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Kkkk0 ESPIRITO SANTO ANATOMIA, FISIOLOGIA E A FISIOPATOLOGIA NAS DOENÇAS RENAIS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – FAVENI 1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 ANATOMOFISIOLOGIA RENAL ................................................................. 4 2.1 Filtração Glomerular ............................................................................. 8 2.2 Bomba de Sódio e Potássio ............................................................... 11 2.3 Função dos rins .................................................................................. 13 2.4 Os rins na circulação extracorpórea ................................................... 14 2.5 Vias urinárias | Ureteres e bexiga....................................................... 15 2.6 Segmentos tubulares.......................................................................... 17 2.7 Ação dos diuréticos ............................................................................ 19 3 O RIM E A HOMEOSTASE ....................................................................... 19 3.1 Homeostase renal .............................................................................. 21 4 ABORDAGEM CLÍNICA DO PACIENTE COM DOENÇA RENAL ............ 22 5 INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA ............................................................. 23 5.1 Causa, sinais e sintomas .................................................................... 24 5.2 Diagnóstico ......................................................................................... 24 5.3 Tratamento ......................................................................................... 24 6 DOENÇA RENAL CRÔNICA .................................................................... 25 7 DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BASE ......................... 27 7.1 Hipernatremia ..................................................................................... 27 7.2 Hiponatremia ...................................................................................... 28 7.3 Metabolismo do potássio .................................................................... 29 7.4 Hipercalemia ...................................................................................... 29 7.5 Hipocalemia ........................................................................................ 30 7.6 Acidose metabólica ............................................................................ 30 7.7 Alcalose metabólica............................................................................ 31 2 7.8 Acidose e alcalose respiratórias ......................................................... 32 7.9 Íons (sódio, cloreto, potássio, bicarbonato, cálcio, fosfato e magnésio)........... ................................................................................................... 32 8 GLOMERULOPATIAS PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS............................ 33 8.1 Sintomas ............................................................................................ 35 9 HIPERTENSÃO RENOVASCULAR .......................................................... 35 9.1 Fisiopatologia ..................................................................................... 36 9.2 Sintomas ............................................................................................ 37 9.3 Tratamento ......................................................................................... 37 10 INFECÇÕES URINÁRIAS ..................................................................... 38 10.1 Epidemiologia das ITU em mulheres .............................................. 39 10.2 Epidemiologia das ITU em homens ................................................ 39 10.3 Sintomatologia ................................................................................ 40 11 NEFROLITÍASE ..................................................................................... 41 11.1 Tratamento ...................................................................................... 42 11.2 Terapia expulsiva clínica (TEC) ...................................................... 42 11.3 Tratamento não-farmacológico para urolitíase ................................ 42 12 MÉTODOS DIALÍTICOS E TRANSPLANTE RENAL- NOÇÕES GERAIS........ ............................................................................................................. 43 12.1 Transplante renal ............................................................................ 46 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 48 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 ANATOMOFISIOLOGIA RENAL Fonte: prorenal.org.br O corpo humano tem dois rins, órgãos com a forma de feijão situados na região lombar, de ambos os lados da coluna vertebral. Os rins são órgãos que produzem a urina, solução aquosa que contém grande número de substâncias dissolvidas, muitas delas produtos do metabolismo celular que são excretados, como ureia, ácido úrico, creatinina e outros, mas também eletrólitos como NaCl, KCl, ácidos, bases como o bicarbonato, íons cálcio, fosfato, sulfato, entre outros, cuja excreção urinária contribui para a regulação da constituição hidrossalina do meio interno, particularmente do meio extracelular. Portanto, as duas mais importantes funções do rim são a eliminação de produtos, muitos tóxicos, da degradação de moléculas do metabolismo celular, e a regulação da constituição do meio interno, através da regulação da reabsorção ou secreção de vários componentes deste meio (CURI, 2017). A parte mais externa, superficial, o córtex renal, a porção interna, a medula renal, constituída de pirâmides, cuja ponta está envolvida pelos cálices, que por sua vez vão se juntar na pelve renal, estrutura membranosa que vai coletar a urina liberada na ponta das pirâmides e levá-la ao ureter. Os dois ureteres, um proveniente de cada rim, terminam na bexiga, e de lá a urina será levada ao exterior pela uretra, cujo meato (abertura externa) está localizado na ponta da glande do pênis, no homem, e na região vulvar, na mulher (CURI, 2017). 5 A circulação renal, que se inicia com a artéria renal entrando no rim pelo hilo, em proximidade ao ureter, daí se dividindo em artérias interlobares e arqueadas. Destas se originam as artérias interlobulares, das quais partem as arteríolas aferentes dos glomérulos renais, estruturas responsáveis pela ultrafiltração do sangue (CURI, 2017). As arteríolas eferentes dos glomérulos dão origem aos capilares peritubulares, que vão irrigar os túbulos renais, e por fim vão originar as vênulas e veias renais. As arteríolas e os capilares mais profundos, próximos à medula renal, podemdar origem a longas alças capilares que se aprofundam na medula, podendo atingir a ponta das pirâmides renais. Só depois deste percurso todo, de volta ao córtex, é que estas alças vão formar vênulas e veias. Estes vasos capilares longos são chamados de vasos retos (vasa recta), e têm grande importância no sistema contracorrente da medula renal, responsável pela concentração urinária e formação de urina hipertônica. Há também vasos retos formados diretamente a partir das artérias interlobulares, não passando pelo glomérulo. Cada um dos glomérulos, por sua vez, dá origem a um néfron, estrutura tubular que vai modificar o ultrafiltrado do sangue por reabsorção de sua maior parte e por secreção de algumas substâncias. A urina final formada desta forma será levada pelos ductos coletores até a ponta das pirâmides renais e daí a pelve renal, ureter, bexiga e, através da uretra, ao exterior (CURI, 2017). Os dois néfrons, um cortical, mais superficial no rim, à direita, e outro justamedular, mais profundo, junto à medula renal, à esquerda. O néfron cortical tem seu glomérulo próximo à superfície cortical, e as demais partes do néfron não penetram muito em direção à medula renal, sua alça de Henle permanecendo na medula externa. Ao contrário, o néfron justamedular tem sua alça de Henle atingindo a medula interna, chegando até a proximidade da pirâmide renal (CURI, 2017). A primeira