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Contabilidade aplicada ao setor público

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DESCRIÇÃO
Contabilidade Pública: receitas e despesas, demonstrações contábeis, planos de contas e demais
regulações.
PROPÓSITO
Compreender a importância da Contabilidade Pública e do seu impacto no gerenciamento econômico e
financeiro do Estado, bem como conhecer os principais princípios e demonstrativos utilizados pela
Contabilidade Pública a fim de gerenciar de forma eficaz e eficiente os recursos gerados pelos
contribuintes.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo, tenha em mãos recursos computacionais e tenha acesso à legislação
pertinente à Contabilidade Pública.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar os principais conceitos de Contabilidade Pública, seus demonstrativos obrigatórios e suas
despesas
MÓDULO 2
Identificar os diferentes aspectos contábeis da Contabilidade Pública
MÓDULO 3
Descrever o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público e a Lei de Responsabilidade Fiscal
INTRODUÇÃO
Neste conteúdo, abordaremos como os entes públicos usam a Contabilidade, e como as regras
contábeis se aplicam ao setor público. Discutiremos a diferença entre a Contabilidade Financeira e a
Contabilidade Pública, além de recapitularmos brevemente as formas de financiamento do Estado.
Analisaremos também o plano de contas utilizado na Contabilidade Pública e os diferentes aspectos
contábeis, incluindo as receitas com e sem contraprestação. Além disso, estudaremos os diferentes
estágios da despesa pública, bem como a Lei de Responsabilidade Fiscal e de que forma ela afeta os
entes públicos.
MÓDULO 1
 Identificar os principais conceitos de Contabilidade Pública, seus demonstrativos
obrigatórios e suas despesas
LIGANDO OS PONTOS
Quais são as principais regras que devem ser aplicadas a Contabilidade no Setor Público no Brasil?
Para entendermos melhor tais regras e seu processo de adoção, vamos estudar o caso da aplicação
das normas contábeis pela Contabilidade da Prefeitura do Rio de Janeiro - PMRJ.
O sistema orçamentário, financeiro e contábil da Prefeitura do Rio de Janeiro é formado por diversos
departamentos. Um desses departamentos é o que cuida exclusivamente da contabilidade pública do
ente público. Esse departamento possui uma gama de atribuições, como registrar todos os fatos
contábeis, gerar os relatórios obrigatórios e prestar conta da execução do orçamento, com a
arrecadação e os gastos executados mês a mês, além de outras obrigações principais e acessórias.
A normatização dos registros dos fatos contábeis sempre esteve presente dentro da contabilidade
municipal, pois desde a década de 1960, a Lei 4320/64 traz a forma como as receitas e despesas
devem ser tratadas no orçamento e na contabilidade. No entanto, a partir de 2007/2008 o Estado
brasileiro, junto ao Concelho Federal de Contabilidade (CFC), optou por fazer a convergência das
normas contábeis públicas às normas contábeis internacionais, adotando o padrão internacional. Com
esse processo surge as NBC-TSPs, que abarca a maioria dos fatos contábeis e como eles devem ser
tratados pela Contabilidade.
Diante dessas mudanças, a contabilidade da PMRJ precisou se adaptar às novas regras, apresentando
em Notas Explicativas de seu balanço as alterações nas regras e seu impacto nas demonstrações
contábeis como um todo. Essas mudanças continuam a acontecer, e a contabilidade da PMRJ precisa
estar sempre atenta para acompanhar as novas regras e sempre assimilá-las ao seu dia a dia de
trabalho, apresentando seu impacto sempre em Notas Explicativas nos balanços anuais.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
1. COMO O RESPONSÁVEL PELA CONTABILIDADE DO ÓRGÃO QUE VOCÊ
TRABALHA, INDIQUE A QUANTIDADE DE NCB-TSP QUE DEVE SEGUIR DENTRO
DO ORDENAMENTO JURÍDICO CONTÁBIL BRASILEIRO E PARA QUAL NORMA
INTERNACIONAL ESSAS NBCS ESTÃO CONVERGINDO?
A) São 21 NBCs e a norma internacional é a IPSAS (International Financial Reporting Standards).
B) São 26 NCBs e a norma internacional é a IFRS (International Financial Reporting Standards).
C) São 21 NBCs e a norma internacional é a IPSAS (International Public Sector Accounting Standards).
D) São 22 NCBs e a norma internacional é a IFRS (International Financial Reporting Standards).
E) e) São 26 NBCs e a norma internacional é a IPSAS (International Public Sector Accounting
Standards).
2. SE VOCÊ FOSSE O RESPONSÁVEL PELA CONTABILIDADE DA PMRJ E SE
DEPARASSE COM UM EVENTO SUBSEQUENTE EM SUA CONTABILIDADE,
QUAL A NORMA NBC-TSP E A IPSA QUE VOCÊ APLICARIA PARA REPORTAR
TAL EVENTO?
A) NBC-TSP 5/ IPSA 14
B) NBC-TSP 25/ IPSA 4
C) NBC-TSP 22/ IPSA 3
D) NBC-TSP 25/ IPSA 14
E) NBC-TSP 15/ IPSA 14
GABARITO
1. Como o responsável pela contabilidade do órgão que você trabalha, indique a quantidade de
NCB-TSP que deve seguir dentro do ordenamento jurídico contábil brasileiro e para qual norma
internacional essas NBCs estão convergindo?
A alternativa "E " está correta.
As NBC-TSP são as normas emitidas pelo Concelho Federal de Contabilidade voltada para o setor
público e que estão convergindo para as IPSAs (International Public Sector Accounting Standards).
Essas regras harmonizam a nossa normatização contábil ao que é praticado em todo o mundo, tornando
a nossa contabilidade pública uniforme e comparável às demais contabilidades pelo mundo.
2. Se você fosse o responsável pela contabilidade da PMRJ e se deparasse com um evento
subsequente em sua contabilidade, qual a norma NBC-TSP e a IPSA que você aplicaria para
reportar tal evento?
A alternativa "D " está correta.
A norma brasileira que deve ser aplicada a eventos subsequentes desde 2021 é a NBC-TSP 25, que
converge as normas da IPSA 14. Esse regramento é muito importante, pois entre o fechamento do
balanço em 31 de dezembro e sua apresentação aos Stakeholders existe uma lacuna de tempo
considerável, onde podem acontecer eventos com grande impacto nos resultados apresentados no
balanço. Esses eventos devem ser reportados aos Stakeholders para que eles tenham uma boa noção
de qual o verdadeiro estado das contas públicas.
COMO E ONDE VOCÊ, NA POSIÇÃO DE CONTADOR CHEFE
DA CONTABILIDADE DA PMRJ, JUSTIFICARIA AOS
STAKEHOLDERS UMA MUDANÇA EM SEUS ESTOQUES AO
APLICAR A NBC-TSP 04, QUE TRATA DOS ESTOQUES NA
CONTABILIDADE PÚBLICA?
RESPOSTA
A aplicação de uma NBC-TSP a um aspecto da contabilidade de um ente público pode causar mudanças em
seus valores ou em sua estrutura. Essas mudanças devem ser informadas obrigatoriamente nas Notas
Explicativas que acompanham o Balanço Patrimonial. Mesmo que isso não cause mudança nos números,
essa nova forma de apuração e contabilização dever ser informada aos Stakeholders via Notas Explicativas,
pois seu impacto pode acontecer em exercícios subsequentes e gerar alteração nos balanços.
PRIMEIRAS PALAVRAS
O Estado, ao mesmo tempo que arrecada muito dinheiro, também gasta muito. Esse “gasto” se reverte
em educação, saúde, segurança e muitos outros benefícios para a população. Porém, para um gasto
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efetivo, eficaz e eficiente, é necessário que o Estado possua uma forma de mensurar, registrar e
controlar as entradas e saídas de recursos. O método utilizado é a Contabilidade! Pública.
Imagem: Shutterstock.com
O que é Contabilidade?
É uma ciência única, com princípios bem definidos, como as partidas dobradas, relação entre receitas e
despesas, ativos e passivos e assim por diante. Portanto, tais princípios podem ser utilizados para o
controle dos gastos públicos a fim de que os contribuintes obtenham o melhor retorno possível dos seus
tributos.
Porém, a Contabilidade precisa se adaptar para que possa ser útil frente a uma lógica completamente
diferente dos entes públicos, quando comparados ao setor privado.
 EXEMPLO
O Estado possui receitas com e sem contraprestação, coisa inexistente aos entes privados. Além disso,
o Estado possui despesas obrigatórias, enquanto os entes privados não.
Adicionalmente, o nível burocrático do Estado é superior a qualquer ente privado, tendo em vista que os
recursos láadministrados pertencem a todos os cidadãos e não apenas aos sócios ou acionistas.
