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BACTERIOLOGIA E DIAGNÓSTICOS LABORATORIAIS 1 SUMARIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 HISTÓRICO DA BACTERIOLOGIA ............................................................................ 5 MORFOLOGIA E CITOLOGIA BACTERIANA ............................................................ 6 TAXONOMIA BACTERIANA ....................................................................................... 8 PRINCIPAIS MÉTODOS DE VISUALIZAÇÃO E COLORAÇÃO EM PRÁTICAS LABORATORIAIS ..................................................................................................... 10 DIAGNOSTICOS LABORATORIAIS ......................................................................... 13 CARACTERÍSTICAS CULTURAIS E BIOQUÍMICAS ............................................... 14 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 42 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 43 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criada a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 VÍDEOS DE APOIO Com o intuito de contribuir mais um pouco para a apreensão de conhecimento acadêmico, de forma didática e também prática, alguns links de vídeos serão disponibilizados no decorrer desta apostila. Assim, antes de iniciar a leitura deste material didático, será necessário acessar e assisti-los. Para tanto, tenha toda sua atenção voltada para esse momento e, se sentir necessidade, retome a leitura ou mesmo assista novamente ao vídeo. Vídeo 1: UEG MICROBIOLOGIA AULA 02 Bacteriologia com Eude Campos Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=WDbwHKd7HpY > Sinopse: no vídeo produzido pelo professor Eudes Campos são abordados os pontos essenciais em bacteriologia, como por exemplo as características bacterianas, sua citologia, sua classificação, Vídeo 2: MICROBIOLOGIA - DIAGNÓSTICOS MICROBIOLÓGICOS - PROF. ALEXANDRE FUNCK Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=ehDOGLhCGXo > Sinopse: Apesar do chamado "diagnóstico de certeza" em microbiologia ser realizado a partir da cultura bacteriana, outros métodos podem e devem ser realizados para um diagnóstico mais preciso, tais como: a demonstração das bactérias por exames realizados ao microscópio óptico comum; por meio dos métodos imunológicos; e através da pesquisa de genes específicos do agente microbiano. https://www.youtube.com/watch?v=WDbwHKd7HpY https://www.youtube.com/watch?v=ehDOGLhCGXo 4 INTRODUÇÃO A área de Microbiologia estuda dos organismos microscópicos e suas atividades. Sendo necessário ponderar que diversos microrganismos são capazes de ocasionar infecções, possuindo incalculáveis modos de diagnóstico e reconhecimento de agentes etiológicos. Para verificá-los, deve-se investigar sua morfologia, estrutura, reprodução, fisiologia e metabolismo. Assim como devem ser analisados os conceitos de distribuição natural, suas relações simbióticas e as alterações físicas e químicas que causam no meio ambiente. Nesta situação, os microrganismos possuem características comuns aos sistemas biológicos, como por exemplo, a habilidade de se reproduzir, a capacidade de ingerir e assimilar substâncias metabolizando-as para suas demandas energéticas e de crescimento, a capacidade de excreção de metabólitos, a habilidade de reação a alterações ambientais e a propensão a mutações. Esta área também serve de auxílio na expressão de fundamentos da Biologia, favorecendo o estudo de sistemas específicos para a averiguação das reações fisiológicas, genéticas e bioquímicas, que constituem a base da vida. Os microrganismos são meios perfeitos para os estudos de fenômenos biológicos, devido possuírem veloz crescimento e reprodução, com metabolismo similar a de outros organismos mais complexos, em tubos de ensaio ou frascos, exigindo menos espaço e cuidados para manutenção. 