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Contexto histórico e sociocultural da dependência química

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17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 1/54
Contexto histórico
e sociocultural da
dependência química
Prof.ª Zilma Denize Bezerra Mascarenhas
Descrição
O contexto histórico do uso de drogas e sua inserção social e cultural na sociedade contemporânea.
Propósito
Conhecer os aspectos históricos da relação do homem com as drogas é essencial para o profissional de
saúde mental. A inserção do uso de drogas na vida humana precisa ser entendida com os riscos sociais,
físicos e psíquicos do uso inadequado e inconsequente, uma vez que as consequências trazem impacto na
saúde pública.
Objetivos
17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química
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Módulo 1
História da humanidade e a sua relação com as drogas
Reconhecer os aspectos históricos e sociais da relação do homem com as drogas.
Módulo 2
Ideologia da contracultura e da cultura moderna e as drogas
Analisar como a cultura e a contracultura impactaram o uso de drogas na sociedade.
Módulo 3
Contextualização sócio-histórica do uso de drogas no Brasil
Identificar a trajetória social e histórica do uso de drogas no Brasil.
Módulo 4
Toxicomania, sociedade e a produção da violência
Avaliar a relação da violência com o uso de drogas.

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Introdução
O homem sempre se relacionou com as drogas ao longo de sua história e aprendeu a usar os efeitos das
plantas com diversos propósitos. Talvez a grande dificuldade tenha sido determinar o momento em que a
droga passa a ter ações perigosas e nocivas para si mesmo e para a sociedade.
Para compreendermos melhor essa relação, inicialmente, estudaremos como, historicamente, o homem
descobriu e usou as drogas naturais, disponíveis nas plantas ao seu redor. Em seguida, passaremos a
reconhecer os movimentos de cultura e contracultura que modificaram o olhar sobre o uso de substâncias
psicoativas, alterando experiências e costumes, bem como desafiando os comportamentos. Depois
falaremos do contexto sociocultural das drogas no Brasil: como estamos lidando com as consequências de
usos desregrados e os males físicos, emocionais e psíquicos causados pelo uso abusivo. Finalmente,
abordaremos a relação entre drogas e violência, assim como os aspectos que devem ser observados para
que essa relação não se torne cada vez mais uma triste realidade.
1 - História da humanidade e a sua relação com as
drogas
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Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os aspectos históricos e sociais da
relação do homem com as drogas.
A relação do homem e as drogas desde os primórdios
Diferentemente do que muitos imaginam, o uso de drogas não é um comportamento do mundo moderno.
Na verdade, a relação do homem com as drogas é antiga. O uso de produtos naturais, isto é, o consumo de
plantas, como a papoula, a folha de coca, a folha de tabaco, a folha de Cannabis e os cogumelos, por
exemplo, era um hábito constante, já que eram vegetais presentes no ambiente do homem desde a
Antiguidade.
Ainda que o primeiro encontro com quaisquer dessas plantas tenha sido acidental,
depois, provavelmente, a procura por uma ou outra planta específica se deu pela
vontade de experimentar os efeitos produzidos por elas, basicamente as alterações
do funcionamento da consciência.
Desde a Pré-história, os efeitos psicoativos das plantas eram usados pelas diferentes culturas com diversas
finalidades: religiosa, mística, social, econômica, medicinal, cultural, psicológica, militar e, principalmente, na
busca pelo prazer.
Alguns estudiosos acreditam que a primeira droga usada pelo homem tenha sido a que provocava estado
psicodélico, já que as formas retratadas nas pinturas rupestres da Pré-história indicavam a visão humana
em estado alterado.
As plantas psicodélicas, como os “cogumelos mágicos” ou “cogumelos sagrados”, existem há muito tempo
e têm sido consumidas pelas diversas culturas ao longo da existência humana.
Estudos mostram que o princípio ativo presente nos cogumelos é a psilocibina, um composto alucinógeno
que altera os níveis de serotonina no cérebro e causa náuseas, vômitos, fraqueza muscular e alucinações.
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Na era dos remédios mágicos, no Egito Antigo, havia o conhecimento de uma grande quantidade de toxinas
e substâncias psicoativas. Para os egípcios, as substâncias psicoativas tinham finalidades médicas e
profanas. As plantas mais consumidas, tanto para fins medicinais como para fins religiosos, eram o
cânhamo, a mandrágora, a datura e a papoula.
Textos egípcios escritos há cerca de 3.500 anos relatam o uso de substâncias para tratamento de
problemas de saúde: alho para hemorroidas, aneto para flatulência, mel para problemas respiratórios, ópio
para acalmar os bebês. Atualmente se conhece os derivados do ópio como analgésicos potentes.
Saiba mais
Além disso, usavam mirra e olíbano (incenso) com objetivo de fazer com que as estátuas falassem entre si.
Estudos mais modernos acreditam que o olíbano e a mirra eram usados para diminuir a dor, os sintomas de
depressão e a ansiedade.
Os egípcios conheciam e usavam o processo de fermentação das frutas pelo menos desde 3000 AEC. O
ópio, extraído dos frutos da papoula, o vinho e a cerveja, especialmente a cerveja vermelha, eram as
substâncias mais consumidas. Também foram encontrados jarros contendo resíduos de ópio nas tumbas
egípcias, o que não surpreende, já que a papoula foi amplamente cultivada no Egito.
Na considerada América Antiga, os maias representavam uma civilização muito avançada, tinham e usavam
uma grande quantidade de substâncias psicotrópicas para fins religiosos de adoração por toda a América
do Sul e a América Central. A ayahuasca foi desenvolvida na América Latina e era uma bebida preparada a
partir das folhas de plantas sempre para fins religiosos.
Xamã na amazônia equatoriana durante uma cerimônia real ayahuasca.
A descrição histórica do uso de drogas relata que, na Grécia e Roma antigas, o consumo de bebidas
alcóolicas estava primeiramente associado a rituais religiosos que permitiam um estado de consciência
alterado, mas acabaram por se difundir nas práticas sociais, como festas, bodas, vitórias, datas específicas,
jogos e todo tipo de manifestação de confraternização.
A partir das conquistas políticas e territoriais desses povos, o uso de álcool também foi difundido nas
outras civilizações dominadas (BARBOSA, 2011).
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Especificamente na Grécia, antes das reuniões políticas, havia queima de incenso para que todos ficassem
sobre o efeito da droga usada, que podia ser mirra. Os gregos também usavam as drogas para prazer, como
o cogumelo mágico e outras drogas psicoativas, e sabiam que havia o perigo de se colocar a vida em risco.
No entanto, não havia julgamento moral pelo consumo.
Os romanos tomavam uma espécie de vinho à base de ópio e uma bebida de folhas de papoula para
combater a insônia, e podiam comprar ópio em tabletes em alguns mercados perto do Fórum Romano.
Um passeio da Idade Média até o século XX
Na Idade Média (século V ao XV), a Igreja Cristã alcança ascendência, poder e hegemonia ideológica e
cultural, estabelecendo normas e comportamentos considerados próprios aos cristãos. Assim, os clérigos
entendem que experimentar os prazeres do corpo induzidos pelo uso das drogas não é um comportamento
cristãoe se estabelece a “primeira lei antidrogas”.
As drogas passam a ter conotação ruim, e o mero conhecimento dos seus efeitos
psicoativos, independentemente do uso terapêutico ou recreativo, era considerado
heresia.
Aqueles que as usassem eram condenados por práticas de bruxaria e mortos pela Inquisição para não
confrontar o poder dominante da época. O uso de substâncias psicoativas, com exceção do álcool, mais
usado na forma destilada, era restrito e combatido.
Mesmo com uma visão contrária às drogas, a Igreja Cristã não conseguiu acabar com o uso delas e isso se
deu pelo impulsionamento financeiro advindo de sua comercialização.
Com o início das grandes navegações, estabelecidas a partir do século XV e culminado com a Revolução
Industrial no século XVIII, as potências europeias, principalmente Espanha e Portugal, começaram a explorar
os mares e a descobrir novos mundos cheios de drogas.
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O contato com outros continentes como Ásia, África e Américas permitiu aos europeus conhecerem plantas
nativas que nunca haviam sonhado. Seus efeitos psicoativos passaram a ser usados tanto como remédio
como para obtenção do prazer. A Cannabis, a cocaína e o tabaco foram as primeiras plantas trazidas nos
navios para a Europa e a descoberta do uso da droga fumada foi o comportamento adotado.
Assim, além de chá e diversas especiarias, a Companhia das Índias Orientais,
fundada pelos ingleses em 1600, trouxe para a Europa uma substância que se
tornaria a principal moeda de comercialização especialmente com a China: o ópio.