Assim sendo, deve existir uma burocracia capaz de dar suporte ao tratamento de tantos interesses
diversos, bem como registrar e controlar, de modo a permitir uma auditoria capaz de detectar e evitar
fraudes lesivas aos contribuintes.
Portanto, nada mais natural que, embora haja similaridades, a Contabilidade Financeira seja diferente da
Contabilidade Pública. Neste conteúdo, analisaremos os principais pontos referentes à Contabilidade
Pública. Começaremos com as regulações e os demonstrativos da Contabilidade Pública praticada no
Brasil.
REGULAÇÃO E DEMONSTRATIVOS
No âmbito da Contabilidade Pública, o que a Portaria MF nº 184, de 25 de agosto de 2008, e o Decreto
nº 6976, de 7 de outubro de 2009, estabeleceram?
Que cabe à Secretaria do Tesouro Nacional regular a convergência da Contabilidade Pública à
Contabilidade Internacional. Tais normas são as International Public Sector Accounting Standards,
também conhecidas como IPSAS.
A Secretaria do Tesouro Nacional também publica o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público
(MCASP) que serve de base para a Contabilidade Pública no Brasil, pois agrupa diversos regulamentos,
legislações, portarias e outras regulamentações diversas, tornando o processo de elaboração da
Contabilidade Pública mais simples, eficaz e eficiente.. 
OBSERVAÇÃO OBS: na ocasião do desenvolvimento deste conteúdo o MCASP estava na 8ª edição
que vigora desde o exercício de 2019.
De acordo com o prefácio da edição 2010 das Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao
Setor Público, “as IPSAS são as normas internacionais, em níveis globais, de alta qualidade para a
preparação de demonstrações contábeis por entidades do Setor Público”.
Tais normas são baseadas nas “International Financial Reporting Standards”. Vale lembrar que as
normas “International Financial Reporting Standards”, também conhecidas como IFRS, são as normas
aplicadas pelas entidades privadas no Brasil.
Porém, devido ao enorme escopo de tal mudança, a convergência das normas contábeis brasileiras
para as internacionais tem sido bastante lenta. No XIV Congresso Internacional de Contabilidade do
Mundo Latino, ocorrido em 2018, discutiu-se tal adoção, porém sem nenhum tipo de prazo para
aplicação.
Até o fim de 2020, as normas brasileiras que convergiram com as normas internacionais de
Contabilidade foram as seguintes:
NBC TSP 01 – Receita de Transação sem Contraprestação
NBC TSP 02 – Receita de Transação com Contraprestação
NBC TSP 03 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes
NBC TSP 04 – Estoques
NBC TSP 05 – Contratos de Concessão de Serviços Públicos: Concedente
NBC TSP 06 – Propriedade para Investimento
NBC TSP 07 – Ativo Imobilizado
NBC TSP 08 – Ativo Intangível
NBC TSP 09 – Redução ao Valor Recuperável de Ativo Não Gerador de Caixa
NBC TSP 10 – Redução ao Valor Recuperável de Ativo Gerador de Caixa
NBC TSP 11 – Apresentação das Demonstrações Contábeis
NBC TSP 12 – Demonstração dos Fluxos de Caixa
NBC TSP 13 – Apresentação de Informação Orçamentária nas Demonstrações Contábeis
NBC TSP 14 – Custos de Empréstimos
NBC TSP 15 – Benefícios a Empregados
NBC TSP 16 – Demonstrações Contábeis Separadas
NBC TSP 16.11 – Sistema de informação de custos do Setor Público
NBC TSP 17 – Demonstrações Contábeis Consolidadas
NBC TSP 18 – Investimento em Coligada e em Empreendimento Controlado em Conjunto
NBC TSP 19 – Acordos em Conjunto
NBC TSP 20 – Divulgação de Participações em Outras Entidades
NBC TSP 21 – Combinações No Setor Público
A maior novidade nesse cenário foi a introdução, a partir de primeiro de janeiro de 2021, das normas
contábeis com respeito a transações com partes relacionadas (NBC TSP 22, referente a IPSAS 20).
Além dessa norma, as seguintes normas também entraram em vigor a partir de primeiro de janeiro de
2021:
NCB TSP 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro (IPSAS 3)
NBC TSP 24 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis
(IPSA 4)
NBC TSP 25 – Evento Subsequente (IPSA 14)
NBC TSP 26 – Ativo Biológico e Produto Agrícola (IPSA 27)
Todas as normas contábeis citadas acima são de adoção obrigatória dos três poderes (incluindo o
Executivo, Legislativo e Judiciário, abrangendo os tribunais de contas, ministérios públicos e
defensorias), bem como toda a administração vinculada, tais como fundações, autarquias, órgãos,
departamentos e outros.
A adoção é obrigatória em níveis federal, estadual e municipal (contando com o Distrito Federal). Porém,
para as empresas estatais não dependentes a adoção é facultativa.
Enquanto na Contabilidade Financeira os principais demonstrativos contábeis são o Balanço Portaria
STN nº 438, de 12/07/2012Patrimonial, a Demonstração de Resultados do Exercício e o Demonstrativo
de Fluxos de Caixa, a Administração Pública possui os seguintes demonstrativos (regulados pela Lei
4320/64 e Portaria STN nº 438, de 12/07/2012):
Balanço Orçamentário (Lei 4320/64)
Balanço Financeiro (Lei 4320/64)
Balanço Patrimonial (Lei 4320/64)
Demonstração das Variações Patrimoniais (Lei 4320/64)
Demonstração dos Fluxos de Caixa (Portaria STN nº 438, de 12/07/2012)
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (Portaria STN nº 438, de 12/07/2012)
Vejamos um pouco mais desses demonstrativos:
BALANÇO ORÇAMENTÁRIO
BALANÇO FINANCEIRO
BALANÇO PATRIMONIAL
DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS
BALANÇO ORÇAMENTÁRIO
São apresentadas as receitas e as despesas previstas em confronto com as realizadas (art. 102 da Lei
4320/64).
O Balanço Orçamentário é, no caso das entidades privadas, parte da Contabilidade Gerencial, e,
portanto, facultativo e interno às empresas e demais entes privados. Com relação às entidades públicas,
tal demonstrativo é obrigatório para que os entes de controle possam fiscalizar se os entes públicos
estão cumprindo com seus objetivos e planejamentos.
BALANÇO FINANCEIRO
De acordo com a Lei 4320/64 em seu artigo 103, “O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a
despesa orçamentárias bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza extraorçamentária,
conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem para o
exercício seguinte”.
BALANÇO PATRIMONIAL
Enquanto os Balanços Orçamentário e Financeiro não possuem similar no caso de entidades privadas, o
Balanço Patrimonial é similar ao adotado pelas entidades privadas com as aplicações de recursos sendo
contabilizadas no Ativo e as fontes de recursos sendo contabilizadas no Passivo, com a diferença
compondo o Patrimônio Líquido da entidade.
DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS
É similar à Demonstração de Resultado do Exercício, com o artigo 104 da Lei 4320/64 descrevendo que
“a Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações verificadas no patrimônio,
resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do
exercício”.
A Demonstração dos Fluxos de Caixa (Anexo 18 da Lei nº 4.320/64). e a Demonstração das Mutações
do Patrimônio Líquido (Anexo 19 da Lei nº 4.320/64), foram introduzidas pela já revogada Portaria STN
nº 749, de 15 de dezembro de 2009, e atualmente são reguladas pela Portaria STN nº 438, de
12/07/2012 e pela NBC TSP 11. As duas demonstrações têm formatos similares às adotadas por
entidades do setor privado.
Agora, trataremos da classificação e dos estágios das despesas no setor público. As despesas do
Estado são de caráter fundamental para a sociedade, e, portanto, extremamente importantes na área da
Contabilidade Pública.
DEMONSTRATIVOS DO SETOR PÚBLICO
No vídeo a seguir, o especialista apresentará os principais demonstrativos contábeis do setor público e
suas características mais importantes. Também diferenciará os demonstrativos do setor público
daqueles existentes para o setor privado, explicando por que ocorrem essas diferenças.
CLASSIFICAÇÃOE ESTÁGIOS DAS DESPESAS
PÚBLICAS
As despesas no setor público são classificadas como corrente ou de capital. De acordo com o Manual
SADIPEM do Ministério da Economia:
Despesas correntes
São “todas as despesas para manutenção e funcionamento dos serviços públicos em geral, são
despesas que não contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital”.

