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DISPONÍVEL 24H 
MELHOR CUSTO BENEFÍFIO 
100% LEGALIZADO 
AN02FREV001/REV 4.0 
0 
 
 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIABETES E DA HIPERTENSÃO 
ARTERIAL...................3 
PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE ................................................................ 8 
PREVENÇÃO PRIMORDIAL .................................................................................... 13 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA ......................................................................................... 13 
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA ................................................................................... 13 
PREVENÇÃO TERCIÁRIA ........................................................................................ 14 
PREVENÇÃO QUARTENÁRIA (RECENTE CLASSIFICAÇÃO) .......................... 14 
A ENFERMAGEM NAS AÇÕES PREVENTIVAS NA HIPERTENSÃO E NO 
DIABETES ............................................................................................................................... 16 
HIPERTENSÃO ARTERIAL ...................................................................................... 24 
FISIOLOGIA ............................................................................................................... 26 
FISIOPATOLOGIA ..................................................................................................... 37 
CLASSIFICAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL ............................................... 41 
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO ................................................................................. 42 
FATORES DE RISCO ................................................................................................. 44 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ................................................................................. 46 
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA .................................................................................. 47 
TRATAMENTO .......................................................................................................... 48 
COMPLICAÇÕES DA HIPERTENSÃO ARTERIAL ............................................... 50 
CRISE HIPERTENSIVA ............................................................................................. 51 
SINTOMAS E SINAIS DE ALERTA NA CRISE HIPERTENSIVA ........................ 53 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE HIPERTENSO ......................... 56 
APARELHOS UTILIZADOS PARA AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL ....... 60 
SITUAÇÕES ESPECIAIS DE MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL ...................... 65 
FATORES DETERMINANTES DA PRESSÃO ARTERIAL ................................... 66 
NOTAS COMPLEMENTARES .................................................................................. 67 
VARIAÇÕES FISIOLÓGICAS DA PRESSÃO ARTERIAL ..................................... 67 
AN02FREV001/REV 4.0 
1 
 
 
AÇÕES EDUCATIVAS DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO AO PACIENTE 
HIPERTENSO ......................................................................................................................... 68 
A HIPERTENSÃO ARTERIAL E SEUS DEZ MANDAMENTOS .......................... 69 
HIPERTENSÃO ARTERIAL NA GRAVIDEZ .......................................................... 72 
AS PREVENÇÕES DAS CONVULSÕES .................................................................. 74 
DIABETES MELLITUS .............................................................................................. 75 
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO PÂNCREAS ......................................................... 76 
FUNÇÃO DA INSULINA NO CORPO ...................................................................... 77 
EFEITOS DO GLUCAGON NO ORGANISMO ........................................................ 82 
EFEITOS FISIOPATOLÓGICOS DO DIABETES MELLITUS ............................... 83 
CETOSE E COMA DIABÉTICO ................................................................................ 84 
TIPOS DE DIABETES ................................................................................................ 85 
DIABETES NA GRAVIDEZ ...................................................................................... 87 
OUTROS TIPOS DE DIABETES ............................................................................... 88 
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA .................................................................................. 89 
FATORES DE RISCO ................................................................................................. 91 
TRATAMENTO .......................................................................................................... 92 
CONSERVAÇÃO E TRANSPORTE DA INSULINA ............................................. 100 
APLICAÇÃO DA INSULINA .................................................................................. 101 
TÉCNICA DE ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA COM SERINGA ................... 107 
NOTAS COMPLEMENTARES ................................................................................ 108 
COMPLICAÇÕES NA APLICAÇÃO DE INSULINA ............................................ 109 
MONITORIZAÇÃO .................................................................................................. 111 
AUTOMONITORIZAÇÃO ....................................................................................... 111 
TRANSPLANTE DE PÂNCREAS ........................................................................... 112 
COMPLICAÇÕES AGUDAS DO DIABETES E AÇÕES DE ENFERMAGEM ... 113 
COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DO DIABETES E AÇÕES DE ENFERMAGEM 116 
AÇÕESDE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DAS COMPLICAÇÕES MACROVASCULARES
AÇÕES DE ENFERMAGEM NA EDUCAÇÃO DO PACIENTE E 
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CUIDADOS DOMICILIARES ....................................... 117 
AÇÕES PREVENTIVAS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA NEFROPATIA118 
AN02FREV001/REV 4.0 
2 
 
 
PROBLEMAS NAS PERNAS E PÉS ....................................................................... 119 
AÇÕES DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO AOS PROBLEMAS DE PÉS E 
PERNAS DOS PACIENTES DIABÉTICOS ........................................................................ 120 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE DIABÉTICO ..................... 121 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 123 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIABETES E DA HIPERTENSÃO 
ARTERIAL 
 
O Diabetes Mellitus e a Hipertensão Arterial são doenças que acometem muitos 
indivíduos e constituem-se como causa da diminuição na qualidade de vida das pessoas. 
As consequências de ambas as patologias podem ser de ordem econômica, social, física 
e psicológica. Além da ocorrência de agravos físicos na saúde do paciente acometido 
existe o comprometimento no desenvolvimento do trabalho e aumento dos custos da 
saúde pública para realização do tratamento. 
Sobre qualidade de vida a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma ser a 
percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de 
valores, nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e 
preocupações (WHOQOL GROUP, 1994). 
O termo qualidade de vida está inserido em inúmeras vertentes do conjunto da 
vida do ser humano, entretanto na área de assistência a saúde é uma das buscas no 
desenvolvimento das ações, uma vez que todo o esforço dirigido direta ou indiretamente 
ao paciente tem como objetivo uma redução e não ocorrência de agravos ao ser físico, 
mental e social. 
O técnico de enfermagem, enquanto integrante da equipe de saúde e participante 
no desenvolvimento do cuidado ao ser humano, deve possuir o conhecimento frente a 
estas duas patologias que são denominadas de epidemias mundiais. O atendimento dos 
pacientes portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus é amplo, já que tanto 
na atuação hospitalar quanto na atenção básica, citam-se aqui os Programas de Saúdeda 
Família, estes pacientes sempre deverão ser identificados e tratados com o intuito de 
reduzir ao máximo as sequelas que estas doenças podem ocasionar. 
A cada ano existe um aumento no número de pessoas diagnosticadas com 
Diabetes e Hipertensão Arterial. As políticas de saúde pública vêm tentando fortalecer 
os esforços no sentido de diminuir a ocorrência de tais doenças, bem como minimizar as 
consequências. Para que se tenha uma ideia do número de pacientes diabéticos e 
hipertensos cadastrados no Brasil, observe as tabelas abaixo: 
TABELA - NÚMERO DE DIABÉTICOS, HIPERTENSOS E DIABÉTICOS 
COM HIPERTENSÃO POR SEXO, TIPO E RISCO, NO PERÍODO DE 1/2008 A 
12/2008 
 
 
4 
 
 
UF 
Nº de Diabéticos Nº de Hipertensos Nº de Diabéticos com 
Hipertensão Total Tipo 1 Tipo 2 
Masc. Fem. Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total Masc. Fem. 
AC 117 21 21 30 45 2302 883 1419 406 143 263 
AL 695 46 103 170 376 9679 2958 6721 2744 841 1903 
AM 434 53 89 121 171 3767 1442 2325 1070 379 691 
AP 22 4 2 4 12 258 106 152 93 34 59 
BA 3556 381 491 1050 1634 53500 16675 36825 13701 4094 9607 
CE 1002 87 141 283 491 18964 6201 12763 4359 1281 3078 
DF 371 54 80 118 119 1040 363 677 982 380 602 
ES 956 107 124 294 431 18609 6945 11664 5186 1737 3449 
GO 669 107 135 192 235 11036 4370 6666 3598 1365 2233 
MA 1477 142 197 477 661 16717 5850 10867 4771 1672 3099 
MG 3969 629 676 1174 1490 75610 28283 47327 21844 7417 14427 
MS 667 69 98 254 246 12384 4778 7606 3264 1134 2130 
MT 930 151 147 306 326 13284 5647 7637 3304 1303 2001 
PA 1467 152 224 444 647 13256 5129 8127 3849 1385 2464 
PB 534 68 87 167 212 10058 3274 6784 2882 916 1966 
PE 1412 156 278 368 610 28834 8638 20196 8396 2387 6009 
PI 570 65 81 180 244 10827 3784 7043 1919 597 1322 
PR 1537 202 259 517 559 30585 11846 18739 7943 2906 5037 
RJ 1349 191 227 447 484 22364 7923 14441 7958 2618 5340 
RN 343 36 65 99 143 4050 1341 2709 1182 346 836 
RO 456 54 77 138 187 6478 2746 3732 1474 542 932 
RR 78 18 13 17 30 663 240 423 216 67 149 
RS 2146 259 299 674 914 43804 15428 28376 12797 4546 8251 
SC 1100 170 188 370 372 20544 7645 12899 5909 2252 3657 
SE 279 26 36 88 129 3737 1226 2511 943 300 643 
SP 6419 761 896 2205 2557 67060 25647 41413 27353 10371 16982 
TO 330 55 57 93 125 5043 2167 2876 1123 475 648 
Total 32885 4064 5091 10280 13450 50445
3 
181535 32291
8 
149266 51488 97778 
 
5 
 
 
FONTE: Disponível em:<http://hiperdia.datasus.gov.br/>. Acesso em: 25 maio 2009. 
 
TABELA - NÚMERO DE DIABÉTICOS, HIPERTENSOS E DIABÉTICOS 
COM HIPERTENSÃO POR SEXO, TIPO E RISCO, NO PERÍODO DE 1/2009 A 
6/2009. 
 
UF 
Nº de Diabéticos Nº de Hipertensos Nº de Diabéticos com 
Hipertensão Total Tipo 1 Tipo 2 
Masc. Fem. Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total Masc. Fem. 
AC 21 2 3 8 8 199 73 126 35 14 21 
AL 99 10 12 32 45 1174 380 794 305 87 218 
AM 133 18 17 40 58 1097 411 686 322 112 210 
AP 4 0 1 2 1 50 22 28 16 6 10 
BA 771 86 110 212 363 13574 4422 9152 3445 1063 2382 
CE 243 28 43 63 109 5195 1769 3426 1135 336 799 
DF 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 
ES 130 25 23 28 54 2417 943 1474 657 225 432 
GO 294 51 59 92 92 3482 1412 2070 2032 757 1275 
MA 404 45 52 131 176 5463 1963 3500 1734 646 1088 
MG 769 92 120 260 297 13728 5258 8470 3957 1421 2536 
MS 133 18 23 42 50 2765 1080 1685 690 248 442 
MT 326 62 48 102 114 5575 2368 3207 1311 490 821 
PA 382 66 73 109 134 3761 1486 2275 1132 390 742 
PB 113 14 15 19 65 2327 803 1524 732 264 468 
PE 262 22 45 62 133 4926 1518 3408 1682 484 1198 
PI 138 11 28 37 62 3174 1128 2046 712 239 473 
PR 358 54 81 108 115 6501 2712 3789 1874 702 1172 
RJ 557 67 90 177 223 8092 2900 5192 3104 1022 2082 
RN 159 14 33 42 70 1389 464 925 483 140 343 
RO 82 11 12 32 27 1650 658 992 379 142 237 
RR 15 1 3 1 10 98 36 62 27 12 15 
RS 335 48 50 103 134 6147 2252 3895 1884 655 1229 
http://hiperdia.datasus.gov.br/
 
6 
 
SC 198 40 31 62 65 2675 1032 1643 935 335 600 
SE 101 13 22 24 42 1025 321 704 295 81 214 
SP 1191 141 144 400 506 11545 4594 6951 4591 1756 2835 
TO 90 18 19 25 28 1266 528 738 238 93 145 
Total 7308 957 1157 2213 2981 109295 40533 68762 33707 11720 21987 
FONTE: Disponível em: <http://hiperdia.datasus.gov.br/>. Acesso em: 26 maio 
2009. 
 
 
 
As tabelas acima se referem ao Programa Hiperdia, que se constitui em um 
Sistema de Cadastramento e Acompanhamento dos Pacientes Hipertensos e Diabéticos 
em todo Território Nacional, tendo como principal objetivo do programa o 
acompanhamento pela unidade de saúde local destes pacientes, buscando um aumento 
na qualidade de vida e diminuição da morbimortalidade. 
O cadastramento do número de pacientes hipertensos e diabéticos é importante, 
pois serve de subsídio para o Governo Federal enviar recursos para os municípios, 
incluindo neste item as medicações protocoladas que devem ser disponibilizadas 
gratuitamente para estes pacientes. O desenvolvimento operacional do programa fica a 
cargo das Secretarias Municipais de Saúde, que seguem as diretrizes do Ministério da 
Saúde. 
O cadastramento dos pacientes no programa é feito após o diagnóstico da 
Hipertensão ou do Diabetes. Mesmo existindo a busca por esses pacientes, como 
campanhas de verificação de Pressão Arterial e Testes de Glicemia Periférica, visitas 
domiciliares e ações dos agentes de saúde. Não é possível garantir que o número de 
pacientes cadastrados é realmente o número que possui as patologias. Estima-se sempre 
que existam mais pacientes acometidos que de alguma forma ainda não foram 
detectados. 
A Hipertensão Arterial é preocupante, muitas vezes, por ser chamada de doença 
silenciosa, que quando manifestada abruptamente causa consequências graves e 
algumas vezes irreversíveis. Segundo dados divulgados pela Revista Corpore (2008), 
aproximadamente 85% dos pacientes vítimas de derrame sofrem de pressão alta e dentre 
as vítimas do infarto agudo do miocárdio 40 a 60% têm hipertensão associada. 
http://hiperdia.datasus.gov.br/
 
7 
 
A Sociedade Brasileira de Hipertensão estima que 26 milhões de brasileiros 
sejam hipertensos, sendo que apenas 2,7 milhões estão em tratamento. Segundo o 
Ministério da Saúde, 21,6% da população com 18 anos ou mais é hipertensa, 
aproximadamente 26,5 milhões de pessoas têm a doença, dessas cerca de 5 milhões 
estão no cadastro do Programa Hiperdia. 
Em todo o mundo estima-se que a Hipertensão Arterial atinja 600 milhões de 
pessoas. Segundo dados de Mortalidade do Ministério da Saúde (2004), 265 mil mortes 
no Brasil foram ocasionadas por doenças do Aparelho Circulatório, o que representa 
30% das mortes dos brasileiros, sendo a metade relacionada à hipertensão não 
controlada. No Brasil estima-se que 35% da população acima de 40 anos sejam 
portadores de Hipertensão Arterial, isto equivale a cerca de 17 milhões de brasileiros, 
desses 75% dependem do Sistema Único de Saúde para detecção e tratamento da 
doença. 
Assim como a Hipertensão Arterial, os números da prevalência de Diabetes no 
Brasil e no mundo são estarrecedores. A OMS desde 2007 considera a Diabetes uma 
epidemia mundial. No Brasil, em 2007, existiam 6,2 milhões de diabéticos, sendo 
colocado em oitavo lugar nesse ano no ranking dos países com mais portadores de 
diabetes tipo 2. 
O envelhecimento da população, urbanização crescente e mudança nos hábitos 
de vida, com adoção de rotinas não saudáveis como, por exemplo, o sedentarismo, dieta 
inadequada e obesidade são as causas da maior incidência de pacientes diabéticos no 
Brasil e no mundo. A Hipertensão Arterial em combinação com o Diabetes é 
responsável por 50% dos pacientes acometidos por insuficiência renal terminal. No ano 
de 2000 a OMS estimava que o número de diabéticos em todo o mundo era de cerca de 
177 milhões, sendo que para 2025 a perspectiva é que esse número dobre e chegue a 
350 milhões de pessoas. Especificamente no Brasil, estima-se 12 milhões de pessoas 
com a doença naquele ano. 
A Hipertensão Arterial e o Diabetes constituem-seem fatores de Risco para as 
doenças do Aparelho Circulatório; sendo as mais frequentes o infarto agudo do 
miocárdio, o acidente vascular cerebral, a insuficiência renal crônica, a insuficiência 
cardíaca, as amputações de pés e pernas, a cegueira definitiva, os abortos e as mortes 
perinatais. 
Um dado importante que a enfermagem entra em contato diariamente em 
ambiente hospitalar e domiciliar é que o Acidente Vascular Cerebral vem ocorrendo em 
 
8 
 
idade precoce, com letalidade hospitalar. Em um mês, em torno de 50% dos pacientes 
que sobrevivem 50% ficam com algum grau de comprometimento. No mundo, a 
incidência do AVC varia conforme a OMS, 500/700.000 casos/ano, com uma 
mortalidade entre 35 a 200 casos em cada grupo de 10.000 habitantes. 
Faria & Zannela (2002) afirmam que a coexistência de hipertensão e diabetes 
aumenta o risco para complicações micro e macrovasculares, predispondo os indivíduos 
à insuficiência cardíaca congestiva, doença coronariana e cerebrovascular, insuficiência 
vascular periférica, nefropatia e retinopatia. 
O diabetes está entre os fatores que predispõem ao descontrole da pressão 
– quem possui diabetes tem duas vezes mais chances de desenvolver a 
hipertensão. A hipertensão também está relacionada diretamente a um maior grau de 
resistência à insulina, sendo que alguns medicamentos usados para o tratamento da 
hipertensão pioram essa resistência, favorecendo o aparecimento do diabetes 
(BEZERRA, 2006). 
Diante dos dados apresentados intensifica-se a colaboração que o profissional de 
saúde deve desenvolver na abordagem destes pacientes com o intuito de diminuir 
gradativamente os números de incidência de hipertensos e diabéticos, como forma de 
garantir uma assistência de enfermagem eficiente. 
 
PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE 
 
A questão maior que se agrega a todos os fatores envolvidos na detecção de 
doenças e prevenção das mesmas está no contingente de manter a saúde dos indivíduos. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde a saúde é um estado dinâmico, de completo 
bem-estar físico, mental, espiritual e social, e não apenas a ausência de doença ou 
enfermidade. 
Referente à prestação do cuidado para um entendimento adequado sobre a 
assistência de enfermagem com resultados é importante incorporar ao conhecimento a 
atuação da equipe de saúde nos diferentes níveis de prevenção e promoção da saúde. 
Sem dúvida a busca pela promoção da saúde é um dos principais objetivos dos 
profissionais, uma vez que o ato de promover a saúde implica em mudanças no estilo de 
vida das pessoas e consequentemente uma diminuição da incidência de patologias, 
incluindo a Hipertensão Arterial e o Diabetes. Para compreender melhor estes atos de 
prevenção e promoção à saúde, analisemos os seguintes conceitos: 
 
9 
 
 
- Promoção da Saúde: Segundo Brunner & Suddarth (1998), a 
promoção da saúde é definida como um conjunto de ações que desenvolvem recursos 
que irão manter o bem-estar do indivíduo e melhoram sua qualidade de vida. Refere-se 
às atividades que a pessoa desenvolve na ausência de sintomas com o objetivo de se 
manter saudável, não requerendo para isto a assistência direta de um membro de saúde. 
Nessa perspectiva, o profissional de saúde atua na propagação de mudanças no estilo 
de vida da pessoa para que a mesma não venha a desenvolver uma patologia, sendo de 
inteira responsabilidade a realização das mudanças do próprio indivíduo. 
Como exemplo de promoção da saúde pode-se citar a consciência frente à 
nutrição, ou seja, manutenção de uma alimentação saudável, administração do estresse 
cotidiano e a busca pelo preparo físico, realização de exercícios e atividades que o corpo 
necessita para se manter em condições adequadas de peso, força e flexibilidade. 
O Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de Promoção da Saúde, 
define a Promoção da Saúde como uma estratégia de articulação na qual se confere 
visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco e às diferenças entre 
as necessidades, territórios e culturas presentes no Brasil, objetivando a criação de 
mecanismos que reduzam as situações de vulnerabilidade, defendendo a equidade e 
incorporando a participação e o controle social na gestão das políticas públicas. 
A Organização Mundial de Saúde caracteriza como iniciativas de Promoção da 
Saúde os programas, as políticas e as atividades planejadas e executadas de acordo com 
os seguintes princípios: 
 
• Concepção Holística: este princípio determina que as ações 
de promoção enfoquem o indivíduo como um todo, saúde física, social e espiritual e que 
englobe a população como um todo e não apenas os grupos de riscos para determinadas 
doenças; 
 
• Intersetorialidade: articulação de saberes e experiências no 
planejamento, ação conjunta de vários profissionais; 
 
• Empoderamento e Participação Social: constitui-se na 
inserção da participação da comunidade em conjunto com os profissionais de saúde na 
eleição das prioridades na promoção da saúde; 
 
10 
 
 
• Equidade: reorientação dos serviços sanitários, visando 
ampliar o acesso e criação de ambientes de suporte, com políticas que viabilizem 
condições de vida favoráveis à saúde; 
• Ações Multiestratégicas: envolvimento de múltiplas 
disciplinas e criação de métodos e abordagens diferentes; 
• Sustentabilidade: promover uma política de promoção da 
saúde que se constitua em um processo contínuo, forte e autossustentável. 
 
O termo Promoção da Saúde foi utilizado pela primeira vez por um historiador 
da medicina chamado Henry Sigerist, quando em 1945 definiu as quatro funções da 
medicina: promoção da saúde, prevenção da doença, restauração do doente e 
reabilitação (TERRIS, 1996). A Medicina Preventiva foi sistematizada no livro de 
Leavell & Clark, cuja primeira edição, intitulada “Medicina Preventiva”, foi publicada 
em 1958. 
Leavell & Clark (1976) descrevem a prevenção como uma ação antecipada, 
baseada no conhecimento da história natural da doença, a fim de tornar improvável o 
progresso posterior, apresentando três níveis de prevenção: 
 
- Prevenção Primária: Realizada no período de pré-patogênese, 
sendo que o conceito de promoção da saúde aparece como um dos níveis da prevenção 
primária definidos como medidas destinadas a desenvolver uma saúde ótima. Um 
segundo nível de prevenção primária seria a proteção específica contra agentes 
patológicos ou pelo estabelecimento de barreiras contra os agentes do meio ambiente. 
Este nível de prevenção está ligado a todas as ações que visam diminuir a incidência de 
uma doença na população, ou seja, desenvolvimento de ações que impeçam a ocorrência 
de determinada patologia na população. Inclui-se aqui a promoção à saúde e à proteção 
específica. Alguns dos exemplos são: vacinação, tratamento de água para consumo 
humano, uso de preservativos, mudanças nos hábitos de vida (incentivo a uma boa 
alimentação, realização de exercícios físicos). 
 
- Prevenção Secundária: A fase da prevenção secundária 
também se apresenta em dois níveis, o primeiro diagnóstico e tratamento precoce e o 
segundo limitação da invalidez. Visa um diagnóstico imediato e um tratamento para 
 
11 
 
evitar a prevalência da doença no indivíduo. 
- Prevenção Terciária: Por fim, a prevenção terciária diz respeito 
a ações de reabilitação, caracteriza-se por ações que tem como objetivo a reabilitação do 
indivíduo e redução de sua incapacidade. 
 
 
 
12 
 
QUADRO – NÍVEIS DE APLICAÇÃO DA MEDICINA PREVENTIVA 
SEGUNDO LEAVELL & CLARK (1976) 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA 
PREVENÇÃO 
TERCIÁRIA 
Promoção da 
Saúde 
Proteção Específica 
Diagnóstico e 
Tratamento 
Precoce 
Limitação da 
Invalidez 
Reabilitação 
 
Educação 
Sanitária; Bom 
padrão de 
nutrição 
ajustado às 
várias fases do 
desenvolviment
o da vida; 
Atenção ao 
desenvolviment
o da 
personalidade; 
Moradia 
adequada, 
recreação eboas condições 
de trabalho; 
Aconselhament
o matrimonial, 
educação sexual 
e genética; 
Exames 
seletivos 
periódicos. 
 
Uso de imunizações 
específicas; Atenção 
à higiene pessoal; 
Hábito de 
saneamento do 
ambiente; Proteção 
contra riscos 
ocupacionais; 
Proteção contra 
acidentes; 
Uso de alimentos 
específicos; Proteção 
contra substâncias 
carcinogênicas; 
Evitação contra 
alérgenos. 
 
Medidas individuais 
e coletivas para 
descoberta de casos; 
Pesquisa de triagem 
e exames seletivos; 
Objetivos: 
- Curar e evitar o 
processo da doença; 
- Evitar a 
propagação de 
doenças 
contagiosas; 
- Evitar 
complicações e 
sequelas; 
- Encurtar o 
período de 
invalidez. 
 
Tratamento 
adequado para 
interromper o 
processo 
mórbido e 
evitar futuras 
complicações e 
sequelas; 
Provisão de 
meios para 
evitar a 
invalidez e a 
morte. 
 
Prestação de serviços 
hospitalares e 
comunitários para 
reeducação e 
treinamento, a fim de 
possibilitar a 
utilização máxima 
das capacidades 
restantes; Educação 
do público e indústria 
no sentido de que 
empreguem o 
reabilitado; 
Emprego tão 
completo quanto 
possível; Colocação 
seletiva; Terapia 
Ocupacional em 
Hospitais; 
Utilizaçãode asilos. 
 
FONTE: Leavell & Clarck, 1976. 
 
13 
 
 
De acordo com o quadro acima é possível identificar a amplitude das ações que 
procuram intervir no estado de saúde dos indivíduos, sendo a equipe de saúde 
precursora de todos os níveis de atenção. Atualmente, alguns conceitos e nomes do 
processo de Saúde Preventiva foram redefinidos, como segue abaixo. 
 
PREVENÇÃO PRIMORDIAL 
 
Objetivos: Evitar a emergência e estabelecer padrões de vida (sociais, 
econômicos e culturais) que aumentem o risco de desenvolver doenças; 
Procedimento: ações dirigidas às populações ou grupos selecionados saudáveis; 
Consequências: efeitos múltiplos nas várias doenças e impacto na saúde 
pública; 
Exemplos: legislação sobre álcool, políticas antitabagismo e programas do 
exercício regular. 
 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA 
 
Objetivos: evitar fatores de risco, determinantes ou causas de doenças; 
Procedimento: atividades dirigidas a indivíduos, grupos ou população total 
saudável; 
Consequências: diminuição da incidência da doença, diminuição do risco médio 
de ocorrência da doença na população; 
Exemplo: Vigilância sanitária da água, vacinação, planejamento familiar e 
educação para prevenção de infecções de transmissão sexual. 
 
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA 
 
Objetivo: Promover a detecção precoce do processo patológico em doentes 
assintomáticos e posterior correção do desvio da normalidade (retorno ao estado 
saudável); 
Procedimento: Rastreio; 
Consequência: Diminuição da prevalência (diminuição da duração) e diminuição 
da morbilidade e da mortalidade; 
 
14 
 
Exemplo: Vigilância da Pressão Arterial e da Glicemia, rastreio de neoplasias, 
rastreio de fenilcetonúria nos recém-nascidos. 
 
PREVENÇÃO TERCIÁRIA 
 
Objetivo: limitar a progressão da doença e evitar suas complicações; promover a 
adaptação às sequelas e a reintegração no meio; prevenir recorrências; 
Procedimento: medicina preventiva e curativa estreitamente associada; 
Consequência: aumento da capacidade funcional do indivíduo, reintegração 
(familiar/social), melhor gestão dos estados de doença; 
Exemplo: adaptação de infraestruturas, educação social, políticas de trabalho (de 
reintegração). 
 
PREVENÇÃO QUARTENÁRIA (RECENTE CLASSIFICAÇÃO) 
 
Objetivos: evitar o excesso de intervencionismo médico e a iatrogenia; detectar 
indivíduos em risco de overmedicalisation; sugerir alternativa; capacitar os utentes 
quanto à aplicação de consumos impróprios; realizar análise das decisões clínicas. 
Para adquirir conhecimento frente à atuação na prevenção e promoção da saúde 
aos indivíduos cabe relembrar a História Natural da Doença e todos os fatores que estão 
envolvidos junto a ela, bem como os níveis de aplicação das ações de saúde. A doença 
passa por três fases: Pré-Patogênese, Fase clínica e sequelas. Essas três etapas dizem 
respeito à História Natural de uma doença, sendo importante o conhecimento dessas 
fases para enquadrar as ações na área da saúde, conforme representado abaixo: 
 
PRÉ-PATOGÊNESE 
INESPECÍFICA ESPECÍFICA 
Condições gerais do indivíduo ou do ambiente, 
que predispõem a uma ou 
várias doenças. 
A presença de fatores causais favorece o 
aparecimento de uma doença 
 
 
 
 
15 
 
FASE CLÍNICA 
PRECOCE AVANÇADA 
Da situação anterior resultou uma A doença segue sua evolução, 
doença cujos primeiros sinais e sintomas terminando com a morte, com a cura ou 
se tornaram aparentes. deixando sequelas. 
 
 
FONTE: Junqueira, 2001. 
 
Deve-se identificar em qual dos estágios da doença o indivíduo está para assim 
permitir ações adequadas que contribuam realmente em sua reabilitação e/ou 
proporcionem uma melhor qualidade de vida a partir de seu conhecimento frente à 
doença e perspectivas. Esse trabalho envolve toda a equipe de saúde. Abaixo estão 
representados os níveis de aplicação das ações de saúde: 
 
 
As sequelas ou consequências das doenças podem ser reparadas com maior ou menor 
eficiência, permitindo a reabilitação do indivíduo. 
SEQUELAS 
 
16 
 
 
POSIÇÃO DAS BARREIRAS QUE PODEMOS OPOR À MARCHA DAS DOENÇAS 
1º NÍVEL 2º NÍVEL 3º NÍVEL 4º NÍVEL 5º NÍVEL 
Promoção da 
Saúde 
Proteção 
Específica 
Diagnóstico e 
Tratamento 
Limitação do 
Dano 
Reabilitação 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO 
SECUNDÁRIA 
PREVENÇÃO TERCIÁRIA 
 
FONTE: Junqueira, 2001. 
 
 
1º nível: trabalhar com a doença antes que o indivíduo a contraia. Melhorar as 
condições de vida do indivíduo, de modo que as agressões ambientais sejam reduzidas 
ao mínimo. Com isso fomentamos a geração de indivíduos com melhor potencial 
genético. Diminuir fatores de riscos externos. 
2º Nível: Proteger os indivíduos contra agressões específicas como, por 
exemplo, favorecer uma boa dieta alimentar. 
3º Identificar o quanto antes o caso e iniciar o mais precocemente possível o 
tratamento. 
4º Trabalhar com o indivíduo já portador da doença com ações efetivas para a 
recuperação, sem sequelas ou diminuir a incidência das mesmas. 
5º Se o indivíduo foi surpreendido apenas no final da doença, gerando sequelas, 
as ações têm o objetivo de recuperá-las o mais rápido possível. 
 