5 HISTÓRICO DA BACTERIOLOGIA Um dos primeiros indícios, relativos à Bacteriologia, ocorreu em meados do século XIII, pelo cientista Roger Bacon, propondo que as doenças eram concebidas através de seres vivos invisíveis. Sendo esse pressuposto reforçado por Girolamo Fracastoro de Verona. No entanto, a primeira análise descrita e documentada de microrganismos bacterianos surgiu por meio de Antony Van Leeuwenhoek com o auxílio de um simples microscópio construído por este. Porém a área só foi estabelecida como ciência no século XIX. Embora houvessem das experimentos para associação das bactérias às doenças, por um longo período de tempo, acreditava-se que as bactérias eram construídas através da geração espontânea. Foi necessário o empenho de diversos estudiosos para comprovar que as bactérias, tal como os outros organismos vivos, surgem de organismos similares. Este feito só foi possível no ano de 1860, através de Louis Pasteur. Em 1840, após os estudos desse notável cientista, Friedrich Gustav Jacob Henle, em uma considerável publicação, conhecida como aos “Postulados de Henle”, manifestou as suas concepções, determinando circunstâncias básicas para que um microrganismo seja capaz de causar uma doença infecciosa ou infectocontagiosas. No ano de 1745 John Needham, declarou que o ar contém diversos microrganismos, e considerando que as fermentações e as putrefações ocorrem devido ação desses, o médico Oliver Wendell Holmes persistia que a febre ocorrente durante o puerpério era contagiosa e, possivelmente, causada por um agente propagado de uma puérpera para outra, através da infecção cruzada vinculadas a médicos e parteiras. Através de diversas pesquisas, em 1867, o médico demostrou ser possível impedir a ocorrência de infecções pós-operatórias, realizando a desinfecção de instrumentos cirúrgicos, o campo operatório e as mãos do cirurgião. De 1880 a 1900 foram descobertas diversas bactérias patogênicas. Robert Koch, elaborou meios de fixação e coloração, sendo utilizadas até os dias atuais. Devido o surgimento da Biologia Molecular nos últimos anos, a Microbiologia desenvolveu de forma extraordinária, mostrando-se gradativamente mais, uma ciência multidisciplinar. Atualmente, são associados antigos conhecimentos aos novos, tornando mais fácil o alcance de diagnósticos e tratamentos. 6 MORFOLOGIA E CITOLOGIA BACTERIANA A maioria das bactérias visualizadas em laboratórios de Microbiologia possuem cerca de 0,5 a 1,0 mm de diâmetro por 2,0 a 5,0 mm de comprimento. Estas possuem três tipos morfológicos fundamentais, sendo eles: Bastonetes ou bacilos; Espirilos e Cocos, exibidos na figura 1. Figura 1: Morfologia Bacteriana Os cocos podem produzir diversos arranjos,conforme sua divisão celular, sendo estes destacados abaixo: Diplococos- cocos agrupados de 2 em 2 (divisão em um plano). Estreptococos- vários cocos dispostos em cadeia, similar a um cordão de pérolas (divisão em um plano). Tétrades- grupos de 4 cocos unidos (divisão em 2 planos). 7 Sarcinas- grupos de 8 cocos unidos (divisão em 3 planos). Estafilococos- cocos agrupados de forma aleatória, como um cacho de uva (divisão em muitos planos). Os bastonetes se dispõem de maneira isolada. No entanto em algumas situações podem se agrupar em pares, sendo chamados de diplobacilos, ou em cadeias, denominados como estreptobacilos. Além disso, de acordo com o gênero, fase de crescimento ou composição do meio de cultura, estes também podem se agrupar de forma diferente, como por exemplo, o crescimento em paliçada ou letras chinesas, conhecido como Corynebacterium/Difteria. Os espirilos, assim como os bastonetes, se dispõem em células isoladas. No entanto, possuem claras dissemelhanças relacionadas ao comprimento, largura, número e amplitude dos espirais. Em relação à Citologia bacteriana, destaca-se que estas são seres procarióticos, sendo mais simples em todos os níveis, menos no seu envoltório celular. A parede celular é responsável pela forma, rigidez, divisão celular e manutenção