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02/05/2023, 09:13 Livro: UNIDADE 2
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Livro: UNIDADE 2
Site: ESKADA | Cursos Abertos da UEMA
Curso: Conceitos em Biodiversidade
Livro: Livro: UNIDADE 2
Impresso por: Esthalin Moreira da Silva de Souza
Data: terça, 2 mai 2023, 09:13
https://eskadauema.com/
02/05/2023, 09:13 Livro: UNIDADE 2
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Índice
1. AULA 1: O valor da Biodiversidade
2. AULA 2: O que são Serviços Ambientais?
3. AULA 3: Pagamentos por Serviços Ambientais
4. AULA 4: Perda da Biodiversidade
02/05/2023, 09:13 Livro: UNIDADE 2
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1. AULA 1: O valor da Biodiversidade
2.1 O valor da Biodiversidade
Segundo FARBER et al., (2002), “valor” é a capacidade que determinada ação, bem ou serviço pode contribuir para uma pessoa
alcançar seu objetivo ou satisfação. É um processo, pelo qual são pesados os prós e os contras que determinada escolha pode gerar
em benefício do indivíduo.
Neste contexto, o ser humano atribui valor para a biodiversidade baseado nos benefícios que esta lhe concede tais como a
manutenção da vida no planeta, da sociedade humana e na sustentação das diferentes formas de vida que o homem possui.
A Convenção da Diversidade Biológica reconhece o valor intrínseco da diversidade biológica e dos valores ecológicos, genéticos,
sociais, econômicos, científicos, educacionais, culturais, recreativos e estéticos da diversidade biológica e de seus componentes.
Os valores que o homem atribuiu à biodiversidade podem ser agrupadas em três diferentes tipos: valores intrínsecos, valores de uso e
valores de não-uso.
Os valores intrínsecos correspondem ao valor que os ecossistemas possuem por si só e independe da satisfação do homem.
Esses valores não podem ser absorvidos pelo sistema monetário, eles são baseados em valores teológicos ou éticos. Os valores de
não-uso são os valores atribuídos pelo homem para a existência e sobrevivência da biodiversidade. Por exemplo, o quanto uma
pessoa está disposta a pagar para que uma espécie seja protegida em seu habitat natural, mesmo que nunca veja pessoalmente a
espécie. Os valores de uso podem ser divididos em três: uso direto, indireto e de opção.
Os valores de uso direto são aqueles que usufruirmos diretamente dos ecossistemas, como a extração de madeira, alimento e etc.
Os valores de uso indireto são os benefícios que a biodiversidade nos fornece de forma indireta como o sequestro de carbono,
ciclagem de nutrientes, polinização etc., os valores de opção estão relacionados ao valor que futuramente a biodiversidade pode
fornecer, por exemplo, um princípio ativo de um determinado medicamento que ainda não foi descoberto, mas está disponível no
ecossistema para um uso futuro (Tabela 1) (BARBIERI, 2010; MOTOKONE et al., 2010; GUEDES & SEEHUSEN, 2011).
Para uma boa parte dos benefícios produzidos pela biodiversidade, como os de uso indireto, não existia um valor econômico atribuído
a ele, ou seja, é como se não nos custasse nada. Você já pensou se tivesse que pagar pelo m3 do ar que respira? Ou se toda verdura e
fruta que você comprasse na feira tivesse no valor de compra a polinização realizada pelos insetos? Utilizamos esses benefícios com a
percepção de que é “de graça”, como se fosse obrigação da biodiversidade nos fornecer.
Vamos ilustrar com um exemplo hipotético trazido por Azevedo (2008), onde dois irmãos herdariam uma terra com aproximadamente
10.000 hectares. O primeiro decide preservar a área de floresta herdada, sem alterar o ecossistema nela existente. O segundo irmão
decide obter o maior lucro possível para si, explorando ao máximo o ecossistema. Dessa forma, ele vende as árvores para uma
madeireira, vende os direitos de uso do solo e subsolo para exploração mineral. Esgotados esses recursos, ele utiliza a área para
depósito de dejetos de produção de empresas. Esgotada também essa possibilidade, ele constrói na área um grande complexo
industrial e comercial.
