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Veterinária em foco

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Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 107
Pres identePres identePres identePres identePres idente
Delmar Stahnke
Vice-PresidenteVice-PresidenteVice-PresidenteVice-PresidenteVice-Presidente
João Rosado Maldonado
COMISSÃO EDITORIALCOMISSÃO EDITORIALCOMISSÃO EDITORIALCOMISSÃO EDITORIALCOMISSÃO EDITORIAL
Prof. MS. Carlos Santos Gottschall
Profa. Dra. Norma Centeno Rodrigues
Prof. Dr. Sérgio José De Oliveira
CONSELHO EDITORIALCONSELHO EDITORIALCONSELHO EDITORIALCONSELHO EDITORIALCONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Adil K. Vaz (Univ Estadual de Lages)
Prof. Dr. Angelo Berchieri Jr. (UNSSP- Jaboticabal)
Prof. Dr. Antonio Bento Mancio (UFMG)
Prof. Dr. Carlos Tadeu Pippi Salle (UFRGS)
Prof. Dr. Emerson Contesini (UFRGS)
Prof. Dr. Francisco Gil Cano (Univ. Murcia/ Espanha)
Prof. Dr. Franklin Riet-Correa (UFPEL)
Prof. Dr. Joaquim José Ceron (Univ. Murcia/Espanha)
Prof. Dr. Julio Otávio Jardim Barcellos (UFRGS)
Prof. Dr. Luiz Alberto Oliveira Ribeiro (UFRGS)
Prof. Dr. Luiz Cesar Fallavena (ULBRA)
Profa. MSC Maria Helena Amaral (CRMV/RS)
Prof. Paulo Ricardo Centeno Rodrigues (ULBRA)
Dra. Sandra Borowski (FEPAGRO)
Prof. Dr. Victor Cubillo (Univ. Austral do Chile)
Prof. Dr. Waldyr Stumpf Junior (EMBRAPA)
Re i to rRe i to rRe i to rRe i to rRe i to r
Ruben Eugen Becker
Vice-Rei torVice-Rei torVice-Rei torVice-Rei torVice-Rei tor
Leandro Eugênio Becker
Pró-Reitor de AdministraçãoPró-Reitor de AdministraçãoPró-Reitor de AdministraçãoPró-Reitor de AdministraçãoPró-Reitor de Administração
Pedro Menegat
Pró-Reitor de Graduação da Unidade CanoasPró-Reitor de Graduação da Unidade CanoasPró-Reitor de Graduação da Unidade CanoasPró-Reitor de Graduação da Unidade CanoasPró-Reitor de Graduação da Unidade Canoas
Nestor Luiz João Beck
Pró-Reitor de Graduação das UnidadesPró-Reitor de Graduação das UnidadesPró-Reitor de Graduação das UnidadesPró-Reitor de Graduação das UnidadesPró-Reitor de Graduação das Unidades
Ex te rnasEx te rnasEx te rnasEx te rnasEx te rnas
Osmar Rufatto
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-GraduaçãoPró-Reitor de Pesquisa e Pós-GraduaçãoPró-Reitor de Pesquisa e Pós-GraduaçãoPró-Reitor de Pesquisa e Pós-GraduaçãoPró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Edmundo Kanan Marques
Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional ePró-Reitor de Desenvolvimento Institucional ePró-Reitor de Desenvolvimento Institucional ePró-Reitor de Desenvolvimento Institucional ePró-Reitor de Desenvolvimento Institucional e
Comuni tár ioComuni tár ioComuni tár ioComuni tár ioComuni tár io
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Diretora da Assessoria de Comunicação SocialDiretora da Assessoria de Comunicação SocialDiretora da Assessoria de Comunicação SocialDiretora da Assessoria de Comunicação SocialDiretora da Assessoria de Comunicação Social
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Gerhard Grasel
Ouvidor GeralOuvidor GeralOuvidor GeralOuvidor GeralOuvidor Geral
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EDITORA DA ULBRAEDITORA DA ULBRAEDITORA DA ULBRAEDITORA DA ULBRAEDITORA DA ULBRA
Diretor
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Coordenador de periódicos
Roger Kessler Gomes
Capa
Juliano Dall’Agnol
Projeto Gráfico
Isabel Kubaski
Editoração
Roseli Menzen
E-mail: editora@ulbra.br
Secretaria do Curso de Medicina VeterináriaSecretaria do Curso de Medicina VeterináriaSecretaria do Curso de Medicina VeterináriaSecretaria do Curso de Medicina VeterináriaSecretaria do Curso de Medicina Veterinária
ULBRA - Av. Farroupilha, 8001 - Canoas - Prédio 14 - Sala 125
Fone/fax: 3477.9284
CEP: 92425-900
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Carlos Gottschall: carlosgott@cpovo.net
Sergio Oliveira: serjol@terra.com.br
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Universidade Luterana do Brasil
Biblioteca Central - Setor Aquisição
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E-mail: bibpermuta@ulbra.br
I ndexadoresIndexadoresIndexadoresIndexadoresIndexadores
AGROBASE - Base de Dados da Pesquisa Agropecuária
(BDPA), CAB Abstracts, LATINDEX
Disponível eletronicamente no site
www.editoradaulbra.com.br ou www.ulbra.br/veterinaria
Solicita-se permuta.
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On demande l’échange.
Wir erbitten Austausch.
O conteúdo e estilo lingüístico são de responsabili-
dade exclusiva dos autores.
Direitos autorais reservados.
Citação parcial permitida, com referência à fonte.
COMUNIDADE EVANGÉLICA LUTERANA “SÃO PAULO”
 
V586 Veterinária em foco / Universidade Luterana do Brasil. – Vol. 1, n. 1 
(maio/out. 2003)- . – Canoas : Ed. ULBRA, 2003- . 
 v. ; 27 cm. 
 
 Semestral. 
 ISSN 1679-5237 
 
1. Medicina veterinária – periódicos. I. Universidade Luterana do 
Brasil. 
 
 CDU 619(05) 
Revista Veterinária em Foco
ISSN 1679-5237
Vol.4, n.2, jan./jun. 2007
Sumár ioSumár ioSumár ioSumár ioSumár io
109 Editorial
111 O ensino da cirurgia veterinária com ética e bem-estar animal
Beatriz Guilhembernard Kosachenco, Virgínia Bocorny Lunardi, Paulo Ricardo Centeno Rodrigues,
Maria Inês Witz, Jussara Zani Maia, Karine Gehlen Baja, Norma Centeno Rodrigues, Renato Silvano
Pulz
119 Resposta reprodutiva de novilhas acasaladas aos 14, 18 ou 26 meses de idade submetidas a
um protocolo de sincronização de estro
Carlos S. Gottschall, Leonardo C. Canellas, Eduardo T. Ferreira, Pedro R. Marques, Hélio R.
Bittencourt
131 Patologia clínica: colheita, conservação e remessa de amostras
Caroline Ferreira Simon, Cristine Bastos Dossin Fischer, Fabiana Silveira, Mariangela da Costa
Allgayer
143 O uso das cefalosporinas na clínica de pequenos animais: breve revisão
Paulo Ricardo Centeno Rodrigues, Beatriz Guilhembernard Kosachenco, Jussara Zani Maia,
Renato Silvano Pulz, João Roberto Braga de Mello
159 Associação de ultra-sonografia, urografia excretora e vaginocistografia no diagnóstico de
ectopia ureteral em fêmea canina
Ricardo Luis Grün, Márcio Aurélio da Costa Teixeira, Luis Cardoso Alves, Maria Inês Witz, Karine
Gehlen, Gabriela Klein Silva, Maria Eugênia Menezes Oliveira, Diego M. Norte
169 Ventriculite parasitária por Libyostrongylus sp em avestruz (Struthio camelus) e identificação
de ovos do parasita em amostras de fezes de ratitas de diferentes criatórios do Estado do Rio
Grande do Sul
Pierre do Valle Moreira, Cláudio Chiminazzo, Maria Teresa Queirolo, Mariane Feser, Victor Hermes
Cereser, Anamaria Telles Esmeraldino, Renata Difini, Luiz Cesar Bello Fallavena
177 Diarréia em leitões da maternidade e creche em uma Unidade Produtora de Leitões (UPL) no
Rio Grande do Sul, Brasil
Manuela Lapenta da Cunha, Carolini F. Coelho, Fernanda S. Abileira, Luís G. Goulart do Nascimento,
Eloi G. Hinnah, Sérgio J. de Oliveira
185 Eimeriose ovina no Município de Major Vieira, Santa Catarina: relato de caso
Cristiane R. Cantelli, Daniela Pedrassani, Walter Surkamp, Sandra M. T. Marques, Celso Pilati
191 Urolitíase obstrutiva em ovinos: revisão de literatura
Hélio Martins de Aquino Neto, Elias Jorge Facury Filho, Antônio Último Carvalho, Fernando
Andrade Souza, Lilian de Rezende Jordão
203 Scrapie (paraplexia enzoótica) em ovinos no Brasil
Luiz Alberto Oliveira Ribeiro, Daniel Thompsen Passos, Norma Centeno Rodrigues, Tania de
Azevedo Weimer
209 Normas Editoriais
Editorial
Seguindo o exemplo de periódicos de excelente conceito em nosso país, a
revista Veterinária em Foco adota o sistema de análise e seleção dos artigos
a serem publicados. Exige assim, em primeiro lugar, que os mesmos estejam
redigidos conforme as normas da revista. Isso sendo atendido, duas cópias
impressas são enviadas para consultores ad hoc cujas atividades
profissionais estejam relacionas ao tema a ser analisado. Esses consultores
analisam, preenchem um formulário, apresentam as alterações a serem
feitas ou não recomendam para publicação. As duas cópias sujeitas a
alterações são devolvidas aos autores dos artigos, para as correções, com
os pareceres e críticas. Caso seja proposto publicação com correções e
estas sejam realizadas, deve ser enviado disquete ou CD com a redação
final, acompanhado de uma cópiaimpressa.