osmótica, possuindo espessura de cerca de 10 a 20 mm. Este elemento contém um complexo macromolecular, sendo que em bactérias Gram-negativas sua fração é menor do total da parede do que em Gram-positivas. A membrana plasmática é formada por fosfolipídiose proteínas, possuindo estrutura parecida com a de organismos eucariontes, entretanto, exceto os micoplasmas, não contém esteróis. Sendo esta, uma membrana semipermeável, seletiva, local com diversas enzimas, limitando o citoplasma. Sendo essencial no transporte de íons e metabólitos e na atuação em diversos processos biossintéticos. A célula bacteriana possui em seu citoplasma diversas áreas. A área citoplasmática, possui aparência granular e RNA, já a cromatínica ou nuclearrica contém DNA, e uma porção fluída, com nutrientes dissolvidos. 8 TAXONOMIA BACTERIANA A taxonomia é considerada a ciência da classificação, necessitando de um sistema que auxilie na identificação dos seres. Levando em conta que todos os seres são capazes de pertencer a diversos tipos de classificação, todos necessitam possuir um nome para seu reconhecimento como integrante da categoria. Carolus Linnaeus elaborou um sistema binominal, pautado num plano de organização, que englobava todos os seres vivos, possuindo dois princípios básicos: Uso de palavras latinas, para nomear os grupos de organismos e utilização de categorias de classificação, instituindo uma hierarquia. De forma inicial, foram propostas por LInnaeus as categorias reino, classe, ordem, gênero e espécie. No entanto, em razão da evolução das técnicas taxonômicas e da grande quantidade de organismos relatados após suas propostas, foi preciso a realização de uma subdivisão das categorias. Sendo atualmente utilizadas: reino, filo, classe, ordem, família, tribo, gênero e espécie. A organização taxonômica foi elaborada com objetivo de realizar a classificação, ordenação e identificação dos microrganismos, passando a se dividir em classificação, nomenclatura e identificação A classificação dispõe os microrganismos em grupos, conforme as características artificiais ou naturais. Sendo as artificiais fundamentadas em características fenotípicas, especialmente morfológicas e fisiológicas e as classificações naturais, em relações filogenéticas moleculares das bactérias, por meio de comparações na sequência de diversas macromoléculas ou genes. A nomenclatura diz respeito a denominação do microrganismo, de acordo com o Código Internacional para Nomenclatura, o qual possui todos os princípios e recomendações para a descrição de uma diferente espécie, gênero ou família. Suas regras são baseadas no sistema binominal desenvolvido por Linnaeus: O nome de uma espécie bacteriana provém da junção, em latim, composta por duas partes, o nome do gênero e da espécie. Como, por exemplo: Helicobacter pylori, Helicobacter é o gênero, e pylori a espécie, Já a identificação possibilita a determinação das características do microrganismo, sua relação com outros, indicando, posteriormente seu nome, com bases nas informações determinadas. Geralmente o nome da espécie indica uma característica morfológica ou bioquímica, assim como pode ser uma homenagem a 9 uma pessoa ou lugar. No caso de espécies não identificadas, mas em que sabe-se o gênero, utiliza-se uso da abreviatura “sp”. Nos dias atuais, a taxonomia e a nomenclatura são feitas por meio da homologia do DNA, da análise de sequência do DNA, e da análise do RNA 16S ribossômico, o que possibilita sistemas taxonômicos mais imutáveis. Nos últimos anos, a classificação taxonômica ganhou apoio da Biologia computacional e da bioinformática, empregando o método das árvores filogenéticas para facilitar a taxonomia dos seres vivos. 