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Aula 1 Sistemas dispersos e liberação transdérmica de fármacos

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DESCRIÇÃO
Apresentação dos sistemas dispersos e dos fatores relacionados ao seu preparo e aplicação.
Diferenciação das formas farmacêuticas de aplicação tópica e apresentação de sistemas
transdérmicos.
PROPÓSITO
Conhecer diferentes formas farmacêuticas e suas particularidades é de fundamental importância
para o desenvolvimento e manipulação de produtos com características e estabilidade adequadas.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos papel, caneta e uma calculadora ou use a
calculadora de seu smartphone/computador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir os fatores que interferem no preparo e estabilidade das suspensões, bem como os
excipientes adequados para esta forma farmacêutica
MÓDULO 2
Descrever o conceito de emulsões, seus métodos de fabricação e o sistema EHL, bem como suas
características e os excipientes farmacêuticos adequados
MÓDULO 3
Reconhecer as particularidades dos géis, pomadas e pastas, bem como suas aplicações e
métodos de preparo
MÓDULO 4
Identificar as aplicações de formulações transdérmicas, bem como suas características e os
fatores que interferem na absorção do fármaco pela pele
INTRODUÇÃO
Neste tema, conheceremos um pouco mais sobre os sistemas dispersos. Uma dispersão é uma
formulação que contém uma fase dispersa na forma de partículas ou gotículas em uma fase
contínua, de modo que o fármaco não se encontre solubilizado, mas uniformemente distribuído em
um veículo adequado.
Uma dispersão pode ser fina, grosseira ou coloidal. Veremos essas definições com mais calma
nos módulos a seguir, bem como as particularidades de cada uma dessas formas farmacêuticas,
suas aplicações e os cuidados que precisamos ter ao formulá-las. Um fator de grande importância
para sistemas dispersos é a estabilidade da formulação. Estudaremos, portanto, as estratégias
que podemos adotar para garantir essa estabilidade pelo maior tempo possível.
Vamos lá?
MÓDULO 1
 Definir os fatores que interferem no preparo e estabilidade das suspensões, bem como
os excipientes adequados para esta forma farmacêutica
Foto: Shutterstock.com
CARACTERÍSTICAS DAS SUSPENSÕES
Suspensões são dispersões grosseiras constituídas por partículas sólidas insolúveis de
fármaco ((fase interna da formulação)) dispersas em um meio líquido, chamado de fase externa
da formulação. Ao contrário das soluções, aqui o fármaco não está dissolvido no veículo e,
portanto, esta forma farmacêutica é útil para a administração de fármacos pouco solúveis ou
insolúveis. A principal diferença entre uma suspensão farmacêutica e uma dispersão coloidal é o
tamanho das partículas dispersas: nas dispersões coloidais o tamanho das partículas é de 1 nm a
1 µm, enquanto nas suspensões, as partículas são maiores que 1 µm (normalmente entre 1 e 50
µm).
Idealmente, uma suspensão adequada é aquela cujas partículas permanecem uniformemente
distribuídas, sem decantarem. No entanto, na prática, isso não é possível e, assim, ao formular
uma suspensão, devemos cuidar para que, após depositadas no fundo do recipiente, as partículas
sejam facilmente redispersas, por meio de agitação, e formem novamente uma mistura uniforme
por tempo suficiente para que a dose adequada seja administrada. Além disso, a viscosidade da
formulação deve permitir a sua remoção da embalagem, e o tamanho de partícula deve se manter
constante por períodos prolongados.
Algumas suspensões estão disponíveis já prontas para uso, ou seja, com as partículas de
fármacos dispersas em um veículo líquido. Outras, no entanto, precisam ser disponibilizadas na
forma de pós secos, que serão redispersos em veículo adequado, geralmente, água purificada,
apenas no momento da sua administração. Essas suspensões são chamadas de extemporâneas
(Figura 1) e são recomendadas para fármacos instáveis se mantidos na presença de líquidos por
um período prolongado. Prednisona e rifampicina, por exemplo, têm indicação para esse tipo de
preparo.
Foto: Shutterstock.com
 Figura 1. Suspensão extemporânea.
O Quadro 1 apresenta as vantagens e desvantagens dessa forma farmacêutica.

Permitem a administração de fármacos pouco solúveis ou insolúveis.
Permitem o mascaramento de sabores indesejáveis.
Permitem a administração a pacientes com dificuldade de deglutição.
Permitem a liberação controlada de fármacos.

São naturalmente instáveis, exigindo um cuidado extra no desenvolvimento da formulação.
Podem conter grande volume, sendo de difícil transporte pelo paciente.
A via de administração mais comum das suspensões é a oral, mas elas também podem ser
utilizadas para administração parenteral, oftálmica e tópica.
ESTABILIDADE DAS SUSPENSÕES
Termodinamicamente, um sistema disperso pode ser considerado estável sempre que não houver
interação entre as partículas. As suspensões são, por natureza, fisicamente instáveis, isto é,
devido ao tamanho das partículas, existe uma tendência natural à sedimentação pelo efeito da
força da gravidade. Diversos fatores estão envolvidos nesse processo de sedimentação, e a
velocidade com que ele ocorre pode ser definida pela Lei de Stokes (Equação 1). Apesar de essa
não ser a realidade de muitas suspensões farmacêuticas, podemos usar esta equação para
entender o efeito de cada fator na sedimentação das partículas.
Equação 1. Lei de Stokes.
ΔV
ΔT
=
D2 ΡS -ΡT G
18Ր1
Fonte: Jones (2008, p. 32).
LEI DE STOKES
A lei de Stokes é válida para suspensões ideais, em que não há interação entre as partículas
em suspensões que contêm, no máximo, 2% p/p de fármaco.
Onde:
δv/δt é a velocidade de sedimentação;
d é o diâmetro médio de partícula;
ρs e ρt referem-se às densidades das partículas sólidas e do veículo, respectivamente;
ր1 é a viscosidade do veículo;
g é a gravidade.
( )
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Vamos agora entender a influência de cada um dos fatores presentes na fórmula!
DIÂMETRO MÉDIO DE PARTÍCULA
Quanto maior o diâmetro das partículas de fármaco, maior será sua velocidade de sedimentação.
Isso porque, quanto maior a partícula, maior a influência da gravidade sobre ela e mais
rapidamente ela tende a sedimentar.
DENSIDADE DAS PARTÍCULAS SÓLIDAS E DO VEÍCULO
Quanto maior a densidade das partículas de fármaco, maior será sua velocidade de
sedimentação. Isso porque, quanto mais densa a partícula, maior será a influência da gravidade
sobre ela e mais rapidamente ela tende a sedimentar.
VISCOSIDADE DO VEÍCULO
Quanto maior a viscosidade do veículo, menor será a velocidade de sedimentação das partículas.
Isso porque, quanto mais viscoso o veículo, mais difícil é a locomoção das partículas por ele, de
modo que elas demoram mais tempo para atingir o fundo do recipiente.
Assim, sabemos que, ao formular uma suspensão, precisamos prestar atenção no tamanho e na
densidade das partículas e na viscosidade da fase externa (veículo). Ou seja, para reduzir a
velocidade de sedimentação, precisamos reduzir o diâmetro médio das partículas e
aumentar a viscosidade do veículo.
A redução do tamanho de partícula pode ser obtida, em escala laboratorial, por meio de trituração
com gral ou pistilo ou, em larga escala, por meio do processo de micronização. Já o aumento da
viscosidade do meio pode ser alcançado pela adição de polímeros hidrofílicos na formulação.
Falaremos mais sobre isso no tópico de formulação de suspensões.
MICRONIZAÇÃO
Moagem ultrafina por choques entre as partículas do próprio produto, em alta velocidade.
Para esse tipo de processo, utiliza-se o moinho de ar comprimido. O ar comprimido pode
chegar a até 500 m/s, e carreia, nesta velocidade, as partículas dos produtos.
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javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
 ATENÇÃO
Um parâmetro importante para a estabilidade das suspensões e que estará relacionado com a
capacidade das partículas de se atraírem ou se repelirem é o potencial zeta. Ele pode ser
determinado experimentalmente e, como reflete a carga superficial nas partículas,está
relacionado à repulsão eletrostática entre elas e com a estabilidade da suspensão.
A especialista Patrícia Dias fala sobre o conceito de potencial zeta e sua influência na estabilidade
das suspensões.
FLOCULAÇÃO CONTROLADA
Já vimos que as suspensões são, por natureza, instáveis, de modo que haverá sempre uma
tendência a sedimentação das partículas. Temos duas possibilidades para essa sedimentação.
1. As partículas formam um sedimento compacto, rígido, que não é possível redispersar
(caking). Isso acontece quando as partículas vencem a barreira repulsiva e começam a
sedimentar umas sobre as outras. Conforme vão se depositando no fundo do recipiente, elas se
comprimem pelo peso das partículas de cima, diminuindo a distância entre elas e interagindo em
um nível em que as forças coesivas são extremamente fortes e irreversíveis. Isso ocorre quando
temos uma redução, em módulo, no valor do potencial zeta, capaz de fazer as forças atrativas
predominarem.

