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Hanseníase - APG 29

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APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período 
HANSENÍASE 
Consiste em uma doença infecciosa insidiosa e 
progressiva causada pelo bacilo álcool-ácido 
resistente da espécie Mycobacterium leprae. 
Acomete a pele, o sistema nervoso periférico e os 
o lhos, podendo evolu i r para neuropat ia e 
incapacidades funcionais. 
No Brasil, anteriormente a doença era denominada 
lepra. 
A hanseníase é doença de notificação compulsória 
em todo o território nacional e de investigação 
obrigatória. 
Podemos classificar a doença em hanseníase 
paucibacilar, com poucos ou nenhum bacilo nos 
exames, ou multibacilar, com muitos bacilos. A forma 
multibacilar não tratada possui potencial de 
transmissão. 
Fisiopatologia 
M. leprae apresenta melhor crescimento em regiões 
anatômicas com temperaturas entre 27-33°C (pele, 
segmentos nervosos superficiais próximos à pele e 
membranas mucosas do trato respiratório superior). 
É reconhecido o desenvolvimento de granulomas por 
reação de hipersensibilidade do tipo IV em células de 
Schwann (resultando em desmielinização dos nervos 
periféricos), endotélio e sistema monocitário.
Pode haver acometimento de órgãos internos, como 
mucosas, testículos, ossos, baço, fígado, etc. Na 
ausência de tratamento da apresentação clínica inicial 
(paucibacilar), a doença tende a evoluir para a forma 
multibacilar e torna-se transmissível.
- A evolução ocorre de forma lenta e progressiva, 
podendo resultar em incapacidades físicas. 
Indivíduos de qualquer sexo ou idade, inclusive 
crianças e idosos, estão suscetíveis. 
Considera-se, porém, que a maioria da população 
apresente imunidade natural contra o patógeno. 
Reconhece-se que a suscetibilidade a M. leprae tem 
influência genética.
Apesar de a forma de transmissão não ser totalmente 
conhecida, sendo sugerida por via descarga nasal em 
pacientes com a forma multibacilar não tratados 
(gotículas emitidas pelas vias áreas superiores), 
considera-se que a doença não é altamente 
contagiosa.
Obs: Os doentes pauc ibac i la res não são 
considerados importante fonte de transmissão. Não 
há transmissão pelos objetos utilizados pelo paciente. 
A partir da colonização/invasão do novo hospedeiro 
em trato respiratório superior, ocorre a disseminação 
através de pele ou mucosa não íntegra.
O contato com tatus da espécie Dasypus 
novemcinctus (manuseio, morte ou alimentação) tem 
sido descrito como outra via de transmissão. Já foi 
descrita sua presença em primatas de diferentes 
espécies. O período de incubação é em torno de 2-7 
anos, com possibilidade de períodos curtos (7 meses) 
a longos (10 anos).
Manifestações clínicas 
A hanseníase pode se apresentar com manchas mais 
claras, vermelhas ou mais escuras, que são pouco 
visíveis e com limites imprecisos, com alteração da 
sensibilidade no local associado à perda de pelos e 
ausência de transpiração. Quando o nervo de uma 
área é afetado, surgem dormência, perda de tônus 
m u s c u l a r e r e t r a ç õ e s d o s d e d o s , c o m 
desenvolvimento de incapacidades físicas. Nas fases 
agudas, podem aparecer caroços e/ou inchaços nas 
partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos, 
cotovelos e pés.
Classificação da Hanseníase 
a) Paubacilar: poucos bacilos 
- Hanseníase indeterminada: estágio inicial da 
doença, com um número de até cinco manchas de 
contornos mal definidos e sem comprometimento 
neural. 
- Hanseníase tuberculoide: manchas ou placas de 
até cinco lesões, bem definidas, com um nervo 
compromet ido. Podendo ocor rer neur i te 
(inflamação do nervo).
b) Multibacilar: muitos bacilos 
- Hanseníase borderline ou dimorfa: manchas e 
placas, acima de cinco lesões, com bordos bem ou 
pouco definidos, com comprometimento de dois 
ou mais nervos, e ocorrência de quadros reacionais 
com maior frequência. 
- Hanseníase virchowiana: forma mais disseminada 
da doença. Há dificuldade para separar a pele 
normal da danificada, podendo comprometer nariz, 
rins e órgãos reprodutivos masculinos. Pode haver 
a ocorrência de neurite e eritema nodoso (nódulos 
dolorosos) na pele.
APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período 
Os principais sinais e sintomas consistem em:
- Máculas h ipocrômicas, acastanhadas ou 
avermelhadas, com alterações de sensibilidade ao 
calor e/ou ao tato e/ou dolorosas;
- Hipoestesias, choques e câimbras nos braços e 
pernas, que evoluem para dormência, com 
possíveis lesões locais sem percepção do 
paciente;
- Pápulas, tubérculos e nódulos (caroços), 
normalmente sem sintomas;
- Queda ou diminuição de pelos, localizada ou 
d i fusa, espec ia lmente nas sobrance lhas 
(madarose);
- Hiperemia de pele com diminuição ou ausência de 
suor no local.
