Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 1/54 Contexto histórico e sociocultural da dependência química Prof.ª Zilma Denize Bezerra Mascarenhas Descrição O contexto histórico do uso de drogas e sua inserção social e cultural na sociedade contemporânea. Propósito Conhecer os aspectos históricos da relação do homem com as drogas é essencial para o profissional de saúde mental. A inserção do uso de drogas na vida humana precisa ser entendida com os riscos sociais, físicos e psíquicos do uso inadequado e inconsequente, uma vez que as consequências trazem impacto na saúde pública. Objetivos 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 2/54 Módulo 1 História da humanidade e a sua relação com as drogas Reconhecer os aspectos históricos e sociais da relação do homem com as drogas. Módulo 2 Ideologia da contracultura e da cultura moderna e as drogas Analisar como a cultura e a contracultura impactaram o uso de drogas na sociedade. Módulo 3 Contextualização sócio-histórica do uso de drogas no Brasil Identificar a trajetória social e histórica do uso de drogas no Brasil. Módulo 4 Toxicomania, sociedade e a produção da violência Avaliar a relação da violência com o uso de drogas. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 3/54 Introdução O homem sempre se relacionou com as drogas ao longo de sua história e aprendeu a usar os efeitos das plantas com diversos propósitos. Talvez a grande dificuldade tenha sido determinar o momento em que a droga passa a ter ações perigosas e nocivas para si mesmo e para a sociedade. Para compreendermos melhor essa relação, inicialmente, estudaremos como, historicamente, o homem descobriu e usou as drogas naturais, disponíveis nas plantas ao seu redor. Em seguida, passaremos a reconhecer os movimentos de cultura e contracultura que modificaram o olhar sobre o uso de substâncias psicoativas, alterando experiências e costumes, bem como desafiando os comportamentos. Depois falaremos do contexto sociocultural das drogas no Brasil: como estamos lidando com as consequências de usos desregrados e os males físicos, emocionais e psíquicos causados pelo uso abusivo. Finalmente, abordaremos a relação entre drogas e violência, assim como os aspectos que devem ser observados para que essa relação não se torne cada vez mais uma triste realidade. 1 - História da humanidade e a sua relação com as drogas 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 4/54 Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os aspectos históricos e sociais da relação do homem com as drogas. A relação do homem e as drogas desde os primórdios Diferentemente do que muitos imaginam, o uso de drogas não é um comportamento do mundo moderno. Na verdade, a relação do homem com as drogas é antiga. O uso de produtos naturais, isto é, o consumo de plantas, como a papoula, a folha de coca, a folha de tabaco, a folha de Cannabis e os cogumelos, por exemplo, era um hábito constante, já que eram vegetais presentes no ambiente do homem desde a Antiguidade. Ainda que o primeiro encontro com quaisquer dessas plantas tenha sido acidental, depois, provavelmente, a procura por uma ou outra planta específica se deu pela vontade de experimentar os efeitos produzidos por elas, basicamente as alterações do funcionamento da consciência. Desde a Pré-história, os efeitos psicoativos das plantas eram usados pelas diferentes culturas com diversas finalidades: religiosa, mística, social, econômica, medicinal, cultural, psicológica, militar e, principalmente, na busca pelo prazer. Alguns estudiosos acreditam que a primeira droga usada pelo homem tenha sido a que provocava estado psicodélico, já que as formas retratadas nas pinturas rupestres da Pré-história indicavam a visão humana em estado alterado. As plantas psicodélicas, como os “cogumelos mágicos” ou “cogumelos sagrados”, existem há muito tempo e têm sido consumidas pelas diversas culturas ao longo da existência humana. Estudos mostram que o princípio ativo presente nos cogumelos é a psilocibina, um composto alucinógeno que altera os níveis de serotonina no cérebro e causa náuseas, vômitos, fraqueza muscular e alucinações. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 5/54 Na era dos remédios mágicos, no Egito Antigo, havia o conhecimento de uma grande quantidade de toxinas e substâncias psicoativas. Para os egípcios, as substâncias psicoativas tinham finalidades médicas e profanas. As plantas mais consumidas, tanto para fins medicinais como para fins religiosos, eram o cânhamo, a mandrágora, a datura e a papoula. Textos egípcios escritos há cerca de 3.500 anos relatam o uso de substâncias para tratamento de problemas de saúde: alho para hemorroidas, aneto para flatulência, mel para problemas respiratórios, ópio para acalmar os bebês. Atualmente se conhece os derivados do ópio como analgésicos potentes. Saiba mais Além disso, usavam mirra e olíbano (incenso) com objetivo de fazer com que as estátuas falassem entre si. Estudos mais modernos acreditam que o olíbano e a mirra eram usados para diminuir a dor, os sintomas de depressão e a ansiedade. Os egípcios conheciam e usavam o processo de fermentação das frutas pelo menos desde 3000 AEC. O ópio, extraído dos frutos da papoula, o vinho e a cerveja, especialmente a cerveja vermelha, eram as substâncias mais consumidas. Também foram encontrados jarros contendo resíduos de ópio nas tumbas egípcias, o que não surpreende, já que a papoula foi amplamente cultivada no Egito. Na considerada América Antiga, os maias representavam uma civilização muito avançada, tinham e usavam uma grande quantidade de substâncias psicotrópicas para fins religiosos de adoração por toda a América do Sul e a América Central. A ayahuasca foi desenvolvida na América Latina e era uma bebida preparada a partir das folhas de plantas sempre para fins religiosos. Xamã na amazônia equatoriana durante uma cerimônia real ayahuasca. A descrição histórica do uso de drogas relata que, na Grécia e Roma antigas, o consumo de bebidas alcóolicas estava primeiramente associado a rituais religiosos que permitiam um estado de consciência alterado, mas acabaram por se difundir nas práticas sociais, como festas, bodas, vitórias, datas específicas, jogos e todo tipo de manifestação de confraternização. A partir das conquistas políticas e territoriais desses povos, o uso de álcool também foi difundido nas outras civilizações dominadas (BARBOSA, 2011). 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 6/54 Especificamente na Grécia, antes das reuniões políticas, havia queima de incenso para que todos ficassem sobre o efeito da droga usada, que podia ser mirra. Os gregos também usavam as drogas para prazer, como o cogumelo mágico e outras drogas psicoativas, e sabiam que havia o perigo de se colocar a vida em risco. No entanto, não havia julgamento moral pelo consumo. Os romanos tomavam uma espécie de vinho à base de ópio e uma bebida de folhas de papoula para combater a insônia, e podiam comprar ópio em tabletes em alguns mercados perto do Fórum Romano. Um passeio da Idade Média até o século XX Na Idade Média (século V ao XV), a Igreja Cristã alcança ascendência, poder e hegemonia ideológica e cultural, estabelecendo normas e comportamentos considerados próprios aos cristãos. Assim, os clérigos entendem que experimentar os prazeres do corpo induzidos pelo uso das drogas não é um comportamento cristãoe se estabelece a “primeira lei antidrogas”. As drogas passam a ter conotação ruim, e o mero conhecimento dos seus efeitos psicoativos, independentemente do uso terapêutico ou recreativo, era considerado heresia. Aqueles que as usassem eram condenados por práticas de bruxaria e mortos pela Inquisição para não confrontar o poder dominante da época. O uso de substâncias psicoativas, com exceção do álcool, mais usado na forma destilada, era restrito e combatido. Mesmo com uma visão contrária às drogas, a Igreja Cristã não conseguiu acabar com o uso delas e isso se deu pelo impulsionamento financeiro advindo de sua comercialização. Com o início das grandes navegações, estabelecidas a partir do século XV e culminado com a Revolução Industrial no século XVIII, as potências europeias, principalmente Espanha e Portugal, começaram a explorar os mares e a descobrir novos mundos cheios de drogas. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 7/54 O contato com outros continentes como Ásia, África e Américas permitiu aos europeus conhecerem plantas nativas que nunca haviam sonhado. Seus efeitos psicoativos passaram a ser usados tanto como remédio como para obtenção do prazer. A Cannabis, a cocaína e o tabaco foram as primeiras plantas trazidas nos navios para a Europa e a descoberta do uso da droga fumada foi o comportamento adotado. Assim, além de chá e diversas especiarias, a Companhia das Índias Orientais, fundada pelos ingleses em 1600, trouxe para a Europa uma substância que se tornaria a principal moeda de comercialização especialmente com a China: o ópio. Em pouco tempo, os ingleses estavam vendendo toneladas de ópio para a China e o uso descontrolado provocou uma epidemia de grandes proporções sociais. Como forma de protesto, o governo chinês queimou toneladas de cargas inglesas de ópio e deu-se início à Guerra do Ópio, perdida pelo governo asiático. Na segunda metade do século XVIII, percebeu-se que o mundo tinha um grave problema consequente do uso descontrolado das drogas: os hospitais estavam cheios de usuários de álcool e ópio, onerando os cofres governamentais. As drogas alimentavam a economia e a inspiração de vários artistas, mas a liberalidade do uso levava a verdadeiros problemas sociais. Chineses em condições precárias fumando ópio. No início século XIX, a medicina começa a usar as drogas. Em 1803, pela primeira vez, foi isolado o princípio ativo de uma planta narcótica: a morfina foi retirada da papoula e seu uso para alívio da dor teve resultado quase instantâneo. Assim, as drogas produzidas em laboratório começaram a chegar ao mercado, mas o uso ainda era limitado ao conhecimento da sua eficácia. Muitas pessoas tomavam doses inadequadas e outras acabavam se viciando. A indústria do remédio patenteado descobriu a cocaína, que começou a ser usada como anestésico em cirurgias de garganta e olhos, para depressão e para aumento da produtividade no trabalho. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 8/54 No final do século 19, a maconha ou o haxixe, de diferentes formas, eram utilizados em práticas médicas sob o olhar oficial dos farmacêuticos. O declínio do uso dessas substâncias ocorre em 1932, já no século XX, depois que foram eliminadas da Farmacopeia Britânica. O consumo de ópio, álcool e tabaco alcançou grandes proporções, e as drogas passaram a ser vistas como um problema a ser enfrentado com a lei, já que o usuário era considerado fraco e sem força de vontade para interromper o uso. Pela nova legislação, só os médicos podiam indicar o uso de drogas. O século XX das drogas A Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, ocorridas no século XX, foram responsáveis pelo uso de anfetaminas, na tentativa de aumentar o rendimento dos soldados, e da morfina, para aliviar a dor dos feridos. Muitos deles, mesmo depois das guerras, habituaram-se ao uso de drogas, pela dependência e também pela busca do prazer. Nas décadas de 1950 e 1960, o fortalecimento do capitalismo no mundo ocidental exigia, dentro desse modelo econômico, mão de obra de trabalhadores rápidos, Em 1839, o médico irlandês William Brooke, professor da Escola de Medicina de Calcutá, na Índia, publicou um estudo sobre as propriedades anticonvulsivantes da maconha. Em 1890, John Russel, médico da rainha da Inglaterra, publicou, no The Lancet, um artigo sobre a experiência clínica com haxixe no tratamento de insônia, neuralgia, enxaqueca, epilepsia, entre outros distúrbios. Em 1898, uma indústria farmacêutica instituiu o uso de heroína como supressor da tosse, além de substituir o uso de morfina e começar a estabelecer o uso de medicação injetável. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 9/54 ativos e sóbrios; portanto, que não usassem drogas que impedissem esse rendimento. Nos Estados Unidos, os jovens americanos, que eram uma parcela significativa da população, não concordavam com o modelo econômico do governo, que apregoava igualdade de oportunidades e prosperidade para todos, uma vez que vivenciavam socialmente uma realidade difícil e injusta que desmontava o sonho americano propagado. Para questionar os valores da economia capitalista americana e buscar alternativas para viver, surge o movimento hippie, que definia o prazer, a sexualidade, o afeto e a religiosidade como fundamentais. As comunidades de vida alternativas pregavam a cooperação entre seus membros e usavam as expressões que marcaram a chamada juventude transviada: sexo, drogas e rock 'n' roll. Faziam uso acentuado principalmente de duas substâncias alucinógenas: maconha e LSD. O uso acentuado de maconha e LSD levaram os Estados Unidos, em 1961, a proporem uma resolução na Organização das Nações Unidas (ONU) criminalizando o uso de drogas ilícitas. Somente o tabaco e o álcool passaram a ser consideradas drogas lícitas nos EUA. Esses movimentos estudantis contra o modelo econômico instituído também atingiram a Europa, começando em Paris e ameaçando a ordem social. Os anos 1980 são marcados pela intensificação do uso de drogas psicoativas, especialmente as sintéticas, como anfetaminas e ecstasy. É quando se estabelecem os cartéis internacionais de drogas com ramificação pelo mundo todo, de maneira que o tráfico de drogas passa a exercer um forte papel na economia mundial. Já na década de 1990, observa-se o grande consumo de cocaína e seus derivados, principalmente o crack, numa visão individualista de prazer fugaz pelas experiências momentâneas da vida. Vários países do mundo lutam fortemente contra o tráfico de drogas até os dias de hoje, porque entendem que a dependência química atinge as várias classes sociais e, muitas vezes, está relacionada com doenças, incapacidades e atos delinquentes. O consumo de drogas é considerado um problema de saúde pública. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 10/54 Ao que parece, os povos mais antigos faziam uso ritual tradicional de drogas e tinham, pelo menos à princípio, a intenção de uma proximidade maior com a natureza e com experiências individuais, sem acarretar danos sociais. O uso indiscriminado e constante leva o consumo de drogas psicoativas a formas de graves problemas sociais e de saúde pública, que tomam dimensões internacionais, jurídicas e policiais a partir do que se considera expansão do estilo de vida contracultural, primeiramente nas classes médias. O uso de substâncias psicoativas mudou radicalmente na sua essência, nas finalidades e no rito de uso. A criminalização das drogas no século XX Confira agora a forma como as drogas passaram a alterar a ordem social e por consequência foram proibidas no século XX. 17/03/2023,22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 11/54 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O homem estabeleceu uma relação livre com as substâncias que retirava das plantas, algumas vezes para uso medicinal, outras para uso místico e ainda outras para uso recreacional. Essa relação mudou a partir da ascendência da Igreja Cristã, do século V ao XV. A ideia de exercer poder e hegemonia 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 12/54 ideológica e cultural faz com que a Igreja crie normas comportamentais para os cristãos. Assinale a alternativa que indica o principal motivo para a condenação da Igreja ao uso das drogas. Parabéns! A alternativa C está correta. A preocupação da Igreja naquela época não era uma confusão religiosa ou um risco para a saúde das pessoas. Seu foco era estabelecer a mudança de comportamento resultante do uso de uma droga, uma vez que os prazeres do corpo constituíam pecado segundo os dogmas da Igreja. Questão 2 A Igreja Cristã, durante a Idade Média, começou a ter poder e ascensão e passou a instituir quais deveriam ser os comportamentos dos cristãos. As ameaças de punição a quem usasse droga ou mesmo tivesse conhecimento dos seus efeitos chegavam a ser a condenação por bruxaria. Mesmo assim, não foi possível acabar com o uso das drogas, especialmente do álcool. Isto se dá porque A As pessoas podiam confundir suas crenças religiosas. B Poderia haver um domínio religioso maior que o da própria Igreja. C Não era certo para um cristão experimentar os prazeres do corpo com uso de drogas. D O uso das drogas poderia deixar o corpo vulnerável para doenças. E A pessoa corria risco de desenvolver uma doença mental. A o álcool era uma droga fácil de ser escondida. B as pessoas não acreditavam que seriam condenadas. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 13/54 Parabéns! A alternativa D está correta. A Igreja não conseguiu impedir que as drogas fossem comercializadas e esse comércio impulsionava as questões financeiras da sociedade. 2 - Ideologias da contracultura e da cultura moderna e as drogas Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar como a cultura e a contracultura impactaram o uso de drogas na sociedade. C a bruxaria já era uma prática comum e, por isso, difícil de ser controlada. D havia impulso financeiro dominante da comercialização das drogas. E houve a criação de uma lei que permitia o uso de drogas. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 14/54 Caracterização dos movimentos de contracultura Como o nome sugere, contracultura é um movimento de contestação da cultura, isto é, contestação do conjunto de saberes, técnicas, artes, religiões, hábitos e costumes que estabelecem as regras sociais de uma comunidade. A contracultura procura desafiar os padrões de comportamento que a sociedade estabeleceu e corrigir o que considera uma falha cultural, propondo novo modo de se viver e entender o mundo. A contracultura, portanto, questiona e nega a cultura de normas e padrões vigentes, com o objetivo de quebrar tabus. Por esse motivo, geralmente, os movimentos de contracultura nascem a partir do descontentamento que os jovens têm com o padrão de vida presente na sociedade em que vivem. Sua marca principal é a rebeldia contra o que consideram ser normas sociais rígidas de comportamento, religião, sexualidade, instituições sociais de família, casamento, escola, trabalho e de padrões estéticos. A ideia era lutar por liberdade para viver como quisesse, onde quisesse, sem amarras, respeitando a liberdade do outro, em que o sexo, o prazer e o uso de drogas, principalmente as alucinógenas, fossem a tônica. A justificativa para o uso de drogas, especialmente a maconha, era por considerarem haver aumento da percepção e da criatividade com o consumo, o que estimulava, por exemplo, as produções artísticas. Atenção! Devemos registrar que a ilegalidade e consequente proibição de algumas drogas já existia nos EUA: a partir de 1914, ópio e cocaína foram proibidos; em 1920, o governo instituiu a Lei Seca que proibia o uso de álcool, que só foi revogada em 1933; em 1937, a maconha, que antes podia ser prescrita, passa também a ser proibida. Um dos movimentos marcantes da contracultura foi o já mencionado movimento hippie da década de 1960, nos EUA, nascido contra a cultura capitalista margeada pelas guerras daquele período: a Guerra do Vietnã e a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 15/54 O movimento de contracultura no Brasil e no mundo O movimento hippie pregava a vida em comunidades rurais, com estilo de vida nômade e preservação ambiental. Pregavam a prática de religiões orientais, liberdade sexual, nudismo, amor livre, uso de drogas e a não violência. Eram antinacionalistas, contrários ao armamentismo e às guerras. Suas passeatas e festivais eram embalados por lemas como “paz e amor” e “faça amor, não faça guerra”. O festival mais famoso promovido pelo movimento hippie foi o Festival de Woodstock, com a participação de cerca de meio milhão de pessoas. O objetivo do festival era reunir pessoas com um mesmo ideal: a promoção da paz e da liberdade e a divulgação do rock ’n’ roll, estilo musical que virou o hino dos hippies. Símbolo da paz utilizado pelo movimento hippie. Outros movimentos ganharam força a partir dos ideais pregados na contracultura do movimento hippie, como o movimento feminista, que buscava a liberdade sexual feminina, e os movimentos negros, como as Panteras Negras, que lutavam contra a política de segregação racial. O modelo de comunidade espalhou-se pelo mundo e só perdeu sua força e popularidade a partir da década de 1970. Época em que o então presidente americano, Richard Nixon, determina a guerra às drogas usando uma frase que se tornou a marca da guerra: “O uso abusivo de drogas é o inimigo número 1 dos Estados Unidos”. Esse movimento de guerra às drogas dominou também outros países. No Brasil, os movimentos de contracultura tiveram início na década de 1960, que correspondia ao período da industrialização, e sofreram influência dos que ocorriam nos EUA. Como lá, os movimentos estudantis aconteciam para negar aspectos e comportamentos da cultura dominante. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 16/54 Associados à contracultura brasileira, a bossa nova e a MPB surgiram como voz para o movimento, que pregava a paz, a harmonia e a igualdade. O cinema novo, a cultura dos centros populares de cultura e o movimento do tropicalismo foram as formas artísticas para viabilizar a crítica à situação política e social no Brasil, que vivia sob o regime militar. Avaliando especificamente a contracultura das drogas e seu uso de forma livre, precisamos ressaltar que houve grandes malefícios para a saúde da população usuária desencadeados pela dependência química, a ponto de ser considerado um problema de saúde pública pelos governos do mundo todo. A cultura moderna das drogas O avanço do conhecimento científico permitiu que as drogas fossem sintetizadas em laboratórios e aumentasse o uso medicinal. Os barbitúricos eram amplamente consumidos para induzir o sono, mas na década de 1950 tentativas de suicídio foram relacionadas ao seu uso. Assim, a partir dos anos 1960, os benzodiazepínicos surgem como solução para aliviar as tensões da vida e o fim da insônia. Atualmente, seu uso indiscriminadose tornou um problema de saúde pública. As anfetaminas são as drogas sintéticas que têm efeito antidepressivo e inibem a fome, o sono e o cansaço. Por esse motivo, seu uso se tornou constante em regimes de emagrecimento e entre estudantes, caminhoneiros, esportistas, militares e homens de negócios. No Japão, em 1950, havia cerca de 500 mil dependentes de anfetamina, o que foi considerado uma epidemia pelo governo. Até os dias atuais, existe, muitas vezes de forma irresponsável, o seu uso como moderador de apetite. Anos 1960 Sâo marcados pelo movimento hippie, já discutido no tópico anterior, que traz o uso de drogas psicodélicas, como haxixe, maconha, LSD, cogumelos e outros tipos de alucinógenos para experiências místicas e alteração na percepção da realidade. Anos 1970 São marcados pelo uso de solventes orgânicos, tornando-se prática nos EUA e no Brasil, e os jovens passam a consumir cola de sapateiro, além da maconha. As drogas lícitas, como tabaco, álcool e os medicamentos, são mais consumidos pelos adultos. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 17/54 A partir de 1990, o consumo do crack — um derivado da cocaína, de baixo custo e com grande potencial de dependência — teve grande expansão, principalmente entre jovens com menos de 20 anos de todas as classes sociais, sobretudo das classes mais baixas. Nos dias atuais, estabeleceu-se uma cultura do consumo de drogas. O comportamento do uso engloba valores, ambientes, rituais, relacionamentos, símbolos, artefatos, música, arte, ou seja, tornou-se um estilo de vida. Segundo Ribeiro (2020), as drogas são culturalmente divididas em quatro classes: Drogas celebradas Consumo autorizado e até estimulado: álcool. Drogas toleradas Consumo autorizado, mas desencorajado: tabaco. Drogas instrumentais Consumo autorizado e controlado com indicação médica: benzodiazepínicos. Drogas proibidas Anos 1980 São marcados pela intensificação do uso de ecstasy. Anos 1990 São marcados pelo grande consumo de cocaína, tanto por via intranasal como endovenosa, motivo pelo qual a associação entre consumo de drogas e infecção pelo HIV era marcante. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 18/54 Consumo não autorizado e considerado sem utilidade: maconha, cocaína, heroína, alucinógenos. O consumo de drogas que leva à dependência química nem sempre foi considerado uma doença. Até o século XIX, era entendida como deficiência de caráter e a pessoa era culpabilizada por escolher consumir uma ou outra droga. Atenção! Atualmente entendida como uma doença, a dependência química é considerada um problema de saúde pública e perpassa por várias classes e instâncias sociais, relacionando-se com doenças e atos delinquentes. O grave impacto que as drogas causam à saúde das pessoas e o custo social desse uso levam governos de vários países a tentar ações de controle, ainda que se continue observando aumento do consumo e da dependência. A juventude é a camada da população com mais risco para o consumo de drogas, por sofrer as consequências do uso excessivo. As integridades física, mental e social dos jovens são comprometidas quando o estímulo externo e social os encorajam ao consumo. No mundo, é o uso de drogas o principal responsável pelas mortes prematuras entre os jovens. Segundo a ONU, as mortes causadas diretamente pelo uso de drogas, quer lícitas ou ilícitas, aumentaram 60% entre 2000 e 2015. As drogas derivadas do ópio causaram 76% das mortes. Dados de 2020 da UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime) indicam que 269 milhões de pessoas usaram drogas no mundo em 2018 (30% a mais que em 2009). Além disso, mais de 35 milhões de pessoas sofrem de transtornos associados ao uso de drogas. A ideia de que a socialização, o manejo do tédio e a rebeldia estão ligados ao consumo de drogas é um incentivo para o uso inadequado entre os jovens. Os governos precisam investir em prevenção do uso indiscriminado das drogas, principalmente por meio da educação em saúde. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 19/54 A cultura moderna das drogas Confira agora o uso das drogas e suas consequências na modernidade, até a identificação da dependência química como doença e problema social. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 20/54 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Na cultura atual do uso de drogas, especialmente entre os jovens, foi criada uma espécie de ritual ou estilo de vida que estabeleceu comportamentos, ambientes, artefatos, relacionamentos e símbolos. Ribeiro (2020) divide culturalmente as drogas em classes. Faça a correlação entre as afirmativas de forma correta: 1) Drogas celebradas 2) Drogas toleradas 3) Drogas instrumentais 4) Drogas proibidas ( ) Tabaco ( ) Maconha ( ) Benzodiazepínicos ( ) Álcool A 1, 2, 3, 4. B 1, 2, 4, 3. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 21/54 Parabéns! A alternativa D está correta. As drogas celebradas são aceitas e têm consumo incentivado; as toleradas, têm consumo autorizado, mas desencorajado. No caso das drogas instrumentais, seu consumo é autorizado e controlado com indicação médica. Já as drogas proibidas têm consumo não autorizado e considerado sem utilidade. Questão 2 O processo de sintetização das drogas em laboratórios permitiu que seu uso tivesse uma abordagem mais científica e terapêutica. Prescritas por médicos, avançaram no mercado para tratamento dos diversos problemas de saúde nos anos 1950 e 1960. Sobre esse assunto, analise as afirmativas a seguir. I) Os benzodiazepínicos substituíram as anfetaminas no tratamento da insônia e da ansiedade. II) As anfetaminas passaram a ser usadas por estudantes, esportistas e caminhoneiros para combater o cansaço e o sono. III) As anfetaminas foram, e ainda são, usadas em regimes de emagrecimento, muitas vezes de forma irresponsável. IV) Os benzodiazepínicos substituíram as anfetaminas no tratamento da depressão nos anos 1950. Está correto o que se afirma em C 2, 4, 1, 3. D 2, 4, 3, 1. E 4, 3, 2, 1. A I e II. B II e III. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 22/54 Parabéns! A alternativa B está correta. Para o tratamento da insônia, nos anos 1950 eram usados os barbitúricos, que foram substituídos pelos benzodiazepínicos. As anfetaminas são estimuladores do SNC e são usadas, muitas vezes erroneamente, para combater sono, cansaço e para emagrecimento. 3 - Contextualização sócio-histórica do uso de drogas no Brasil Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a trajetória social e histórica do uso de drogas no Brasil. C III e IV. D I e IV. E II e IV. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 23/54 Álcool: a droga lícita mais consumida no Brasil A seguir, vamos conversar sobre as drogas mais consumidas no Brasil segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e concluído em 2017. Em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, os indígenas já possuíam o hábito de usar o tabaco e de consumir, em suas festas e rituais, uma bebida forte chamada cauim, que era produzida a partir da mastigação da mandioca cozida pelas índias e cuspida em um caldeirão de barro, onde era fervida até a fermentação. Por considerarem o cauim “sujo”, os portuguesesimportavam a bagaceira portuguesa e o vinho do porto para seu consumo, até que aprenderam a produzir a cachaça a partir da fermentação da cana-de-açúcar. Para o historiador Câmara Cascudo, a primeira cachaça no Brasil foi destilada por volta de 1532 em São Paulo. Com o passar dos anos, os alambiques se multiplicaram e a cachaça se espalhou também por Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o que levou Portugal a se preocupar com duas coisas: a possibilidade de o consumo entre os escravos fazê-los se rebelar contra a Coroa e a queda da venda do vinho português pelo mundo. Só no século XIX, na era da economia cafeeira, a sociedade elitista brasileira passou a valorizar os produtos e hábitos europeus, e a cachaça passou a ser considerada uma bebida para os pobres e sem cultura, ainda que fosse bastante consumida no Brasil todo. Saiba mais Nas décadas de 1980 e 1990, os processos de fabricação da cachaça melhoraram de qualidade, levando, em 1996, o presidente Fernando Henrique Cardoso a legitimar a cachaça como produto tipicamente brasileiro. Apreciada em todo o mundo, é atualmente considerada uma bebida que agrada todas as classes sociais. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 24/54 De acordo com o último levantamento nacional sobre drogas, o álcool é a droga lícita mais consumida pelos brasileiros, com a seguinte ordem de preferência: cerveja, cachaça, vinho, conhaque, whisky e rum. O álcool presente nas bebidas alcoólicas é o etanol, produzido pela fermentação de frutas e grãos (cerveja e vinho) ou destilação de seus produtos (cachaça, vodca, rum). A chamada dose padrão é uma medida em gramas de álcool puro (etanol) presente nas bebidas alcóolicas. Em geral, uma dose padrão equivale a 14 gramas de álcool puro. Dessa forma, existem 14 gramas de álcool em 40ml de pinga, whisky ou vodca; 85ml de vinho ou licores; 140ml de vinho de mesa; 340ml de cerveja ou chope (uma lata) e em 600ml de cerveja (1 garrafa contém quase duas doses). A relação entre as doses ingeridas e a concentração de álcool no organismo varia de acordo com o peso da pessoa, e as mulheres são mais sensíveis aos efeitos do álcool, atingindo níveis de concentração mais altos com menores quantidades da bebida. Todos sabemos que o uso do álcool na nossa sociedade é uma prática estimulada e até esperada nas mais diversas situações, seja para comemorar uma vivência alegre ou para lamentar uma tristeza. Entretanto, o crescente consumo transforma o uso de bebidas alcóolicas em sérios e, muitas vezes, irreversíveis problemas de saúde. Em estudo recente, mais da metade da população brasileira de 12 a 65 anos declarou ter consumido bebida alcóolica alguma vez na vida. Cerca de 46 milhões (30,1%) informaram ter consumido pelo menos uma dose nos 30 dias anteriores e aproximadamente 2,3 milhões de pessoas apresentaram critérios para dependência de álcool nos 12 meses anteriores à pesquisa. Saiba mais Além dos problemas de saúde, o alcoolismo também acarreta problemas sociais graves relacionados à violência, ao abandono escolar, ao abandono de emprego, causando perdas financeiras e familiares. Álcool: a droga lícita mais consumida no Brasil 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 25/54 Confira mais detalhes sobre o uso do álcool desde a chegada dos portugueses no Brasil. Tabaco e medicamentos não prescritos Tabaco De origem americana, era cultivado pelos indígenas da América do Sul e do Norte antes de chegar ao Brasil, provavelmente por meio da migração que índios daqui faziam para os andes bolivianos. Quando os portugueses desembarcaram no Brasil, já encontraram a prática do tabaco predominantemente fumado, mas também comido, bebido, mascado e aspirado nas tribos indígenas. Para os indígenas, o tabaco era uma planta sagrada, mas os portugueses viram oportunidade de comercialização do produto nas colônias europeias, transformando-o em um dos principais produtos exportados e de moeda de troca na aquisição de africanos escravizados durante o período do Império. Plantação de tabaco. Assim, o tabaco se espalhou por vários países europeus, que, ao final do século XIX, absorviam 75% do tabaco brasileiro. O vício tornou-se generalizado. A Coroa Portuguesa criou, então, as primeiras legislações de regulamentação da atividade, incidindo taxas e impostos sobre a circulação, a indústria, a produção e o consumo do tabaco. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 26/54 Ao conquistar o mercado internacional, o tabaco brasileiro atraiu investimentos estrangeiros. Com um aumento significativo da sua produção em fins do século XX e início do XXI, o país foi o segundo maior produtor mundial de tabaco e o primeiro em exportações desde 1993. Esse é, provavelmente, um dos motivos que mantém o tabaco como droga lícita apesar de se identificar, desde a década de 1950, seu uso como fator de risco para uma série de doenças graves. Os primeiros movimentos de controle do tabagismo realizados por profissionais de saúde começaram no Brasil na década de 1970. A atuação do governo federal veio em 1985, criando um grupo para o controle do tabagismo e, em 1986, criando o Programa Nacional de Combate ao Fumo (INCA, 2012). Houve, nas últimas décadas, significativa redução da prevalência de fumantes no Brasil: 35% para 15% em 23 anos. Ainda, ocorreu uma diminuição da aceitação social do tabagismo em um espaço de 20 anos. Por outro lado, chama a atenção o aumento do uso de cigarros eletrônicos e narguilés, considerada uma forma emergente de fumo, consumidos assumidamente por um terço (33,5%) dos brasileiros pelo menos uma vez na vida. A preocupação é a falsa ilusão de que essa forma de uso do cigarro não traga problemas para a saúde, o que já é comprovado como engano. Medicamentos não prescritos Outra informação importante diz respeito ao comportamento do brasileiro no consumo de medicações não prescritas por profissionais da saúde ou utilizadas para fins distintos da recomendação médica. Dados apontam que tais medicamentos são a terceira categoria de droga lícita mais usada no Brasil. Saiba mais Quase 6 milhões de brasileiros fazem uso irregular de uma substância não prescrita em algum momento da vida, diz a última pesquisa realizada pelo Lenad. Os medicamentos foram divididos em quatro categorias. Vejamos! 