Em pouco tempo, os ingleses estavam vendendo toneladas de ópio para a China e o uso descontrolado
provocou uma epidemia de grandes proporções sociais. Como forma de protesto, o governo chinês
queimou toneladas de cargas inglesas de ópio e deu-se início à Guerra do Ópio, perdida pelo governo
asiático.
Na segunda metade do século XVIII, percebeu-se que o mundo tinha um grave problema consequente do
uso descontrolado das drogas: os hospitais estavam cheios de usuários de álcool e ópio, onerando os
cofres governamentais. As drogas alimentavam a economia e a inspiração de vários artistas, mas a
liberalidade do uso levava a verdadeiros problemas sociais.
Chineses em condições precárias fumando ópio.
No início século XIX, a medicina começa a usar as drogas. Em 1803, pela primeira vez, foi isolado o princípio
ativo de uma planta narcótica: a morfina foi retirada da papoula e seu uso para alívio da dor teve resultado
quase instantâneo.
Assim, as drogas produzidas em laboratório começaram a chegar ao mercado, mas o uso ainda era limitado
ao conhecimento da sua eficácia. Muitas pessoas tomavam doses inadequadas e outras acabavam se
viciando.
A indústria do remédio patenteado descobriu a cocaína, que começou a ser usada como anestésico em
cirurgias de garganta e olhos, para depressão e para aumento da produtividade no trabalho.
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No final do século 19, a maconha ou o haxixe, de diferentes formas, eram utilizados em práticas médicas
sob o olhar oficial dos farmacêuticos. O declínio do uso dessas substâncias ocorre em 1932, já no século
XX, depois que foram eliminadas da Farmacopeia Britânica.
O consumo de ópio, álcool e tabaco alcançou grandes proporções, e as drogas passaram a ser vistas como
um problema a ser enfrentado com a lei, já que o usuário era considerado fraco e sem força de vontade para
interromper o uso. Pela nova legislação, só os médicos podiam indicar o uso de drogas.
O século XX das drogas
A Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, ocorridas no século XX, foram responsáveis pelo uso de
anfetaminas, na tentativa de aumentar o rendimento dos soldados, e da morfina, para aliviar a dor dos
feridos. Muitos deles, mesmo depois das guerras, habituaram-se ao uso de drogas, pela dependência e
também pela busca do prazer.
Nas décadas de 1950 e 1960, o fortalecimento do capitalismo no mundo ocidental
exigia, dentro desse modelo econômico, mão de obra de trabalhadores rápidos,
Em 1839, o médico irlandês William Brooke, professor da Escola de Medicina de Calcutá, na
Índia, publicou um estudo sobre as propriedades anticonvulsivantes da maconha.
Em 1890, John Russel, médico da rainha da Inglaterra, publicou, no The Lancet, um artigo
sobre a experiência clínica com haxixe no tratamento de insônia, neuralgia, enxaqueca,
epilepsia, entre outros distúrbios.
Em 1898, uma indústria farmacêutica instituiu o uso de heroína como supressor da tosse,
além de substituir o uso de morfina e começar a estabelecer o uso de medicação injetável.
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ativos e sóbrios; portanto, que não usassem drogas que impedissem esse
rendimento.
Nos Estados Unidos, os jovens americanos, que eram uma parcela significativa da população, não
concordavam com o modelo econômico do governo, que apregoava igualdade de oportunidades e
prosperidade para todos, uma vez que vivenciavam socialmente uma realidade difícil e injusta que
desmontava o sonho americano propagado.
Para questionar os valores da economia capitalista americana e buscar alternativas para viver, surge o
movimento hippie, que definia o prazer, a sexualidade, o afeto e a religiosidade como fundamentais.
As comunidades de vida alternativas pregavam a cooperação entre seus membros e usavam as expressões
que marcaram a chamada juventude transviada: sexo, drogas e rock 'n' roll. Faziam uso acentuado
principalmente de duas substâncias alucinógenas: maconha e LSD.
O uso acentuado de maconha e LSD levaram os Estados Unidos, em 1961, a proporem uma resolução na
Organização das Nações Unidas (ONU) criminalizando o uso de drogas ilícitas. Somente o tabaco e o álcool
passaram a ser consideradas drogas lícitas nos EUA.
Esses movimentos estudantis contra o modelo econômico instituído também
atingiram a Europa, começando em Paris e ameaçando a ordem social.
Os anos 1980 são marcados pela intensificação do uso de drogas psicoativas, especialmente as sintéticas,
como anfetaminas e ecstasy. É quando se estabelecem os cartéis internacionais de drogas com
ramificação pelo mundo todo, de maneira que o tráfico de drogas passa a exercer um forte papel na
economia mundial.
Já na década de 1990, observa-se o grande consumo de cocaína e seus derivados, principalmente o crack,
numa visão individualista de prazer fugaz pelas experiências momentâneas da vida.
Vários países do mundo lutam fortemente contra o tráfico de drogas até os dias de hoje, porque entendem
que a dependência química atinge as várias classes sociais e, muitas vezes, está relacionada com doenças,
incapacidades e atos delinquentes. O consumo de drogas é considerado um problema de saúde pública.
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Ao que parece, os povos mais antigos faziam uso ritual tradicional de drogas e tinham, pelo menos à
princípio, a intenção de uma proximidade maior com a natureza e com experiências individuais, sem
acarretar danos sociais.
O uso indiscriminado e constante leva o consumo de drogas psicoativas a formas de graves problemas
sociais e de saúde pública, que tomam dimensões internacionais, jurídicas e policiais a partir do que se
considera expansão do estilo de vida contracultural, primeiramente nas classes médias. O uso de
substâncias psicoativas mudou radicalmente na sua essência, nas finalidades e no rito de uso.
A criminalização das drogas no século XX
Confira agora a forma como as drogas passaram a alterar a ordem social e por consequência foram
proibidas no século XX.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O homem estabeleceu uma relação livre com as substâncias que retirava das plantas, algumas vezes
para uso medicinal, outras para uso místico e ainda outras para uso recreacional. Essa relação mudou a
partir da ascendência da Igreja Cristã, do século V ao XV. A ideia de exercer poder e hegemonia
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ideológica e cultural faz com que a Igreja crie normas comportamentais para os cristãos. Assinale a
alternativa que indica o principal motivo para a condenação da Igreja ao uso das drogas.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A preocupação da Igreja naquela época não era uma confusão religiosa ou um risco para a saúde das
pessoas. Seu foco era estabelecer a mudança de comportamento resultante do uso de uma droga, uma
vez que os prazeres do corpo constituíam pecado segundo os dogmas da Igreja.
Questão 2
A Igreja Cristã, durante a Idade Média, começou a ter poder e ascensão e passou a instituir quais
deveriam ser os comportamentos dos cristãos. As ameaças de punição a quem usasse droga ou
mesmo tivesse conhecimento dos seus efeitos chegavam a ser a condenação por bruxaria. Mesmo
assim, não foi possível acabar com o uso das drogas, especialmente do álcool. Isto se dá porque
A As pessoas podiam confundir suas crenças religiosas.
B Poderia haver um domínio religioso maior que o da própria Igreja.
C Não era certo para um cristão experimentar os prazeres do corpo com uso de drogas.
D O uso das drogas poderia deixar o corpo vulnerável para doenças.
E A pessoa corria risco de desenvolver uma doença mental.
A o álcool era uma droga fácil de ser escondida.
B as pessoas não acreditavam que seriam condenadas.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
A Igreja não conseguiu impedir que as drogas fossem comercializadas e esse comércio impulsionava
as questões financeiras da sociedade.
2 - Ideologias da contracultura e da cultura moderna e
as drogas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar como a cultura e a contracultura
impactaram o uso de drogas na sociedade.
C a bruxaria já era uma prática comum e, por isso, difícil de ser controlada.
D havia impulso financeiro dominante da comercialização das drogas.
E houve a criação de uma lei que permitia o uso de drogas.
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Caracterização dos movimentos de contracultura
Como o nome sugere, contracultura é um movimento de contestação da cultura, isto é, contestação do
conjunto de saberes, técnicas, artes, religiões, hábitos e costumes que estabelecem as regras sociais de
uma comunidade. A contracultura procura desafiar os padrões de comportamento que a sociedade
estabeleceu e corrigir o que considera uma falha cultural, propondo novo modo de se viver e entender o
mundo.