Outras manifestações possíveis:
- Dor associada a choque e/ou espessamento de 
nervos periféricos;
- Redução e/ou perda de sensibilidade nas áreas 
dos nervos afetados;
- Redução e/ou perda de força nos músculos 
inervados por esses nervos, mais frequentemente 
em membros superiores e inferiores, e, por vezes, 
pálpebras;
- Edema de ext remidades com c ianose e 
ressecamento da pele;
- Febre e/ou artralgia, associados a nódulos 
dolorosos, de aparecimento súbito;
- Máculas com alteração na sensibi l idade, 
associadas à dor nos nervos ulnares, fibulares 
comuns e tibiais posteriores;
- Congestão, feridas e ressecamento do nariz;
- Ressecamento nos olhos.
Diagnóstico 
O diagnóstico é estabelecido com base nas 
m a n i f e s t a ç õ e s c l í n i c a s e c a r a c t e r í s t i c a s 
epidemiológicas. O exame físico deve incluir o exame 
dermatoneurológico (teste de sensibilidade térmica, 
dolorosa e tátil) e avaliação da sudorese.
Para verificar a integridade da função neural, 
recomenda-se a utilização do formulário de avaliação 
neurológica simplificada. 
O exame neurológico compreende a inspeção, 
palpação / percussão e avaliação funcional 
(sensibilidade e força muscular) dos nervos. A partir 
dele pode-se classificar o grau de incapacidade 
física. 
A avaliação neurológica deverá ser realizada nos 
seguintes casos:
- No início do tratamento;
- A cada 3 meses durante o tratamento, se não 
houver queixas;
- Sempre que houver queixas, tais como: dor em 
trajeto de nervos, fraqueza muscular, início ou piora 
de queixas parestésicas;
- No controle periódico de doentes em uso de 
corticoides, em estados reacionais e neurites;
- Na alta do tratamento;
- No acompanhamento pós-opera tór io de 
descompressão neural com 15, 45, 90 e 180 dias.
Obs: Todos os doentes devem ter o grau de 
incapacidade física e o escore olhos, mãos e pés 
(OMP) avaliado, no mínimo, no momento do 
diagnóstico e da cura, comparando as duas 
classificações e no pós-alta, a fim de comparar a 
avaliação com a classificação no momento da alta da 
poliquimioterapia.
Exames de rotina: Biópsia de pele (lesões 
hansênicas), seguida de baciloscopia (colher material 
de raspado dérmico dos lobos auriculares, cotovelos 
e da lesão). A baciloscopia negativa não afasta o 
diagnóstico da hanseníase.
Outros exames: Pode-se utilizar também a prova da 
histamina (endógena ou exógena), teste de Mitsuda (é 
uma intradermoreação de leitura tardia - 28 dias - 
indica resposta celular) e sorologia para anti-PGL1 
(IgM e IgG, indicando resposta humoral). 
Classificação da OMS: Para cenários em que há 
déficit de experiência clínica ou suporte laboratorial, 
essa classificação é baseada no número de lesões de 
pele:
- Multibacilar: ≥ 6 lesões de pele e pode apresentar 
bacilos detectáveis em esfregaços de pele;
- Paucibacilar: ≤ 5 lesões de pele sem detecção de 
bacilos em esfregaços de pele;
- Paciente com lesão única.
Em regiões endêmicas, o diagnóstico clínico é 
suficiente.
Obs: O resultado positivo de uma baciloscopia 
classificao caso como MB. O resultado negativo não 
exclui, porém, o diagnóstico clínico da hanseníase 
nem classifica o doente obrigatoriamente como PB.
Tratamento 
O tratamento para hanseníase que consiste em PQT – 
contendo Rifampicina, Clofazimina e Dapsona – é 
padronizado pela OMS, com acompanhamento 
ambulatorial para identificar e tratar possíveis 
intercorrências e complicações da doença e a 
prevenção e tratamento de incapacidades físicas. A 
medicação é fornecida gratuitamente pelo SUS.
Na tomada mensal de medicamentos e recebimento 
das cartelas dos antimicrobianos diários, deve ser 
feita a avaliação do paciente quanto à evolução das 
lesões de pele, comprometimento neural e estados 
reacionais.
APG - SOI III Bianca Cardoso - Medicina 3 o Período 
Após atualização em nota técnica pelo Ministério da 
Saúde, a PQT foi padronizada e igual para ambas as 
classificações (pauci ou multibacilar) variando apenas 
o tempo de tratamento.
A dose dos medicamentos é ajustada para crianças 
de acordo com a idade. Se houver intolerância 
med icamentosa , são ind icados esquemas 
alternativos. A gravidez e o aleitamento materno não 
contraindicam a PQT.
REFERÊNCIAS: 
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