As ações possíveis devem sempre seguir o objetivo de fazer com que o 
indivíduo não adoeça, no caso de adoecer trabalhar ao máximo para que o mesmo se 
restabeleça e sem a presença de sequelas. Deve-se agir sempre no sentido esquerdo da 
flecha. 
 
 
A ENFERMAGEM NAS AÇÕES PREVENTIVAS NA HIPERTENSÃO E 
 
17 
 
NO DIABETES 
 
A Hipertensão Arterial e o Diabetes são doenças multifatoriais e multicausais, 
podendo não acarretar no início qualquer sintoma nos pacientes. Sua prevenção envolve 
orientações voltadas a vários objetivos, desta forma o sucesso no manejo com o 
paciente hipertenso ou diabético e na própria comunidade saudável é uma meta não 
apenas restrita a um único profissional. 
O tratamento da Hipertensão Arterial e do Diabetes e mesmo a prevenção 
envolve mudança nos hábitos de vida do paciente, ensinamentos educativos, o que 
muitas vezes torna-se penoso para o sujeito, tanto nos casos dos tratamentos 
medicamentosos como nas mudanças do dia a dia, como alimentação, exercícios e 
adesão à terapêutica. Por se tratar de medidas educativas de prevenção, é necessário que 
sejam contínuas. 
Deste modo, entende-se que o processo de prevenção destas patologias deve ser 
realizado por toda a equipe multiprofissional, proporcionando aos pacientes e à 
comunidade um número maior de informações, tornando-os participantes ativos das 
ações que a eles estarão sendo dirigidas, com motivação suficiente para vencer o desafio 
de adotar atitudes que tornem as ações definitivas e efetivas. 
O III Consenso Brasileirode Hipertensão Arterial descreve as principais 
vantagens da atuação da equipe multiprofissional no acompanhamento do paciente 
hipertenso. São elas: 
• O número de pessoas atendidas será tão maior quanto mais afinada estiver à 
equipe em seus diversos modos de abordagem; 
• A adesão ao tratamento será nitidamente superior; 
• O número de pacientes com pressão arterial controlada e adotando hábitos 
de vida saudáveis será, consequentemente, maior;Cada paciente poderá ser um 
replicador sobre o conhecimento desses hábitos; 
• Haverá o desenvolvimento de ações de pesquisa em serviço, já que a 
sistematização do atendimento possibilita esta atuação; 
• Crescimento profissional pela constante troca de informações e pela maior 
confiança individual e do serviço como um todo. 
 
Neste contexto a enfermagem exerce, juntamente com os demais profissionais 
 
18 
 
da saúde, papel primordial na aplicação de ações que envolvam os pacientes diabéticos 
e hipertensos, bem como a comunidade saudável na perspectiva da promoção da saúde. 
Pensando que a enfermagem está em contato direto com os pacientes e a comunidade, 
tanto nos serviços hospitalares como no atendimento básico da saúde, é de suma 
importância que todos os profissionais que formam a enfermagem estejam em sintonia 
no acompanhamento destes pacientes, uma vez que a equipe em si já se dá pela presença 
do enfermeiro e técnico de enfermagem. 
Existem ações de cunho comum entre todos os profissionais que integram uma 
equipe multiprofissional: 
• Ações educativas (educação preventiva, modificação de fatores de risco, 
produção de material educativo); 
• Treinamento de profissionais; 
• Encaminhamento a outros profissionais, quando indicado; 
• Ações assistenciais, individuais e em grupo; 
• Participação em projetos de pesquisa. 
As ações da enfermagem especificamente citadas pelo III Consenso Brasileiro 
de Hipertensão Arterial são: 
• À enfermeira cabe realizar a consulta de enfermagem e delegação de 
atividades aos técnicos de enfermagem, que desenvolvem suas funções conforme o que 
preconiza o Conselho Regional de Enfermagem e Conselho Federal de Enfermagem. 
• A consulta de enfermagem consiste na aferição da pressão arterial, 
investigação sobre fatores de risco e hábitos de vida, orientação sobre o uso dos 
medicamentos e seus efeitos colaterais, avaliação de sintomas, reforço sobre as 
orientações dos hábitos de vida pessoais e familiares. 
• Controle de retornos, busca de faltosos e controle de consultas agendadas. 
 
Percebe-se que o manejo com os pacientes hipertensos e diabéticos deve se dar 
sempre mediante o conhecimento técnico científico do profissional. O técnico de 
enfermagem deve possuir conhecimento sobre todos os parâmetros que envolvem a 
captação da doença e seu tratamento, bem como estar embasado mediante a um 
questionamento do paciente. 
Como exemplo disso, podemos citar a própria verificação da pressão arterial, 
procedimento que pode ser realizado pelo técnico de enfermagem. Se neste momento da 
 
19 
 
aferição o profissional não mantiver os cuidados preconizados tecnicamente e/ou não 
questionar sobre condições que possam falsear o resultado encontrado, um paciente 
hipertenso pode não estar sendo detectado. 
Daí a importância de todos os profissionais que englobam a Equipe 
Multiprofissional no direcionamento e implementação de ações que visem à 
manutenção e recuperação da saúde dos indivíduos. A importância do trabalho em 
equipe para o alcance do resultado é tal que torna indispensável rever sobre a 
operacionalização deste trabalho. 
As variáveis e a complexidade de diversas situações concebidas pela sociedade 
atualmente exigem o engajamento de dois ou mais grupos profissionais na intervenção 
de um mesmo problema, atuando conjuntamente com objetivos comuns frente à 
demanda de necessidade da população. Levando isso para ações preventivas na 
hipertensão e no diabetes, após a captação do paciente possivelmente portador de uma 
dessas patologias, o mesmo será encaminhado ao médico para receber o diagnóstico, 
portanto é necessária, além da enfermagem, a presença de outros profissionais no 
desenvolvimento das ações. 
O trabalho em equipe multiprofissional parece um trabalho fácil, se olharmos 
apenas as questões resolutivas. Seria o mesmo que cada profissional ler as 
determinações de seu conselho profissional e após cumprir os escritos. Entretanto, 
em se falando do trabalho em saúde esta questão é bem mais complexa, uma vez 
que a produção e o produto destas relações são subjetivos. 
As definições sobre Equipe de Saúde são raras. Nas produções teóricas 
predomina a concepção de equipe do senso comum, em que a equipe é representada por 
um conjunto de profissionais em situação comum de trabalho. No trabalho em saúde, a 
equipe sempre fará referência a um trabalho relativo à obtenção de bens ou produtos 
para a atenção das necessidades humanas. 
O trabalho em equipe na enfermagem foi proposto na década de 50 nos Estados 
Unidos, por intermédio de experiências realizadas no Teachers College da Universidade 
da Columbia, por Eleanor C. Lambertsen, que preconizava a organização do trabalho 
em enfermagem com base na equipe. No Brasil os resultados desta proposta foram 
divulgados em 1996 pela Associação Brasileira de Enfermagem no livro “Equipe de 
Enfermagem Organização e Funcionamento”. A partir daí surgem experiências na área 
da enfermagem com o objetivo de melhorar o aproveitamento do pessoal. 
Lambertsen (1996) propõe a organização do serviço de enfermagem com base 
 
20 
 
no trabalho em equipe, objetivando voltar o cuidado para o paciente, tomando como 
base a utilização do pessoal de enfermagem com a máxima economia e eficácia. Esse 
modelo de organização do trabalho de enfermagem expressou: 
• Crítica ao trabalho centrado na tarefa (modelo funcional); 
• Tentativa de solução para a escassez dos recursos humanos de enfermagem 
nos hospitais norte americanos no período após a II Guerra Mundial; 
 
Pela necessidade de extensão na cobertura dos serviços de saúde, na década de 
70, no Brasil, a proposta do trabalho em equipe multiprofissional ganha ênfase pela 
atuação das condutas de Medicina Comunitária e Medicina Preventiva, enfatizando o 
trabalho em equipe como racionalização dos serviços. No primeiro momento as equipes 
de saúde trabalhavam com o médico e os atendentes de enfermagem, considerada uma 
composição inadequada. Em 1980, com ampliação na formação de profissionais de 
nível médio e superior (não médicos) diversificou-se a equipe de saúde. 
A Equipe Multiprofissional começou a ser composta por profissionais de 
diferentes áreas como: enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, 
fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas, médicos, entre outros. A atuação de uma 
equipe multiprofissional é permeada pelo alcance de resultados comuns; no caso da 
saúde, o atendimento e resolução das necessidades apresentadas pelo paciente nos 
diferentes níveis de intervenção. Nesse contexto, especificamente no trabalho com o 
paciente hipertenso e diabético, a equipe de profissionais deve observar o paciente como 
um todo, não pensando apenas em diagnosticar e entregar medicamentos, já que como 
foi visto anteriormente o diagnóstico dessas doenças, de regra afetam o cotidiano do 
paciente e da família pelas mudanças bruscas e necessárias. 
Muito mais que compreender a doença, é importante que este profissional 
visualize as necessidades do paciente e trabalhando em equipe saiba realizar os 
encaminhamentos possíveis, sempre pensando no bem-estar do cliente. A obtenção de 
resultados em um trabalho de Equipe Multiprofissional pode ser interferida pelos 
seguintes fatores: 
• Atenção Integral às Necessidades de Saúde da População 
- Os serviços especializados tendem à fragmentação do cuidado à saúde do 
indivíduo; 
- Ações realizadas por diferentes profissionais necessitam articulação;- Nenhum profissional de saúde em separado tem possibilidades de atender as 
 
21 
 
demandas de saúde do paciente; 
• Comunicação: Busca de consenso entre os profissionais 
- Articular diversas ações realizadas em um setor, integrar setores e serviços 
entre si; 
O trabalho em equipe multiprofissional é uma prática em que a comunicação 
entre os profissionais faz parte do cotidiano. As articulações das ações se dão pelo uso 
da linguagem. Este processo é permeado pela comunicação e interação dos agentes; esta 
relação recíproca entre o trabalho e a interação que caracteriza o trabalho em equipe. O 
processo de prevenção da Hipertensão e do Diabetes se faz a partir do encontro com os 
grupos de pacientes já acometidos pela patologia. Neste momento eles se sentem mais à 
vontade para questionar uns aos outros sobre a doença, bem como aos profissionais de 
saúde. 
Esta ocasião do encontro dos grupos é precedida por uma equipe 
multiprofissional em sintonia, que transmite segurança na comunicação por seus 
diferentes profissionais e consequentemente uma melhor adesão ao tratamento. Peduzzi 
(1998; 2001), em seus estudos sobre conceito e tipologia do trabalho em Equipe 
Multiprofissional de Saúde, afirma que o trabalho em Equipe Multiprofissional é uma 
modalidade de trabalho coletivo, centrada na reciprocidade entre trabalho e interação, 
que as principais dimensões do trabalho em equipe são a articulação das ações e a 
interação de seus agentes. 
Sobre a articulação descreve os momentos em que os profissionais ativamente 
colocam em evidência as conexões existentes entre as distintas ações e os variados 
conhecimentos técnicos. A interação como uma prática comunicativa, por meio da qual 
os envolvidos se põem de acordo quanto a um projeto comum; capaz de promover a 
cooperação e integração na equipe. 
Minelli (2004) afirma que as respostas da interação dos grupos profissionais vão 
desde aspectos relativos aos olhares diferenciados para um determinado processo, até 
uma possibilidade de ganho na qualidade e eficiência da resposta recebida. O trabalho 
em Equipe Multiprofissional também é caracterizado por complexidade advinda da 
convivência entre os diferentes processos de trabalho, objetos de trabalho, saberes 
específicos, instrumentos utilizados para realização e desenvolvimento do trabalho. 
A principal problemática visualizada na Equipe de Trabalho Multiprofissional é 
a inexistência de integração entre os profissionais que a compõem. A noção de equipe 
que predomina nos serviços de saúde se restringe à coexistência de vários profissionais 
 
22 
 
em uma mesma situação de trabalho, compartilhando o mesmo espaço físico e a mesma 
clientela, porém sem integração. Segundo Peduzzi (1998; 2001), a tipologia do trabalho 
em equipe pode ser distinguida em duas modalidades: 
 
 
 
Em ambas estão presentes as diferenças técnicas dos trabalhos especializados e a 
desigualdade de valor atribuído a estes trabalhos. Também em ambas estão presentes 
tensões entre as diversas concepções quanto à independência dos trabalhos 
especializados ou à sua complementaridade objetiva. Existem alguns critérios de 
reconhecimento da modalidade do trabalho em equipe que a classificam em 
agrupamento ou integração, conforme mostra a tabela abaixo: 
 
TABELA – CRITÉRIOS DE RECONHECIMENTO DA MODALIDADE DE 
TRABALHO EM EQUIPE 
TIPOLOGIA 
Parâmetros Equipe Integração Equipe 
Agrupamento 
Comunicação externa ao trabalho X 
Comunicação Estritamente 
Pessoal 
 X 
Comunicação Intrínseca ao 
Trabalho 
X 
Projeto Assistencial Comum X 
Diferenças Técnicas entre 
trabalhos especializados 
X X 
Arguição da desigualdade dos 
trabalhos especializados 
X 
 
23 
 
Especificidades dos trabalhos 
especializados 
X X 
Flexibilidade da divisão do 
trabalho 
X 
Autonomia técnica de caráter 
interdependente 
X 
Autonomia técnica plena X 
Ausência de Autonomia Técnica X 
FONTE: Peduzzi, 2001. 
 
Diante destes conceitos e tipologias algumas das principais problemáticas 
apresentadas no desenvolvimento do trabalho em Equipe Multiprofissional de Saúde 
são: 
• Falta de responsabilidade coletiva pelos resultados dos trabalhos; 
• Ações e intervenções desarticuladas e independentes; 
• Baixo grau de interação entre os profissionais; 
• Dificuldade de atuar de forma coesa e integrada; 
• Desarticulação de ações de caráter curativo, administrativo e preventivo. 
 
Os resultados de um trabalho em Equipe Multiprofissional dependem 
diretamente da integração das ações dos profissionais. Trata-se de uma interação de 
saberes e de relacionamento; o sucesso no atendimento ao paciente é possível quando 
abrange a Equipe Multiprofissional, sendo que o maior desafio destes profissionais é 
atingir a integração nas práticas de saúde desenvolvidas ao cliente. 
Essencialmente nos serviços de promoção e prevenção do diabetes e da 
hipertensão sem a continuidade de saberes pelos diferentes profissionais que compõem 
a equipe multiprofissional e principalmente sem o entendimento de todos, frente à 
atuação individual e conjunto é impossível estabelecer resultados satisfatórios. 
Portanto, a atuação da enfermagem na prevenção da Hipertensão Arterial e do 
Diabetes vai além dos conhecimentos técnicos e necessita, sem dúvida, da percepção do 
profissional técnico de enfermagem e enfermeiro frente ao paciente como indivíduo 
portador de necessidades específicas que devem ser sanadas no processo de cuidar, 
senão pelo profissional da enfermagem, por outro pertencente à equipe. 
 
24 
 
 
HIPERTENSÃO ARTERIAL 
 
A Hipertensão Arterial tem sido motivo de muitos estudos e pesquisas nos 
últimos anos e muitos progressos foram feitos, de modo a tratar e prevenir essa doença. 
Apesar de todos os tratamentos hoje considerados efetivos, cabe salientar que o 
principal foco ainda é a prevenção. Segundo Veiga e Crossetti (1998), Pressão Arterial é 
a pressão que o sangue exerce dentro das artérias. A pressão máxima denomina-se 
sistólica e ocorre quando o ventrículo esquerdo do coração empurra o sangue até a 
aorta; e a pressão mínima, chamada diastólica, é a pressão que está presente 
continuamente nas paredes arteriais. 
A Hipertensão Arterial é uma doença que pode ocorrer em homens ou mulheres, 
jovens e até mesmo em crianças. Nos adultos, a cada cinco pessoas estima-se que uma 
seja hipertensa e nos idosos ela pode ser diagnosticada em uma a cada duas pessoas. 
Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), a hipertensão, ou pressão alta, 
existe quando a pressão arterial apresentar-se igual ou superior a 140/90 mmHg, em 
verificações repetidas realizadas pelo médico ou profissional de saúde. Essa situação 
ocorre porque os vasos nos quais o sangue circula se contraem e fazem com que a 
pressão do sangue se eleve. 
Segundo Brunner & Suddarth (1998), a hipertensão é definida como a presença 
de um nível persistente de pressão arterial em que a pressão sistólica encontra-se acima 
de 140 mmHg e a pressão diastólica acima de 90 mmHg. Considera-se a Hipertensão 
Arterial ou pressão alta uma situação anormal que pode afetar tanto homens quanto 
mulheres, independente da idade. De acordo com Bolner (2006), se não for controlada 
pode causar derrame cerebral, infarto, deficiência dos rins, entre outros males. 
A medida da pressão arterial representa o valor da pressão calibrada em 
milímetros de mercúrio (mmHg), que é a unidade padrão. O primeiro número, que é o 
de maior valor, é chamado de pressão sistólica ou máxima. Isso ocorre quando o 
coração se contrai, o que chamamos de sístole. O segundo número é o de menor valor, 
que é chamado de pressão diastólica ou mínima, onde neste caso, o coração encontra-se 
na fase do relaxamento, o que chamamos de diástole. A pressão sistólica normal 
(pressão máxima), varia de 110 a 130 mmHg e diastólica normal (pressão mínima) varia 
de 65 a 75 mmHg. 
Registrada com o valor dapressão sistólica antes da diastólica, por exemplo, 
 
25 
 
120/80. A diferença entre as duas medidas, neste caso 40, é denominada pressão de 
pulso. Em casos que o paciente apresenta pressão elevada, chamamos de hipertensão e, 
ao contrário, apresentando pressão baixa, chamamos de hipotensão. (POTTER, PERRY, 
1999). 
A pressão ou tensão arterial é um parâmetro de suma importância na 
investigação diagnóstica, sendo obrigatório em toda consulta de qualquer especialidade; 
relacionando-se com o coração, traduz o sistema de pressão vigente na árvore arterial. É 
medida com a utilização do esfigmomanômetro e do estetoscópio. Segundo Duncan 
(2006), um indivíduo pode se considerar hipertenso quando sua pressão arterial sistólica 
fica igual ou superior a 140 mmHg e a pressão diastólica igual ou superior a 90 mmHg. 
A identificação destes valores aumenta significativamente o risco do desenvolvimento 
de doenças cardiovasculares. 
Neste aspecto é comum o surgimento de crises hipertensivas que incluem além 
da elevação da pressão arterial, uma associação com lesões do Sistema Nervoso Central 
(SNC), do coração e dos rins. Na ocorrência destes fatos, o diagnóstico e o tratamento 
devem ser imediatos e essenciais, pois as manifestações clínicas destas crises dependem 
do grau de lesão dos órgãos-alvo (lesões nos olhos, cérebro, coração, rins e membros 
inferiores). Vale destacar que as lesões ou disfunções dos diversos órgãos são incomuns 
com uma pressão arterial inferior a 130 mmHg. 
Dessa forma, pode-se afirmar que o ideal é mantermos a medida normal da 
pressão arterial entre os limites de 120/80 mmHg a 140/90 mmHg, reduzindo desta 
forma riscos com a saúde. No Brasil são cerca de 17 milhões o número de portadores da 
Hipertensão Arterial, sendo que 35% da população estão na faixa etária dos 40 anos 
para mais. Contudo, seu aparecimento é cada vez mais precoce e cerca de 4% destes 
portadores são crianças e adolescentes. A morbidade ainda é muito alta, sendo um 
problema grave de saúde pública no mundo todo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). 
 
 
 
26 
 
FISIOLOGIA 
 
Para entender melhor todo o mecanismo envolvido na aferição da Pressão 
Arterial, seus resultados e anormalidades é importante revisarmos fisiologicamente o 
Sistema Circulatório, ao qual a pressão arterial está envolvida. O coração é formado por 
duas bombas distintas, como mostrado na Figura 1, uma delas bombeia o sangue para os 
pulmões, enquanto a outra bombeia o sangue que sai dos pulmões para todo o resto do 
corpo. Assim, o sangue flui ao longo de um circuito contínuo, denominado Sistema 
Circulatório. 
 
FIGURA – OS COMPONENTES FUNCIONAIS DO CORAÇÃO 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd127/exerci1.jpg>. 
 
O sangue ao atingir o átrio direito, trazido pelas grandes veias, é forçado pela 
contração arterial a passar pela válvula tricúspide, enchendo o ventrículo direito. O 
ventrículo direito bombeia o sangue pela válvula pulmonar para a artéria pulmonar e, 
daí para os pulmões e, finalmente, pelas veias pulmonares, para o átrio esquerdo. A 
contração do átrio esquerdo força o sangue a passar pela válvula mitral para o ventrículo 
esquerdo, de onde, pela válvula aórtica, atinge a aorta e, por essa artéria, toda circulação 
http://www.efdeportes.com/efd127/exerci1.jpg
 
27 
 
sistêmica. 
A circulação é dividida em duas definições. A Pequena Circulação ou 
Circulação Pulmonar, onde a veia cava inferior e superior levam sangue ao átrio direito, 
daí pela válvula tricúspide chega ao ventrículo direito, sendo então conduzida a artéria 
pulmonar que leva aos pulmões e retorna ao átrio esquerdo do coração pelas veias 
pulmonares, conforme figura . 
 
FIGURA – PEQUENA CIRCULAÇÃO 
 
FONTE: Disponível em: <http//www.prof2000.pt>. 
 
Na Grande Circulação ou Circulação Sistêmica o sangue passa do átrio esquerdo 
ao ventrículo esquerdo pela válvula bicúspide ou mitral. Do ventrículo esquerdo é 
bombeado para o corpo, saindo pela válvula aórtica e artéria aorta, retornando ao átrio 
direito pelas veias cavas. 
 
 
http://www.prof2000.pt/
 
28 
 
FIGURA – GRANDE CIRCULAÇÃO 
 
em:<http://www.soscorpo.com.br/anatomia/grande_circulacao.jpg>. 
 
Os dois átrios são bombas de escorva que forçam quantidades adicionais de 
sangue para o interior dos ventrículos respectivos, imediatamente antes da contração 
ventricular. Essa propulsão de sangue adicional faz com que os ventrículos atuem como 
bombas muito mais eficientes do que seriam sem esse mecanismo especial de 
enchimento. Entretanto, os ventrículos são tão possantes que ainda são capazes de 
bombear grandes quantidades de sangue mesmo quando os átrios não estão 
funcionando. 
A Figura representa um corte microscópio de um músculo cardíaco; as fibras 
possuem mesma estriação transversa, que é característica de musculoesquelético. Isso 
porque o músculo cardíaco possui o mesmo tipo de ecanismo contrátil por filamentos 
deslizantes de actina e de miosina, que ocorre no musculoesquelético. 
Entretanto, ao contrário do musculoesquelético, as fibras musculares cardíacas 
http://www.soscorpo.com.br/anatomia/grande_circulacao.jpg
 
29 
 
são interconectadas entre si, formando treliça que é chamada de sincício. Essa 
disposição é semelhante à que existe no músculo liso visceral, onde suas fibras também 
são fundidas, formando massa interconectada de fibras, também chamada de sincício. 
FIGURA – CORTE MICROSCÓPICO DO MÚSCULO CARDÍACO 
FONTE: Disponível em: <http://www.virtual.epm.br/.../karina/corte_histol.gif. 
 
No coração existem dois sincícios musculares distintos. Um deles corresponde 
ao músculo cardíaco, que forma a parede dos dois átrios, enquanto o outro é o músculo 
cardíaco que forma a parede dos dois ventrículos. Essas duas massas musculares são 
separadas por tecido fibroso, situado entre os átrios e os ventrículos. A importância das 
duas massas musculares siniciais distintas é a seguinte: quando qualquer dessas é 
estimulada, o potencial de ação se propaga por todo o sincício e, portanto, faz com que 
toda a massa muscular contraia. Dessa forma, quando a massa muscular atrial é 
estimulada em qualquer ponto, o potencial de ação é propagado tanto para o átrio 
direito quanto para o átrio esquerdo, o que faz com que todo o complexo das paredes 
atriais contraia a um só tempo, do que resulta a contração do sangue para passar pelas 
válvulas mitral e tricúspide. 
Em seguida, quando o potencial de ação é propagado pelo músculo ventricular, 
vai exercitar todo o músculo sincicial ventricular. Portanto, todas as paredes 
ventriculares contraem a um só tempo e o sangue contido no interior de suas câmeras é 
bombeado, de modo adequado, pelas válvulas aórtica e pulmonar para as artérias. 
A maioria das fibras musculares cardíacas é capaz de contrair ritmicamente. Isso 
é verdade, em especial, para grupo de pequenas fibras cardíacas, situadas na parede 
http://www.virtual.epm.br/.../karina/corte_histol.gif
 
30 
 
superior do átrio direito, que formam o nodo sinoatrial, ou simplesmente, nodo SA. A 
figura 5 abaixo mostra os potenciais de ação rítmicos que são gerados em uma fibra do 
nodo SA. 
 
FIGURA – DESCARGA RÍTMICA DE UMA FIBRA DO NODO AS 
FONTE: Guyton,1988. 
 
A causa dessa ritmicidade é a membrana das fibras SA, que mesmo em repouso 
são muito permeáveis ao sódio. Portanto, grande número de íons sódio passa para o 
interior da fibra, fazendo com que o potencial da membrana em repouso se desvie, 
continuamente, para valor mais positivo. Logo que o potencial da membrana atinge 
nível crítico, chamado de valor “limiar”, é produzido um potencial de ação, o que ocorre 
abruptamente. 
Ao término desse potencial de ação, a membrana fica, temporariamente, menos 
permeável aos íons sódio, mas ao mesmo tempo mais permeável do que o normal aos 
íons potássio e a saída desses íons, transportando cargas positivas para o exterior, faz 
com que o potencialde membrana fique muito negativo, mais negativo que nunca, 
caracterizando o estado de hiperpolarização, devido à perda excessiva de cargas 
positivas. 
Essa condição persiste por fração de segundos e, logo depois, desaparece, visto 
que as permeabilidades aos íons sódio e potássio retornam aos seus valores normais, 
quando a maior permeabilidade ao sódio da membrana faz com que ocorra outro 
potencial de ação. Esse processo perdura sem interrupção por toda a vida, o que leva à 
 
31 
 
excitação rítmica das fibras do nodo SA, na frequência normal em repouso de 72 
batimentos por minuto, representando o total de cerca de dois bilhões de batimentos, ao 
longo de toda a vida de uma pessoa. 
Normalmente, os potenciais de ação com origem no nodo SA são propagados 
por todo o coração e, por conseguinte, produzem a contração rítmica de todo o coração. 
Contudo, se o nodo SA deixar de gerar impulsos rítmicos, alguma área do coração irá 
fazê-lo, e assumirá o controle da frequência cardíaca. A ritmicidade do coração tem 
origem no próprio coração e se porções desse coração são removidas do corpo, 
continuarão a se contrair, enquanto dispuserem de nutrição adequada. O ritmo do Nodo 
SA passa a ser o ritmo de todo o coração, razão pela qual o nodo SA é chamado de 
marca-passo do coração. 
Apesar do impulso cardíaco poder ser propagado, perfeitamente bem, pelas 
próprias fibras do músculo cardíaco, o coração possui um sistema especial de condução 
– o Sistema de Purkinje – que transmite impulsos com velocidade cerca de cinco vezes 
maior que a do músculo cardíaco normal. A figura 6 abaixo apresenta a organização 
desse sistema. Ele tem origem no nodo sinoatrial, dele saem vários feixes muito 
delicados de fibras de Purkinje – as vias internodais – que passam pelas paredes atriais 
até um segundo nodo, o nodo atrioventricular (nodo AV), também situado na parede do 
átrio direito, mas localizado na parte inferior da parede posterior, próximo ao centro do 
coração. 
 
FIGURA – ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE PURKINJE 
 
FONTE: Guyton, 1988. 
 