estrutura que faz parte do néfron é o glomérulo, onde ocorre o processo da ultrafiltração; em seguida, o ultrafiltrado penetra em um sistema de túbulos renais, o primeiro dos quais é o túbulo contorcido proximal, como o nome diz, repleto de convoluções que lhe aumentam o comprimento e a área (2). Segue-se a parte reta do túbulo proximal, que se aprofunda linearmente em direção à medula renal (3). Esta parte reta já integra a alça de Henle, seguindo-se o ramo descendente delgado desta alça (4), que é longa nos néfrons justamedulares, percorrendo a faixa interna da medula externa e toda a medula interna, mas que é quase inexistente nos 6 néfrons corticais, nos quais não penetra na medula interna. Após a dobra da alça, inicia-se o ramo ascendente delgado da alça de Henle (5), seguido pelo ramo ascendente grosso (6) da alça. A alça de Henle é a estrutura mais importante na geração da hipertonicidade urinária, que é baseada de forma importante na disposição em contracorrente desta alça. Este ramo ascendente se aproxima novamente do glomérulo renal, e neste local existe a mácula densa (7), estrutura diferenciada do túbulo que é um detector de variações da concentração iônica do lúmen tubular, parte de um mecanismo de regulação da reabsorção de sal. Em seguida, já de volta ao córtex renal, inicia-se o túbulo contorcido distal (8), ao qual se segue um curto segmento denominado túbulo conector (9). Começa em seguida o ducto coletor cortical (10), que é formado pela junção de vários néfrons, e que se aprofunda em direção à medula renal. Seguem-se o ducto coletor medular externo (11), na medula externa, e o coletor medular interno (12), na medula interna, o qual se abre na ponta da pirâmide renal. Como pode ser visto, o coletor medular externo pode ser subdividido em segmentos da faixa externa e da faixa interna da medula renal (CURI, 2017). Características mais detalhadas dos segmentos do néfron, começando pelo glomérulo renal: Uma característica fundamental da circulação renal é a capilarização na própria circulação arterial, isto é, entre as arteríolas aferente e eferente do glomérulo. A arteríola aferente se subdivide em um tufo capilar, um novelo de capilares, e estes capilares se juntam novamente para formar a arteríola eferente, sendo que esta agora vai formar os capilares peritubulares, equivalentes a capilares dos outros tecidos do organismo. A consequência desta disposição é que a pressão nos capilares glomerulares é muito mais elevada (da ordem de 45 a 50 mmHg), que aquela nos capilares peritubulares, de 10 a 15 mmHg. Isto possibilitará a ultrafiltração do plasma nos capilares glomerulares. Estes capilares são cobertos por uma camada de células epiteliais, que constituem o folheto visceral da cápsula de Bowman, estrutura que envolve o tufo capilar. O ultrafiltrado que é formado neste local permanecerá inicialmente entre este folheto visceral e a parede externa da cápsula de Bowman, o seu folheto parietal, também constituído por uma camada de células epiteliais (CURI, 2017). 7 A constituição da membrana filtrante do glomérulo, que, de dentro do capilar para fora, consta do endotélio capilar, que não é contínuo, mas fenestrado, com espaços livres entre suas células. Abaixo destas encontra-se a membrana basal, estrutura constituída de material fibroso, predominantemente de sialoproteínas, isto é, de proteínas ligadas a moléculas de hidratos de carbono. Por fora temos as células epiteliais, denominadas podócitos, pois apresentam prolongamentos em forma de pés (pedicélios), que se inserem na membrana basal. O ultrafiltrado coletado na cápsula de Bowman encaminha-se em seguida ao túbulo proximal, para percorrer todo o sistema tubular até ser formada a urina final (CURI, 2017). Algumas estruturas e células vasculares do glomérulo apresentam interesse especial. Em volta dos capilares e na base em que começa a se formar o tufo capilar há um conjunto da células, as células mesangiais, que têm características contráteis, apresentam fibrilas musculares semelhantes àquelas das células de músculo liso, e são sensíveis a peptídeos como angiotensina e peptídeo atrial natriurético, que podem levar a sua contração ou dilatação, respectivamente, modificando a dinâmica da ultrafiltração glomerular (CURI, 2017). Por outro lado, no ângulo entre as arteríolas aferente e eferente se encontra um conjunto de células denominado aparelho justaglomerular, composto da mácula densa, conjunto de células especializadas da parede do início do túbulo contorcido distal, que se apõe ao glomérulo neste local (CURI, 2017). Essas células podem detectar as concentrações iônicas, particularmente de cloretos, que passam pelo túbulo distal, e com base nisto regular a magnitude do ritmo de filtração glomerular (retroalimentação ou feedback tubuloglomerular) (CURI, 2017). Fazem parte do aparelho justaglomerular também as células situadas no ângulo entre as arteríolas, constituindo a almofada polar (Polkissen), e células musculares lisas modificadas da parede da arteríola aferente, portadoras de grânulos de renina, uma enzima que intervém na formação do octapeptídeo angiotensina, regulador do tônus vascular, que causa a elevação da pressão arterial por constrição de arteríolas em todo o organismo, por exemplo, quando da perda de sangue ou retração do volume extracelular (CURI, 2017). O aparelho justaglomerular, apesar de não se conhecerem ainda todos os mecanismos de sua atuação, é um importante componente da regulação da função 8 renal, incluindo a magnitude do ritmo de filtração glomerular (RFG) e da reabsorção de água e sal ao longo do néfron (CURI, 2017). 2.1 Filtração Glomerular Fonte: biomedicinapadrao.com.br A filtração glomerular é o processo que inicia a formação da urina. Nesse evento, cerca de 20% do plasma que entra no rim e alcança os capilares glomerulares são filtrados, atingindo o espaço de Bowman. Os 80% de plasma restante, que não foram filtrados, circulam ao longo dos capilares glomerulares, atingindo as arteríolas eferentes, daí se dirigindo para a circulação capilar peritubular e retornando à circulação geral (CURI, 2017). O fluido filtrado é um ultrafiltrado do plasma e contém todas as substâncias que existem no plasma, exceto a maioria das proteínas e substâncias que se encontram ligadas a estas, como é o caso de cerca de 40% do cálcio circulante. Também as células do sangue não passam ao filtrado glomerular. Como águae soluto são filtrados em iguais proporções, a composição e a concentração do filtrado glomerular são quase iguais às plasmáticas, com exceção das proteínas (CURI, 2017). Consequentemente, a composição e a concentração do fluido que atinge a arteríola eferente também são iguais às plasmáticas, porém, sua concentração proteica é mais elevada. Em humanos, o valor da filtração glomerular é de cerca de 120 mℓ por minuto (CURI, 2017). Barreiras de filtração 9 No processo de filtração glomerular, o fluido atravessa três camadas: endotélio capilar, membrana basal e parede interna da cápsula de Bowman (CURI, 2017). O endotélio do capilar glomerular é descontínuo, com aspecto de uma rede de células endoteliais separadas entre si por fenestrações circulares com cerca de 75 nanômetros (nm) de diâmetro. Esses espaços são facilmente atravessados pelo plasma (água, solutos dissolvidos e proteínas), mas não permitem a passagem das células do sangue. A membrana basal possui uma camada central denominada lâmina densa, situada entre duas camadas de menor densidade, a lâmina rara interna e a externa. A lâmina rara interna está em íntimo contato com o sangue através das fenestrações do endotélio. A estrutura complexa e ordenada da membrana basal é crítica para a adequada filtração, sendo formada por uma rede de fibrilas de aproximadamente 3 nm, compactamente agrupadas na lâmina densa e frouxamente arranjadas nas lâminas raras. A membrana basal é a única camada contínua da membrana filtrante, sendo ela que determina as propriedades de permeabilidade do glomérulo, não permitindo a filtração das proteínas plasmáticas (CURI, 2017). As células do folheto interno da cápsula de Bowman se modificam durante o desenvolvimento embrionário, vindo a constituir os podócitos, estruturas