A contracultura, portanto, questiona e nega a cultura de normas e padrões vigentes, com o objetivo de
quebrar tabus. Por esse motivo, geralmente, os movimentos de contracultura nascem a partir do
descontentamento que os jovens têm com o padrão de vida presente na sociedade em que vivem. Sua
marca principal é a rebeldia contra o que consideram ser normas sociais rígidas de comportamento, religião,
sexualidade, instituições sociais de família, casamento, escola, trabalho e de padrões estéticos.
A ideia era lutar por liberdade para viver como quisesse, onde quisesse, sem amarras, respeitando a
liberdade do outro, em que o sexo, o prazer e o uso de drogas, principalmente as alucinógenas, fossem a
tônica. A justificativa para o uso de drogas, especialmente a maconha, era por considerarem haver aumento
da percepção e da criatividade com o consumo, o que estimulava, por exemplo, as produções artísticas.
Atenção!
Devemos registrar que a ilegalidade e consequente proibição de algumas drogas já existia nos EUA: a partir
de 1914, ópio e cocaína foram proibidos; em 1920, o governo instituiu a Lei Seca que proibia o uso de álcool,
que só foi revogada em 1933; em 1937, a maconha, que antes podia ser prescrita, passa também a ser
proibida.
Um dos movimentos marcantes da contracultura foi o já mencionado movimento hippie da década de 1960,
nos EUA, nascido contra a cultura capitalista margeada pelas guerras daquele período: a Guerra do Vietnã e
a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética.
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O movimento de contracultura no Brasil e no mundo
O movimento hippie pregava a vida em comunidades rurais, com estilo de vida nômade e preservação
ambiental. Pregavam a prática de religiões orientais, liberdade sexual, nudismo, amor livre, uso de drogas e
a não violência. Eram antinacionalistas, contrários ao armamentismo e às guerras. Suas passeatas e
festivais eram embalados por lemas como “paz e amor” e “faça amor, não faça guerra”.
O festival mais famoso promovido pelo movimento hippie foi o Festival de Woodstock, com a participação
de cerca de meio milhão de pessoas.
O objetivo do festival era reunir pessoas com um mesmo ideal: a promoção da paz e da liberdade e a
divulgação do rock ’n’ roll, estilo musical que virou o hino dos hippies.
Símbolo da paz utilizado pelo movimento hippie.
Outros movimentos ganharam força a partir dos ideais pregados na contracultura do movimento hippie,
como o movimento feminista, que buscava a liberdade sexual feminina, e os movimentos negros, como as
Panteras Negras, que lutavam contra a política de segregação racial.
O modelo de comunidade espalhou-se pelo mundo e só perdeu sua força e popularidade a partir da década
de 1970. Época em que o então presidente americano, Richard Nixon, determina a guerra às drogas usando
uma frase que se tornou a marca da guerra: “O uso abusivo de drogas é o inimigo número 1 dos Estados
Unidos”. Esse movimento de guerra às drogas dominou também outros países.
No Brasil, os movimentos de contracultura tiveram início na década de 1960, que
correspondia ao período da industrialização, e sofreram influência dos que
ocorriam nos EUA. Como lá, os movimentos estudantis aconteciam para negar
aspectos e comportamentos da cultura dominante.
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Associados à contracultura brasileira, a bossa nova e a MPB surgiram como voz para o movimento, que
pregava a paz, a harmonia e a igualdade. O cinema novo, a cultura dos centros populares de cultura e o
movimento do tropicalismo foram as formas artísticas para viabilizar a crítica à situação política e social no
Brasil, que vivia sob o regime militar.
Avaliando especificamente a contracultura das drogas e seu uso de forma livre, precisamos ressaltar que
houve grandes malefícios para a saúde da população usuária desencadeados pela dependência química, a
ponto de ser considerado um problema de saúde pública pelos governos do mundo todo.
A cultura moderna das drogas
O avanço do conhecimento científico permitiu que as drogas fossem sintetizadas em laboratórios e
aumentasse o uso medicinal. Os barbitúricos eram amplamente consumidos para induzir o sono, mas na
década de 1950 tentativas de suicídio foram relacionadas ao seu uso. Assim, a partir dos anos 1960, os
benzodiazepínicos surgem como solução para aliviar as tensões da vida e o fim da insônia. Atualmente, seu
uso indiscriminadose tornou um problema de saúde pública.
As anfetaminas são as drogas sintéticas que têm efeito antidepressivo e inibem a fome, o sono e o
cansaço. Por esse motivo, seu uso se tornou constante em regimes de emagrecimento e entre estudantes,
caminhoneiros, esportistas, militares e homens de negócios. No Japão, em 1950, havia cerca de 500 mil
dependentes de anfetamina, o que foi considerado uma epidemia pelo governo. Até os dias atuais, existe,
muitas vezes de forma irresponsável, o seu uso como moderador de apetite.
Anos 1960
Sâo marcados pelo movimento hippie, já discutido no tópico anterior, que traz o uso de
drogas psicodélicas, como haxixe, maconha, LSD, cogumelos e outros tipos de alucinógenos
para experiências místicas e alteração na percepção da realidade.
Anos 1970
São marcados pelo uso de solventes orgânicos, tornando-se prática nos EUA e no Brasil, e os
jovens passam a consumir cola de sapateiro, além da maconha. As drogas lícitas, como
tabaco, álcool e os medicamentos, são mais consumidos pelos adultos.
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A partir de 1990, o consumo do crack — um derivado da cocaína, de baixo custo e com grande potencial de
dependência — teve grande expansão, principalmente entre jovens com menos de 20 anos de todas as
classes sociais, sobretudo das classes mais baixas.
Nos dias atuais, estabeleceu-se uma cultura do consumo de drogas. O comportamento do uso engloba
valores, ambientes, rituais, relacionamentos, símbolos, artefatos, música, arte, ou seja, tornou-se um estilo
de vida. Segundo Ribeiro (2020), as drogas são culturalmente divididas em quatro classes:
Drogas celebradas
Consumo autorizado e até estimulado: álcool.
Drogas toleradas
Consumo autorizado, mas desencorajado: tabaco.
Drogas instrumentais
Consumo autorizado e controlado com indicação médica: benzodiazepínicos.
Drogas proibidas
Anos 1980
São marcados pela intensificação do uso de ecstasy.
Anos 1990
São marcados pelo grande consumo de cocaína, tanto por via intranasal como endovenosa,
motivo pelo qual a associação entre consumo de drogas e infecção pelo HIV era marcante.
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Consumo não autorizado e considerado sem utilidade: maconha, cocaína, heroína, alucinógenos.
O consumo de drogas que leva à dependência química nem sempre foi considerado uma doença. Até o
século XIX, era entendida como deficiência de caráter e a pessoa era culpabilizada por escolher consumir
uma ou outra droga.
Atenção!
Atualmente entendida como uma doença, a dependência química é considerada um problema de saúde
pública e perpassa por várias classes e instâncias sociais, relacionando-se com doenças e atos
delinquentes.
O grave impacto que as drogas causam à saúde das pessoas e o custo social desse uso levam governos de
vários países a tentar ações de controle, ainda que se continue observando aumento do consumo e da
dependência.
A juventude é a camada da população com mais risco para o consumo de drogas, por sofrer as
consequências do uso excessivo. As integridades física, mental e social dos jovens são comprometidas
quando o estímulo externo e social os encorajam ao consumo. No mundo, é o uso de drogas o principal
responsável pelas mortes prematuras entre os jovens.
Segundo a ONU, as mortes causadas diretamente pelo uso de drogas, quer lícitas ou ilícitas, aumentaram
60% entre 2000 e 2015. As drogas derivadas do ópio causaram 76% das mortes. Dados de 2020 da UNODC
(Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime) indicam que 269 milhões de pessoas usaram drogas
no mundo em 2018 (30% a mais que em 2009). Além disso, mais de 35 milhões de pessoas sofrem de
transtornos associados ao uso de drogas.
A ideia de que a socialização, o manejo do tédio e a rebeldia estão ligados ao consumo de drogas é um
incentivo para o uso inadequado entre os jovens. Os governos precisam investir em prevenção do uso
indiscriminado das drogas, principalmente por meio da educação em saúde.
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A cultura moderna das drogas
Confira agora o uso das drogas e suas consequências na modernidade, até a identificação da dependência
química como doença e problema social.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Na cultura atual do uso de drogas, especialmente entre os jovens, foi criada uma espécie de ritual ou
estilo de vida que estabeleceu comportamentos, ambientes, artefatos, relacionamentos e símbolos.