Despesas de capital
São “aquelas despesas que contribuirão para a produção ou geração de novos bens ou serviços e
integrarão o patrimônio público, ou seja, contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um
bem de capital. Essas despesas ensejam o registro de incorporação de ativo imobilizado, intangível ou
investimento (no caso dos grupos de natureza da despesa 4 – investimentos e 5 – inversões financeiras)
ou o registro de desincorporação de um passivo (no caso do grupo de despesa 6 – amortização da
dívida)”.
Os números citados são referentes ao Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) que
veremos mais à frente.
Imagem: Shutterstock.com
Exemplo: Uma universidade adquire uma impressora e resmas de papel para impressão de
documentos. A impressora será classificada como “despesa de capital”, enquanto as resmas de papel
serão classificadas como “despesa corrente”. É de se notar que as “despesas de capital” quase sempre
serão ativadas e não classificadas como despesa, ou seja, não contribuirão negativamente para o
patrimônio do ente público.
Todas as despesas passam por três estágios:
EMPENHO
O empenho é regulamentado pelo artigo 58 da Lei 4320/64, que trata o empenho de despesa como “o
ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou
não de implemento de condição”. Esse é o primeiro ato e normalmente ocorre quando um bem é
comprado, ou um serviço é contratado, e uma nota de empenho é emitida.
LIQUIDAÇÃO
Após o empenho, vem a liquidação, que é o segundo passo e consiste na verificação e no
processamento do empenho pelo ente público. De acordo com o parágrafo 1º do artigo 63 da Lei
4320/64, existem três objetivos durante a liquidação da despesa: “A origem e o objeto do que se deve
pagar, a importância exata a pagar e a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação”.
São necessários três documentos para que ocorra a liquidação: “O contrato, ajuste ou acordo
respectivo; a nota de empenho; e os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do
serviço” (Lei 4320/64, art. 63, §2º).
Portanto, podemos entender a liquidação como uma auditoria feita pelo ente público a fim de se verificar
que não há algum tipo de fraude, tal como a não entrega dos produtos ou a não prestação do serviço,
com o intuito de se evitar desperdício do dinheiro público.
PAGAMENTO
Após a finalização da etapa da liquidação, é feito o pagamento, que é a etapa final, quando uma Ordem
Bancária de Pagamento é emitida a fim de se fazer o pagamento ao credor.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O INTERNATIONAL PUBLIC SECTOR ACCOUNTING STANDARD (IPSAS) É:
A) A base da Lei 4320/64.
B) Utilizado pelos entes privados para sua Contabilidade Gerencial.
C) Objeto de convergência da Contabilidade Pública Brasileira.
D) Um subgrupo dos International Financial Reporting Standards.
E) Regra contábil cuja adoção é proibida no Brasil.
2. É UM TERMO RELACIONADO À CLASSIFICAÇÃO OU AO ESTÁGIO DAS DESPESAS
PÚBLICAS, EXCETO:
A) Capital
B) Empenho
C) Corrente
D) Caixa
E) Liquidação
GABARITO
1. O International Public Sector Accounting Standard (IPSAS) é:
A alternativa "C " está correta.
De acordo com o prefácio da edição 2010 das Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao
Setor Público, “as IPSAS são as normas internacionais, em níveis globais, de alta qualidade para a
preparação de demonstrações contábeis por entidades do Setor Público”. Desde 2008 elas vêm sendo
traduzidas para o português e adaptadas para a realidade brasileira, com a mais recente entrando em
vigor no ano de 2021.
2. É um termo relacionado à classificação ou ao estágio das despesas públicas, exceto:
A alternativa "D " está correta.
As despesas se subdividem em capital e corrente, e passam por três estágios: empenho, liquidação e
pagamento.
MÓDULO 2
 Identificar os diferentes aspectos contábeis da Contabilidade Pública
LIGANDO OS PONTOS
As receitas e despesas na gestão pública devem ser registradas por seus valores originais e no
momento em que seu Fato Gerador acontece. No entanto, certas receitas e principalmente despesas
podem não ser possíveis de identificar algum dos elementos que as constitui, devendo ser ou não
registradas conforme indica a NBC-TSP 03. Para entendermos melhor esse regramento, vamos estudar
como a contabilidade da Prefeitura de Buriti, São Paulo, trata as Provisões, Ativo Contingente e Passivo
Contingente em seus registros.
A cidade de Buriti é pequena. Como tal, ela possui uma administração bastante enxuta. Seu
departamento de Contabilidade é responsável por todos os registros necessários, cuidando inclusive do
orçamento do município.
No ano de 2010, ao abrir o seu ano contábil, o contador do município começou a aplicar as novas NBC-
TSP à contabilidade. Entre essas NBC-TSP, ele se atentou para a de número 3, que fala das Provisões,
Ativo e Passivo Contingentes. Como a prefeitura tinha uma gama de Valores a receber da prestação de
um serviço a um cidadão e que estava em uma disputa judicial para obrigá-lo a realizar o pagamento,
esses valores não estavam computados na contabilidade até então.
Outra situação que o contador encontrou foi a de três processos judiciais relacionados a servidores que
tinham sido demitidos por justa causa, pela suspeita de desvio de recursos públicos. Esses servidores
estavam contestando a demissão do serviço público, pedindo indenização bastante alta por danos
morais e demais questões relacionadas. Os processos estavam na primeira vara pública e o julgamento
inicial ainda não havia acontecido.
Por fim, o contador também encontrou uma dívida da prefeitura com a União que estava sendo
contestada junto aos órgãos da Receita Federal do Brasil, por ser considerada pelo jurídico da prefeitura
uma cobrança indevida. O primeiro julgamento da RFB foi a favor da União, mas o município de Buriti
entrou comum recurso em instância superior da RFB e estava esperando a decisão, tendo ainda a via
judicial para discutir os valores a serem pagos.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
1. SE VOCÊ ESTIVESSE NA POSIÇÃO DO CONTADOR DA PREFEITURA DE
BURITI E ENCONTRASSE UMA SITUAÇÃO COMO A APRESENTADA NO CASO,
QUAL O PROCEDIMENTO QUE VOCÊ ADOTARIA? ESCOLHA A ALTERNATIVA
QUE MELHOR ENCAMINHA O PROBLEMA PARA A CONVERGÊNCIA ÀS
NORMAS CONTÁBEIS.
A) Deixaria tudo como está para não gerar descontinuidade nas regras contábeis aplicada à
Contabilidade do ente.
B) Aplicaria a Norma contábil vigente e não informaria as mudanças a ninguém, apresentando o balanço
normalmente.
C) Aplicaria a Norma contábil vigente e informaria as mudanças ocorridas nas Notas Explicativas do
Balanço Patrimonial.
D) Deixaria tudo como está para não gerar descontinuidade nas regras contábeis, mas informaria o fato
no Balanço Patrimonial para alertar os Stakeholders.
E) Aplicaria a Norma contábil vigente e informaria as mudanças ocorridas nas Notas Explicativas do
Balanço Financeiro.
2. EM RELAÇÃO À GAMA DE VALORES A RECEBER DA PRESTAÇÃO DE UM
SERVIÇO A UM CIDADÃO, OS QUAIS SE ENCONTRAVAM EM DISPUTA JUDICIAL
E QUE NÃO ESTAVAM REGISTRADOS NA CONTABILIDADE ATÉ ENTÃO, COMO
O CONTADOR DEVERIA PROCEDER PARA QUE ESSES VALORES FOSSEM
REGISTRADOS?
A) Para o registro dos valores em disputa, o primeiro passo é verificar o nível de certeza de seu
recebimento. Se a disputa indicar quais valores, eles não poderão ser registrados na Contabilidade,
sendo apenas apresentados em Notas Explicativas.
B) Para o registro dos valores em disputa, o primeiro passo é verificar o nível de certeza deseu
recebimento. Se a disputa ainda não indicar quais valores e quantidade serão recebidos, tais valores
devem ser registrados na Contabilidade, ponderado pelo percentual de certeza de seu recebimento.
C) Para o registro dos valores em disputa, o primeiro passo é registrar os valores nas contas de controle
e só depois verificar o nível de certeza de seu recebimento. Se a disputa ainda não indicar quais valores
serão recebidos, tais valores devem ser registrados nas contas patrimoniais, ponderado o valor total a
receber pelo percentual de certeza de seu recebimento.
D) Para o registro dos valores em disputa, o primeiro passo é verificar o nível de certeza de seu
recebimento. Se a disputa ainda não indicar quais valores e quantidade serão recebidos, tais valores
devem ser registrados nas contas patrimoniais, ponderado o valor total a receber pelo percentual de
certeza de seu recebimento.
E) Para o registro dos valores em disputa, o primeiro passo é verificar o nível de certeza de seu
recebimento. Se a disputa ainda não indicar quais valores e quantidade serão recebidos, tais valores
não poderão ser registrados na Contabilidade, sendo apenas apresentados em Notas Explicativas.