formadas por um corpo celular com prolongamentos primários e secundários, denominados pedicélios. Estes se apoiam sobre a membrana basal dos capilares, permitindo que o folheto interno fique em íntima conexão com as alças capilares glomerulares. Entre pedicélios vizinhos, existem as fendas de filtração, com cerca de 30 nm de diâmetro, formando também um importante barreira de filtração (CURI, 2017). Além das barreiras dimensionais impostas à filtração, anteriormente descritas, existe a barreira elétrica, dada por glicoproteínas. Estas contêm ácido siálico, que proporciona características de eletronegatividade a todas essas estruturas (fenestrações endoteliais, membrana basal, pedicélios e fendas de filtração). O efeito dessa barreira elétrica negativa na filtração de pequenos solutos (como os íons Na+, K+, Cl–, HCO3 – entre outros.) não é importante; devido a seu pequeno tamanho, esses solutos são livremente filtrados, independentemente de sua carga elétrica (CURI, 2017). Entretanto, macromoléculas positivamente carregadas são atraídas e podem atravessar a membrana filtrante mais facilmente que aquelas de igual tamanho, mas 10 sem carga. Por outro lado, as macromoléculas carregadas negativamente são repelidas pelas cargas fixas negativas da membrana filtrante. Esse é o caso das proteínas plasmáticas (macromoléculas que no pH plasmático têm carga negativa), nas quais tanto o tamanho molecular como a eletronegatividade limitam sua passagem pela barreira de filtração (CURI, 2017). O processo de filtração que ocorre nos capilares glomerulares ou sistêmicos, do ponto de vista termodinâmico, é passivo, não necessitando de dispêndio local de energia metabólica. A força que impulsiona a filtração nesses dois sistemas capilares é fornecida pelo trabalho cardíaco. Entretanto, em um indivíduo adulto normal, o ritmo de filtração glomerular sobrepuja, por peso de tecido, mais de 1.000 vezes o fluxo que ocorre através dos capilares sistêmicos. Dois fatores são responsáveis por essa diferença: o Kf (coeficiente de ultrafiltração) dos capilares glomerulares é mais elevado que os dos capilares sistêmicos e a pressão de ultrafiltração é bem maior em nível glomerular que sistêmico (CURI, 2017). Finalmente, uma diferença importante entre os capilares glomerulares e sistêmicos é que nos glomerulares ocorre filtração ao longo de toda a extensão do capilar, enquanto nos sistêmicos há filtração de plasma no lado arterial e absorção de fluido no lado venoso do capilar. No rim, a reabsorção de fluido somente vai ocorrer no nível dos capilares peritubulares, havendo, entre os capilares glomerulares e os peritubulares, a interposição da arteríola eferente, ou seja, de um sistema porta (CURI, 2017). Desde que os demais parâmetros se mantenham constantes, o aumento do fluxo plasmático glomerular eleva o ritmo da filtração. A razão é que, com o aumento do fluxo sanguíneo, diminui a fração de filtração e, assim, a pressão coloidosmótica plasmática se eleva mais lentamente. Entretanto, as forças de Starling, e não o fluxo plasmático glomerular, são quantitativamente os mais importantes determinantes da ultrafiltração glomerular (CURI, 2017). FORÇAS DE STARLING: Forças que determinam o movimento de fluido através da parede dos capilares sistêmicos, ou seja, as pressões hidrostáticas e coloidosmóticas transcapilares. 11 2.2 Bomba de Sódio e Potássio A diferença de potencial elétrico da membrana celular em repouso, determinado fundamentalmente pela elevada permeabilidade ao K+: a bomba de Na+/K+ faz com que a concentração intracelular de K+ seja elevada e a de Na+, baixa em relação ao meio extracelular, onde a concentração de Na+ é alta e a de K+ é baixa (diferença de potencial químico); como a membrana é mais permeável a K+ do que a qualquer outro íon, o fluxo inicial predominante é de K+, que sai da célula em maior quantidade do que o Na+ entra; o interior da célula torna-se, portanto, negativo (diferença de potencial elétrico), o que, subsequentemente, limita a saída de K+ (gradiente de potencial eletroquímico próximo de zero) e favorece a entrada de Na+ (gradiente de potencial eletroquímico elevado) (CURI, 2017). No estado estacionário, a força que move a saída do K+ é mínima, e a força que move a entrada do Na+ é elevada. Assim, enquanto a bomba manda 2 K+ para dentro, 2 K+ saem pelos abundantes canais para K+, movidos por uma força mínima; e enquanto a bomba manda 3 Na+ para fora, 3 Na+ entram pelos raros canais para Na+, movidos por uma força elevada. Assim, depois que se estabelece o potencial elétrico da membrana, este se estabiliza, porque não há mais fluxo resultante de cargas através da membrana, e as concentrações iônicas intra e extracelulares não variam mais com o tempo (estado estacionário) (CURI, 2017). A partir do estado estacionário, qualquer variação na permeabilidade iônica da membrana provoca um fluxo maior o íon cuja permeabilidade aumentou: se aumentar a permeabilidade a Na+, ele entra mais na célula; se aumentar a permeabilidade a K+, ele sai mais da célula, provocando rompimento da eletroneutralidade dos fluxos, com fluxo resultante de cargas positivas para dentro ou para fora da célula. Imediatamente, o fluxo do outro íon, cuja permeabilidade permaneceu estável, adapta- se à nova força que o move, visto que a diferença de potencial mudou (CURI, 2017). Enquanto há fluxo resultante de cargas (corrente), o potencial da membrana se altera, mas logo os fluxos de ambos os íons se ajustam à nova força que age sobre eles, e o potencial elétrico da membrana se estabiliza quando a corrente através da membrana é novamente zero. Nos epitélios, constituídos de células polarizadas, as diferenças de potencial elétrico em cada uma das membranas, apical (DPap) e basolateral (DPbl), são determinadas pelos mesmos mecanismos – diferença de 12 potencial químico de cada um dos íons através da membrana e permeabilidade da membrana a eles, como ocorre nas células não polarizadas, mas não só. As diferenças de potencial em cada uma dasmembranas e através do epitélio (DPte) dependem também do fluxo de íons por via intercelular, que conecta eletricamente as duas membranas. Por isso, a via intercelular é chamada de via de shunt. A via intercelular é como um fio condutor que coloca em contato os potenciais elétricos das duas membranas, tendendo a igualá-los, em um curto-circuito. Se a condutância da via intercelular é muito elevada (baixa resistência), as duas membranas tendem a ficar em um mesmo potencial elétrico, e a DPte tende a zero. Se a condutância da via intercelular é muito baixa (resistência elevada), a diferença de potencial entre as duas membranas persiste, e a DPte tende a ser mais alta (CURI, 2017). Analisemos um epitélio cuja membrana apical seja permeável a K+, mas também a Na+, e a membrana basolateral seja permeável apenas a K+. A entrada de Na+ do fluido luminal para a célula tubular, por mecanismo eletrogênico, ou seja, com transporte resultante de carga positiva, diminui a DPap, por reduzir a negatividade intracelular gerada pela saída de K+ e diminuir a positividade do lado luminal, uma vez que o Na+ sai de lá sem o seu ânion. Então, a separação de cargas entre um lado e outro diminui, e a diferença de potencial torna-se menor do que se a membrana luminal fosse permeável apenas a K+ (ocorre, portanto, uma despolarização). Certamente, esta alteração de potencial elétrico resulta em maior saída de K+ da célula, que deixa de ser tão freado quanto antes, quando a célula era mais negativa e a luz, mais positiva. A saída do K+ tende a recuperar a separação de cargas anterior, tornando a célula novamente um pouco mais negativa (repolarização). Quando isso ocorre, a entrada de Na+ é facilitada também (CURI, 2017). No entanto, no epitélio, além do fluxo através das membranas celulares, há o fluxo iônico pela via paracelular, que coloca em contato direto luz tubular e interstício peritubular. Se o ânion que garantia a eletroneutralidade da solução luminal, principalmente o Cl– (o mais abundante), pode passar pela via intercelular, ele passa, visto que a entrada de Na+ na célula sem o ânion deixou mais ânions (sem o cátion correspondente) na luz que no interstício, tornando a luz negativa em relação ao interstício. Quanto mais facilmente o ânion passa pela via intercelular, mais a separação de cargas entre a luz e a célula, ou seja, a DPap, é preservada; o fluxo de Cl– da luz para o interstício restaura a diferença de cargas existente entre a célula e 13 a luz tubular (luz positiva em relação à célula, ou o seu espelho, célula negativa em relação à luz). O resultado é mais Na+ entrando na célula, sem que haja muita saída de K+ dela, e mais Cl– passando por via intercelular. Quando a DPte se estabiliza, é porque tem igual quantidade de cargas indo em uma direção (Na+ saindo da luz para a célula – reabsorção) e na outra, ou seja, K+ saindo da célula para luz e Cl– saindo da luz para o interstício peritubular. Quanto mais facilmente o Cl– passar, menos K+ “precisa” sair da célula para que a corrente transepitelial vá a zero e a diferença de potencial elétrico fique estável (CURI, 2017). 