Ribeiro (2020) divide culturalmente as drogas em classes. Faça a correlação entre as afirmativas de
forma correta:
1) Drogas celebradas
2) Drogas toleradas
3) Drogas instrumentais
4) Drogas proibidas
( ) Tabaco
( ) Maconha
( ) Benzodiazepínicos
( ) Álcool
A 1, 2, 3, 4.
B 1, 2, 4, 3.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
As drogas celebradas são aceitas e têm consumo incentivado; as toleradas, têm consumo autorizado,
mas desencorajado. No caso das drogas instrumentais, seu consumo é autorizado e controlado com
indicação médica. Já as drogas proibidas têm consumo não autorizado e considerado sem utilidade.
Questão 2
O processo de sintetização das drogas em laboratórios permitiu que seu uso tivesse uma abordagem
mais científica e terapêutica. Prescritas por médicos, avançaram no mercado para tratamento dos
diversos problemas de saúde nos anos 1950 e 1960. Sobre esse assunto, analise as afirmativas a
seguir.
I) Os benzodiazepínicos substituíram as anfetaminas no tratamento da insônia e da ansiedade.
II) As anfetaminas passaram a ser usadas por estudantes, esportistas e caminhoneiros para combater
o cansaço e o sono.
III) As anfetaminas foram, e ainda são, usadas em regimes de emagrecimento, muitas vezes de forma
irresponsável.
IV) Os benzodiazepínicos substituíram as anfetaminas no tratamento da depressão nos anos 1950.
Está correto o que se afirma em
C 2, 4, 1, 3.
D 2, 4, 3, 1.
E 4, 3, 2, 1.
A I e II.
B II e III.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Para o tratamento da insônia, nos anos 1950 eram usados os barbitúricos, que foram substituídos
pelos benzodiazepínicos. As anfetaminas são estimuladores do SNC e são usadas, muitas vezes
erroneamente, para combater sono, cansaço e para emagrecimento.
3 - Contextualização sócio-histórica do uso de drogas
no Brasil
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a trajetória social e histórica do uso de
drogas no Brasil.
C III e IV.
D I e IV.
E II e IV.
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Álcool: a droga lícita mais consumida no Brasil
A seguir, vamos conversar sobre as drogas mais consumidas no Brasil segundo o Levantamento Nacional
de Álcool e Drogas (Lenad) realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e concluído em 2017.
Em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, os indígenas já possuíam o hábito de usar o tabaco e
de consumir, em suas festas e rituais, uma bebida forte chamada cauim, que era produzida a partir da
mastigação da mandioca cozida pelas índias e cuspida em um caldeirão de barro, onde era fervida até a
fermentação.
Por considerarem o cauim “sujo”, os portuguesesimportavam a bagaceira portuguesa e o vinho do porto
para seu consumo, até que aprenderam a produzir a cachaça a partir da fermentação da cana-de-açúcar.
Para o historiador Câmara Cascudo, a primeira cachaça no Brasil foi destilada por volta de 1532 em São
Paulo.
Com o passar dos anos, os alambiques se multiplicaram e a cachaça se espalhou também por Pernambuco,
Rio de Janeiro e Minas Gerais, o que levou Portugal a se preocupar com duas coisas: a possibilidade de o
consumo entre os escravos fazê-los se rebelar contra a Coroa e a queda da venda do vinho português pelo
mundo.
Só no século XIX, na era da economia cafeeira, a sociedade elitista brasileira passou a valorizar os produtos
e hábitos europeus, e a cachaça passou a ser considerada uma bebida para os pobres e sem cultura, ainda
que fosse bastante consumida no Brasil todo.
Saiba mais
Nas décadas de 1980 e 1990, os processos de fabricação da cachaça melhoraram de qualidade, levando,
em 1996, o presidente Fernando Henrique Cardoso a legitimar a cachaça como produto tipicamente
brasileiro. Apreciada em todo o mundo, é atualmente considerada uma bebida que agrada todas as classes
sociais.
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De acordo com o último levantamento nacional sobre drogas, o álcool é a droga lícita mais consumida pelos
brasileiros, com a seguinte ordem de preferência: cerveja, cachaça, vinho, conhaque, whisky e rum. O álcool
presente nas bebidas alcoólicas é o etanol, produzido pela fermentação de frutas e grãos (cerveja e vinho)
ou destilação de seus produtos (cachaça, vodca, rum).
A chamada dose padrão é uma medida em gramas de álcool puro (etanol) presente nas bebidas alcóolicas.
Em geral, uma dose padrão equivale a 14 gramas de álcool puro. Dessa forma, existem 14 gramas de álcool
em 40ml de pinga, whisky ou vodca; 85ml de vinho ou licores; 140ml de vinho de mesa; 340ml de cerveja ou
chope (uma lata) e em 600ml de cerveja (1 garrafa contém quase duas doses).
A relação entre as doses ingeridas e a concentração de álcool no organismo varia de acordo com o peso da
pessoa, e as mulheres são mais sensíveis aos efeitos do álcool, atingindo níveis de concentração mais altos
com menores quantidades da bebida.
Todos sabemos que o uso do álcool na nossa sociedade é uma prática estimulada e até esperada nas mais
diversas situações, seja para comemorar uma vivência alegre ou para lamentar uma tristeza. Entretanto, o
crescente consumo transforma o uso de bebidas alcóolicas em sérios e, muitas vezes, irreversíveis
problemas de saúde.
Em estudo recente, mais da metade da população brasileira de 12 a 65 anos declarou ter consumido bebida
alcóolica alguma vez na vida. Cerca de 46 milhões (30,1%) informaram ter consumido pelo menos uma dose
nos 30 dias anteriores e aproximadamente 2,3 milhões de pessoas apresentaram critérios para dependência
de álcool nos 12 meses anteriores à pesquisa.
Saiba mais
Além dos problemas de saúde, o alcoolismo também acarreta problemas sociais graves relacionados à
violência, ao abandono escolar, ao abandono de emprego, causando perdas financeiras e familiares.
Álcool: a droga lícita mais consumida no Brasil
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Confira mais detalhes sobre o uso do álcool desde a chegada dos portugueses no Brasil.
Tabaco e medicamentos não prescritos
Tabaco
De origem americana, era cultivado pelos indígenas da América do Sul e do Norte antes de chegar ao Brasil,
provavelmente por meio da migração que índios daqui faziam para os andes bolivianos. Quando os
portugueses desembarcaram no Brasil, já encontraram a prática do tabaco predominantemente fumado,
mas também comido, bebido, mascado e aspirado nas tribos indígenas.
Para os indígenas, o tabaco era uma planta sagrada, mas os portugueses viram oportunidade de
comercialização do produto nas colônias europeias, transformando-o em um dos principais produtos
exportados e de moeda de troca na aquisição de africanos escravizados durante o período do Império.
Plantação de tabaco.
Assim, o tabaco se espalhou por vários países europeus, que, ao final do século XIX, absorviam 75% do
tabaco brasileiro. O vício tornou-se generalizado. A Coroa Portuguesa criou, então, as primeiras legislações
de regulamentação da atividade, incidindo taxas e impostos sobre a circulação, a indústria, a produção e o
consumo do tabaco.
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Ao conquistar o mercado internacional, o tabaco brasileiro atraiu investimentos
estrangeiros.
Com um aumento significativo da sua produção em fins do século XX e início do XXI, o país foi o segundo
maior produtor mundial de tabaco e o primeiro em exportações desde 1993. Esse é, provavelmente, um dos
motivos que mantém o tabaco como droga lícita apesar de se identificar, desde a década de 1950, seu uso
como fator de risco para uma série de doenças graves.
Os primeiros movimentos de controle do tabagismo realizados por profissionais de saúde começaram no
Brasil na década de 1970. A atuação do governo federal veio em 1985, criando um grupo para o controle do
tabagismo e, em 1986, criando o Programa Nacional de Combate ao Fumo (INCA, 2012).
Houve, nas últimas décadas, significativa redução da prevalência de fumantes no Brasil: 35% para 15% em
23 anos. Ainda, ocorreu uma diminuição da aceitação social do tabagismo em um espaço de 20 anos. Por
outro lado, chama a atenção o aumento do uso de cigarros eletrônicos e narguilés, considerada uma forma
emergente de fumo, consumidos assumidamente por um terço (33,5%) dos brasileiros pelo menos uma vez
na vida. A preocupação é a falsa ilusão de que essa forma de uso do cigarro não traga problemas para a
saúde, o que já é comprovado como engano.
Medicamentos não prescritos
Outra informação importante diz respeito ao comportamento do brasileiro no consumo de medicações não
prescritas por profissionais da saúde ou utilizadas para fins distintos da recomendação médica. Dados
apontam que tais medicamentos são a terceira categoria de droga lícita mais usada no Brasil.