Esta metodologia de trabalho exige disciplina no envio e recebimento das
correspondências para que sejam cumpridos os prazos, visto que a revista
é de tiragem semestral. Até o momento, os prazos estão sendo
rigorosamente cumpridos, o que exige atenção da Comissão Editorial, uma
vez que tem sido intensificado o recebimento de trabalhos de universidades
e centros de pesquisa procedentes de outros Estados do país. Para uma
revista com poucos anos de existência, como a Veterinária em Foco, o fato
de sobrarem artigos para novas edições, aguardando “na fila” para
divulgação, é uma ocorrência promissora para o futuro de nosso periódico.
A compreensão dos autores é fundamental no aguardo da publicação de
seus artigos, ao mesmo tempo em que tal fato serve como um indicativo
de confiança e credibilidade da comunidade científica em nosso periódico.
Comissão Editorial
110 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 111
O ensino da cirurgia veterinária
com ética e bem-estar animal
The teaching of veterinary surgery with ethics and animal welfare
KKKKKOSOSOSOSOSACHENCOACHENCOACHENCOACHENCOACHENCO, Beatriz Guilhembernard, Beatriz Guilhembernard, Beatriz Guilhembernard, Beatriz Guilhembernard, Beatriz Guilhembernard – Médica Veterinária,
MSc, Professora de Cirurgia Veterinária, ULBRA/RS
LLLLLUNARDI, VUNARDI, VUNARDI, VUNARDI, VUNARDI, Virgínia Bocorny –irgínia Bocorny –irgínia Bocorny –irgínia Bocorny –irgínia Bocorny – Médica Veterinária, MSc, Professora
de Cirurgia Veterinária, ULBRA/RS
RODRIGUES, PRODRIGUES, PRODRIGUES, PRODRIGUES, PRODRIGUES, Paulo Ricardo Centeno –aulo Ricardo Centeno –aulo Ricardo Centeno –aulo Ricardo Centeno –aulo Ricardo Centeno – Médico Veterinário, Esp.,
Professor de Anestesiologia Veterinária, ULBRA/RS
WITZ, Maria Inês –WITZ, Maria Inês –WITZ, Maria Inês –WITZ, Maria Inês –WITZ, Maria Inês – Médica Veterinária, MSc, Professora de Cirurgia
Veterinária ULBRA/RS
MAIA, Jussara Zani –MAIA, Jussara Zani –MAIA, Jussara Zani –MAIA, Jussara Zani –MAIA, Jussara Zani – Médica Veterinária, MSc, Professora de
Anestesiologia Veterinária, ULBRA/RS
BAJBAJBAJBAJBAJA, KA, KA, KA, KA, Karine Gehlen –arine Gehlen –arine Gehlen –arine Gehlen –arine Gehlen – Médica Veterinária, MSc, Professora de
Cirurgia Veterinária ULBRA/RS
RODRIGUES, Norma Centeno –RODRIGUES, Norma Centeno –RODRIGUES, Norma Centeno –RODRIGUES, Norma Centeno –RODRIGUES, Norma Centeno – Médica Veterinária, Dra., Professora
de Ética e Bem-Estar Animal, ULBRA/RS – Instituto de Pesquisas
Veterinárias “ Desidério Finamor”/FEPAGRO
PPPPPULZ, RULZ, RULZ, RULZ, RULZ, Renato Silvano – enato Silvano – enato Silvano – enato Silvano – enato Silvano – Médico Veterinário, Dr., Professor de
Anestesiologia Veterinária, ULBRA/RS
Data de recebimento:Data de recebimento:Data de recebimento:Data de recebimento:Data de recebimento: janeiro 2007
Data de aprovação:Data de aprovação:Data de aprovação:Data de aprovação:Data de aprovação: abril 2007
Endereço para correspondênciaEndereço para correspondênciaEndereço para correspondênciaEndereço para correspondênciaEndereço para correspondência: Av. Farroupilha 8001, Canoas, RS. E-mail:
kosachencobg@yahoo.com.br
RESUMO
Modificações no programa prático das disciplinas de Cirurgia do Curso de
Medicina Veterinária da ULBRA foram realizadas objetivando diminuir a
utilização de animais sadios para as aulas práticas. Em substituição aos
30 cães sadios provenientes de Centros de Controle de Zoonoses, foram
utilizadas alternativas como cadáveres e peças anatômicas oriundas de
frigoríficos, além de pacientes com patologias diversas cujos proprietários
Veterinária em Foco Canoas v. 4 n.2 jan./jun. 2007 p.111-117
112 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
eram carentes, proporcionando um perfeito desenvolvimento das
habilidades cirúrgicas iniciais que o aluno de medicina veterinária
necessita. Um programa de castração de cães e gatos foi disponibilizado
aos alunos possibilitando um treinamento mais efetivo na técnica cirúrgica
e anestésica, o que permitiu o aprimoramento da técnica operatória, o
desenvolvimento da consciência e do raciocínio cirúrgico e alertá-los
quanto às responsabilidades frente ao animal.
PPPPPalavras-chavealavras-chavealavras-chavealavras-chavealavras-chave: ética, bem-estar animal, ensino, cirurgia.
ABSTRACT
Changes in the surgery practical classes at the Veterinary Medicine Faculty
– ULBRA, Brazil were introduced aiming to reduce the use of healthy
animals in such practices. The previous 30 dogs from the Zoonosis Control
Centers used were gradually substituted by carcass or viscera from
sloughter house origin. It was used also dogs and cats, holding some
pathology, that the owners could not match the treatment costs. Using
those alternative the veterinary student did develop surgical skills in an
appropriate way. Furthermore, a castration’s program of cats and dogs
was also available to the students in which they can practice surgery and
anesthesia skills. Such activity helps not only improve their surgical skills
but also their consciousness and responsibility with the animals.
Key words: Key words: Key words: Key words: Key words: Ethics, animal welfare, veterinary surgery education.
INTRODUÇÃO
A discussão quanto à condição moral dos animais e o direito dos homens
em utilizá-los em seu benefício, provocando seu sofrimento, atravessou
séculos de história e permanece latente. René Descartes, em seu ensaio “O
discurso do método”, de 1637, declarou que os animais eram como máquinas,
mecanismos sem alma e sem dor. A partir de então, as vivissecções tornaram-
se uma prática deliberada, embora mais tarde alguns estudiosos tenham
observado reações que poderiam sugerir dor (NETA, 2004).
Ferreira (1986) definia o bem-estar animal como “estado de perfeita
satisfação física ou moral”. Para Molento (2003), a definição comumente
aceita para bem-estar animal é a de um completo estado de saúde física
e mental em que o animal encontra-se em harmonia com seu meio
ambiente.
Na década de 90, a Associação Mundial de Veterinária reconheceu em seu
estatuto como sendo papel do médico veterinário a promoção do bem-
Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 113
estar animal (WVA, 1993). O estabelecimento de uma política em bem-
estar animal criada por esta associação teve como resultado diversas
recomendações, como a necessidade de incorporar a disciplina de bem-
estar animal nos currículos de Medicina Veterinária. Apesar de,
filosoficamente e como ciência, existirem diferentes posicionamentos sobre
bem-estar animal, o compromisso com o tema tem crescido na Medicina
Veterinária. Mesmo assim, no Brasil são raras as iniciativas deste tipo de
abordagem no ensino (PAIXÃO, 2001). Na Inglaterra, estatísticas anuais
demonstram um decréscimo de dois terços no uso de animais para
educação nos últimos dez anos (JUKES et al., 2003). De acordo com
Molento (2003), a utilização de animais para pesquisa e ensino no Brasil
deve ser mais criteriosa, inclusive com maior vigilância e transparência
para a sociedade.
Segundo Buyukmihci (1996), a morte de animais no ensino de Medicina
Veterinária continua mais por conveniência ou hábito, e não porque é
pedagogicamente necessário, existindo, no momento, muito mais
alternativas do que matar animais sadios para o treinamento cirúrgico.
O mesmo autor observa que o treinamento cirúrgico oferecido aos
estudantes pelas Universidades, nas aulas de cirurgia, para a obtenção
do título de médico veterinário, não faz deles cirurgiões, e que é
necessário a prática dentro do bloco cirúrgico para promover a confiança
e a destreza que capacita o profissional. A pressão social e dos estudantes
contra o uso de animais sadios na técnica cirúrgica tem auxiliado nas
pesquisas e no estudo de alternativas efetivas para o treinamento
cirúrgico (SMEAK et al., 1991; GREEFIELD et al., 1993). Em estudo
realizado por Bauer (1993) onde foram questionadas 31 escolas de
veterinária dos Estados Unidos e Canadá sobrea utilização de animais
vivos, cadáveres, modelos inanimados e outros métodos inovadores no
ensino cirúrgico, foi demonstrado que o número de aulas de cirurgia
que utilizam animais vivos está decrescendo e que as Escolas estão
interagindo com as sociedades protetoras de animais, de maneira que
seus estudantes realizem cirurgias e os animais submetidos sejam então
encaminhados para programas de adoção. Nesse mesmo estudo, o autor
citou que 59% das escolas questionadas possuíam programas conjuntos
com sociedades protetoras de animais. No Brasil, a Faculdade de
Veterinária da USP, em São Paulo, desenvolveu um programa inovador
no ensino da técnica cirúrgica, abolindo totalmente a utilização de
animais vivos em suas aulas práticas (SILVA et al., 2003).