GABARITO
1. Se você estivesse na posição do contador da Prefeitura de Buriti e encontrasse uma situação
como a apresentada no caso, qual o procedimento que você adotaria? Escolha a alternativa que
melhor encaminha o problema para a convergência às normas contábeis.
A alternativa "C " está correta.
As mudanças de aplicação de normas contábeis devem ser reportadas nas Notas Explicativas que
fazem parte do Balanço Patrimonial da Prefeitura. Essas normas devem ser aplicadas independente da
vontade dos contadores públicos, ou seja, são obrigatórias com pena de responsabilização do contador
que as não aplicar corretamente.
2. Em relação à gama de valores a receber da prestação de um serviço a um cidadão, os quais se
encontravam em disputa judicial e que não estavam registrados na contabilidade até então, como
o contador deveria proceder para que esses valores fossem registrados?
A alternativa "E " está correta.
Segundo a NBC-TSP 03, os Ativos Contingentes não devem ser registrados, sendo apenas informados
em Notas Explicativas. A definição para ativo Contingente segue uma linha mais conservadora, evitando
o registro de algo que não se tem certeza de que será recebido. Assim, Ativo Contingente é “Ativo
possível que resulta de eventos passados, e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou
não ocorrência de um ou mais eventos futuros incertos não completamente sob o controle da entidade”.
COMO CONTADOR DA PREFEITURA DE BURITI, AO SE
DEPARAR COM A SITUAÇÃO DOS PASSIVOS
CONTINGENTES DOS PROCESSOS JUDICIAIS DOS TRÊS
SERVIDORES, COMO VOCÊ PROCEDERIA PARA O
REGISTRO CORRETO DESSAS DESPESAS DENTRO DA
CONTABILIDADE PÚBLICA SEGUINDO O QUE PRECONIZA A
NBC-TSP 03?
RESPOSTA
No caso dos três servidores demitidos a bem do serviço público e que estão processando o município para
receberem indenização, os registros dependem do estágio em que os processos estão. Esses estágios
podem ser classificados em três níveis: não registrado em nenhum demonstrativo contábil; evidenciado em
Notas Explicativas; e provisionado na contabilidade com reflexo no Balanço Patrimonial. Essas três formas de
evidenciar os valores dependem de quanto de certeza se tem em relação a necessidade de desembolso de
valores para pagar a indenização. Esse nível de certeza é dado pelos advogados que cuidam do caso em
função dos estágios que os processos estão. Em um processo em fase de execução já se tem uma certeza
muito grande, pois a disputa em relação ao direto já se encerrou, e o reclamante ganhou a causa. Cada caso
deve ser julgado independente dos demais, para determinar o quanto e como esses valores devem ser
registrados.
RECEITAS
Conforme comentado na introdução da seção anterior, o Estado arrecada muito dinheiro através de
impostos, contribuições, taxas e outros tipos de financiamento (tais como venda de ativos).
Nesse aspecto, o Estado é completamente diferente das empresas privadas:
Empresas privadas
Com as empresas privadas há sempre uma contraprestação por um recebimento, pois nenhuma
empresa recebe algum valor sem realizar nenhum tipo de serviço, entregar algum bem (ativo), ou se
obrigar a restituir tais valores (passivo).

Estado
Ele cobra impostos, tributos e contribuições pelos quais nenhuma contraprestação é feita,
diferentemente de casos em que o Estado cobra uma taxa por um serviço, ou seja, com uma
contraprestação.
A NBC TSP 01 regula as Receitas sem Contraprestação (equivalente à IPSAS 23) e a NBC TSP 02
regula as Receitas com Contraprestação (equivalente à IPSAS 9). A definição de tais termos é dada pela
NBC TSP 02, em seu item 11, que define as receitas da seguinte maneira:
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RECEITA COM CONTRAPRESTAÇÃO
Aquela em que a entidade recebe ativos ou serviços, ou tem passivos extintos, e diretamente entrega
em troca um valor aproximadamente equivalente (prioritariamente sob a forma de dinheiro, bens,
serviços ou uso de ativos) à outra parte.
RECEITA SEM CONTRAPRESTAÇÃO
Aquela não oriunda de troca. Em transação sem contraprestação, a entidade recebe um valor de terceiro
sem diretamente entregar em troca valor aproximadamente igual, ou entrega um valor à outra entidade
sem diretamente receber valor aproximadamente igual em troca.
EXEMPLO - ITEM 11 DA NBC TSP 01
Nem todas as transações são obviamente com ou sem contraprestação. Existem transações em relação
às quais não fica claro, imediatamente, se são transações com ou sem contraprestação. Nesses casos,
a avaliação da essência da transação é determinante.
Por exemplo, a venda de bens é normalmente classificada como transação com contraprestação. Se,
entretanto, a transação for por preço subsidiado, ou seja, o preço não se iguala a aproximadamente o
valor justo dos bens vendidos, tal transação satisfaz à definição de transação sem contraprestação. Ao
determinar se a essência é de transação com ou sem contraprestação, realiza-se julgamento
profissional.
Além disso, as entidades podem receber descontos comerciais, descontos por quantidade ou outras
reduções no preço cotado dos ativos, por uma série de razões. Essas reduções no preço não significam
necessariamente que a transação seja sem contraprestação.
No caso de transações sem contraprestação, o ente público reconhece a receita quando há a entrada de
ativo (normalmente em caixa, pois os tributos são pagos em moeda corrente). Ou seja, é lançado um
crédito em conta de Receita sem Contraprestação e um débito na conta de Caixa.
Existem situações em que o Estado pode aceitar o pagamento do tributo antes que ele seja devido
(evento tributável). Tais casos são regulados pelos itens 53 e 54 da NBC TSP 01:
“No curso normal das operações, a entidade pode aceitar recursos antes da ocorrência de evento
tributável. Em tais circunstâncias, o passivo de montante equivalente àquele do recebimento antecipado
deve ser reconhecido até que o evento tributável ocorra. Se a entidade recebe recursos antes da
existência de acordo obrigatório de transferência, ela deve reconhecer o passivo pelo recebimento
antecipado até o momento em que o acordo se torne obrigatório”.
Vejamos um exemplo:
O Estado recolhe uma antecipação do Imposto de Renda de Pessoa Física todos os meses, mas o
Estado não pode reconhecer todo esse valor como receita antes da Declaração de Ajuste do Imposto de
Renda de Pessoa Física no ano seguinte, tendo em vista que uma parte significativa do recolhimento
será devolvida ao contribuinte como restituição.
Portanto, o Estado deve provisionar pelo menos parte do recolhimento como passivo para que seja feito
o pagamento de volta aos contribuintes que assim fazem jus.
Imagem: Shutterstock.com
Já as receitas com contraprestação se enquadram em três tipos diferentes (de acordo com o item 1 da
NBC TSP 02):
Prestação de Serviços
Venda de BensUso, por parte de terceiros, de outros ativos que gerem juros, royalties e dividendos ou
distribuições assemelhadas.
 EXEMPLO
A União recebe repasses anuais da Petrobras na forma de dividendos. Esse tipo de receita é
classificado como receita com contraprestação. A contraprestação é, nesse caso, a detenção de
“instrumentos patrimoniais na proporção de suas participações em uma classe particular do capital”
(NBC TSP 02 – item 9(c)).
PROVISÕES E PASSIVOS/ATIVOS
CONTINGENTES
As provisões são muito utilizadas no setor privado para fins gerenciais. Elas fazem com que a empresa
possa ter formas de pagar futuros desembolsos de caixa sem comprometer sua saúde financeira.
Por exemplo, ao vender a prazo, uma empresa quase nunca recebe de todos os seus clientes, pois
alguns deles podem aplicar um “calote”. Assim sendo, a empresa calcula um percentual de clientes dos
quais ela espera receber o “calote” e provisiona esse valor como uma “Provisão para Devedores
Duvidosos”, a fim de não contar com esse dinheiro para fins operacionais.
No ramo público, provisões também podem − e devem − ser utilizadas para melhorar o gerenciamento
dos recursos públicos. No caso das provisões e dos passivos contingentes no setor público, a regulação
advém da NBC TSP 03.
A seguir, veja algumas definições importantes descritas no item 18 da NBC TSP 03:
Provisão Passivo de prazo ou valor incerto.
Ativo
contingente
Ativo possível que resulta de eventos passados, e cuja existência será
confirmada apenas pela ocorrência ou não ocorrência de um ou mais eventos
futuros incertos não completamente sob o controle da entidade.