Saiba mais
Quase 6 milhões de brasileiros fazem uso irregular de uma substância não prescrita em algum momento da
vida, diz a última pesquisa realizada pelo Lenad.
Os medicamentos foram divididos em quatro categorias. Vejamos!
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Anabolizantes
Utilizados para repor a testosterona, são também usados para aumento da massa muscular em pessoas
que praticam atividades físicas: uso por 229 mil pessoas.
Anfetamínicos
Utilizados para emagrecimento: 2,1 milhões de pessoas.
Benzodiazepínicos e hipnóticos
Utilizados para diminuição da ansiedade e indução de sono: 6 milhões de pessoas.
Opiáceos
Utilizados para tratar dor aguda ou crônica: 4,4 milhões de pessoas.
Essa é uma situação de grande preocupação não só pelo uso inadequado e, às vezes, ineficiente da
automedicação, mas também pela dependência química que pode ser estabelecida com uso de alguns
desses medicamentos.
Maconha, inalantes, cocaína e crack
Maconha
Também chamada de sementes de cânhamo, foi trazida para o Brasil a partir de 1549, pelos africanos
escravizados. Por isso, era conhecida como fumo-de-Angola. Seu uso foi disseminado também entre os
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indígenas, que passaram a plantá-la e usar, à princípio, para fins medicinais e depois nas pescarias e
atividades recreativas.
Não havia muita preocupação com a disseminação do uso da maconha entreos índios e escravos, uma vez que o alcoolismo e o uso da maconha eram
considerados vícios deselegantes. A elite branca, com seus vícios elegantes,
em geral usava morfina, heroína e cocaína. A única exceção era a rainha
Carlota Joaquina, que, no Brasil, tinha o hábito de beber chá de maconha.
(CARLINI, 2006, p. 315)
Só na segunda metade do século XIX começam a chegar no Brasil notícias de estudos franceses sobre
efeitos benéficos de extratos da Cannabis, tornando seu uso aceito na classe médica para bronquite crônica,
asma, insônia, dispepsias, úlceras gástricas, câncer e ansiedade.
Desenvolvimento de medicamentos à base de Cannabis.
Entretanto, havia também relatos de efeitos como tendência a ideias risonhas, provocar gargalhadas,
marasmo e imbecilidade. Em casos mais graves, provocava franco delírio e alucinações.
Na década de 1930, a repressão ao uso da maconha ganhou força em vários estados do Brasil, porque se
considerava os efeitos da maconha mais perigosos que os do ópio. Já havia legislação penal para os
considerados como contraventores, consumidores ou contrabandistas, com as primeiras prisões no Rio,
principalmente da população negra.
Comentário
O imaginário social brasileiro associava o uso de maconha à pobreza e marginalidade. Só a partir da década
de 1960, depois do movimento hippie, usar maconha não foi mais associado a negros, pobres e
marginalizados e se tornou hábito entre as classes média e alta.
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Nas décadas de 1970 e 1980, pesquisas e publicações em revistas científicas internacionais traziam o
desenvolvimento de medicamentos à base de Cannabis sativa para tratamento de náusea e vômitos
causados pela quimioterapia, melhora da caquexia em doentes com HIV e alívio de algumas dores.
Apenas em 2006 a Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006) tirou do usuário o estigma de criminoso e previu a
possibilidade de autorização do plantio, cultura e colheita de maconha exclusivamente para fins medicinais
ou científicos.
Inalantes
São substâncias produzidas a partir de solventes como gasolina, cola, esmaltes, tintas e acetonas,
aspiradas pelo nariz ou pela boca. São a terceira droga ilícita mais consumida no Brasil.
O consumo aumentou a partir das décadas de 1980 e 1990, especialmente entre os meninos e meninas em
situação de rua. Cerca de 44% deles já experimentou cola de sapateiro, loló, thinner, entre outros. Entre os
efeitos, podem produzir alterações alucinógenas e depressoras, além da redução da sensação de fome e
frio e também da sensação de dor.
Copo de plástico usado para cheirar cola.
As condições de vida dos meninos em situação de rua englobam fome, frio, desamparo, dor física e
psíquica decorrente de maus tratos, diversas formas de violência e privação social, inclusive da própria
família.
Cocaína e crack
Associado ao consumo de inalantes, existe uma grande incidência do consumo de cocaína entre jovens em
situação de rua. Dependendo da forma como a cocaína é consumida, os efeitos estimulantes assumem
proporções diferentes.
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É comum na nossa cultura o uso da cocaína em pó, aspirada, para a manutenção do estado de alerta por
mais tempo do que o suportável ou porque se deseja diminuir os efeitos do uso concomitante de uma droga
depressora, como o álcool, por exemplo. Estudos realizados em São Paulo referem o uso de cocaína pelos
jovens para alívio de desânimo, o que pode indicar a uma camuflagem de sintomas de depressão ou
ansiedade.
O crack é a cocaína produzida em formato de pedra e fumada em cachimbos improvisados. Seu uso no
Brasil teve início dos anos 1990, portanto, há cerca de 30 anos.
A rapidez e a intensidade de seus efeitos ocorrem pela grande absorção da cocaína existente na fumaça
pelos pulmões.
O consumo do crack tem se expandido e os fatores que favorecem a dependência são: efeito rápido e
intenso; preço menor em comparação à cocaína em pó; fácil utilização, só precisa ter um copo para queimar
a pedra; possibilidade de ser misturado ao tabaco e à maconha, por ser fumado, chamando menos atenção;
socialmente mais aceitável que as drogas injetáveis, diminuindo risco de infecções.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O uso de cocaína tem crescido no Brasil. A forma mais usada entre os jovens é a cocaína em pó, que é
aspirada e mantém o estado de alerta por mais tempo que o usual. Entre jovens em São Paulo, um
estudo demonstrou que o uso da cocaína se dá para aliviar desânimo. Esse comportamento pode
esconder sintomas de que quadros clínicos?
A Esquizofrenia e mania.
B Transtorno bipolar e fobia social.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A cocaína é uma droga estimulante do SNC, ao usá-la o cérebro aumenta sua atividade e pode
esconder sintomas depressivos e ansiosos.
Questão 2
O crack é a forma em pedra da cocaína e tem se expandido entre os jovens de diferentes classes
sociais no Brasil. O fato de ser fumado permite que seja misturado ao tabaco e pareça chamar menos
atenção durante o uso. Alguns fatores favorecem a dependência:
( ) Tem efeito rápido e intenso.
( ) É uma droga mais barata e de fácil utilização.
( ) É aceitável socialmente quando se fuma com maconha.
( ) É mais aceitável que as drogas injetáveis.
( ) Melhora a percepção da realidade.
Indique a ordem correta, considerando V para afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
C Ansiedade e depressão.
D Transtorno borderline e depressão.
E Ansiedade e fobia específica.
A V, F, F, F, V.
B V, V, F, V, F.
C V, V, V, V, V.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
O crack é uma droga mais barata que a cocaína e a maconha. Seu efeito é rápido e de forma intensa e
não requer muito material para uso, basta um copo que sirva como cachimbo. Ainda, não coloca em
risco de doenças transmissíveis por via injetável.
4 - Toxicomania, sociedade e a produção da violência
Ao �nal deste módulo, você será capaz de avaliar a relação da violência com o uso de drogas.
Toxicomania e sociedade
D F, F, V, F, V.
E F, F, F, F, F.
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Como vimos, o consumo de drogas é um fenômeno antigo, abrangente e recorrente na sociedade, que
resulta, muitas vezes, em consequências físicas, mentais e sociais. Um dos termos que nomeiam esse
comportamento é a toxicomania.
Etimologicamente, toxicomania deriva de duas palavras gregas: toxikon (veneno) e mania (loucura). Assim,
toxicomania seria mania de consumir substâncias tóxicas. Outros termos também são usados para definir
esse comportamento: drogadição e dependência química.
Importante definirmos, em primeiro lugar, o que entendemos por droga: qualquer substância que não é
produzida pelo organismo e tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, modificando
seu funcionamento.
Quando uma dessas substâncias é capaz de modificar o funcionamento cerebral e alterar o humor, a
consciência, a cognição e a função cerebral, é chamada de substância psicoativa (SPA).
No que se refere à ação de uma droga no sistema nervoso central (SNC), podemos ter a seguinte
classificação:
Aumentam a atividade do SNC. Em geral estimulam atividade física e mental, inibem o sono,diminuem cansaço e a fome, dão sensação de poder, excitação e euforia, bem como aumentam a
sensação de prazer. Clinicamente pode ocorrer taquicardia, aumento da pressão arterial, insônia,
ansiedade, agressividade, dilatação das pupilas, suor excessivo, sensação de medo ou pânico,
irritabilidade, redução do apetite.