Objetivando diminuir o número de animais utilizados pelas disciplinas
de Cirurgia do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Luterana
do Brasil/ULBRA, no ano de 1999 foram propostas modificações no
programa prático das referidas disciplinas onde era utilizada uma média
de 30 animais sadios provenientes principalmente de Centros de Controle
de Zoonoses.
114 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
RELATO DO CASO
Em substituição aos 30 cães sadios provenientes de Centros de Controle
de Zoonoses para as disciplinas de Cirurgia Veterinária I e Cirurgia
Veterinária II foram utilizadas, nas aulas práticas das respectivas
disciplinas, alternativas como cadáveres e peças anatômicas oriundas de
frigoríficos, além de pacientes com patologias diversas cujos proprietários
eram carentes e não podiam arcar com os custos normais de uma cirurgia.
Na disciplina de Cirurgia Veterinária I o número de animais que era
utilizado, em média de 15 por semestre, foi reduzido à metade. Para levar
a cabo o programa prático da disciplina, passaram a ser utilizados
cadáveres frescos de cães que vinham a óbito no Hospital Veterinário da
ULBRA ou provenientes de clínicas particulares conveniadas com o Curso
de Medicina Veterinária. Estes cadáveres eram refrigerados para posterior
utilização. Do mesmo modo, peças de suínos provenientes de abatedouros
também foram agregadas às aulas práticas, sendo as mesmas mantidas
em refrigeração para pronta utilização. Após a utilização, os cadáveres e
peças eram descartados. No final do semestre, foram disponibilizados
animais vivos para cirurgias eletivas.
Na disciplina de Cirurgia Veterinária II o número de animais sadios utilizado
foi totalmente suprimido. Para procedimentos do trato respiratório foram
realizadas técnicas em cadáveres. Para o desenvolvimento das demais
técnicas operatórias, abriu-se a possibilidade de tratamento cirúrgico em
animais de proprietários de baixa renda, agendando-se pacientes que
apresentassem patologias específicas de interesse ao programa da disciplina.
Estes animais eram avaliados clinicamente através da rotina do Hospital
Veterinário da ULBRA, ou pelos alunos e professores da disciplina de Clínica
Veterinária II, em seu programa de aulas práticas. Esse agendamento se
processava sempre após avaliação dos exames complementares de
diagnóstico. Os procedimentos anestésicos e cirúrgicos foram desenvolvidos
em aula prática, pelos alunos da disciplina, com a supervisão dos professores.
Um programa de castração de cães e gatos de proprietários carentes foi
disponibilizado aos alunos que foram aprovados pela disciplina de Cirurgia
Veterinária I. A participação dos alunos no programa era voluntária. Os
denominados “proprietários de baixa renda” foram escolhidos mediante
critérios que envolviam a comprovação de renda e consentimento para
participar dos programas de esterilização e dos procedimentos cirúrgicos
desenvolvidos nas disciplinas.
RESULTADOS
As modificações no programa das disciplinas de Cirurgia do Curso de
Medicina Veterinária da ULBRA levaram aos seguintes resultados:
Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 115
• Disciplina de Cirurgia Veterinária I: redução de aproximadamente 90%
na utilização de animais vivos para desenvolvimento das técnicas
operatórias. Nas cirurgias não eletivas, a utilização de cadáveres frescos de
cães que foram a óbito no Hospital Veterinário/ULBRA ou de clínicas
conveniadas proporcionou a realização do procedimento de celiotomia com
treinamento das técnicas de diérese, e síntese de fáscias musculares, tecido
subcutâneo e pele, e cirurgias oftálmicas como confecção de flapes de terceira
pálpebra e exenteração de globo ocular. Estômago, intestino, rins e bexiga
de suínos trazidos de abatedouros foram utilizados para os procedimentos
de gastrotomia, piloromiotomia, piloroplastia, enterotomia, ressecção e
anastomose intestinal, nefrotomia, nefrectomia e cistotomia. Animais vivos
foram utilizados para cirurgias eletivas, como ovário-histerectomia em
cadelas e gatas, descorna cosmética em bovinos, caudectomia e
rumenotomia em ovinos e orquiectomia, que podia ser em eqüinos, bovinos,
caninos, felinos e suínos. A utilização dos cadáveres e peças anatômicas no
primeiro bimestre da disciplina proporcionou aos alunos maior segurança
e preparo no tratamento das técnicas cirúrgicas eletivas frente ao animal
vivo, bem como maior preparo psicológico para interagirem com os
proprietários de animais, preparando-os para o programa de esterilização e
para a disciplina subseqüente, de Cirurgia Veterinária II.
• Disciplina de Cirurgia Veterinária II: supressão total de utilização de
animais sadios, sendo os pacientes selecionados através de um agendamento
prévio de proprietários de baixa renda, cadastrados para serem atendidos
pela disciplina. Entre os procedimentos cirúrgicos deste grupo de pacientes
estavam as cirurgias de nodulectomia, mastectomia regional e total,
herniorrafia, exérese de tumorações externas, ovário-histerectomia,
orquiectomia, blefaroplastia, sialoadenectomia, cistotomia, osteossíntese em
membros, correções de luxação patelar, artroplastia de cabeça e colo femorais,
amputação de dígitos, amputação de membro. Cadáveres refrigerados foram
utilizados para os procedimentos de traqueostomia, toracotomia, lobectomia
pulmonar e colocação de dreno torácico.
DISCUSSÃO
A opção de criar alternativas efetivas para o treinamento cirúrgico, sem o
uso de animais sadios, foi o motivador das mudanças nos programas práticos
das disciplinas de Cirurgia Veterinária da ULBRA, reforçada pela afirmação
de Greefield et al. (1993) que salientaram que a elaboração de alternativas
eficientes para o desenvolvimento das habilidades cirúrgicas passa pela
necessidade de responder à pressão da sociedade sobre o tema. A
conscientização do aluno sobre a questão ética que envolve o uso de animais
para fins didáticos foi uma conseqüência destas mudanças efetuadas, o
que concorda com Paixão (2001) que mencionou a necessidade do
compromisso com o bem-estar no ensino da Medicina Veterinária.
Para Buyukmihci (1996), o treinamento cirúrgico oferecido aos estudantes
116 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
de Medicina Veterinária durante os cursos não faz deles cirurgiões, e que é
necessário a prática dentro do bloco cirúrgico para promover a confiança e
a destreza que capacita o profissional. Corroborando com esta afirmação,
os programas de esterilização para cães e gatos desenvolvidos pelos
professores do Curso e disponibilizados aos alunos, proporcionou alternativas
para que o aprimoramento de sua habilidade cirúrgica e anestésica. Entre
o ano de 2000 e o primeiro semestre de 2006, 309 alunos cursaram as
disciplinas de Cirurgia. Desses, 216 realizaram treinamento voluntário,
operando no programa de esterilização de cães e gatos, ou seja, 69,9% dos
acadêmicos exercitaram o raciocínio clínico-cirúrgico aprendido nas
disciplinas de cirurgia. Mesmo sendo uma atividade de livre escolha do
acadêmico, o percentual elevado de alunos que aprimoraram suas
habilidades cirúrgicas e anestésicas mostra a conscientização dos alunos
sobre o tema. Ainda que seja este um bom indicativo, deverá ser incluído,
na segunda fase do projeto, um questionário com a opinião dos alunos
sobre o programa,semelhante ao desenvolvido por Silva et al. (2003).
CONCLUSÃO
A utilização de peças frescas provenientes de frigoríficos e cadáveres frescos
são alternativas ao uso de animais sadios para a prática de técnicas
cirúrgicas variadas e proporciona perfeito desenvolvimento das habilidades
cirúrgicas iniciais que o aluno de Medicina Veterinária necessita.
A prática em pacientes vivos pertencentes a um proprietário permite o
aprimoramento da técnica operatória, desenvolve a consciência e o
raciocínio cirúrgico e a responsabilidade para com o animal.
REFERÊNCIAS
BAUER, M. S. A survey of the use of live animals, cadavers, inanimate
models and computers in teaching veterinary surgery. Journal of Veterinary
Medical Association, v.203, n.7, p.1047-1051, 1993.
BUYUKMIHCI, N. Alternatives in veterinary surgical training. Humane
innovations and alternatives in animal experimentation. v.6, p.96-97, 1996.
FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2.ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
GREENFIELD, C. L.; JOHNSON, A. L.; ARENDS, M. W.; MARK, W.;
WROBLEWSKI, A. Development of parenchimal abdominal organ models
for use in teaching veterinary soft tissue surgery. Veterinary Surgery v.22,
p.357-362, 1993.
Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 117
JUKES, N.; CHIUIA, M. From guinea pig to computer mouse: alternative
methods for a progressive, human education. 2.ed., Leicester: Interniche,
2003. 520p.
MOLENTO, C. F. M. Medicina Veterinária e Bem-estar Animal. Revista do
Conselho Federal de Medicina Veterinária. v.9, n.28/29, p.15-20, 2003.
NETA, J. H. Consciência Animal. Revista do Conselho Federal de Medicina
Veterinária. v.10, n.31, p.59-65, 2004.
PAIXÃO, R. L. Bioética e Medicina Veterinária: um encontro necessário.
Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária. v.7, n.23, p.20-26, 2001.