 
32 
 
Desse nodo, um grande feixe de fibras de Purkinje, o feixe AV, passa 
imediatamente para os ventrículos, atingindo, primeiro, o septo interventricular. Após 
seguir, por curta distância, por este septo, o feixe AV se divide em dois grandes ramos; 
um ramo esquerdo, que se continua pela e ao longo da superfície interna do ventrículo 
esquerdo, e um ramo direito, com trajeto por percurso semelhante, no ventrículo direito. 
Nos ventrículos, esses dois ramos produzem muitas ramificações, de diâmetro 
bem menor, que, eventualmente, fazem contato direto com o músculo cardíaco em todas 
as suas áreas. Portanto, um impulso que seja propagado pelas fibras de Purkinje é 
conduzido com muita rapidez e diretamente para o músculo cardíaco. A principal 
função do sistema de Purkinje é a de transmitir o impulso cardíaco com muita rapidez 
pelos átrios e, após pequena pausa no nodo AV, também com muita rapidez pelos 
ventrículos. 
A condução rápida do impulso fará com que todas as porções de cada sincício de 
músculo cardíaco – o sincício atrial e o sincício ventricular – contraiam ao mesmo 
tempo, de modo a exercerem esforço coordenado de bombeamento. Se não fosse o 
sistema de Purkinje, o impulso seria propagado, muito mais lentamente, pelo músculo 
cardíaco, o que permitiria que algumas fibras musculares contraíssem muito antes das 
outras e, também, relaxassem antes das outras. Obviamente, isso resultaria em 
compressão reduzida do sangue e, por conseguinte, em eficácia diminuída do 
bombeamento. 
Após se ter originado no nodo SA, o impulso é propagado, primeiro pelos átrios, 
provocando sua contração. Alguns poucos centésimos de segundo depois de ter saído do 
nodo SA, o impulso atinge o nodo AV. Entretanto, esse nodo AV retarda o impulso por 
outros poucos centésimos de segundo, antes de permitir sua passagem para os 
ventrículos. Esse retardo permite que os átrios forcem a passagem de sangue para o 
interior dos ventrículos, antes do início da contração ventricular. Após esse retardo, o 
impulso é propagado com muita rapidez pelo Sistema de Purkinje dos ventrículos, 
fazendo com que os dois ventrículos contraiam com força máxima dentro de poucos 
centésimos de segundos. 
O Nodo AV retarda o impulso cardíaco pelo seguinte mecanismo: as fibras 
nesse nodo têm diâmetro muito pequeno, o que as torna diferentes das do restante do 
sistema de Purkinje, transmitindo o impulso cardíaco muito lentamente, com velocidade 
de cerca de um décimo da medida em fibras cardíacas normais e apenas 1/50 da medida 
nas grandes fibras de Purkinje. Por conseguinte, o impulso cardíaco atravessa com a 
 
33 
 
velocidade de um caramujo, esse nodo, o que produz retardo de mais de 0.1 segundo 
entre as contrações dos átrios e dos ventrículos. 
Ocasionalmente, o impulso cardíaco é bloqueado em algum ponto de seu trajeto, 
devido à lesão cardíaca. Por exemplo, uma parte do músculo cardíaco ou do Sistema de 
Purkinje pode ser destruída e substituída por tecido fibroso, incapaz de transmitir o 
impulso. A região do coração que contrai com maior frequência controla as demais, 
enquanto houver fibras funcionais de condução entre as diversas áreas. 
O eletrocardiograma é um instrumento muito utilizado para avaliação da 
capacidade do coração para a transmissão do impulso cardíaco. Quando um impulso 
percorre o coração, a corrente elétrica, gerada pelo potencial de ação do músculo 
cardíaco, difunde pelos líquidos que banham o coração, e fração bastante diminuta dessa 
corrente aflora à superfície do corpo. Quando são colocados eletrodos sobre a superfície 
cutânea da região cardíaca ou sobre os dois lados do coração, como nos dois braços, e 
ligando esses eletrólitos a sistema adequado de registro, as voltagens elétricas geradas 
durante cada batimento cardíaco podem ser registradas. 
No eletrocardiograma normal mostrado na figura 7-A, a pequena deflexão 
marcada no registro como a letra “P” é causada pela voltagem produzida pela passagem 
dos impulsos pelos átrios. As deflexões marcadas com as letras “Q”, “R” e “S” são 
causadas pela passagem do impulso pelos ventrículos, enquanto a deflexão marcada 
pela letra “T” é produzida pelo retorno do potencial de membrana das fibras musculares 
ventriculares ao seu valor normal de repouso, ao término da contração. 
Quando as anomalias cardíacas são causadas por doença, o eletrocardiograma 
muitas vezes fica diferente do seu padrão normal. A figura 7-B mostra o que acontece 
quando parte do músculo ventricular está lesada. Nesse registro o trecho do 
eletrocardiograma entre as ondas S e T fica deprimido. Isso é o resultado de fluxo 
anômalo de corrente elétrica no coração, no intervalo entre os batimentos cardíacos. 
Indica lesão das membranas das fibras musculares ventriculares, o que ocorre com 
muita frequência quando a pessoa sofre um ataque cardíaco agudo. 
A figura mostra o que acontece quando um dos lados do coração fica mais 
aumentado do que o outro. O registro exibe o aumento anormal da onda S e diminuição 
da onda R, indicando maior fluxo de corrente no lado esquerdo do que no lado direito. 
A pressão arterial elevada, muito frequentemente, causa esse tipo de eletrocardiograma, 
devido à carga excessiva de pressão exercida sobre o ventrículo esquerdo. 
 
 
34 
 
FIGURA – ELETROCARDIOGRAMA NORMAL E EXPRESSÃO DE 
DIVERSAS ANOMALIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Guyton, 1988. 
 
 
35 
 
A figura - D mostra o eletrocardiograma de pessoa portadora de sistema de 
Purkinje com bloqueio parcial. Nesse exemplo, o impulso é transmitido por grande 
parte da massa ventricular, por meio das fibras musculares cardíacas, de velocidade 
lenta de condução, ao invés das fibras de Purkinje, com velocidade de condução 
elevada, de modo que o complexo QRS dura por tempo muito maiore tem forma 
anormal. 
A figura - E mostra o efeito do bloqueio do impulso em nível do feixe AV. As 
ondas P ocorrem com regularidade e as ondas QRS também ocorrem regularmente, mas 
sem guardar qualquer relação temporal definida com as ondas P. Os átrios estão 
contraindo com sua frequência natural de 72 batimentos/minuto, enquanto os 
ventrículos assumiram a sua frequência natural: 38 batimentos/minuto. 
Finalmente a figura - F, indicado por seta, de contração prematura do coração. A 
única anormalidade desse registro é a de que o impulso ocorreu logo após o batimento 
cardíaco anterior. Na maioria dos casos, isso é causado por coração irritável, como o 
que ocorre por tabagismo excessivo, pela ingestão de grandes quantidades de café, ou 
por falta de sono. 
As quatro válvulas cardíacas do coração estão orientadas de tal modo que o 
sangue nunca pode fluir para trás, mas unicamente, para frente, quando o coração 
contrai. A válvula tricúspide impede o fluxo do sangue do ventrículo direito para o átrio 
direito e a válvula mitral impede o refluxo do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo, 
enquanto as válvulas pulmonar e aórtica, respectivamente, impedem o reflexo para os 
ventrículos direito e esquerdo do sangue dos sistemas pulmonar e arterial sistêmico. 
Essas válvulas exercem funções idênticas às das válvulas de qualquer bomba de 
compressão, pois nenhuma bomba desse tipo pode funcionar se fluir líquido nos dois 
sentidos. Quando se ausculta uma pessoa com um estetoscópio o batimento cardíaco é 
marcado por dois sons. A primeira bulha cardíaca é causada pelo fechamento das 
válvulas AV, quando o ventrículo contrai e a segunda bulha cardíaca é causada pelo 
fechamento das válvulas aórticas e pulmonar ao término da contração. 
Essa correlação é mostrada na figura 8, onde é apresentado um fonocardiograma 
– que é o registro gráfico dos sons produzidos por um coração – de um coração normal. 
Nessa figura, sístole define o período de batimento cardíaco em que os ventrículos estão 
contraídos e diástole define o período em que os ventrículos estão relaxados. 
 
 
 
36 
 
FIGURA – FONOCARDIOGRAMA DO CORAÇÃO NORMAL E DE 
CORAÇÕES COM DOENÇA VALVULAR AÓRTICA OU MITRAL 
 
FONTE: Guyton, 1988. 
 
Quando os ventrículos contraem, as pressões aumentadas nos dois ventrículos 
forçam o fechamento das válvulas AV. A interrupção súbita do fluxo dos ventrículos 
para os átrios faz com que o sangue produza vibrações das paredes cardíacas e do 
próprio sangue. Essas vibrações são transmitidas até a parede torácica, onde são ouvidas 
como a primeira bulha. 
Imediatamente após os ventrículos terem descarregado seu sangue para o 
sistema arterial, o subsequente relaxamento ventricular permite que o sangue volte a 
fluir para trás, das artérias para os ventrículos, o que provoca o fechamento abrupto das 
válvulas aórticas e pulmonar. Isso também produz vibrações, desta vez, no sangue e nas 
paredes das artérias pulmonar e aorta, além de nos ventrículos. Essas vibrações também 
são transmitidas para a parede torácica, causando o som da segunda bulha cardíaca. 
A figura 9 mostra as variações de pressão no átrio esquerdo, no ventrículo 
esquerdo e na aorta durante o ciclo cardíaco típico. Durante a diástole, a pressão atrial 
esquerda é pouco mais elevada que a do ventrículo esquerdo, pois o sangue flui 
continuamente das veias pulmonares para o átrio. Isso faz com que o sangue flua do 
átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo. 
Próximo ao fim da diástole, a contração do átrio eleva a pressão atrial a valores 
 
37 
 
ainda mais altos, forçando quantidade adicional de sangue para o interior do ventrículo. 
Então, subitamente o ventrículo contrai, a válvula mitral fecha e a pressão ventricular 
aumenta rapidamente. Quando essa pressão ventricular atinge valor mais alto do que o 
vigente na aorta, a válvula aórtica abre e o sangue flui para a aorta durante todo o 
restante da sístole. Quando o ventrículo relaxa, a pressão ventricular diminui 
precipitadamente, o que permite pequeno refluxo, que logo fecha a válvula aórtica. 
 
FIGURA – PRESSÕES NA AORTA, NO VENTRÍCULO ESQUERDO E NO 
ÁTRIO ESQUERDO DURANTE O CICLO CARDÍACO 
 
FONTE: Guyton, 1988. 
Durante toda a diástole, a pressão aórtica permanece alta, pois grande 
quantidade de sangue ficou retida nesses vasos muito distensíveis durante a sístole. Esse 
sangue flui lentamente ao longo dos capilares, para voltar para o átrio direito, fazendo 
com que a pressão aórtica caia do valor máximo medido no pico da sístole, de 
aproximadamente 120 mm Hg, até o mínimo, de cerca de 80 mmHg ao fim da diástole. 
Por conseguinte, diz-se que a pressão arterial sistêmica normal é de 120/80, ou seja, 
pressão sistólica de 120 mmHg e uma pressão diastólica de 80 mmHg. 
 
FISIOPATOLOGIA 
 
No momento que nos aprofundamos nos conhecimentos da anatomia e fisiologia 
do sistema cardiovascular humano, podemos entender que o coração faz o trabalho de 
 
38 
 
bombear o sangue para todos os órgãos do corpo por meio das artérias. No momento em 
que o sangue é “empurrado” contra a parede dos vasos sanguíneos ocorre uma tensão 
gerada na parede das artérias. Essa tensão denomina-se Pressão Arterial. 
É possível afirmar que todo o processo que envolve a pressão arterial resulta da 
contração do coração a cada batimento e da contração dos vasos quando o sangue passa. 
A fisiopatologia da hipertensão arterial, bem como o surgimento das crises 
hipertensivas se deve ao aumento abrupto da resistência vascular. 
De acordo com Mussi (1995), quando a pressão arterial cai, ocorre vasodilatação 
cerebral e se a pressão arterial sobe ocorre vasoconstrição. Quando a pressão arterial 
média ultrapassa os valores limites da autorregulação o cérebro extrai mais oxigênio 
para compensar a redução do fluxo cerebral. Em indivíduos normais a circulação 
cerebral pode tolerar rápidas reduções da pressão arterial, porém em pacientes 
hipertensos, idosos e portadores de doenças cerebrovasculares estes mecanismos 
regulatórios têm respostas mais lentas às variações da pressão arterial. 
Dessa forma, é recomendável no tratamento das crises hipertensivas a redução 
da pressão arterial em torno de 20 a 25% dos valores iniciais em períodos de minutos ou 
horas, dependendo da natureza da emergência. Além de todos estes fatores 
fisiopatológicos que envolvem a hipertensão arterial, alguns eventos que surgem no 
interior das artérias nos levam a entender melhor como ocorrem as sequelas desta 
doença. Por exemplo, os vasos mais sensíveis não aguentam a forte pressão arterial 
exercida e estouram, fato este que é causador do derrame. 
Outro episódio nos mostra que a Hipertensão Arterial provoca feridas nas 
paredes internas dos vasos, o que leva à formação de partículas que vão se colando até 
“entupir” a passagem do sangue, desta forma levando a ocorrência de infartos e e 
insuficiência renal. 
FIGURA – PAREDE INTERNA DO VASO 
 
 
39 
 
Na manutenção adequada da pressão arterial é necessário que os mecanismos do 
organismo humano mantenham-se com um fluxo sanguíneo adequado, conforme as 
demandas do coração, rins, vasos, enzimas e íons que estão sob o controle do Sistema 
Nervoso Central (SNC). Nossas necessidades corporais variam muito de acordo com as 
influências internas e externas, por isso o controle da pressão arterial torna-se muito 
complexo e sua manutenção uma tarefa bastante adaptativa. 
O mecanismo que controla a constrição e o relaxamento dos vasos sanguíneos 
está no centro vasomotor, situado na medula cerebral. Feixes nervosos simpáticos têm 
origem nesse centro vasomotor e percorrem a medula espinhal, emergindo da medula 
espinhal nos gânglios simpáticos do tórax e abdômen. A estimulação do centro 
vasomotor põe em movimento impulsos motores que percorrem o sistema nervoso 
simpático até os gânglios simpáticos. Nesse ponto, os neurônios pré-ganglionares 
liberam acetilcolina,que estimula as fibras nervosas pós-ganglionares nos vasos 
sanguíneos, onde a liberação da noradrenalina resulta em constrição dos vasos. 
Várias influências como ansiedade e medo podem afetar a resposta dos vasos 
sanguíneos a esses estímulos vasoconstritores. As pessoas com hipertensão são muito 
sensíveis à noradrenalina, embora se desconheça realmente o porquê. Ao mesmo tempo 
em que o sistema nervoso simpático estimula os vasos sanguíneos em resposta a 
estímulos emocionais, a glândula adrenal é instigada, resultando em atividade 
vasoconstritiva adicional. A medula adrenal secreta a adrenalina, que causa 
vasoconstrição. 
O córtex adrenal secreta cortisol e outros esteroides, os quais podem favorecer a 
resposta vasoconstritora dos vasos sanguíneos. A vasoconstrição resulta em menor fluxo 
de sangue ao rim, causando a liberação de renina. A renina leva à formação de 
angiotensina I, a qual se converte em angiotensiogênio II, um poderoso vasoconstritor, 
que, por sua vez, estimula a secreção de aldosterona pelo córtex adrenal. Esse hormônio 
provoca retenção de água e sódio pelos túbulos renais, levando a um aumento do 
volume intravascular. Todos esses fatores tendem a perpetuar o estado hipertensivo. 
As alterações estruturais e funcionais no sistema vascular periférico são 
responsáveis pelas alterações da pressão arterial que ocorre com a idade. Essas 
alterações incluem a aterosclerose, perda da elasticidade do tecido conjuntivo e uma 
diminuição do relaxamento do músculo liso vascular, que, por sua vez, reduzem a 
capacidade de distensão e compressão dos vasos. Consequentemente, a aorta e as 
grandes artérias ficam com menor capacidade de acomodar o volume de sangue 
 
40 
 
bombeado pelo coração (volume sistólico), resultando em uma diminuição do débito 
cardíaco e um aumento da resistência periférica. 
FIGURA – PRESSÃO ARTERIAL 
 
A hipertensão arterial na maioria das vezes é assintomática, ou seja, as pessoas 
não sentem nada, por isso é também chamada de “doença silenciosa”. Às vezes, dor de 
cabeça, tontura e mal-estar podem ocorrer em quem está com a pressão arterial alta, mas 
muitas vezes quando a pessoa começa a ter algum sintoma já está com os vasos 
endurecidos e estreitados. Para Ferreira (2000), a Hipertensão aumenta 
consideravelmente o risco de doença coronariana mesmo não sendo aterogênica, porém 
quando os pré-requisitos metabólicos para a aterogênese estiverem presentes, ocorre a 
aceleração, o que agrava o desenvolvimento da aterosclerose. 
 
FIGURA – TIPOS DE ATEROSCLEROSE 
 
Os cuidados com a Hipertensão Arterial devem ser intensos, para desta forma 
 
41 
 
evitar as possíveis consequências e sequelas. O que deve preocupar o profissional de 
enfermagem é principalmente o que a Hipertensão Arterial pode causar se não for 
controlada, ou seja, fazer com que o próprio paciente entenda o risco que corre com esta 
doença. 
 
CLASSIFICAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL 
 
Na atenção básica, a equipe de enfermagem deve estar bem preparada para 
orientar os pacientes quanto aos tipos de Hipertensão. Além disso, o profissional deve 
estar atento e sempre a procura de indícios que identificam as diferenças entre uma e 
outra forma de hipertensão. A Hipertensão Arterial, no que tange à etiologia, pode ser 
classificada em: 
1. Hipertensão Primária (chamada de Hipertensão Arterial Essencial) 
 
Hipertensão Secundária 
 
A Hipertensão Arterial Primária totaliza, segundo o Ministério da Saúde (2006), 
95% dos casos, e tem causa desconhecida, podendo estar associada à hereditariedade e 
também a anormalidades da função renal. Já a Hipertensão Secundária corresponde aos 
5% restantes, quando é possível a identificação de causas, como, por exemplo, 
problemas renais e algumas doenças endócrinas. Além da identificação dos tipos 
etiológico da Hipertensão, na Saúde Pública o profissional da equipe de enfermagem 
pode avaliar o paciente pelo grau de complexidade desta doença. 
Esta avaliação pode ser feita evidenciando o hipertenso como: 
• GRAU I (leve), avaliando quanto à dieta, consumo de sal excessivo, 
intensidade da atividade física, controle do peso, o uso ou não de álcool e cigarro; 
• GRAU II e III (moderado a grave) torna-se necessário, além do controle de 
fatores de risco, a utilização da avaliação médica para intensificar o uso de 
medicamentos. 
 
 
 
42 
 
QUADRO – CLASSIFICAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL 
 
Classificação Da Hipertensão Arterial Sistêmica Segundo A Sociedade Brasileira De 
Cardiologia, V Diretriz De Hipertensão Arterial Sistêmica E Vi Jnc Americano 
Nível da Pressão Arterial Classificação 
< 120 sistólica e < 80 diastólica Ideal 
< 130 sistólica e < 85 diastólica Normal 
130-139 sistólica ou 86-89 diastólica Normal-alta 
140-159 sistólica ou 90-99 diastólica Hipertensão Estágio 1 
160-179 sistólica ou 100-109 diastólica Hipertensão Estágio 2 
> 110 diastólica ou > 180 sistólica Hipertensão Estágio 3 
Diastólica normal com sistólica > 140 Hipertensão Sistólica Isolada 
 
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO 
 
• Fatores de Risco Maiores para Doenças Cardiovasculares: A própria HAS; 
Obesidade (IMC>30); Fumo; Inatividade física; Dislipidemia; Diabetes Mellitus; Idade 
> 55 p/ H e > 65 p/M; História familiar de DCV anterior à idade de risco. 
• Lesão de Órgão-Alvo 
• Doenças Cardíacas; HVE; Angina/IAM prévio; Revascularização 
Miocárdica; Insuficiência Cardíaca; Nefropatia; AVE ou AIT; doença Arterial 
Periférica; Retinopatia diabética; 
OBS: O diabetes Mellitus possui na estratificação peso equivalente à lesão de 
órgão-alvo já estabelecida. 
O quadro abaixo representa o nível de risco em que o paciente está enquadrado, 
segundo a classificação da Hipertensão Arterial, bem como os fatores de riscos 
existentes para determinar a gravidade e complexidade dos sistemas envolvidos e assim 
 
43 
 
proporcionar um tratamento eficiente e eficaz. 
 
QUADRO – ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO 
Fatores de risco Pressão arterial 
 Normal Limítrofe Hipertensão 
estágio 1 
Hipertensão 
estágio 2 
Hipertensão 
estágio 3 
Sem fator de risco Sem risco adicional Risco baixo Risco médio Risco alto 
1 a 2 fatores de risco Risco baixo Risco 
baixo 
Risco médio Risco médio Riscomuito alto 
3 ou mais fatores de 
risco ou lesão de 
órgãos-alvo ou 
Diabetes Mellitus 
Risco médio Risco alto Risco alto Risco alto Risco muito 
alto 
Doença cardiovascular Risco alto Risco 
muito alto 
Risco muito 
alto 
Risco muito 
alto 
Risco muito 
alto 
 
METAS DE TRATAMENTO DE ACORDO COM A ESTRATIFICAÇÃO DE 
RISCO 
 
• Hipertensos estágio 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e médio < 
140/90 mmHg 
• Hipertensos e limítrofes com risco cardiovascular alto < 130/85 mmHg 
• Hipertensos e limítrofes com risco cardiovascular muito alto < 
130/80mmHg 
• Hipertensos nefropatas com proteinúria > 1,0 g/l < 120/75 mmHg 
 
Após o VII JCN houve uma simplificação das categorias e a categorização de 
uma situação intitulada como “pré-hipertensão”, neste sentido as ações de promoção de 
saúde, incluindo mudanças nos estilos de vida são altamente incentivadas, tendo em 
vista que pacientes nesta etapa possuem um risco maior de evoluírem para Hipertensão 
Arterial. 
 
44 
 
 
QUADRO – CLASSIFICAÇÃO HIPERTENSÃO ARTERIAL APÓS VII JCN 
Nível da Pressão Arterial Classificação 
< 120 sistólica e < 80 diastólica Normal 
<= 139 sistólica e <= 89 diastólica Pré-Hipertensão 
140 -159 sistólica ou 90- 99 diastólica Hipertensão Estágio 1 
> 100 diastólica ou > 160 sistólica Hipertensão Estágio 2 
 
Conforme o quadro acima, as categorias de estágio 2 e 3 foram unificadas, tendo 
em vista não haver objetivo prático em diferenciar duas situações clínicas que já 
reservam um prognóstico igualmente ruim. O principal objetivo dessa nova 
classificação é aumentar a importância da necessidade de se diagnosticar precocemente 
a hipertensão e mantê-la em nível o mais fisiológico possível,tendo em vista o enorme 
risco cardiovascular que a hipertensão possui. A SBC não adotou essa classificação. 
 
FATORES DE RISCO 
 
Apesar dos vários malefícios causados pela Hipertensão Arterial, esta doença 
enquanto problema de Saúde Pública ainda é pouco valorizada pelas pessoas que 
convivem diariamente com seus efeitos. O que leva a esse descaso é o fato da 
Hipertensão quase sempre não apresentar sintomas, o que muitas vezes dificultar o 
tratamento. A maioria das pessoas que tem Hipertensão Arterial herda a doença dos 
pais, pois se sabe que quem tem pai e mãe com hipertensão tem maior chance de 
apresentar a doença. 
A história e o exame físico do paciente hipertenso, segundo Bolner (2006), 
devem ser obtidos de forma completa, dando relevante importância aos fatores de risco 
tais como: 
 
• Obesidade: o excesso de peso tem relação com o aumento da 
pressão arterial, portanto se o peso está acima do normal, deve-se iniciar um programa 
 
45 
 
IMC: peso/altura² 
de reeducação alimentar. A Sociedade Brasileira de Cardiologia sugere que o Índice de 
Massa Corporal sempre seja aferido, para uma adequada relação entre o peso para a 
faixa etária do paciente. Dessa forma, a meta é manter um IMC entre 20 Kg/m² e 25 
kg/m² para se evitar que o sobrepeso seja fator desencadeante da pressão arterial. 
 
O cálculo do IMC é realizado a partir da seguinte fórmula: 
 
 
 
• Bebidas Alcoólicas: é fato concreto de que os componentes 
existentes nas bebidas alcoólicas elevam consideravelmente a pressão arterial. Dessa 
forma, para quem sofre de Hipertensão a melhor forma de mantê-la estável é evitar o 
consumo de bebidas alcoólicas. A Sociedade Brasileira de Cardiologia instrui 
abandonar ou limitar o consumo diário de álcool a 30 ml de etanol para os homens (720 
ml de cerveja, 240 ml de vinho e 60 ml de bebida destilada) e à metade dessas 
quantidades para as mulheres, isso para a população que ainda não possui a doença, 
como fator preventivo. 
 
• Alimentação: restringir o sal da dieta. Uma alimentação com 
redução no uso do sal evita a elevação da pressão arterial. A Sociedade Brasileira de 
Cardiologia orienta uma ingestão diária de sódio entre 2,4 g de sódio ou 6 g de cloreto 
de sódio, incluindo a alimentação natural e produtos manufaturados. Também é 
recomendada a ingestão diária de potássio entre 2 a 4 g contidos em uma dieta rica em 
frutas e vegetais frescos. 
 
• Sedentarismo: o fato de não praticar exercícios físicos 
adequados leva a sérios problemas na pressão arterial. Além da sua elevação os riscos 
de infarto são aumentados significativamente. Praticar exercícios físicos aeróbios, 30 a 
45 minutos por dia, três ou mais vezes por semana. Tentar aumentar também a atividade 
física diária (SBC). 
 
 
46 
 
• Tabagismo: Eleva agudamente a pressão arterial e favorece o 
desenvolvimento e as complicações da aterosclerose. Sua interrupção reduz o risco de 
acidente vascular encefálico, de doença isquêmica do coração e de doença vascular 
arterial periférica, além de evitar seus outros efeitos deletérios. A exposição ao fumo 
(tabagismo passivo) também deve ser evitada. O tabagismo é grande risco para os 
pacientes com hipertensão, pois a nicotina aumenta consideravelmente a pressão 
arterial, sendo também um fator de risco para as doenças cardiovasculares. 
 
• Estresse: existe uma relação entre a elevação da pressão 
arterial em condições de estresse, entretanto os mecanismos que elevam a mesma ainda 
não estão claros. 
 
• Dislipidemias: A hipercolesterolemia é um dos maiores fatores 
de risco cardiovascular. O nível de colesterol total sérico deve ser mantido abaixo de 
200 mg/dl, com LDL-colesterol (colesterol de baixa densidade) abaixo de 130 mg/dl. O 
HDL-colesterol (colesterol de alta densidade) baixo (inferior a 35 mg/dl) pode aumentar 
em resposta à redução do peso, à prática de exercícios físicos e à suspensão do hábito de 
fumar. A hipertrigliceridemia (triglicerídeos > 200 mg/dl) deve ser tratada com as 
medidas dietéticas, acrescidas da redução da ingestão de carboidratos simples e de 
bebidas alcoólicas. Quando necessário, recomenda-se o uso de fibratos. 
 
• Fator Genético: também é visto como um fator de risco 
importante, pois a hereditariedade aumenta a chance do desenvolvimento da hipertensão 
arterial. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
O exame físico pode não revelar anormalidade alguma, a não ser a elevação da 
pressão arterial, mas podem ser observadas alterações na retina, como hemorragias, 
exsudato (acúmulo de líquido), arteríolas estreitadas e, nos casos graves, edema de 
papila (edema do disco óptico). As pessoas com hipertensão arterial podem estar 
assintomáticas e assim permanecer por muitos anos. Os sintomas, quando ocorrem, 
geralmente indicam lesões vasculares, com manifestações específicas relacionadas com 
 
47 
 
os sistemas orgânicos servidos pelos vasos envolvidos. 
A doença arterial coronária com angina é a sequela mais frequente em 
indivíduos hipertensos. A hipertrofia ventricular esquerda ocorre em resposta a uma 
maior carga de trabalho imposta ao ventrículo, à medida que ele é obrigado a se contrair 
de encontro a pressões sistêmicas mais altas. Quando o coração não consegue mais 
suportar a sobrecarga de trabalho, sobrevém a insuficiência cardíaca. As alterações 
patológicas nos rins podem se manifestar sob a forma de nictúria (micção aumentada 
durante a noite) e azotemia (aumento da ureia e da creatinina séricas). 
O envolvimento vascular cerebral pode produzir um acidente vascular cerebral 
ou ataque isquêmico transitório, manifestado por paralisia temporária de um lado 
(hemiplegia) ou alterações na visão. Os infartos cerebrais são responsáveis por 80% dos 
acidentes vasculares cerebrais e ataques isquêmicos nas pessoas hipertensas. 
 
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA 
 
São necessários história e exame físico meticulosos. As retinas são examinadas e 
devem ser feitos testes laboratoriais para avaliar possíveis lesões de órgãos, como rins e 
coração, que podem estar acometidos pela pressão arterial aumentada. A hipertrofia 
ventricular esquerda pode ser avaliada pelo eletrocardiograma; a proteína na urina pode 
ser detectada por meio do exame de urina. A incapacidade de concentrar a urina e um 
aumento da ureia e creatinina séricas também podem estar presentes. 
O principal meio de se diagnosticar o paciente hipertenso é por meio da aferição 
da Pressão Arterial. Sabe-se, entretanto, que estes valores muitas vezes são irreais, ou 
seja, por uma técnica inadequada ou pela situação do paciente no momento da 
verificação esta pode estar alterada, significando um momento e não uma situação 
contínua. Assim, é muito importante dar atenção ao paciente e tratá-lo como único, 
avaliando a necessidade de novas verificações de pressão arterial. 
Nas situações em que o paciente apresenta um valor anormal de pressão arterial 
é importante sempre instruí-lo para que retorne ao serviço para utilização de mapas de 
acompanhamento, assim igualmente realizado aos pacientes já hipertensos, com a 
intenção de monitorar os reais índices da pressão arterial do paciente. De qualquer 
forma, ao ser verificada a pressão arterial de um paciente e esta estiver fora dos padrões 
de normalidade, seguindo as técnicas e cuidados padrões para a verificação da pressão 
arterial, este paciente deverá ser encaminhado ao profissional médico que realiza uma 
 
48 
 
avaliação médica, que inclui o pedido de exames laboratoriais e demais intervenções 
aplicadas ao protocolo de atendimento deste tipo de paciente. 
 técnico de enfermagem tem papel fundamental na mensuração da pressão 
arterial, uma vez que ao realizá-la poderá estar detectando um paciente hipertenso. É 
essencial também que, ao realizar a aferição da pressão arterial, o técnico tenha presente 
o questionamento sobre os fatores de risco, estudados anteriormente, desta forma terá 
mais subsídiospara sua conduta e encaminhamentos. 
 