10 PRINCIPAIS MÉTODOS DE VISUALIZAÇÃO E COLORAÇÃO EM PRÁTICAS LABORATORIAIS De uma maneira geral, as bactérias podem ser visualizadas de duas maneiras, sendo a primeira a fresco, por meio da análise de suspensão bacteriana entre lâmina e lamínula, ou pela gota pendente, e a segunda com uso de um esfregaço fixado e corado. Normalmente, o primeiro caso é usado para verificar a mobilidade e morfologia de bactérias espiraladas, ou em outras bactérias, para observar modificações na divisão celular e formação de esporos. As bactérias em microscópio de campo claro geralmente apresentam-se transparentes, sendo preciso, em diversas situações, utilizar filtros de densidade neutra para reduzir a intensidade luminosa, facilitando assim a visualização. Ao utilizar material fixado e corado, são alcançadas diversos benefícios, como por exemplo: as células ficam mais visíveis após a coloração, as lâminas podem ser transportadas sem risco, além da diferenciação das células de afinidades distintas aos corantes e de morfologia variada. O esfregaço do material deve ser pouco espesso e homogêneo, sendo realizado em área de segurança biológica, através de um caldo ou do material diluído em salina, espalhado com alça bacteriológica em lâmina de vidro limpa, desengordurada e seca. Em seguida, a lâmina deve ser secada ao ar, após esse procedimento, o material necessita ser fixado à lâmina, por fonte de calor ou química. O maior número de bactérias possui afinidade por corantes, especialmente aqueles derivados básicos da anilina. Ao realizar uma coloração com corante para observação da morfologia, esta é chamada de coloração simples. Já ao se utilizar dois ou mais corantes ou reagentes para destacar dissemelhanças entre células bacterianas, denomina-se coloração diferencial ou seletiva. Por meio do estudo das bactérias e de seu comportamento perante diversos corantes, nota-se a ocorrência de distintas reações particulares de certos grupos bacterianos, o que favorecem, desse modo, o reconhecimento destes, apoiada na resposta da amostra a certo método de coloração. Em relação aos métodos diferenciais existentes, aqueles que possuem maior relevância em um Laboratório são o método de Gram, o método de Ziehl-Neelsen e o método de Albert-Laybourn. Aseguir. 11 Coloração de Gram Possui como princípio o fato de que as bactérias, ao serem coradas por derivados próximos da rosanilina, como a violeta genciana, e após tratamento pelo iodo, originam um composto de coloração escura, denominado iodopararosanilina. Este em bactérias Gram-positivas, torna-se bastante retido, não podendo ser removido com facilidade através do uso de álcool, o que já é notado contrariamente em Gram-negativas,nas quais o composto descora facilmente ao se utilizar álcool. Após a ação do álcool, é executada uma segunda coloração com a safranina ou fucsina de Ziehl, diluída na proporção 1/10. Neste caso, as bactérias Gram-negativa irão adquirir tonalidade vermelha, em razão da cor do corante de fundo, e as Gram- positivas possuíram tonalidade roxa, conservando a cor do corante inicial. Esta diferenciação é essencial na sistemática bacteriana e acontece devido as distinções presentes na parede celular das bactérias Gram-positivas e Gram negativas, no entanto, é necessário a todo momento fazer o uso de culturas jovens para não ocorrerem resultados errôneos. Coloração de Ziehl-Neelsen Esse método é baseado na propriedade dos gêneros bacterianos Micobacterium e Nocardia resistirem ao descoramento com uma solução de álcool- ácido, posteriormente ao tratamento pela fucsina fenicada aquecida mantendo-se em tonalidade vermelha, enquanto outras bactérias, adquirem a cor do corante de fundo, geralmente realizada com azul demetileno ou ácido pícrico saturado. A álcool-ácido- resistência deve-se à existência na parede celular destas bactérias de lipídeos fortemente ligados, que causam hidrofobicidade, atrapalhando a penetração de corantes aquosos, a ação dos mordentes e dos diferenciadores, fato que não acontece em outros gêneros de bactérias. Coloração de Albert-Laybourn Possui como princípio o fato de determinadas bactérias possuírem corpúsculos citoplasmáticos em regiões polares, que se coram através do Lugol forte, de tonalidade marrom, revelando-se em contraste com o corpo bacilar, que adquire 12 tonalidade verde-azulada pela solução de Laybourn. Estas características são verificadas em corinebactérias, sendo sua presença é relacionada aos sintomas clínicos pertinentes na difteria, possibilitando um diagnóstico presumível da doença, através da microscopia ótica. 