SILVA, R. M. G.; MATERA, J. M.; RIBEIRO, A. A. C. A avaliação do método
de ensino da técnica cirúrgica utilizando cadáveres quimicamente
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Resposta reprodutiva de novilhas
acasaladas aos 14, 18 ou 26 meses
de idade submetidas a um protocolo
de sincronização de estro
Reproductive Performance of Beef Heifers Mated at 14, 18 and 26
Months of Age Submitted to Estrus Synchronization
GOTGOTGOTGOTGOTTSCHALL, Carlos S.TSCHALL, Carlos S.TSCHALL, Carlos S.TSCHALL, Carlos S.TSCHALL, Carlos S. – Médico Veterinário, MSc, Professor Adjunto
da Faculdade de Medicina Veterinária da ULBRA
CANELLCANELLCANELLCANELLCANELLAAAAAS, Leonardo C.S, Leonardo C.S, Leonardo C.S, Leonardo C.S, Leonardo C. – Acadêmico em Medicina Veterinária,
ULBRA/RS. Bolsista de Iniciação Científica PROICT/ULBRA
FERREIRA, Eduardo TFERREIRA, Eduardo TFERREIRA, Eduardo TFERREIRA, Eduardo TFERREIRA, Eduardo T..... – Médico Veterinário, Mestrando em
Zootecnia, UFRGS. Bolsista do CNPq
MARQUES, PMARQUES, PMARQUES, PMARQUES, PMARQUES, Pedro Redro Redro Redro Redro R. – . – . – . – . – Acadêmico em Medicina Veterinária, ULBRA/RS.
BITBITBITBITBITTENCOURTENCOURTENCOURTENCOURTENCOURTTTTT, Hélio R, Hélio R, Hélio R, Hélio R, Hélio R..... – Estatístico MSc. Faculdade de Matemática
– PUCRS.
Data de recebimento:Data de recebimento:Data de recebimento:Data de recebimento:Data de recebimento: janeiro 2007
Data de aprovação:Data de aprovação:Data de aprovação:Data de aprovação:Data de aprovação: maio 2007
Endereço para correspondência: Endereço para correspondência: Endereço para correspondência: Endereço para correspondência: Endereço para correspondência: Av. Farroupilha, 8001. Canoas, RS. Bairro
São José. Prédio 14, Sala 127. CEP: 92425-900. Carlos Gottschall. E-mail:
carlosgott@cpovo.net
RESUMO
O trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho reprodutivo de
novilhas acasaladas com diferentes idades submetidas a um protocolo de
sincronização de estro. Foram coletados, no período compreendido entre
2003 e 2005, dados de 270 novilhas de corte, com base racial britânica,
acasaladas aos 14 (A14, n = 70), 18 (A18, n = 36) ou 26 meses de idade
(A26, n = 164). O protocolo constituiu-se, primeiramente, da identificação
de novilhas em estro, seguida pela inseminação artificial convencional
(sem utilização de hormônios) após 12 horas durante 7 dias. No sétimo
dia, todos os animais não inseminados receberam uma aplicação de
Veterinária em Foco Canoas v. 4 n.2 jan./jun. 2007 p.119-129
120 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
prostaglandina F2 α e foram inseminados por mais 5 dias com
acompanhamento de cio, formando o tratamento IA. Após os 12 dias de
inseminação, essas novilhas foram submetidas ao repasse com touros,
enquanto que as que não foram inseminadas (por não terem manifestado
estro) foram apenas entouradas (tratamento ENT). As variáveis analisadas
para cada grupo foram peso ao início do acasalamento (PIA), taxa de
novilhas inseminadas (TIA), taxa de novilhas entouradas (TENT), taxa
de prenhez (TP) conforme a idade ao acasalamento e o tratamento. A TP
foi de 84,3 % para A14, 94,4% para A18 e 90,9 % para A26 (p>0,05).
Novilhas submetidas ao tratamento IA apresentaram maiores (p<0,01)
TP (93,80%) quando comparadas às do tratamento ENT (81,70%),
independentemente da idade ao acasalamento. A idade ao acasalamento
não interferiu na taxa de prenhez das novilhas. Animais mais velhos
apresentaram maior taxa de inseminação do que animais mais novos.
Novilhas inseminadas apresentaram maiores taxas de prenhez em relação
às entouradas.
PPPPPalavras-chave:alavras-chave:alavras-chave:alavras-chave:alavras-chave: novilhas de corte, sincronização de estro, acasalamento.
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the reproductive performance of
heifers mated at different ages and submitted to estrus sincronization. The
study was based on data from 270 heifers (British breeds and cross-breeds)
collected through the period from 2003 to 2005 and mated at 14 months old
(A14, n = 70), 18 months old (A18, n = 36) and 26 months old (A26, n =
164). The hormonal program was based initially on the animals estrus
identification following by conventional artificial insemination (without
hormonal utilization) after 12 hours during 7 days. At the seventh day, whole
animals that were not inseminated got one application of prostaglandin
F2a and were inseminated for more 5 days with estrus identification, making
a AI group. After 12 days of insemination, the animals were submitted to
cleanup bulls. The heifers that were not inseminated because they didn’t
show estrus, were served only by bulls, forming the BU groups. The
parameters analyzed were weight at beginning of mating (BW), rate of
inseminated heifers (RIH), percentage of heifers mated only with bulls
(HMB), pregnancy rates (PR) according to the reproductive technique and
age at mating. The PR was 84.3 % for the A14 group, 94.4 % for the A18
and 90.9 % for the A26 animals group. The AI group reached higher (p<0.01)
PR (93.80%) than those heifers served by using just bulls (81.70%), in spite
of the age at mating. Age at mating did not interfere in the pregnancy rate.
Oldest heifers reached higher rate of inseminated heifers than younger ones.
Inseminated group reached higher pregnancy rate than heifers served only
by bulls.
Key words: Key words: Key words: Key words: Key words: Beef heifers, estrus synchronization, mating.
Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 121
INTRODUÇÃO
Atualmente, com o avanço da biotecnologia, existem diversas técnicas
disponíveis para a sincronização de estros de fêmeas bovinas. Dentre as
vantagens da sincronização de estros destacam-se a racionalização da
técnica de inseminação artificial, a concentração e redução do período de
parição, a praticidade parao desenvolvimento de testes de avaliação
zootécnica devido a padronização da idade dos animais, a racionalização
do manejo e comercialização dos animais (GREGORY, 2002). Segundo
Azeredo et al. (2007) a sincronização e a indução de estros na primeira
estação reprodutiva é uma metodologia capaz de auxiliar na repetição de
crias das primíparas, principalmente por resultar na concentração das
parições ao início da temporada. Em contrapartida, Bó et al. (2004)
afirmam que muitas vezes a falta de conhecimento dos mecanismos de
funcionamento dos sistemas endócrino e fisiológico da reprodução na
fêmea e os altos custos para a implantação de programas hormonais
limitam a utilização de protocolos de sincronização de estros e/ou
ovulação.
A prostaglandina e seus análogos sintéticos são amplamente utilizados
para a sincronização de estros em rebanhos de gado de corte. Quando os
animais estão ciclando a prostaglandina é o método mais econômico para
a sincronização de estros (GOTTSCHALL, 1996). Entretanto, o uso de
prostaglandina isoladamente só deverá ser feito em fêmeas cíclicas e com
a presença de corpo lúteo, tendo em vista que sua ação é luteolítica. A
maior limitação das prostaglandinas reside na ineficácia sobre fêmeas
que não possuam corpo lúteo, como novilhas pré-puberes e vacas em
anestro pós-parto (GAINES, 1994; GOTTSCHALL, 1996).
Gottschall et al. (2005) demonstra claramente que tecnologias jamais
devem ser aplicadas de forma indiscriminada sem antes considerar que
fatores nutricionais, sanitários e de manejo interferem sobre a resposta
reprodutiva. Segundo Bastos et al. (2003) a pesquisa de alternativas viáveis,
que sejam capazes de incrementar as taxas de prenhez em condições
extensivas de criação, associando a utilização de programas hormonais e
uso de inseminação artificial, merecem ser mais pesquisadas.
O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da utilização de um protocolo
de sincronização de estro com o uso de prostaglandina sobre o desempenho
reprodutivo de novilhas acasaladas aos 14, 18 ou 26 meses de idade.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado a partir de informações obtidas de uma propriedade
particular situada no município de Cristal, no estado do Rio Grande do
Sul, entre os anos de 2003 e 2005. Foram analisados dados de 270 novilhas
122 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
de corte acasaladas entre novembro de 2004 e janeiro de 2005, aos 14
(A14), 18 (A18) ou 26 (A26) meses de idade. Desse total, 70 animais
compunham o grupo A14, 36 animais o grupo A18 e 164 animais o grupo
A26. Os animais utilizados eram de base racial britânica (Aberdeen Angus
e Devon) e suas respectivas cruzas com diferentes proporções de sangue
zebuíno.
As novilhas do grupo A14 nasceram na primavera de 2003, as novilhas do
grupo A18 nasceram no outono de 2003 e as novilhas do grupo A26
nasceram na primavera de 2002. Cada grupo foi manejado objetivando
atingir o peso mínimo de 300 kg por ocasião da primeira estação de
acasalamento. Os grupos A14 e A18 receberam pastagem de azevém
(Lolium multiflorum) no inverno-primavera de 2004. O grupo A26 foi
recriado em campo nativo, com ajuste de carga variável conforme a
disponibilidade de forragem.
A estação de acasalamento teve duração de 62 dias, iniciando no dia 19
de novembro de 2004 e terminando no dia 20 de janeiro de 2005. O
diagnóstico de prenhez, através de palpação retal, foi realizado em março
de 2005 após 60 dias do término da estação de acasalamento.