2. As partículas formam um sedimento frouxo, que ocupa um grande volume, facilmente
redispersível. Para evitar a formação de agregados compactos com altas forças de coesão, que
não têm a capacidade de se redispersar, pode-se utilizar a estratégia de floculação controlada.
Essa consiste na indução intencional de um processo de floculação, pelo qual as partículas se
unirão por meio de interações fracas, formando uma espécie de rede, também chamada de
flóculos (Figura 2). Nesse caso, as partículas interagem de modo a formar uma estrutura
frouxamente associada, que precisa de pouca energia para ser desfeita. Assim, com a agitação é
possível obter a redispersão e a homogeneidade da formulação. A taxa de floculação depende do
número de partículas presente, de modo que, quanto maior o número de partículas, mais colisões
haverá e mais provável será a floculação.
Imagem: Pixabay, adaptado por Flávio Borges.
 Figura 2. Suspensão floculada.
 ATENÇÃO
Portanto, a floculação controlada induz à formação de flóculos que, por sua vez, possuem
interações fracas, que são facilmente quebradas com a agitação, permitindo a redispersão do
fármaco no veículo.
Como agentes floculantes, pode-se utilizar certos eletrólitos, como cloreto de cálcio ou alumínio
que, ao serem adicionados à formulação, reduzem a barreira elétrica entre as partículas e
funcionam como uma espécie de ponte entre elas, mantendo-as unidas. Alguns tensoativos
também podem exercer essa função. Por fim, a variação do pH da formulação também é capaz de
induzir o processo de floculação.
Um parâmetro usado para avaliar a sedimentação das suspensões é o volume de sedimentação,
ou seja, a proporção entre o volume de sedimento e o volume inicial da suspensão. Em
suspensões floculadas, o volume de sedimentação será alto, enquanto em suspensões
defloculadas (com formação de caking), com sedimento compacto, esse volume será baixo.
FORMULAÇÃO DE SUSPENSÕES E
EXCIPIENTES FARMACÊUTICOS
A formulação das suspensões farmacêuticas visa, principalmente, à estabilidade do produto.
Como já vimos, segundo a Lei de Stokes, quanto maior o tamanho das partículas, maior é a sua
velocidade de sedimentação. Assim, tamanhos reduzidos de partículas são preferidos. Para isso,
pode-se realizar processos de micronização como, por exemplo, a moagem. No entanto, ao
reduzir o tamanho de partícula, sua energia livre superficial aumenta consideravelmente e um
fenômeno de instabilidade que pode ocorrer é a maturação de Ostwald. Ele ocorre quando
partículas muito pequenas se unem à superfície de partículas maiores, gerando partículas com
diâmetros muito grandes (Figura 3).
Imagem: Bfigura / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
 Figura 3. Representação do processo de
maturação de Ostwald.
Vejamos a seguir os adjuvantes farmacêuticos comumente empregados em suspensões.
Agentes suspensores/Estabilizantes estéricos
Para evitar a maturação de Ostwald, pode-se utilizar como excipiente polímeros hidrofílicos,
chamados estabilizantes estéricos. Eles adsorvem nas partículas de fármaco, impedindo
que uma partícula se una a outra. À medida que duas partículas ((revestidas com
polímero)) se aproximam uma da outra, haverá repulsão estérica devido a uma
sobreposição das cadeias de polímero adsorvidas. Isso evitará que as partículas tenham
contato muito próximo ((no mínimo primário)) . A concentração de polímero hidrofílico
deve ser suficiente para aumentar a repulsão, mas não impedir a interação fraca das
partículas para o processo de floculação (Figura 4).
Imagem: Aulton (2016)
 Figura 4. Impedimento
estérico causado por polímeros.
Cabe ressaltar que a adição de polímeros hidrofílicos geralmente aumenta a viscosidade da
formulação, o que reduz a velocidade de sedimentação e aumenta a estabilidade física da
suspensão.
Os polímeros mais utilizados são os derivados de celulose (metilcelulose, hidroxietilcelulose etc.),
alginato de sódio, polivinilpirrolidona ((PVP)) , entre outros.
Agentes molhantes
Um dos problemas encontrados na dispersão de materiais sólidos em água é que o
pó ((hidrofóbico)) eventualmente não é facilmente molhável pelo veículo ((hidrofílico)) .
Isso dificulta a sua distribuição homogênea na formulação e a retirada da dose correta do
fármaco, além de aumentar as chances de agregação entre as partículas.
A molhabilidade de um pó pode ser descrita em termos de um parâmetro chamado ângulo
de contato (θ) (Figura 5). Quanto mais baixo ele for, menor serão as tensões interfaciais e,
portanto, mais fácil é a incorporação da partícula sólida no líquido.
Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Flávio Borges.
 Figura 5. Ângulo de contato entre partícula de pó e veículo líquido.
 SAIBA MAIS
Na prática, podemos usar um agente molhante para melhorar essa propriedade. Enquadram-se
nessa categoria os tensoativos, cuja função é diminuir a tensão interfacial entre veículo e fármaco,
como os polissorbatos, e algumas moléculas hidrofílicas, como a glicerina e o sorbitol. Eles
funcionam deslocando o ar que envolve as partículas de sólido, permitindo a penetração do meio
de dispersão no pó.
AGENTES FLOCULANTES
Como vimos anteriormente, a floculação controlada é uma estratégia importante para evitar a
formação de caking. Para isso, são adicionados eletrólitos, cuja função é reduzir o potencial zeta
e, consequentemente, a repulsão elétrica entre as partículas. Assim, elas tenderão a se juntar,
formando flóculos que tendem a sedimentar, gerando um alto volume de sedimentação, facilmente
redispersível.
Tensoativos também podem exercer a função de reduzir o potencial zeta e aumentar a floculação,
podendo também se enquadrar na classificação de agente floculante.
CONSERVANTES
Uma vez que as suspensões são, na maioria das vezes, veiculadas em embalagens multidose, a
utilização de conservantes se faz necessária. Como exemplos, podemos citar os parabenos e
ácidos orgânicos (como ácido benzoico).
EDULCORANTES / FLAVORIZANTES
Quando a formulação é de uso pediátrico, é normal a adição de edulcorantes e flavorizantes, de
modo que o medicamento seja mais facilmente aceito pelas crianças. Por ser uma base altamente
aromatizada, adoçada e colorida, muitas vezes essas suspensões pediátricas são confundidas
com xaropes. Como exemplos, citamos a sacarose e o sorbitol.
ANTIOXIDANTES
A fim de evitar a oxidação do fármaco e aumentar sua estabilidade química, antioxidantes podem
ser adicionados à formulação. Como exemplos, há o metabissulfito de sódio, o sulfito de sódio e o
ácido ascórbico.
VEÍCULO
O veículo mais utilizado para o preparo de suspensões é a água purificada. A utilização de
soluções-tampão também é uma possibilidade, caso seja necessário controlar o pH da
formulação. O ácido cítrico e o citrato de sódio são comumente usados como um sistema tampão
para suspensões orais.
MÉTODOS DE PREPARO
As suspensões farmacêuticas geralmente são preparadas por incorporação direta. Para isso,
primeiramente os componentes solúveis são dissolvidos em umvolume pequeno de diluente.

Em seguida, o fármaco sólido é disperso no veículo, sob agitação, para evitar a agregação das
partículas.

Por fim, o volume da suspensão é corrigido para o volume final de formulação.
No caso em que o fármaco não é facilmente molhado no veículo, antes da sua dispersão, é
importante umedecê-lo com um agente molhante para, em seguida, incorporá-lo ao diluente.
Pode-se utilizar glicerina, propilenoglicol, entre outros. Em escala laboratorial, esse processo pode
ser feito em gral e pistilo, enquanto, em maior escala, pode-se utilizar um moinho coloidal, por
exemplo.
Em relação ao tamanho de partícula do fármaco, ele pode ser reduzido antes ou depois da
incorporação no veículo. Antes da incorporação pode-se fazer uma moagem a seco. Após a
incorporação pode-se fazer uma moagem úmida, como em moinho coloidal.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. VIMOS QUE A ESTABILIDADE É UM FATOR CRÍTICO PARA A FORMA
FARMACÊUTICA SUSPENSÃO. SOBRE OS FATORES QUE AFETAM A
ESTABILIDADE DAS SUSPENSÕES, ASSINALE A AFIRMAÇÃO CORRETA:
A) Quanto menor o tamanho das partículas, maior é a sua velocidade de sedimentação.
B) Quanto menor a viscosidade do veículo, menor é a velocidade de sedimentação das partículas.
C) Quanto menor a densidade das partículas, maior é sua velocidade de sedimentação.
D) Quanto maior o tamanho das partículas, maior é sua velocidade de sedimentação.
E) O tamanho das partículas não influencia na sua velocidade de sedimentação.
2. VIMOS QUE A SEDIMENTAÇÃO DAS PARTÍCULAS DE UMA SUSPENSÃO
PODE OCORRER DE DIFERENTES FORMAS. SOBRE ESSE PROCESSO,
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
A) Suspensões defloculadas formam sedimento mais rápido e mais compacto, dificultando sua
redispersão.
B) Suspensões floculadas possuem menor volume de sedimento, facilitando sua redispersão.
C) Deve-se evitar a produção de suspensões floculadas, pois a formação de flóculos acelera o
processo de sedimentação e dificulta sua redispersão.
D) Suspensões floculadas formam sedimento mais rápido e mais compacto, dificultando sua
redispersão.
E) Suspensões floculadas possuem maior volume de sedimento, facilitando sua redispersão.
GABARITO
1. Vimos que a estabilidade é um fator crítico para a forma farmacêutica suspensão. Sobre
os fatores que afetam a estabilidade das suspensões, assinale a afirmação correta:
A alternativa "D " está correta.
A velocidade de sedimentação das partículas pode ser descrita pela Lei de Stokes. De acordo
com ela, quanto maior o tamanho e a densidade das partículas, maior é sua velocidade de
sedimentação. Por outro lado, quanto maior a viscosidade da fase externa, menor é a velocidade
de sedimentação das partículas.
2. Vimos que a sedimentação das partículas de uma suspensão pode ocorrer de diferentes
formas. Sobre esse processo, assinale a alternativa correta.
A alternativa "E " está correta.
A floculação controlada é o processo em que induzimos a floculação de uma formulação para que
o sedimento formado tenha um maior volume de sedimento, a interação entre as partículas seja
mais fraca e sua redispersão seja mais fácil. Suspensões defloculadas demoram mais a formar
sedimentos, mas elas são mais compactas e, portanto, mais difíceis de redispersar.
MÓDULO 2
 Descrever o conceito de emulsões, seus métodos de fabricação e o sistema EHL, bem
como suas características e os excipientes farmacêuticos adequados
Imagem: Shutterstock.com
CARACTERÍSTICAS DAS EMULSÕES
Emulsões são dispersões grosseiras constituídas por duas fases líquidas imiscíveis. A fase
dispersa ou fase interna da formulação está distribuída na forma de finas gotículas pela fase
dispersante (também chamada contínua ou fase externa da formulação) (Figura 6).
Imagem: Shutterstock.com
 Figura 6. Representação esquemática da junção de água e óleo, dois líquidos imiscíveis.
Uma vez que essas fases são imiscíveis entre si, para que seja possível estabilizar esse sistema,
precisamos adicionar um terceiro componente, chamado de agente emulsificante. Os agentes
emulsificantes, também chamados agentes estabilizantes, são substâncias que possuem em sua
molécula características tanto polares quanto apolares e, por isso, permitem a interação entre as
duas fases e a manutenção da estabilidade da emulsão.
As emulsões são geralmente constituídas por uma fase aquosa e uma fase oleosa, podendo ser
classificadas em água em óleo (A/O) ou óleo em água (O/A), de acordo com a natureza do
componente da fase contínua.
Assim, para formulações cuja fase contínua é oleosa e a fase dispersa é aquosa, teremos uma
emulsão do tipo A/O.