13 DIAGNOSTICOS LABORATORIAIS O diagnóstico de doenças bacterianas pode ser alcançado através de por vários métodos. O diagnóstico definitivo é atingido por meio do isolamento e definição do agente bacteriano desde materiais clínicos coletados de maneira adequada do sítio de infecção, sendo denominado como exame bacteriológico ou cultura. Um histórico clínico íntegro contento a idade, o sexo, a espécie, o número de animais acometidos e tratamento executado necessitam acompanhar os casos, juntamente com a hipótese de diagnóstico clínico. Na inexistência desses dados, procedimentos significativos para descoberta de patógenos podem não ser executados. A precisão e a validade dos resultados de exames laboratoriais sofrem grandes influências nos cuidados da seleção, colheita e no envio das amostras para o laboratório. As amostras necessitam, preferencialmente, ser alcançadas de animais vivos anteriormente à administração de antibióticos, no caso de animais mortos devem ser coletadas o mais rápido possível, sem variações autolíticas ou putrefativas. Na presença de locais onde possivelmente possua contaminação por vários patógenos, os espécimes precisam ser coletados através de métodos que reduzam a contaminação e em dias quentes, é essencial a refrigeração. O diagnóstico bacteriano de forma rápida e eficiente é essencial, devido as doenças infecciosas dos animais, e principalmente as zoonoses que apresentam casos de epizootia, estarem alcançando uma relevância econômica e social gradativamente maior em sistemas agrícolas e comerciais de países industrializados e em desenvolvimento. Determinadas patologias infecciosas emergentes são capazes de ultrapassar de forma rápida a esfera local, passando de animais à humanos. São estimados cerca de 33 milhões de casos de Salmonella em seres humanos todos os anos. A ocorrência de surtos de Salmonella enteritidis vem se ampliando nos últimos anos em países como os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a Inglaterra, sendo a carne aviária causadora desses casos, No Brasil, os surtos em humanos sofreu aumento desde 1993, sendo a maior parte dos caos relacionado ao consumo de ovos ou prato preparados com estres, de forma inadequada. 14 CARACTERÍSTICAS CULTURAIS E BIOQUÍMICAS A seleção de meios de cultura, de condições atmosféricas e de outros aspectos necessários para o isolamento são estabelecidos através da hipótese de um patógeno bacteriano. O isolamento de rotina de diversos microrganismos patogênicos engloba a introdução em placas de ágar sangue e ágar MacConkey, e posteriormente incubá- los num período de 24 a 48 horas, sendo a temperatura e a atmosfera (atm) de incubação agentes essenciais para o sucesso do isolamento e reconhecimento do microrganismo. Normalmente a temperatura de incubação empregada na maior parcela de microrganismos é por volta de 36 a 37 º C, já a atm, determinadas bactérias demandam 5 ou 10% de gás carbônico (CO2) no ar, sendo outras microaerófilas ou anaeróbias estritas. Ágar nutriente é um meio básico que fornece os nutrientes necessários para o crescimento bacteriano não-fastidioso. No entanto, não é recomendado para o isolamento primário de bactérias patogênicas fastidiosas. O ágar-sangue, que propicia o desenvolvimento de diversos microrganismos patogênicos, é pertinente para o isolamento primário de rotina. Os meios seletivos podem ser empregados em microrganismos específicos. Os meios de culturas seletivos e enriquecidos amplamente usados são o ágar- sangue, ágar