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 27/54 Anabolizantes Utilizados para repor a testosterona, são também usados para aumento da massa muscular em pessoas que praticam atividades físicas: uso por 229 mil pessoas. Anfetamínicos Utilizados para emagrecimento: 2,1 milhões de pessoas. Benzodiazepínicos e hipnóticos Utilizados para diminuição da ansiedade e indução de sono: 6 milhões de pessoas. Opiáceos Utilizados para tratar dor aguda ou crônica: 4,4 milhões de pessoas. Essa é uma situação de grande preocupação não só pelo uso inadequado e, às vezes, ineficiente da automedicação, mas também pela dependência química que pode ser estabelecida com uso de alguns desses medicamentos. Maconha, inalantes, cocaína e crack Maconha Também chamada de sementes de cânhamo, foi trazida para o Brasil a partir de 1549, pelos africanos escravizados. Por isso, era conhecida como fumo-de-Angola. Seu uso foi disseminado também entre os 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 28/54 indígenas, que passaram a plantá-la e usar, à princípio, para fins medicinais e depois nas pescarias e atividades recreativas. Não havia muita preocupação com a disseminação do uso da maconha entreos índios e escravos, uma vez que o alcoolismo e o uso da maconha eram considerados vícios deselegantes. A elite branca, com seus vícios elegantes, em geral usava morfina, heroína e cocaína. A única exceção era a rainha Carlota Joaquina, que, no Brasil, tinha o hábito de beber chá de maconha. (CARLINI, 2006, p. 315) Só na segunda metade do século XIX começam a chegar no Brasil notícias de estudos franceses sobre efeitos benéficos de extratos da Cannabis, tornando seu uso aceito na classe médica para bronquite crônica, asma, insônia, dispepsias, úlceras gástricas, câncer e ansiedade. Desenvolvimento de medicamentos à base de Cannabis. Entretanto, havia também relatos de efeitos como tendência a ideias risonhas, provocar gargalhadas, marasmo e imbecilidade. Em casos mais graves, provocava franco delírio e alucinações. Na década de 1930, a repressão ao uso da maconha ganhou força em vários estados do Brasil, porque se considerava os efeitos da maconha mais perigosos que os do ópio. Já havia legislação penal para os considerados como contraventores, consumidores ou contrabandistas, com as primeiras prisões no Rio, principalmente da população negra. Comentário O imaginário social brasileiro associava o uso de maconha à pobreza e marginalidade. Só a partir da década de 1960, depois do movimento hippie, usar maconha não foi mais associado a negros, pobres e marginalizados e se tornou hábito entre as classes média e alta. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 29/54 Nas décadas de 1970 e 1980, pesquisas e publicações em revistas científicas internacionais traziam o desenvolvimento de medicamentos à base de Cannabis sativa para tratamento de náusea e vômitos causados pela quimioterapia, melhora da caquexia em doentes com HIV e alívio de algumas dores. Apenas em 2006 a Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006) tirou do usuário o estigma de criminoso e previu a possibilidade de autorização do plantio, cultura e colheita de maconha exclusivamente para fins medicinais ou científicos. Inalantes São substâncias produzidas a partir de solventes como gasolina, cola, esmaltes, tintas e acetonas, aspiradas pelo nariz ou pela boca. São a terceira droga ilícita mais consumida no Brasil. O consumo aumentou a partir das décadas de 1980 e 1990, especialmente entre os meninos e meninas em situação de rua. Cerca de 44% deles já experimentou cola de sapateiro, loló, thinner, entre outros. Entre os efeitos, podem produzir alterações alucinógenas e depressoras, além da redução da sensação de fome e frio e também da sensação de dor. Copo de plástico usado para cheirar cola. As condições de vida dos meninos em situação de rua englobam fome, frio, desamparo, dor física e psíquica decorrente de maus tratos, diversas formas de violência e privação social, inclusive da própria família. Cocaína e crack Associado ao consumo de inalantes, existe uma grande incidência do consumo de cocaína entre jovens em situação de rua. Dependendo da forma como a cocaína é consumida, os efeitos estimulantes assumem proporções diferentes. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 30/54 É comum na nossa cultura o uso da cocaína em pó, aspirada, para a manutenção do estado de alerta por mais tempo do que o suportável ou porque se deseja diminuir os efeitos do uso concomitante de uma droga depressora, como o álcool, por exemplo. Estudos realizados em São Paulo referem o uso de cocaína pelos jovens para alívio de desânimo, o que pode indicar a uma camuflagem de sintomas de depressão ou ansiedade. O crack é a cocaína produzida em formato de pedra e fumada em cachimbos improvisados. Seu uso no Brasil teve início dos anos 1990, portanto, há cerca de 30 anos. A rapidez e a intensidade de seus efeitos ocorrem pela grande absorção da cocaína existente na fumaça pelos pulmões. O consumo do crack tem se expandido e os fatores que favorecem a dependência são: efeito rápido e intenso; preço menor em comparação à cocaína em pó; fácil utilização, só precisa ter um copo para queimar a pedra; possibilidade de ser misturado ao tabaco e à maconha, por ser fumado, chamando menos atenção; socialmente mais aceitável que as drogas injetáveis, diminuindo risco de infecções. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 31/54 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O uso de cocaína tem crescido no Brasil. A forma mais usada entre os jovens é a cocaína em pó, que é aspirada e mantém o estado de alerta por mais tempo que o usual. Entre jovens em São Paulo, um estudo demonstrou que o uso da cocaína se dá para aliviar desânimo. Esse comportamento pode esconder sintomas de que quadros clínicos? A Esquizofrenia e mania. B Transtorno bipolar e fobia social. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 32/54 Parabéns! A alternativa C está correta. A cocaína é uma droga estimulante do SNC, ao usá-la o cérebro aumenta sua atividade e pode esconder sintomas depressivos e ansiosos. Questão 2 O crack é a forma em pedra da cocaína e tem se expandido entre os jovens de diferentes classes sociais no Brasil. O fato de ser fumado permite que seja misturado ao tabaco e pareça chamar menos atenção durante o uso. Alguns fatores favorecem a dependência: ( ) Tem efeito rápido e intenso. ( ) É uma droga mais barata e de fácil utilização. ( ) É aceitável socialmente quando se fuma com maconha. ( ) É mais aceitável que as drogas injetáveis. ( ) Melhora a percepção da realidade. Indique a ordem correta, considerando V para afirmativas verdadeiras e F para as falsas. C Ansiedade e depressão. D Transtorno borderline e depressão. E Ansiedade e fobia específica. A V, F, F, F, V. B V, V, F, V, F. C V, V, V, V, V. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 33/54 Parabéns! A alternativa B está correta. O crack é uma droga mais barata que a cocaína e a maconha. Seu efeito é rápido e de forma intensa e não requer muito material para uso, basta um copo que sirva como cachimbo. Ainda, não coloca em risco de doenças transmissíveis por via injetável. 4 - Toxicomania, sociedade e a produção da violência Ao �nal deste módulo, você será capaz de avaliar a relação da violência com o uso de drogas. Toxicomania e sociedade D F, F, V, F, V. E F, F, F, F, F. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 34/54 Como vimos, o consumo de drogas é um fenômeno antigo, abrangente e recorrente na sociedade, que resulta, muitas vezes, em consequências físicas, mentais e sociais. Um dos termos que nomeiam esse comportamento é a toxicomania. Etimologicamente, toxicomania deriva de duas palavras gregas: toxikon (veneno) e mania (loucura). Assim, toxicomania seria mania de consumir substâncias tóxicas. Outros termos também são usados para definir esse comportamento: drogadição e dependência química. Importante definirmos, em primeiro lugar, o que entendemos por droga: qualquer substância que não é produzida pelo organismo e tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, modificando seu funcionamento. Quando uma dessas substâncias é capaz de modificar o funcionamento cerebral e alterar o humor, a consciência, a cognição e a função cerebral, é chamada de substância psicoativa (SPA). No que se refere à ação de uma droga no sistema nervoso central (SNC), podemos ter a seguinte classificação: Aumentam a atividade do SNC. Em geral estimulam atividade física e mental, inibem o sono,diminuem cansaço e a fome, dão sensação de poder, excitação e euforia, bem como aumentam a sensação de prazer. Clinicamente pode ocorrer taquicardia, aumento da pressão arterial, insônia, ansiedade, agressividade, dilatação das pupilas, suor excessivo, sensação de medo ou pânico, irritabilidade, redução do apetite. Exemplos: tabaco, cocaína, crack e anfetaminas. Drogas estimulantes Drogas depressoras 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 35/54 Diminuem a atividade do SNC. Em geral são usadas para alívio da tensão e ansiedade. Provocam relaxamento muscular, sonolência, fala pastosa, incoordenação motora, dispneia, desinibição, euforia, perda da capacidade crítica, diminuição da atenção, da concentração e dos reflexos, sensação de anestesia e sedação. Doses altas podem promover queda da pressão arterial, bradicardia e até o coma. Uso continuado pode promover dificuldade na memória de curto prazo e, em alguns casos, são associadas a tentativas de suicídio. Exemplos: álcool, ópio, benzodiazepínicos, inalantes e solventes. Modificam o funcionamento qualitativo do cérebro, que passa a ter um funcionamento fora do normal da pessoa. As modificações mais comuns são excitação seguida de relaxamento, euforia, dificuldade de perceber tempo e espaço, fala em demasia, fome intensa, palidez, taquicardia, olhos avermelhados, pupilas dilatadas, boca seca. Há relatos de presença de alucinações visuais, delírios persecutórios, percepção deformada de sons, imagens e tato, sensação de bem-estar, plenitude e leveza, prejuízo da atenção e da memória para fatos recentes. Exemplos: maconha, LSD e alucinógenos. O consumo de uma droga não significa necessariamente uso nocivo ou dependência. O que leva a essa determinação é a relação que se estabelece com a droga, isto é, que importância