O protocolo utilizado para a sincronização de estros constituiu-se,
primeiramente, da identificação de novilhas em estro, seguida pela
inseminação artificial convencional das mesmas (sem utilização de
hormônios) após 12 horas durante 7 dias. No sétimo dia, todos os animais
não inseminados receberam uma aplicação de prostaglandina F2 α (agente
luteolítico) e foram inseminados por mais 5 dias com acompanhamento
de cio, formando o grupo inseminadas (IA). A observação de estros foi
realizada pela manhã e ao entardecer por pelo menos uma hora e meia
em cada período. Após os 12 dias de inseminação essas novilhas foram
submetidas ao repasse com touros, enquanto que as que não foram
inseminadas (por não terem manifestado estro – nos primeiros doze dias)
formaram o grupo entouradas (ENT). Os touros utilizados entraram no
lote de novilhas no dia 04/12/2004 sendo retirados no dia 20/01/2005.
Os touros foram usados na proporção touro: novilha de 1:30,
apresentavam entre 3 e 4 anos de idade e tiveram aptidão comprovada
previamente por exame andrológico.
O protocolo utilizado, de baixo custo, objetivou reduzir o período de
inseminação artificial, concentrar a manifestação de cio, ovulação e
parição, produzir terneiros mais uniformes e aumentar o número de
fêmeas parindo mais cedo. As variáveis analisadas para cada grupo
(inseminadas IA x entouradas ENT) foram peso ao início do acasalamento
(PIA), taxa de novilhas inseminadas (TIA), taxa de novilhas entouradas
(TENT), taxa de prenhez (TP) conforme a técnica reprodutiva e idade do
animal. A análise estatística foi feita pelo Modelo Linear Generalizado
(GLM) a partir do software SPSS, sendo a taxa de prenhez testada pelo
Qui-quadrado.
Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 123
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta o percentual de fêmeas inseminadas e entouradas
de acordo com a idade ao início do acasalamento.
Tabela 1 – Taxa de novilhas inseminadas e repassadas com touro (TIA) e taxa de novilhas apenas entouradas
(TENT) conforme a idade ao acasalamento.
Idade ao acasalamento n TIA (%) TENT (%)
14 meses (A14) 70 35,7 a 64,3 a
18 meses (A18) 36 66,7 b 33,3 b
26 meses (A26) 164 78,0 c 22,0 c
Total/Média 270 65,6 34,4
a,b,c na coluna, diferem entre si (p<0,01).
Os resultados indicam maior taxa de manifestação de estros, expressa
pelo maior número de animais inseminados, à medida que aumenta a
idade ao acasalamento. Segundo Schillo et al. (1992) a puberdade
(coincidente com a primeira ovulação e estro) em novilhas é o resultado
de uma série de eventos complexos que ocorrem no eixo endócrino-
reprodutivo. A idade do animal é um fator relacionado à puberdade
(SCHILLO et al, 1992; DI MARCO et. al, 2006), sendo que animais mais
velhos na mesma faixa de peso e grupo genético, como no caso do trabalho
em questão, tendem a apresentar maior maturidade fisiológica e
reprodutiva, o que possibilita que o sistema nervoso detecte relações neuro-
endócrinas favoráveis à produção de gonadotrofinas, conduzindo a um
desenvolvimento folicular mais intenso e promovendo a ocorrência da
ovulação e manifestação do estro (SIROIS e FORTUNE, 1988). Dessa forma,
sugere-se que os animais mais novos demonstraram, no presente
experimento, menor manifestação de estros no início da estação de
acasalamento. O grupo A26 apresentou 42,3 e 11,3 pontos percentuais a
mais de novilhas sendo inseminadas em relação aos grupos A14 e A18,
respectivamente.
A Tabela 2 mostra o peso ao início do acasalamento geral (PIAG), o peso
ao início do acasalamento das vacas que emprenharam (PIAP) e das vacas
que não emprenharam (PIAV) e a taxa de prenhez (TP), conforme a idade
ao acasalamento e o tratamento.
Tabela 2 – Peso ao início do acasalamento geral (PIAG), peso ao início do acasalamento de vacas que emprenharam
(PIAP) e não emprenharam (PIAV) e taxa de prenhez (TP), conforme a idade ao acasalamento.
Idade ao acasalamentoIdade ao acasalamentoIdade ao acasalamentoIdade ao acasalamentoIdade ao acasalamento NNNNN PIAG (kg)PIAG (kg)PIAG (kg)PIAG (kg)PIAG (kg) PIAP (kg)PIAP (kg)PIAP (kg)PIAP (kg)PIAP (kg) PIAPIAPIAPIAPIAV (kg)V (kg)V (kg)V (kg)V (kg) TP (%)TP (%)TP (%)TP (%)TP (%)
14 meses (A14) 70 311,96 a 314,53 298,18 84,3
18 meses (A18) 36 333,00 b 334,56 306,50 94,4
26 meses (A26) 164 301,46 a 301,05 305,33 90,9
Total/Média 270 308,39 309,04 302,71 89,6
 a,b na coluna, diferem entre si (p<0,01).
124 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
O PIAG foi maior (p<0,01) para as novilhas A18 em relação às A14 e A26,
que não diferiram entre si (p>0,05).Na análise dos pesos ao acasalamento
de novilhas prenhes (PIAP) e vazias (PIAV) não houve diferença
significativa para nenhum dos grupos analisados (p>0,05), assim como
não houve diferença na taxa de prenhez. Esses resultados concordam com
os relatos de Rovira (1996), que indica uma relação linear entre peso e
fertilidade de novilhas de corte até os 65-68% do peso vivo adulto (cerca
de 300 kg para novilhas com base racial britânica). Segundo Rovira (1996),
acima desse peso, a fertilidade e a velocidade de concepção não apresentam
incremento significativo, o que explica o fato das novilhas A18 não terem
obtido uma taxa de prenhez superior às demais, mesmo sendo mais pesadas
ao início do acasalamento.
Azambuja (2003) trabalhando com novilhas acasaladas aos 14 meses,
reporta taxas de prenhez inferiores às obtidas no presente trabalho, de 35,4%
e 66,7% para pesos médios ao início do acasalamento também inferiores,
de 233,4 e 252,0 kg, respectivamente. Funston e Deutscher (2004), utilizando
novilhas acasaladas aos 14 meses, relataram taxas de prenhez similares aos
deste trabalho, respectivamente, de 93 e 88% em novilhas pesando 330 kg e
319 kg ao início da estação de acasalamento, não havendo diferença
estatística significativa entre as novilhas de diferentes pesos. Em experimento
utilizando novilhas acasaladas aos 18 meses, Barcellos et al. (2000) relatam
taxas de prenhez de 35,9 e 57,1% para pesos ao início do acasalamento de
261 e 283 kg, respectivamente, taxas e pesos inferiores às obtidas pelas
novilhas de mesma idade neste trabalho.
Esses resultados demonstram a relação positiva entre peso e taxa de prenhez
até um determinado limite de peso, conhecido como peso mínimo crítico.
Elevados pesos ao início do acasalamento tendem a proporcionar elevados
índices de prenhez (AZAMBUJA, 2003; GOTTSCHALL et al., 2005).
Entretanto, à medida que aumenta o peso ao acasalamento, a probabilidade
de prenhez fica semelhante para novilhas de diferentes idades, evidenciando
que a partir de determinadas faixas de peso não há incremento significativo
nas taxas de prenhez (GOTTSCHALL e CANELLAS, 2007).
Tabela 3 – Taxa de prenhez (TP) e peso ao início do acasalamento (PIA) de novilhas submetidas à inseminação
artificial e repassadas com touros (IA) e de novilhas exclusivamente entouradas (ENT), conforme a idade ao
acasalamento.
GrupoGrupoGrupoGrupoGrupo TTTTTratamentoratamentoratamentoratamentoratamento NNNNN PIA (kg)PIA (kg)PIA (kg)PIA (kg)PIA (kg) TP (%)TP (%)TP (%)TP (%)TP (%)
A14 IA 25 (35,7%) 316,52 96,0a
ENT 45 (64,3%) 309,42 77,8b
A18 IA 24 (66,7%) 340,92 95,8
ENT 12 (33,3%) 319,69 91,7
A26 IA 128 (78,0%) 304,02a 93,0
ENT 36 (22,0%) 292,33b 83,3
Total IA 177 (65,6%) 310,79 93,8A
ENT 93 (34,4%) 304,30 81,7B
a,b na coluna, diferem entre si (p<0,05).
A,B na coluna, diferem entre si (p<0,01).
Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 125
As novilhas inseminadas nos doze primeiros dias da estação de
acasalamento e repassadas com touros (tratamento IA),
independentemente da idade, apresentaram 93,8% de prenhez,
expressando melhor desempenho reprodutivo em relação às novilhas
somente entouradas (tratamento ENT), que obtiveram uma taxa de
prenhez de 81,7% (p<0,01). Seguramente as novilhas inseminadas nos
primeiros doze dias, já haviam atingido a puberdade, pois demonstraram
estro ao início da estação de acasalamento e/ou responderam à ação da
prostaglandina. Essa ciclicidade se traduz por maior chance de concepção
dentro da estação de reprodutiva.