Do ponto de vista da sociedade capitalista em que vivemos, o primeiro irmão é visto como um sonhador e lunático, e o segundo irmão
é visto como exemplo a ser seguido, gerando riqueza e empregos. O que não se percebe, são os custos ecológicos que essa produção
gerou, geralmente (melhor dizendo, quase sempre) eles não entram na conta do proprietário nos lucros, esses custos ambientais são
externalizados, sendo pago por toda sociedade, incluindo as gerações futuras.
No esforço de mudar essa lógica de pensamento e demonstrar que a biodiversidade é fornecedora de recursos e serviços
insubstituíveis e vitais, surgiu uma corrente de pensamento econômico que vem ganhando força cada dia mais: Economia Ecológica.
Também conhecida como economia verde, essa corrente estabelece que os avanços científicos e tecnológicos são importantes para a
sociedade, mas não devem ultrapassar os limites dos ecossistemas. Está baseada na relação entre economia, sociedade e manutenção
do meio ambiente de forma sustentável (Figura 1).
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Na visão da Economia Ecológica, os custos e as estimativas de perdas irreversíveis da biodiversidade e de seus recursos relacionados
devem ser computados. Foi nessa perspectiva, que em 2007 iniciou-se um projeto para a valoração da diversidade biológica e dos
ecossistemas – o estudo “Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade”, conhecido como Relatório Teeb (The Economics of
Ecosystems and Biodiversity). Este trabalho reuniu pesquisadores das áreas de Ciência, Economia e Política, conduzido pelas Nações
Unidas. O relatório de 2009 calculou que o valor total da biodiversidade e de seus serviços é de US$ 33 trilhões por ano, o dobro do
valor da economia mundial. Observe:
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2. AULA 2: O que são Serviços Ambientais?
2.2 O que são Serviços Ambientais?
Os serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos são bens e serviços providos pelo ambiente que contribuem direta ou
indiretamente para o bem estar humano. Segundo o Millennium Ecosystem Assessment (MA) – Avaliação Ecossistêmica do Milênio,
os serviços ambientais estão divididos em quatro categorias:
1. Serviços de Provisão – são aqueles bens e serviços que suprem as necessidades básicas da vida, como alimento (frutos, pescado,
caça), energia (lenha, carvão),  bras (madeira), água etc;
2. Serviços de Regulação – são os benefícios obtidos pelos processos naturais que regulam as condições ambientais que sustentam
a vida, como a puri cação do ar e regulação do clima;
3. Serviços de Suporte – são os processos naturais que dão suporte para outros serviços ecossistêmicos, como a polinização, a
ciclagem de nutrientes e a formação do solo;
4. Serviços Culturais – são os benefícios não materiais fornecidos para as pessoas relacionadas com lazer, espiritualidade, educação
etc.
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3. AULA 3: Pagamentos por Serviços Ambientais
2.3 Pagamentos por Serviços Ambientais
Você já ouviu falar em Pagamentos por Serviços Ambientais? Também conhecido como PSA, pode ser definido como:
[...] uma transação voluntária, na qual um serviço ambiental bem definido, ou um uso da terra que possa assegurar este
serviço, é adquirido por, pelo menos, um comprador de no mínimo, um provedor, sob a condição de que ele garanta a
provisão do serviço (condicionalidade) (Wunder, 2005, p. 3).
PSA é um instrumento econômico gerado com a finalidade de incentivar ações de proteção, manejo e uso sustentável dos recursos
naturais. A ideia é recompensar, com dinheiro, aqueles que preservam os recursos naturais ou incentivar outros a fazerem o mesmo,
que sem o incentivo não participariam (Figura 3). Podem receber o incentivo, o poder público, empresas, ou o próprio cidadão quecede os direitos da área preservada. Devido ser baseado em um sistema de recompensa, esse instrumento é muito discutido na
sociedade atual (GUEDES & SEEHUSEN, 2011).