chocolate, ágar MacConkey, ágar SS (Salmonella-shigella), ágar Hektoen, caldos BHI (Brain Heart Infusion e outros. Há pouco tempo foram incorporados meios de cultura cromogênicos, formados por substratos enzimáticos sintéticos, chamados reagentes cromogênicos, que se unem aos açúcares usados pelas bactérias no decorrer do seu desenvolvimento. Em situações que a bactéria faz uso de carboidrato, os reagentes cromogênicos são dispensados e se ativam no meio de cultura, possibilitando uma coloração distinta. São empregados de forma ampla em análises clínicas, de alimentos e ambiental, devido a possibilidade de distinção entre espécies de Candida, Listeria, assim como diferenciação entre colônias bacterianas como por exemplo Staphylococcus aureus e Enterococcus. NASCIMENTO et al. (2000) notaram a ausência de diferenças estatísticas no reconhecimento da Salmonella em carcaças de frango ao se utilizar os caldos de enriquecimento Rapapport-novobiocina (RVN), selenito-cistinanovobiocina (SCN) e tetrationato-novobiocina (TN) e os meios de plaqueamento ágar Hektoen (HE), ágar Salmonella-Shigella (SS), ágar verde brilhante (VB) e ágar xilose lisina desoxicolato 15 (XLD). Enquanto no exame de fezes, o caldo TN manifestou-se excedente aos outros, não existindo diferenças de resultado para os meios de plaqueamento. Os resultados indicam que o uso de dois ou mais meios de enriquecimento e de plaqueamento seria capaz de elevar a probabilidade de isolamento das bactérias. As placas necessitam ser inoculadas utilizando-se a técnica de esgotamento por estrias que propicia o desenvolvimento de colônias isoladas. Esse é um passo fundamental na identificação de microrganismos patogênicos em amostras clínicas que podem abrigar espécimes infecciosas. As características morfológicas e os testes bioquímicos possibilitam o reconhecimento presuntivo de um patógeno bacteriano. Testes adicionais podem ser utilizados para auxiliar na identificação de microrganismos específicos. O teste ELISA (Enzyme-linked Immunosorbent Assay) é o método imunológico de suporte sólido com grande sensibilidade mais utilizado Caso o agente bacteriano encontre-se na amostra, ele une-se ao anticorpo específico, sendo capaz de identificado através de um anticorpo marcado por uma enzima. Técnicas que utilizam reações imunes podem ser reunidas com outros métodos, possibilitandouma melhora na descoberta de microrganismos patogênicos. Essa técnica pode ser usada para detecção de bactérias como a Escherichia coli e outras da mesma família Enterobacteriaceae como Listeria monocytogenes, Pasteurella multocida e Actinobacillus pleuropneumoniae. O PCR (Reação em Cadeia Polimerase) é um método de amplificação in vitro que consegue em horas, realizar a amplificação de sequências específicas de DNA. Através de uma simples reação química em tubo de ensaio, foi possível clonar sequências de tamanhos variados entre 500 e 2000 pares de base (bp) de modo rápido e sem a demanda de uma célula viva. A PCR se fundamenta em um ciclo repetitivo de três reações que acontecem em distintas temperaturas de incubação, em um mesmo tubo com reagente termoestáveis. Em adição à sequência específica de DNA a ser amplificada, os reagentes são dois pequenos oligonucleotídeos iniciadores, denominados primers, sintetizados para serem complementares as seqüências conhecidas do DNA-alvo, grande quantidade dos quatro desoxirribonucleosídeos trifosfatados (dATP, dCTP, dGTP, dTTP) e a enzima termo-estável Taq DNA- polimerase, isolada de bactéria termofílica. O método multiplex PCR foi elaborado para detecção simultânea da Salmonella spp., Listeria monocytogenes, e Escherichia coli O157:H7 em espécimes de carne. A 16 sensibilidade na detecção de DNA desse método foi de 103 UFC/mL para cada microrganismo patogênico. Ao ser usado para detectar cada uma das bactérias patogênicas em amostras de suíno "spiked", uma célula/25g de amostra inoculada