Para emulsões em que a fase contínua é aquosa e a fase dispersa é oleosa, teremos uma
emulsão do tipo O/A, a mais comum em formulações farmacêuticas.
Um esquema representativo desses tipos de emulsões pode ser visto na Figura 7. Existem, ainda,
as emulsões múltiplas, como A/O/A, em que temos uma fase aquosa dispersa em uma fase
oleosa que, por sua vez, está dispersa em uma fase aquosa.
Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Flávio Borges.
 Figura 7. Tipos de emulsões.
Além do volume de cada fase, o tipo de emulsão irá depender da natureza do agente
emulsificante adicionado, que abordaremos adiante.
Uma vez que a fase dispersa está fragmentada em pequenas gotículas envoltas pela fase externa,
as emulsões podem ser utilizadas com o objetivo de proteger/mascarar a fase interna. Por
exemplo, em situações em que um fármaco oleoso tem um sabor desagradável, ele poderia ser
veiculado em uma emulsão do tipo O/A, na qual ficaria na fase interna ((oleosa)) , envolto pela
fase externa ((aquosa)) . Essa estratégia também pode ser utilizada para proteger um fármaco de
determinado agente.
O quadro 2 apresenta as principais vantagens e desvantagens das emulsões.

Permitem a administração concomitante de fármacos solúveis e insolúveis.
Permitem o mascaramento de sabores indesejáveis de fármacos.
Permitem a proteção de fármacos de agentes/ambientes agressivos.
Permitem a liberação controlada de fármacos (emulsões múltiplas principalmente).
Permitem veicular agentes com certo potencial irritante na fase interna da emulsão.

São naturalmente instáveis, exigindo um cuidado extra no desenvolvimento da formulação.
 COMENTÁRIO
Dentre as características desejáveis de uma emulsão, citamos a estabilidade física que, assim
como nas suspensões, é um desafio tecnológico importante. Vamos agora entender os fatores que
afetam a estabilidade e como podemos fazer para evitar problemas na formulação.
TEORIAS DA ESTABILIZAÇÃO DAS
EMULSÕES
Como dito anteriormente, além das fases aquosa e oleosa, a adição de um agente emulsificante
se faz necessária para que seja possível formar a emulsão. Ao exercer um efeito
mecânico ((como a agitação)) para tentar misturar as duas fases imiscíveis sem a presença
desse agente, observamos a seguinte sequência de acontecimentos:
Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Flávio Borges.
 Figura 8. Fase aquosa e oleosa sem a presença de um agente emulsificante.
Formação de pequenas gotículas da fase dispersa, que resulta em uma grande área superficial e,
consequentemente, em um aumento na energia livre interfacial do sistema. Temos, nesse caso,
um sistema termodinamicamente instável.

Gotículas da fase dispersa começam a se juntar, num processo chamado de coalescência, a fim
de tentar reduzir a energia livre interfacial do sistema.