TRATAMENTO 
 
O tratamento pode ser feito com medicamentos ou não, isso vai depender dos 
níveis da pressão arterial, do comprometimento ou não de determinados órgãos e da 
presença de outras doenças. A hipertensão não tem cura, mas pode e deve ser tratada, 
seguindo as orientações de seu médico e modificando alguns hábitos de vida e 
alimentares, o portador evitará todos os problemas da pressão arterial, levando uma vida 
normal e saudável. 
A terapêutica não medicamentosa da Hipertensão Arterial é realizada por meio 
de algumas mudanças no estilo de vida do paciente, entre elas estão a redução de peso, 
moderação na ingestão de álcool, manutenção adequada da atividade física, moderação 
na ingestão de sódio, manutenção da ingestão de k (potássio) e além de tudo isso evitar 
o tabagismo. Conforme Bolner (2006) existem fatores efetivos, comprovados em 
pesquisas, mas ainda desconhecidos de que a suplementação de cálcio e a 
suplementação de magnésio reduzem levemente a pressão arterial. 
O tratamento medicamentoso é indicado pelo médico quando as medidas não 
farmacológicas não são suficientes para o controle da pressão arterial. Nos pacientes 
com hipertensão em fase I e imediatamente após o diagnóstico nos pacientes com alto 
risco cardiovascular ou hipertensão em fase II, qualquer que seja o subgrupo de risco. 
Em qualquer caso o tratamento não farmacológico sempre deve ser mantido. 
São drogas de primeira linha para o tratamento da Hipertensão Arterial 
Sistêmica, todas com resultado benéfico comprovado em vários trabalhos na prevenção 
de complicações cardiovasculares: os diuréticos tiazídicos, os bloqueadores dos canais 
de cálcio, os betabloqueadores e os inibidores da enzima conversora da angiotensina e 
os bloqueadores AT1. 
De todas essas o diurético tiazídico tem demonstrado o melhor resultado no 
http://www.manuaisdecardiologia.med.br/has/has_Page797.htm
http://www.manuaisdecardiologia.med.br/has/has_Page780.htm
http://www.manuaisdecardiologia.med.br/has/has_Page780.htm
http://www.manuaisdecardiologia.med.br/has/has_Page526.htm
http://www.manuaisdecardiologia.med.br/has/has_Page811.htm
http://www.manuaisdecardiologia.med.br/has/has_Page811.htm
http://www.manuaisdecardiologia.med.br/has/has_Page1496.htm
 
49 
 
prognóstico cardiovascular, sendo também promotor de melhor resposta anti- 
hipertensiva em regimes com várias drogas. Assim, isoladamente ou em combinação é a 
melhor droga como primeira opção. Algumas situações clínicas específicas indicam o 
uso de determinada droga anti-hipertensiva para uso inicial isolado ou combinado, 
devido ao comprovado benefício da droga em relação àquela doença. Quem avalia e 
prescreve o medicamento anti-hipertensivo é o médico. 
A V Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial descreve as importantes 
características do medicamento anti-hipertensivo, como forma de estimular a adesão do 
paciente ao tratamento, são elas: 
• Ser eficaz por via oral; 
• Ser bem tolerado; 
• Permitir a administração em menor número possível de tomadas, com 
preferência para dose única diária; 
• Ser iniciado com as menores doses efetivas preconizadas para cada situação 
clínica, podendo ser aumentada gradativamente, pois quanto maior a dose, maiores 
serão as probabilidades de efeitos adversos; 
• Não ser obtido por meio de manipulação, pela inexistência de informações 
adequadas de controle de qualidade, bioequivalência e/ou interação química dos 
compostos; 
• Ser considerado em associação para os pacientes com hipertensão em 
estágios 2 e 3, que na maioria das vezes não respondem à monoterapia; 
• Ser utilizado por um período mínimo de quatro semanas, salvo em situações 
especiais, para aumento de dose, substituição da monoterapia ou mudança das 
associações em uso. 
 
De acordo com o Ministério da Saúde (2006), além do uso de medicamentos o 
principal foco do tratamento da hipertensão ainda são os meios de prevenção das 
complicações (lesões de órgãos-alvo), pois na maioria das vezes o paciente portador da 
doença pensa que está curado após o uso da medicação prescrita pelo médico, e deste 
momento em diante acaba por abandonar o tratamento, voltando desta forma a níveis 
pressóricos altos. É cuidado de enfermagem realizar a orientação do paciente diante da 
prescrição do medicamento feita pelo médico. Orientar quanto à importância do 
tratamento ininterrupto até ordem médica, e quanto aos horários que o paciente deve 
 
50 
 
tomar as medicações em casa, conforme descrito na prescrição do médico assistente. 
Outro fator a ser lembrado nas ações básicas de saúde com relação ao tratamento 
da hipertensão é o programa HIPERDIA. As Unidades Básicas de Saúde devem ter 
suporte para a manutenção deste programa, que é fundamental para a avaliação 
constante do portador da hipertensão. O HIPERDIA, além do cadastro e fornecimento 
dos dados sobre cada hipertenso, é uma forma do profissional ter atualizado os dados 
dos pacientes e desta forma realizar uma boa avaliação no momento das pré-consultas, 
em que são realizadas medições de peso, altura, verificação da pressão arterial, 
orientações, bem como o relato de cada paciente. 
Todas essas informações são lançadas mensalmente no programa informatizado. 
Dessa forma, o profissional da atenção básica exerce papel importante no tratamento da 
hipertensão, orientando e conscientizando o hipertenso de que embora não haja cura, o 
controle adequado da pressão arterial é essencial na prevenção de futuras consequências 
desta doença. 
 
COMPLICAÇÕES DA HIPERTENSÃO ARTERIAL 
 
Segundo Noblat & Lopes (2004), o risco de complicações de hipertensão arterial 
é, em geral, maior em homens do que em mulheres, sendo que nos idosos esta diferença 
reduz particularmente o risco de complicações cardiovasculares, aumentada em 
mulheres após a menopausa. Segundo Almeida & Rodrigues (1997), a queda dos níveis 
hormonais determinada pela menopausa, principalmente estrogênios, é acompanhada 
por uma série de alterações metabólicas, funcionais e estruturais que podem explicar a 
progressão mais acelerada do processo aterosclerótico e suas complicações 
cardiovasculares: mudança no perfil dos lipídios plasmáticos (aumento do colesterol 
total, LDL-colesterol e triglicérides e redução do HDL-colesterol); maior 
coagulabilidade e menor poder fibrinolítico, resultando em tendência à trombose; 
aumento da oxidação das lipoproteínas (LDL) ocasionando maior formação de células 
espumosas e aceleração do processo aterosclerótico; redução da capacidade 
vasodilatadora dependente e independente do endotélio; elevação da pressão arterial; 
menor complacência vascular e miocárdica; redução do débito cardíaco. 
As principais complicações da Hipertensão Arterial são: 
• Aceleração da Aterosclerose; 
• Infarto Agudo do Miocárdio; 
 
51 
 
• Insuficiência Cardíaca; 
• Acidente Vascular Cerebral; 
• Diminuição ou Perda da função renal; 
• Perda da Visão. 
 
CRISE HIPERTENSIVA 
 
A Crise Hipertensiva é uma condição clínica caracterizada por elevação aguda 
ou crônica da PA (Níveis de Pressão Diastólica superior a 130 mmHg) em associação 
ou não com manifestações de comprometimento de órgãos-alvo (cardiovasculares, 
neurológicas e renais). As manifestações clínicas das crises hipertensivas dependem do 
grau de disfunção dos órgãos-alvo. Os níveis pressóricos absolutos podem não ter 
importância, mas sim a velocidade de elevação que esta ocorreu. 
Pacientes com hipertensão de longa data podem tolerar pressões sistólicas de 
200 mm Hg e diastólicas superiores a 150 mm Hg, entretanto crianças ou gestantes 
podem desenvolver encefalopatia com pressões diastólicas de 100 mm Hg. Cerca de 10 
a 20% da população adulta em nosso país apresenta Hipertensão Arterial Sistêmica; 
estudos mostram que emergências hipertensivas ocorrem em menos de 1% dos 
pacientes hipertensos, esses pacientes desenvolverão um ou maisepisódio de 
emergência hipertensiva. 
O mecanismo responsável pela elevação da PA não é claramente conhecido, no 
entanto, elevações dos níveis de renina, adrenomodulina e peptídeo atrial natriurético 
foram encontrados em alguns pacientes com emergências hipertensivas. Uma elevação 
súbita da PA secundária a um aumento da resistência vascular periférica parece estar 
envolvida nos momentos iniciais; o fumo, possivelmente mediando lesão endotelial, é 
um antigo suspeito de estar envolvido na gênese das emergências hipertensivas 
(fumantes têm 5x mais chances de desenvolver hipertensão maligna); fatores genéticos 
e imunológicos também podem ter papel importante. 
Os pacientes portadores de feocromocitoma ou hipertensão renovascular 
apresentam uma incidência de elevações abruptas de pressão arterial mais alta do que o 
esperado para outras causas de hipertensão arterial. Alguns autores acreditam que a 
ativação do sistema renina-angiotensina esteja envolvida no desenvolvimento das 
emergências hipertensivas, assim a redução do volume circulante causada, entre outros 
 
52 
 
motivos, pela ação de diuréticos de alça – como a furosemida – pode estar associada a 
elevações abruptas de pressão arterial e à lesão endotelial dos quadros de emergência 
hipertensiva. 
Uma vez iniciado o processo lesivo vascular, surge um ciclo vicioso com 
secreção de substâncias vasoconstritoras e vasotóxicas, como o TNFa, que perpetuam o 
processo. 
 
FIGURA – CURVA DE AUTORREGULAÇÃO CEREBRAL DE PACIENTES 
NORMOTENSOS 
 
 
A figura acima mostra a curva de autorregulação cerebral no paciente 
normotenso. Nota-se que os mecanismos de vasodilatação e vasoconstrição podem 
manter o fluxo sanguíneo cerebral constante em uma larga faixa de pressão arterial 
média, porém quando a pressão arterial ultrapassa esse limite pode ocorrer hipo ou 
hiperperfusão cerebral. Quando, no entanto, a pressão arterial média cai abaixo da 
capacidade de autorregulação, ocorre hipoperfusão e isquemia tecidual. 
 
 
53 
 
FIGURA – CURVA DE AUTORREGULAÇÃO CEREBRAL DE PACIENTES 
HIPERTENSOS 
 
 
A figura acima mostra o desvio da curva de autorregulação para a direita em 
pacientes cronicamente hipertensos. 
 
SINTOMAS E SINAIS DE ALERTA NA CRISE HIPERTENSIVA 
 
Neurológicos: Relaxamento da Consciência, Sinais Focais (localizatórios), 
Cefaleia Súbita Intensa, Presença de Sinais Meníngeos e Alterações agudas no fundo do 
olho; 
Cardiológicos: Dor Torácica Isquêmica, Dor Torácica Intensa, Congestão 
Pulmonar e Presença de 3ª Bulha; 
Renais: Presença de edema recente, diminuição do volume urinário, hematúria, 
proteinúria e elevação dos níveis de creatinina; 
Na abordagem do paciente hipertenso grave na emergência médica é necessária 
uma história e um exame físico direcionados, porém acurados na busca da presença de 
lesão de órgão-alvo, particularmente na busca de sintomas e sinais de alerta, são cruciais 
para a segurança do paciente e para a boa prática clínica; a história deve investigar as 
características dos sintomas do paciente. Muitos pacientes apresentam-se na emergência 
apenas após a constatação da elevação dos níveis pressóricos em uma medida rotineira 
de pressão arterial. 
O exame físico deve incluir a pesquisa da presença de sinais de irritação 
meníngea, fundo de olho para buscar edema de papila, hemorragias e exsudatos; o 
 
54 
 
exame neurológico deve procurar a presença de rebaixamento de nível de consciência, 
confusão mental ou agitação psicomotora, presença de sinais neurológicos focais, 
particularmente os sinais deficitários; a ausculta cardíaca deve buscar a presença de 3ª 
ou 4ª bulha e sopro de insuficiência aórtica; a ausculta pulmonar deve procurar a 
presença de sinais de congestão pulmonar; o exame físico deve incluir, ainda, a 
palpação da aorta abdominal e a pesquisa de pulsos periféricos, incluindo o pulso 
carotídeo. 
É importante avaliar a presença de deterioração da função renal, buscando a 
presença de edema, diminuição de volume urinário e hematúria; em pacientes com 
pressão arterial diastólica superior a 130 mmHg, impõe-se a dosagem de creatinina 
sérica e a análise urinária para pesquisar a presença de hematúria e proteinúria; a 
estratificação de risco desses pacientes está na confirmação ou na exclusão de existência 
de lesão aguda (em curso) de um órgão-alvo. Caso não seja possível excluir a existência 
de lesão, deve-se assumir a presença de lesão aguda e tratar conforme o órgão lesado. 
 
A Crise Hipertensiva é dividida em urgência hipertensiva e emergência 
hipertensiva: 
 
• Urgência Hipertensiva: não existe o comprometimento 
instalado dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins). Após a avaliação médica o 
paciente geralmente recebe medicações por via oral ou sublingual e é tratado 
ambulatorialmente e em domicílio; o controle da Pressão Arterial é feito em até 24 
horas; 
• Emergência Hipertensiva: existe o
 comprometimento instalado e iminente dos 
órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins); após a avaliação médica é indicado 
tratamento hospitalar em CTI’s e administração de vasodilatadores endovenosos. Essa 
crise é acompanhada por sinais que indicam as lesões nos órgãos-alvo, tais como: 
encefalopatia hipertensiva, edema agudo de pulmão, acidente vascular encefálico, 
infarto agudo do miocárdio ou dissecção aguda da aorta, nestes casos há o risco 
iminente de morte; 
Segundo Uenishi (1994), os principais cuidados de enfermagem no tratamento 
das crises hipertensivas são: 
• Manter o paciente em ambiente calmo e tranquilo; 
 
55 
 
• Puncionar veia periférica; 
• Monitorizar adequadamente (PA, ECG e Débito Urinário); 
• Instalar medicação prescrita anti-hipertensiva em bombas de infusão; 
• Para pacientes com infusão intravenosa de vasodilatadores, obter parâmetros 
de sinais vitais a cada cinco minutos até a redução desejada da pressão arterial. 
 
Um dos principais medicamentos vasodilatadores utilizados nas emergências 
hipertensivas é o nitroprussiato de sódio, que é um potente vasodilatador. Sua ação é 
semelhante ao nitrito, que atua diretamente sobre o músculo liso dos vasos sanguíneos, 
provavelmente por causa da porção nitrosa. O metabolismo inicial do nitroprussiato 
envolve a liberação não enzimática de cianogênio, o qual é rapidamente convertido em 
tiocinato, por meio de uma ação catalisadora por enzima hepática. 
Embora essa reação seja irreversível, o tiocinato pode ser de forma lenta 
convertido em cianeto pela ação de uma tiocinato oxidase presente nos eritrócitos. 
(GUERRA et al.,1988). Muitos dos efeitos tóxicos que se observam durante o uso do 
nitroprussiato são notados em envenenamento por cianeto e tem sido sugerido que esse 
último composto seria responsável pelos efeitos tóxicos pelo uso prolongado da droga 
em pacientes. O início da ação do nitroprussiato de sódio é imediato e persiste enquanto 
perdura a infusão da droga, atua tanto nos vasos de capacitância como nos vasos de 
resistência. Produz redução muito rápida nas pressões arterial e venosa central e um 
aumento moderado na frequência cardíaca. 
Também é potente vasodilatador cerebral, causando aumento da pressão 
intracraniana responsável pela cefaleia pulsátil experimentada por alguns pacientes. Os 
vasos da retina podem relaxar-se e aumentar a pressão intraocular, o que favorece a 
crise aguda do glaucoma. O nitroprussiato de sódio é indicado nas crises hipertensivas e 
também é útil para produzir hipotensão em alguns procedimentos cirúrgicos, assim 
como para diminuir a resistência periférica em pacientes com infarto do miocárdio, 
ocasionando melhora no desempenho cardíaco, que é acompanhado pelo aumento do 
volume urinário e excreção de sódio. 
A toxidade aguda do Nitroprussiato é secundária à vasodilatação excessiva e à 
hipotensão. Podem ocorrer náuseas, vômitos, sudorese, agitação, cefaleia, palpitação, 
pressão subesternal e síncope, devido ao deslocamentoda massa sanguínea para as áreas 
esplênicas e periféricas, com possível hipóxia cerebral. Os principais cuidados de 
 
56 
 
enfermagem na administração desta medicação são: 
• Preparo e diluição da medicação conforme padronização e/ou prescrição 
médica (geralmente é diluído em 250 ml de solução fisiológica ou glicose 5%); 
• Controle rigoroso de gotejamento, instalar preferencialmente em bomba de 
infusão e verificar continuamente a infusão correta do medicamento; 
• Controle da pressão arterial do paciente (algumas bibliografias indicam 
controle a cada cinco minutos, outras a cada 15 a 30 minutos. É importante seguir as 
orientações do enfermeiro na observação e aferição da pressão arterial, uma vez que nas 
primeiras horas de infusão da medicação será necessária a verificação em intervalos 
menores e/ou conforme a apresentação de sinais e sintomas no paciente); o mais 
indicado é que o paciente esteja monitorizado com monitor multiparâmetros, que 
verifica constantemente o pulso, pressão arterial e oximetria; 
Observação: todos os sinais e resultados obtidos devem obrigatoriamente ser 
anotados no prontuário do paciente, bem como os horários de instalação da medicação e 
possíveis mudanças em gotejamentos, conforme a orientação médica. 
• Seguir a prescrição do enfermeiro frente aos demais cuidados específicos 
prestados a este paciente. 
• Segundo Andrade (2009), os efeitos colaterais produzidos pela infusão do 
nitroprussiato de sódio melhoram com a diminuição do gotejamento ou quando o 
paciente é mantido em decúbito horizontal. 
 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE HIPERTENSO 
 
Mais importante do que o diagnóstico do indivíduo com hipertensão é a 
avaliação os seus riscos. Em nível de saúde pública, além de todos os critérios de 
avaliação, as Unidades Básicas devem disponibilizar de local apropriado para receber os 
pacientes com hipertensão. O ambiente deve ser tranquilo e confortável para o bom 
êxito da avaliação do profissional da enfermagem e também para o bem- estar do 
paciente. 
O cuidado aos pacientes hipertenso também são realizados em hospitais, tendo o 
técnico de enfermagem o contato quase que permanente com esses pacientes, tanto nos 
momentos em que são internados, por complicações advindas da hipertensão arterial, 
como nos casos em que estará realizando procedimentos eletivos, como cirurgias e/ou 
 
57 
 
exames diagnósticos. 
Os principais cuidados de enfermagem ao paciente hipertenso são: 
• Monitorização da Pressão Arterial: a monitorização da 
pressão arterial é dirigida aos pacientes já hipertensos e à população saudável. A 
monitorização de PA em pacientes hipertensos deve ser feita em intervalos rotineiros e 
frequentes, programados junto com o paciente e diante da necessidade deste. Os 
pacientes que possuem o diagnóstico de hipertensão ou aqueles em grupo de risco e/ou 
avaliados como pré-hipertensos devem possuir uma carteira de controle de 
acompanhamento ou mapa de avaliação, onde é anotado o dia, horário, resultado da 
pressão arterial e assinatura do profissional que realizou a verificação. 
Para os pacientes em uso de medicamentos anti-hipertensivos, é de suma 
importância a verificação da pressão arterial no intuito de identificar a eficiência dos 
medicamentos frente à patologia. Os pacientes hipertensos hospitalizados, igualmente, 
devem ser monitorizados conforme a necessidade e rotina institucional e medicados de 
acordo com a prescrição médica. Smeltzer e Bare (2006) enfatizam que, uma vez 
identificada, a pressão arterial elevada deve ser monitorada a intervalos regulares, 
porque a hipertensão é uma condição para o resto da vida. 
Tendo como meta do tratamento evitar a morte e as complicações ao atingir e 
manter a pressão arterial mais baixa que 140/90 mmHg. 
• Monitorização dos Sinais e Sintomas: a enfermagem deve investigar 
sinais e/ou sintomas que possam indicar lesão de outros órgãos, desta forma é sempre 
importante manter um diálogo com o paciente e questionar sobre: sangramentos nasais, 
dor anginosa, falta de ar, alterações na visão, vertigens, dores de cabeça ou nictúria; 
• Monitorização dos Pulsos: indica-se que sempre ao monitorizar a pressão 
arterial do paciente também seja incluída a verificação dos pulsos apical e periférico 
(frequência, ritmo e características) para com isso detectar possíveis efeitos da 
hipertensão sobre o coração e vasos periféricos; 
• Educação do paciente para o autocuidado: o objetivo do tratamento da 
hipertensão é a manutenção de uma pressão arterial adequada que não cause danos para 
o paciente, a colaboração da enfermagem frente a este cuidado deve ser de baixo custo e 
alto benefício. O tratamento inclui ações de mudança nos estilos de vida e nos casos em 
que o médico prescreve o uso de medicações, desta forma, o próprio paciente torna-se 
responsável por estas mudanças e a enfermagem tem a função de realizar a orientação e 
 
58 
 
acompanhamento frente a estas novas adaptações, por esta razão é um sistema de 
educação continuada e de estímulo ao autocuidado. 
A adesão ao tratamento pode ser caracterizada como o grau em que o 
comportamento do indivíduo, em termos de tomar o medicamento, seguir a dieta, 
realizar mudanças no estilo de vida e comparecer às consultas de acompanhamento, 
coincide com o conselho médico ou de saúde. Vários fatores podem dificultar a adesão 
do paciente: doença, tratamento, aspectos socioeconômicos, ocupação, estado civil, 
religião, crenças de saúde, família, hábitos de vida e culturais devem ser considerados 
(SARMENTO, 2004). 
Algumas das estratégias utilizadas para este fim é a reunião em grupos de 
hipertensos para que os mesmos troquem informações sobre suas dificuldades frente às 
mudanças, muitas vezes, penosas, mas necessárias. A família deve ser envolvida e 
estimulada juntamente com o paciente para que se torne capaz de oferecer apoio aos 
esforços do paciente em controlar a hipertensão. O posicionamento e apoio da família 
são de fundamental importância às mudanças os hábitos de vida do hipertenso, pois 
ações como fazer atividades físicas, seguir dieta adequada e tomar medicamentos na 
hora e na dosagem certa, talvez venham a requerer apoio e supervisão dos familiares. 
Além disso, quando temos um hipertenso na família, todos os outros membros 
devem se preparar para colocar em prática medidas de vida saudável precocemente, pois 
a chance de também desenvolver hipertensão arterial é muito grande (SARMENTO, 
2004; ORQUIZA, 2007). Sabe-se que toda mudança requer um processo educativo e 
esse se dá de uma forma lenta e deve ser contínuo. Assim, as ações desenvolvidas pelos 
profissionais que trabalham com esses pacientes devem atender às necessidades de cada 
um, à medida que se tenta manter o tratamento por longo período (ALMEIDA, 2004). 
• Monitorização no uso de medicamentos: nos programas de saúde pública 
de atenção a pacientes hipertensos as medicações protocoladas são distribuídas 
gratuitamente ao paciente que faz uso contínuo, o profissional de enfermagem neste 
aspecto realiza juntamente com o farmacêutico o controle adequado das medicações 
distribuídas para o paciente, bem como a periodicidade de retirada de tais 
medicamentos, geralmente realizando uma anotação da quantidade do medicamento que 
está sendo entregue ao paciente e a data de entrega, desta forma é possível monitorar a 
correta administração do medicamento em domicílio. 
Outra questão é o aparecimento de sinais ou sintomas que podem estar 
associados ao uso da medicação anti-hipertensiva, como por exemplo, tonteira ou 
 
59 
 
zonzeira ao ficar em pé; todas essas informações devem sempre ser registradas para que 
exista uma comunicação eficiente entre os profissionais que prestam atenção à saúde do 
paciente, tanto nos hospitais quanto em tratamentos ambulatoriais. Para a 
implementação de ações, o profissional deve procurar conhecer a história do paciente 
individualmente,de forma a elaborar estratégias que possam contribuir para adesão ao 
tratamento medicamentoso e não medicamentoso (SOUZA, 2003). 
• Monitorização das complicações potenciais: A elevação prolongada da 
pressão arterial lesiona os vasos sanguíneos por todo o corpo, principalmente em 
órgãos-alvo, como o coração, rins, cérebro e olhos, além de provocar espessamento e 
perda de elasticidade das paredes arteriais e aumento da resistência vascular 
periférica nos vasos acometidos. As consequências usuais da hipertensão descontrolada 
prolongada são o infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e renal, acidentes 
vasculares cerebrais e visão prejudicada. 
O ventrículo esquerdo do coração pode ficar aumentado (hipertrofia ventricular 
esquerda), à medida que age para bombear o sangue contra a pressão elevada (POTTER 
& PERRY, 2001; SMELTZER E BARE, 2006). Os sintomas de que a doença está 
progredindo e envolvendo outros sistemas orgânicos devem ser detectados 
precocemente, de modo que o programa de tratamento possa ser alterado de acordo. 
Quando o paciente retorna ao ambulatório para acompanhamento, todos os sistemas 
orgânicos devem ser avaliados para detectar qualquer indício de lesão vascular em 
órgãos vitais. 
O exame dos olhos é particularmente importante porque a lesão vascular na 
retina indica alteração similar em outro local do sistema vascular. O paciente deve ser 
inquirido acerca de embaçamento visual, manchas diante dos olhos e diminuição da 
acuidade visual. O coração, sistema nervoso e rins necessariamente também devem ser 
avaliados. Oliveira (2004) enfatiza que a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) somente 
passa a provocar sintomas quando os órgãos-alvo começam a não mais suportar as 
alterações que sofreram para se adaptar aos níveis tensionais elevados. 
Entretanto, tais alterações não são precoces, surgem geralmente após mais de 10 
anos de presença da doença, por meio de complicações graves, fato justificado pela 
evolução assintomática que a HAS apresenta. Infere ainda o autor que se deve ter como 
objetivo uma conduta preventiva que pode ser obtida mediante o diagnóstico precoce e 
o tratamento da HAS. Quaisquer achados significativos devem ser imediatamente 
notificados para a necessidade de estudos diagnósticos adicionais. Com base nos 
 
60 
 
achados, os medicamentos podem ser mudados em uma tentativa de controlar a 
hipertensão. Segundo Potter (2002), a anamnese do paciente é essencial no momento da 
avaliação, ou seja, observar o paciente de forma completa irá facilitar a compreensão e 
identificação de riscos. 
• Verificação do peso e altura: Importante mensuração que a enfermagem 
contribui realizando para que se possa estimar o IMC do paciente e, assim, acompanhar 
o ganho e perda de massa muscular individualmente, como fator relevante na atenção 
primária e secundária do indivíduo hipertenso. 
• Cuidados Hospitalares: além de todos os cuidados citados anteriormente é 
importante que ao paciente hospitalizado sejam realizados os seguintes cuidados: 
questionamento sobre a medicação domiciliar de uso contínuo ou não, no momento da 
internação, antes da realização de exames diagnósticos, incluindo os contrastados, antes 
da realização de atos cirúrgicos; monitorização da pressão arterial: conforme a 
preconização e rotina da instituição frente à verificação dos sinais vitais do paciente, e 
principalmente em intervalos menores naqueles pacientes que fazem uso endovenoso de 
medicação anti-hipertensiva, gestantes, emergências hipertensivas e pré-operatórios; 
• Participar em Treinamentos e Capacitação: a enfermagem tem o dever 
de estar constantemente atualizada frente às mudanças e implementações que surgem na 
ciência, desta forma, o técnico de enfermagem participa de capacitações tanto em nível 
de saúde pública como hospitalar, para garantir técnicas e condutas adequadas e de 
qualidade ao paciente. 
• Realizar uma aferição de pressão arterial de forma isenta de riscos. 
 
APARELHOS UTILIZADOS PARA AFERIÇÃO DA PRESSÃO 
ARTERIAL 
 
Esfigmomanômetro - É o instrumento utilizado para a medida da pressão 
arterial. É composto pelo manômetro e manguito. 
 
 
 
61 
 
FIGURA - ESFIGMOMANÔMETRO 
 
FONTE: < http://pt.goldenmap.com/Sinais_vitais > 
 
são: 
• Estetoscópio - Existem vários modelos, porém os principais 
componentes 
• Olivas auriculares: são pequenas peças cônicas que proporcionam uma 
perfeita adaptação ao meato auditivo, de modo a criar um sistema fechado entre o 
ouvido e o aparelho. 
• Armação metálica: põe em comunicação as peças auriculares com o 
sistema flexível de borracha; é provida de mola que permite um perfeito ajuste do 
aparelho. 
• Tubos de borracha: possuem diâmetro de 0,3 a 0,5 cm e comprimento de 
25 a 30 cm. 
• Receptores: existem dois tipos fundamentais: o de campânula de 2,5 cm, 
que é mais sensível aos sons de menor frequência e o diafragma, que dispõe de uma 
membrana semirrígida com diâmetro de 3 a 3,5 cm, utilizado para ausculta em geral. 
 
FIGURA - ESTETOSCÓPIO 
http://pt.goldenmap.com/Sinais_vitais
 
62 
 
 
http://medicast.blogspot.com.br/2007_10_01_archive.html> PROCEDIMENTO 
DA MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL 
 
Preparo do paciente para a medida da pressão arterial: 
1. Explicar o procedimento ao paciente; 
2. Repouso de pelo menos cinco minutos em ambiente calmo; 
3. Evitar bexiga cheia; 
4. Não praticar exercícios físicos 60 a 90 minutos antes; 
5. Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumar 30 
minutos 
6. Manter pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na 
cadeira e relaxado; 
7. Remover roupas do braço no qual será colocado o manguito; 
8. Posicionar o braço na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou 
4° espaço intercostal), apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo 
ligeiramente fletido; 
9. Solicitar para que não fale durante a medida. 
 
Procedimento de medida da pressão arterial: 
http://medicast.blogspot.com.br/2007_10_01_archive.html
 
63 
 
1. Medir a circunferência do braço do paciente; 
2. Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço; 
3. Colocar o manguito sem deixar folgas acima da fossa cubital, cerca de 2 a 
3 cm. 
 
FIGURA – MEDIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL 
 
www.portalangels.com 
 
4. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a 
artéria braquial; 
5. Estimar o nível da pressão sistólica (palpar o pulso radial e 
inflar o manguito até seu desaparecimento, desinflar rapidamente e aguardar 1 minuto 
antes da medida); 
6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula 
do estetoscópio sem compressão excessiva. 
 
FIGURA - MEDIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL 
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q&esrc=s&source=images&cd&docid=oMNn1DP_hVNwuM&tbnid=lsW919fTTjuz-M%3A&ved=0CAQQjB0&url=http%3A%2F%2Fwww.portalangels.com%2Feducacao%2Fdatas-comemorativas%2Fdia-nacional-de-prevencao-e-combate-a-hipertensao-26-de-abril.html&ei=AqsvUaSpIIj28wTa-IDYBg&bvm=bv.43148975%2Cd.eWU&psig=AFQjCNGbRyWji3hMhbDenASZsEmXqEwhkw&ust=1362164858694008
 
64 
 
 
www.mundoeducacao.com.br 
 
7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da 
pressão sistólica; 
8. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 a 4 mmHg por segundo); 
9. Determinar a pressão sistólica na ausculta do primeiro som (fase I de 
Korotkoff), que é um som fraco seguido de batidas regulares e, após, aumentar 
ligeiramente a velocidade de deflação; 
10. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de 
Korotkoff); 
11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu 
desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa; 
12. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão 
diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da 
sistólica/diastólica/zero; 
13. Esperar um a dois minutos antes de novas medidas;14. Informar os valores de pressão arterial obtidos para o paciente; 
15. Anotar os valores e o membro. 
 
Antes e após qualquer procedimento é necessária a lavagem das mãos e a 
assepsia dos materiais utilizados, nestes casos, utiliza-se o álcool 70% e o algodão para 
realização da assepsia nas olivas auriculares e no diafragma do estetoscópio. Pacientes 
em isolamento de contato sempre terão material individualizado quando hospitalizados. 
Dessa forma, o técnico de enfermagem sempre deverá seguir as normas e orientações do 
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar. A tabela abaixo mostra as dimensões dos 
manguitos para as diferenças circunferências de braço. 
 