2.3 Função dos rins Os rins desempenham a principal função do sistema urinário. As outras partes do sistema são essencialmente vias de passagem e áreas de armazenamento. Além das funções de eliminação de produtos, muitos tóxicos, da degradação de moléculas do metabolismo celular, e a regulação da constituição do meio interno, através da regulação da reabsorção ou secreção de vários componentes deste meio, os rins desempenham outras funções que incluem: Regulação da composição iônica do sangue: Os rins ajudam a regular os níveis sanguíneos de vários íons, sendo que os mais importantes são os íons sódio (Na+), potássio (K+), cálcio (Ca2+), cloreto (Cl–) e fosfato (HPO42–); Regulação do pH do sangue: Os rins excretam uma quantidade variável de íons hidrogênio (H+) para a urina e preservam os íons bicarbonato (HCO3 –), que são um importante tampão do H+ no sangue. Ambas as atividades ajudam a regular o pH do sangue; Regulação do volume de sangue: Os rins ajustam o volume do sangue por meio da conservação ou eliminação de água na urina. O aumento do volume de sangue eleva a pressão arterial, enquanto a diminuição do volume de sangue reduz a pressão arterial; Regulação da pressão arterial: Os rins também ajudam a regular a pressão arterial por meio da secreção da enzima renina, que ativa o sistema renina- angiotensina-aldosterona. O aumento da renina provoca elevação da pressão arterial; 14 Manutenção da osmolaridade do sangue: Ao regular separadamente a perda de água e a perda de solutos na urina, os rins mantêm uma osmolaridade do sangue relativamente constante de aproximadamente 300 miliosmóis por litro (mOsm/ℓ); Produção de hormônios: Os rins produzem dois hormônios. O calcitriol, a forma ativa da vitamina D, ajuda a regular a homeostasia do cálcio, e a eritropoetina estimula a produção de eritrócitos; Regulação do nível sanguíneo de glicose: Tal como o fígado, os rins podem utilizar o aminoácido glutamina na gliconeogênese, a síntese de novas moléculas de glicose. Eles podem então liberar glicose no sangue para ajudar a manter um nível normal de glicemia; Excreção de escórias metabólicas e substâncias estranhas: Por meio da formação de urina, os rins ajudam a excretar escórias metabólicas – substâncias que não têm função útil no corpo. Algumas escórias metabólicas excretadas na urina resultam de reações metabólicas no organismo. Estes incluem amônia e ureia resultantes da desaminação dos aminoácidos; bilirrubina proveniente do catabolismo da hemoglobina; creatinina resultante da clivagem do fosfato de creatina nas fibras musculares e ácido úrico originado do catabolismo de ácidos nucleicos. Outras escórias metabólicas excretadas na urina são as substâncias estranhas da dieta, como fármacos e toxinas ambientais (CURI, 2017). 2.4 Os rins na circulação extracorpórea A circulação extracorpórea (CEC) constitui-se como um dos principais procedimentos para o auxílio dos diversos tipos de cirurgia cardíaca. A técnica consiste na substituição da função cardiopulmonar, fazendo com que haja uma simulação de aporte sanguíneo ao indivíduo, e é responsável ainda, pelos balanços ácido-base e os hidroeletrolíticos. Sendo assim, tem como finalidade a preservação funcional do coração, a integridade das estruturas celulares e do metabolismo. Realizado em máquina e em circuito fechado, o procedimento ainda se torna responsável por oferecer segurança à equipe cirúrgica e garantir a viabilidade da cirurgia por longos períodos (AULER, 2000). Sua principal proposta é manter a perfusão tecidual, preservando a hemostasia. Todos os circuitos extracorpóreos que retornam o sangue do paciente devem dispor 15 do dispositivo gerador de fluxo, cujo mecanismo pode ser baseado em vários princípios de movimentação de fluidos como deslocamento positivo, aceleração centrífuga e pulsação elétrica e pneumática. Bombas de deslocamento positivo têm sido amplamente utilizadas desde quando foram propostas por Gibbon (AULER, 2000). Os pulmões, o cérebro e os rins são considerados como os alvos primários dos mediadores da inflamação liberados durante a CEC, mas acredita-se atualmente que estes compostos possam afetar também o coração (AULER, 2000). 2.5 Vias urinárias | Ureteres e bexiga Fonte: auladeanatomia.com A partir das pirâmides renais, em cuja ponta desembocam os ductos coletores medulares, as estruturas que levam a urina ao exterior não mais modificam a urina. Estas estruturas incluem a pelve renal, os ureteres, a bexiga e a uretra. Os ureteres são condutos cuja parede contém fibras musculares lisas, em feixes longitudinais, circulares e espirais, capazes de levar a urina, por meio de movimentos peristálticos, da pelve renal à bexiga. Hámovimentos deste tipo de 1 a 5 vezes por minuto. Os ureteres atravessam a parede da bexiga de maneira oblíqua, o que previne o refluxo da urina quando a bexiga está cheia (CURI, 2017). Os estímulos à musculatura ureteral se originam de marcapassos situados na pelve renal, e os potenciais de ação passam de célula a célula por junções comunicantes (gap junctions), constituindo um aparente sincício. Esses potenciais de ação podem ser desencadeados por meio da distensão dos ureteres. 16 A musculatura lisa da bexiga também está organizada em feixes longitudinais, circulares e espirais, conjunto denominado músculo detrusor. Esses feixes se prolongam para a uretra, constituindo lá o esfíncter uretral interna (CURI, 2017). Um pouco mais abaixo se encontra outro esfíncter, o esfíncter uretral externo, constituído de músculo esquelético. O epitélio da bexiga é do tipo transicional, com uma camada superficial de células achatadas e uma camada mais profunda de células cuboidais. A bexiga urinária é inervada por fibras simpáticas, parassimpáticas e somáticas. As células musculares da bexiga no humano não apresentam junções comunicantes e, portanto, há uma terminação nervosa para cada célula. A musculatura lisa da bexiga e o esfíncter uretral interno são inervados por fibras simpáticas provenientes da coluna intermediolateral dos segmentos 10o torácico a 3o lombar. Essas fibras pré-gangliônicas passam pelos nervos esplâncnicos lombares ao plexo hipogástrico superior, onde originam os nervos hipogástricos (CURI, 2017). Estes atingem o plexo hipogástrico inferior, onde fazem sinapse com as fibras pós-ganglionares, que continuam até a parede da bexiga via parte distal dos nervos hipogástricos. A inervação parassimpática se origina da coluna intermediolateral de S2 a S4 da medula sacra. Estas fibras pré-ganglionares atingem a parede da bexiga pelos nervos pélvicos, fazendo sinapse com os neurônios pós-ganglionares na parede da bexiga (CURI, 2017). A inervação somática se origina de motoneurônios dos segmentos S2 a S4, dirigindo-se pelos nervos pudendos à musculatura estriada do esfíncter uretral externo, onde comandam a contração voluntária deste esfíncter (CURI, 2017). ▸ Micção e seu controle reflexo. O tônus da bexiga é definido como a relação entre o conteúdo da bexiga e a pressão intravesical. Este tônus pode ser medido injetando-se volumes conhecidos de líquido na bexiga após seu esvaziamento, por meio de um cateter uretral. O registro deste tônus é um cistometrograma, que se caracteriza por uma fase inicial com pouca elevação de pressão quando líquido é