Ocorre a separação total das duas fases, voltando ao formato original, no qual a energia livre
interfacial do sistema é mínima e, portanto, ele é termodinamicamente estável.
Ao adicionar um agente emulsificante, tornamos possível a mistura dessas duas fases e a
formação de uma emulsão com aparência uniforme. O mecanismo pelo qual isso acontece pode
ser explicado por diversas teorias, as teorias de estabilização das emulsões. Vejamos abaixo cada
uma delas.
 TEORIA DA TENSÃO SUPERFICIAL
Quando óleo e água existem como duas fases totalmente separadas, a energia livre do sistemaé
mínima e, portanto, ele está estável. A força que impede que os dois líquidos formem gotículas
pequenas e se misturem para formar a emulsão é chamada tensão superficial.
A adição de um agente emulsificante (como um surfactante) reduz a atração de cada fase pelas
suas próprias moléculas, facilitando a fragmentação em gotas e reduzindo a tensão interfacial.
Imagem: Shutterstock.com
 Imagem Ilustrativa para teoria da tensão superficial.
 TEORIA DA CUNHA ORIENTADA
Os agentes emulsificantes serão preferencialmente mais solúveis em uma das fases de uma
emulsão. A teoria da cunha orientada diz que esses agentes irão se orientar na superfície e para
dentro da fase com a qual ele tem mais afinidade em maior intensidade do que na outra.
Em geral, a fase pela qual o agente emulsificante tem mais afinidade tenderá a ser a fase
externa ((ou contínua)) da emulsão. Assim, geralmente um agente emulsificante com caráter
mais hidrofílico que lipofílico irá contribuir para a formação de emulsões do tipo O/A, enquanto
agentes emulsificantes com caráter mais lipofílico que hidrofílico favorecerão a formação de
emulsões do tipo A/O. Essa generalização é conhecida como Regra de Bancroft.
Imagem: Shutterstock.com
 TEORIA DOS FILMES INTERFACIAIS
Segundo esta teoria, os agentes emulsificantes são capazes de formar, na interface entre óleo e
água, uma fina camada de filme ao redor das gotículas, impedindo sua coalescência. Esse filme
pode também ser formado por grupos eletricamente carregados, gerando repulsão entre gotículas
que se aproximam, impedindo a coalescência.
Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Flávio Borges.
 Tipos de emulsões.
 COMENTÁRIO
Uma única teoria não é capaz de explicar o mecanismo de ação dos diversos agentes
emulsificantes disponíveis para a manipulação de uma emulsão. Portanto, as três teorias são
aplicáveis no desenvolvimento e estabilidade das emulsões.
FENÔMENOS DE INSTABILIDADE DE
EMULSÕES
Como vimos anteriormente, para as emulsões se manterem estáveis, precisamos que as
pequenas gotículas da fase dispersa permaneçam nesta configuração por um longo período,
superando a tendência de se juntarem umas às outras, gerando gotículas maiores.
A estabilização de uma emulsão pode ocorrer por meio da criação de cargas ao redor das
gotículas, que alteram o potencial zeta, ou por um impedimento estérico, quando algum
componente localizado ao redor das gotículas dificulta a aproximação entre elas e a sua
coalescência. O primeiro tipo de estabilização é geralmente alcançado pela utilização de
tensoativos iônicos, que possuem carga positiva ((tensoativos catiônicos)) ou
negativas ((tensoativos aniônicos)) . Já a estabilização estérica ocorre geralmente com
componentes não iônicos, mas com cadeias grandes o suficiente para dificultar a aproximação
das gotículas. Alguns polímeros podem exercer essa função.
No entanto, de acordo com a natureza do filme interfacial formado, com a quantidade de agente
emulsificante utilizada, com outros componentes da formulação que podem ser incompatíveis e
com fatores externos, alguns fenômenos de instabilidade podem acontecer (Figura 9). Vejamos
um pouco mais sobre eles a seguir.
Imagem: Elaborado por Patricia Cardoso e Adaptado por Flávio Borges.
 Figura 9. Fenômenos de instabilidade das emulsões.
CREMAGEM
FLOCULAÇÃO
COALESCÊNCIA
SEPARAÇÃO OU QUEBRA DA EMULSÃO
INVERSÃO DE FASE
CREMAGEM
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01972/index.html#collapse-steps1
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01972/index.html#collapse-steps1
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01972/index.html#collapse-steps2
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01972/index.html#collapse-steps2
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01972/index.html#collapse-steps3
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01972/index.html#collapse-steps3
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01972/index.html#collapse-steps4
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01972/index.html#collapse-steps4
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01972/index.html#collapse-steps5
https://stecine.azureedge.net/repositorio/01972/index.html#collapse-steps5
Quando a diferença entre as densidades das fases dispersa e contínua é grande, as gotículas da
fase dispersa tendem a sedimentar (se forem mais densas) ou flutuar (se forem menos densas),
formando uma espécie de “nata” na formulação. Isso pode ser observado com o leite, que é uma
emulsão O/A, quando a nata sobe e cria uma camada na superfície.
Esse processo é reversível e pode ser contornado com a agitação. Apesar disso, sua ocorrência
deve ser evitada, uma vez que o aspecto pode gerar desconfianças por parte do paciente, além de
dificultar a retirada correta da dose de ativo. Além disso, a possibilidade de coalescência fica
aumentada devido à proximidade das gotículas.
A velocidade com que as gotículas se movimentarão seguirá a Lei de Stokes, que vimos
anteriormente. Assim, sabemos que, ao aumentar a viscosidade da fase contínua, a velocidade
das gotículas será reduzida. Isso pode ser feito com agentes espessantes como, por exemplo, os
derivados de celulose. A diminuição do tamanho das gotículas, que pode ser feita utilizando um
moinho coloidal, também tende a diminuir a sua velocidade.
FLOCULAÇÃO
A floculação está relacionada a forças coesivas e repulsivas existentes entre as partículas. Mesmo
com filmes interfaciais bem formados, é possível que haja uma interação capaz de gerar a
floculação, ou seja, a associação fraca e reversível entre as gotículas da emulsão, que pode ser
revertida com agitação. No entanto, se essa aproximação entre as partículas for capaz de gerar
um enfraquecimento do filme interfacial, pode haver a coalescência.
COALESCÊNCIA
A coalescência é um processo irreversível no qual as gotículas se fundem para formar gotículas
maiores. Esse fenômeno geralmente ocorre quando o filme interfacial não é forte o suficiente, ou
seja, os agentes emulsificantes usados não são os ideais para a formulação em questão.
SEPARAÇÃO OU QUEBRA DA EMULSÃO
Fenômeno irreversível, que consiste na separação total das fases constituintes de uma emulsão.
A quebra da emulsão é consequência da coalescência. Isso porque, quando todas as gotículas de
cada fase estão juntas, podemos enxergar as duas fases completamente separadas, como água e
óleo, caracterizando a quebra. Esse fenômeno pode acontecer, por exemplo, devido à adição de
algum componente incompatível com o agente emulsificante, como agentes tensoativos de cargas
opostas, devido a mudanças de temperatura ou ao crescimento bacteriano.
INVERSÃO DE FASE
Ao tentar aumentar muito o volume da fase dispersa, é possível que ocorra uma inversão de fase,
ou seja, a conversão de uma emulsão O/A em A/O e vice-versa. Outro fator capaz de induzir à
inversão de fases é a alteração das características dos agentes emulsificantes, que pode ocorrer
devido à adição de algum componente, como eletrólitos, ou, por exemplo, com o aquecimento,
como acontece com emulsões estabilizadas com agentes emulsificantes não iônicos.
SISTEMA EHL E A ESCOLHA DOS AGENTES
EMULSIFICANTES
De acordo com a intenção de uso e a via de administração, diferentes tipos de emulsão podem ser
desejáveis. Emulsões administradas por via intravenosa devem ser do tipo O/A. Já emulsões
destinadas à aplicação tópica podem ser de ambos os tipos, de acordo com a solubilidade do
fármaco e com a consistência e grau de oclusão/hidratação desejados. Emulsões do tipo A/O são
geralmente mais gordurosas e têm maior poder de fixação e de hidratação que as do tipo O/A.
Uma das etapas mais importantes para garantir a estabilidade da formulação é a seleção dos
agentes emulsificantes. Isso deve ser feito a partir do sistema chamado EHL ((Equilíbrio
Hidrofílico-Lipofílico)) no qual as características de lipofilia e de hidrofilia dos emulsificantes são
representadas por um valor numérico. Para que a emulsificação aconteça, é necessário que
ocorra um equilíbrioentre a parte hidrofílica e a lipofílica do agente emulsificante, ou ele seria
totalmente absorvido por uma das fases, não formando a película interfacial que estabiliza a
emulsão.
 COMENTÁRIO
Na maioria dos casos, um único tensoativo não apresenta um equilíbrio perfeito entre hidrofilia e
lipofilia, sendo necessário utilizar uma combinação deles. O valor do EHL é utilizado, então, para
saber a quantidade necessária de cada agente emulsificante.
O valor de EHL representa a força da parte polar ((hidrofílica)) da molécula em relação à força
da parte apolar ((lipofílica)) . Assim, quanto maior o EHL, mais hidrofílico será o tensoativo e,
portanto, maior tendência de formar emulsões do tipo O/A. Por outro lado, quanto menor o EHL,
mais lipofílico será o tensoativo, tendendo a formar emulsões do tipo A/O. É importante destacar
que os valores de EHL são característicos para cada substância emulsificante.
Vamos ver a seguir o passo a passo para calcular a quantidade necessária dos agentes
emulsificantes para estabilizar uma formulação.
 CALCULAR O EHL REQUERIDO PELA FASE OLEOSA
Cada componente da fase oleosa (FO) vai precisar de um tensoativo com certa característica de
polaridade para estabilizá-lo. Como a fase oleosa não é composta por apenas um componente,
precisamos fazer o cálculo para saber o valor de EHL necessário para estabilizar a fase como um
todo. Para conhecer o EHL requerido pela fase oleosa, fazemos uma média ponderada, que
considera a contribuição individual de cada componente, de acordo com a quantidade dele na
mistura. Veja abaixo:
TEORIA NA PRÁTICA
Como exemplo, vamos calcular o EHL requerido pela FO na formulação abaixo:
Imagem: Michelle Alvares Sarcinelli.
ETAPA 1
ETAPA 2
Primeiro precisamos saber a porcentagem de cada óleo na FO. Esse cálculo pode ser feito da
seguinte forma:
Conhecendo as porcentagens de cada componente, podemos multiplicar pelo EHL requerido de
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cada óleo, fazendo uma média ponderada, da seguinte forma:
 CALCULAR AS QUANTIDADES DE CADA
TENSOATIVO NO SISTEMA EMULSIFICANTE
Uma emulsão é estável quando o EHL do sistema emulsificante é igual ou muito próximo ao EHL
requerido pela fase oleosa (FO).
Como o sistema emulsificante geralmente é formado por mais de um tensoativo, precisamos
novamente fazer a média ponderada, que considera a contribuição individual de cada
componente, de acordo com a quantidade dele na mistura. Veja abaixo:
TEORIA NA PRÁTICA
Vamos seguir resolvendo o mesmo exemplo. Consideremos que temos disponíveis no laboratório
os seguintes tensoativos, com seus respectivos EHL:
ETAPA 1
Sabemos que a soma dos dois componentes é igual a 100% do sistema emulsificante. Assim,
podemos montar a seguinte equação:
ETAPA 2
Podemos agora aplicar essas incógnitas na fórmula abaixo para descobrir as frações de cada
tensoativo no sistema emulsificante:
ETAPA 3
Agora que conhecemos a proporção necessária de cada tensoativo, vamos voltar à formulação do
nosso exemplo. Perceba que são necessários 5 g do sistema emulsificante. Sabendo dessa
informação, podemos calcular agora a massa a ser pesada de cada tensoativo, da seguinte forma:
RESULTADO
Ou seja, para atingir o EHL requerido pela FO do exemplo dado, são necessários 2,1 g de Spam
80 e 2,9 g de Tween 80.
A especialista Patrícia Dias fala sobre os cálculos de EHL com exemplos de exercícios.
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FORMULAÇÃO E EXCIPIENTES
A seleção adequada do agente emulsificante ou dos agentes emulsificantes é essencial para a
manutenção da estabilidade de uma emulsão. Já vimos que isso pode ser feito pelo cálculo do
EHL.
Dentre os agentes emulsificantes mais comuns estão os tensoativos:
Tipo Característica Exemplo
Aniônicos Se ionizam assumindo carga negativa.
Lauril sulfato de
sódio
Catiônicos Se ionizam assumindo carga positiva.
Cloreto de
benzalcônio
Não
iônicos
Não possuem tendência à ionização. Polissorbatos
Anfotéricos
Se ionizam formando cargas positivas ou
negativas, de acordo com o pH.
Lecitina
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Por possuírem cargas opostas, tensoativos aniônicos e catiônicos são considerados incompatíveis
(Figura 10).
Imagem Shutterstock.com, adaptada por Flávio Borges.
 Figura 10. Tipos de tensoativos.
Os tensoativos aniônicos perdem sua atividade em pHs muito baixos, assim como na presença
de cátions di e trivalentes. Os catiônicos, por sua vez, perdem a atividade em pHs mais altos e na
presença de ânions di e trivalentes.
Os tensoativos não iônicos são os mais utilizados em emulsões farmacêuticas e toleram melhor
as variações de pH e a presença de eletrólitos. Geralmente, a porção hidrofóbica da molécula é
composta de um ácido graxo ou álcool graxo, enquanto a porção hidrofílica é composta de um
álcool.
Os álcoois de alto peso molecular, como o álcool estearílico, o álcool cetílico e o monoestearato
de glicerila (Figura 11 a, b e c), são muito utilizados na formulação de emulsões por sua
capacidade de espessar e, consequentemente, estabilizar as emulsões. Geralmente são utilizados
em combinação com tensoativos hidrofílicos, interagindo com esses e aumentando a viscosidade
da fase externa. Isso dificulta a movimentação das gotículas da fase interna, aumentando a
estabilidade da formulação.
Imagem: Michelle Alvares Sarcinelli.
 Figura 11 a. Estrutura química do álcool cetílico.
Imagem: Michelle Alvares Sarcinelli.
 Figura 11 b. Estrutura química do álcool estearílico.
Imagem: Michelle Alvares Sarcinelli.
 Figura 11 c. Estrutura química do monoestearato de glicerila.
Além dos tensoativos, dos quais já falamos bastante, outros componentes podem ser utilizados na
formulação de uma emulsão, conforme o Quadro 3.
Classe
farmacotécnica
Exemplo Função
Veículo
Fase aquosa – Água
purificada
Fase oleosa – óleos
vegetais
Incorporar os componentes da
formulação
Agentes
reguladores de pH
Tampão citrato e fosfato
Manter o pH dentro de uma faixa
desejada
Antioxidantes
Fase aquosa –
metabissulfito de sódio
Fase oleosa – butil
hidroxi tolueno (BHT)
Proteger os óleos, que são altamente
suscetíveis a oxidação
Agente de
viscosidade
Polímeros hidrofílicos
(derivados de celulose)
Aumentar a estabilidade, uma vez
que sistemas mais viscosos
dificultam a movimentação das
gotículas
Conservantes
Fase aquosa – Nipagin
(Metilparabeno)
Fase oleosa – Nipazol
(Propilparabeno)
Impedir a proliferação microbiana na
formulação
Quadro 3: Excipientes utilizados em emulsões.
Elaborado por Michelle Alvares Sarcinelli.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Para o preparo de emulsões, seguimos o processo descrito na Figura 12.
Imagem: Pixabay, adaptado por Flávio Borges.
 Figura 12. Formação de emulsão O/A.
Caso exista entre os componentes da formulação materiais sólidos ou semissólidos, como
ceras, ambas as fases devem ser aquecidas, separadamente, para que o material sólido se funda,
conforme Figura 13.
Imagem: Pixabay e Rakibrg1971 / Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0, adaptado por Flávio
Borges.
 Figura 13. Preparo de emulsão O/A.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. VIMOS QUE OS TENSOATIVOS SÃO COMPONENTES ESSENCIAIS DE
UMA EMULSÃO E AUXILIAM NA SUA ESTABILIZAÇÃO. SOBRE OS
DIVERSOS TIPOS DE TENSOATIVOS, ASSINALE A AFIRMAÇÃO CORRETA:
A) Tensoativos com características mais polares tendem a formar emulsões do tipo A/O.
B) Tensoativos com características mais hidrofóbicas tendem a formar emulsões do tipo O/A.
C) Tensoativos altamente ionizados e com grupos fortemente polares favorecem a formação de
emulsões O/A.
D) Tensoativos pouco dissociados favorecema formação de emulsões O/A.
E) A escolha do tensoativo influencia na estabilidade da emulsão, mas não no tipo de emulsão
formada.
2. VIMOS QUE AS EMULSÕES SÃO SISTEMAS TERMODINAMICAMENTE
INSTÁVEIS E QUE PODEM SOFRER ALGUNS FENÔMENOS DE
INSTABILIDADE. SOBRE ESSES FENÔMENOS, ASSINALE A ALTERNATIVA
CORRETA.
A) A floculação é um processo irreversível, no qual as partículas unem-se umas às outras.
B) A cremagem é um processo irreversível, no qual as partículas formam uma espécie de nata na
superfície da emulsão.
C) A quebra da emulsão é um fenômeno reversível e a emulsão pode ser restaurada com
agitação.
D) A floculação é um processo reversível, no qual as partículas formam uma espécie de nata na
superfície da emulsão.
E) A cremagem é um processo reversível, no qual as partículas formam uma espécie de nata na
superfície da emulsão.
GABARITO
1. Vimos que os tensoativos são componentes essenciais de uma emulsão e auxiliam na
sua estabilização. Sobre os diversos tipos de tensoativos, assinale a afirmação correta:
A alternativa "C " está correta.
Agentes tensoativos carregados como oleatos de sódio e potássio, que são altamente ionizados e
possuem grupos fortemente polares, favorecem emulsões O/A (nas quais a água é a fase
contínua), tensoativos pouco dissociados tendem a produzir emulsões A/O. Da mesma forma,
tensoativos não iônicos favorecem emulsões A/O (nas quais o óleo é a fase contínua) enquanto as
emulsões O/A são produzidas por tensoativos mais hidrofílicos.
2. Vimos que as emulsões são sistemas termodinamicamente instáveis e que podem sofrer
alguns fenômenos de instabilidade. Sobre esses fenômenos, assinale a alternativa correta.
A alternativa "E " está correta.
Floculação e cremagem são processos reversíveis, resolvidos com a agitação. Na floculação, as
partículas unem-se frouxamente umas às outras e na cremagem elas flutuam, formando uma
espécie de nata. A quebra da emulsão é um processo irreversível, no qual ocorre a separação
total das fases.
MÓDULO 3
 Reconhecer as particularidades dos géis, pomadas e pastas, bem como suas aplicações
e métodos de preparo
Foto: Shutterstock.com
GÉIS
Os géis são sistemas semissólidos, constituídos por partículas coloidais ou por grandes
moléculas dispersas em um veículo líquido. A interação entre esses dois componentes ocorre de
modo que uma rede tridimensional é formada, na qual se tem o veículo (Figura 14).
Imagem: Michelle Alvares Sarcinelli.
 Figura 14. Rede tridimensional de um gel formada
por macromoléculas e um veículo líquido.
O veículo pode ser aquoso, hidroalcoólico, alcoólico ou não aquoso. Já as partículas podem
ser polímeros hidrofílicos ou sólidos inorgânicos dispersos, como argilas.
Para os sólidos dispersos, a interação que ocorre entre as partículas para formar a rede
tridimensional pode ser do tipo Van der Waals ou eletrostática.
Veja no Quadro 4 as vantagens e desvantagens dos géis.