determinada substância passa a ter na vida da pessoa. O uso é esporádico ou compulsivo? A dependência tem relação direta com a ativação que a droga faz do sistema de recompensa cerebral, responsável pela sensação prazerosa de um comportamento que precisa ser repetido sempre que o prazer diminui ou cessa. As drogas que mais causam dependência são os opioides, cocaína/crack, anfetaminas, álcool e nicotina. Nem sempre o uso de substâncias psicotrópicas desencadeia problemas, porque faz parte da cultura de um povo. No entanto, quando a droga é usada em busca de alcançar o inacessível, ultrapassar os próprios limites, sentir prazer, diminuir as tensões e sofrimentos, se inserir na sociedade ou mesmo obter sucesso, existe o risco de acontecer um quadro de intoxicação aguda, de se construir o caminho para problemas com o uso e mesmo de desenvolver a dependência. Drogas perturbadoras 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 36/54 Drogas lícitas: o álcool é o número um Com base no Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), publicado em 2017 no portal do Governo Federal, podemos ter acesso ao perfil dos brasileiros que usam drogas. Em relação às drogas lícitas, o estudo mapeou o uso de três drogas entre os brasileiros: álcool, tabaco e medicamentos não prescritos. Os dados considerados mais graves em relação aos padrões de uso de drogas no Brasil não estão relacionados às substâncias ilícitas, e sim ao álcool. O álcool é a droga lícita mais usada no país.Mais da metade da população brasileira (66,4%) entre 12 e 65 anos já consumiu algum tipo de bebida alcóolica pelo menos uma vez na vida. Já 43,1% informaram ter bebido no último ano e 30,1% (cerca de 46 milhões de pessoas) afirmaram ter bebido pelo menos uma dose no último mês. O problema mais preocupante, entretanto, é o binge drinking, o consumo abusivo de álcool (5 ou mais doses) em um único episódio. Cerca de 25 milhões de brasileiros (16,5%) apresentaram esse tipo de compulsão pela bebida, 24% eram homens e 9,5% eram mulheres. Outro dado grave é o número de brasileiros que apresentaram critérios para a dependência do álcool: 2,3 milhões de pessoas. Embora seja uma droga lícita e aceita em situações sociais, é o álcool a droga mais associada, de forma direta ou indireta, a problemas de saúde que causam a morte. Quais são, então, os problemas associados ao uso abusivo de álcool? Podemos elencar dois tipos de problemas: clínicos e psiquiátricos. Entre os clínicos são descritos: Doenças do fígado 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 37/54 Esteatose hepática, hepatite alcoólica, cirrose, inflamação crônica irreversível, insuficiência hepática, icterícia, propensão a sangramentos. Lesões e inflamação no esôfago e estômago, sangramentos, vômitos e sintomas de refluxo, úlceras. Taxa de mortalidade cerca de 36% mais elevada do que para a população geral. Ocorre em cerca de 10% dos alcoolistas. Deterioração do funcionamento dos nervos dos pés e das mãos, provocando dormência, formigamento e alterações de sensibilidade. Os sintomas podem melhorar com a cessação do uso. Hipertensão, aumento do colesterol nocivo (LDL) e dos triglicerídeos, alteração de plaquetas, arritmias, acidente vascular cerebral (AVC), miocardiopatia e infartos. Dificuldades no raciocínio, alteração do senso de perigo e do comportamento, insônia, má qualidade do sono, prejuízo do equilíbrio e da coordenação motora, diminuição dos reflexos, demência alcoólica. Problemas gastrointestinais Pancreatite alcóolica Neuropatia periférica Problemas cardíacos e vasculares Prejuízos cerebrais 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 38/54 Enfraquecimento e prejuízo do sistema imunológico com aumento do risco de infecções, como pneumonia e tuberculose, possibilidades de complicações de lesão ou doença preexistente. Devido à alteração do processo de mineralização óssea e ao desequilíbrio metabólico do cálcio e da produção de vitamina D. Pode ocorrer em diversas áreas: boca, esôfago, laringe, estômago, fígado, colón, reto e mama. Entre as complicações psiquiátricas do uso crônico do álcool, destacam-se: Disfunções imunológicas Osteoporose Câncer 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 39/54 Ocorre na diminuição ou cessação do uso do álcool, com tremores (mãos, língua e pálpebras), náuseas, vômitos, mal-estar ou fraqueza, taquicardia, sudorese, aumento da pressão arterial, agitação, ansiedade, alterações de humor (disforia), irritabilidade, insônia, hipotensão ortostática, convulsão. É a forma grave da SAA com rebaixamento do nível de consciência, alucinações visuais, auditivas e táteis, delírios, hiperatividade autonômica, agitação, febre e crises convulsivas. Quadro grave que pode levar à morte. Causa alucinações auditivas ou visuais, sem prejuízo do nível de consciência, que pode ser transitório ou evoluir para a forma crônica. É uma deficiência vitamínica (tiamina) que pode provocar ataxia, oftalmoplegia, nistagmo e rebaixamento do nível de consciência. Sem tratamento, evolui para um grave distúrbio da memória de fixação. Não há prejuízo da consciência. É um quadro irreversível. Síndrome de abstinência alcoólica (SAA) Delirium de abstinência alcoólica (delirium tremens) Alucinose alcoólica Síndrome Wernicke-Korsakoff 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 40/54 São transtornos do humor (26%), transtornos de ansiedade (25%), transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (33%), esquizofrenia, transtornos de personalidade antissocial e borderline, transtornos alimentares.Drogas lícitas: tabaco e medicamentos Desde os anos 2000, vários países iniciaram políticas públicas para a redução do tabagismo. Embora essas ações tenham começado no Brasil em 1988, com o Programa de Combate ao Fumo, considerado uma referência internacional, o tabaco é a segunda droga lícita mais usada no país. Mesmo com uma redução significativa do uso do tabaco em todas as faixas etárias, o Lenad mostra que 26,4 milhões de brasileiros (17,3% da população) fizeram uso de algum produto com tabaco no último ano. Os cigarros industrializados são usados por 23,4 milhões de pessoas no Brasil, mas 51 milhões já usaram esse tipo de cigarro pelo menos uma vez na vida. Os homens são os que mais fumam, de 21 milhões de pessoas que disseram ter fumado no último mês, 12 milhões são homens e quase 9 milhões são mulheres. O estudo também apontou que o grau de dependência à nicotina dos brasileiros é muito elevado. Estima-se que o tabagismo esteja relacionado a aproximadamente 50 doenças, como: derrame cerebral, infarto do miocárdio, angina, enfisema pulmonar, doenças respiratórias e câncer de cabeça e pescoço, pulmão, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, bexiga, cólon e reto e colo do útero. Curiosidade Segundo dados da OMS, o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. No Brasil, são 161.853 mortes anuais. Um fumante aumenta em 3 vezes suas chances de morte e encurta a vida em 11 anos se for Comorbidades psiquiátricas 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 41/54 mulher e 12 se for homem. O tabagismo é o terceiro fator de risco para perda de anos por incapacidade, inclusive entre os fumantes passivos que correm risco de desenvolver câncer de pulmão (30%) e doenças cardiovasculares e respiratórias (25%). Ainda, o tabagismo é responsável pelo alto custo no sistema de saúde em virtude do tratamento das doenças que provoca. O SUS tem mais de 4 mil unidades que oferecem tratamento para o tabagismo. No ano de 2020, o Brasil gastou cerca de 125 bilhões no tratamento das doenças causadas pelo cigarro. Atenção! Mesmo que esses dados pareçam desanimadores, não são: as ações intersetoriais implementadas no Brasil para o controle do tabagismo reduziram a prevalência de fumantes de 35% em 1989 para 15% em 2013, e ainda houve uma mudança da aceitação social do tabagismo, deixando de ser prática aceita, como nos anos de 1980 e 1990, para um contexto de rejeição a partir dos anos 2000. Os planos governamentais que sustentam esses programas precisam continuar favorecendo sua expansão em todo o país para que a sociedade experimente menos morbimortalidade em decorrência da prática do tabagismo. Esse é o grande desafio! Por outro lado, a automedicação, isto é, a prática de tomar remédios sem prescrição de um profissional de saúde qualificado ou utilizar uma medicação diferente da recomendação clínica, também é uma prática recorrente na população brasileira. Mas o que parece a solução para o alívio imediato de alguns sintomas muitas vezes pode ter graves consequências. Uma medicação incorreta pode agravar uma doença ou esconder sintomas importantes para o diagnóstico correto. Além de anabolizantes, anfetaminas, benzodiazepínicos e opiáceos/analgésicos, descritos anteriormente, os antiinflamatórios, relaxantes musculares, antitérmicos, descongestionantes nasais, expectorantes e antibióticos estão nas farmácias caseiras dos brasileiros, que podem tomá-los sem indicação terapêutica, em doses erradas, sem eficácia por armazenamento errado ou fora da validade e com risco de interação medicamentosa. Entre as consequências do uso inadequado de medicamentos estão: 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 