Passivo
contingente
(a) Obrigação possível que resulta de eventos passados, e cuja existência
será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos
futuros incertos, não completamente sob o controle da entidade; ou (b)
Obrigação presente que decorre de eventos passados, mas não é
reconhecida porque: (i) é improvável que a saída de recursos que incorporam
benefícios econômicos ou potencial de serviços seja exigida para liquidar a
obrigação; ou (ii) o valor da obrigação não pode ser mensurado com suficiente
confiabilidade.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Elaborado por Rodrigo de Oliveira Leite
A provisão é reconhecida como passivo porque são obrigações presentes, e é provável que a saída de
recursos que incorporam benefícios econômicos ou potencial de serviços seja necessária para liquidar a
obrigação (item 21 da NBC TSP 03).
Já os ativos e passivos contingentes não são reconhecidos, ou porque são apenas possíveis (e não
prováveis), ou porque são de valores que não podem ser mensurados com confiabilidade.
Quando o Ativo ou o Passivo são considerados contingentes, eles são evidenciados em notas
explicativas, mas não contabilizados dentro das demonstrações contábeis.
A figura a seguir traz um fluxograma que ajuda na tomada de decisão do ente público sobre como
considerar se um fato se caracteriza como provisão, contingente ou nenhum dos dois.
Imagem: NBC TSP 03, Apêndice 1.
 Fluxograma de decisões para a contabilização ou evidenciação de passivos.
Veremos agora um exemplo de como tal fluxograma pode ser utilizado na tomada de decisão de
contabilização de um fato dentro da área pública.
 EXEMPLO
Um cidadão alega que o valor venal de sua propriedade urbana calculada pela prefeitura está acima do
valor de mercado dela, e por isso o valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que ele paga
anualmente para a sua prefeitura está majorado. Ele então entra com uma ação na Justiça, e a
Procuradoria do município julga que é provável que o município perca essa ação.
No exemplo apresentado:
1
O município deve contabilizar o valor de uma provisão, pois tal fato se enquadra nessa classificação, já
que ela é uma obrigação provável que decorre de eventos passados (cobrança de valor incorreto do
IPTU pela prefeitura), e não apenas possível.
Caso a Procuradoria julgasse que a perda de tal ação judicial seria apenas possível, então tal fato se
enquadraria como passivo contingente, e não seria contabilizado nas demonstrações contábeis.
2
Porém, pode-se argumentar que os benefícios sociais assumidos pelo governo também constituem um
“passivo de prazo ou valor incerto”, e por isso deveriam ser contabilizados pelo Estado.
De acordo com a NBC TSP 03, os “benefícios sociais” referem-se a produtos, serviços e outros
benefícios fornecidos na busca dos objetivos de políticas sociais do governo, e normalmente se
encaixam nas classificações de “proteção social”, “educação” e “saúde” da estrutura de Estatísticas de
Finanças Governamentais do Fundo Monetário Internacional.
Contudo, tais benefícios não são nem uma obrigação possível decorrente de eventos passados, nem se
configuram em obrigações que podem ser mensuradas com o mínimo de confiabilidade, pois muitas
vezes não são monetárias, e o Estado possui discricionariedade em como vai satisfazer essas
obrigações. Portanto, a NBC TSP 03 exclui esse tipo de benefícios da contabilização e das regras acima
descritas.
Uma importante mudança recente na norma da Contabilidade Pública diz respeito à divulgação de
transações com partes relacionadas.
CONCEITOS E EXEMPLOS - PROVISÕES E
ATIVOS/PASSIVOS CONTINGENTES
Neste vídeo, o especialista falará sobre os conceitos de provisões e ativos/passivos contingentes.
Também demonstrará, por meio de exemplos, como classificá-los e reportá-los nas demonstrações
contábeis.
DIVULGAÇÃO DE TRANSAÇÕES COM PARTES
RELACIONADAS
A partir de 2021, a divulgação de transações com partes relacionadas se torna obrigatória na
Contabilidade Pública. Tal novidade é muito importante, pois traz uma forma mais abrangente de se
verificar possíveis conflitos de interesse na Administração Pública, bem como facilitar o trabalho dos
órgãos de controle e providenciar uma maior transparência nas contas públicas.
Mas o que são as partes relacionadas e o que elas incluem?
O item 4 da NBC TSP 22 traz a seguinte explicação: Partes são consideradas relacionadas se uma
delas tem a capacidade de controlar a outra parte, ou exercer influência significativa sobre a outra parte
nas decisões financeiras e operacionais, ou se a entidade considerada parte relacionada e outra estão
sujeitas a controle comum.
Essas partes relacionadas incluem:
Entidades que direta ou indiretamente, por meio de um ou mais intermediários, controlam ou são
controladas pela entidade que reporta;
Coligadas;
Indivíduos que possuem, direta ou indiretamente, participação na entidade que reporta que os
permita ter influência significativa sobre ela, e membros próximos da família de cada indivíduo;
Pessoas-chave da administração e membros próximos da família do pessoal-chave da
administração;
Entidades nas quais uma participação substancial é mantida, direta ou indiretamente, por qualquer
pessoa descrita nos dois itens anteriores, ou sobre as quais essa pessoa é capaz de exercer
influência significativa.
DE ACORDO COM O ITEM 27 DA NBC TSP 22, O QUE
A DIVULGAÇÃO DAS TRANSAÇÕES ENTRE PARTES
RELACIONADAS DEVE CONTER?
RESPOSTA
RESPOSTA
A natureza dos relacionamentos com partes relacionadas, os tipos de transações ocorridas e os
elementos das transações necessários para esclarecer a importância dessas transações para suas
operações e permitir, suficientemente, que as demonstrações contábeis forneçam as informações
relevantes e confiáveis para tomada de decisão, prestação de contas e responsabilização.
Claro que transações entre partes relacionadas ocorrem em todo o setor público com frequência, pois
diversos órgãos são relacionados entre si, tendo em vista que “as unidades administrativas estão
sujeitas à tutela do Governo nos seus diversos níveis e, em última instância, à supervisão do Poder
javascript:void(0)
Legislativo ou órgão semelhante de membros eleitos ou nomeados, e operam em conjunto para atingir
as políticas do Governo” (NBC TSP 22, item18(a)).
Portanto, esses tipos de transações não necessitam de evidenciação, pois são eximidos de acordo com
a norma contábil.
Exemplo:
Um órgão do governo federal possui superavit orçamentário e repassa esse valor para um outro órgão.
Embora esses dois entes sejam partes relacionadas entre si (estão ambos no Executivo, e, portanto,
debaixo de uma mesma administração política), esse tipo de transação não se enquadra no disposto do
item 4 da NBC TSP 22, e, portanto, não precisa ser evidenciado.
Imagem: Ramon Moser/Shutterstock.com
Suponha, em um novo exemplo, que agora uma empresa ganhe uma licitação para prestação de um
serviço a um ente público, e um dos sócios dessa empresa é parente de um servidor público lotado
dentro do ente público que licitou o serviço.
Nesse caso, essa transação se encaixa na definição de “indivíduos que possuem, direta ou
indiretamente, participação na entidade que reporta que os permita ter influência significativa sobre ela,
e membros próximos da família de cada indivíduo”, o que gera a obrigação de evidenciar essa transação
como uma transação entre partes relacionadas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A UNIÃO DECIDE FAZER UMA LICITAÇÃO DE UM CAMPO DE PETRÓLEO E REALIZA A VENDA
POR R$85 MILHÕES, SENDO R$80 MILHÕES PAGOS PELO CAMPO E R$5 MILHÕES PAGOS A
TÍTULOS DE IMPOSTOS SOBRE A COMPRA DO ATIVO. COMO SERÁ CONTABILIZADA ESSA
RECEITA DE R$85 MILHÕES?
A) R$80 milhões como Receita sem Contraprestação e R$5 milhões como Receita com
Contraprestação.
B) R$85 milhões como Receita com Contraprestação.
C) R$85 milhões como Receita sem Contraprestação.
D) R$85 milhões como Receita Operacional.
E) R$80 milhões como Receita com Contraprestação e R$5 milhões como Receita sem
Contraprestação.
2. PARA SE CONTABILIZAR UMA PROVISÃO NO PASSIVO DE UMA ENTIDADE NO SETOR
PÚBLICO, É NECESSÁRIO QUE A PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DO PASSIVO (QUE ESTÁ
ATRELADO A UM EVENTO PASSADO) SEJA:
A) Completamente certa
B) Provável
C) Possível
D) Remota
E) Impossível
GABARITO
1. A União decide fazer uma licitação de um campo de petróleo e realiza a venda por R$85
milhões, sendo R$80 milhões pagos pelo campo e R$5 milhões pagos a títulos de impostos sobre
a compra do ativo. Como será contabilizada essa receita de R$85 milhões?