injetado, mas depois da injeção de cerca de 300 mℓ a pressão começa a se elevar, e após 400 mℓ a pressão se eleva acentuadamente, desencadeando o reflexo de micção (CURI, 2017). Este reflexo é controlado pelo centro de micção da ponte, e é inibido por centros suprapontinos e corticais. Durante a fase de enchimento, receptores de tensão enviam 17 informação aos centros encefálicos via nervos pélvicos. Pelos mesmos nervos, a via eferente parassimpática envia pulsos para a contração vesical. O enchimento da bexiga começa a ser sentido a partir de 150 mℓ, e a vontade de urinar se torna intensa a partir de 400 a 500 mℓ, o que desencadeia o reflexo da micção. Antes deste, o tônus vesical não depende da inervação da bexiga. A micção pode ser inibida por reflexo que deve ser aprendido pelas crianças e que depende de vias centrais que inibem os neurônios parassimpáticos, eferentes. Contribui para evitar a micção também a contração voluntária do esfíncter uretral externo, constituído de fibras musculares estriadas (CURI, 2017). A fase de esvaziamento começa com relaxamento dos músculos do períneo, relaxamento do esfíncter externo da uretra e do esfíncter interno. Então ocorre a liberação do reflexo da micção dos centros suprapontinos e corticais e há contração do músculo detrusor da bexiga. Esta contração se dá em ondas sucessivas, pela distensão da bexiga que é sentida pelas fibras aferentes, devido ao próprio reflexo de micção (CURI, 2017). 2.6 Segmentos tubulares Túbulos proximais Os túbulos proximais são responsáveis pela reabsorção da maior parte do filtrado glomerular. Neles são reabsorvidos cerca de 67% da água e do sódio filtrados, não havendo, portanto, mudança na concentração luminal de Na+ ao longo deste segmento tubular. Ureia, potássio e cálcio são outros solutos reabsorvidos praticamente na mesma proporção que a água, mantendo sua concentração luminal. Glicose, aminoácidos, dipeptídeos e tripeptídeos, pequenos peptídeos e algumas proteínas pequenas que conseguem passar pela membrana filtrante glomerular são absorvidos quase totalmente neste segmento. Assim, os túbulos proximais são responsáveis pela reabsorção da grande massa do que é filtrado; reabsorvem totalmente alguns solutos que foram filtrados por serem de baixo peso molecular, mas não devem ser perdidos na urina (CURI, 2017). Alças de Henle Estes segmentos tubulares, pela sua disposição anatômica em forma de alça e por suas características de permeabilidade a água e transporte de solutos, são 18 essenciais para a geração tanto de urina concentrada como diluída; portanto, são essenciais para o balanço hídrico. O segmento fino descendente é altamente permeável a água, e os segmentos fino ascendente e espesso ascendente são impermeáveis a água (CURI, 2017). Nos rins observa-se um padrão bem peculiar de variação da osmolaridade do interstício. A osmolaridade no córtex, que é altamente vascularizado e com grande fluxo sanguíneo, é igual àquela de qualquer outro lugar do organismo, ou seja, próxima de 290 mOsm/ℓ; a osmolaridade medular, por outro lado, aumenta progressivamente desde a junção corticomedular até a papila renal, podendo atingir cerca de 1.200 mOsm (ou mais). Esse padrão de variação da osmolalidade se deve ao funcionamento do sistema contracorrente de geração da hipertonicidade medular que ocorre nas alças de Henle (CURI, 2017). Túbulo contorcido distal, segmento de conexão e ductos coletores Estes segmentos mais finais do néfron, genericamente denominados néfron distal, são segmentos tubulares com baixa capacidade de transporte, mas responsáveis pelos ajustes finais nas quantidades de sódio (Na+), cloreto (Cl–), potássio (K+), hidrogênio (H+), cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e água (H2O), que devem ser excretados na urina para manter o balanço dessas substâncias. O túbulo contorcido distal também é impermeável a água, mas o segmento de conexão e os ductos coletores, como já referido anteriormente, têm permeabilidade a água condicionada pela presença de hormônio antidiurético. A reabsorção de solutos nestes segmentos também é fortemente modulada por hormônios (CURI, 2017). Transporte de solutos e água através do epitélio tubular As células epiteliais tubulares, cuja função é realizar transporte vetorial de substâncias, são células polarizadas. Os mecanismos de transporte presentes em membrana apical são diferentes dos mecanismos de transporte existentes em membrana basolateral, pois as substâncias transportadas através do epitélio devem entrar por uma membrana e sair pela outra. Se a direção do transporte for da luz do túbulo para os capilares peritubulares para voltar ao sangue, temos reabsorção; se a direção do transporte for dos capilares peritubulares para a luz do túbulo, temos secreção (CURI, 2017). O transporte pode ocorrer tanto através das membranas celulares, quando chamamos de transporte transcelular, como através do espaço existente entre uma 19 célula e outra, o que denominamos via intercelular ou paracelular. As células epiteliais são conectadas umas às outras por várias estruturas, e as junções intercelulares (tight junctions), devido ao número de junções e ao tipo de proteínas que as formam, determinam a permeabilidadeda via intercelular a diversas substâncias (CURI, 2017). O transporte de água ocorre sempre por diferença de osmolaridade: osmose. O transporte inicial de solutos torna a luz tubular mais diluída que o interstício peritubular, e, se o epitélio for permeável a água, há fluxo de água até que as osmolaridades de ambos os compartimentos se igualem. O fluxo de água ocorre por via transcelular, através de canais para água denominados aquaporinas (a maior parte), e por via intercelular (CURI, 2017). 2.7 Ação dos diuréticos Existem vários tipos de diuréticos, substâncias químicas que aumentam o volume urinário. Um diurético osmótico é uma substância que não é reabsorvida e que carrega água com ela (por exemplo: altos níveis de glicose no plasma em um paciente com diabete melito). O álcool, basicamente um sedativo, estimula a diurese pela inibição da liberação do ADH. Outros diuréticos aumentam o fluxo urinário pela inibição da reabsorção de Na+ e da reabsorção obrigatória de água que normalmente ocorre. Exemplos incluem a cafeína (encontrada no café, em chás e em refrigerantes de cola) e muitos medicamentos prescritos para hipertensão ou para o edema da insuficiência cardíaca congestiva (MARIEB, 2008). Os diuréticos mais comuns inibem os simportes associados com o Na+. Os "diuréticos de alça" (como a furosemida são poderosos, pois inibem a formação do gradiente medular, agindo no ramo ascendente da alça de Henle. Os tiazídicos são menos potentes e agem no TCD (MARIEB, 2008). 3 O RIM E A HOMEOSTASE Claude Bernard, famoso fisiólogo francês, certa vez disse: “Todos os mecanismos vitais, apesar de sua diversidade, têm apenas uma finalidade, a de manter constantes as condições de vida no ambiente interno.” Devemos entender a homeostase ou homeostasia como sendo esta tendência à manutenção das 20 condições internas de um organismo sempre dentro de parâmetros normais ou fisiológicos (DE MORAES, 2010). Conceituar ou definir homeostase não é uma tarefa fácil como pode parecer a princípio. O termo permite aos autores expor suas visões, normalmente voltadas para as áreas de seu conhecimento ou interesse. Assim sendo, pode-se dizer que o termo homeostase, apesar de dar sempre a ideia de equilíbrio ou estabilidade, pode permitir diferentes interpretações e conceituações conforme se observa nas transcrições de dicionários e alguns autores relacionados abaixo: De acordo com o dicionário Michaelis: Homeostase:[De homeo- + -stase.] S. f. 1. Fisiol. Med. Tendência à estabilidade do meio interno do organismo/ 2. Cibern. Propriedade autorreguladora de um sistema ou organismo que permite manter o estado de equilíbrio de suas variáveis essenciais ou de seu meio ambiente. Homeostasia: [de homeo+stase+ia] S.f.: 1. Biol. Lei dos equilíbrios internos que rege a composição e as reações físico-químicas que se passam no organismo e que, graças a mecanismos reguladores, são mais ou menos constantes. É o que acontece com o teor, no sangue, de água, sais, oxigênio, açúcar, proteínas