Exemplos: tabaco, cocaína, crack e anfetaminas.
Drogas estimulantes 
Drogas depressoras 
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Diminuem a atividade do SNC. Em geral são usadas para alívio da tensão e ansiedade. Provocam
relaxamento muscular, sonolência, fala pastosa, incoordenação motora, dispneia, desinibição,
euforia, perda da capacidade crítica, diminuição da atenção, da concentração e dos reflexos,
sensação de anestesia e sedação. Doses altas podem promover queda da pressão arterial,
bradicardia e até o coma. Uso continuado pode promover dificuldade na memória de curto prazo e,
em alguns casos, são associadas a tentativas de suicídio.
Exemplos: álcool, ópio, benzodiazepínicos, inalantes e solventes.
Modificam o funcionamento qualitativo do cérebro, que passa a ter um funcionamento fora do
normal da pessoa. As modificações mais comuns são excitação seguida de relaxamento, euforia,
dificuldade de perceber tempo e espaço, fala em demasia, fome intensa, palidez, taquicardia, olhos
avermelhados, pupilas dilatadas, boca seca. Há relatos de presença de alucinações visuais, delírios
persecutórios, percepção deformada de sons, imagens e tato, sensação de bem-estar, plenitude e
leveza, prejuízo da atenção e da memória para fatos recentes.
Exemplos: maconha, LSD e alucinógenos.
O consumo de uma droga não significa necessariamente uso nocivo ou dependência. O que leva a essa
determinação é a relação que se estabelece com a droga, isto é, que importância determinada substância
passa a ter na vida da pessoa. O uso é esporádico ou compulsivo?
A dependência tem relação direta com a ativação que a droga faz do sistema de
recompensa cerebral, responsável pela sensação prazerosa de um comportamento
que precisa ser repetido sempre que o prazer diminui ou cessa. As drogas que mais
causam dependência são os opioides, cocaína/crack, anfetaminas, álcool e
nicotina.
Nem sempre o uso de substâncias psicotrópicas desencadeia problemas, porque faz parte da cultura de um
povo. No entanto, quando a droga é usada em busca de alcançar o inacessível, ultrapassar os próprios
limites, sentir prazer, diminuir as tensões e sofrimentos, se inserir na sociedade ou mesmo obter sucesso,
existe o risco de acontecer um quadro de intoxicação aguda, de se construir o caminho para problemas com
o uso e mesmo de desenvolver a dependência.
Drogas perturbadoras 
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Drogas lícitas: o álcool é o número um
Com base no Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), publicado em 2017 no portal do Governo
Federal, podemos ter acesso ao perfil dos brasileiros que usam drogas.
Em relação às drogas lícitas, o estudo mapeou o uso de três drogas entre os brasileiros: álcool, tabaco e
medicamentos não prescritos.
Os dados considerados mais graves em relação aos padrões de uso de drogas no Brasil não estão
relacionados às substâncias ilícitas, e sim ao álcool.
O álcool é a droga lícita mais usada no país.Mais da metade da população brasileira (66,4%) entre 12 e 65
anos já consumiu algum tipo de bebida alcóolica pelo menos uma vez na vida. Já 43,1% informaram ter
bebido no último ano e 30,1% (cerca de 46 milhões de pessoas) afirmaram ter bebido pelo menos uma dose
no último mês.
O problema mais preocupante, entretanto, é o binge drinking, o consumo abusivo de álcool (5 ou mais
doses) em um único episódio. Cerca de 25 milhões de brasileiros (16,5%) apresentaram esse tipo de
compulsão pela bebida, 24% eram homens e 9,5% eram mulheres. Outro dado grave é o número de
brasileiros que apresentaram critérios para a dependência do álcool: 2,3 milhões de pessoas.
Embora seja uma droga lícita e aceita em situações sociais, é o álcool a droga mais
associada, de forma direta ou indireta, a problemas de saúde que causam a morte.
Quais são, então, os problemas associados ao uso abusivo de álcool? Podemos elencar dois tipos de
problemas: clínicos e psiquiátricos.
Entre os clínicos são descritos:
Doenças do fígado 
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Esteatose hepática, hepatite alcoólica, cirrose, inflamação crônica irreversível, insuficiência hepática,
icterícia, propensão a sangramentos.
Lesões e inflamação no esôfago e estômago, sangramentos, vômitos e sintomas de refluxo, úlceras.
Taxa de mortalidade cerca de 36% mais elevada do que para a população geral.
Ocorre em cerca de 10% dos alcoolistas. Deterioração do funcionamento dos nervos dos pés e das
mãos, provocando dormência, formigamento e alterações de sensibilidade. Os sintomas podem
melhorar com a cessação do uso.
Hipertensão, aumento do colesterol nocivo (LDL) e dos triglicerídeos, alteração de plaquetas,
arritmias, acidente vascular cerebral (AVC), miocardiopatia e infartos.
Dificuldades no raciocínio, alteração do senso de perigo e do comportamento, insônia, má qualidade
do sono, prejuízo do equilíbrio e da coordenação motora, diminuição dos reflexos, demência
alcoólica.
Problemas gastrointestinais 
Pancreatite alcóolica 
Neuropatia periférica 
Problemas cardíacos e vasculares 
Prejuízos cerebrais 
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Enfraquecimento e prejuízo do sistema imunológico com aumento do risco de infecções, como
pneumonia e tuberculose, possibilidades de complicações de lesão ou doença preexistente.
Devido à alteração do processo de mineralização óssea e ao desequilíbrio metabólico do cálcio e da
produção de vitamina D.
Pode ocorrer em diversas áreas: boca, esôfago, laringe, estômago, fígado, colón, reto e mama.
Entre as complicações psiquiátricas do uso crônico do álcool, destacam-se:
Disfunções imunológicas 
Osteoporose 
Câncer 
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Ocorre na diminuição ou cessação do uso do álcool, com tremores (mãos, língua e pálpebras),
náuseas, vômitos, mal-estar ou fraqueza, taquicardia, sudorese, aumento da pressão arterial,
agitação, ansiedade, alterações de humor (disforia), irritabilidade, insônia, hipotensão ortostática,
convulsão.
É a forma grave da SAA com rebaixamento do nível de consciência, alucinações visuais, auditivas e
táteis, delírios, hiperatividade autonômica, agitação, febre e crises convulsivas. Quadro grave que
pode levar à morte.
Causa alucinações auditivas ou visuais, sem prejuízo do nível de consciência, que pode ser
transitório ou evoluir para a forma crônica.
É uma deficiência vitamínica (tiamina) que pode provocar ataxia, oftalmoplegia, nistagmo e
rebaixamento do nível de consciência. Sem tratamento, evolui para um grave distúrbio da memória
de fixação. Não há prejuízo da consciência. É um quadro irreversível.
Síndrome de abstinência alcoólica (SAA) 
Delirium de abstinência alcoólica (delirium tremens) 
Alucinose alcoólica 
Síndrome Wernicke-Korsakoff 
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São transtornos do humor (26%), transtornos de ansiedade (25%), transtorno do déficit de atenção
com hiperatividade (33%), esquizofrenia, transtornos de personalidade antissocial e borderline,
transtornos alimentares.Drogas lícitas: tabaco e medicamentos
Desde os anos 2000, vários países iniciaram políticas públicas para a redução do tabagismo. Embora essas
ações tenham começado no Brasil em 1988, com o Programa de Combate ao Fumo, considerado uma
referência internacional, o tabaco é a segunda droga lícita mais usada no país.
Mesmo com uma redução significativa do uso do tabaco em todas as faixas etárias, o Lenad mostra que
26,4 milhões de brasileiros (17,3% da população) fizeram uso de algum produto com tabaco no último ano.
Os cigarros industrializados são usados por 23,4 milhões de pessoas no Brasil, mas 51 milhões já usaram
esse tipo de cigarro pelo menos uma vez na vida.
Os homens são os que mais fumam, de 21 milhões de pessoas que disseram ter fumado no último mês, 12
milhões são homens e quase 9 milhões são mulheres.
O estudo também apontou que o grau de dependência à nicotina dos brasileiros é muito elevado.
Estima-se que o tabagismo esteja relacionado a aproximadamente 50 doenças, como: derrame cerebral,
infarto do miocárdio, angina, enfisema pulmonar, doenças respiratórias e câncer de cabeça e pescoço,
pulmão, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, bexiga, cólon e reto e colo do útero.