foi verificada em um período de 30 horas. Nas amostras de carne contaminadas, Salmonella spp., L. monocytogenes, e E. coli O157:H7, foram visualizadas ao mesmo tempo. CORTEZ et al. (2006) detectaram salmonelas em frangos abatidos através do método multiplex PCR utilizando três primers invA, pefA e sefA sequências de gene para identificarem Salmonella spp, S.Typhimurium e S. Enteritidis. Sendo verificado Salmonella spp em 10% (29/288) das amostras, no entanto os sorotipos Enteritidis e Typhimurium foram visualizados em 62% dos espécimes Os resultados indicaram a precisão de melhora da higiene e dos padrões sanitários em locais de abate de frangos, assim como educação em alimentação. No método NESTED PCR duas amplificações são executas, a primeira fase de amplificação é feita com um par de iniciadores, por 20 a 30 ciclos, tendo como molde o DNA amplificado, e o produto desta reação é deslocado para outro tubo, sendo a segunda amplificação realizada nele, neste caso os iniciadores empregados irão anelar-se em uma área mais interna do fragmento amplificado, possibilitando desse modo, uma maior especificidade da reação. O método PCR em tempo real engloba uma amplificação convencional de DNA, no entanto, a detecção do resultado é realizada ao longo de ciclos de amplificações. Para ocorrência disto, é incluso na reação o brometo de etídio ou outra substância fluorescente, como o SYBR Green, que a medida que o DNA vai sendo amplificado, vai-se intercalando na dupla fita, ocasionando um aumento da fluorescência, que é vista através de uma luz UV acoplada ao termociclador. Atualmente, esta técnica vem sendo utilizada para diagnóstico da salmonelose e campilobacteriose em produtos e subprodutos aviários. A soroaglutinação rápida (SAR) é uma técnica utilizada no reconhecimento de anticorpos contra Salmonella Pullorum (SP) e Salmonella Gallinarum (SG) e determinadas espécies de micoplasma, no entanto não identifica anticorpos contra as salmonelas paratifóides. Mesmo para SP, a sorologia não é um meio eficaz para o diagnóstico da doença, devido e, casos em que a infecção acontece de forma precoce, os anticorpos circulantes não surgem em 20 a 40 dias após a infecção e, até em um período de 100 dias pós-infecção é possível não se identificar a produção de 17 anticorpos. Desse modo, para alcance de um diagnóstico correto, é necessária a realização do isolamento da bactéria, sua identificação e classificação em espécies. 18 TEXTO DE APOIO 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 CONCLUSÃO A bacteriologia é uma área da microbiologia que estuda os microrganismos bacterianos, visando identifica-los, classifica-los e caracterizá-los quanto aos seus aspectos. O estudo das bactérias é de extrema importância para os seres humanos, devido a capacidade destas provocarem grande quantidade de infecções, doenças e mortes, assim como possuem relevância ecológica e na indústria alimentícia. De uma maneira geral, as bactérias podem ser visualizadas de duas maneiras, sendo a primeira a fresco, por meio da análise de suspensão bacteriana entre lâmina e lamínula, ou pela gota pendente, e a segunda com uso de um esfregaço fixado e corado Por meio do estudo das bactérias e de seu comportamento perante diversos corantes, nota-se a ocorrência de distintas reações particulares de certos grupos bacterianos, o que favorecem, desse modo, o reconhecimento destes, apoiada na resposta da amostra a certo método de coloração. Em relação aos métodos diferenciais existentes, aqueles que possuem maior relevância em um Laboratório são o método de Gram, o método de Ziehl-Neelsen e o método de Albert-Laybourn. Aseguir. Idependente do método escolhido, este será imprescindível para o eficiente diagnóstico, controle, prevenção e tratamento das enfermidades ocasionadas por microorganismos patogênicos. 43 REFERÊNCIAS AMENDOEIRA, M. R. R. et al. 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