Sensorial leve e agradável.
Fácil aplicação.
Fácil remoção.
Podem ser aplicados em peles oleosas.

Propiciam o crescimento microbiano.
Ação mais superficial (baixa penetrabilidade cutânea).
Os géis hidroalcoólicos tendem a ressecar a pele.
TIPOS DE GÉIS
Os géis formados por polímeros hidrofílicos são os mais comuns na área farmacêutica. As
cadeias poliméricas, após dispersas no veículo, interagem entre si de forma irreversível ou
reversível, originando géis, respectivamente, químicos (tipo 1) ou físicos (tipo 2).
GÉIS QUÍMICOS (TIPO 1)
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As cadeias poliméricas unem-se umas às outras por ligações covalentes irreversíveis. O ponto em
que as cadeiras poliméricas se cruzam é chamado de ligação cruzada ou reticulação (Figura 15).
Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Flávio Borges.
 Figura 15. Ligações cruzadas ou retículações em polímeros.
Dentre as características deste tipo de gel está a capacidade de suportar grandes quantidade de
veículo líquido sem perder a estrutura tridimensional (até 100 vezes a sua massa original), a
resistência à quebra e a boa flexibilidade.
Devido às ligações covalentes, esse tipo de gel não flui ao receber energia. Dentre suas
aplicações estão o uso como curativo em feridas e como implante para liberação controlada de
fármacos. Um exemplo de gel químico são as lentes de contato gelatinosas.
Imagem: Shutterstock.com
GÉIS FÍSICOS (TIPO 2)
Os géis físicos são os mais comuns em formulações farmacêuticas. Neles, as cadeias
poliméricas interagem de forma reversível, por interações intermoleculares que são mais fracas
que as ligações covalentes, como interação de Van der Waals, associação iônica ou interação de
hidrogênio.
Ao aplicarmos uma força, essas ligações são momentaneamente rompidas, permitindo que o gel
flua. Após a remoção da força, as interações são restauradas e a viscosidade da formulação volta
a ser como antes. Devido a esse comportamento, são chamados de sistemas pseudoplásticos.
Dentre os polímeros mais utilizados nesses sistemas temos os derivados de celulose, como a
hidroxietilcelulose, o poli (ácido acrílico) e os polissacarídeos derivados de fontes naturais, como o
alginato de sódio.
FORMULAÇÃO DOS GÉIS
Vamos, agora, conhecer os fatores que influenciam as características das formulações e os
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procedimentos para formulação dos géis.
FATORES QUE INFLUENCIAM AS CARACTERÍSTICAS
DAS FORMULAÇÕES
Diversos fatores irão afetar as características da formulação. Vejamos alguns deles:
1. Massa molar do polímero
2. Natureza do solvente
3. pH da formulação
4. Força iônica
5. Temperatura
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MASSA MOLAR DO POLÍMERO
Quanto maior a massa molar do polímero hidrofílico, maior será a interação entre as cadeias
e, consequentemente, a viscosidade da formulação será maior.
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NATUREZA DO SOLVENTE
Quando utilizamos um solvente com o qual o polímero tem afinidade, temos uma expansão
das cadeias poliméricas, a fim de permitir uma maior interação com o solvente. Por outro
lado, quando utilizamos um solvente com o qual o polímero não tem afinidade, as cadeias
poliméricas assumirão um estado enrolado, não expandido, e a gelificação não ocorrerá.
PH DA FORMULAÇÃO
O pH do solvente irá afetar a ionização dos polímeros, impactando a capacidade de
expansão das cadeias poliméricas.
No estado não ionizado, polímeros ácidos e básicos existem na conformação não
expandida, e a gelificação não ocorrerá. Assim, a formulação deve estar em uma faixa de pH
ótima em que obtemos a expansão máxima das cadeias poliméricas. Essa faixa será
diferente para cada tipo de polímero.
Já os polímeros não iônicos não serão tão impactados pela alteração de pH, resistindo a
uma faixa mais ampla.
FORÇA IÔNICA
A presença de eletrólitos na formulação pode gerar uma blindagem da carga dos
grupamentos de polímeros iônicos por um contra-íon, de modo que a interação entre
polímero e solvente estará reduzida, diminuindo a viscosidade da formulação.
TEMPERATURA
A temperatura pode causar um processo de alteração de estado físico em alguns polímeros.
Metilcelulose e hidroxipropilcelulose, por exemplo, sofrem um processo de gelificação em
temperaturas de aproximadamente 60 °C. Uma vez que esta temperatura provavelmente
nunca será atingida após a comercialização e armazenamento do produto, neste caso a
situação não é crítica. Já no caso do Pluronic®, a transição ocorre em aproximadamente 40
°C. Abaixo desta temperatura o polímero é fluido e, acima, viscoso. Esse tipo de material é
utilizado, por exemplo, em supositórios, quando é interessante que o produto assuma uma
característica mais líquida quando em contato com o calor do corpo.
PROCEDIMENTOS PARA FORMULAÇÃO DOS GÉIS
De um modo geral,para formular géis, dissolvemos os componentes solúveis em água sob
agitação.

Em seguida, adicionamos, lentamente, o polímero até que ele se dissolva.

É importante que esse processo não seja feito sob agitação vigorosa pois ela pode gerar o
aprisionamento de ar, gerando bolhas e prejudicando a estética do gel.
Foto: Shutterstock.com
 Imagem Ilustrativa para procedimentos para formulação dos géis.
No entanto, as etapas para a formulação de géis irão variar em função do tipo de polímero
utilizado. Como já vimos, de acordo com as características do agente gelificante ((polímero)) ,
diversos fatores poderão interferir na consistência e estabilidade do produto. Veremos então
alguns dos exemplos mais utilizados na área farmacêutica.
CARBOPOL® (CARBÔMERO 940)
Os carbômeros são um grupo de polímeros de ácido acrílico solúveis em água. De acordo com o
número que acompanha o nome (neste caso, 940), a massa molar varia, resultando em uma
alteração também na viscosidade final do gel.
O carbômero 940, mais conhecido como Carbopol®, é o mais utilizado por gerar uma viscosidade
adequada. Geralmente é adicionado em uma concentração de 0,5% (p/v).
Quando colocado em água, ele assume a configuração não expandida com um pH em torno de 3.
Por isso, seu preparo exige o ajuste do pH da formulação para que a gelificação possa ocorrer. De
uma forma geral, a transparência e a viscosidade máximas dos géis de carbômeros são
alcançadas em pH 7, porém essas características começam a ficar aceitáveis em valores de pH
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em torno de 5, estendendo-se até pH 11.
 SAIBA MAIS
A trietanolamina ou o AMP ((amino metil propanol)) são geralmente utilizados para o processo
de neutralização ((ajuste do pH)) , ionizando os grupos carboxila pendentes do polímero e
resultando na expansão das cadeias, aumentando a viscosidade. Uma vez que este polímero não
é capaz de manter a viscosidade em pHs muito baixos, não permite a incorporação de ativos
ácidos.
A especialista Patrícia Dias mostra na prática o preparo do gel de carbopol.
NATROSOL® (HIDROXIETILCELULOSE)
O Natrosol é um polímero não iônico, compatível com muitas substâncias solúveis em água. Ele
forma dispersões claras, límpidas, lisas e viscosas. Além disso, forma um gel de fácil remoção,
não oclusivo e com bom sensorial (sensação agradável ao toque).
Ao contrário do gel de Carbopol®, permite a incorporação de ativos ácidos.
Além dos polímeros, outros componentes são necessários para a formulação de géis, conforme
mostrado no Quadro 5.
Classe
farmacotécnica
Exemplo Função
Veículo
Água purificada
Co-solventes:
propilenoglicol e
glicerina
Os co-solventes auxiliam na
dispersão do fármaco, quando
necessário.
Agentes reguladores
de pH
Tampão citrato e fosfato
Manter o pH dentro de uma faixa
desejada.
Antioxidantes Metabissulfito de sódio Impedir a oxidação da formulação.
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Corantes e
essências
Corante lilás e essência
de lavanda
Melhorar a estética da formulação.
Conservantes Metilparabeno
Impedir a proliferação microbiana
na formulação.
Quadro 5: Excipientes utilizados em géis.
Elaborado por Michelle Alvares Sarcinelli.
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Foto: Shutterstock.com
POMADAS
Pomadas são formulações semissólidas destinadas ao uso externo, geralmente para aplicação na
pele ou em mucosas, como olho, vagina, entre outras, com o objetivo de tratar infecções,
inflamações ou coceiras. Elas podem conter substâncias medicamentosas ou não, como é o caso
das pomadas que são empregadas como base para a incorporação futura de outros componentes.
 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS POMADAS