e graxos, o mesmo se verificando com a reserva alcalina do sangue e temperatura interna. De acordo com o dicionário Priberam: Homeostasia: [do Gr. hómoios, semelhante + stasis, situação] S. f. Propriedade autorreguladora de um sistema ou organismo que lhe permite manter o seu estado de equilíbrio; Biol., tendência para a estabilidade no meio interno de um ser vivo. Enciclopédia Encarta (2000): Homeostase: é o processo através do qual um organismo mantém as condições internas constantes necessárias para a vida. Aplica-se ao conjunto de processos que previnem flutuações na fisiologia de um organismo, e denomina também a regulação de variações nos diversos ecossistemas, ou do universo como um todo." (DE MORAES, 2010). Como base para a adaptação, os organismos mais evoluídos farão uso principalmente de dois recursos básicos: o sistema nervoso, atuando basicamente no controle, e o sistema endócrino, atuando principalmente na sinalização. Estes recursos permitirão que o organismo animal se adapte às novas condições 21 determinadas pelo meio ambiente, sempre no sentido de manter constantes as suas condições internas permitindo ajustes no seu metabolismo e mantê-lo compatível com sua sobrevivência (DE MORAES, 2010). 3.1 Homeostase renal Alguns mecanismos são bem conhecidos, como a regulação da osmolaridade plasmática. É sabido que a transpiração e a micção “ajudam” o corpo a manter seus níveis de água e de eletrolíticos dentro de suas faixas consideradas fisiológicas ou normais, tanto nos animais domésticos quanto nos selvagens. Nas situações em que ocorrer o aumento da osmolaridade plasmática os osmorreceptores hipotalâmicos perceberão a variação e farão com o que o hipotálamo secrete o ADH (hormônio antidiurético) evitando a perda de água, além de acionar mecanismos que trarão a sensação da sede (DE MORAES, 2010). Após a ingestão da água a osmolaridade plasmática volta a níveis “normais”, pois a diurese permite a eliminação dos sais e o organismo retorna ao equilíbrio, ou seja, à homeostase. Neste aspecto, alguns animais apresentam mecanismos muito interessantes para manutenção da osmolaridade dentro dos níveis que são compatíveis com a vida. Como exemplo, algumas aves marinhas que vivem muito longe da continente, e, portanto sem acesso a água doce, são obrigados a consumir a água do mar, e para eliminar o excesso de sais possuem “glândulas excretoras de sal” localizadas proximamente às narinas e aos olhos, e desta forma mantêm regulados os níveis de sais na sua circulação (DE MORAES, 2010). Os rins excretam ureia e regulam as concentrações de água e de uma grande variedade de íons. Além de outros mecanismos, os rins têm a capacidade de responder ao ADH (hormônio antidiurético) produzido pelo hipotálamo, que evita a perda de água e desidratação do organismo. Nas situações em que houver aumento da osmolaridade plasmática (maior concentração de sais), baseado num princípio de emergência de água, o organismo produz o ADH para impedir a perda de água e as complicações decorrentes do excesso de sais no organismo. Quando o animal faz a ingestão da água, os osmorreceptores sensíveis à variação da osmolaridade plasmática percebem a mudança ocorrida e informam ao hipotálamo para que este 22 diminua o ADH e a diurese volte ao normal. Este equilíbrio conseguido é que chamamos de Homeostase (DE MORAES, 2010). 4 ABORDAGEM CLÍNICA DO PACIENTE COM DOENÇA RENAL A progressão da doença renal é lenta, silenciosa, e o organismo consegue se adaptar até nas suas fases mais avançadas. No último estágio, denominado fase pré- diálise, os primeiros sintomas começam a surgir e as análises laboratoriais evidenciam a existência de alterações. O paciente apresenta níveis elevados de fósforo, de potássio e de paratormônio, além de anemia, acidose, emagrecimento, sinais de desnutrição, hipertensão, enfraquecimento ósseo, cansaço, diminuição da libido e do apetite. Também perde massa muscular e gordura, mas com a retenção de líquidos pode não se notar o emagrecimento, pois o peso se manterá igual ou aumentará em virtude do edema, que inclusive poderá estar presente nos membros inferiores. Na fase inicial da falência funcional renal, as principais medidas terapêuticas adotadas são o controle da hipertensão arterial e a ingestão restrita de proteínas. Com o avanço da falência renal, o tratamento é medicamentoso, variando de acordo com as complicações e com as comorbidades apresentadas pelo paciente. Já quando se perde totalmente a função renal, são adotadas as Terapias Renais Substitutivas (TRS). A doença renal crônica é a perda permanente da função dos rins é reconhecida como um problema global de saúde pública. O aumento no número de casos tem sido reportado na última década em diferentes contextos, associados ao envelhecimento e à transiçãodemográfica da população, como resultado da melhora na expectativa de vida e do rápido processo de urbanização. Hipertensão arterial e diabetes são as principais causas, ao passo que disparidades socioeconômicas, raciais e de gênero são também fatores determinantes (MARINHO, 2017). A detecção precoce e o tratamento adequado em estágios iniciais ajudam a prevenir os desfechos deletérios e a subsequente morbidade relacionados às nefropatias. Ademais, resultam em potenciais benefícios para qualidade de vida, longevidade e redução de custos associados ao cuidado em saúde (MARINHO, 2017). A importância da identificação da enfermidade não se restringe somente ao acesso à terapia renal substitutiva. O adequado diagnóstico precoce e tratamento 23 permite reduzir complicações e mortalidade cardiovasculares. Tais metas são desafiadoras onde o acesso aos serviços de saúde é limitado, com número reduzido de nefrologistas para o acompanhamento (MARINHO, 2017). 5 INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA Fonte: auladeanatomia.com Lesão Renal Aguda abrange um grande número de complicações que afetam o rim em sua estrutura e função. A Insuficiência Renal Aguda é definida por uma queda abrupta na função renal que inclui a Falência Renal Aguda, mas não está limitado a ela podendo desencadear falência de outros órgãos. Isto é, uma ampla síndrome clínica, abrangendo diversas etiologias, incluindo doenças renais específicas, condições não específicas (por exemplo, isquemia, lesão tóxica) e também como patologia extra-renal. Mais do que uma destas condições pode coexistir no mesmo paciente e, mais importante, as evidências epidemiológicas sustentam a noção de que, mesmo leve e reversível a IRA tem consequências clínicas importantes, incluindo risco aumentado de morte (AZEVEDO, 2018). De acordo com WONG et al. (2013), as alterações morfofuncionais dos rins provocadas pela perda da capacidade renal são identificadas por marcadores. Todos os exames diagnósticos de Lesão Renal Aguda incorporam algumas alterações de creatinina sérica na produção de urina. 24 5.1 Causa, sinais e sintomas A principal causa da lesão Renal Aguda é a insuficiência renal pré-renal, especificamente, a causa é uma redução na perfusão dos rins que podem ser relacionados com uma redução do volume circulatório. Isto pode ocorrer, por exemplo, em pacientes que perderam fluidos corporais, ou pode estar relacionada com uma capacitância expandida da circulação, como no caso de vasodilatação arterial sistémica exagerada na sequência de uma infecção bacteriana (WONG et al., 2013). Alguns efeitos colaterais são relacionados com a disfunção renal podendo ocorrer, por exemplo, agravamento de hipertensão com a utilização de fármacos anti- inflamatórios não esteroides, maior tendência para hemorragias ou hematomas com aspirina, e hiponatremia (nível de sódio ligeiramente abaixo do normal) com inibidores da enzima conversora da angiotensina ou bloqueadores do receptor da angiotensina II (NAIDOO, 2015). 5.2 Diagnóstico O diagnóstico da IRA se dá principalmente pelo método laboratorial no qual é avaliado no sangue a elevação nos níveis de ureia, creatinina, ácido úrico, a ácidos e metabólica, hipo ou hipernatremia, hipo ou hipercalemia e hiperfosfatemia e anemia normocítica. Na urina, avalia-se a osmolalidade, sódio, creatinina, ureia e sedimentos urinários. Além do diagnóstico médico, reforça-se, com base no conhecimento levantado neste estudo, que a identificação de fatores de risco e aspectos que entornam o tratamento do paciente com IRA é fundamental para que o enfermeiro alavanque estratégias racionais de assistência, se munindo das informações inerentes à doença, mas também, aos recursos necessários para o cuidado integral e individualizado (LOPES, 2018). 