A alternativa "E " está correta.
Pode-se verificar pelo enunciado da pergunta que 80 milhões de reais foram pagos em troca de um
ativo, enquanto os 5 milhões de reais foram pagos sem nenhum tipo de contraprestação recebida pela
empresa que ganhou a licitação. Assim sendo, deve-se contabilizar R$80 milhões como Receita sem
Contraprestação e R$5 milhões como Receita com Contraprestação.
2. Para se contabilizar uma provisão no Passivo de uma entidade no setor público, é necessário
que a probabilidade de ocorrência do passivo (que está atrelado a um evento passado) seja:
A alternativa "B " está correta.
Caso a probabilidade de um passivo ocorrer seja remota ou impossível, nada deve ser contabilizado ou
evidenciado. Já se for possível que o passivo venha a ocorrer, então este é um Passivo Contingente que
deve ser contabilizado, mas não evidenciado. Porém, se for completamente certo que um passivo
ocorrerá, então ele é um passivo normal como qualquer outro. Apenas se ele for provável, a provisão é
reconhecida.
MÓDULO 3
 Descrever o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público e a Lei de Responsabilidade Fiscal
LIGANDO OS PONTOS
Como se dá a contabilização e a construção dos demonstrativos contábeis na gestão pública no Brasil?
Vamos analisar o caso do SBCPREV.
O SBCPREV é uma autarquia municipal que cuida das aposentadorias e pensões dos funcionários
públicos do município de São Bernardo do Campo. Como toda autarquia pública, o SBCPREV está
obrigado a seguir todas as regras da gestão pública quanto ao orçamento, contabilização e disposição
de demonstrativos contábeis em geral.
Para gerar esses demonstrativos, todos os passos da receita pública e da despesa pública
determinados pela Lei 4320/64 são seguidos, incluindo os determinados pelo Decreto Federal
93.872/86. Outro ponto importante é que as regras para a construção dos orçamentos determinadas
pela Lei Complementar 101/2000 também devem ser consideradas nesse momento.
Em determinado ano, o contador fez o fechamento de todos os lançamentos contábeis, apresentando ao
AUDESP-TCESP, via sistema informatizado, os balancetes gerados a partir dos lançamentos
registrados. Nesse balancete, que deve ser fechado mensalmente e enviado ao AUDESP-TCESP,
constam todas as contas de Ativo, Passivo, VPA (Variação Patrimonial Aumentativa), VPD (Variação
Patrimonial Diminutiva) e demais contas de controle: “Controles da aprovação do planejamento e
orçamento”, “Controles da execução do planejamento e orçamento”, “Controles devedores” e “Controles
credores”.
Após o envio do último balancete mensal ao AUDESP-TCESP, o contador deve proceder ao fechamento
dos dados, ajustando todas as contas de controle em um primeiro momento. Em um segundo momento,
as contas de VPA e VPD devem ser encerradas verificando o superávit ou déficit da execução
orçamentária. Por fim, o contador procede com o encerramento das contas de controle e demais ajustes
necessários para zerar o orçamento e apurar o Balanço Patrimonial e o Balaço Financeiro.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos?
1. COMO VOCÊ, CONTADOR AUTÁRQUICO, DEVERIA CODIFICAR OS GRUPOS
DE CONTAS DENTRO DO BALANCETE CONTÁBIL QUE ENVIARIA PARA O
AUDESP-TCESP, PENSANDO QUE DEVEMOS SEGUIR A NOMENCLATURA
INDICADA PELO SFN VIA PCASP?
A) 1-Ativo; 2-Passivo; 3-VPA; 4-VPD; 5-Controles da aprovação do planejamento e orçamento; 6-
Controles da execução do planejamento e orçamento; 7-Controles devedores; 8-Controles credores.
B) 1-Ativo; 2-Passivo; 3-VPD; 4-VPA; 5-Controles da aprovação do planejamento e orçamento; 6-
Controles da execução do planejamento e orçamento; 7-Controles devedores; 8-Controles credores.
C) 1-Ativo; 2-Passivo; 3-VPA; 4-VPD; 5-Controles da execução do planejamento e orçamento; 6-
Controles da aprovação do planejamento e orçamento; 7-Controles devedores; 8-Controles credores.
D) 1-Ativo; 2-Passivo; 3-VPD; 4-VPA; 5-Controles da execução do planejamento e orçamento; 6-
Controles da aprovação do planejamento e orçamento; 7-Controles credores; 8-Controles devedores.
E) 1-Ativo; 2-Passivo; 3-VPA; 4-VPD; 5-Controles da aprovação do planejamento e orçamento; 6-
Controles da execução do planejamento e orçamento; 7-Controles credores; 8-Controles devedores.
2. CONSIDERANDO AS REGRAS DETERMINADAS PELA LC 101/2000 EM
RELAÇÃO AOS NÍVEIS DE DESPESA DE PESSOAL QUE OS ENTES PODEM
ASSUMIR COM RELAÇÃO ÀS RECEITAS CORRENTES, INDIQUE QUAIS OS
NÍVEIS O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO (ONDE O SBCPREV ESTÁ
INSERIDO) PODE ASSUMIR CONSIDERANDO QUE VOCÊ, COMO CONTADOR,
DEVERÁ APONTAR TAL NÍVEL AO AUDESP-TCESP?
A) 60% para o Executivo e 4% para o Legislativo.
B) 64% para o executivo e 6% para o Legislativo.
C) 54% para o Executivo e 6% para o Legislativo.
D) 56% para o Executivo e 4% para o Legislativo.
E) 44% para o Executivo e 6% para o Legislativo.
GABARITO
1. Como você, contador autárquico, deveria codificar os grupos de contas dentro do balancete
contábil que enviaria para o AUDESP-TCESP, pensando que devemos seguir a nomenclatura
indicada pelo SFN via PCASP?
A alternativa "B " está correta.
Ao confeccionar os balancetes e demais demonstrações contábeis, os grupos de contas recebem um
número padrão exigido pelo PCASP. Esse padrão segue a lógica de encadeamento dos grupos
conforme a contabilidade comum. A exceção é para os grupos de contas de Controle, que não existem
na contabilidade empresarial e que servem para fazer a ligação do Balanço Contábil com o orçamento e
demais particularidades da contabilidade pública.
2. Considerando as regras determinadas pela LC 101/2000 em relação aos níveis de despesa de
pessoal que os entes podem assumir com relação às Receitas Correntes,indique quais os níveis
o município de São Bernardo do Campo (onde o SBCPREV está inserido) pode assumir
considerando que você, como contador, deverá apontar tal nível ao AUDESP-TCESP?
A alternativa "C " está correta.
O valor dos gastos com pessoal não pode ultrapassar 60% para os municípios em relação às Receitas
Correntes. A LRF indica que quando esse limite é atingido, o município terá até 1 ano para voltar ao
limite prudencial. Esse limite de 60% deve ser dividido em 54% para o Executivo e 6% para o
Legislativo.
NA SUA OPINIÃO COMO RESPONSÁVEL PELA
CONTABILIDADE DO SBCPREV, QUAIS OS TIPOS DE
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS O CONTADOR DEVERIA
APRESENTAR E QUE ASPECTO DA CONTABILIDADE
PÚBLICA CADA UM DESSES DEMONSTRATIVOS PROCURA
CAPTAR?
RESPOSTA
Os demonstrativos que o contador deverá elaborar e apresentar são: Balanço Orçamentário, Balanço
Financeiro; Balanço Patrimonial; Demonstração das Variações Patrimoniais; Demonstração dos Fluxos de
Caixa e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Cada um desses demonstrativos tem uma
função: O Balanço Financeiro cuida de todo o fluxo de caixa dentro da administração pública, e tem grande
afinidade com o Balanço Orçamentário, que cuida exclusivamente de demonstrar o acompanhamento do
orçamento público, algo que difere tanto do Financeiro como do Contábil, mesmo tendo relação com esses
dois. O Balanço Contábil está ligado ao patrimônio do setor público e, como em qualquer empresa, procura
identificar por meio do princípio da competência todas as variações patrimoniais ocorridas durante um ano
calendário. A Demonstração das variações Patrimoniais é parecido com o DRE das empresas (Demonstração
do Resultado do Exercício). Ele procura demonstrar as receitas e despesas incorridas durante um ano
calendário. Já a Demonstração do Fluxo de Caixa mostra todas as entradas de recursos e sua saída,
apresentando o que aconteceu com a Conta Caixa do Balanço Patrimonial entre um balanço e o
subsequente. Por fim, temos a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, que trata do
comportamento do PL entre um Balanço Patrimonial e o subsequente, como acontece com a Demonstração
do Fluxo de Caixa.