TABELA - DIMENSÕES DA BOLSA DE BORRACHA PARA DIFERENTES 
CIRCUNFERÊNCIAS DE BRAÇO EM CRIANÇAS E ADULTOS (V DIRETRIZES 
BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL) 
 
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q&esrc=s&source=images&cd&cad=rja&docid=9-GUBbEwb-28OM&tbnid=flfgjQGDvvogoM%3A&ved=0CAQQjB0&url=http%3A%2F%2Fwww.mundoeducacao.com.br%2Fdoencas%2Fhipotensao.htm&ei=sKsvUaOWBY3-8ATW1YGIAw&bvm=bv.43148975%2Cd.eWU&psig=AFQjCNEdTAdxr6owjXzrnrr0j6Gz5F_BOg&ust=1362165026483194
 
65 
 
 
 
SITUAÇÕES ESPECIAIS DE MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL 
 
A medida da pressão arterial em crianças é recomendada em toda avaliação 
clínica após os três anos de idade ou em circunstâncias especiais de risco antes desta 
idade, identificando-se a pressão diastólica na fase V de Korotkoff e empregando-se 
manguito com bolsa de borracha de tamanho adequado à circunferência do braço. 
Na medida da pressão arterial do idoso existem três aspectos importantes: maior 
frequência de hiato auscultatório, que consiste no desaparecimento dos sons na ausculta 
durante a deflação do manguito, geralmente entre o final da fase I e o início da fase II 
dos sons de Korotkoff. Tal achado pode subestimar a verdadeira pressão sistólica ou 
superestimar a pressão diastólica; pseudo-hipertensão, caracterizada por nível de 
pressão arterial superestimado em decorrência do enrijecimento da parede da artéria. 
Pode ser detectada por meio da manobra de Osler, que consiste na inflação do 
manguito no braço até o desaparecimento do pulso radial. Se a artéria for palpável após 
esse procedimento, sugerindo enrijecimento, o paciente é considerado Osler positivo; a 
hipertensão do avental branco é mais frequente no idoso. Segundo Guedis et al. (2008), 
define-se como efeito do avental branco a condição clínica na qual as pressões arteriais 
sistólicas e diastólicas são maiores que 20 mmHg e 10 mmHg respectivamente, em 
relação aos números obtidos pela medida da pressão de consultório comparadas por 
aqueles registrados pela Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) ou 
pela Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA). Em gestantes recomenda-
se que a medida da pressão arterial seja feita na posição sentada, identificando-se a 
pressão diastólica na fase V de Korotkoff. 
Denominação do 
Manguito 
Circunferência do 
Braço (cm) 
 Bolsa de Borracha (cm) 
Largura Comprimento 
Recém-nascido < ou = 10 4 8 
Criança 11 a 15 6 12 
Infantil 16 a 22 9 18 
Adulto Pequeno 20 a 26 10 17 
Adulto 27 a 34 12 23 
Adulto Grande 35 a 45 16 32 
 
66 
 
FATORES DETERMINANTES DA PRESSÃO ARTERIAL 
 
Segundo Veiga & Crossetti (1998), os principais fatores determinantes da 
pressão arterial são: 
- A força de contração do coração interfere na pressão sanguínea de modo que 
uma contração débil resulta em uma pressão mais baixa; 
- A resistência periférica também interfere na pressão sanguínea, pois se o 
calibre dos vasos periféricos é muito pequeno a pressão sanguínea aumenta e quando os 
vasos têm um calibre amplo produzem diminuição de pressão sanguínea; 
- Volume do sangue circulante. Quando é pouco a pressão é baixa e quando a 
quantidade aumenta a pressão arterial também aumenta; 
- A viscosidade do sangue é outro fator que influi, pois quanto mais viscoso, 
mais alta será a pressão arterial; 
- Elasticidade da parede dos vasos. Vasos pouco elásticos oferecem mais 
resistência do que os que têm muita elasticidade; assim sendo, aumentando a 
resistência, a pressão também aumenta. 
 
 
 
67 
 
NOTAS COMPLEMENTARES 
 
• Variações na posição e na pressão do receptor do estetoscópio interferem 
com o resultado dos níveis tensionais; 
• Evitar a congestão das veias do braço, pois dificulta a ausculta; 
• A roupa da paciente não deve fazer constrição no braço; 
• A presença de arritmias importantes interfere na medida da PA; 
• A PA pode ser medida nas coxas, porém com manguitos especiais e com o 
estetoscópio localizado no oco poplíteo; 
• Em pacientes obesos, a maior circunferência do braço determina níveis 
pressóricos falsamente elevados, sendo conveniente nesses casos a medida da PA no 
antebraço, com o estetoscópio sobre a artéria radial; 
• Em crianças, na determinação da PA diastólica, leva-se em conta a 
diminuição dos ruídos de Korotkoff, já que o desaparecimento pode não ocorrer. 
 
VARIAÇÕES FISIOLÓGICAS DA PRESSÃO ARTERIAL 
➢ Idade - em crianças é nitidamente mais baixa do que em adultos; 
➢ Sexo - na mulher é pouco mais baixa do que no homem, porém na prática 
adotam-se os mesmos valores; 
➢ Raça - as diferenças em grupos étnicos muito distintos talvez se deva a 
condições culturais e de alimentação; 
➢ Sono - durante o sono ocorre uma diminuição de cerca de 10%, tanto na 
sistólica como na diastólica; 
➢ Emoções - há uma elevação principalmente da sistólica; 
➢ Exercício físico - provoca intensa elevação da PA, devido ao aumento do 
débito cardíaco, existindo curvas normais da elevação da PA durante o esforço físico 
(testes ergométricos); 
➢ Alimentação - após as refeições, há discreta elevação, porém sem 
significado prático; 
➢ Mudança de posição - a resposta normal quando uma pessoa fica em pé ou 
sai da posição de decúbito inclui uma queda da PA sistólica de até 15 mmHg e uma leve 
queda ou aumento da diastólica de 5 a 10 mmHg. Pode ocorrer hipotensão postural 
(ortostática), que se acompanha de tontura ou síncope; as três causas mais comuns da 
hipotensão ortostática: depleção do volume intravascular, mecanismos vasoconstritores 
 
68 
 
inadequados e efeito autônomo insuficiente sobre a constrição vascular. 
Terminologia empregada na conduta técnica: 
 
➢ Hipertensão: Aumento da Pressão Arterial; 
➢ Hipotensão: Diminuição da Pressão Arterial; 
➢ Normotenso: Pressão Normal; 
➢ Unidade utilizada: mmHg (milímetros de mercúrio); 
➢ PA: Pressão Arterial; 
➢ TA: Tensão Arterial. 
 
AÇÕES EDUCATIVAS DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO AO 
PACIENTE HIPERTENSO 
 
Toda a Equipe de Enfermagem tem papel fundamental nas ações educativas bem 
como preventivas, que devem ser realizadas constantemente com os pacientes 
hipertensos. Além do comparecimento nas pré-consultas para avaliação médica mensal, 
a equipe participa de forma periódica em grupos com estes pacientes, que normalmente 
são realizados em suas comunidades, onde são feitas palestras, avaliação da pressão 
arterial, peso, altura, entre outros. A educação e as formas de demonstração ao paciente 
hipertenso sobre a doença, suas complicações, seus riscos, são uma constante nas 
Unidades Básicas de Saúde. 
O paciente e sua família são os principais atores desse controle e o técnico de 
enfermagem é um facilitador das mudanças necessárias para a manutenção dos níveis 
adequados da pressão arterial. O papel de educador torna-se fundamental no 
desempenho de toda a equipe de saúde, principalmente na orientação ao paciente e seus 
familiares quanto à importância na mudança dos hábitos de vida, para assim controlar os 
fatores de risco modificáveis, tais como: estresse, glicose e colesterol alto, 
sedentarismo, obesidade, consumo de álcool, fumo, drogas ilícitas e o consumo 
excessivo de sal. 
Observa-se que os programas educacionais e de assistência ao hipertenso têm 
obtido resultados satisfatórios,o que possibilita um controle adequado em nível de 
atenção básica, entretanto muitos pacientes ainda não foram diagnosticados e por outro 
lado alguns seguem estilos de vida que os tornam susceptíveis à hipertensão. 
Então, mais do que nunca o papel educativo da enfermagem se faz necessário 
 
69 
 
principalmente na mudança do estilo de vida de toda a população que, incluindo hábitos 
mais saudáveis, estarão saindo do grupo de risco tanto de adquirir a hipertensão como 
de evitar as complicações que esta patologia pode ocasionar. 
 
A HIPERTENSÃO ARTERIAL E SEUS DEZ MANDAMENTOS 
 
Controlar o peso, manter uma dieta saudável, dando preferência a verduras, 
frutas e peixes, ingerir bastante líquido. 
 
Consultar o médico periodicamente, para avaliar os efeitos do tratamento. 
 
Verificar a pressão arterial com frequência, pois isso possibilita ao profissional 
da saúde e também ao paciente um controle adequado dos níveis pressóricos. 
 
Dizer não ao fumo. A nicotina aumenta consideravelmente a pressão arterial. 
 
70 
 
Verificar a quantidade de sal nos rótulos dos 
alimentos. Reduzir o consumo do mesmo nos alimentos. 
 
Dizer não ao sedentarismo. A prática de exercícios físicos reduz a possibilidade 
de riscos em consequência da hipertensão. Caminhadas são bem aceitas por pacientes 
hipertensos, desde que sob orientação médica, pois cada paciente terá um plano de 
exercícios elaborado, de acordo com suas necessidades. 
Escolher bem os alimentos que serão ingeridos. Tentar adaptar-se a uma 
reeducação alimentar, para que isso traga benefícios ao tratamento da hipertensão. 
 
Praticar esportes. O médico irá adaptar o tipo de esporte que cada paciente 
poderá desenvolver. 
 
 
71 
 
 
 
 
 
 
 
 
Saber se é diabético. Normalmente pacientes hipertensos tendem a desenvolver 
diabetes com o passar dos anos. Esse episódio pode ocorrer ao contrário, ou seja, 
diabéticos tornarem-se hipertensos. Por isso, a avaliação constante das condições de 
saúde com exames periódicos é fundamental. 
 
Evitar o estresse, esse causa danos muitas vezes complicados para o paciente 
hipertenso, pois gera alguns riscos que a hipertensão pode causar, como por exemplo, o 
infarto. 
 
 
 
72 
 
HIPERTENSÃO ARTERIAL NA GRAVIDEZ 
 
Este tema é motivo de um curso, assim, dada a importância do conhecimento da 
enfermagem frente à hipertensão na gravidez, será apresentada uma abordagem 
resumida, no intuito de fornecer informações básicas ao aluno para melhor 
acompanhamento e monitoramento das pacientes acometidas por esta patologia. 
Os estados hipertensivos da gestação ocupam atualmente no Brasil o primeiro 
lugar entre as causas de mortalidade materna, principalmente quando se instala na sua 
forma grave, como é o caso da pré-eclâmpsia e eclâmpsia (MONTENEGRO, 2002). A 
hipertensão na gravidez é diagnosticada quando os níveis pressóricos são iguais ou 
superiores a 140/90 mmHg. 
A gravidez pode ser complicada por quatro formas distintas de hipertensão, são 
elas: 
 
1. Pré-Eclâmpsia/Eclampsia (doença hipertensiva específica da gravidez): 
ocorre principalmente em gestantes após a 20º semana de gestação, e mais 
frequentemente próximo ao termo. Há o desenvolvimento gradual da hipertensão, 
proteinúria, edema generalizado e, às vezes, alterações na coagulação e função hepática. 
A presença de convulsão define a forma grave da pré-eclâmpsia chamada de eclampsia. 
O nível de proteinúria é considerado anormal quando superior a 300 mg/24 horas ou 
pelo menos 2 + em análise qualitativa. A proteinúria pode ser uma manifestação tardia 
da pré-eclâmpsia. O edema isolado não é critério útil para diagnóstico de pré-eclâmpsia. 
 
2. Hipertensão crônica de qualquer etiologia: refere-se à presença de 
hipertensão antes da gravidez ou da 20º semana de gestação. Hipertensão diagnosticada 
em qualquer fase da gravidez, mas que persiste além de seis semanas, após o parto, é 
também considerada hipertensão crônica. 
 
3. Pré-Eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica ou nefropatia: pode ocorrer 
em mulheres com hipertensão preexistente e, em tais casos, o prognóstico para mãe e o 
feto é pior do que qualquer uma das condições isoladas. O diagnóstico é feito quando há 
o aumento da pressão arterial (30 mmHg sistólica ou 15 mmHg diastólica) 
acompanhado de proteinúria ou edema, após a 20ª semana de gestação. 
 
 
73 
 
4. Hipertensão Gestacional: define situações em que ocorre elevação da 
pressão arterial durante a gravidez, ou nas primeiras 24 horas após o parto, sem outros 
sinais de pré-eclâmpsia ou hipertensão preexistentes. Esta condição parece ser preditiva 
do desenvolvimento posterior de hipertensão essencial e tende a ocorrer em gestações 
subsequentes. 
 
A evolução da pré-eclâmpsia é imprevisível, mesmo quando a pressão arterial 
está apenas discretamente elevada. Assim, uma falha em reconhecê-la pode ter sérias 
consequências. A pré-eclâmpsia pode progredir para eclâmpsia (convulsão-coma) ou 
para uma forma intermediária chamada iminência de eclâmpsia, que é caracterizada por 
cefaleia intensa, distúrbio visual, hiper-reflexia, dor epigástrica e hemoconcentração. A 
pré-eclâmpsia independente da gravidade aparente e sempre representa um risco 
potencial para a mãe e para o feto. 
A hipertensão pré-eclâmpsia frequentemente desaparece dentro de duas ou seis 
semanas após o parto e possui uma etiologia ainda desconhecida. As mulheres 
hipertensas que desejam engravidar devem ser cuidadosamente avaliadas; também nas 
possibilidades de hipertensão secundária. Segundo Montenegro (2002), o tratamento da 
pré-eclâmpsia é conservador, até o concepto atingir a maturidade (37 semanas). O 
processo só é curado com o parto, mesmo quando a pressão arterial está normalizada, e 
a paciente apresenta-se sem edema e sem proteinúria, ainda assim o feto está em risco já 
que a depuração placentária é 50% inferior à normal. 
Todas as pacientes hipertensas grávidas devem ser seguidas de perto. Na maioria 
delas a pressão alta diminui no segundo trimestre devido à vasodilatação fisiológica da 
gravidez e consequente a isso poderá haver a redução na dose ou suspensão da 
medicação anti-hipertensiva pelo médico. A ausência de redução da pressão arterial no 
segundo trimestre é um mal prognóstico. 
Montenegro (2002) descreve que as principais medidas adotadas a paciente são: 
• Repouso no leito em decúbito lateral esquerdo para melhorar o fluxo 
sanguíneo renal e a ultraplacentário; 
• Sedação oral com diazepínicos ou barbitúricos para auxiliar no repouso; 
• A dieta hipossódica e diurética é discutida entre os profissionais, se usar 
diurético promove rápida excreção de água e de sódio, levando à depleção eletrólica, 
associada à privação do sal, não traz benefício ao problema da toxímia, por isso a dieta é 
normossódica; 
 
74 
 
• Os hipertensores também não são administrados com objetivo de prolongar 
a gravidez (reduz a perfusão ultraplacentária). 
• Na pré-eclâmpsia grave, e na eclâmpsia, antes de interromper a gestação, o 
quadro clínico será estabilizado, o que demora em torno de quatro a seis horas. 
 
AS PREVENÇÕES DAS CONVULSÕES 
 
O sulfato de magnésio constitui o agente isolado mais valioso no tratamento da 
pré-eclâmpsia grave. Um total de 10g de uma solução de sulfato de magnésio a 5% (5g 
injetado profundamente, intramuscular, em cada nádega), ou dois gramas a 10% 
injetado lentamente na veia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). O sulfato de magnésio 
é um medicamento perigoso, em dose tóxica deprime a respiração e é causa da parada 
cardíaca. Combater a sua toxidez com um grama de gluconato de cálcio (intravenoso). 
Não cedendo às convulsões manter sulfato de magnésio por 24 horas para manutenção 
(SCHWARTZ, et al. 1982). 
Durante a administração do sulfato de magnésio deve-se monitorar: a pressão 
arterial de 10 em 10 minutos, controle de diurese acima de 25 ml/h, a frequência 
respiratóriaacima de 14-16 mr/min., fluxo patelar antes, durante e após a administração 
(MÃE CURITIBANA, 2004). 
 
Cuidados de Enfermagem a Paciente com Hipertensão na Gravidez: 
• Diminuir ao máximo a ansiedade da paciente; 
• Auxiliar na Dor da Paciente: ouvir a paciente sobre a dor, questionar 
intensidade e criar um diálogo compreensivo; Medicar conforme a prescrição médica; 
• Aliviar náuseas e vômitos: medicar conforme a prescrição do médico 
assistente e reduzir odores e visões desagradáveis para a paciente; 
• Observar e registrar eliminações urinárias: hematúria é um sinal importante 
e grave nestes tipos de paciente; observar oligúria (débito de 100 a 500 ml/24 horas); 
observar presença de anúria (débito urinário inferior a 50 ml/24 horas); realizar coleta 
de urina para 24 horas orientando a paciente sobre o procedimento quando o médico 
solicitar o controle. 
• Manter acesso venoso de bom calibre, caso seja necessária reposição 
hídrica; 
 
75 
 
• Registrar ingesta e eliminações para balanço hídrico da paciente; 
• Monitorizar pressão arterial, pulso, temperatura, respiração de 2/2 horas ou 
conforme a prescrição do enfermeiro; 
• Controle de Batimentos Cardiofetais: conforme prescrição do enfermeiro 
e/ou obstetra. 
 
DIABETES MELLITUS 
 
Conceituada pela Sociedade Brasileira de Diabetes como uma síndrome de 
múltipla etiologia, que resulta da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina em 
exercer de maneira adequada os seus efeitos. É caracterizada pela hiperglicemia 
(aumento da quantidade de glicose no sangue), juntamente com distúrbios do 
metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. As principais consequências desta 
patologia incluem os danos, disfunções e falência de vários órgãos, essencialmente os 
rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos. 
Segundo o Ministério da Saúde (2006), o diabetes é um grupo de doenças 
metabólicas caracterizadas pela hiperglicemia e associada a complicações, disfunções e 
insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e 
vasos sanguíneos; podendo resultar de defeitos de secreção de insulina ou defeitos na 
ação da insulina, envolvendo processos patogênicos específicos, como por exemplo, 
destruição das células beta do pâncreas, resistência a ação da insulina, distúrbios da 
secreção da insulina, entre outros. 
Conforme Brunner & Suddarth (1998), o Diabetes Mellitus define-se como um 
grupo de distúrbios heterogêneos caracterizados por níveis elevados de glicose no 
sangue. Em uma pessoa normal certa quantidade de glicose circula no sangue, sendo 
formada no fígado a partir de alimentos ingeridos; a insulina, um hormônio produzido 
pelo pâncreas, é responsável pelo controle do nível de glicose no sangue, regulando a 
produção e armazenamento de glicose. 
No diabetes, a capacidade do corpo responder à insulina pode diminuir, ou o 
pâncreas pode parar totalmente de produzir insulina, levando a uma hiperglicemia, 
podendo resultar em complicações metabólicas agudas e em longo prazo contribuir para 
complicações crônicas, estando associado a um aumento da ocorrência de doenças 
macrovasculares, incluindo infarto agudo do miocárdio, derrames e doença vascular 
periférica. 
 
76 
 
Para entender melhor o mecanismo do Diabetes no organismo, bem como da 
insulina e ação da glicose é necessário relembrar a anatomia e fisiologia do pâncreas 
humano, que é responsável pela produção dos hormônios reguladores dos níveis de 
glicose no organismo, conforme consta a seguir. 
 
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO PÂNCREAS 
 
O pâncreas é um órgão relativamente pequeno que pesa no adulto cerca de 100 
gramas e mede aproximadamente 15 cm. Situa-se em condições normais na porção 
superior do abdômen, abaixo do estômago e é interligado por um canal ao duodeno; é 
dividido em partes denominadas: cabeça, corpo e cauda. Este órgão é classificado como 
uma glândula anfícrina, por possuir uma porção exócrina e outra endócrina, que fazem 
parte do sistema digestório humano. 
A porção do pâncreas que exerce função exócrina é responsável pela síntese do 
suco pancreático, que contém enzimas que atuam na digestão de carboidratos (amilase 
pancreático), lipídios (lípase pancreática) e proteínas (proteases: quimiotripsina e 
carboxipeptidase). 
 
FIGURA – PÂNCREAS HUMANO EM CORTE LONGITUDINAL 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.mdsaude.com>. 
 
A porção do pâncreas que desempenha uma função hormonal ou endócrina é 
formada pelas Ilhotas de Langerhans, que se constituem por dois tipos de células: as 
http://www.mdsaude.com/
 
77 
 
betas, responsáveis pela produção de insulina, e as células alfa, que produzem o 
glucagon. Ambos os hormônios são responsáveis pela manutenção de níveis ideais de 
glicose no sangue, ambos com efeitos contrários, diminuindo e aumentando 
respectivamente os valores da glicose no sangue. 
O controle glicêmico no sangue se faz da seguinte maneira: após a alimentação 
os níveis de glicose aumentam, neste momento o pâncreas secreta a insulina para manter 
os níveis de glicose ideais; a insulina desloca a glicose do sangue para os tecidos das 
células que compõem o corpo humano ou armazenam a glicose nas células-alvo do 
fígado na forma de glicogênio, baixando com isso a glicemia. 
Por outro lado, quando se permanece muito tempo sem comer os níveis de 
glicose do sangue ficam baixos, menos que o aceitável, assim o pâncreas em condições 
normais passa a produzir e secretar glucagon, estimulando a glicogênese (quebra do 
glicogênio, aumentando a taxa de glicemia) e transportando glicose no sangue. 
Quaisquer situações anormais na secreção da insulina nos efeitos da insulina no 
organismo provocam a hiperglicemia, índices maiores que os permitidos de glicose no 
sangue circulante, constituindo-se na Diabetes Mellitus. 
 
FUNÇÃO DA INSULINA NO CORPO 
 
A insulina exerce efeitos muito pronunciados sobre o metabolismo da maior 
parte dos diferentes tipos de alimentos – carboidratos, gorduras e proteínas. Sem 
insulina um animal ou um ser humano não consegue crescer, em parte por não poder 
utilizar mais que parte bem pequena do carboidrato que ingere, mas também por suas 
células serem incapazes de sintetizar proteínas. 
Também, na falta da insulina, as células utilizam quantidades grandes de 
gorduras, o que provoca condições de debilidade extrema, tais como perda de peso, 
acidose, e até mesmo coma. Mas diante destas informações, por que a insulina e seus 
efeitos são tão importantes? Vamos analisar abaixo como a insulina atua nos alimentos 
para compreender esta importância. O mais importante efeito da insulina é o de 
promover o transporte de glicose para o interior de quase todas as células musculares, as 
células gordurosas e as células hepáticas. O mecanismo de ação da insulina é mostrado 
na figura abaixo. 
A glicose combina-se com uma substância carreadora na membrana celular e, 
em seguida, difunde-se para o interior da membrana, onde é liberada no citoplasma. O 
 
78 
 
carreador é utilizado repetidamente para o transporte de quantidades adicionais de 
glicose. Esse tipo de transporte chama-se difusão facilitada. Isso significa que a 
combinação da glicose com o carreador torna mais fácil a difusão da glicose por meio 
da membrana. Entretanto, esse transporte jamais fará com que a concentração de glicose 
no interior da célula fique maior que o exterior. 
O efeito da insulina sobre o transporte de glicose é o de ativar o mecanismo de 
difusão facilitada. Dentro de período de segundos a minutos após a combinação da 
insulina com a membrana celular, a intensidade da difusão da glicose para o interior 
celular aumenta de 15 a 20 vezes, o que sugere uma ação direta da insulina, seja sobre a 
própria membrana celular ou sobre o sistema de transporte da glicose. 
O transporte de glicose para o interior das células hepáticas depende de 
mecanismo diferente. A membrana celular do fígadoé tão permeável que a glicose 
pode, com toda a facilidade, difundir-se por meio dela, mesmo na ausência da difusão 
facilitada. Contudo, a glicose pode difundir-se nos dois sentidos, tanto para dentro como 
para fora das células. Mas, na presença de insulina, várias enzimas das células 
hepáticas são ativadas, o que promove o encarceramento da glicose no interior dessas 
células. 
Essas enzimas são as glicoquinase, que faz com que a glicose reaja com o íon 
fosfato, e o glicogênio sintetase, que faz com que grande número de moléculas de 
glicose reaja entre si para formar o glicogênio, o polímero da glicose de alto peso 
molecular. Na falta da insulina esse mecanismo de encarceramento cessa e outra 
enzima, a fosforilase, fica ativada e despolimeriza o glicogênio de volta à glicose, o que 
permite sua saída da célula. 
Quando a concentração de glicose fica acima do normal, o pâncreas secreta 
quantidades maiores de insulina que, por sua vez, promove o transporte rápido de 
glicose para o interior das células e a torna disponível para as funções celulares. 
Portanto, um dos efeitos óbvios da insulina é a de provocar a rápida utilização da 
glicose para energia, pela maioria das células do corpo. Após uma refeição, quando 
existe excesso de glicose e insulina, a glicose é muitas vezes transportada para o interior 
das células hepáticas e musculares em quantidades muito maiores que as que podem ser 
utilizadas para energia. 
Como resultado, uma grande parte dessa glicose fica armazenada sob a forma de 
glicogênio: a concentração do glicogênio nas células hepáticas pode, por vezes, atingir 
até 5 a 6% e, nas células musculares, mais de 1%. Durante os períodos de intervalos 
 
79 
 
durante as refeições, as células musculares reconvertem o glicogênio de volta à glicose, 
usando-a para energia. Por outro lado, nas células hepáticas a enzima fosforilase fica 
ativada e despolimeriza o glicogênio de volta a glicose, liberando essa glicose para o 
sangue circulante, por onde é levada a todas as regiões do corpo onde for necessária. 
Desse modo, o fígado é um dos depósitos temporários de glicose de maior importância. 
Após os depósitos hepático e muscular de glicose terem sido preenchidos, toda a 
glicose remanescente que ainda não pode ser usada de forma imediata é armazenada 
como gordura, nos depósitos de gordura. Cerca de nove décimos dessa gordura são 
sintetizados no fígado a partir do grande excesso de glicose que é transportada para 
essas células, sob a influência da insulina. Em seguida, essa gordura é liberada para o 
sangue, sob a forma de lipoproteínas e transportadas para as células gordurosas 
(adiposas) no tecido gorduroso. 
Além disso, outro décimo dessa gordura de depósito é sintetizado nas próprias 
células gordurosas. A insulina promove o transporte de glicose para essas células de 
modo idêntico ao das outras células do corpo. Em resumo, o efeito da insulina sobre o 
metabolismo da glicose é o de aumentar sua utilização para energia ou o de fazer com 
que a glicose fique armazenada sob a forma de glicogênio ou sob a forma de gordura. 
Em presença de grandes quantidades de insulina, o rápido transporte de insulina 
para o interior das células em todo o corpo diminui sua concentração sanguínea. De 
modo inverso, a falta de insulina faz com que a glicose fique retida no sangue, ao invés 
de penetrar nas células. A falta completa de insulina, usualmente produz um aumento da 
concentração sanguínea de glicose, desde o valor maior 90 mg para cada 100 ml, até 
valores da ordem de 350 mg para 100 ml. Por outro lado, um aumento acentuado da 
insulina pode reduzir a glicose sanguínea até aproximadamente 25 mg por 100 ml, isto 
é, um quarto do normal. 
O efeito da insulina sobre o metabolismo das gorduras é quase que exatamente o 
oposto do que exerce sobre o metabolismo da glicose. Isto é, insulina inibe de modo 
acentuado, quase em todos os aspectos o metabolismo da glicose, como foi descrito 
acima. A insulina dificulta o metabolismo das gorduras por dois meios: 
Primeiro, quando a glicose está presente em excesso no interior das células. 
Essas células demonstram preferência para a utilização da glicose em lugar da gordura 
para o metabolismo, devido à natureza dos sistemas enzimáticos intracelulares. Como 
resultado, a intensidade da degradação dos ácidos graxos fica muito diminuída. 
Segundo, antes que a gordura que foi depositada nas células gordurosas possa 
 
80 
 
ser utilizada para energia, deve ser liberada das células. O mecanismo dessa liberação é 
para que uma enzima, presente nas próprias células gordurosas, chamada de lípase 
hormônio-sensível, desdobre os ácidos graxos das gorduras armazenadas que difundem 
para o sangue. 
Contudo, a insulina inibe a lípase hormônio-sensível, de modo que, uma vez que 
a gordura tenha sido depositada nas células gordurosas, ela não será liberada enquanto 
existir insulina em quantidades suficientes para inibir a lípase hormônio- sensível. 
Dessa forma, em presença de insulina, a gordura fica relativamente impossível de ser 
utilizada para o metabolismo, enquanto que a disponibilidade de glicose fica muito 
aumentada. 
Na falta de insulina, em termos essenciais, todas as fases do metabolismo das 
gorduras ficam muito aceleradas. Primeiro, a lípase hormônio sensível das células 
gordurosas fica fortemente ativada e grandes quantidades de ácidos graxos são liberadas 
para o sangue. Segundo, esses ácidos graxos ficam facilmente disponíveis para as 
células de todo o corpo, e muitos deles são usados, de modo quase que imediato, para 
energia, em especial, pelas células musculares. Terceiro, grande proporção de ácidos 
graxos é transportada para o fígado, onde são convertidos em triglicerídeos, 
fosfolipídeos e colesterol. 
Quarto, o metabolismo muito rápido dos ácidos graxos no fígado provoca a 
formação de quantidades muito grandes de ácidos acetoacético, que é liberado, logo em 
seguida, para o sangue. Boa parte desse ácido é utilizada pelas células para energia, mas 
parte permanece no sangue e pode ocasionar acidose generalizada grave, muitas vezes 
levando ao coma acidótico e até a morte, que são os efeitos mais penosos do diabetes. 
Há um aumento rápido dos ácidos graxos no sangue, quando ocorrer falta 
abrupta de insulina, como que ocorre por remoção do pâncreas. Deve, também, ser 
notado o aumento progressivo do ácido acetoacético sanguíneo, resultado de um 
metabolismo de gorduras excessivo e prolongado, além do acúmulo muito acentuado da 
glicose sanguínea, devido a não utilização celular de glicídios. 
A insulina é quase tão potente como o hormônio do crescimento em fazer com 
que ocorra deposição de proteínas nas células. Isso resulta de seus efeitos, tanto diretos 
como indiretos, sobre o metabolismo das proteínas. Os efeitos diretos da insulina sobre 
o metabolismo das proteínas são de três tipos: 
 
1. A insulina aumenta a intensidade do transporte da maioria dos aminoácidos 
 
81 
 
por meio da membrana celular, o que aumenta as quantidades disponíveis de 
aminoácidos para a síntese celular de proteínas. 
2. A insulina aumenta a formação de ARN nas células; 
3. A insulina aumenta a formação de proteínas pelos ribossomos; 
 
Desse modo, a insulina exerce um potente efeito direto sobre a promoção da 
síntese de proteínas em todas ou na maioria das células. O efeito indireto da insulina 
sobre o metabolismo das proteínas é resultado da utilização da glicose pelas células. 
Quando a glicose está disponível para o uso energético ocorre o efeito poupador de 
proteína, pois os carboidratos são usados preferencialmente à insulina. Por outro lado, 
na ausência da insulina, esse efeito não existe, de modo que são utilizadas grandes 
quantidades de proteína, como também de gordura, em lugar dos carboidratos, para 
energia. 
Dado que a insulina promove a formação de proteínas, bem como torna 
disponíveis grandes quantidades deenergia dos carboidratos, esse hormônio exerce 
efeito muito potente sobre o crescimento. Na verdade, sua falta, em um animal, produz 
retardo do crescimento na mesma intensidade em que ocorre com falta do hormônio do 
crescimento da hipófise anterior. Quando o teor da glicose sanguínea fica elevado, o 
pâncreas começa a secretar insulina dentro de poucos minutos. Isso é causado por efeito 
direto da glicose sobre as células beta das ilhotas pancreáticas, fazendo com que 
secretem quantidades muito acentuadas de insulina. 
Essa insulina, por sua vez, faz com que a glicose em excesso seja transportada 
para o interior das células, onde poderá ser usada para energia, armazenada como 
glicogênio ou convertida em gordura. Assim, o mecanismo da insulina é um modo de 
feedback para o controle da concentração da glicose no sangue e nos líquidos 
extracelulares. Isto é, um teor muito elevado de glicose provoca a secreção de insulina, 
que ocasiona maior utilização da glicose e retorno de suas concentrações aos valores 
normais. 
De modo inverso, quando o valor sanguíneo da glicose fica muito baixo, ocorre 
redução da secreção de insulina e a glicose passa a ser conservada nos líquidos 
orgânicos, até que sua concentração volte ao normal. O hormônio glucagon também 
participa no controle da concentração sanguínea da glicose. 
 