42/54 Causa principal de intoxicações no país (LESSA; BOCHNER, 2008). Entre os anos de 2012 e 2013, por exemplo, o Centro de Investigação Toxicológica registrou 1.784 casos de intoxicação por medicamentos (FIOCRUZ). A medicação que “deu certo” em uma pessoa pode não ser adequada para outra. No caso do uso de opioides, benzodiazepínicos ou descongestionantes nasais, a dependência é muito comum. Pode ocorrer por uso de medicações depressoras do SNC em doses exageradas ou uso concomitante com outras que potencializam seus efeitos depressores. É provável que a grande variedade de produtos farmacêuticos, a facilidade de acesso aos remédios, a cultura, a comodidade de ter na farmácia o lugar onde se vende tudo e a variedade de informações clínicas disponíveis nas redes sociais contribuam para o comportamento nocivo e preocupante da automedicação, que impacta a vida da sociedade em geral. As drogas ilícitas no Brasil Intoxicação medicamentosa Reações alérgicas Dependência Morte 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 43/54 A droga ilícita mais usada no Brasil é a maconha: 11,7 milhões dos brasileiros de 12 a 65 anos já usaram maconha ao menos uma vez. A maioria é universitário, do sexo masculino e da Região Sudeste do país. O principal componente da maconha é o THC (tetra-hidrocanabinol), que produz o efeito psicoativo e é responsável pela sensação de leveza e relaxamento, pela modificação das atividades cerebrais e pelo prejuízo das funções cognitivas. A maconha pode ser usada de diferentes formas. Veja a seguir! Erva Pode ser usada na forma de erva (marijuana) extraída das folhas, com teor de THC de 5 a 10%. Haxixe É prensado a partir da resina da planta com maior potencial alucinógeno, por possuir 20% de THC. Óleo O óleo da Cannabis é um líquido misturado com acetona ou álcool e tem 85% de THC. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 44/54 Os efeitos variam de acordo com a quantidade usada, a forma de consumo (ingestão ou inalação) e a resistência do organismo, mas não se pode afirmar que seu uso não cause nenhum prejuízo. Os sintomas mais evidentes são: delírios e alucinações, desequilíbrio postural, diminuição da percepção de tempo e espaço, sonolência, taquicardia, vermelhidão nos olhos, sensação de boca seca, queda da acuidade visual, alterações do humor e diminuição temporária de inteligência. Com o uso continuado: sensação de desânimo, quadros alucinatórios, aumento do apetite, alterações pulmonares, diminuição do raciocínio e da concentração e diminuição da testosterona. Podem ocorrer surtos psicóticos e transtorno depressivo maior, transtorno de ansiedade, transtorno bipolar e os transtornos da personalidade antissocial, obsessivo-compulsivo e paranoide. Os adolescentes apresentam ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático, e 60% têm transtornos da conduta e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Comentário Alguns sustentam que não há comprovação de dependência química com uso da maconha, outros entendem que o aparecimento de sintomas de abstinência e tolerância caracterizam a dependência. O que se sabe, de fato, é que o uso de maconha acarreta alguns sintomas psicológicos, mentais e físicos e isso deve ser considerado no atendimento aos usuários. Outra substância presente na maconha é o canabidiol (CBD), usado em práticas terapêuticas. É depressor do SNC, não causa dependência e tem ação analgésica, anticonvulsiva, ansiolítica e anti-inflamatória. O Projeto de Lei nº 399/2015 é favorável à legalização do cultivo da Cannabis sativa para fins medicinais, científicos e industriais. Em relação aos inalantes, observamos que eles têm uso frequente na infância e adolescência pela facilidade de acesso à cola, a solventes e propelentes. Geralmente está associado com o uso de outras drogas. São rapidamente absorvidos pelo pulmão, seus efeitos são imediatos e são altamente tóxicospara diversos órgãos. Causam dependência e crise de abstinência. As alterações comportamentais ou psicológicas são significativas: beligerância, agressividade, apatia, julgamento prejudicado, euforia, tontura, nistagmo, incoordenação, fala arrastada, instabilidade de marcha, letargia, reflexos deprimidos, retardo psicomotor, tremor, fraqueza muscular generalizada, visão borrada ou diplopia, estupor ou coma. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 45/54 Jovem inalando cola. Pode haver ocorrência de transtornos psiquiátricos: transtorno da conduta na adolescência, transtorno psicótico, transtorno depressivo, transtorno de ansiedade, transtorno neurocognitivo, ideação suicida e tentativas de suicídio associados ao uso de inalantes. A cocaína é a segunda droga ilícita mais usada no Brasil, 4,6 milhões de pessoas já experimentaram, 1,3 milhão consumiram no último ano e 461 mil no último mês. Essa droga tem ação estimulante no SNC. No uso aspirado (pó de cocaína), o início dos efeitos mentais ocorre em 15 minutos e duram 30 minutos; no fumado (crack) e no endovenoso (merla), os efeitos atingem o cérebro em 15 segundos, desaparecendo em 15 minutos, o que leva à repetição do uso. O número de usuários de crack hoje no Brasil é 1,3 milhão, com 451 mil referindo uso no último ano e 172 mil no último mês, segundo o Lenad. A idade média para início do uso da droga é 13 anos. O uso é mais presente na população marginalizada, que já vive ou passa a viver em situação de rua. As consequências do uso da cocaína podem variar de acordo com a forma de uso. Confira! Uso intranasal As consequências são sinusite, irritação, sangramento da mucosa nasal e perfuração do septo. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 46/54 Uso fumado As consequências são problemas respiratórios (tosse, bronquite, infecções pulmonares e pneumonite). Uso injetável As consequências pode ser infecção por HIV, ISTs, hepatite etc. Outras complicações do uso da cocaína são tuberculose, perda de peso, desnutrição, dor torácica, infarto, palpitações e arritmias, morte súbita decorrente de parada respiratória ou cardíaca, AVC, convulsões, pneumotórax, comprometimento neurocognitivo, problemas de saúde bucal com doença gengival, cáries e afta, transtornos mentais, transtorno psicótico, transtorno bipolar, transtorno depressivo, transtorno de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do sono induzido e disfunção sexual. A violência e o uso de drogas: mito ou realidade? Será verdadeira a afirmação que o uso de drogas está diretamente ligado à violência? Sabemos que o uso de substâncias psicoativas altera as funções cerebrais e é capaz de alterar emoções e potencializar sentimentos e comportamentos. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 47/54 A Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos) publicou, em 2020, na revista Nature Communications, um estudo que mostra associações negativas entre ingestão de álcool e os danos à saúde e à estrutura do cérebro em pessoas que consomem, em média, apenas uma a duas unidades diárias de bebida alcoólica. Essa pesquisa mostrou redução de 90% nos volumes de matéria cinzenta (que interpreta os impulsos nervosos) e também alguma redução dos sistemas profundos de matéria branca (transmissora das informações do cérebro para o corpo) em usuários de álcool. Diversas outras regiões do cérebro são atingidas pelo consumo de bebida alcoólica: córtex frontal, parietal e insular, regiões temporal e cingulada, tronco cerebral e amígdala. Saiba mais Por outro lado, estatísticas internacionais afirmam que, em 15% a 66% dos homicídios e agressões, o agressor, a vítima, ou ambos tinham consumido bebidas alcoólicas. A ingestão de álcool também está presente em 13% a 50% dos casos de estupro e atentados ao pudor. Pessoas sob efeito de álcool têm mais chances de entrarem em discussão e de quebrarem coisas de outras pessoas, em comparação às não alcoolizadas. Os homens são mais propensos que as mulheres a entrarem em briga quando bebem. Um estudo da USP demonstrou que em 35% das residências brasileiras ocorre violência doméstica e, dessas, 17% estão relacionadas com o agressor ter abusado do álcool. O mesmo estudo mostra que, dos homens jovens que bebem, quase dois terços se envolvem em situações de agressão física, e esse risco aumenta para mais da metade se houver também consumo de cocaína. O abuso do álcool está associado a violência. O uso de cocaína aumenta a atividade em áreas do córtex pré-frontal, região do cérebro associada ao controle emocional e à tomada de decisões. Além disso, a cocaína (crack), as anfetaminas e os esteroides também são relacionados com atitudes violentas, uma vez que podem desencadear paranoia e depressão. Em geral, as substâncias estimulantes reduzem o senso crítico e o controle, por isso estão frequentemente associadas a episódios violentos. Podemos tentar entender a relação da violência com o uso de drogas de algumas maneiras. Laranjeira, Marfiglia e Pinsky (2005) propõem três abordagens: 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 48/54 Primeira abordagem Pessoas agressivas e, que podem cometer crimes, vivem em situações socioculturais e ambientais onde o uso pesado da droga é perdoado ou encorajado, onde há maior expectativa de aceitação da violência e menos receio da