Na análise da idade ao primeiro acasalamento, novilhas dos grupos A18 e
A26 não demonstraram diferenças nas taxas de prenhez entre ou grupos
IA x ENT, enquanto novilhas mais jovens do grupo A14 apresentaram
diferenças nas taxas de prenhez entre ou grupos IA x ENT (P<0,05). Para
os dois grupos de animais mais velhos A18 e A24 a quantidade de novilhas
inseminadas foi percentualmente superior, o que indica um maior grau de
ciclicidade desses animais ao início da estação. No grupo ENT encontravam-
se novilhas não cíclicas, ou simplesmente não identificadas em estro. Para o
grupo A14 foi identificada superioridade na taxa de prenhez para o
tratamento IA (96,0%) em relação ao tratamento ENT (77,8%). Segundo
Byerley et al. (1987), novilhas acasaladas no terceiro estro apresentam maior
probabilidade de prenhez em relação a novilhas acasaladas no primeiro
estro, respectivamente de 78% e 57%. Esses dados podem explicar as
diferenças entre as taxas de prenhez dos grupos IA e ENT em função da
idade ao primeiro acasalamento. No grupo A14 o percentual de novilhas IA
e ENT foi respectivamente de 35,7% e 64,3 %, indicando um maior percentual
de novilhas acíclicas no início do trabalho. Mesmo ciclando durante a estação
de acasalamento a probabilidade de concepção no primeiro estro é inferior
a probabilidade de concepção no terceiro estro (BYERLEY et al, 1987). Os
dados indicam que um maior percentual de novilhas do grupo A14
manifestou estro após o período de inseminação artificial (tratamento ENT),
dispondo de um menor período de tempo para conceber, além de apresentar
um maior percentual de animais manifestando o primeiro estro durante a
estação de monta, o que resultou em uma menor taxa de prenhez para esse
grupo e dentro dessa idade (A14 ENT). Nesse contexto, Di Marco et al.
(2006) relatam que em sistemas intensivos de produção, com uso de
acasalamento precoce (A14), ocorre uma sintonia entre a idade da novilha,
ocorrência de puberdade e o período de acasalamento. Esses autores também
destacam as diferenças em fertilidade entre novilhas inseminadas no terceiro
estro comparadas ao primeiro estro, sendo menor em animais inseminados
no primeiro estro pós-puberdade. Nos grupos A18 e A26 o percentual de
novilhas IA, em relação às ENT foi maior, fato esse que explica a ausência
de diferença estatística nas TP desses animais e permite inferir que, nas
condições de manejo utilizadas, um maior percentual de novilhas de 18 e
26 meses já apresentavam ciclicidade, favorecendo a concepção mais precoce
dentro da estação de acasalamento em relação àquelas acasaladas aos 14
meses.
126 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
Dados das Tabelas 2 e 3 mostram que não ocorreram diferenças entre
pesos ao início do acasalamento entre novilhas prenhes e vazias e novilhas
IA e ENT. Segundo Fox et al. (1988), o peso ótimo à cobertura de novilhas
de reposição varia de acordo com o tamanho corporal, sendo este peso em
torno de 60% do peso adulto da vaca. Segundo Rovira (1996), Gottschall
et al. (2005) e Gottschall e Canellas (2007), é fundamental um peso
adequado ao início da estação para uma ótima concepção. Esses autores
relacionam o peso mínimo a ser atingido a um percentual do peso vivo de
animais adultos gordos, sendo cerca de 65% do peso vivo adulto. Na
propriedade em questão as vacas gordas são vendidas com
aproximadamente 480 kg, o que representa cerca de 312 kg ao início da
estação de acasalamento, peso muito próximo ao obtido por animais de
todos os grupos. A importância do peso e suas relações é descrita por
Harwin et al. (1967), citado por Morris (1980), onde os autores relatam
influências do peso sobre a velocidade de concepção em novilhas. Novilhas
com mais de 318 kg tiveram 100% de parição e um período médio de
acasalamento de 42 dias. Novilhas com peso entre 220 e 318 kg tiveram
83% de parição e um período médio de acasalamento de 62 dias. Novilhas
com peso inferior a 220 kg tiveram 60% de parição e um período médio de
acasalamento de 126 dias. Entretanto, Cunningham et al. (1981) não
encontraram diferenças na taxa de concepção de novilhas acasaladas aos
24 meses com mais de 310 kg quando comparada ao grupo de novilhas
com menos de 310 kg. Os dois trabalhos supracitados apresentam faixas
de comparação diferentes, e possivelmente no trabalho de Cunningham
et al. (1981) os animais apresentaram o peso mínimo crítico necessário
nos dois grupos. Gottschall (1999), em um estudo onde foi utilizado o
mesmo protocolo de sincronização de estro deste experimento, com
novilhasacasaladas aos 26 meses, encontrou pesos semelhantes para o
grupo IA e ENT, respectivamente de 307,9 kg e 300,9 kg (P>0,05),
entretanto a taxa de prenhez do grupo IA foi de 90,5%, superior a taxa de
prenhez do grupo de novilhas apenas entouradas (ENT), que foi de 68,9%
(P<0,01), indicando que outros fatores além do peso ao início do
acasalamento afetam a resposta reprodutiva, inclusive a ciclicidade. Para
as novilhas iniciarem a época de monta ciclando, de forma a conceber o
mais rápido possível, recomenda-se que estes animais alcancem 60-65%
do seu peso corporal adulto, denominado peso-alvo ou peso mínimo crítico
(BOLZE e CORAH, 1993; LYNCH et al., 1997). Lamb (2006) relata que
novilhas Angus atingem 50 e 90% de ciclicidade com 250 e 295 kg de peso
vivo, respectivamente. Kasari e Gleason (1996) afirmam que o peso-alvo
deve ser atingido cerca de 60 dias antes do início da estação de monta,
considerando que a fertilidade das novilhas aumenta depois do 3º e 4º cio,
como relatado anteriormente. Conforme dados reportados por Byerley et
al. (1987) a fertilidade em novilhas cobertas no primeiro cio puberal é em
torno de 21% menor que a de fêmeas cobertas no terceiro cio. Gottschall
e Canellas (2007), afirmam que a precocidade sexual, com ocorrência da
puberdade antes do início da estação de acasalamento, independentemente
da idade, será um fator de extrema importância para o desempenho
reprodutivo subseqüente. Fêmeas concebendo e parindo ao início das
Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 127
respectivas estações terão mais tempo para a nova concepção ainda dentro
da estação de acasalamento (LESMEISTER et al., 1973).
CONCLUSÕES
A idade ao acasalamento não interferiu na taxa de prenhez das novilhas.
Animais mais velhos apresentaram maior taxa de inseminação do que
animais mais novos, sugerindo a hipótese de que novilhas mais velhas
tendem a apresentar maior percentual de ciclicidade ao início da estação
reprodutiva em relação a novilhas mais jovens. Novilhas sincronizadas e
inseminadas nos primeiros doze dias da estação de acasalamento
apresentaram maiores taxas de prenhez em relação àquelas apenas
entouradas.
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Patologia clínica: colheita,
conservação e remessa de amostras
Clinic pathology: collection, storage and samples delivering
SIMON, Caroline FSIMON, Caroline FSIMON, Caroline FSIMON, Caroline FSIMON, Caroline Ferreira – erreira – erreira – erreira – erreira – Med. Vet., Residente em Patologia
Clínica do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Luterana do
Brasil – RS
FISCHERFISCHERFISCHERFISCHERFISCHER, Cristine Bastos Dossin, Cristine Bastos Dossin, Cristine BastosDossin, Cristine Bastos Dossin, Cristine Bastos Dossin – Med. Vet., MSc. Professora do
Curso de Medicina Veterinária da Universidade Luterana do Brasil – RS
SILSILSILSILSILVEIRA, FVEIRA, FVEIRA, FVEIRA, FVEIRA, Fabianaabianaabianaabianaabiana – Aluna do Curso de Biomedicina da Universidade
Luterana do Brasil – RS
ALLGAALLGAALLGAALLGAALLGAYERYERYERYERYER, Mariangela da Costa , Mariangela da Costa , Mariangela da Costa , Mariangela da Costa , Mariangela da Costa – Bióloga, Med. Vet., MSc.
Professora do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Luterana
do Brasil – RS
Data de recebimento:Data de recebimento:Data de recebimento:Data de recebimento:Data de recebimento: fevereiro 2007
Data de aprovação:Data de aprovação:Data de aprovação:Data de aprovação:Data de aprovação: maio 2007
Endereço para correspondência:Endereço para correspondência:Endereço para correspondência:Endereço para correspondência:Endereço para correspondência: Mariangela da Costa Allgayer. Av. Farroupilha,
nº 8001, Bairro São Luiz. CEP 92450-900. Prédio 25. ULBRA, Canoas/RS. E-mail:
bioclinica@ulbra.br
RESUMO
O resultado de um exame laboratorial confiável e de qualidade depende
do preparo do animal, da colheita do material e do manuseio e
armazenamento da amostra colhida. Fatores como hemólise, medo,
excitação, lipemia, armazenamento inadequado, demora no
processamento da amostra e a falta de informações sobre os sinais clínicos
e medicamentos utilizados no paciente podem interferir no diagnóstico e
tratamento de diversas patologias. Este trabalho tem o objetivo de fazer
uma revisão bibliográfica sobre os cuidados que devem ser tomados ao
colher e enviar amostras para realização de exames complementares no
laboratório de Patologia Clínica.
PPPPPalavras-chave:alavras-chave:alavras-chave:alavras-chave:alavras-chave: colheita, hemólise, lipemia, patologia clínica.
Veterinária em Foco Canoas v. 4 n.2 jan./jun. 2007 p.131-141
132 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
ABSTRACT
The result of a reliable and of quality laboratory procedure depends on
the preparation of the animal, collection of the material, handle and
storagethe sample collected. Factors such as hemolysis, fear, excitement,
lipemia, inadequate stock, delay on the sample processing and the lack of
information of the clinical signs and the drugs used in the patient may
interfere in the diagnostic and treatment of several pathologies. This essay
aims to make a bibliography review about the cares that must be taken
when collecting and sending samples for complementary exams to the
clinic pathology laboratory.
KKKKKey words: ey words: ey words: ey words: ey words: collection, hemolysis, lipemia, clinic pathology.