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PRIMEIRAS PALAVRAS
Conforme abordado nas seções anteriores, a Contabilidade aplicada ao setor público no Brasil vem
sofrendo diversas mudanças buscando sua modernização, e, assim, entregar ao contribuinte melhores
serviços por meio de um processo de controle mais eficaz e eficiente, evitando fraudes e desperdícios.
Imagine se cada ente público adotasse em sua Contabilidade nomenclaturas diferentes entre si?
O trabalho de controle externo de diversos órgãos ficaria prejudicado, pois não haveria como comparar
informações de diversos entes. Além disso, o contribuinte que quisesse verificar como os entes públicos
estão empregando seus recursos teria que perder muito tempo entendendo cada nomenclatura adotada
por cada ente público na divulgação de suas demonstrações contábeis.
Portanto, para evitar esse problema, existe um único plano de contas para a Contabilidade Pública
chamado de “Plano de Contas Aplicado ao Setor Público”, mais conhecido como PCASP.
O PCASP é descrito na Parte IV do MCASP (Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público).
DE ACORDO COM A OITAVA EDIÇÃO DO MCASP (P. 380),
VEJA QUAL O OBJETIVO DO PCASP
“Padronizar os registros contábeis das entidades do setor público; distinguir os registros de natureza
patrimonial, orçamentária e de controle; atender à administração direta e à administração indireta das
três esferas de governo, inclusive quanto às peculiaridades das empresas estatais dependentes e dos
Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS); permitir o detalhamento das contas contábeis, a partir
do nível mínimo estabelecido pela STN, de modo que possa ser adequado às peculiaridades de cada
ente; permitir a consolidação nacional das contas públicas; permitir a elaboração das Demonstrações
Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) e dos demonstrativos do Relatório Resumido de
Execução Orçamentária (RREO) e do Relatório de Gestão Fiscal (RGF); permitir a adequada prestação
de contas, o levantamento das estatísticas de finanças públicas, a elaboração de relatórios nos padrões
adotados por organismos internacionais – a exemplo do Government Finance Statistics Manual (GFSM)
do Fundo Monetário Internacional (FMI), bem como o levantamento de outros relatórios úteis à gestão;
contribuir para a adequada tomada de decisão e para a racionalização de custos no setor público; e
contribuir para a transparência da gestão fiscal e para o controle social.”
Portanto, vemos que o PCASP é de fundamental importância para a Administração Pública. Assim como
qualquer plano de contas, as contas contábeis são o coração do PCASP. Analisaremos as contas
contábeis que integram o PCASP a seguir.
CONTAS CONTÁBEIS
As contas contábeis geram os relatórios contábeis e são divididas em três níveis:
Patrimonial (utilizadas no Balanço Patrimonial e na Demonstração das Variações Patrimoniais);
Orçamentária (utilizadas no Balanço Orçamentário); e
Controle.
As contas patrimoniais são subdivididas em ativo, passivo, variações patrimoniais diminutivas e
variações patrimoniais aumentativas.
O ativo recebe a numeração 1

O passivo recebe a numeração 2

As variações patrimoniais diminutivas recebem a numeração 3

As variações patrimoniais aumentativas recebem a numeração 4
Essa numeração torna fácil o lançamento, pois cada conta terá um código começando pela numeração
dessa subdivisão. Portanto, todas as contas do ativo começam com 1, as do passivo com 2, e assim por
diante.
Com relação às contas orçamentárias, existem:
Controles da aprovação do planejamento e orçamento - numeração 5

Controles da execução do planejamento e orçamento - numeração 6

Controles devedores - numeração 7

Controles credores - numeração 8
A figura a seguir detalha as diferentes contas contábeis que existem no PCASP.
PCASP
Natureza da informação Classes
Patrimonial
1. Ativo 2. Passivo
3. Variações Patrimoniais
Diminutivas
4. Variações Patrimoniais
Aumentativas
Orçamentária
5. Controles da Aprovação
do Planejamento
Orçamentário
6. Controles da Execução do
Planejamento Orçamentário
Controle 7. Controles Devedores 8. Controles Credores
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro: Subdivisão das contas contábeis no PCASP.
Extraída de MCASP, 8.ed.,2018. P. 388, elaborada por Rafael d'Orsi.
Conforme explicitado anteriormente, cada conta possui um “código” que a identifica. Tal “código” é uma
numeração que também recebe o nome de “estrutura”. Tal estrutura é subdividida em sete níveis:
classe, grupo, subgrupo, título, subtítulo, item e subitem. A imagem a seguir demonstra de forma simples
a estrutura das contas:
Imagem: MCASP, 8.ed.,2018. P. 388
 Estrutura das Contas no PCASP.
A classe é justamente a numeração que abordamos; portanto, uma conta de ativo sempre terá uma
estrutura no formato 1.X.X.X.X.XX.XX; uma conta de passivo sempre terá a estrutura 2.X.X.X.X.XX.XX,
e assim por diante.
A estrutura básica do PCASP é formada pelos grupos e subgrupos, conforme a imagem a seguir:
KAP
1- Ativo
1.1 - Ativo Circulante
1.2 - Ativo Não Circulante
2 - Passivo e Patrimônio Líquido
2.1 - Passivo Circulante
2.2 - Passivo Não Circulante
2.3 - Patrimônio Líquido
3 - Variação Patrimonial Diminutiva
3.1 - Pessoal e Encargos
3.2 - Benefícios Previdenciários e
Assistenciais
3.3 - Uso De Bens, Serviços e Consumo de
Capital Fixo
3.4 - Variações Patrimoniais Diminutivas
Financeiras
3.5 - Transferências e Delegações
Concedidas
4 - Variação Patrimonial Aumentativa
4.1 - Impostos, Taxas e Contribuições de
Melhoria
4.2 - Contribuições
4.3 - Exploração e venda de bens, serviços e
direitos
4.4 - Variações Patrimoniais Aumentativas
Financeiras
4.5 - Transferências e Delegações Recebidas
3.6 - Desvalorização e Perda De Ativos e
Incorporação de Passivos3.7 - Tributárias
3.8 - Custo das Mercadorias Vendidas, dos
Produtos Vendidos e dos Serviços Prestados
3.9 - Outras Variações Patrimoniais
Diminutivas
4.6 - Valorização e Ganhos Com Ativos e
Desincorporação de Passivos
4.9 - Outras Variações Patrimoniais
Aumentativas
5 - Controles da Aprovação do
Planejamento e Orçamento
5.1 - Planejamento Aprovado
5.2 - Orçamento Aprovado
5.3 - Inscrição de Restos a Pagar
6 - Controles da Execução do
Planejamento e Orçamento
6.1 - Execução do Planejamento
6.2 - Execução do Orçamento
6.3 - Execução de Restos a Pagar
7 - Controles Devedores
7.1 - Atos Potenciais
7.2 - Administração Financeira
7.3 - Dívida Ativa
7.4 - Riscos Fiscais
7.5 - Consórcios Públicos
7.8 - Custos
7.9 - Outros Controles
8 - Controles Credores
8.1 - Execução dos Atos Potenciais
8.2 - Execução da Administração Financeira
8.3 - Execução da Dívida Ativa
8.4 - Execução dos Riscos Fiscais
8.5 - Execução dos Consórcios Públicos
8.8 - Apuração de Custos
8.9 - Outros Controles
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro: Estrutura Básica das Contas no PCASP.
Extraída de MCASP, 8.ed.,2018. P. 389, elaborada por Rafael d'Orsi.
Veja um exemplo de contabilização de um fato contábil dentro do PCASP:
Suponha que o Estado faça uma doação de um bem imóvel à União. Para a União existe uma entrada
de um ativo e uma variação patrimonial aumentativa. Para o Estado existe a saída de um ativo e uma
variação patrimonial aumentativa. Assim sendo, os lançamentos contábeis serão realizados no PCASP
da seguinte maneira:
NO ESTADO:
D – 3.5.X.X.X.XX.XX = Transferências e Delegações Concedidas
C – 1.2.X.X.X.XX.XX = Ativo Não Circulante
NA UNIÃO:
D – 1.2.X.X.X.XX.XX = Ativo Não Circulante
C – 4.5.X.X.X.XX.XX = Transferências e Delegações Recebidas
Note que no Estado o débito foi na conta 3, enquanto na União o crédito foi na conta 4. Isso ocorre
porque, para o Estado, a operação resulta em uma variação patrimonial diminutiva, enquanto para a
União há uma variação patrimonial aumentativa.
Portanto, o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público guarda bastante similaridade com os planos de
contas utilizados pelas entidades privadas, com contas e subcontas visando uma padronização dos
lançamentos contábeis e propiciando um controle melhor dos gastos e das arrecadações dos entes
públicos.