consequência social, física ou legal, onde o índice de violência e criminalidade é maior. Segunda abordagem Causas internas, como a personalidade da pessoa, antecedentes familiares de abuso de drogas, fatores genéticos, características de temperamento, pobre relacionamento com os pais, transtorno de personalidade antissocial e circunstâncias sociais, predisporiam ao crime e ao uso de drogas. Terceira abordagem Propriedades psicofarmacológicas das drogas levariam a distorção cognitiva e de percepção, déficit de atenção, privação do sono, abstinência, mal funcionamento neuropsicológico, julgamento errado de uma situação, associação com transtorno de personalidade e mudanças neuroquímicas que estimulariam comportamentos violentos. Agressividade é um comportamento que nem sempre está associado com violência e está relacionado com as capacidades de julgamento e de expressar emoções diante de um estímulo vivenciado pelo sujeito. Tudo isso está diretamente relacionado com o funcionamento normal das áreas cerebrais responsáveis pelo julgamento e pelas emoções. A amígdala, presente no sistema límbico, é um estrutura cerebral muito importante para a compreensão da agressividade, porque tem a função de regulação emocional. A alteração da amígdala pode resultar em comportamentos agressivos. Outras regiões do cérebro envolvidas na análise crítica e julgamento de situações com potencial desfecho de agressividade são o córtex estriado, que regula o nível de impulsividade, o córtex orbitofrontal e o córtex cingulado anterior (regiões do córtex pré-frontal), que processam e integram as emoções e sensações do estímulo ao julgamento do nível de agressividade que se deve atender ao estímulo. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 49/54 Resumindo Não podemos afirmar que todos os que usam drogas são violentos, mas existe um nível muito alto de comportamentos violentos e até criminosos no uso crônico ou na intoxicação das drogas. A relação da violência com o uso de drogas não é totalmente um mito e nem integralmente realidade. A violência e o uso de drogas Reflita agora sobre a relação da violência com o uso de drogas, abordagens e pesquisassobre o tema. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 50/54 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 As drogas têm três tipos de ação no sistema nervoso central e, por consequência, modificam o comportamento do cérebro de maneiras diferentes. As drogas estimulantes em geral inibem o sono, diminuem o cansaço e a fome, dão sensação de poder, excitação e euforia, aumentam a sensação de prazer, bem como geram taquicardia, aumento da pressão arterial, alucinações, risco de AVC, entre outros sintomas. São drogas classificadas como estimulantes A ópio, crack e heroína. B benzodiazepínicos, barbitúricos e álcool. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 51/54 Parabéns! A alternativa C está correta. A classificação dessas drogas é de ação estimulante no SNC, pois aumentam a maneira como o cérebro atua. Questão 2 Apesar de ser uma droga lícita, o álcool é a droga que mais causa problemas de saúde física e mental que matam os brasileiros. Entre as consequências psiquiátricas do uso do álcool, a que se caracteriza por presença de alucinações auditivas ou visuais, sem prejuízo do nível de consciência e que pode ser uma manifestação transitória ou evoluir para a forma crônica é C anfetaminas, cocaína e tabaco. D álcool, cocaína e LSD. E heroína, ecstasy e morfina. A a síndrome de Guillain-Barré. B a síndrome de burnout. C a síndrome de alucinose alcóolica. D a síndrome Wernicke-Korsakoff. E a síndrome de neuropatia periférica. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 52/54 Parabéns! A alternativa C está correta. A alucinose alcóolica é uma consequência psicótica e às vezes irreversível do uso do álcool. Considerações �nais Neste estudo, pudemos perceber a evolução histórica do uso das drogas na vida do homem. Entendemos seu contato inicial com plantas naturais, que ao serem experimentadas provocaram alterações físicas e psíquicas agradáveis e não agradáveis, o que permitiu um entendimento de proximidade com a natureza. Assim, seus usos místico, religioso e curandeiro foram as manifestações iniciais desse relacionamento. Vimos que a oportunidade de usar as drogas como matéria-prima de estudos medicamentosos percorreu a civilização humana, o que trouxe até nossos dias muitos benefícios para a saúde. No entanto, seu uso indiscriminado e descontrolado também promoveu, e ainda promove, problemas de saúde física, clínica, psíquica e social que afetam as sociedades como um todo. Devemos pensar que algumas dessas drogas chegam aos meninos e meninas ainda em idade jovem e promovem dificuldades de relacionamento e de evolução cognitiva devastadoras. No Brasil, o uso de álcool, inalantes, maconha, cocaína e crack vitimizam jovens e adolescentes não só pelo impacto na saúde física e mental, mas também pela associação com a violência e consequentemente com a morte prematura. Devemos comemorar nossos ganhos públicos com as políticas de redução do tabagismo no país, mas não podemos nos esquecer de que ainda há muito o que se fazer para que o uso cultural de determinadas drogas traga saúde e bem-estar social. Podcast Ouça agora os aspectos históricos e sociais da relação do homem com as drogas ao longo da história. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 53/54 Referências ALVARENGA, P. G. de; ANDRADE, A. G.; NEGRÃO, A. B. Transtornos relacionados ao uso de drogas psicoativas. In: ALVARENGA, P. G. de; ANDRADE, A. G. Fundamentos em Psiquiatria. São Paulo: Manole, 2008. ARAÚJO, M. R.; MOREIRA, F. G. Histórias das drogas. In: SILVEIRA, D. X.; MOREIRA, F. G. Panorama atual de drogas e dependências. São Paulo: Atheneu, 2006. p. 9-14. BARBOSA, J. L. Visão histórica e contextualizada do uso de drogas. In: MELO, M. T. de (org). Prevenção à dependência química. Palmas: Unitins, 2011. BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. Automedicação. BVMS, 2012. Consultado na internet em: 2 set. 2022. (Série Dicas em Saúde). CARLINI, E. A. A história da maconha no Brasil. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 55, n. 4, p. 314-317, 2006. CARVALHO, C. Contracultura, drogas e mídia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 25., Salvador, 2002. Anais [...]. Salvador: INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2002. DUARTE, P. do C. A. V.; FORMIGONI, M. L. O. de. S. (org.). O uso de substâncias psicoativas no Brasil: módulo 1. 11. ed. Brasília, DF: Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, 2017. (SUPERA: Sistema para detecção do uso abusivo e dependência de substâncias psicoativas: encaminhamento, intervenção breve, reinserção social e acompanhamento) INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. INCA. Custos atribuíveis ao tabagismo. Inca, 26 ago. 2022. Consultado na internet em: 2 set. 2022. JESUS, E. S. de. Governo alerta para o uso indevido de medicamentos. Entrevista. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, 2014. Consultado na internet em: 2 set. 2022. LARANJEIRA, R.; MARFIGLIA, S.; PINSKY, D. Álcool e violência: a psiquiatria e a saúde pública. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 27, n. 3, p. 176-177, 2005. 17/03/2023, 22:03 Contexto histórico e sociocultural da dependência química https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04507/index.html# 54/54 LESSA, M. de A.; BOCHNER, R. Análise das internações hospitalares de crianças menores de um ano relacionadas a intoxicação e efeitos adversos de medicamentos no Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 11, n. 4, p. 660-674, 2008. NEVES, E. A. S.; SEGATTO, M. L. Drogas lícitas e ilícitas: uma temática contemporânea. Revista da Católica, v. 2, n. 4, 2010. PORTES, L. H. et al. A Política de Controle do Tabaco no Brasil: um balanço de 30 anos. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, n. 6, p. 1837-1848, jun. 2018. RIBEIRO, M. A cultura do consumo de substâncias psicoativas. [S. l.: s. n.], 2020. TOSCANO JUNIOR, A. Um breve histórico sobre o uso de drogas. In: SEIBEL, S.; TOSCANO JUNIOR, A. (ed.). Dependência de drogas. São Paulo: Atheneu, 2001. p. 7-23 VELHO, G. Violência e conflito nas grandes cidades contemporâneas. In: CONGRESSO LUSO-AFRO- BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, 8., Coimbra, 2004. Anais [...] Coimbra: Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra, 2004. Explore + Confira as indicações que separamos para você! Pesquise o artigo A complexidade das relações entre drogas, álcool e violência, de Maria Cecília de Souza Minayo e Suely Ferreira Deslandes, e veja como as autoras tratam a relação entre drogas e violência e forme um pensamento crítico sobre o assunto. Publicado no periódico Cadernos de Saúde Pública, v. 14, n. 1, p. 35-42, 1998, você pode encontrá-lo no portal SciELO. No artigo intitulado O adolescente e o uso de drogas, de Ana Cecília Petta Roselli Marques e Marcelo S. Cruz, os autores abordam os problemas referentes ao universo adolescente e o contato com as drogas. Publicado no Brazilian Journal of Psychiatry, v. 22, supl. 2, p. 32-36, dez. 2000, também está disponível no SciELO.
Compartilhar