 
 
82 
 
EFEITOS DO GLUCAGON NO ORGANISMO 
 
As células alfa das ilhotas de Langerhans secretam um hormônio chamado 
glucagon. Muitas das funções do glucagon são opostas às da insulina, embora outras 
complementem suas ações. O glucagon aumenta o teor sanguíneo de glicose; a insulina 
o diminui. Por outro lado, tanto a insulina quanto o glucagon aumentam a 
disponibilidade de glicose para a utilização celular. 
O glucagon realiza isso por mobilizar a glicose do fígado; a insulina o faz por 
aumentar o transporte de glicose para o interior da célula. Por exemplo, durante o 
exercício intenso, os dois hormônios atuam em conjunto, para que ocorra maior 
utilização de glicose pelos músculos. O glucagon aumenta a concentração sanguínea de 
glicose por dois mecanismos. Primeiro, aumenta a degradação do glicogênio hepático 
em glicose, tornando-a disponível para ser transportada para o sangue. 
O glucagon exerce esse efeito pela ativação da enzima adenilciclase nas 
membranas das células hepáticas, o que aumenta o teor de AMP cíclico nas células 
hepáticas. Esse AMP cíclico, então, ativa a enzima fosforilase, que promove a 
glicogenólise (degradação do glicogênio hepático em glicose). Segundo, o glucagon, 
aumenta a glicogênese (conversão de proteína em glicose) pelo fígado. Exerce esse 
efeito, em sua maior parte, pela ativação do sistema enzimático das células hepáticas 
responsáveis por esse processo. 
A concentração sanguínea da glicose pode aumentar de até 20% dentro de 
alguns minutos após a injeção do glucagon. A secreção de glucagon é controlada de 
modo quase exatamente oposto ao da insulina. Isto é, quando a concentração sanguínea 
de glicose cai abaixo do normal, o pâncreas começa a secretar maiores quantidades de 
glucagon para o sangue. 
Em verdade quando a secreção sanguínea de glicose cai até 60 mg por 100 ml de 
sangue (mais ou menos 30% abaixo do normal), o pâncreas, em termos literais, joga 
glucagon para o sangue. Esse efeito do baixo teor de glicose sobre a secreção de 
glucagon provoca a liberação quase imediata de glicose pelo fígado, o que, de forma 
muito rápida, aumenta de novo o teor de sangue até voltar ao normal, de 90 mg por 100 
ml. 
Desse modo, o mecanismo do glucagon, como o mecanismo da insulina, 
participa da regulação da concentração sanguínea de glicose, mas com uma diferença: o 
mecanismo do glucagon é especialmente ativado durante o exercício intenso e os 
 
83 
 
períodos de destruição, pois ambos agem no sentido de baixar a glicose sanguínea. 
Uma função especialmente importante do glucagon é a de manter a concentração de 
glicose alta o suficiente para o funcionamento normal dos neurônios cerebrais e, 
portanto, para impedir as convulsões e o coma hiperglicêmico. 
 
EFEITOS FISIOPATOLÓGICOS DO DIABETES MELLITUS 
 
A anormalidade primária do diabetes é a incapacidade de utilizar quantidades 
adequadas de glicose para energia, empregando pelo contrário quantidades excessivas 
de gorduras. Isso faz com que o teor sanguíneo da glicose fique muito aumentado, por 
vezes chegando até o triplo do normal e em raros casos até dez vezes o valor normal. 
Grandes quantidades de glicose são perdidas na urina, visto que os túbulos 
renais não conseguem reabsorver toda a glicose que chega ao filtrado glomerular por 
minuto. A glicose tubular em excesso também provoca pressão osmótica extremamente 
aumentada nos túbulos, o que reduz a absorção de água. Como resultado a pessoa 
diabética perde grandes quantidades de glicose e água na urina. Em casos extremos o 
volume excessivo de urina pode causar a desidratação extracelular, o que, por si só pode 
ser lesivo. 
A incapacidade da pessoa diabética em utilizar a glicose para energia priva- a de 
parte importante de energia de seu alimento. Ela torna-se uma pessoa enfraquecida 
devido ao consumo aumentado de gorduras e proteínas. Como resultado da deficiência 
nutricional do diabetes, o indivíduo diabético sente habitualmente muita fome, de modo 
que come, na maioria das vezes com grande voracidade, muito embora a fração de 
carboidratos do que ingere pouco contribua para a nutrição. 
O diabetes prolongado causa o desenvolvimento precoce da aterosclerose, o que, 
subsequentemente, pode provocar ataques cardíacos, lesões renais, acidentes vasculares 
cerebrais e outros distúrbios circulatórios. A razão para esse desenvolvimento da 
aterosclerose é que, mesmo com o melhor tratamento do diabetes, o metabolismo da 
glicose nunca pode ser mantido em nível suficientemente alto para impedir o 
metabolismo excessivo das gorduras e o depósito do colesterol nas paredes dos vasos 
sanguíneos é sempre um acompanhamento indesejável do metabolismo rápido das 
gorduras. 
Devido a isso, a pessoa que apresenta diabetes em fase muito jovem de sua vida 
tem, em geral, sobrevida reduzida, não importando quão bem seja tratado. O 
 
84 
 
hiperinsulinismo pode ocorrer, na maioria das vezes, como resultado do tratamento 
exagerado de pessoa diabética com insulina ou de secreção muito aumentada de insulina 
por tumor de ilhota pancreática. Nos dois casos, a consequência é uma concentração 
sanguínea muito baixa de glicose. Por sua vez, isso causa, inicialmente, 
hiperexcitabilidade cerebral, e depois coma. Os neurônios cerebrais exigem um 
suprimento constante de glicose por não poderem utilizar quantidades significativas de 
gorduras ou de proteínas para a energia. 
Ainda mais, a intensidade da captação de glicose pelos neurônios, 
diferentemente do que acontece com as outras células, é dependente, em sua maior 
parte, da concentração sanguínea de glicose, e não no teor disponível de insulina. 
Sempre que há excesso de insulina, a glicose sanguínea fica muito diminuída e os 
neurônios não recebem mais a quantidade de glicose necessária ao seu metabolismo. 
Isso faz com que fiquem primeiro, muito excitados, e, em seguida, deprimidos. 
Na fase de excitação podem ocorrer convulsões, mas na fase de depressão, a 
pessoa entra em coma, muito semelhante a que ocorre no diabetes não tratado. Na 
verdade, por vezes, é muito difícil o diagnóstico da causa do coma em um diabético. 
Pode ser o resultado da secreção insuficiente de insulina, como acontece no coma 
diabético, ou do tratamento com insulina em demasia, quando a causa do coma passa a 
ser hiperinsulinismo. 
 
CETOSE E COMA DIABÉTICO 
 
O metabolismo extraordinariamente rápido das gorduras no diabetes pode, por 
vezes, aumentar a quantidade de cetoácidos nos líquidos extracelulares até cerca de 10 
mEq/litro, o que é 10 vezes maior que o normal. Em certas situaçõesisso é suficiente 
para fazer com que o pH dos líquidos orgânicos caia de seu valor normal de 7,4 para tão 
baixo quanto 7,0, ou – em condições muito raras – até de 6,9. Esse grau de acidose é 
incompatível com a vida por mais de algumas horas. 
A pessoa nesta situação respira extremamente rápido e profundo, para 
eliminação do gás carbônico, o que ajuda a compensar a acidose metabólica, mas apesar 
disso, a acidose, muitas vezes chega a uma intensidade suficiente para causar coma. A 
não ser que seja tratada, a pessoa, na grande maioria dos casos, morre em 24 horas. O 
tratamento consiste na pronta administração de insulina em grandes doses. Algumas 
vezes é administrada glicose juntamente com a insulina, para favorecer a troca do 
 
85 
 
metabolismo das gorduras pelo dos carboidratos; a administração venosa de soluções 
alcalinas também pode ser muito benéfica na neutralização da acidose. 
 
TIPOS DE DIABETES 
 
DIABETES TIPO 1 
 
O Diabetes Tipo 1 ocorre quando o organismo humano deixa de produzir 
insulina ou produz em pequena quantidade devido à destruição das células beta do 
pâncreas; essa destruição se dá porque o organismo começa a produzir anticorpos, 
interpretando as células beta como corpos estranhos. Segundo o Ministério da Saúde 
(2006), a destruição das células beta do pâncreas é causada geralmente por processo 
autoimune, que pode ser detectado por autoanticorpos circulantes antidescarboxilase do 
ácido glutâmico (anti-GAD), anti-ilhotas e anti-insulina, e em algumas situações pode 
estar associado a doenças autoimunes como, por exemplo, a Tireoidite de Hashimoto, 
doença de Addison e a miastenia gravis, sendo que em menor proporção as causas da 
destruição das células beta são desconhecidas. 
Segundo Brunner & Suddarth (1998), a Diabetes tipo 1 é caracterizada pela 
incapacidade em produzir insulina porque as células betapancreáticas foram destruídas 
por um processo autoimune. A hiperglicemia de jejum ocorre como resultado de uma 
produção não controlada de glicose pelo fígado. Além disso, a glicose derivada dos 
alimentos não pode ser estocada no fígado, mas permanece na corrente sanguínea e 
contribui para a glicemia pós-prandial (após refeições). 
Ocorre degradação de gordura, resultando em um aumento de produção dos 
corpos cetônicos, que são subprodutos da degradação de gorduras. Os corpos cetônicos 
são ácidos que perturbam o equilíbrio acidobásico do corpo quando se acumulam em 
quantidades excessivas. A resultante Cetoacidose Diabética (CAD) pode causar 
sintomas tais como dor abdominal, náuseas, vômitos, hiperventilação, odor de frutas no 
hálito e, se não tratada, nível alterado de consciência, coma e morte. O início do 
tratamento com insulina, juntamente com líquidos e eletrólitos necessários, melhora 
rapidamente as anomalias metabólicas e resolve os sintomas de hiperglicemia e CAD, 
juntamente a isso é importante dieta, exercícios frequentes e a monitorização dos níveis 
de glicose. 
As causas do Diabetes Tipo 1 ainda são desconhecidas, algumas pesquisas 
 
86 
 
identificaram a presença de um gene que poderiam predispor a pessoa à doença. 
Entretanto, em algumas pessoas portadoras do Diabetes Tipo 1 este mesmo gene não foi 
encontrado; estuda-se ainda a possibilidade de ser uma causa própria do organismo ou 
causa externa. A maioria das pessoas acometidas por este tipo de Diabetes possui menos 
de 35 anos de idade. Esses pacientes necessitam receber insulina continuamente para 
auxiliar o metabolismo dos açucares no organismo, permitindo a formação de energia. 
Sintomas identificados neste no Diabetes Tipo 1: 
• Vontade de urinar diversas vezes; 
• Fome frequente; 
• Sede constante; 
• Perda de Peso; 
• Fraqueza; 
• Fadiga; 
• Nervosismo; 
• Mudanças de Humor; 
• Náuseas; 
• Vômitos. 
 
DIABETES TIPO 2 
 
No Diabetes Tipo 2 existe a produção contínua da insulina pelo pâncreas, o 
problema reside na incapacidade de absorção das células musculares e adiposas, que por 
alguma razão não conseguem metabolizar a glicose suficiente da corrente sanguínea, 
esta anomalia denomina-se de Resistência Insulínica. Segundo Brunner & Suddarth 
(1998), no Diabetes Tipo II existem dois problemas principais relacionados à insulina: 
resistência à insulina e secreção prejudicada de insulina. A resistência à insulina refere-
se a uma sensibilidade diminuída dos tecidos a ela, que se torna menos efetiva na 
estimulação da captação de glicose pelos tecidos. 
Na secreção prejudicada de insulina, que é característica do Diabetes tipo 2, há 
suficiente insulina presente para evitar a degradação de gorduras e subsequente 
produção de corpos cetônicos. Portanto, a CAD não ocorre no Diabetes Tipo 2, porém, 
um diabetes tipo 2 alterado e descontrolado pode levar a outro problema agudo 
chamado hiperglicemia hiperosmolar não cetótica. 
 
87 
 
O Ministério da Saúde (2006) define o Diabetes Tipo 2 como um termo usado 
para designar uma deficiência relativa de insulina. A administração de insulina nesses 
casos, quando efetuada, não visa evitar cetoacidose, mas alcançar controle do quadro 
hiperglicêmico. A cetoacidose é rara e, quando presente, é acompanhada de infecção ou 
estresse muito grave. 
O Diabetes Tipo 2 está mais associado ao fator hereditário do que o Diabetes 
Tipo 1, e existe uma grande relação entre o sedentarismo e a obesidade e o 
aparecimento da doença. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, 60 a 90% de 
pacientes com Diabetes Tipo 2 são obesos. Ocorre mais frequentemente nas pessoas 
acima de 40 anos de idade. O tratamento dos pacientes com Diabetes Tipo 2 é a 
ingestão de antiglicêmicos por via oral e posteriormente nos casos necessários à 
associação destes com a insulina. 
 
Sintomas Diabetes Tipo 2: 
• Infecções Frequentes; 
• Alteração Visual (Visão Embaçada); 
• Dificuldade na cicatrização de feridas; 
• Formigamento nos pés; 
• Furunculose. 
 
 
DIABETES NA GRAVIDEZ 
 
A mulher pode passar por duas situações diferentes etiologicamente referentes à 
diabetes durante o período da gestação. Uma mulher pode ser diabética e engravidar, ou 
adquirir durante o período gestacional o chamado Diabetes Gestacional. As mulheres 
que têm diabetes diagnosticadas antes da gestação devem ser aconselhadas quanto ao 
tratamento da doença durante a gestação. Um controle precário do diabetes 
(hiperglicemia) na concepção tem sido associado à ocorrência de malformações 
congênitas. Por este motivo, as mulheres com diabetes devem ter um excelente controle 
deste distúrbio antes da concepção e durante a gravidez. 
A Sociedade Brasileira de Diabetes instrui que todas as mulheres diabéticas 
devem seguir com rigor o controle sobre os níveis glicêmicos, principalmente pensando 
 
88 
 
que um dia poderão engravidar, evitando assim ao máximo as complicações da 
hiperglicemia na gestação. Sendo este controle contínuo, antes e durante a gravidez, já 
que o controle glicêmico rigoroso durante a gestação diminui a probabilidade de a 
criança nascer diabética. 
Diante disso, a programação da gravidez seria o melhor caminho para a mulher 
diabética, uma vez que ao decidir por engravidar, preventivamente já inicia um 
acompanhamento sobre as complicações já existentes e possíveis repercussões durante a 
gravidez. Uma gravidez não planejada não é motivo de desespero, mas sim de 
acompanhamento e controles rigorosos com a ajuda dos profissionais de saúde. 
O Diabetes Gestacional é a alteração nos níveis de glicose durante o período da 
gestação, podendo ou não persistir após o parto. É a hiperglicemia diagnosticada na 
gravidez, de intensidade variada, geralmente se resolvendo no período pós-parto, mas 
retornando anos depois em grande parte dos casos. Seu diagnóstico é controverso. A 
OMS recomenda detectá-lo com os mesmos procedimentos diagnósticos empregados 
fora da gravidez, considerando como diabetes gestacional valores referidos fora da 
gravidez comoindicativos de diabetes ou de tolerância à glicose diminuída 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). 
O diabetes gestacional ocorre em mulheres que não tinham diabetes antes da 
gestação. Desenvolve-se hiperglicemia durante a gestação devido à secreção de 
hormônios placentários. Todas as mulheres grávidas devem ser triadas quanto ao 
diabetes antes da 24º e 27º semanas gestantes. O tratamento inicial inclui modificações 
dietéticas e monitoramento de glicose. Caso a hiperglicemia persista é prescrito 
insulina. Os agentes hipoglicemiantes não devem ser usados durante a gestação 
(BRUNNER & SUDDARTH, 1998). 
Após o parto da criança, os níveis de glicose sanguínea na mulher com diabetes 
gestacional retornam ao normal. Entretanto, muitas que tiveram diabetes gestacional 
desenvolvem diabetes tipo 2 na vida adulta. Assim, todas as mulheres que tiveram 
diabetes gestacional devem ser aconselhadas a manter seu peso corpóreo ideal e a se 
exercitarem regularmente para tentar evitar o início do diabetes tipo II. 
 
OUTROS TIPOS DE DIABETES 
 
Existem outras formas de Diabetes que ocorrem com menor frequência, são elas: 
1. Diabetes Secundário ao Aumento da Função das Glândulas 
 
89 
 
Endócrinas: algumas doenças glandulares, devido ao aumento da função, podem 
prejudicar a ação da insulina e em pessoas predispostas aparecer o diabetes. Algumas 
das doenças são: hipertireoidismo, doença de Cushing, acromegalia ou gigantismo, 
feocromocitoma, glucagonoma. 
2. Diabetes Secundário a Doenças Pancreáticas: o diabetes pode 
ocorrer em decorrência de alguma doença pancreática, geralmente em pessoas 
possuidoras da doença e com predisposição ao diabetes tipo II, são elas: retirada 
cirúrgica do pâncreas de até 75%, pancreatite crônica e destruição pancreática por 
hemocromatose (acúmulo de ferro no fígado). 
3. Resistência Congênita ou Adquirida à Insulina: a ação da insulina é 
ineficiente devido a defeitos nos encaixes da insulina nos tecidos (receptores de 
insulina) e formação antirreceptores. 
4. Diabetes associado à Poliendocrinopatias Autoimunes: nesses casos 
existem anticorpos de células das ilhotas pancreáticas. 
5. Diabetes associado à Desnutrição e Fibrocalculoso: é devido à 
baixa ingestão proteica e consumo de alimentos com cianeto que, em conjunto, causam 
destruição das células pancreáticas e consequente diminuição da produção de insulina. 
6. Diabetes relacionada à anormalidade de insulina (insulinopatias): 
nestes casos há produção de insulina, entretanto, sua estrutura está alterada e com isso 
sua ação é ineficiente, o tratamento é feito com a insulinoterapia. 
7. Diabetes Tipo LADA (Latent Autoimmune Diabetes in Adults): 
conceitua-se como o surgimento tardio do Diabetes Tipo 2, sendo que a maior 
incidência está na faixa dos pacientes entre 35 e 60 anos, magros e com cetoacidose. 
Também é denominado como Diabetes 1.5 e costuma ser confundido com o Diabetes 
Tipo 2. 
 
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA 
 
A presença de níveis elevados de glicose no sangue é o principal critério para o 
diagnóstico do diabetes. Entretanto, pode-se dizer que o diagnóstico do diabetes é feito 
por meio da investigação clínica de sinais e sintomas e juntamente a esses, por meio da 
verificação por exames laboratoriais. Os principais sintomas de Diabetes são os 
denominados “4 Ps”: 
• Poliúria: corresponde ao aumento do volume urinário (acima de 2.500 ml/24 
 
90 
 
horas) podendo ou não ser acompanhado de aumento na frequência urinária; 
• Polidipsia: sede excessiva; 
• Polifagia: ou hiperfagia corresponde à fome excessiva e aumento exagerado 
da ingestão de alimentos sólidos; 
• Perda involuntária de peso. 
 
Outros sintomas que podem ser indicativos do diabetes são: fadiga, fraqueza, 
letargia, prurido cutâneo e vulvar, balanopostite (uma inflamação conjunta da glande e 
do prepúcio) e infecções de repetição. Quando a doença já causou complicações 
maiores pode ser diagnosticada por meio da retinopatia, neuropatia ou doença 
cardiovascular aterosclerótica. 
Vale ressaltar que existem casos de pacientes com Diabetes tipo II que são 
assintomáticos, dessa forma o não aparecimento de sinais e sintomas não deve em 
nenhum momento ser critério de exclusão ao diagnóstico da doença, em todos os casos 
os fatores de risco devem ser avaliados em conjunto com os exames laboratoriais. Os 
principais exames laboratoriais que são utilizados na investigação diagnóstica do 
Diabetes são: 
 
• Glicemia de Jejum: a glicemia de jejum é realizada pela análise da 
quantidade de glicose presente no sangue venoso após 8 a 12 horas de jejum. Segundo a 
Sociedade Brasileira de Diabetes e Associação Americana de Diabetes (2005), quando o 
resultado da glicemia de jejum estiver entre 70 a 99 mg/dl e 140 mg/dl após a 
sobrecarga de glicose, o exame é considerado normal; já nos casos em que o resultado 
do exame estiver entre 100 a 125 mg/dl o paciente é portador de uma glicemia 
inapropriada e é necessária a realização do TTG; nos resultados iguais ou acima de 126 
mg/dl em dois exames consecutivos já existe o diagnóstico do diabetes e valores acima 
de 200 mg/dl em qualquer hora do dia o paciente também é diagnosticado com diabetes. 
Resumidamente: 
- Exame Normal: 70 a 99 mg/dl. 
- Intolerância à Glicose: 100 a 125 mg/dl. 
- Diabetes: iguais ou superiores a 126 mg/dl em jejum ou 200 mg/dl em 
qualquer horário do dia. 
 
 
91 
 
• Teste Oral de Tolerância a Glicose (TTG-75g): este exame consiste na 
administração por via oral pelo paciente em 75 g de glicose diluída em água em 
laboratório, após duas horas da ingestão pelo paciente é realizada a coleta do sangue 
venoso e feita a análise dos níveis de glicose no sangue. O resultado igual ou superior a 
200 mg/dl indica o diagnóstico de diabetes enquanto que se o resultado for entre os 
valores de 140 a 199 mg/dl o diagnóstico é de pré-diabetes e/ou intolerância à glicose. 
 
Segundo o Ministério da Saúde (2006), pessoas cuja glicemia de jejum situa- se 
entre 110 e 125 mg/dL (glicemia de jejum alterada), por apresentarem alta 
probabilidade de ter diabetes, podem requerer avaliação por TTG-75g em 2h. Mesmo 
quando a glicemia de jejum for normal (< 110 mg/dL), pacientes com alto risco para 
diabetes ou doença cardiovascular podem merecer avaliação por TTG. 
 
FATORES DE RISCO 
 
No diabetes tipo I acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, 
imunológicos e possivelmente ambientais (por exemplo, virais) contribua para a 
destruição das células beta. As pessoas não herdam o diabetes tipo 1 em si. O que elas 
herdam é uma predisposição genética, ou tendências para desenvolver este tipo de 
diabetes. 
Neste tipo de diabetes há a evidência de uma resposta autoimune, ou seja, uma 
resposta anormal na qual os anticorpos são dirigidos contra os tecidos normais do corpo, 
respondendo a esses tecidos como se eles fossem exógenos. Algumas pesquisas 
demonstram que alguns vírus ou toxinas podem estar relacionados à existência do 
diabetes tipo 1, sendo que estes vírus ou toxinas são vistos supostamente como 
precipitantes do processo autoimune, que leva à destruição das células beta. 
Os mecanismos que levam à resistência à insulina e a sua secreção prejudicada 
no Diabetes tipo 2 é desconhecido. Os fatores genéticos são considerados como tendo 
certo papel no desenvolvimento da resistência à insulina. Além disso, existem alguns 
fatores de risco que são conhecidos como estando associados ao desenvolvimento de 
Diabetes tipo 2, são eles: 
 
• Idade maior de 45 anos; 
• Obesidade (inclusive a obesidade infantil): índice de massa corporal igual 
 
92 
 
ou acima de 25; 
• Obesidade Central: cintura abdominal maior que 102 cm para homens e 
maiores que 88 cm para mulheres; 
• História familiar: antecedentes familiares (pai ou mãe com diabetes); 
• Hipertensão: 140/90 mmHg; 
• Nível alto de colesterol e triglicerídeos: colesterol HDL de 35 mg/dl e/ou 
triglicerídeos 150mg/dl 
• História de macrossomia ou diabetes gestacional; 
• Diagnóstico prévio de síndrome dos ovários policísticos; 
• Doença cardiovascular, cerebrovascular ou vascular periférica definida; 
• Estresse emocional; 
• Sedentarismo; 
• Mulheres que geram filhos com mais de 4 Kg; 
• Uso frequente de medicamentos como corticosteroides e/ou diuréticos. 
 
 
TRATAMENTO 
 
O tratamento do Diabetes é definido primeiramente a partir de sua etiologia, ou 
seja, dependendo do tipo de Diabetes que o paciente possui como também a causa, 
quando identificada. Em todos os casos, ao ser diagnosticado um paciente com diabetes 
todas as metas devem ser no sentido de manter a glicose sanguínea em níveis aceitáveis 
e prevenir as complicações que esta patologia pode causar. 
Dessa forma, é importante que o profissional de enfermagem possua 
embasamento sobre as mudanças no estilo de vida do paciente, como forma de prevenir 
as intercorrências e sequelas que o Diabetes poderá ocasionar. Na maioria das vezes há 
indicação dos medicamentos por via oral ou a insulinoterapia, que em conjunto a 
hábitos de vida saudáveis leva a uma considerável redução dos níveis de complicações. 
O tratamento para diabetes tem forte influência sobre a qualidade de vida. O 
controle dos sintomas causado pela hiperglicemia impõe restrições ao paciente, 
envolvendo uma rotina prescrita para reeducação alimentar, atividade física, medicação 
e automonitoramento do sangue (Garrat et al., 2002). Além disso, quase sempre está 
acompanhada ao longo da vida por outras doenças crônicas, possuindo prognósticos 
 
93 
 
incertos e que, apesar de contínuos tratamentos, podem causar sintomas e complicações 
agudas. 
Nos casos dos pacientes diagnosticados como pré-diabéticos, são essenciais as 
mudanças no estilo de vida, como caminho para que o paciente não venha a ser um 
futuro diabético. Alguns estudos demonstram que o acompanhamento do paciente pré-
diabético e a educação continuada na mudança do estilo de vida diminui as chances do 
paciente ser diabético. É importante ter em mente que existe uma diferença entre o 
tratamento aplicado ao paciente com Diabetes Tipo 1 e Diabetes Tipo 2, mais no 
aspecto medicamentoso, já que as mudanças no estilo de vida dos pacientes equivale a 
todos os tipos de Diabetes. 
Os principais objetivos do tratamento do paciente com Diabetes Tipo 1 são: 
- promover o controle metabólico; 
- permitir desenvolvimento e crescimento adequado (geralmente por ser 
diagnosticado em pessoas jovens ou crianças); 
- promover o bem-estar físico e psíquico do paciente; 
- evitar as complicações crônicas. 
 
O tratamento da Diabetes Tipo 1 consiste: 
- terapia nutricional; 
- atividade física; 
- insulinoterapia. 
 
Os principais objetivos no tratamento do paciente com Diabetes Tipo 2 são: 
- controle metabólico; 
- manutenção da qualidade de vida; 
- não desenvolver complicações. 
 
O tratamento do Diabetes tipo 2 consiste: 
- terapia nutricional; 
- atividades físicas; 
- antidiabéticos orais; 
- insulinoterapia (quando necessário); 
- manutenção de uma pressão arterial estável; 
- redução da dislipidemia. 
 
94 
 
 
Diante disso abordaremos o tratamento farmacológico e não farmacológico para 
estudo, sendo que um não exclui o outro, e será competência do profissional médico 
realizar a orientação frente aos fármacos administrados e a necessidade da utilização da 
insulinoterapia para cada paciente diante do diagnóstico. 
 
Tratamento não farmacológico: consiste em ações e mudanças no estilo de vida 
do paciente e inclui: 
 
1. Terapia nutricional adequada: a dieta e o controle de peso 
constituem- se na base do tratamento do paciente diabético. O tratamento do paciente 
diabético visa às seguintes metas: fornecimento de todos os alimentos essenciais, atingir 
e manter um peso razoável, atender as necessidades energéticas, evitar grandes 
flutuações diárias nos níveis de glicose sanguínea, mantendo os níveis os mais próximos 
do normal e diminuir os níveis de lipídios no sangue. 
 