INTRODUÇÃO
A acurácia dos testes laboratoriais e a interpretação dos resultados
dependem, primariamente, da qualidade da amostra recebida. Respeitar
as técnicas de colheita prepará-las e realizá-las com cuidado, buscando
artifícios para minimizar as alterações que possam ocorrer antes (ex.
estresse), durante (ex. garroteamento prolongado a anti-sepsia
inadequada), e após colheita (ex. contaminação) colabora para que haja
uma correta interpretação dos exames. A confiabilidade no uso do
laboratório como apoio diagnóstico depende da qualidade do material
utilizado para análise, ou seja, colheita e conservação adequada da
amostra. Adicionalmente, para o aproveitamento ótimo das análises em
patologia clínica deve existir uma relação estreita entre o médico
veterinário clínico e o laboratório de diagnóstico.
Os autores Gonzáles e Silva (2003); Kerr (2003) e Rebar et al. (2003)
relatam que envio de amostras inadequadas implica em perda de tempo,
de recursos e, em ocasiões, complicações na saúde do animal devido a
uma interpretação incompleta ou incorreta de resultados.
ENVIO DE AMOSTRAS
Amostras enviadas a qualquer laboratório de diagnóstico, devem possuir
uma identificação adequada, utilizando material que resista ao manejo,
isto é, tintas permanentes resistentes à água, fitas com cola ou etiquetas
com adesivo apropriado. Devem ser enviadas logo após a colheita e de
preferência refrigeradas.
Gonzáles e Silva (2003), Kerr (2003) e Rebar et al. (2003) comentam que
as amostras devem ser acompanhadas com um protocolo que inclua:
Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 133
• Identificação do proprietário, médico veterinário ou pessoa responsável,
telefone e endereço;
• Dados de identificação do animal ou animais amostrado(s);
• Anamnese completa do paciente e/ou do rebanho, sem omitir dados
relevantes da história clínica, nutrição, reprodução, produção e manejo;
• A suspeita de doenças infecciosas, especialmente se elas forem
zoonóticas;
• O uso de qualquer tratamento medicamentoso, dieta diferente, excitação/
agitação durante a colheita da amostra, ou a utilização de um anestésico
geral que possa ser relevante na interpretação subseqüente dos resultados.
Segundo os autores citados acima, conservantes físicos ou químicos devem
ser utilizados com muita cautela, pois o uso inadequado pode fazer com
que a amostra seja inviabilizada. A embalagem a ser usada deve ser segura
para a amostra e principalmente aos que a manusearão. A padronização
da colheita por parte do médico veterinário através de um manual contendo
todos os procedimentos de colheita, é uma forma de garantir a qualidade
do resultado final do exame.
Bush (2004) relata que se vários exames forem realizados, é desejável colher
todas as amostras no mesmo momento, pois isso permite a correlação dos
achados e evita a possibilidade de que, entre as colheitas, o quadro clínico
tenha mudado, produzindo inconsistências nos resultados obtidos.
AMOSTRAS PARA HEMOGRAMA
Para o hemograma não importa o vaso sangüíneo selecionado para realizar
a obtenção da amostra, uma vez que não existem diferenças significativas
nas concentrações dos componentes sangüíneos que são mensurados
(GONZALES e SILVA, 2003). Porém, a veia jugular é grande o suficiente,
até mesmo em gatos para que sejam aspirados até 5 mL de sangue em
poucos segundos. Isso minimiza a estase venosa e a hemólise e permite
que a amostra seja transferida para um tubo com anticoagulante antes
de começar a coagular. O período de contenção é muito mais curto e,
muitos animais parecem rejeitar menos o posicionamento (KERR, 2003).
O ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) é o anticoagulante de escolha
para a realização do hemograma nas espécies domésticas com exceção
das ratitas (avestruz) onde é preconizado o uso da heparina, pois nesta
espécie aviária, o contato dos eritrócitos com o EDTA causa hemólise intensa
da amostra. A heparina não é capaz de impedir a agregação plaquetária e
causa alterações morfológicas nos leucócitos, e por isso não deve ser
utilizada para a colheita de sangue para fins de realização e interpretação
134 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
do hemograma nas espécies veterinárias. O citrato de sódio é recomendado
para os estudos das plaquetas e testes de coagulação (REBAR et al., 2003;
SINK e FELDMAN, 2006).
A amostra de sangue pode ser obtida diretamente de um tubo de colheita
contendo anticoagulante (tubos a vácuo) ou com uma seringa e
rapidamente transferido para um tubo de colheita com EDTA. O uso de
tubos a vácuo não é preconizado em pequenos animais devido à ocorrência
de hemólise na amostra, sendo preconizado a colheita em seringa. Após a
colheita com seringa deve ser realizada a transferência do sangue para o
tubo com EDTA, este tubo deve estar inclinado de forma que o sangue
desça pela parede, minimizando a hemólise. Imediatamente o tubo deve
ser fechado e homogeneizado por inversão delicadamente, propiciando
que o anticoagulante entre em contato com toda a amostra.
É essencial que os tubos com EDTA sejam preenchidos com o volume
especificado no rótulo. Se for colhida uma quantidade muito pequena de
sangue, a concentração resultante de EDTA danificará as células, se ao
contrário, o tubo for por preenchido em demasia, o sangue provavelmente
coagulará (KERR, 2003).
Tempo de armazenamentoSegundo Gonzáles e Silva (2003) as hemácias apresentam aumento da
suscetibilidade à lise após 24 horas em contato com EDTA. Este fato
permite que uma amostra possa ser processada até 24 horas após a colheita,
desde que a mesma permaneça sob refrigeração, esperando pelo menos
15 minutos depois da colheita em temperatura ambiente antes de ser
refrigerada, para evitar que ocorra hemólise. Se o sangue colhido
permanecer a temperatura ambiente, deve ser processado o mais rápido
possível após a colheita, pois as mostras sangüíneas armazenadas no EDTA
podem produzir alterações leucocitárias e artefatos morfológicos nas
lâminas de esfregaço se o sangue for deixado em temperatura ambiente
por mais de 3 horas (WEISS e TVEDTEN, 2004).
Efeito da hemólise no hemograma
Segundo Gonzáles e Silva (2003); Rebar et al. (2003); Sink e Feldman
(2006), as principais causas de hemólise são:
• Aspirar sangue rapidamente para dentro da seringa, usando uma agulha
com calibre pequeno;
• Tubos com fluoreto, que alteram o metabolismo das hemácias e a
deterioração celular começa imediatamente.
Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 135
• Seringas ou agulhas úmidas, ou água entrando nos tubos de colheita;
• Perder o vaso no meio da colheita e aplicar pressão negativa no sangue
já presente na seringa, ao procurar pelo vaso “perdido”;
• Colocar o sangue no tubo de colheita sem tirar a agulha da seringa, a
qual sempre deve ser removida;
• Homogeneização violenta, pois a inversão repetida é suficiente para
homogeneizar adequadamente;
• Amostras lipêmicas;
• Tempo decorrido até o processamento, especialmente se a amostra não
for refrigerada;
• Congelamento da amostra.
As alterações no hemograma e proteína plasmática total decorrentes de
amostras hemolisadas encontram-se listadas na Tabela 1. Cabe salientar
que o grau de alterações está relacionado com a hemólise evidenciada na
amostra.
Tabela 1 – Efeitos da hemólise nos parâmetros eritrocitários do hemograma e na proteína plasmática total (PPT).
E X A M EE X A M EE X A M EE X A M EE X A M E EFEITO DA HEMÓLISEEFEITO DA HEMÓLISEEFEITO DA HEMÓLISEEFEITO DA HEMÓLISEEFEITO DA HEMÓLISE
Eritrograma
Contagem de eritrócitos Diminuição
 Hematócrito Diminuição
 Hemoglobina Aumento
 CHCM* Aumento
 VCM** Diminuição
PPT Aumento
* Concentração de hemoglobina corpuscular média; **volume corpuscular médio
Fonte: Meyer et al. (1995).
Efeito da lipemia no hemograma
A lipemia ocorre com freqüência em amostras colhidas exatamente após
alimentação de um paciente (animais monogástricos), não sendo um
problema da amostra ou do manuseio desta, e sim uma característica do
paciente, podendo ser evitada pelo jejum no mínimo de 6 a 12 horas
(MEYER et al., 1995; KERR, 2003).
No eritrograma a concentração de hemoglobina falsamente elevada,
também pode ser causada pela lipemia, devido ao efeito do aumento de
turbidez na membrana fotométrica. Isto resultará em um valor falsamente
elevado de CHCM (KERR, 2003).
136 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
Efeito do medo e excitação no hemograma
Esses efeitos são principalmente os da adrenalina, e tendem a ser mais
pronunciados no gato que no cão, além de serem transitórios.
Particularmente no gato, estes efeitos podem estar associados com o medo
e a contenção na colheita e também são evidentes em amostras sangüíneas
colhidas sob anestesia geral, se tiver ocorrido excitação durante a indução
(BUSH, 2004).
Para Gonzáles e Silva (2003), Rebar et al. (2003), Bush (2004) e Sink e
Feldman (2006) os principais efeitos do medo e excitação no hemograma
são descritos como:
• Aumento transitório no hematócrito, CHCM e contagem de eritrócitos,
resultante da contração do baço, liberando mais eritrócitos para a
circulação;
•Aumento na contagem de neutrófilos segmentados que migram do
compartimento marginal e são temporariamente redistribuídos para o
compartimento circulante, causando um discreto aumento no seu
número, um efeito que dura cerca de 30 minutos. Isto não é muito
comum em cães, mas ocorre freqüentemente em gatos, especialmente
naqueles mais jovens e saudáveis (é menos freqüente em animais
doentes), sendo que neste caso não haverá desvio à esquerda;
• Aumento temporário do número de linfócitos na circulação
(geralmente maior que o aumento de neutrófilos) ocorre em gatos,
mas não em cães;
• Alteração na contagem de eosinófilos, primeiramente ocorre uma discreta
eosinofilia (pico após 1 hora), seguida de uma eosinopenia moderada com
menores valores após, aproximadamente, 4 horas;
• Aumento no número de plaquetas, pois elas são mobilizadas do baço
após a excitação, sendo que no gato pode ser de apenas 3 minutos.