Facilidade de aplicação na pele, acompanhada de sua capacidade de formar uma camada,
mantendo a hidratação.
Ficam retidas no local por longos períodos, não exigindo a reaplicação constante e formando uma
camada protetora.
Boa formulação para fármacos susceptíveis à hidrólise, uma vez que sua quantidade de água
geralmente é baixa.

Sensorial gorduroso, não tão agradável e de difícil remoção com água.
As pomadas são produtos altamente emolientes devido a sua composição, contendo, na maioria
das vezes, grande quantidade de ceras e materiais oleosos.
Existem diversas bases de pomadas e a escolha da base adequada deve considerar o local de
aplicação, a velocidade necessária de liberação do fármaco da forma farmacêutica, a estabilidade
do fármaco e a viscosidade desejada. Veja a seguir mais informações sobre cada um desses
fatores.
LOCAL DE APLICAÇÃO
De acordo com o local de aplicação, diferentes características da pomada serão preferíveis. Se a
região for seca e sem pelos, o ideal é uma base capaz de fazer uma oclusão, diminuindo a perda
de água transepidérmica e aumentando a hidratação da região; por outro lado, se o local for
úmido, como mucosas ou locais purulentos, ou com pelos, o ideal é que a base não seja oclusiva.
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Foto: Shutterstock.com
 Pomada aplicada em região seca e sem pelos.
Foto: Shutterstock.com
 Pomada aplicada em região com pelos.
VELOCIDADE DE LIBERAÇÃO DO FÁRMACO
Para que o fármaco seja liberado da pomada e fique livre para agir na pele, ele precisa estar, em
algum nível, solúvel na formulação para que possa se difundir através da base da pomada até
atingir a superfície da pele. Assim, se o efeito desejado for imediato, devemos escolher uma base
na qual o fármaco tenha maior solubilidade. Por outro lado, se desejamos um efeito prolongado,
podemos utilizar uma base na qual o fármaco seja menos solúvel.
ESTABILIDADE QUÍMICA DO FÁRMACO
Para fármacos mais suscetíveis a hidrólise, devemos utilizar uma base não aquosa.
VISCOSIDADE
Em certas situações, a incorporação do fármaco em determinada base de pomada gera a
alteração na sua viscosidade. Esse efeito será mais ou menos intenso de acordo com a
concentração e as características do fármaco. O ideal é fazer testes de compatibilidade para saber
se essa alteração ocorre e, em caso afirmativo, utilizar outra base de pomada.
TIPOS DE BASES
Conhecendo as características importantes para a seleção da base de pomada, vamos agora
conhecer os quatro tipos de base existentes.
Bases de hidrocarbonetos (hidrofóbicas) Bases removíveis/miscíveis em água
Bases de absorção Bases solúveis em água/hidrossolúveis
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BASES DE HIDROCARBONETOS
(HIDROFÓBICAS)
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As bases de hidrocarbonetos são não aquosas, hidrofóbicas, geralmente constituídas de
vaselinas. Por não terem afinidade com água, são boas para formar um filme oclusivo que
impede a perda de água transepitelial, mantendo a região hidratada. Também por conta
dessa característica, são de difícil remoção com água e suor e, assim, têm uma boa
retenção e durabilidade na pele.
As vaselinas utilizadas podem ser sólidas ou líquidas (óleo mineral). As formulações
contendo vaselina líquida requerem a utilização de antioxidantes devido à sua maior
tendência de sofrer oxidação.
BASES DE ABSORÇÃO
Ao contrário das bases de hidrocarbonetos, que não suportam água na formulação, as bases
de absorção podem conter quantidades significativas de água. Apesar disso, continuam
tendo características que geram oclusão, embora em menor grau que as de
hidrocarbonetos, e que dificultam sua remoção com água, pois ainda possuem
características hidrofóbicas.
Dentre os componentes utilizados neste tipo de base, temos a lanolina, uma base
emulsionada derivada da lã de ovelha, constituída por óleos vegetais e parafinas que tem a
capacidade de absorver grandes quantidade de água. Geralmente, utiliza-se até 10% p/p de
lanolina em uma pomada.
BASES REMOVÍVEIS/MISCÍVEIS EM ÁGUAAs bases miscíveis em água já apresentam um pouco mais de polaridade quando
comparadas às outras duas. Possuem componentes solúveis e insolúveis, que formam
emulsões do tipo O/A para aplicações tópicas. Por serem menos apolares, permitem a
incorporação de grandes volumes de água, não são oclusivas e são facilmente removidas
com água. Além disso, seu sensorial é melhor podendo, inclusive, serem aplicadas nos
cabelos.
Um exemplo de base removível é a pomada hidrofílica, composta por vaselina branca e
álcool estearílico.
BASES SOLÚVEIS EM ÁGUA/HIDROSSOLÚVEIS
As bases solúveis em água são formadas exclusivamente por componentes solúveis em
água. Por isso, não são gordurosas, são fáceis de remover e compatíveis com a maior parte
dos fármacos.
Dentre os componentes utilizados temos os PEGs (polietilenoglicol) de diferentes massas
molares, que permitem chegarmos à consistência desejada. Menores massas molares
produzem formulações mais líquidas e maiores massas molares produzem formulações mais
viscosas.
Apesar da afinidade com a água, a incorporação de grandes quantidades de água nesse
sistema é dificultada, pois isso pode dissolver a base da pomada. Assim, elas geralmente
são usadas para incorporação de ativos sólidos.
Foto: Shutterstock.com
Além das bases, outros excipientes podem ser adicionados às pomadas para melhorar suas
características e aumentar a estabilidade do fármaco. Vejamos alguns deles no Quadro 6.
Classe
farmacotécnica
Exemplo Função
Óleos vegetais
Óleo de semente de
uva
Potencializar as propriedades
emolientes e hidratantes da formulação.
Ésteres orgânicos
Miristato de
isopropila
Melhorar a espalhabilidade da
formulação e aumentar a dissolução do
fármaco na base.
Antioxidantes
Metabissulfito de
sódio
Impedir a oxidação da formulação,
principalmente dos componentes
oleosos.
Corantes e
essências
Corante lilás e
essência de lavanda.
Melhorar a estética da formulação.
Conservantes Metilparabeno
Impedir a proliferação microbiana nas
pomadas que possuem maior
quantidade de água.
Quadro 6: Excipientes utilizados em pomadas.
Elaborado por Michelle Alvares Sarcinelli.
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PASTAS
As pastas farmacêuticas são dispersões com grandes concentrações ((pelo menos 20%)) de
substâncias insolúveis, numa base que pode ser oleosa ou aquosa. Em geral, são utilizadas em
condições dermatológicas nas quais ocorre exsudação, pois a grande quantidade de pó auxilia na
absorção de líquidos.
Foto: Shutterstock.com
Na pasta de Lassar, por exemplo, os pós correspondem a 50% da formulação, como podemos
ver abaixo:
 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS PASTAS
Dentre as vantagens das pastas temos:
Devido ao alto teor de sólidos, as pastas são capazes de reter umidade do local aplicado,
sendo adequadas para regiões inflamadas e com pus.
Sua alta concentração de pós e opacidade permitem seu uso como filtro solar físico de boa
durabilidade, sendo usada por esportistas aquáticos.
Permitem a incorporação de ativos susceptíveis à hidrólise devido ao baixo teor de umidade.