Curiosidade
Segundo dados da OMS, o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. No Brasil, são 161.853
mortes anuais. Um fumante aumenta em 3 vezes suas chances de morte e encurta a vida em 11 anos se for
Comorbidades psiquiátricas 
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mulher e 12 se for homem.
O tabagismo é o terceiro fator de risco para perda de anos por incapacidade, inclusive entre os fumantes
passivos que correm risco de desenvolver câncer de pulmão (30%) e doenças cardiovasculares e
respiratórias (25%).
Ainda, o tabagismo é responsável pelo alto custo no sistema de saúde em virtude do tratamento das
doenças que provoca. O SUS tem mais de 4 mil unidades que oferecem tratamento para o tabagismo. No
ano de 2020, o Brasil gastou cerca de 125 bilhões no tratamento das doenças causadas pelo cigarro.
Atenção!
Mesmo que esses dados pareçam desanimadores, não são: as ações intersetoriais implementadas no
Brasil para o controle do tabagismo reduziram a prevalência de fumantes de 35% em 1989 para 15% em
2013, e ainda houve uma mudança da aceitação social do tabagismo, deixando de ser prática aceita, como
nos anos de 1980 e 1990, para um contexto de rejeição a partir dos anos 2000.
Os planos governamentais que sustentam esses programas precisam continuar favorecendo sua expansão
em todo o país para que a sociedade experimente menos morbimortalidade em decorrência da prática do
tabagismo. Esse é o grande desafio!
Por outro lado, a automedicação, isto é, a prática de tomar remédios sem prescrição de um profissional de
saúde qualificado ou utilizar uma medicação diferente da recomendação clínica, também é uma prática
recorrente na população brasileira.
Mas o que parece a solução para o alívio imediato de alguns sintomas muitas vezes pode ter graves
consequências. Uma medicação incorreta pode agravar uma doença ou esconder sintomas importantes
para o diagnóstico correto.
Além de anabolizantes, anfetaminas, benzodiazepínicos e opiáceos/analgésicos, descritos anteriormente,
os antiinflamatórios, relaxantes musculares, antitérmicos, descongestionantes nasais, expectorantes e
antibióticos estão nas farmácias caseiras dos brasileiros, que podem tomá-los sem indicação terapêutica,
em doses erradas, sem eficácia por armazenamento errado ou fora da validade e com risco de interação
medicamentosa.
Entre as consequências do uso inadequado de medicamentos estão:
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Causa principal de intoxicações no país (LESSA; BOCHNER, 2008). Entre os anos de 2012 e 2013, por
exemplo, o Centro de Investigação Toxicológica registrou 1.784 casos de intoxicação por
medicamentos (FIOCRUZ).
A medicação que “deu certo” em uma pessoa pode não ser adequada para outra.
No caso do uso de opioides, benzodiazepínicos ou descongestionantes nasais, a dependência é
muito comum.
Pode ocorrer por uso de medicações depressoras do SNC em doses exageradas ou uso
concomitante com outras que potencializam seus efeitos depressores.
É provável que a grande variedade de produtos farmacêuticos, a facilidade de acesso aos remédios, a
cultura, a comodidade de ter na farmácia o lugar onde se vende tudo e a variedade de informações clínicas
disponíveis nas redes sociais contribuam para o comportamento nocivo e preocupante da automedicação,
que impacta a vida da sociedade em geral.
As drogas ilícitas no Brasil
Intoxicação medicamentosa 
Reações alérgicas 
Dependência 
Morte 
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A droga ilícita mais usada no Brasil é a maconha: 11,7 milhões dos brasileiros de 12 a 65 anos já usaram
maconha ao menos uma vez. A maioria é universitário, do sexo masculino e da Região Sudeste do país.
O principal componente da maconha é o THC (tetra-hidrocanabinol), que produz o efeito psicoativo e é
responsável pela sensação de leveza e relaxamento, pela modificação das atividades cerebrais e pelo
prejuízo das funções cognitivas. A maconha pode ser usada de diferentes formas. Veja a seguir!
Erva
Pode ser usada na forma de erva (marijuana) extraída das folhas, com teor de THC de 5 a 10%.
Haxixe
É prensado a partir da resina da planta com maior potencial alucinógeno, por possuir 20% de THC.
Óleo
O óleo da Cannabis é um líquido misturado com acetona ou álcool e tem 85% de THC.
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Os efeitos variam de acordo com a quantidade usada, a forma de consumo (ingestão ou inalação) e a
resistência do organismo, mas não se pode afirmar que seu uso não cause nenhum prejuízo.
Os sintomas mais evidentes são: delírios e alucinações, desequilíbrio postural, diminuição da percepção de
tempo e espaço, sonolência, taquicardia, vermelhidão nos olhos, sensação de boca seca, queda da acuidade
visual, alterações do humor e diminuição temporária de inteligência. Com o uso continuado: sensação de
desânimo, quadros alucinatórios, aumento do apetite, alterações pulmonares, diminuição do raciocínio e da
concentração e diminuição da testosterona.
Podem ocorrer surtos psicóticos e transtorno depressivo maior, transtorno de ansiedade, transtorno bipolar
e os transtornos da personalidade antissocial, obsessivo-compulsivo e paranoide. Os adolescentes
apresentam ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático, e 60% têm transtornos da
conduta e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
Comentário
Alguns sustentam que não há comprovação de dependência química com uso da maconha, outros
entendem que o aparecimento de sintomas de abstinência e tolerância caracterizam a dependência. O que
se sabe, de fato, é que o uso de maconha acarreta alguns sintomas psicológicos, mentais e físicos e isso
deve ser considerado no atendimento aos usuários.
Outra substância presente na maconha é o canabidiol (CBD), usado em práticas terapêuticas. É depressor
do SNC, não causa dependência e tem ação analgésica, anticonvulsiva, ansiolítica e anti-inflamatória. O
Projeto de Lei nº 399/2015 é favorável à legalização do cultivo da Cannabis sativa para fins medicinais,
científicos e industriais.
Em relação aos inalantes, observamos que eles têm uso frequente na infância e adolescência pela
facilidade de acesso à cola, a solventes e propelentes. Geralmente está associado com o uso de outras
drogas. São rapidamente absorvidos pelo pulmão, seus efeitos são imediatos e são altamente tóxicospara
diversos órgãos. Causam dependência e crise de abstinência.
As alterações comportamentais ou psicológicas são significativas: beligerância, agressividade, apatia,
julgamento prejudicado, euforia, tontura, nistagmo, incoordenação, fala arrastada, instabilidade de marcha,
letargia, reflexos deprimidos, retardo psicomotor, tremor, fraqueza muscular generalizada, visão borrada ou
diplopia, estupor ou coma.
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Jovem inalando cola.
Pode haver ocorrência de transtornos psiquiátricos: transtorno da conduta na adolescência, transtorno
psicótico, transtorno depressivo, transtorno de ansiedade, transtorno neurocognitivo, ideação suicida e
tentativas de suicídio associados ao uso de inalantes.
A cocaína é a segunda droga ilícita mais usada no Brasil, 4,6 milhões de pessoas já experimentaram, 1,3
milhão consumiram no último ano e 461 mil no último mês. Essa droga tem ação estimulante no SNC.
No uso aspirado (pó de cocaína), o início dos efeitos mentais ocorre em 15 minutos e duram 30 minutos; no
fumado (crack) e no endovenoso (merla), os efeitos atingem o cérebro em 15 segundos, desaparecendo em
15 minutos, o que leva à repetição do uso.
O número de usuários de crack hoje no Brasil é 1,3 milhão, com 451 mil referindo uso no último ano e 172
mil no último mês, segundo o Lenad. A idade média para início do uso da droga é 13 anos. O uso é mais
presente na população marginalizada, que já vive ou passa a viver em situação de rua.
As consequências do uso da cocaína podem variar de acordo com a forma de uso. Confira!
Uso intranasal
As consequências são sinusite, irritação, sangramento da mucosa nasal e perfuração do septo.
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Uso fumado
As consequências são problemas respiratórios (tosse, bronquite, infecções pulmonares e pneumonite).
Uso injetável
As consequências pode ser infecção por HIV, ISTs, hepatite etc.
Outras complicações do uso da cocaína são tuberculose, perda de peso, desnutrição, dor torácica, infarto,
palpitações e arritmias, morte súbita decorrente de parada respiratória ou cardíaca, AVC, convulsões,
pneumotórax, comprometimento neurocognitivo, problemas de saúde bucal com doença gengival, cáries e
afta, transtornos mentais, transtorno psicótico, transtorno bipolar, transtorno depressivo, transtorno de
ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do sono induzido e disfunção sexual.