Segundo o Ministério da Saúde (2006), as principais instruções na terapia 
nutricional do paciente diabético são: 
→ A quantidade energética ingerida deve ser adequada à atividade física e 
ser fracionada em cinco a seis refeições/lanches diários; 
→ A ingestão diária deve conter de 50 a 60% de carboidratos, a maior 
parte em forma complexa. Para tanto, os pacientes devem ser encorajados a comer 
alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras, legumes, feijões e cereais integrais; 
→ A ingestão diária deve conter no máximo 30% de gorduras, 
sendo não mais de um terço sob a forma de ácidos graxos saturados; não exceder a 300 
mg/dia de colesterol; 
→ Alimentos que contêm sacarose (açúcar comum) devem ser 
evitados para prevenir oscilações acentuadas da glicemia. Quando consumidos, o limite 
é de 20 a 30g por dia de açúcar de forma fracionada e substituindo outro carboidrato 
para evitar o aumento calórico. A recomendação não é encorajá-los a comer doces, mas, 
auxiliá-los a, quando usar esses alimentos, fazê-lo de modo que não os prejudique; 
→ A ingestão de álcool, quando consumido, deve ser 
moderada e de preferência com as refeições. O limite diário é de uma a duas doses, isto 
 
95 
 
é, 10-20g de álcool/dia. Um copo (90 ml) de vinho contém 1,1 doses, uma lata de 
cerveja (350 ml) 1,7 doses, e uma dose (35 ml) de destilados 2 doses de álcool. 
Pacientes com hipertrigliceridemia ou mau controle metabólico não devem ingerir 
bebidas alcoólicas; 
 
O uso moderado de adoçantes não calóricos (ciclamato, sucralose, sacarina, 
aspartame, acesulfame, e stévia) é seguro quando consumido em quantidades 
adequadas. Os alimentos dietéticos podem ser recomendados, mas, é preciso ficar atento 
sobre seu conteúdo calórico e de nutrientes. Alimentos diet são isentos de sacarose, 
quando destinados a indivíduos diabéticos, mas, podem ter valor calórico elevado, por 
seu teor de gorduras ou outros componentes. Alimentos light são de valor calórico 
reduzido em relação aos alimentos convencionais. Os refrigerantes e as gelatinas 
dietéticas têm valor calórico próximo de zero e podem ser consumidos. Por outro lado, 
chocolate, sorvete, alimentos com glúten (pão, macarrão, biscoitos), mesmo quando 
diet, são calóricos e seu uso não deve ser encorajado. Adoçantes calóricos como a 
frutose (p. ex., o mel), devem ser usados com restrição, respeitando as limitações 
indicadas na orientação dietética. 
Mesmo diante destas orientações gerais para o paciente diabético é importante 
que cada paciente seja assistido individualmente e, neste contexto, o profissional que 
melhor irá trabalhar e orientar a dieta é o nutricionista, já que além da avaliação 
nutricional realiza inquérito com o paciente e estipula uma dieta de acordo com as 
necessidades nutricionais e econômicas do mesmo. 
Cabe à enfermagem estimular o paciente diabético a seguir adequadamente a 
dieta prescrita pelo nutricionista, bem como verificar as dúvidas do paciente frente à 
alimentação. O cuidado também deve estar voltado para o controle do peso corporal, 
isto tanto na população saudável, como nos pacientes já diabéticos, desta forma torna-se 
necessário o acompanhamento regular do peso do paciente e altura para mensuração da 
IMC. 
 
2. Exercícios Físicos: os exercícios são extremamente 
importantes no tratamento do paciente diabético devido aos seus efeitos na diminuição 
da glicose sanguínea e na redução dos fatores de risco cardiovasculares. Eles diminuem 
a glicose sanguínea, aumentando a captação de glicose pelos músculos do corpo e 
melhorando o uso da insulina, a circulação e o tônus muscular. Os exercícios de 
 
96 
 
resistência podem aumentar a massa muscular magra, elevando, portanto, a taxa 
metabólica de repouso. Estes efeitos são úteis no diabetes em relação à perda de peso, 
diminuição do estresse e manutenção de uma sensação de bem-estar. Osexercícios 
também alteram os lipídios do sangue e diminuem os índices de colesterol total e 
triglicerídeos. 
 
Segundo o Ministério da Saúde (2006), as principais orientações no 
desenvolvimento de atividades físicas no paciente diabético são: 
• O exercício deve ser iniciado de forma gradual, como caminhadas 
por cinco a 10 minutos em terreno plano, aumentando semanalmente até alcançar 30 a 
60 minutos diários, cinco a sete dias por semana. Nesse processo, qualquer aumento de 
atividade física deve ser valorizado como um ganho de saúde e não como uma meta 
final não alcançada; 
• Os calçados devem ser confortáveis, evitando bolhas e 
calosidades; 
 
• A intensidade de atividade física deve ser aumentada 
progressivamente, tendo como objetivo atingir intensidade moderada (60 e 80% da 
frequência cardíaca máxima). Na prática, a mudança progressiva da intensidade pode 
ser orientada pelo teste da fala da seguinte maneira: a intensidade é leve quando ainda é 
possível cantar, moderada quando ainda é possível conversar confortavelmente, e 
intensa quando a pessoa fica ofegante, limitando a conversação; 
• Indivíduos com perda significativa de sensibilidade nos pés devem 
evitar caminhar em esteiras ou ao ar livre, correr, etc. Nesses casos, os exercícios mais 
recomendados são natação, ciclismo, remo e exercícios realizados na posição sentada. 
Casos com retinopatia proliferativa não tratada ou tratada recentemente devem evitar 
exercícios que aumentam a pressão intra- abdominal, que têm efeito semelhante à 
manobra de Valsalva, que englobam movimentos rápidos da cabeça ou que envolvem 
risco de traumatismo ocular; 
• Antes de iniciar um exercício vigoroso é necessário afastar 
complicações como retinopatia proliferativa, neuropatia autonômica e doença cardíaca 
importante. Indivíduos com risco cardiovascular >10% em 10 anos ou com sintomas de 
neuropatia autonômica que desejam praticar exercício vigoroso, se eram anteriormente 
 
97 
 
sedentários, devem ser encaminhados ao cardiologista para orientação; 
• As atividades ao gosto do paciente, como caminhar e dançar, 
devem ser incentivadas, especialmente quando programas estruturados não estão 
disponíveis; 
• Evitar aplicar insulina em local que será muito exercitado (p. ex., 
quando faz trabalho de fortalecimento de quadríceps, caminhada e corrida evitar 
aplicação na perna, fazendo-a no abdômen), pois pode afetar sua velocidade de 
absorção; 
• Se possível, realizar controle metabólico (glicemia capilar) antes da 
atividade. Postergar o início do exercício com glicemia > 250 mg/dL no tipo 1; 
• Ingerir um alimento contendo carboidrato se a glicemia for inferior 
a 100 mg/dL; 
• Ingerir carboidratos de fácil digestão antes, durante e depois de 
exercício prolongado; 
• Diminuir a dose de insulina ou aumentar a ingesta de carboidrato 
(para cada 30 minutos de exercício, 10 a 15g) quando for praticar exercício; 
• Evitar exercitar-se no pico de ação da insulina; 
• Evitar exercícios de intensidade elevada e de longa duração (mais 
que 60 minutos); 
• Carregar consigo um alimento contendo carboidrato para ser usado 
em eventual hipoglicemia; 
• Estar alerta para sintomas de hipoglicemia durante e após o 
exercício. 
 
3. Tratamento Farmacológico: consiste na administração de 
hipoglicemiantes por via oral e/ou uso da insulinoterapia, conforme avaliação e 
prescrição médica. O paciente é avaliado rotineiramente para detectar os sinais de ação 
eficiente ou não dos medicamentos utilizados. Os principais medicamentos orais 
utilizados no tratamento do paciente com diabetes tipo 2 são a Metformina e as 
Sulfonureias (Glibenclamida e Glicazida). A Metformina é um medicamento de escolha 
para a maioria dos pacientes diabéticos tipo 2, pois está associada a um menor número 
de complicações vasculares, não contribui para o aumento de peso e possui menor 
probabilidade de levar à hipoglicemia, entretanto, seu uso isolado nem sempre produz 
 
98 
 
níveis de glicose controlados, necessitando por meio da avaliação médica a combinação 
com uma sulfonureia. 
 
As contraindicações no uso da Metformina são: 
• Diabetes tipo 1; 
• Insuficiência Renal; 
• Gravidez; 
• Doenças hepáticas; 
• Insuficiência cardíaca. 
 
As contraindicações no uso das Sulfonureias são: 
• Diabetes tipo 1; 
• Gravidez; 
• Grandes cirurgias; 
• Infecções severas; 
• Estresse ou trauma; 
• Predisposição à hipoglicemia severa; 
• Diminuição da função hepática ou renal; 
• Acidose ou estado pré-acidótico. 
 
 
4. Insulinoterapia: constitui-se no uso da insulina para o 
tratamento do paciente diabético e é uma das escolhas médicas conforme o diagnóstico, 
etiologia e controle da doença. As principais indicações e uso clínico são: no Diabetes 
Tipo 1, no Diabetes Tipo 2 sem controle, Diabetes Gestacional e no Tratamento da 
Cetoacidose Diabética. 
Diante dos diversos tipos de insulina que existem no mercado, atualmente, será 
mencionada pela classificação de ação os nomes e propriedades de cada tipo de insulina 
que pode ser prescrita ao paciente. A prescrição é de responsabilidade do médico, 
entretanto, cabe à enfermagem ter conhecimento frente à ação da insulina e aplicação, 
uma vez que está em contato direto com o paciente e desenvolve tais técnicas. 
Quanto à origem das insulinas elas podem ser classificadas como: Animal, 
suínas (obtidas do pâncreas do porco, bovinas - do pâncreas do gado - e mistas obtidas 
 
99 
 
do pâncreas do porco e do gado) e humanas, obtidas por intermédio da recombinação do 
DNA. A insulina pode ser classificada como: Ultrarrápida, Rápida, Intermediária e 
Lenta, conforme o tempo de início da ação no organismo do paciente. 
A insulina ultrarrápida - LISPRO possui o início da ação cinco a 15 minutos 
após a injeção subcutânea, seu pico de ação se faz em uma hora após a aplicação e sua 
duração total é de três horas; as vias utilizadas para administração são subcutânea, 
intramuscular ou endovenosa, sendo as últimas na maioria das vezes indicada nos casos 
de Cetoacidose Diabética. 
A Insulina Rápida – REGULAR também conhecida como Insulina Cristalina 
possui seu início de ação 30 a 60 minutos após a administração, seu pico de ação ocorre 
em duas ou quatro horas após a injeção e a duração total gira em torno de seis a oito 
horas. Pode ser administrada por via endovenosa, intramuscular ou subcutânea, sendo 
que seu pico máximo de ação na administração endovenosa ocorre em 30 minutos após 
a aplicação. 
Por possuir um PH neutro a Insulina Rápida – REGULAR tem maior 
estabilidade em temperatura ambiente (cerca de duas a três semanas). Constitui-se em 
uma das insulinas de escolha no diabetes descompensado em associação com situações 
como infecções, choques, trauma cirúrgico e cetoacidose (via endovenosa); pode ser 
prescrita endovenosa por bomba de infusão nas terapêuticas de tratamento intensivo do 
diabetes mellitus. 
A Insulina de ação Intermediária – NPH (Neutral Protamine Hagedorn Insulin) 
possui uma ação mais lenta que as demais citadas anteriormente, pois é conjugada à 
protamina – que retarda a absorção da insulina pelo tecido subcutâneo. O início de sua 
ação ocorre uma a duas horas após a aplicação, tendo pico máximo de ação oito a 12 
horas e duração total de 22 a 28 horas. É usada geralmente em combinação com a 
insulina lispro ou de ação regular. Não é indicada em situações de emergência e sua via 
de administração é subcutânea. 
A Insulina de Ação Lenta possui o início de ação em um a três horas após a 
aplicação, seu pico máximo de oito a 12 horas e duração de 20 a 24 horas; resulta da 
combinação de 70% de insulina ultralenta e 30% de insulina semilenta. A insulina de 
ação prolongada (Glargina, Detemir) possui ação após duas a quatro horas da 
administração e duração de 18 a 24 horas. No tratamento do paciente com insulina 
alguns fatores podem interferir a absorção da insulina como, por exemplo: localde 
administração, fluxo sanguíneo alterado por massagens ou banhos quentes, volume e 
 
100 
 
concentração da insulina injetada e presença de anticorpos anti-insulina circulantes. 
 
CONSERVAÇÃO E TRANSPORTE DA INSULINA 
 
O uso da insulina como tratamento no paciente diabético inclui a educação deste 
e/ou dos familiares sobre o correto armazenamento e aplicação da terapia, já que na 
maioria das vezes este medicamento é utilizado diariamente pelo paciente em casa. 
Assim, é importante que o técnico de enfermagem, em conjunto com a equipe de saúde, 
realize um acompanhamento sobre a eficiência do tratamento em domicílio, bem como 
a orientação continuada sobre a administração da insulina pelo paciente. 
A insulina é um hormônio, e como tal é necessário que seja armazenada e 
conservada de forma adequada para que não perca suas propriedades farmacológicas. 
Dessa forma, alguns princípios para a conservação da insulina devem ser seguidos, são 
eles: 
• os frascos de insulina não devem ser congelados e nem 
mantidos em temperatura inferior a 2º C; 
• devido à degradação que pode sofrer, não é recomendado que a 
insulina seja exposta ao sol; 
• as insulinas devem ser guardadas na geladeira, 
preferencialmente na gaveta dos legumes ou na prateleira mais próxima a esta, à porta 
não é indicada por apresentar maior variação de temperatura e mobilidade dos frascos a 
cada abertura. A temperatura para armazenamento é de 2 a 8ºC. A insulina armazenada 
na geladeira também deve ser retirada 10 a 20 minutos antes da aplicação, pois insulina 
gelada causa irritação local e dor no paciente; 
• a insulina que estiver em uso pode ser mantida em temperatura 
ambiente (15 a 30º). Após aberta tem duração máxima de até 30 dias, após este período 
perde a ação. Nesses casos, orientar o paciente que deixe o frasco de insulina no local 
mais fresco da casa; 
• Antes de utilizar a insulina é importante conferir o prazo de 
validade no frasco; 
• Antes de abrir o frasco de insulina colocar um rótulo com a data 
de 
• abertura para controle de validade; 
 
101 
 
• A insulina não pode ser exposta a temperaturas maiores que 
30ºC e nem à luz solar; 
• Quando a insulina é guardada em temperaturas erradas, ou 
quando é sacudida demasiadamente pode apresentar grumos, cristais ou agregados, isto 
indica que ela está desnaturada e não é mais aconselhável para uso; 
• A insulina regular tem aspecto límpido e transparente, enquanto 
a NPH possui aspecto leitoso. Qualquer alteração nestas características não administrar 
a insulina; 
• Nos casos de pacientes que precisam viajar e levar a insulina, é 
necessário uma bolsa térmica ou de isopor sem gelo, no caso de não haver, o paciente 
pode levar em bolsa normal, mas sem expor ao calor ou sol, ao chegar ao destino 
colocar na geladeira. Em caso de viagem de avião, não despachar com a bagagem, pois 
o compartimento de cargas tem temperatura muito baixa, podendo congelar a insulina. 
 
APLICAÇÃO DA INSULINA 
 
A aplicação da insulina no paciente pode ser feita por via endovenosa, nos casos 
de terapia intensiva ou tratamento específico de cetoacidose diabética, intramuscular ou 
subcutânea, conforme descrito anteriormente sobre os tipos de insulina, entretanto, a 
forma mais utilizada e que o paciente utiliza em casa é a administração da insulina 
subcutânea. Os instrumentos para administração da insulina subcutânea são: 
• Seringas de Insulina: que possuem escalas das unidades conforme a 
concentração. As seringas de insulina podem ter agulha fixa ou agulha removível. As 
seringas com agulha fixa apresentam-se em 30 UI, 50 UI e 100 UI, sendo que a 
graduação da escala nas seringas de 30UI e 50 UI é de 1 em 1, enquanto que na de 100 
UI é de 2 em duas, conforme a figura abaixo: 
 
FIGURA- SERINGAS PARA APLICAÇÃO DE INSULINA 
 
102 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.bd.com>. 
 
- Seringas: As seringas com agulhas removíveis são aquelas que não possuem a 
seringa fixa ao corpo da agulha. Neste tipo de seringa há retenção de até 5 UI de 
insulina, denominado espaço morto, que não é calculada na dosagem da insulina e nem 
na administração ao paciente. Nesse caso, quando existe uma prescrição de dois tipos de 
insulina, não é conveniente utilizá-las em mistura, uma vez que poderá ocorrer um erro 
de dosagem ou uma superdosagem de um dos tipos de insulina administrado em 
conjunto (GROSSI, 2004). 
A capacidade de volume de cada seringa é medida em centímetros cúbicos (cc), 
ou seja, um centímetro cúbico é equivalente a 1 ml, que equivale a 100 UI de insulina. 
Por exemplo, 0,5 cc = 0,5 ml = 50 UI. A graduação da seringa pode ser dupla ou 
simples, na dupla cada traço da seringa corresponde a duas unidades, enquanto que na 
simples cada traço refere-se a uma unidade de insulina. 
As agulhas removíveis apresentam-se no tamanho de 13 x 0,45 mm, enquanto as 
agulhas fixas aumentam as opções para os tamanhos 12,7 x 0,33 mm e 8 x 0,30 mm. A 
escolha pelo tamanho da agulha depende da apresentação física do paciente. Para 
pacientes obesos ou acima do peso indica-se o uso da agulha 12,7 x 0,33 mm, 
encontradas tanto para uso em seringas como para uso em canetas. Os adultos com tipo 
físico normal ou magros podem utilizar a agulha 8 x 0,30 mm das seringas ou 5 mm 
para as canetas. 
Pessoas obesas ou acima do peso, mas com pouco tecido subcutâneo nos braços 
e coxas, podem usar as agulhas 8 e 5 mm nestas regiões ou 12 para o abdômen. 
Segundo a Associação Americana de Diabetes (1998), quanto menor o comprimento e 
diâmetro da agulha, menor a dor durante a aplicação. No entanto, as agulhas curtas não 
são indicadas para pessoas obesas devido à variabilidade da absorção da insulina. 
- Canetas Injetoras: as canetas injetoras são outra possibilidade de instrumento 
utilizado na administração da insulina subcutânea. No Brasil existem atualmente canetas 
injetoras descartáveis e reutilizáveis. Está indicada principalmente nos casos de 
pacientes que fazem uso de múltiplas doses diárias de insulina e associada por alguns 
estudos, devido à praticidade, ao melhor controle glicêmico do diabete. 
Cada caneta possui um local onde é colocado o refil de insulina, atualmente 
existindo refil de até 30 ml ou 300 UI de insulina. O paciente, antes da aplicação, faz a 
seleção da dose de insulina prescrita por rotação de um botão e após aciona a aplicação, 
http://www.bd.com/
 
103 
 
em ângulo de 90º, sem necessidade de prega cutânea. As opções de tamanho de agulha 
para caneta são: 12,7 x 0,33 mm, 8 x 0,25 mm, 6 x 0,30 mm e de 5 x 0,25 mm. 
Segundo Almeida (1998) e Oliveira (1999), as canetas injetoras apresentam 
vantagens para quem realiza múltiplas aplicações diárias de insulina. Entretanto, o custo 
na aquisição deste instrumental dificulta sua utilização pela maioria dos portadores de 
diabetes. 
 
FIGURA - CANETA PARA APLICAÇÃO DE INSULINA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.farmadelivery.com>. 
 
A conservação dos refis de insulina, quando armazenados, devem ser mantidos 
na geladeira em temperatura de 2 a 8ºC conforme os frascos de insulina, entretanto, 
depois de inseridos nas canetas para uso, segundo alguns dos fabricantes Lilly e Novo 
Nordisk, as canetas devem ser mantidas em temperatura ambiente, sem exposição à luz, 
nem temperaturas agressivas, tendo validade de 30 dias o refil. 
 
- Bombas de Infusão de Insulina: As bombas de infusão de insulina consistem 
em microcomputadores, ou seja, pequeno reservatório de insulina, portátil, com peso em 
torno de 250g, fixado no exterior do corpo. Por intermédio de um pequeno cateter de 
plástico fica ligado a uma agulha inserida na pele. O microcomputador injeta 
continuamente no organismo cerca de 1U de insulina por hora e libera uma quantidade 
programada de insulina em forma de pulso durante as refeições, conforme as 
http://www.farmadelivery.com/
 
104 
 
necessidades dos portadores de diabetes. 
Segundo Brunner& Suddarth (1998), uma das desvantagens das bombas de 
insulina é que podem ocorrer interrupções inesperadas no fluxo de insulina caso o tubo 
ou a agulha fiquem ocluídos, se o suprimento de insulina for interrompido ou a bateria 
descarregar. Outra desvantagem é o potencial de infecção nos locais de inserção da 
agulha, e também a hipoglicemia é mais provável na terapia de insulina por bomba, isso 
associado ao rígido controle dietético em conjunto com a bomba de insulina. 
 
 
FIGURA - BOMBA DE INFUSÃO DE INSULINA 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.forumpcs.com.br>. Acesso em: 28 jun. 
2009. 
 
 
Mesmo diante de todos os instrumentos disponíveis no mercado para 
administração da insulina, ainda no Brasil o uso mais frequente recai sobre as seringas, 
isto porque possui um custo mais acessível e alguns programas de saúde pública 
distribuem o instrumento para o paciente gratuitamente. De qualquer forma, o 
profissional de saúde na sua atividade deve possuir conhecimento frente aos diferentes 
modos de administração da insulinoterapia para que o paciente em conjunto com o 
médico opte pelo melhor, obtendo uma relação de custo-benefício. 
Sobre o estudo dos instrumentos utilizados na administração da insulina é 
importante que sempre o profissional de enfermagem busque informações específicas 
http://www.forumpcs.com.br/
 
105 
 
com os fabricantes, uma vez que devido a gama de possibilidades algumas informações 
diferem de uma bibliografia para outra. 
Aplicação de Insulina: a técnica de aplicação da insulina deve ser adequada 
para propiciar uma correta absorção da insulina e consequentemente um tratamento 
eficiente e eficaz ao paciente. Dessa forma, é importante que o profissional de 
enfermagem detenha os conhecimentos para ensinar o paciente quando este estiver 
realizando a aplicação em domicílio e também nos casos de pacientes hospitalizados, 
onde esta técnica é feita inicialmente pelos próprios profissionais de enfermagem. 
A aplicação de insulina, na maioria das vezes, é realizada em tecido subcutâneo, 
podendo, entretanto, ser administrada por outras vias, como descrito anteriormente, 
dependendo da indicação médica. A insulinoterapia realizada pelo paciente em casa 
necessariamente é em tecido subcutâneo. 
 
 
FIGURA - TECIDO SUBCUTÂNEO 
FONTE: Disponível em: <http://www.linda.m.sites.uol.com.br>. 
 
Primeiramente serão abordados os locais indicados para aplicação de insulina, 
que segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes são os seguintes: Abdômen (região 
lateral direita e esquerda, cerca de quatro a seis centímetros afastados da cicatriz 
umbilical), Coxas (face anterior e posterior externas: nos pacientes adultos esta região é 
delimitada em 12 a 15 cm abaixo do grande trocânter, nove a 12 cm acima do joelho, 
numa faixa de sete a 10 cm de largura, sendo que em crianças a mesma região é 
utilizada tendo o cuidado para a proporcionalidade do corpo), Braços (face posterior) e 
Nádegas (quadrante posterior externo da região ilíaca). 
 
http://www.linda.m.sites.uol.com.br/
 
106 
 
FIGURA - LOCAIS DE APLICAÇÃO DA INSULINA 
FONTE: Disponível em: <http://www.portaldodiabetes.com.br>. 
 
É muito importante que seja realizado o rodízio dos locais a cada aplicação para 
evitar as complicações decorrentes da administração de insulina em um mesmo local, 
desta forma, conforme preconizam as orientações da Associação Americana de Diabetes 
(2007), é necessário esgotar as possibilidades de aplicações subsequentes em uma 
mesma região, distanciando-se aproximadamente em dois centímetros de um local para 
o outro. 
Também é importante salientar que cada local de aplicação da insulina possui 
um potencial de absorção diferente, o que poderá alterar os resultados da glicemia do 
paciente, assim, o local considerado como de maior absorção é o abdômen, após os 
braços, coxas e nádegas. Segundo Brunner & Suddarth (1998), o rodízio sistemático dos 
locais de injeção dentro da área anatômica é recomendada para evitar alterações 
localizadas no tecido gorduroso (lipodistrofia). Além disso, para promover consistência 
na absorção de insulina os pacientes devem ser estimulados a usar todos os locais 
disponíveis de injeção dentro de uma área e não circular aleatoriamente de uma área 
para outra. 
Alguns princípios que podem ser usados na aplicação do rodízio são: os 
pacientes não devem tentar o mesmo local mais que uma vez em duas a três semanas. 
Além disso, se o paciente estiver planejando se exercitar, a insulina não deve ser 
injetada no membro que vai ser exercitado, pois ela é absorvida mais rápida, podendo 
resultar em hipoglicemia. 
Conforme instruções do Ministério da Saúde (2006) deve-se evitar aplicar a 
insulina subcutânea próximos das articulações, na área da virilha, no umbigo e na linha 
http://www.portaldodiabetes.com.br/
 
107 
 
média do abdômen. Sendo que o rodízio de áreas para aplicação de insulina é 
importante para não ocorrer complicações como hipertrofia ou atrofia local. Ao orientar 
o paciente diabético sobre a aplicação de insulina é importante que sejam estipulados 
juntamente com o paciente os rodízios que serão feitos na administração do 
medicamento, levando em consideração as atividades cotidianas do paciente, bem como 
as necessidades de aplicação. 
 
TÉCNICA DE ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA COM SERINGA 
 
Material Necessário: Seringa e Agulha, algodão, álcool 70% e medicamento 
(insulina conforme a prescrição médica). 
 
Procedimento: 
- Lavar as mãos; 
- Explicar o procedimento ao paciente; 
- Retirar o frasco de insulina da geladeira 10 a 20 minutos antes da aplicação; 
- Rolar o frasco entre as mãos sem agitar com no mínimo 20 movimentos; 
- Realizar a assepsia do frasco com algodão embebido em álcool 70%; 
- Aspirar à quantidade de ar na seringa; 
- Injetar o ar dentro do frasco para melhor retirada da insulina; 
- Virar o frasco e a seringa para baixo, aspirando a quantidade de unidades 
conforme a prescrição médica; 
- Retirar o ar que esteja presente na seringa; 
- Selecionar a área de aplicação, tendo os cuidados mencionados 
anteriormente no rodízio de áreas para aplicação; 
- Fazer assepsia da área com algodão; 
- Fazer prega na pele e introduzir a seringa em ângulo de 90º e 
após soltar a prega; 
- Administrar a quantidade de insulina que consta na seringa; 
- Retirar a seringa e após fazer uma leve compressão com algodão e 
álcool 70%; 
- Organizar o material utilizado; 
- Lavar as mãos e registrar no prontuário. 
 
 
108 
 
 
NOTAS COMPLEMENTARES 
 
1 - Ao encontrar presença de sangue na aplicação da insulina, 
seguir o seguinte: sangue em pequena quantidade, continuar a administração, sangue em 
grande quantidade, interromper a administração e preparar nova dose de insulina 
(Ministério da Saúde). 
2 - O tamanho da agulha é avaliado pelo profissional segundo o 
tipo físico do paciente. 
3 - A prega cutânea deve ser feita antes da introdução da agulha e 
soltando antes da introdução da insulina. 
4 - O ângulo de aplicação deverá ser de 90°C, entretanto caso a 
agulha seja maior que a indicada em alguns pacientes magros e crianças é necessário 
uma avaliação e utilização de ângulos de 45 ou 60°C (Associação Americana dos 
Diabéticos, 2004). 
5 - A aspiração após a introdução da agulha não é necessária 
quando se está utilizando os instrumentos corretos (Associação Americana dos 
Diabéticos, 2004). 
6 - O reuso das agulhas e seringas em serviços hospitalares 
públicos e privados é proibido pela Divisão de Medicamentos no Brasil (DIMED), por 
meio da Portaria nº 3 de 07/02/86, incluindo a utilização do material no mesmo paciente. 
8 - O reuso das agulhas e seringas pelos pacientes diabéticos que 
fazem insulinoterapia em casa é controverso na literatura, uma vez que alguns autores 
trazem a reutilização como uma forma de complicação que pode ocasionar lesão local 
por infecção, sendo isso para um diabético um problemarelevante. Por outro lado, o 
Ministério da Saúde (2006) considera como adequada a reutilização por até oito 
aplicações sempre pela mesma pessoa, mantendo-se os seguintes cuidados: a seringa 
deve ser retampada e guardada em temperatura ambiente ou sob refrigeração (gaveta ou 
porta da geladeira), ainda considerar que o paciente deve estar com ausência de feridas 
abertas nas mãos e livre de infecções de pele nos locais da aplicação; o diabético deve 
ter destreza manual, ausência de tremores e boa acuidade visual, sendo capaz de 
reencapar a agulha com segurança. 
A limpeza da agulha não deve ser feita com álcool, porque é capaz de remover o 
silicone que a reveste, tornando a aplicação mais dolorosa. As seringas reutilizadas 
 
109 
 
devem ser descartadas quando a agulha se torna romba, curva ou entra em contato com 
alguma superfície diferente da pele e logo que a aplicação se torne muito mais dolorosa. 
É importante salientar que esta reutilização é empregada apenas aos pacientes que 
fazem uso de insulina domiciliar, nunca em hospitais. 
9 - O paciente deve sempre ser orientado sobre o descarte do 
material perfurocortante em recipiente apropriado. 
10 - Algumas insulinas podem ser prescritas e administradas 
conjuntamente no paciente, entretanto, é importante que o profissional de enfermagem 
tenha conhecimento de quais podem ser misturadas para a aplicação na mesma seringa, 
conforme consta abaixo: 
 
- Mistura de NPH + Regular: pode ser feita e utilizada 
imediatamente ou armazenada em refrigerador para uso em 30 dias. 
- Mistura de NPH + Ultrarrápida: pode ser feita e deverá ser 
utilizada imediatamente após o preparo. 
- Mistura de Regular + Lenta: não tem indicação. 
- Glargina ou Detemir + qualquer tipo de insulina: não pode ser 
misturada devido ao Ph baixo do diluente. 
Nos casos em que houver a mistura das insulinas seguindo as orientações 
anteriores, a técnica é a mesma da citada na administração da insulina, incluindo: 
- Primeiramente aspira-se a quantidade de ar que consiste as 
unidades de insulina NPH e injeta-se o ar dentro de frasco de insulina NPH; 
- Após o mesmo procedimento com a insulina regular, já 
aspirando a quantidade de insulina para a seringa; 
- Por último aspira-se a quantidade de insulina NPH, sendo que o 
ar já foi injetado anteriormente. 
Na hipótese de se aspirar quantidades superiores às prescritas, de forma alguma 
recolocar as insulinas nos frascos. Desprezar e realizar o procedimento novamente. 
 