Como desvantagens, podemos destacar:
São de difícil remoção devido à baixa afinidade com a água.
Devido ao alto teor de pó e à opacidade, mancham roupas com muita facilidade.
Não têm um sensorial agradável.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. VIMOS QUE OS GÉIS PODEM SER FORMADOS POR PEQUENAS
PARTÍCULAS OU GRANDES MOLÉCULAS DISPERSAS EM UM VEÍCULO
LÍQUIDO. DE ACORDO COM O AGENTE GELIFICANTE UTILIZADO,
DIFERENTES CUIDADOS SERÃO NECESSÁRIOS DURANTE O PREPARO.
SOBRE OS DIFERENTES TIPOS DE GÉIS, ASSINALE A AFIRMAÇÃO
CORRETA:
A) O gel de Carbopol® é constituído por um carbômero que possui viscosidade máxima em pH 4,
sendo necessário fazer o ajuste na formulação.
B) O gel de Natrosol® é constituído de um polímero que possui viscosidade máxima em pH 4,
sendo necessário fazer o ajuste na formulação.
C) Géis de Carbopol® resistem melhor à incorporação de substâncias ácidas do que os géis de
Natrosol®.
D) Géis de Natrosol® resistem melhor à incorporação de substâncias ácidas do que os géis de
Carbopol®.
E) Géis de Carbopol® têm viscosidade máxima em pHs ácidos, enquanto géis de Natrosol® têm
viscosidade máxima em pHs básicos.
2. VIMOS QUE AS POMADAS PODEM SER MUITO ÚTEIS PARA ALGUNS
CASOS, MAS QUE TAMBÉM TÊM ALGUNS INCONVENIENTES. SOBRE AS
VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS POMADAS, ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRETA.
A) Normalmente têm o sensorial gorduroso, não sendo muito agradáveis ao toque.
B) Normalmente são fáceis de aplicar e de remover.
C) São capazes de gerar oclusão e hidratação, mas exigem reaplicação constante.
D) Não são adequadas para a veiculação de fármacos susceptíveis à hidrólise devido à
quantidade de água na formulação.
E) Devido à quantidade de água na formulação, são comumente de fácil remoção com água.
GABARITO
1. Vimos que os géis podem ser formados por pequenas partículas ou grandes moléculas
dispersas em um veículo líquido. De acordo com o agente gelificante utilizado, diferentes
cuidados serão necessários durante o preparo. Sobre os diferentes tipos de géis, assinale a
afirmação correta:
A alternativa "D " está correta.
O gel de Carbopol® exibe viscosidade máxima em pH 7, sendo tolerável a partir de 5. Por esse
motivo, não resiste à incorporação de substâncias ácidas. Os géis de Natrosol®, por sua vez, não
apresentam essa característica e, portanto, são os escolhidos para a incorporação de ativos
ácidos.
2. Vimos que as pomadas podem ser muito úteis para alguns casos, mas que também têm
alguns inconvenientes. Sobre as vantagens e desvantagens das pomadas, assinale a
alternativa correta.
A alternativa "A " está correta.
Devido à grande quantidade de componentes oleosos, as pomadas costumam ser fáceis de
aplicar, além de serem capazes de formar uma camada, mantendo a hidratação. Dessa forma,
ficam retidas no local por longos períodos, não exigindo a reaplicação constante e formando uma
camada protetora. São, também, uma boa formulação para fármacos susceptíveis à hidrólise, uma
vez que a quantidade de água geralmente é baixa.
Por outro lado, como desvantagens temos o sensorial gorduroso, não tão agradável e de difícil
remoção com água.
MÓDULO 4
 Identificar as aplicações de formulações transdérmicas, bem como suas características
e os fatores que interferem na absorção do fármaco pela pele
Foto: Shutterstock.com
A aplicação de produtos sobre a pele pode ser feita com o objetivo de uma ação local, como, por
exemplo, uma pomada antipruriginosa, ou com o objetivo de ação sistêmica, quando o fármaco
deve atingir a circulação sanguínea. Nesse caso, chamamos a formulação de transdérmica, e
algumas características são extremamente importantes para que ocorra a absorção do fármaco.
A pele é o nosso maior órgão e sua função é proteger o organismo de fatores ambientais que
podem ser agressivos. Por isso, precisamos conhecer suas características e seus mecanismos de
defesa para, então, entender as particularidades de formulações destinadas a esta região. Vamos
lá?
ANATOMOFISIOLOGIA DA PELE
A principal função da pele é proteger nosso organismo dos agentes agressores externos. Além
disso, ela realiza diversas outras funções fisiológicas, como regulação de temperatura, excreção e
metabolismo.
A pele é dividida em três camadas principais: epiderme, derme e hipoderme (Figura 16).
Imagem Shutterstock.com, adaptada por Flávio Borges.
 Figura 16. Camadas da pele.
Veja a seguir as características de cada uma dessas camadas.
EPIDERME
Camada mais externa de pele, composta por um epitélio estratificado, pavimentoso e
queratinizado. Divide-se em epiderme viável ((com células vivas)) e epiderme não viável ((com
células mortas)) , também chamada de estrato córneo (Figura 17).
Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Flávio Borges.
 Figura 17. Epiderme.
Estrato Córneo Queratinócitos Corneócitos
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ESTRATO CÓRNEO
O estrato córneo é composto por aproximadamente 40% de queratina e 40% de água, e
tem caráter lipofílico devido à presença de triglicerídeos, ácidos graxos livres, colesterol e
fosfolipídeos.
QUERATINÓCITOS
Os queratinócitos compõem 80% da epiderme, e se proliferam na camada basal da
epiderme, empurrando outros queratinócitos no sentido da superfície. Quando isso ocorre,
eles se achatam e perdem seus núcleos, sofrendo diferenciação em corneócitos, as células
mortas que formam o estrato córneo. A principal função dos queratinócitos é sintetizar
queratina.
CORNEÓCITOS
Os corneócitos são células anucleadas e têm seu citoplasma preenchido por queratina,
uma proteína impermeável à água. Eles se organizam dispostos um por cima dos outros e
intercalados por substâncias glicolipídicas, semelhantes a tijolos e cimento (Figura 18),
formando uma eficiente barreira à passagem de água e substâncias solúveis em água.
Imagem: Shutterstock.com
 Figura 18. Organização dos corneócitos intercalados por
substâncias glicolipídicas.
Além dos queratinócitos e dos corneócitos, a epiderme também tem melanócitos (produção de
melanina), células de Langerhans (função imunológica) e células Merkel (integradas ao sistema
nervoso).
DERME
A derme é a camada intermediária da pele, que se apresenta grossa, elástica e mais firme. Seus
principais componentes estruturais são o colágeno e a elastina, tecidos conjuntivos que dão força
e flexibilidade à pele, sendo essenciais para a sua saúde e juventude (Figura 19).
A matriz extracelular é rica em glicosaminoglicanos e ácido hialurônico.
Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Flávio Borges
 Figura 19. Derme.
Muitos cosméticos anti-idade tentam atingir e ficar retidos nesta camada. Já as formulações
transdérmicas precisam alcançar a corrente sanguínea, o que já é possível nesta camada, que é
vascularizada.
HIPODERME
A hipoderme é a camada mais interna da pele, que armazena energia, amortece impactos e isola
termicamente o corpo. Assim, possui importante papel na termorregulação do organismo, na
reserva de nutrientes e na proteção contra traumas mecânicos.
Ela é composta principalmente por adipócitos (células adiposas que formam uma espécie de
“almofada”), fibras especiais de colágeno (tecidos conjuntivos soltos e esponjosos que mantêm as
células adiposas juntas) e vasos sanguíneos.
 COMENTÁRIO
Além das camadas já citadas, também podemos encontrar o que chamamos de anexos, como os
folículos pilosos, glândulas sebáceas e ductos sudoríparos. Eles não são muito relevantes para a
absorção de fármacos porque estão presentes apenas em uma pequena proporção da superfície
da pele (Figura 20).
Imagem: Shutterstock.com, adaptada por Flávio Borges
 Figura 20. Hipoderme.
SISTEMAS TRANSDÉRMICOS
A administração transdérmica de fármacos objetiva a passagem de substâncias ativas através
da superfície da pele e de suas diversas camadas até atingir a circulação sistêmica.
 ATENÇÃO
Apesar de também ter a pele como local de aplicação, as formulações tópicas visam um efeito
local, retido na superfície (ex.: repelente) ou nas camadas superficiais da pele (ex.: cosméticos
anti-idade), não atingindo a circulação sanguínea.
Já vimos que o estrato córneo altamente queratinizado é a principal barreira ao transporte dos
fármacos através da pele. Esse transporte pode ocorrer pela via transcelular ((através das
células)) ou paracelular ((por entre as células)) , sendo este último o majoritário. Uma vez que
as células são unidas entre si por material lipídico, formulações apolares apresentam maior
sucesso nesse transporte. No entanto, se o fármaco for muito lipofílico, dificuldades poderão ser
encontradas nas camadas mais profundas da pele, como na epiderme aquosa viável.
FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO
PERCUTÂNEA
Vejamos, agora, os fatores que afetam a absorção percutânea de fármacos.
Peso molecular do fármaco Coeficiente de partição óleo/água
Grau de dissociação Concentração do fármaco
Área de aplicação Afinidade pelo veículo e pela pele
Grau de hidratação da pele Região de aplicação
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PESO MOLECULAR DO FÁRMACO
Quanto maior o peso molecular do fármaco administrado, menor será a quantidade de
fármaco absorvida.
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COEFICIENTE DE PARTIÇÃO ÓLEO/ÁGUA
O coeficiente de partição O/A precisa ser adequado, pois, quanto maior a lipofilicidade do
fármaco, maior a capacidade de ultrapassar o estrato córneo. Por outro lado, alguma
solubilidade em água é necessária para o transporte nas camadas mais profundas da pele.
GRAU DE DISSOCIAÇÃO
Quanto maior o grau de ionização do princípio ativo, menor será a capacidade de ultrapassar
o estrato córneo e ser absorvido, uma vez que moléculas não ionizadas têm maior facilidade
de serem transportadas pela via paracelular, na qual predomina o conteúdo lipídico.
CONCENTRAÇÃO DO FÁRMACO
Em geral, quanto maior a concentração de fármaco no sistema transdérmico, maior será a
quantidade de fármaco absorvida por intervalo de tempo.
ÁREA DE APLICAÇÃO
Quanto maior a área de aplicação, maior será a quantidade de fármaco absorvida por
intervalo de tempo.
AFINIDADE PELO VEÍCULO E PELA PELE
É importante que o fármaco tenha mais afinidade pela pele do que pelo veículo da
formulação em que se encontra. Caso contrário, o fármaco tenderá a permanecer associado
na formulação e, assim, sua absorção será restrita.
GRAU DE HIDRATAÇÃO DA PELE
Quanto mais hidratada a pele estiver, maior será a absorção do fármaco, pois gera o
intumescimento (inchaço) do estrato córneo, aumentando sua permeabilidade.
REGIÃO DE APLICAÇÃO
Regiões com uma camada córnea mais fina terão maior absorção do fármaco, enquanto
regiões com camadas córneas mais espessas terão menor absorção.
PROMOTORES DE ABSORÇÃO CUTÂNEA
Existem algumas formas de aumentar a absorção percutânea. Geralmente, isso é feito por meio
de promotores de absorção, que interagem com os componentes do estrato córneo, reduzindo, de
forma reversível, a resistência cutânea à difusão do ativo. O promotor de absorção ideal é inerte,
atua de maneira reversível, é atóxico, não irritante e compatível com a formulação.
Eles podem ser classificados em físicos e químicos.
PROMOTORES FÍSICOS DE ABSORÇÃO CUTÂNEA
A massagem e a iontoforese são exemplos de promotores físicos. A massagem estimula a
liberação de histamina e acetilcolina, gerando vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo,
facilitando a absorção do fármaco. Já a iontoforese é um método eletroquímico, que cria um
gradiente de potencial elétrico na pele por meio de corrente elétrica ou voltagem. Um fármaco
carregado é colocado sob o eletrodo de mesma polaridade, de modo que, quando a corrente flui,
ele é repelido em direção à pele.
Foto: Shutterstock.com
PROMOTORES QUÍMICOS DE ABSORÇÃO CUTÂNEA
São compostos que reduzem a resistência do estrato córneo devido a alterações como na
hidratação do estrato córneo, na mudança na estrutura dos lipídeos intercelulares, entre outros.
Sua seleção deve considerar sua toxicidade dérmica e sua compatibilidade físico-química com os
outros componentes do sistema.
A água é o promotor químico de absorção mais usado porque, como já vimos, quanto maior a
hidratação, maior a absorção dos fármacos. Além dela, álcoois de baixa massa molar também são
utilizados, como o etanol, o propilenoglicol, entre outros.
Imagem: Shutterstock.com
ADESIVOS TRANSDÉRMICOS
Os adesivos transdérmicos, também conhecidos como patches, são os produtos
transdérmicos mais amplamenteconhecidos. Existem os sistemas simples, formados apenas
pelo fármaco em um adesivo, ou sistemas mais elaborados, que podem ser de dois tipos:
Sistemas transdérmicos reservatórios, que controlam a velocidade de liberação do
fármaco para a pele.
Sistemas transdérmicos matriciais, que permitem que a pele controle a velocidade de
absorção.
Foto: Shutterstock.com
Independentemente do tipo, os adesivos precisam fazer a oclusão da pele para garantir o fluxo
unilateral do fármaco no estrato córneo, não devem irritar ou sensibilizar a pele, e devem aderir
bem à pele e ter tamanho e aparência adequados para aumentar a adesão do paciente.
 SAIBA MAIS
Por serem destinados à absorção sistêmica do fármaco, alguns cuidados devem ser tomados com
o uso de adesivos transdérmicos. Em primeiro lugar, sua aplicação deve ser feita na região
recomendada pelo fabricante. Já vimos que a absorção é variável dependendo da região de
aplicação, de modo que colocá-lo em uma região não recomendada pode resultar em doses
erráticas. Além disso, o local de aplicação deve estar limpo e seco, para permitir a correta adesão
do sistema.
Sua remoção da embalagem deve ser feita de maneira cuidadosa, para não rasgar ou
comprometer a dose de fármaco inicial. Por fim, é importante ressaltar que esses adesivos não
devem ser cortados, ou a dosagem de fármaco será prejudicada.
SISTEMAS SIMPLES DE ADESIVO E
FÁRMACO
Os adesivos de nicotina representam esse tipo de sistema. Para fabricá-lo, dissolvemos ou
dispersamos o fármaco em uma substância adesiva e, em seguida, adicionamos uma camada de
reforço. Por fim, uma película removível é aplicada.
Foto: Shutterstock.com
Esse tipo de sistema não suporta grandes quantidades de fármaco, sendo, geralmente, de uso
diário.
SISTEMAS RESERVATÓRIOS OU
CONTROLADOS POR MEMBRANA
Esses sistemas constituem um reservatório dentro do qual o fármaco está inserido na forma
sólida, semissólida ou suspensa em um líquido.
Imagem: DanielTahar / Wikimedia Commons / CC-BY-SA-4.
As paredes do reservatório são impermeáveis de um lado e porosas ou microporosas do outro,
que são responsáveis pelo controle da liberação do fármaco. Essa liberação ocorre em uma
velocidade menor do que a capacidade de absorção na pele, de modo que a absorção é
controlada pelo sistema transdérmico, e não pela pele.
 COMENTÁRIO
Uma vantagem desse tipo de adesivo é que, enquanto a solução do fármaco no reservatório
permanecer saturada, a velocidade de liberação do fármaco através da membrana permanecerá
constante, devido ao gradiente de concentração entre o adesivo e a pele. Como desvantagem,
podemos citar o fato de o fármaco se encontrar todo dentro do mesmo compartimento. Caso a
membrana se rompa, o fármaco fica exposto e perde-se o controle de sua liberação.
Uma vez que existe uma membrana que controla a liberação do fármaco, nesse tipo de sistema
geralmente se adiciona um pouco de fármaco à camada adesiva para que o efeito comece antes.
Além da membrana limitante da taxa, existem ainda a substância adesiva, a camada de reforço e
a película removível (Figura 21).
Imagem: Allen Jr.; Popovich; Ansel (2013, p. 349), adaptada por Flávio Borges.
 Figura 21: Estrutura do adesivo transdérmico reservatório Transderm-Nitro (summit).
Para preparar esse tipo de sistema, iniciamos pela parte responsável pela liberação, enchemos o
reservatório com o fármaco e, por fim, fazemos a selagem ou laminação.
Foto: Shutterstock.com
SISTEMAS MONOLÍTICOS OU MATRICIAIS
Esses sistemas são os mais utilizados. Neles, o fármaco é disperso em uma matriz polimérica
contendo uma camada adesiva, que controla a liberação do fármaco. Um lado da matriz
permanece em contato com a pele, enquanto o outro lado é protegido por uma membrana
laminada. O fármaco se difunde pela estrutura até o local de absorção.
É possível que a matriz contenha ou não um excesso de fármaco em relação à solubilidade.
Quando não tem excesso, o fármaco fica disponível para manter a saturação do estrato córneo
apenas enquanto seu nível no dispositivo exceder o limite de solubilidade na pele. Conforme a
concentração de fármaco no dispositivo diminui abaixo do limite de saturação da pele, o transporte
de fármaco do dispositivo para a pele diminui. Por outro lado, quando trabalhamos com excesso, a
reserva garante a continuidade da saturação contínua no estrato córneo. A velocidade de
liberação diminui mais lentamente do que no sistema sem excesso.
Ao contrário do sistema reservatório, a velocidade de fármaco liberada é maior do que a
capacidade de absorção da pele, sendo esta última responsável pelo controle do processo.
Para preparar esse tipo de sistema o fármaco e o polímero são misturados e submetidos a um
processo de secagem, formando uma matriz gelificada. Esta será, então, incorporada entre a
camada de reforço e a película removível.
A especialista Patrícia Dias fala sobre diferença entre adesivos matriciais e reservatório.
Teremos, então, a possibilidade das seguintes camadas para um sistema de liberação
transdérmico:
Película removível: para ser retirada pelo paciente antes da aplicação.
Camada adesiva: para manter a adesão à pele após a aplicação.
Membrana limitante/semipermeável: separam o reservatório da substância adesiva.
Matriz ou reservatório: região onde o fármaco estará, de fato, dissolvido ou disperso para
ser liberado para a pele.
Camada de suporte: para manter a oclusão da pele, mantendo a hidratação e aumentando
a absorção. Protege o sistema transdérmico de perdas para o ambiente.
VANTAGENS E DESVANTAGENS
O Quadro 7 resume as vantagens e desvantagens dos sistemas transdérmicos de fármacos.

