas e ventilação adequada; 8. Administrar oxigênio, por cateter nasal ou máscara, se saturação <94% (atentar para pacientes com DPOC). 9. Não reduzir níveis pressóricos, exceto se pressão arterial sistólica estiver > ou = a 220 mmHg ou pressão arterial diastólica > ou = 120 mmHg; 10. Utilizar antitérmico se temperatura axilar > 37,5ºC. Se o primeiro local de atendimento for a UPA: 1. Realizar entrevista SAMPLA (sinais vitais, alergias, medicamentos em uso, passado médico, líquidos e alimentos e ambiente); 2. Considerar IOT em pacientes com rebaixamento do nível de consciência (glasgow < ou = a 8), com claro sinal clínico de insuficiência respiratória (pO2 < 60 mmHg ou pCO2 > 50 mmHg), ou se risco de aspiração; 3. Não administrar grande volume, exceto em caso de hipotensão; 4. Encaminhar para unidade hospitalar. Em Unidade Hospitalar: 1. Determinar a hora de início dos sintomas; 2. Verificar história de diabetes, epilepsia, demência (excluir delirium) e dependência química; 3. Aplicar escala de Cincinatti e Glasgow; 4. Realizar tomografia de crânio (TC) sem contraste em regime de urgência; Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 23 5. Se diagnosticado AVCi com < 4 horas de evolução → manejar em hospital de referência. Suporte / Cuidados gerais Triagem; Acessos venosos (2); Cabeceira do leito a 0º (30º se vômitos); Nutrir nas primeiras 48h; Controlar temperatura e glicemia (manter entre 80-110 mg/dL); Fatores que aumentam a isquemia cerebral. Controlar natremia. Controle da PA Hipotensão → correção agressiva com cristalóide ou até amina. Hipertensão → tolerar até 220x120 mmHg até 48-72h - se não for trombolizar. Acima de 220x120 → Labetalol. Se diastólica > 140 mmHg → Nitroprussiato (Nipridi). ⚠ Redução máxima da PA no 1º dia = 15-25% - não há benefício em reduzir drasticamente, perdendo a penumbra. Retomar esquema anti-hipertensivo = 7-10 dias após AVC. PA alvo → < 180 x 105 mmHg Trombólise (rtPA) Alteplase 50mg/50mL (0,9 mg/kg por via EV, dose máxima de 90 mg → 10% em bolus e o restante da dose em uma hora). rtPA → ativador do plasminogênio tecidual recombinante. Indicações 1. Pacientes maiores de 18 anos. 2. AVCi confirmado por TC ou RNM em qualquer território, sem evidência de hemorragia. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 24 3. Até 4,5 horas após o início dos sintomas. ⚠ Paciente que acordou com sintomas → considerar a hora que foi dormir. 4. Ausência de contraindicações. Contraindicações CONTRAINDICAÇÕES Paciente com sintomas leves (sem repercussão funcional) ou melhorando rapidamente - NIHSS < 4, sem afasia. Cirurgia intracraniana, trauma cranioencefálico grave ou AVC prévio nos últimos três meses. Cirurgia de grande porte ou procedimento invasivo nos últimos 14 dias / 2 semanas (como revascularização miocárdica, parto e biópsia). História de hemorragia intracraniana ou malformação vascular cerebral. Suspeita de hemorragia meníngea, mesmo com TC normal. HAS não controlada no momento do tratamento (PAS > ou = 185 ou PSD > ou =110 mmHg, requerendo tratamento agressivo). Hemorragia gastrointestinal ou urinária nos últimos 21 dias ou história de varizes esofagianas. Punção arterial em local não compressível ou punção de líquor nos últimos 7 dias. Hemorragia interna ativa. Neoplasia intracraniana, malformação arteriovenosa ou aneurisma cerebral Diátese hemorrágica (p. ex. INR > 1,7, uso de anticoagulantes <48h) ou contagem de plaquetas < 100.000/mm³. Endocardite infecciosa. Glicemia < 50mg/dL. AVC > 1/3 do território hemisférico. Pacientes com início dos sintomas entre 3 - 4,5h: - Idade > 80 anos; - Pontuação > 25 NIHSS; - Uso de anticoagulante oral; - Antecedentes de AVC prévio; - Diabetes mellitus. Uso de heparina nas últimas 48 horas ou TTPa elevado; Gravidez - contraindicação relativa. Complicação pós rtPA → angioedema - parar trombolítico! Cuidados pós-trombólise Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 25 Monitorar o paciente (PA não invasiva, monitorização cardíaca contínua, oximetria, temperatura axilar e glicemia capilar); Realizar Eletrocardiograma (ECG) em 12 derivações; Coletar hemograma, glicemia, atividade de protrombina, tempo parcial de tromboplastina ativada, plaquetas, sódio, potássio, creatinina e ureia; Sangramento pós-trombólise Sinal de piora - parar a infusão - pede coagulograma + tipagem + fibrinogênio + tomografia sem contraste (ver se houve transformação hemorrágica). Sem transformação → retorna para o trombolítico. Com transformação → parar trombolítico + crioprecipitado 10 UI (10-30’) + fibrinogênio (se < 200 mg/dL). Ac. tranexâmico 1g IV 10 min ou E4 Aminocapróico 4-5g 1h + 1g 3h. Avaliação da NCR. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 26 Cuidados pós-trombólise Antiagregantes → após 24h (um estudo mostrou que > 90 min pós rtPA já se havia uma certa segurança, mas nada protocolado). SVD / SNE → após 24h. Anticoagulção profilática → após 24h. Reabilitação precoce → após 24h. Antidepressivos. Mudanças de decúbito no leito - 2/2h. ⚠ Não dar corticóide para edema citotóxico - piora da mortalidade! Específico AAS nas primeiras 48h (não há indicação de outro antiagregante?) Heparina somente profilática (plena foi associada com transformação hemorrágica do infarto). Se houver outra indicação para coagular (ex. FA)? Infarto pequeno → após o 3º dia. Infarto grande → após o 7º dia. Infarto com transformação hemorrágica → após 3-4 semanas. Tratamento cirúrgico Pacientes com infartos extensos no território de ACM ou com infartos cerebelares podem evoluir com síndrome de hipertensão intracraniana. Além do tto clínico intensivo, podem precisar de craniectomia descompressiva. Pacientes jovens, com piora neurológica mais aguda, tem melhores benefícios com craniectomia. Abertura ampla e precoce! DVE para hidrocefalia aguda. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 27 Trombectomia mecânica Tratamento alternativo ou adjunto à trombólise. Manejo crônico Controle dos fatores de risco → tratar HAS, DM, dislipidemias, cessar tabagismo… Depende da definição etiológica adequada. Cardioembólico Anticoagular (INR 2-3) Arterioembólico Antiagregar, endarterectomia carotídea (se > 70% de obstrução) Garantir / ressaltar a importância das estratégias de reabilitação para além da alta hospitalar. Fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia precoces e diárias. Atendimentos por equipe especializada de reabilitação, sendo o objetivo principal incentivar a desospitalização precoce e evitar ou minimizar possíveis complicações decorrentes do evento. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) 28 Prognóstico Depende defatores como idade, extensão da lesão e tratamento recebido na fase aguda. O tratamento em uma unidade de AVC, em um espaço físico determinado no qual atua uma equipe multidisciplicar, tem impacto crucial sobre a mortalidade e o risco de incapacidade.