5.3 Tratamento Alguns tipos de tratamento e, principalmente, hospitalizações por longos períodos podem levar a complicações correlatas à situação clínica do indivíduo, ao exemplo da doença renal (DR), que pode se manifestar aguda ou cronicamente. ADR 25 ocorre quando os rins se tornam incapazes de remover produtos de degradação metabólica ou de realizar suas funções reguladoras de volume de líquidos– que culminam na excreção urinária–o que determina a necessidade de terapias de substituição da função renal (LOPES, 2018). O tratamento inicial da IRA varia de acordo com o grau de acometimento da doença. As medidas terapêuticas iniciais devem estar voltadas para a correção de volemia, restabelecimento do equilíbrio eletrolítico, controle das manifestações urêmicas e um rigoroso controle hidroeletrolítico e nutricional, além da correção do distúrbio acidobásico. Quando estas condutas terapêuticas se tornam insuficientes ou incapazes de manter uma condição clínica compatível com a vida, a terapia renal substitutiva deve ser implementada através da diálise peritoneal ou da hemodiálise (LOPES, 2018). A hemodiálise como terapia de substituição renal é mais amplamente difundida nos serviços clínicos ambulatoriais e hospitalares, incluindo as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no manejo do doente gravemente enfermo e acometido pela injúria renal, contudo, a mortalidade da IRA dialítica é muito superior se comparada à não dialítica (LOPES, 2018). 6 DOENÇA RENAL CRÔNICA Fonte: previva.com.br A Doença Renal Crônica (DRC) tem se tornado um importante agravo na saúde pública devido à elevada morbimortalidade e também por repercutir em mudanças que 26 impactam negativamente a qualidade de vida, tanto de seus portadores como dos familiares (JESUS, 2019). A DRC é definida como uma lesão renal que ocorre de maneira progressiva e irreversível e que compromete o funcionamento adequado dos rins. Entre as principais causas da DRC destacam-se a hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e as glomerulonefrites. É classificada em cinco estágios; o primeiro caracteriza-se em dano renal com leve perda da função, porém ainda sem reflexo direto na capacidade de filtração. Já o estágio mais avançado é caracterizado por falência renal com taxa de filtração glomerular menor que 15 ml/min. Nessa condição, adota-se como tratamento a terapia renal substitutiva, com as modalidades de hemodiálise e diálise peritoneal, ou o transplante renal (JESUS, 2019). A convivência com a doença renal crônica exige um processo de adaptação e mudanças na rotina e nos hábitos de vida, as quais desafiam a percepção que o indivíduo tem de si, de suas capacidades e de seu meio. Por causa dos vários impactos negativos da doença renal crônica na vida do indivíduo, torna-se relevante e desejável a avaliação da qualidade de vida para identificar os aspectos prejudicados e para subsidiar intervenções que visem melhorar as condições de vida e de saúde dos pacientes com doença renal crônica (DE ALMEIDA, 2019). A DRC implica em restrições alimentares, polifarmárcia e dependência de acompanhamento especializado, seja ambulatorialmente em seus estágios iniciais, seja na terapia renal substitutiva: hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal4. Com a progressão da doença renal as pessoas podem experienciar um declínio em seu estado de saúde geral, incluindo suas funções físicas e psicossociais (DE ALMEIDA, 2019). O comportamento do indivíduo tem grande influência no sucesso terapêutico e no alcance das metas dos planos de cuidados. Diversos fatores determinam ou influenciam o desempenho das pessoas frente aos cuidados necessários, entre eles, a motivação, a informação, o suporte sociofamiliar e o apoio da equipe de saúde e dos serviços que têm papel fundamental para melhorar o conhecimento, as ferramentas de enfrentamento e adaptação, e construir a autoconfiança (DE ALMEIDA, 2019). 27 7 DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BASE Fonte: rcedu.com.br Metabolismo da água e do sódio: O metabolismo da águaé avaliado pelo sódio sérico e pela osmolaridade, enquanto que o do sódio (Na+) é avaliado pelo exame físico (hipo/hipertensão, edema, hidratação, volume extracelular). 7.1 Hipernatremia A Hipernatremia ([Na+] > 145 mEq/L) significa déficit de água pura e hiperosmolaridade. Os sintomas ocorrem com uma elevação de Na+ rápida ou acima de 160 mEq/L e incluem anorexia, fraqueza muscular, inquietação, náusea e vômitos, além de desidratação grave com, em casos mais sérios, alteração do estado mental, letargia ou irritabilidade, estupor e coma (CANTALI, 2018). A hipernatremia acontece quando a perda de água é proporcionalmente maior que a de Na+ (diabetes insipidus, diabetes mellitus, febre, insolação, hiperventilação); a reposição é insuficiente (o paciente não sentiu sede, não lhe deram água ou ele não conseguiu beber por náusea, vômito ou incapacidade física); e quando há ganho de sódio hipertônico (infusão de soluções hipertônicas, instilação intragástrica de alimentação hiperosmolar, diálise hipertônica) (CANTALI, 2018). Este déficit de água deve ser reposto com água por via oral ou infusão de soro glicosado 5%. Cuidados devem ser tomados para evitar uma correção muito rápida (risco de edema cerebral) (CANTALI, 2018). 28 7.2 Hiponatremia A Hiponatremia compreende uma [Na+] < 135 mEq/L. O estado de hidratação e o sódio urinário são importantes para o correto diagnóstico. Hipovolemia significa déficit de sódio com excesso relativo de água, enquanto que uma eu- ou hipervolemia significa excesso absoluto de água (CANTALI, 2018). Pacientes com hiponatremia hipotônica podem apresentar: aumento do sódio total do organismo (distúrbios edematosos –hiponatremia hipervolêmica): insuficiência cardíaca, cirrose, síndrome nefrótica (e outras hipoalbuminemias) e insuficiência renal; diminuição do sódio total do organismo (hiponatremia hipovolêmica) por perdas extrarrenais de sódio por vômitos, diarreia, aspiração de secreções gastroduodenais, enterostomias, sudorese profusa, queimaduras, peritonite e pancreatite, e por perdas renais de sódio por uso de diuréticos, insuficiência renal crônica, diurese pós- obstrução, fase diurética da necrose tubular aguda, acidose tubular renal proximal e deficiência de mineralocorticóides (doença de Addison); ou síndrome da secreção inadequada da vasopressina (ADH), sem edema ou hipovolemia (hiponatremia isovolêmica) por carcinomas (pulmonar, pancreático), doenças pulmonares (pneumonia, abscesso, tuberculose, ventilação com pressão positiva) e doenças do sistema nervoso central (meningite, encefalite, acidente vascular cerebral, tumor, abscesso, trauma). Outras causas importantes deste grupo são: hipotireoidismo, polidipsia, deficiência de glicocorticoides, pós-operatório, estresse e medicamentos. Os sintomas incluem náusea e vômitos, cefaleia, letargia, agitação, confusão, convulsões e coma (CANTALI, 2018). O tratamento deve sempre seguir a correção da patologia de base, enquanto que o tratamento específico da hiponatremia depende da classificação do paciente: para os edematosos, diurese com restrição hídrica; para os hipovolêmicos, soro fisiológico isotônico; e para os com síndrome da secreção inapropriada do ADH, apenas restrição hídrica pode ser suficiente (CANTALI, 2018). Quando os sintomas neurológicos forem sérios, a infusão de soro fisiológico hipertônico deve ser feita; contudo, a correção não deve ser abrupta pelo risco de mielinólise osmótica (CANTALI, 2018). 29 7.3 Metabolismo do potássio 98% do potássio (K+) está no intracelular e o seu balanço interno (entrada e saída da célula) acontece pela troca pelo íon hidrogênio (H+), ou seja, o K+ influi no pH e vice-versa (CANTALI, 2018). 