Evitam o metabolismo hepático de primeira passagem.
Não são invasivos.
Permitem tratamento prolongado com uma única aplicação.
Fácil aplicação e remoção.
Fácil interrupção do tratamento.
Alta adesão dos pacientes.
Fácil identificação em caso de emergências.

Podem gerar dermatite de contato.
Poucos fármacos têm características físico-químicas adequadas para esta via.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. VIMOS QUE DIVERSOS FATORES INFLUENCIAM A ABSORÇÃO DO
FÁRMACO ATRAVÉS DA PELE. SOBRE ESSES FATORES, ASSINALE A
AFIRMAÇÃO CORRETA:
A) Quanto maior o peso molecular do fármaco administrado, menor será a quantidade de fármaco
absorvida pela pele.
B) Quanto menor a lipofilicidade do fármaco, maior será a capacidade de ultrapassar a pele.
C) Quanto maior o grau de dissociação, maior será a capacidade de ultrapassar o estrato córneo e
ser absorvido.
D) O peso molecular do fármaco não interfere no processo de absorção.
E) A lipofilicidade do fármaco não interfere no processo de absorção.
2. VIMOS QUE ALGUMAS RECOMENDAÇÕES SÃO IMPORTANTES PARA O
USO DE ADESIVOS TRANSDÉRMICOS. ASSINALE A ALTERNATIVA
CORRETA.
A) Para a utilização de adesivos transdérmicos, a região de aplicação é extremamente importante.
Por isso, deve-se escolher uma região onde a pele seja mais fina.
B) Para a utilização de adesivos transdérmicos, caso não desejemos a dose completa, o corte
poderá ser realizado, desde que feito com cautela, exatamente no meio do adesivo.
C) Para a aplicação de adesivos transdérmicos, o ideal é que a pele esteja úmida pois a presença
de água aumenta a absorção do fármaco.
D) A película removível dos adesivos deve ser removida e colada na pele.
E) Para a aplicação de adesivos transdérmicos, o ideal é que a pele esteja seca para aumentar a
adesão do adesivo.
GABARITO
1. Vimos que diversos fatores influenciam a absorção do fármaco através da pele. Sobre
esses fatores, assinale a afirmação correta:
A alternativa "A " está correta.
O estrato córneo é uma camada com características lipofílicas e o principal mecanismo de
transporte dos fármacos é por difusão paracelular. Dessa forma, quanto maior o peso molecular,
mais difícil será para esse transporte ser realizado e, portanto, menor a quantidade de fármaco
absorvida através da pele. Além disso, quanto maior a lipofilicidade, maior a capacidade

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