COMPLICAÇÕES NA APLICAÇÃO DE INSULINA 
 
A aplicação de insulina está associada a algumas complicações, principalmente 
nos pacientes que fazem uso diário deste hormônio. As complicações podem estar 
ligadas a vários fatores; é de suma importância que o profissional de enfermagem 
 
110 
 
realize este acompanhamento de reações cutâneas no paciente, já que isto pode ser 
indício de que uma das etapas do processo de conservação, preparo e aplicação está 
falho. 
Segundo Camata (2003), para a aplicação de insulina são imprescindíveis alguns 
cuidados como: a escolha de um instrumental adequado à quantidade de insulina, bem 
como ao estado físico do paciente, o domínio sobre a técnica de aplicação da insulina e 
os rodízios dos locais de aplicação na pele, entre outros. Davidson (2001) e Costa 
(1988) afirmam ser comum o portador de diabetes e usuário de insulinoterapia 
domiciliar apresentar complicações cutâneas ou reações como lipodistrofia insulínica, 
lipo-hipertrofia, nódulos endurecidos, equimose, ardência e prurido. 
Segundo Navarro et al. (1995), as reações alérgicas durante a insulinoterapia 
geralmente ocasionam sintomas como rush, seguido de prurido e enduração. Os 
hematomas podem estar relacionados à técnica inadequada de aplicação ou à redução do 
número de células adiposas no local da aplicação. O aparecimento da hipertrofia está 
conexo à aplicação prolongada do hormônio insulínico em um mesmo local, resultando 
em sua absorção e controle glicêmico errático (MATHEUS e AHMED, 1999). 
As principais complicações com o uso da insulina são: 
 
- Reações Alérgicas: caracteriza-se por uma reação alérgica local 
em forma de vermelhidão, inchaço, sensibilidade e enduração ou círculo de dois a 
quatro centímetros, podendo aparecer no local uma a duas horas após a aplicação da 
injeção. Geralmente estas reações ocorrem no início da terapia. 
- Reações Alérgicas Sistêmicas: são raras. Há uma reação cutânea 
local imediata que logo se espalha em forma de uma urticária generalizada. O 
tratamento é a dessensibilização, com pequenas doses de insulina administradas em 
quantidades gradualmente crescentes. Estas reações raras são ocasionalmente associadas 
a edema generalizado ou anafilaxia. 
- Lipodistrofia de Insulina: refere-se a uma perturbação 
localizada do metabolismo de gorduras, sob a forma ou de lipoartrofia, ocorrendo no 
local das injeções de insulina. A lipoartrofia é a perda de gordura subcutânea e aparece 
como uma leve ou acentuada depressão da gordura subcutânea, a utilização da insulina 
humana quase que eliminou esta situação. 
A lipo-hipertrofia é o desenvolvimento de massas fibrogordurosas no local da 
injeção e é causada pelo uso repetido de um local de injeção. Caso a insulina seja 
 
111 
 
injetada em áreas como cicatrizes, a absorção pode ser retardada. Este é um dos motivos 
pelos quais é importante o rodízio dos locais de aplicação; o paciente deve evitar injetar 
insulina nestas áreas até que a hipertrofia desapareça. 
- Resistências à Insulina: a maioria dos pacientes em uma época 
ou outra tem algum grau de resistência à insulina. Isso pode ocorrer por vários motivos, 
sendo o mais comum à obesidade, que pode ser superada pela perda de peso. 
Segundo Brunner & Suddarth (1998), a resistência clínica à insulina foi definida 
como uma necessidade diária de insulina de 200 unidades ou mais. Na maioria dos 
pacientes diabéticos que recebem insulina desenvolvem-se imunoanticorpos que se 
ligam à insulina, diminuindo assim a insulina disponível para uso. Todas as insulinas 
animais, bem como as humanas, em menor grau causam produção de anticorpos em 
seres humanos. O tratamento consiste em administrar uma preparação de insulina mais 
pura e, ocasionalmente, a prednisona pode ser necessária para bloquear a produção de 
anticorpos, isto pode ser seguido de uma redução gradual da produção de insulina. 
Portanto, os pacientes precisam se automonitorar quanto à hipoglicemia. 
 
MONITORIZAÇÃO 
 
A monitorização do paciente diabético faz parte do tratamento, pois, além da 
medicação farmacológica prescrita, mudanças no estilo de vida e o uso em alguns casos 
da insulinoterapia, há a necessidade de acompanhar continuamente este paciente, como 
forma de diminuir os índices de probabilidade no desenvolvimento de complicações e 
manter níveis adequados de glicemia sanguínea. 
Com o uso de uma automonitorização da glicose sanguínea, as pessoas com 
diabetes são hoje capazes de ajustar o esquema de tratamento para obter um controle 
ótimo da glicose. Isto permite a detecção e prevenção da hiperglicemia e tem um papel 
crucial na normalização dos níveis de glicose sanguínea, o que possivelmente reduz as 
complicações diabéticas em longo prazo (BRUNNER & SUDDARTH, 1998). 
 
AUTOMONITORIZAÇÃO 
 
A glicose sanguínea periférica pode ser monitorada em casa pelo próprio 
paciente e/ou familiares. Há vários métodos de monitorização, na maioria das vezes se 
obtém uma gota de sangue do dedo do paciente e se coloca em uma fita, em um dos 
 
112 
 
métodos após esta coleta é depositado líquido reagente na fita. Assim se consegue uma 
cor que é comparada, por meio da inspeção visual, à cor da fita reagente padrão da 
embalagem. Em outros, por meio da gota de sangue na fita e o uso do monitor se obtém 
o valor da glicemia do paciente. Em todos os casos é importante que o paciente seja 
orientado quanto à técnica de realização, bemcomo à manutenção dos monitores 
(glicosímeros), para que não sejam aferidos resultados errados. Na orientação ao 
paciente torna-se importante observar as habilidades do mesmo para este tipo de 
automonitorização. 
A frequência da automonitorização sempre vai depender do tipo de tratamento 
ao qual o paciente é submetido. Nos casos do paciente que realiza insulinoterapia a 
necessidade é mais frequente conforme o uso diário. Os pacientes sempre devem ser 
instruídos a manter um registro dos resultados obtidos na automonitorização para que 
seja visualizado pela equipe de saúde. 
Outro teste além da glicemia capilar que pode ser realizado em casa é a 
monitorização de cetonas. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (2008), a 
presença de cetonas na urina é um achado importante e o paciente deve imediatamente 
procurar um médico para saber o que está ocorrendo. A monitorização do paciente 
também é feita a partir do acompanhamento do retorno ao consultório médico, às 
consultas com o especialista são de suma importância para evitar complicações futuras, 
bem como proporcionar uma qualidade de vida adequada ao paciente. 
O paciente deve seguir rigorosamente o plano de retorno ao consultório 
conforme a instrução do médico que avalia as necessidades individualmente. Assim 
como as consultas, o paciente deve ser instruído a realizar todos os exames solicitados 
pelo médico, que na maioria das vezes estão relacionados à monitorização de 
complicações e manutenção dos níveis de glicemia adequados. 
Um dos exames que é realizado na monitorização do tratamento do paciente 
diabético chama-se Hemoglobina Glicada, que mostra como foi o controle glicêmico do 
paciente nos últimos 60 ou 90 dias de tratamento, e serve como um dos parâmetros para 
condutas médicas, dentre os demais exames. 
 
TRANSPLANTE DE PÂNCREAS 
 
O transplante do pâncreas é uma modalidade de tratamento em busca da cura do 
Diabetes e está indicado a alguns portadores de Diabetes Mellitus Tipo 1 com falência 
 
113 
 
dos rins, já que nestes casos é realizado o transplante duplo do pâncreas e do rim. A 
rejeição do transplante nos últimos anos é menor devido ao uso de antibióticos mais 
potentes. 
 
COMPLICAÇÕES AGUDAS DO DIABETES E AÇÕES DE 
ENFERMAGEM 
 
 
As três principais complicações agudas do Diabetes são: 
1 – Hipoglicemia: ocorre quando a glicose sanguínea cai abaixo 50 a 60 mg/dl, 
podendo ser causada por muita insulina ou agentes hipoglicemiantes orais, pouca 
comida ou atividade física excessiva. Ocorre em qualquer hora do dia ou da noite, 
geralmente antes das refeições, principalmente quando as refeições são retardadas; está 
associada ao pico das ações de algumas insulinas. 
Na hipoglicemia branda, quando a glicose cai, o sistema nervoso simpático é 
estimulado; com o surgimento da adrenalina causa o suor, tremores, taquicardia, 
palpitação, nervosismo e fome. Na hipoglicemia moderada a queda da glicose priva as 
células do cérebro a energia necessária para seu funcionamento. Alguns dos sinais são: 
incapacidade em se concentrar, dor de cabeça, tontura, confusão, lapsos de memória, 
dormência dos lábios e da língua, visão dupla e sonolência, descoordenação, alterações 
emocionais, comportamentos irracionais. 
Na hipoglicemia grave, o paciente necessita da ajuda de outra pessoa para o 
tratamento dos principais sinais, que incluem desorientação, convulsão, dificuldade em 
acordar do sono ou perda da consciência. Em hospitais ou salas de emergência os 
pacientes que estão inconscientes ou incapazes de deglutir devem ser tratados com 25 a 
50 ml de glicose, que é administrada via intravenosa, conforme a prescrição médica, 
sendo a ação dentro de minutos. Nestes casos é importante garantir um acesso venoso 
calibroso e a monitorização dos níveis de glicose. 
Ações de Enfermagem: 
• Instrução do paciente e dos familiares sobre os riscos de 
hipoglicemia, bem como as medidas a serem tomadas caso o paciente tenha os 
sintomas. Em pacientes idosos, principalmente, é importante que sempre a pessoa 
cuidadora ou próxima da família tenha atenção para os sintomas que envolvem a 
hipoglicemia, para que encoraje o paciente a procurar o hospital ou serviço de saúde. 
 
114 
 
• Orientar o paciente para que siga sempre um padrão regular de 
alimentação, administração de insulina e realização de exercícios. 
• Orientar o paciente e família sobre a realização da 
automonitorização para precocemente detectar a hipoglicemia. 
• Administrar os medicamentos na hipoglicemia grave conforme 
a prescrição médica, realizando os testes de glicemia capilar em intervalos frequentes, e 
controle dos sinais vitais. 
• Garantir acesso venoso calibroso na chegada do paciente com 
hipoglicemia grave. 
 
2 - Cetoacidose Diabética (CAD): é causada pela ausência ou 
quantidade acentuadamente inadequada de insulina, resultando em distúrbios do 
metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, caracterizando-se por: desidratação, 
perda de eletrólitos e acidose. A manifestação clínica se faz a partir dos seguintes sinais 
e sintomas: hiperglicemia, visão turva, poliúria, fraqueza, cefaleia, sede intensa, 
desidratação, hálito de cetona, pouco apetite ou anorexia, náuseas, vômitos, dor 
abdominal, aumento da frequência respiratória. 
Os valores laboratoriais de glicose na CAD estão em torno de 300 a 800 mg/dl, 
sendo que em alguns pacientes menos e em outros mais altos podendo chegar até 1000 
mg/dl. A gravidade da CAD não está relacionada apenas ao nível de glicose sanguínea 
aumentada. As principais causas da CAD são: uma diminuição de insulina ou falta de 
uma dose, uma doença ou infecção ou a manifestação do diabetes não diagnosticado e 
não tratado. O tratamento da CAD é dirigido para os três problemas principais: 
desidratação, perda de eletrólitos e acidose, desta forma a conduta geralmente escolhida 
é: a reidratação do paciente por meio de infusões intravenosas; a reposição de potássio 
diluído em solução fisiológica e a administração intravenosa de insulina. 
3 - Síndrome Não Cetótica Hiperosmolar Hiperglicêmica 
(HHNC): é uma situação na qual a hiperosmolaridade e hiperglicemia predominam, 
com alterações sensoriais (senso de consciência). A diferença importante entre a HHNC 
e a CAD é que não ocorrem cetose e acidose na primeira. Na CAD não há nenhuma 
insulina presente, por isso ocorre a degradação dos estoques de glicose, proteínas e 
lipídios (estes últimos levando à produção de corpos cetônicos). Na HHNC o nível de 
insulina não é tão baixo, sendo que a insulina presente é suficiente para quebrar os 
 
115 
 
lipídios. 
Os pacientes não apresentam sintomas gastrointestinais na HHNC relacionados à 
cetose. O quadro clínico é de hipotensão, profunda desidratação, taquicardia e sinais 
neurológicos variáveis como, por exemplo: alteração do sensório, convulsões e 
hemiparesia. As causas estão mais associadas à idade avançada, razão pela qual ocorre 
mais frequentemente em pacientes idosos. Pode também ser precipitado por uma doença 
aguda, como pneumonia, infarto do miocárdio e derrame. 
Alguns medicamentos conhecidos como desencadeadores de insuficiência de 
insulina (diuréticos de tiazida, propanolol), ou procedimentos terapêuticos (diálise, 
hemodiálise, nutrição parenteral total). Os pacientes geralmente apresentam uma 
história de dias ou semanas de poliúria com uma inadequada ingestão de líquidos. O 
tratamento é similar ao da CAD com a administração de líquidos, eletrólitos e insulina 
intravenosa. 
Ações de Enfermagem na CAD e HHNC: 
• Puncionar acesso venoso calibroso, às vezes, tendo 
necessidade de ter mais de um acesso conforme a prescrição e indicação médica; 
• Monitorização frequente dos sinais vitais, avaliação 
pulmonar e controle de ingestas e eliminações – para assegurar que não está sendo dada 
uma sobrecarga hídrica no paciente, principalmente nos casos de idosos e com ICC; 
• Preparo e administraçãode eletrólitos conforme a prescrição 
médica, tendo especial atenção para que o potássio seja sempre diluído em solução antes 
da administração no paciente; 
• Preparo e administração da insulina contínua por bomba de 
infusão, seguir o gotejamento prescrito pelo médico para infusão; 
• Monitorização da glicemia capilar, nos casos em que o 
paciente recebe insulina contínua por via endovenosa é necessário um controle rigoroso 
no resultado da glicemia capilar. Assim, inicialmente na maioria dos casos é realizada 
uma verificação de hora em hora. 
• Acompanhar os resultados da Pressão Venosa Central do 
Paciente e da Monitorização Hemodinâmica. 
• Nas ações de prevenção e educação em domicílio: orientar o 
paciente para que não deixe de tomar líquidos a toda a hora para evitar a desidratação; 
tomar rigorosamente os medicamentos prescritos e a insulina e realizar a 
 
116 
 
automonitorização. Sob qualquer alteração importante procurar o serviço de saúde. 
 
COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DO DIABETES E AÇÕES DE 
ENFERMAGEM 
 
As complicações crônicas do Diabetes podem afetar quase que todos os sistemas 
do corpo e podem ser divididas em: Complicações Macrovasculares, Complicações 
Microvasculares e Neuropatia. Dentre as complicações macrovasculares estão às 
alterações ateroscleróticas nos grandes vasos sanguíneos que ocorrem também em 
pacientes não diabéticos, entretanto, com maior frequência nos pacientes diabéticos, 
alguns fatores de riscos associados ao diabetes são relacionados à maior incidência de 
complicações macrovasculares. 
Dependendo da localização das lesões ateroscleróticas os principais tipos de 
doenças macrovasculares que podem ocorrer no paciente diabético são: doença arterial 
coronariana, doença vascular cerebral, doença vascular periférica. 
 
AÇÕES DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DAS 
COMPLICAÇÕES MACROVASCULARES 
 
• Orientar o paciente a manter hábitos de vida saudáveis: manter uma dieta 
balanceada, controlar rigorosamente o peso, controlar a hipertensão arterial e 
hiperlipidemia, realizar exercícios regularmente com orientação médica; 
• Manter níveis de glicose estáveis; 
• Evitar situações de estresse e diminuir ansiedade; 
• Prestar cuidados hospitalares quando o paciente apresenta necessidade de 
internação. 
 
As complicações Microvasculares são únicas para os diabéticos. A doença 
microvascular diabética é caracterizada por espessamento da membrana basal, que 
circunda as células endoteliais dos capilares, o nível de glicose sanguínea aumentada faz 
com que a membrana basal seja espessada. A retinopatia diabética é causada por 
alterações nos capilares da retina dos olhos. Caracteriza-se por três estágios principais: 
não proliferativa (sem prejuízos visuais, até 90% dos pacientes com glicose pouco 
 
117 
 
controlada em 10% pode ocorrer o edema macular); Pré- Proliferativa (considerada 
precursora da retinopatia proliferativa); proliferativa (ocorre hemorragia vítrea ou 
deslocamento da retina, paciente pode apresentar hemorragia sem perdas visuais, ou 
com perda da visão. De tal modo qualquer indício de hemorragia deve ser encaminhado 
ao oftalmologista). 
A avaliação diagnóstica da Retinopatia Diabética é feita pelo oftalmologista com 
a visualização por meio do oftalmoscópio ou pelo exame de Angiografia Fluoresceína. 
O tratamento é feito pela Fotocoagulação (laser), Viterectomia ou em alguns casos por 
meio do uso de medicamentos e medidas como controle da hipertensão, controle da 
glicose sanguínea e não fumar. 
Outras complicações oftalmológicas que podem ocorrer no paciente diabético 
são: as cataratas, alterações do cristalino, hipoglicemia (visão dupla durante os 
episódios de glicose baixa), paralisia de músculo extracorpóreo e glaucoma. 
AÇÕES DE ENFERMAGEM NA EDUCAÇÃO DO PACIENTE E 
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CUIDADOS DOMICILIARES 
 
• Instruir o paciente e seus familiares sobre os aspectos que permeiam a 
retinopatia, o acompanhamento e o tratamento adequado; 
• Adaptar os meios ao paciente que perde a visão e necessita de 
insulinoterapia e automonitorização para evitar erros com quantidades; 
• Auxiliar o paciente na redução da ansiedade provocada pela perda da 
visão; 
• Realizar todos os encaminhamentos adequados do paciente frente a 
qualquer forma de alteração visual relatada. 
A nefropatia se desenvolve no diabético quando os níveis de glicose sanguínea 
são altos e com isso ocorre uma alteração de filtração renal que permite que as proteínas 
sanguíneas passem para a urina. Assim, as pressões dos vasos sanguíneos dos rins 
aumentam e possivelmente sirva de estímulo para o desenvolvimento da nefropatia. 
A doença renal pode aparecer nas pessoas portadoras de diabetes tipo 1 após 15 
a 20 anos com sinais iniciais, enquanto que nos pacientes diabéticos tipo 2 o 
desenvolvimento da doença renal pode ser até 10 anos após o início da diabetes. A 
avaliação diagnóstica é feita por meio de exames laboratoriais e clínicos, uma das mais 
importantes proteínas sanguíneas que começa a passar para a urina é a albumina. A 
 
118 
 
coleta de urina de 24 horas é realizada em busca de uma microalbuminúria, já que dos 
pacientes que apresentam este resultado no exame, 85% podem desenvolver nefropatia 
clínica. 
Os sintomas de disfunção renal no paciente diabético são semelhantes ao 
paciente não diabético, acrescentando-se episódios frequentes de hipoglicemia, sendo 
que à medida que a função renal diminui o paciente pode sofrer de declínio da acuidade 
visual, impotência, ulceração do pé, ICC e diarreia noturna. A prevenção e o tratamento 
da Nefropatia são realizados por meio do controle glicêmico e atenção para: controle da 
hipertensão arterial, prevenção e tratamento das infecções urinárias, evitar substâncias 
nefrotóxicas, ajuste de medicação conforme a prescrição médica relacionada à alteração 
da função renal, manter uma dieta pobre em sódio e proteínas. 
O tratamento de diálise (hemodiálise, diálise peritoneal) pode ser indicado 
conforme a avaliação médica e comprometimento renal. As pessoas com diabetes têm 
uma chance de 20 a 40 % de desenvolver doença renal. 
 
 
AÇÕES PREVENTIVAS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA 
NEFROPATIA 
 
• Instruir o paciente a seguir rigorosamente o controle glicêmico por meio do 
acompanhamento da dieta adequada, automonitorização, realização de atividade física, 
monitorização periódica (ida ao consultório médico e realização de exames de rotina) e 
administração de medicamentos conforme a prescrição médica. 
• Questionar o paciente sobre sinais e sintomas que possam se referir ao início 
de infecções do trato urinário, bem como realizar encaminhamento ao médico. 
• Auxiliar e orientar o paciente sobre a coleta do exame de urina de 24 horas 
quando houver a solicitação médica. 
• Ajudar a diminuir a ansiedade do paciente que necessita de tratamentos mais 
invasivos, como a diálise. 
• Prestar cuidados de enfermagem a pacientes em tratamento hemodialítico e 
em CAPD; 
• Envolver os familiares nas questões sobre os efeitos do tratamento no 
paciente. 
 
119 
 
 
A neuropatia diabética refere-se a um grupo de doenças que afeta todos os tipos 
de nervos, incluindo nervos periféricos, autônomos e espinhais. Altos níveis de glicose 
sanguínea durante anos podem estar associados à origem da doença. As duas 
neuropatias mais comuns são: 
 
- Polineuropatia Sensoriomotora ou Neuropatia Periférica: afeta em maior 
proporção as partes distais dos nervos, em especial as extremidades inferiores, ambos os 
lados do corpo. Os sintomas iniciais incluem formigamentos, fisgadas ou sensibilidade 
aumentada e sensações de queimadura; na progressão da neuropatia os pés ficam 
entorpecidos e o andar sem firmeza; o paciente possui sensação diminuída de dor e 
temperatura com risco aumentado de danos e infecções nos pés. O tratamento da 
neuropatia é baseado nos controles de glicemia sanguínea, para evitar a progressãoda 
doença e medicação analgésica para dor, que nesses casos torna-se de média a grande 
intensidade. 
- Neuropatia Autônoma: nessa neuropatia todos os sistemas que englobam o 
sistema nervoso autônomo sofrem disfunção e caracterizam-se principalmente por 
efeitos como: Cardiovasculares (batimento cardíaco levemente taquicárdico, fixo; 
hipotensão ortostática e infarto agudo do miocárdio silencioso, indolor), 
Gastrointestinais (absorção incorreta da glicose dos alimentos ingeridos, mudanças nos 
níveis de glicose; saciedade precoce, intumescimento, vômito e náuseas, constipação 
diabética ou diarreia noturna), Urinários (retenção urinária, bexiga neurogênica), 
Glândula Adrenal (o paciente não sente mais os sinais típicos da hipoglicemia), 
Neuropatia Sudomotora (ressecação dos pés por falta de suor, aumento de secreção de 
suor nos membros superiores) e Disfunção Sexual (impotência sexual). 
 
PROBLEMAS NAS PERNAS E PÉS 
 
As três complicações que contribuem para o aumento de risco de infecção nos 
pés são: neuropatia, doença vascular periférica e imunocomprometimento. O 
desenvolvimento de uma úlcera diabética no pé começa com um dano nos tecidos 
moles, como uma fissura, se o paciente não inspeciona o pé frequentemente pode não 
notar até que se torne uma infecção mais grave. 
A drenagem, o intumescimento, vermelhidão da perna ou gangrena pode ser o 
 
120 
 
primeiro sinal de problemas nos pés que o paciente percebe. O tratamento das úlceras 
diabéticas envolve o repouso no leito, uso de antibióticos e debridamento. É importante 
que os níveis de glicose sejam controlados, já que na presença de infecção estes valores 
tendem a subir, dificultando a cicatrização. 
Nos pacientes que possuem doença vascular periférica as úlceras podem não 
cicatrizar devido à dificuldade do oxigênio, nutrientes e antibióticos em alcançar o 
tecido danificado e nestes casos algumas vezes à amputação é indicada para impedir a 
disseminação da infecção. Os pacientes diabéticos que possuem alto risco de 
desenvolver úlceras diabéticas são: 
• Os que possuem diabetes há mais de 10 anos; 
• Idade acima dos 40 anos; 
• História de fumo; 
• Pulsos periféricos diminuídos; 
• Sensação diminuída; 
• Deformidades anatômicas nas áreas de pressão (tais como joanetes e 
calos); 
• História anterior de úlceras nos pés ou amputação. 
 
 
AÇÕES DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO AOS PROBLEMAS DE PÉS 
E PERNAS DOS PACIENTES DIABÉTICOS 
 
- Orientar o paciente sobre os banhos apropriados, secagem e lubrificação 
dos pés; 
- Orientar para que os pés não fiquem úmidos; 
- Incentivar o paciente a inspecionar os pés diariamente quanto à presença 
de vermelhidão, fissuras, calos ou ulcerações; 
- Os pacientes com dificuldade de visão devem possuir um cuidador que se 
responsabilize pela inspeção dos pés; 
- Os sapatos devem ser confortáveis e não podem provocar nenhum tipo de 
lesão no pé do diabético; 
- O paciente é instruído a não andar descalço, não usar objetos quentes nos 
pés, não usar calçados abertos, cortar as unhas retas e não mexer em calosidades; 
 
121 
 
- Os pacientes devem ser estimulados a manter uma dieta adequada que 
evite o aumento dos lipídios no sangue e manutenção dos níveis aceitáveis de glicose 
sanguínea; 
- Realização de curativos e cuidados com as úlceras diabéticas em 
domicílio ou em ambiente hospitalar. 
 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE DIABÉTICO 
 
Como é possível perceber diante do estudo, o Diabetes Mellitus é uma patologia 
que modifica os hábitos de vida de um indivíduo e consequentemente lhe aumenta os 
riscos de várias complicações, tanto agudas quanto crônicas. As complicações do 
Diabetes têm uma repercussão na qualidade de vida do paciente, uma vez que suas 
consequências podem ser devastadoras, como são os casos das perdas de visão, 
amputações e insuficiência renal. Dessa forma, é correto afirmar que a prevenção é o 
melhor caminho para que as pessoas não venham a adquirir diabetes e, se 
diagnosticadas com a doença, possam evitar ao máximo a ocorrência de complicações. 
A enfermagem tem papel fundamental na prestação da informação ao paciente 
frente às medidas preventivas, tanto envolvendo as ações de prevenção primária, que 
incluem mudanças no estilo de vida da população saudável e ações de prevenção 
secundária, que abarcam a incorporação do tratamento diante do diabetes, e nos casos 
de complicações decorrentes do diabetes o paciente é assistido em sua reabilitação 
social, física e emocional. 
É possível citar como as principais ações de enfermagem no tratamento do 
paciente diabético, as seguintes: 
 
• Orientar e educar a população saudável a manter hábitos de vida que 
diminuam o risco de adquirir o Diabetes Tipo II, como por exemplo, manutenção de 
uma dieta adequada, realização de exercícios físicos, parar de fumar, realização de 
exames periódicos; 
• Orientar o paciente portador do Diabetes de qualquer tipo a manter os 
hábitos de vida saudáveis citados no item anterior como forma de diminuir a ocorrência 
de complicações advindas de um tratamento diabético ineficaz; 
• Orientar o paciente diabético tipo 2 quanto à realização de vacinação contra 
a Influenza, já que o índice de mortalidade é aumentado mediante esse vírus nos 
 
122 
 
portadores de diabetes; 
• Monitorar o paciente e educar quanto ao tratamento farmacológico prescrito 
pelo médico. Identificar primeiramente a clareza do paciente para realizar o tratamento 
domiciliar, usar mecanismos para que o paciente não esqueça os horários das 
medicações e explicar a ele sobre reações e atitudes frente ao uso de hipoglicemiantes; 
• Educar e monitorar o paciente em uso de insulinoterapia, demonstrar a 
aplicação da insulina, fornecer esquema de rodízio ao paciente, instruir sobre como se 
faz a aspiração das unidades de insulina e mesmo as complicações que podem ocorrer 
nos locais onde se aplica insulina, bem como o armazenamento, conservação e 
transporte. Fornecer informações sobre o uso dos instrumentos existentes para uso da 
insulina; 
• Orientar o paciente a realizar a automonitorização e ensiná-lo a manusear o 
material e equipamento utilizado para tal, nos casos em que o paciente não tem 
condições de realizar em casa e necessita, deve ser orientado a comparecer ao posto de 
saúde; 
• Monitorar a participação dos pacientes nas consultas médicas conforme a 
preconização do médico de retorno ao consultório, realização de exames e participação 
nos grupos de diabéticos; 
• Participar de campanhas de rastreamento de casos de pacientes diabéticos e 
realizar os encaminhamentos necessários; 
• Prestar cuidados de enfermagem ao paciente diabético hospitalizado, 
monitorar frequentemente a glicemia capilar (principalmente nos casos de estresse 
extremo, como por exemplo, nos pré e pós-operatórios), coletar dados do paciente sobre 
o esquema terapêutico que utiliza em domicílio e sempre registrar informações no 
prontuário. Assistir o paciente e monitorizar níveis de hipoglicemia nos pacientes 
hospitalizados e administrar medicações conforme a prescrição médica. Seguir ações de 
enfermagem específicas em cada complicação conforme citado; 
• Interagir com a família do diabético para que a mesma compreenda certas 
manifestações do paciente e a correlação com a doença, tornando-se a família 
incentivadora do tratamento; 
• Questionar sempre ao paciente sobre questões que podem envolver sinais de 
complicações da doença; 
• Promover ao máximo o autocuidado eficiente; 
 
123 
 
• Incentivar o paciente a manter uma boa higiene bucal e relatar quaisquer 
casos de hemorragias, edemas ou dores na gengiva; 
• Manter uma boa higiene e cuidados com a pele, orientar o paciente para que 
realize em casa e nos casos de pacientes hospitalizados realizar os cuidados; 
• Instruir o paciente para que seja menos exposto possível a situações de 
estresse; 
• Auxiliar o paciente a manter níveis adequadosde glicemia, como forma de 
proporcionar uma melhor qualidade de vida; 
• Participar da prestação do cuidado aos pacientes que tiveram complicações 
e interagir em sua reabilitação familiar e social. 
 
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