AMOSTRAS PARA PROCEDIMENTOS BIOQUÍMICOS
A maior parte das análises bioquímicas requer sangue total, plasma ou
soro. As instruções acompanham os analisadores bioquímicos e devem
ser consultadas para o tipo de amostra exigido (HENDRIX, 2006).
A principal fonte de deterioração, no que se refere aos exames bioquímicos,
são as hemácias, as quais devem ser separadas o mais rápido possível. A
melhor maneira de tratar uma amostra para bioquímica é fazer a
separação do plasma ou soro imediatamente depois da colheita. Se houver
atraso na separação das hemácias da amostra, isso fará toda a diferença
Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 137
entre uma amostra útil e uma massa hemolisada que não deverá ser
analisada (KERR, 2003).
Efeito da hemólise sobre a bioquímica sangüínea
As alterações nos exames bioquímicos decorrentes da análise de uma
amostra hemolisada estão listadas na Tabela 2.
Tabela 2 – Efeito da hemólise sobre os resultados dos exames bioquímicos.
E X A M EE X A M EE X A M EE X A M EE X A M E EFEITO DA HEMÓLISEEFEITO DA HEMÓLISEEFEITO DA HEMÓLISEEFEITO DA HEMÓLISEEFEITO DA HEMÓLISE
Aspartato aminotransferase – AST Aumento
Alanina aminotransferase – ALT Aumento
Lactato desidrogenase – LDH Aumento
Creatina quinase – CK Aumento
Amilase Diminuição
Lipase Aumento
Fosfatase Alcalina Aumento ou diminuição (dependendo do método utilizado)
Proteína total Aumento
Albumina Aumento
Cálcio Aumento
Fósforo Aumento
Creatinina Diminuição (dependendo do método utilizado)
Potássio Aumento (eqüino, bovino, cão da raça Akita)
Bilirrubina Leve aumento
 Fonte: Meyer et al. (1995).
Efeito da lipemia na bioquímica sangüínea
A lipemia altera a análise da amostra devido ao fato de que a opacidade
interfere com análise fotométrica e, nos casos graves, fica impossível obter
os valores bioquímicos (MEYER et al., 1995). Bush (2004) relata como
principais efeitos da lipemia na bioquímica sangüínea, as seguintes
alterações:
• Atividade da amilase falsamente elevada, sendo uma consideração
importante no diagnóstico de pancreatite aguda porque a presença de
lipemia é bastante provável;
• Níveis de sódio e potássio falsamente diminuídos. Os níveis de sódio e
potássio aparecem menores porque os eletrólitos estão presentes apenas
na fração aquosa do plasma/soro. Quando houver um grande aumento
na fração lipídica (não aquosa), há o efeito de “diluição” de sódio e potássio
presentes no volume da amostra em questão;
138 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
• A hemólise também é uma conseqüência, pois a lipemia aumenta a
tendência à hemólise após colheita e manipulação.
Kerr (2003) descreve como efeitos da lipemia o aumento dos valores de
PPT, obtidos com um refratômetro. Estes valores podem estar falsamente
elevados pela turbidez e, dependendo da acurácia ou da determinação de
albumina, produzem uma relação albumina/globulina imprecisa.
Efeito do medo e da excitação na bioquímica sangüínea
Para Hendrix (2006) o medo e a excitação podem causar uma elevação
nos valores de glicose, porém nos cães a concentração de glicose raramente
excede 150 mg/dL pela excitação e, portanto, é pouco comum haver
glicosúria. Já nos gatos, a concentração de glicose no sangue pode atingir
300 a 400 mg/dL ou até mais, com a excitação e medo podendo ocorrer
glicosúria.
AMOSTRA PARA URINÁLISE
A primeira etapana realização de uma urinálise é a colheita apropriada
de uma amostra urinária, que deve ser obtida cuidadosamente para
garantir resultados significativos. Há quatro métodos básicos para colheita
de uma amostra urinária: cistocentese, cateterização, compressão vesical
e micção espontânea (KERR, 2003). Os métodos preferidos são cistocentese
e cateterização, pois proporcionam amostras ideais para todos os aspectos
da urinálise ao manter a amostra livre da contaminação a partir do trato
genital distal e das áreas externas (HENDRIX, 2006).
Idealmente devem-se analisar amostras dentro de 30 minutos após a
colheita para evitar artefatos pós-colheita e alterações degenerativas. Se
uma análise imediata não for possível, a refrigeração preserva a maior
parte dos constituintes urinários por 6 a 12 horas adicionais. Em amostras
que são deixadas repousar por longos períodos em temperatura ambiente,
pode ocorrer redução de concentrações de glicose e bilirrubina, aumento
de pH resultante de degradação bacteriana da uréia em amônia, formação
de cristais com aumento da turvação da amostra, desintegração de
cilindros e eritrócitos (especialmente em urina diluída ou alcalina) e
proliferação bacteriana. Podem se formar muitos cristais em amostras
refrigeradas. As amostras devem ser aquecidas em temperatura ambiente
antes da avaliação e, ocasionalmente, cristais que são formados durante
o resfriamento podem não dissolver quando a amostra é aquecida. As
células tendem a se deteriorar rapidamente na urina e, assim, caso se
tenha de realizar uma avaliação citológica, deve-se centrifugar a urina
logo após a colheita e acrescentar 1 a 3 gotas de soro do paciente ou
Veterinária em Foco - v.4, n.2, jan./jun. 2007 139
albumina bovina ao sedimento para preservar a morfologia celular (KERR,
2003; HENDRIX, 2006 ).
Efeito do medo e excitação na urinálise
Segundo Navarro (1996) e Bush (2004), as alterações causadas na
urinálise pelo medo e a excitação são as seguintes:
• Glicosúria, a chamada glicosúria emocional, causada pela liberação
súbita de adrenalina, que leva a um aumento da mobilização da glicose.
• pH aumentado que pode ser resultado de ansiedade, causando palpitação
(hiperventilação) e perda de dióxido de carbono.
AMOSTRAS PARA ANÁLISE DE EFUSÕES
A colheita dos líquidos cavitários se faz através da punção com seringa e
agulha. Deve-se fazer sempre uma tricotomia no local de introdução da
agulha e proceder a uma anti-sepsia rigorosa, não esquecendo nunca o
risco de contaminação dos tecidos adjacentes que o procedimento oferece.
Deve-se utilizar uma agulha fina, pois as agulhas mais grossas apresentam
o inconveniente de produzir um orifício muito grande que pode levar ao
extravazamento de líquido. Se a quantidade de líquido for pequena, deve-
se transferi-lo imediatamente a um frasco contendo EDTA. Se a quantidade
for maior, deve-se encher também um tubo de ensaio sem anticoagulante.
O fluido acondicionado no tubo com EDTA serve para prevenir a
coagulação uma vez que é comum a punção de pequenos vasos no
momento da colheita. Este fluido deve ser utilizado para a determinação
de contagem celular. O frasco sem anticoagulante, serve para avaliar
parâmetros bioquímicos (COWELL e TYLER, 1993; SHELLY, 2003;
NAVARRO, 2005).
A toracocentese é comumente realizada no sexto, sétimo ou oitavo espaço
intercostal, imediatamente abaixo da articulação costocondral. Este
procedimento pode ser realizado com uma agulha borboleta de pequeno
calibre (nº 19 a 23). O ponto selecionado deve ser tricotomizado e, se
necessário, deve ser realizado o bloqueio anestésico local. O local é preparado
assepticamente e a agulha é introduzida no meio do espaço intercostal
selecionado. A agulha deve ser introduzida no espaço pleural até que a
pleura seja puncionada. O líquido deve ser aspirado delicadamente e as
amostras devem ser colocadas em frascos com e sem EDTA (FOSSUM, 2004).
Na abdominocentese o paciente deve ter a bexiga e os intestinos vazios
previamente, devido ao risco de perfurar esses órgãos durante a colheita.
140 v.4, n.2, jan./jun. 2007 - Veterinária em Foco
O melhor local para punção é na linha média do abdome, 1 a 2 cm
posteriormente ao umbigo, com o animal também em pé ou em decúbito
lateral. Não há necessidade de anestesia ou tranquilização, mas o animal
deve ser bem contido. Se o líquido aparecer posteriormente a uma cirurgia,
deve-se tomar cuidado para não introduzir a agulha na ferida cirúrgica,
pelo risco que isso traz de traumatizar vísceras que eventualmente estejam
aderidas à sutura. Para colheita pode ser utilizado um cateter, o paciente
deve ser colocado em decúbito lateral e, procedida de uma anti-sepsia
local. Uma vez introduzido o cateter, fixa-se uma seringa à extremidade
do mesmo e puxa-se delicadamente o êmbolo. Se o líquido não vier, pode-
se introduzir uma pequena quantidade de solução salina estéril e morna,
massageando delicadamente o abdome para espalhar o líquido. Este deve
ser retirado por pressão negativa (NAVARRO, 2005).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os exames laboratoriais são úteis no direcionamento do diagnóstico e na
evolução de diversas patologias sendo que a obtenção de resultados
confiáveis depende principalmente da qualidade da amostra enviada.
Portanto, o laboratório de Patologia Clínica poderá ser de grande auxílio
na investigação e tratamento de afecções, desde que o clínico forneça
uma amostra adequada para processamento e dados suficientes para uma
melhor interpretação dos exames.
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