A seguir, abordaremos uma legislação que, assim como o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público, é
muito importante para a qualidade do gerenciamento financeiro do Estado: a Lei de Responsabilidade
Fiscal.
A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL
A Lei Complementar 101 de 2000, popularmente conhecida como a Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF), estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal.
De acordo com o parágrafo 1º do artigo 1º:
A RESPONSABILIDADE NA GESTÃO FISCAL PRESSUPÕE A
AÇÃO PLANEJADA E TRANSPARENTE, EM QUE SE
PREVINEM RISCOS E CORRIGEM DESVIOS CAPAZES DE
AFETAR O EQUILÍBRIO DAS CONTAS PÚBLICAS,
MEDIANTE O CUMPRIMENTO DE METAS DE RESULTADOS
ENTRE RECEITAS E DESPESAS E A OBEDIÊNCIA A LIMITES
E CONDIÇÕES NO QUE TANGE A RENÚNCIA DE RECEITA,
GERAÇÃO DE DESPESAS COM PESSOAL, DA SEGURIDADE
SOCIAL E OUTRAS, DÍVIDAS CONSOLIDADA E MOBILIÁRIA,
OPERAÇÕES DE CRÉDITO, INCLUSIVE POR ANTECIPAÇÃO
DE RECEITA, CONCESSÃO DE GARANTIA E INSCRIÇÃO EM
RESTOS A PAGAR.
(LEI 101/2000)
Dentro do ordenamento jurídico brasileiro existe o Plano Plurianual (PPA ) , que estabelece diretrizes
de médio prazo (quatro anos) para as finanças públicas. Já a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO )
funciona como um planejamento para a Lei Orçamentária Anual (LOA) , buscando uma congruência
entre a LOA e o PPA.
A LRF busca justamente a orientação de metas para o PPA, LDO e LOA, ajudando na sua elaboração e
contribuindo para finanças públicas mais equacionadas.
A LRF também criou o conceito da Receita Corrente Líquida (RCL), regulada pelo artigo 3º, inciso IV, o
qual descreve o cálculo da seguinte maneira: “Somatório das receitas tributárias, de contribuições,
patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também
correntes”, com algumas deduções (principalmente transferências obrigatórias).
Qual é uma das medidas mais importante da LRF?
A criação de despesas públicas. Toda nova despesa deve ser acompanhada de um estudo econômico-
financeiro do impacto dessa despesa no exercício vigente e nos dois subsequentes. Além disso, cada
despesa criada deverá ter, obrigatoriamente e juntamente, a origem de recursos para os seus gastos
(indicação de origem da Receita).
Despesas de caráter continuado não devem afetar as metas fiscais, devendo os aumentos de gastos
continuados serem compensados com aumento de receitas de caráter continuado.
Adicionalmente, a LRF também determina limites para os gastos com pessoal frente à Receita Corrente
Líquida, nos seguintes percentuais (além de proibir aprovação de aumento de salários de funcionários
nos 180 dias anteriores às eleições):
União: 50%
Estados, municípios e Distrito Federal: 60%
Tais limites são divididos entre os poderes da seguinte forma:
NA UNIÃO:
2,5% para o Legislativo
6% para o Judiciário
40,9% para o Executivo
0,6% para o Ministério Público da União
NOS ESTADOS:
3% para o Legislativo
6% para o Judiciário
49% para o Executivo
2% para os Ministérios Públicos estaduais
NOS MUNICÍPIOS:
6% para o Legislativo
54% para o Executivo
Quando esses limites não são satisfeitos, deverá haver a redução das despesas com cargos em
comissão e de confiança em pelo menos 20%, bem como a exoneração de servidores não estáveis.
Além disso, o ente público não poderá receber transferências voluntárias, obter garantia de outro ente
ou contratar operações de crédito.
Na Lei de Responsabilidade Fiscal constava que o ente poderia diminuir a carga horária dos servidores
com corte proporcional nos salários, mas tal dispositivo foi julgado inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal, com o argumento de que é ilegal no Brasil a redução de salários.
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL
Neste vídeo, o especialista falará um pouco mais da Lei de Responsabilidade Fiscal, seus objetivos,
seus pontos principais e sua relação com o PPA, LDO e LOA.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UM ESTADO DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA DECIDE TRANSFERIR VOLUNTARIAMENTE
REMÉDIOS PARA OUTRO ESTADO DA FEDERAÇÃO. NA CONTABILIDADE DO ESTADO QUE
ESTÁ ENVIANDO O MEDICAMENTO É REALIZADO UM LANÇAMENTO A DÉBITO NA CONTA:
A) De Ativo
B) De Passivo
C) De Variações Patrimoniais Aumentativas
D) De Variações Patrimoniais Diminutivas
E) De Orçamento
2. QUAIS DOS SEGUINTES ITENS NÃO É CONTABILIZADO NA RECEITA CORRENTE LÍQUIDA?
A) Receitas Tributárias
B) Contribuições recebidas
C) Doações recebidas
D) Industriais
E) Serviços
GABARITO
1. Um estado da federação brasileira decide transferir voluntariamente remédios para outro
estado da federação. Na Contabilidade do estado que está enviando o medicamento é realizado
um lançamento a débito na conta:
A alternativa "D " está correta.
Como há a entrega de medicamento, o estado que está enviando tais itens sofreu uma variação
patrimonial diminutiva que será lançada a débito, contra uma conta de ativo que receberá o crédito.
2. Quais dos seguintes itens não é contabilizado na Receita Corrente Líquida?
A alternativa "C " está correta.
De acordo com o artigo 3º, inciso IV da LRF, a RCL é calculada como o “somatório das receitas
tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências
correntes e outras receitas também correntes”, com algumas deduções (principalmente transferências
obrigatórias). Doações não constam na listagem.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Contabilidade Pública vem passando por muitas mudanças nos últimos anos, seja pela convergência
com regulamentações internacionais, pelo aumento da fiscalização pelos órgãos de controle, pela
informatizaçãodos sistemas ou por novas legislações. Tudo isso gera a necessidade de que o
profissional esteja atualizado com tais informações.
Diferentemente da Contabilidade de entidades privadas, a Contabilidade Pública possui uma série de
dispositivos legais que a burocratizam a fim de oferecer à sociedade mais transparência ao acompanhar
as receitas e despesas públicas, a execução do orçamento e dívidas dos entes públicos.
No módulo 1, falamos sobre os aspectos gerais da Contabilidade Pública, tal como a listagem das NBC
TSP, que são as normas contábeis aplicadas ao setor público, bem como os demonstrativos contábeis e
as etapas das despesas públicas.
No módulo 2, comentamos sobre aspectos contábeis, começando pelo lado da receita pública (com e
sem contraprestação), reconhecimento de Provisões e Passivos/Ativos Contingentes, e uma norma
contábil que entrou em vigor a partir de 2021, que é a divulgação de transações que envolvam partes
relacionadas.
Finalmente, no módulo 3, discutimos sobre o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público, que padroniza
e uniformiza os lançamentos contábeis realizados pelos entes públicos. No fim da terceira seção,
também comentamos acerca da Lei de Responsabilidade Fiscal, e seus principais dispositivos que
auxiliam a gestão das finanças públicas.
Portanto, este conteúdo trouxe uma visão geral que possibilitou a você ter um conhecimento amplo
sobre os principais pontos da Contabilidade Pública.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
CARVALHO, D. Orçamento e Contabilidade Pública. 6. ed., Elsevier, 2014.
DINIZ, J. A.; LIMA, S. C. Contabilidade Pública - Análise Financeira Governamental. 1. ed., Atlas, 2016.
KOHAMA, H. Contabilidade Pública - Teoria e Prática. 15. ed., Atlas, 2016.
LIMA, D. V. Orçamento, Contabilidade e Gestão no Setor Público. 1. ed., Atlas, 2018.
MALHEIROS, I. S. Contabilidade Criativa: tipos de práticas identificadas no setor público brasileiro e
suas consequências. 1. ed., Lualri, 2018.
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL. Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, 8.
ed., 2018.
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A Contabilidade Pública é uma disciplina muito específica e cheia de particularidades. Caso queira
explorar mais essa área, veja o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, editado pela
Secretaria do Tesouro Nacional, atualmente em sua oitava edição. Ele possui uma linguagem fácil e
aborda de forma completa a Contabilidade Pública no Brasil.
Como é um manual editado por um ente governamental, esse livro está disponibilizado gratuitamente na
internet, sendo assim uma forma de aprender mais sobre a Contabilidade Pública sem incorrer em
gastos adicionais.
CONTEUDISTA
Rodrigo de Oliveira Leite

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