A violência e o uso de drogas: mito ou realidade?
Será verdadeira a afirmação que o uso de drogas está diretamente ligado à violência?
Sabemos que o uso de substâncias psicoativas altera as funções cerebrais e é
capaz de alterar emoções e potencializar sentimentos e comportamentos.
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A Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos) publicou, em 2020, na revista Nature Communications, um
estudo que mostra associações negativas entre ingestão de álcool e os danos à saúde e à estrutura do
cérebro em pessoas que consomem, em média, apenas uma a duas unidades diárias de bebida alcoólica.
Essa pesquisa mostrou redução de 90% nos volumes de matéria cinzenta (que interpreta os impulsos
nervosos) e também alguma redução dos sistemas profundos de matéria branca (transmissora das
informações do cérebro para o corpo) em usuários de álcool. Diversas outras regiões do cérebro são
atingidas pelo consumo de bebida alcoólica: córtex frontal, parietal e insular, regiões temporal e cingulada,
tronco cerebral e amígdala.
Saiba mais
Por outro lado, estatísticas internacionais afirmam que, em 15% a 66% dos homicídios e agressões, o
agressor, a vítima, ou ambos tinham consumido bebidas alcoólicas. A ingestão de álcool também está
presente em 13% a 50% dos casos de estupro e atentados ao pudor.
Pessoas sob efeito de álcool têm mais chances de entrarem em discussão e de quebrarem coisas de outras
pessoas, em comparação às não alcoolizadas. Os homens são mais propensos que as mulheres a entrarem
em briga quando bebem.
Um estudo da USP demonstrou que em 35% das residências brasileiras ocorre violência doméstica e,
dessas, 17% estão relacionadas com o agressor ter abusado do álcool. O mesmo estudo mostra que, dos
homens jovens que bebem, quase dois terços se envolvem em situações de agressão física, e esse risco
aumenta para mais da metade se houver também consumo de cocaína.
O abuso do álcool está associado a violência.
O uso de cocaína aumenta a atividade em áreas do córtex pré-frontal, região do cérebro associada ao
controle emocional e à tomada de decisões. Além disso, a cocaína (crack), as anfetaminas e os esteroides
também são relacionados com atitudes violentas, uma vez que podem desencadear paranoia e depressão.
Em geral, as substâncias estimulantes reduzem o senso crítico e o controle, por isso estão frequentemente
associadas a episódios violentos.
Podemos tentar entender a relação da violência com o uso de drogas de algumas maneiras. Laranjeira,
Marfiglia e Pinsky (2005) propõem três abordagens:
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Primeira abordagem
Pessoas agressivas e, que podem cometer crimes, vivem em situações socioculturais e ambientais onde
o uso pesado da droga é perdoado ou encorajado, onde há maior expectativa de aceitação da violência e
menos receio da consequência social, física ou legal, onde o índice de violência e criminalidade é maior.
Segunda abordagem
Causas internas, como a personalidade da pessoa, antecedentes familiares de abuso de drogas, fatores
genéticos, características de temperamento, pobre relacionamento com os pais, transtorno de
personalidade antissocial e circunstâncias sociais, predisporiam ao crime e ao uso de drogas.
Terceira abordagem
Propriedades psicofarmacológicas das drogas levariam a distorção cognitiva e de percepção, déficit de
atenção, privação do sono, abstinência, mal funcionamento neuropsicológico, julgamento errado de uma
situação, associação com transtorno de personalidade e mudanças neuroquímicas que estimulariam
comportamentos violentos.
Agressividade é um comportamento que nem sempre está associado com violência e está relacionado com
as capacidades de julgamento e de expressar emoções diante de um estímulo vivenciado pelo sujeito. Tudo
isso está diretamente relacionado com o funcionamento normal das áreas cerebrais responsáveis pelo
julgamento e pelas emoções.
A amígdala, presente no sistema límbico, é um estrutura cerebral muito importante
para a compreensão da agressividade, porque tem a função de regulação
emocional. A alteração da amígdala pode resultar em comportamentos agressivos.
Outras regiões do cérebro envolvidas na análise crítica e julgamento de situações com potencial desfecho
de agressividade são o córtex estriado, que regula o nível de impulsividade, o córtex orbitofrontal e o córtex
cingulado anterior (regiões do córtex pré-frontal), que processam e integram as emoções e sensações do
estímulo ao julgamento do nível de agressividade que se deve atender ao estímulo.
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Resumindo
Não podemos afirmar que todos os que usam drogas são violentos, mas existe um nível muito alto de
comportamentos violentos e até criminosos no uso crônico ou na intoxicação das drogas. A relação da
violência com o uso de drogas não é totalmente um mito e nem integralmente realidade.
A violência e o uso de drogas
Reflita agora sobre a relação da violência com o uso de drogas, abordagens e pesquisassobre o tema.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
As drogas têm três tipos de ação no sistema nervoso central e, por consequência, modificam o
comportamento do cérebro de maneiras diferentes. As drogas estimulantes em geral inibem o sono,
diminuem o cansaço e a fome, dão sensação de poder, excitação e euforia, aumentam a sensação de
prazer, bem como geram taquicardia, aumento da pressão arterial, alucinações, risco de AVC, entre
outros sintomas. São drogas classificadas como estimulantes
A ópio, crack e heroína.
B benzodiazepínicos, barbitúricos e álcool.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A classificação dessas drogas é de ação estimulante no SNC, pois aumentam a maneira como o
cérebro atua.
Questão 2
Apesar de ser uma droga lícita, o álcool é a droga que mais causa problemas de saúde física e mental
que matam os brasileiros. Entre as consequências psiquiátricas do uso do álcool, a que se caracteriza
por presença de alucinações auditivas ou visuais, sem prejuízo do nível de consciência e que pode ser
uma manifestação transitória ou evoluir para a forma crônica é
C anfetaminas, cocaína e tabaco.
D álcool, cocaína e LSD.
E heroína, ecstasy e morfina.
A a síndrome de Guillain-Barré.
B a síndrome de burnout.
C a síndrome de alucinose alcóolica.
D a síndrome Wernicke-Korsakoff.
E a síndrome de neuropatia periférica.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A alucinose alcóolica é uma consequência psicótica e às vezes irreversível do uso do álcool.
Considerações �nais
Neste estudo, pudemos perceber a evolução histórica do uso das drogas na vida do homem. Entendemos
seu contato inicial com plantas naturais, que ao serem experimentadas provocaram alterações físicas e
psíquicas agradáveis e não agradáveis, o que permitiu um entendimento de proximidade com a natureza.
Assim, seus usos místico, religioso e curandeiro foram as manifestações iniciais desse relacionamento.
Vimos que a oportunidade de usar as drogas como matéria-prima de estudos medicamentosos percorreu a
civilização humana, o que trouxe até nossos dias muitos benefícios para a saúde. No entanto, seu uso
indiscriminado e descontrolado também promoveu, e ainda promove, problemas de saúde física, clínica,
psíquica e social que afetam as sociedades como um todo.
Devemos pensar que algumas dessas drogas chegam aos meninos e meninas ainda em idade jovem e
promovem dificuldades de relacionamento e de evolução cognitiva devastadoras. No Brasil, o uso de álcool,
inalantes, maconha, cocaína e crack vitimizam jovens e adolescentes não só pelo impacto na saúde física e
mental, mas também pela associação com a violência e consequentemente com a morte prematura.
Devemos comemorar nossos ganhos públicos com as políticas de redução do tabagismo no país, mas não
podemos nos esquecer de que ainda há muito o que se fazer para que o uso cultural de determinadas
drogas traga saúde e bem-estar social.
Podcast
Ouça agora os aspectos históricos e sociais da relação do homem com as drogas ao longo da história.
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BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, 8., Coimbra, 2004. Anais [...] Coimbra: Centro de Estudos Sociais,
Universidade de Coimbra, 2004.
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um pensamento crítico sobre o assunto. Publicado no periódico Cadernos de Saúde Pública, v. 14, n. 1, p.
35-42, 1998, você pode encontrá-lo no portal SciELO.
No artigo intitulado O adolescente e o uso de drogas, de Ana Cecília Petta Roselli Marques e Marcelo S.
Cruz, os autores abordam os problemas referentes ao universo adolescente e o contato com as drogas.
Publicado no Brazilian Journal of Psychiatry, v. 22, supl. 2, p. 32-36, dez. 2000, também está disponível no
SciELO.

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