Os PSA podem ser divididos em duas categorias: pagamento e compensação. A primeira categoria envolve moradores locais,
que recebem o pagamento para atuarem como Agentes Ambientais Voluntários, para um serviço de manutenção, sensibilização e
fiscalização dos recursos naturais da região onde vivem. A segunda categoria, refere-se a uma compensação pela perda de
remuneração em decorrência ao respeito às regras de manejo e/ou de proteção dentro da Unidade de Conservação.
Exemplos de PSA:
 Sequestro de carbono – uma indústria que não consegue diminuir a sua emissão de carbono, pode pagar para uma
comunidade manter sua área florestal preservada (Figura 4);
 Proteção da Biodiversidade – o governo pode pagar para os agricultores que mantiverem determinada porcentagem de
sua propriedade com mata nativa ou em regeneração, sem desmatar;
 Manutenção da Paisagem – uma empresa de turismo pode pagar para uma comunidade preservar determinada área utilizada para
turismo, evitando a caça, queimada e poluição.
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A rede WWF (World Wide Fund for Nature) realizou um estudo estabelecendo preços para alguns serviços ambientais.
Retiramos alguns desses valores do relatório “Mantendo a floresta amazônica em pé: uma questão de valores” (Tabela 2).
 
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4. AULA 4: Perda da Biodiversidade
2.4 Perda da Biodiversidade
A perda da biodiversidade pode assumir muitas formas, mas, na sua mais fundamental e irreversível é a que envolve a extinção de
espécies. Ao longo do tempo geológico, a extinção de espécies vem ocorrendo, portanto, é um processo natural que ocorre sem a
intervenção do homem. No entanto, é inquestionável que as extinções causadas direta ou indiretamente pelo homem estão ocorrendo
a um ritmo que excede quaisquer estimativas razoáveis de taxas de extinção. Por isso tem sido chamada de “a sexta extinção” em
comparação ás outras cinco extinções em massa reveladas pelos registros geológicos (Figura 5) (FRANKHAM et al., 2008).
As causas indiretas da perda de biodiversidade incluem o crescimento da população e o desenvolvimento econômico. As causas
diretas são a perda do hábitat por degradação e fragmentação, alterações climáticas como o aquecimento do mar, espécies exóticas
invasoras que competem com espécies nativas, sobre-exploração e poluição. A exploração da biodiversidade pelo homem não é algo
que ocorre apenas recentemente. Observe a Figura 6, ela é uma pintura que retrata a derrubada de árvores da Mata Atlântica no
período do Brasil Colonial, que atualmente possui menos que 8% de sua área original.
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Diante desse quadro, esforços são necessários para impedir a destruição da diversidade biológica. A Biologia da Conservação surgiu
como uma disciplina que reúne pessoas e conhecimento de várias áreas para combater a crise da Biodiversidade. Mas quais seriam os
principais objetivos da biologia da conservação? Segundo Primack & Rodrigues (2001), ela possui dois principais: “[...] primeiro,
entender os efeitos da atividade humana nas espécies, comunidades e ecossistemas, e, segundo, desenvolver abordagens práticas
para prevenir a extinção de espécies e se possível, reintegrar as espécies ameaçadas ao seu ecossistema funcional.”
A Biologia da Conservação tem suas bases em disciplinas como taxonomia, ecologia, zoologia, botânica e genética, buscando
fornecer soluções práticas para a crise da biodiversidade, considerando sempre em suas decisões, em primeiro lugar, a preservação e
conservação das comunidades biológicas e, em segundo lugar, fatores econômicos (PRIMACK & RODRIGUES, 2001). Vamos discutir
mais sobre as contribuições da Biologia da Conservação e alternativas sustentáveis na próxima unidade.