7.4 Hipercalemia A hipercalemia ([K+] > 5,5 mEq/L) deve ser diferenciada da pseudohipercalemia, que acontece com a liberação in vitro de K+ por hemólise, degradação de leucócitos e plaquetas, e por intensa (e prolongada) estase sanguínea na punção venosa (CANTALI, 2018). A hipercalemia acontece por diminuição da excreção renal (insuficiência renal, uso de diuréticos poupadores de potássio, inibidores da enzima conversora de angiotensina, anti-inflamatórios não esteroides, doença de Addison); aumento da disponibilidade (consumo de substitutos do sal que contenham K+ , uso de medicamentos que contenham K+, sais potássicos de penicilina, e transfusão sanguínea); e redistribuição do K+ para o meio extracelular (acidose, hiperosmolaridade, hiperglicemia e destruição celular por trauma, hematoma, sangramento, rabdomiólise, lise tumoral) (CANTALI, 2018). Pacientes podem apresentar fraqueza, paralisia muscular, parada respiratória, íleo, parestesias e palpitações. O eletrocardiograma (ECG) pode mostrar ondas T apiculadas, em tenda, aumento do intervalo PR, depressão do segmento ST, achatamento ou desaparecimento da onda P e alargamento do complexo QRS, que pode levar à fibrilação ventricular e assistolia (CANTALI, 2018). O tratamento é dividido em três partes: antagonizar os efeitos tóxicos do K + sobre o potencial de membrana (infusão de gluconato de cálcio), redistribuir o K+ para o meio intracelular (glicoinsulinoterapia e uso de ß2-agonistas inalatórios) e promover sua excreção renal e gastrointestinal (diuréticos de alça e tiazídicos e resina sulfonato poliestireno de sódio), sendo que a primeira medida é evitar qualquer ingestão de potássio. Hemodiálise é usada quando há dificuldade no seu controle (CANTALI, 2018). 30 7.5 Hipocalemia As causas de hipocalemia ([K+ ] < 3,5 mEq/L) são: perdas gastrointestinais (vômitos, diarreia, aspiração de secreções gastroduodenais, enterostomias, abuso de laxantes e tumores – VIPoma, adenoma viloso, síndrome de ZollingerEllison); perdas urinárias (uso de diuréticos, acidose tubular renal, nefrite intersticial crônica, doença de Cushing e efeito mineralocorticóide por hiperaldosteronismo, síndrome de Bartter/Gitelman, excesso de glicocorticoides, abuso de alcaçuz); diminuição da ingesta (alcoolismo, anorexia nervosa); e redistribuição do K+ para o meio intracelular (alcalose, hiperinsulinismo, agonistas ß2-adrenérgicos) (CANTALI, 2018). A hipocalemia pode levar à fraqueza muscular, paralisia ascendente, atonia gástrica, íleo, retenção urinária, rabdomiólise com mioglobinúria e insuficiência renal aguda, taquicardia atrial, dissociação atrioventricular, taquicardia e fibrilação ventricular. O ECG mostra achatamento ou inversão de ondas T, depressão do segmento ST e ondas U proeminentes (CANTALI, 2018). O tratamento deve sempre preferir a reposição oral de potássio (ou deve trocar para suplementação oral após substituição intravenosa), e a correção do distúrbio de base que levou à hipocalemia deve ser feita (CANTALI, 2018). Alimentos ricos em K + (suco de laranja) e sua suplementação oral podem ser suficientes para casos leves. No caso de acidose metabólica concomitante, bicarbonato de potássio pode ser utilizado. Em casos de hipocalemia séria ([K+] < 2,5 mEq/L), a substituição agressiva intravenosa deve ser feita com cloreto de potássio sob rígido controle eletrocardiográfico e laboratorial para não causar arritmias agudas (CANTALI, 2018). 7.6 Acidose metabólica A acidose metabólica reflete um pH < 7,35 e uma diminuição do bicarbonato (HCO3 –). Acidose com “gap “aniônico normal (hiperclorêmica) é causada por perda gastrointestinal de HCO3 – (diarreia, enterostomia, ureteroenterostomia); perda renal de HCO3 – (acidose tubular renal); e outros (diluição, superalimentação e adição de cloretos) (CANTALI, 2018). 31 Acidose com “gap“ aniônico aumentado (aumento dos ânions não medidos) é causada por incapacidade renal de secretar ácidos (acidose urêmica na insuficiência renal); maior produção endógena de ácidos (acidose láctica, cetoacidose diabética, cetoacidose do jejum, cetoacidose alcoólica); e pormaior produção exógena de ácidos (envenenamento por etilenoglicol, metanol e salicilatos) (CANTALI, 2018). As manifestações clínicas da acidose ocorrem concomitantemente com a sintomatologia da patologia de base e incluem insuficiência cardíaca e vasodilatação, podendo agravar ou desencadear choque, edema pulmonar e fibrilação ventricular (CANTALI, 2018). A respiração de Kussmaul (acidose grave) se caracteriza por respiração rápida e profunda, na tentativa de eliminar CO2. O tratamento da patologia de base pode ser o suficiente para a correção da acidose, sendo a respiração de Kussmaul, alterações circulatórias e bicarbonato sérico de 15 mEq/L indicações para infusão de bicarbonato de sódio. 7.7 Alcalose metabólica A alcalose metabólica reflete um pH > 7,45 e um aumento do HCO3. A compensação pulmonar ocorre por retenção de CO2. Ela pode ser causada por depleção do volume extracelular (perdas gástricas por vômitos e aspiração por sonda, diarreia de cloretos, adenoma viloso, uso de diuréticos e pós hipercapnia); expansão do volume extracelular (excesso de mineralocorticóides por hiperaldosteronismo, síndrome de Cushing, síndrome de Bartter, abuso de alcaçuz); depleção de potássio; administração de álcalis; e hipercalcemia (liberação de substâncias-tampão) (CANTALI, 2018). Sua etiologia tem importância terapêutica, assim como a correção da causa de base. O paciente com depleção de volume responde bem à expansão com cloreto de sódio, enquanto que o paciente com expansão de volume e excesso de mineralocorticóides tem benefício com o uso de espironolactona. Acetazolamida (aumento da excreção renal de bicarbonato) e hemodiálise podem ser indicada (CANTALI, 2018). 32 7.8 Acidose e alcalose respiratórias A acidose respiratória reflete um pH < 7,35 e uma retenção de CO2. A resposta renal (presente apenas em processos crônicos) é reabsorver HCO3 – e secretar H+. Ela pode ser causada por qualquer distúrbio agudo ou crônico das vias aéreas, aparelho neuromuscular torácico ou pulmões, sendo o suporte ventilatório o melhor tratamento de acidoses respiratórias agudas e crônicas (CANTALI, 2018). A alcalose respiratória reflete um pH > 7,45 e uma redução da pCO2. Ela é causada por hiperventilação por estímulos neurais (ansiedade, febre, vasculopatia cerebral, tumor cerebral, meningoencefalite, hipoxemia); agentes químicos (salicilatos); estímulos pulmonares (grandes altitudes, embolia pulmonar); septicemia; insuficiência hepática; ventilação mecânica. Tetania, convulsões, arritmias cardíacas e coma podem ser consequências da alcalose. O tratamento da patologia de base pode ser suficiente para sua correção (CANTALI, 2018). 7.9 Íons (sódio, cloreto, potássio, bicarbonato, cálcio, fosfato e magnésio) Os íons formados quando os eletrólitos se dissolvem e se dissociam possuem quatro funções gerais no corpo: . como eles são confinados principalmente em compartimentos de líquidos específicos e são mais numerosos do que os não eletrólitos, determinados íons controlam a osmose de água entre os compartimentos de líquidos; . os íons ajudam a manter o equilíbrio acidobásico necessário para as atividades celulares normais; . os íons têm carga elétrica, permitindo a produção de potenciais de ação e potenciais graduados; . vários íons agem como cofatores necessários para otimizar a atividade das enzimas (CANTALI, 2018). 33 8 GLOMERULOPATIAS PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS Fonte: cbndialise.com.br As glomerulonefrites são inflamações glomerulares que constituem a moléstia mais comum que afeta os rins. Podem ter várias origens, mas as mais comuns são afecções autoimunes, que acabam destruindo os glomérulos renais. Ação imunológica, de origem ainda desconhecida, pode atacar e destruir os glomérulos nesses casos. Essas glomerulonefrites podem ser agudas (duração de poucas semanas, período em que podem se curar mesmo sem tratamento) ou crônicas, que podem durar anos e que provocam a destruição progressiva dos glomérulos renais, levando à morte. Ocorre fibrose de um número maior ou menor de glomérulos, o que faz sobrar um número progressivamente menor de glomérulos funcionantes, sem fibrose. Para avaliar o estado dessa moléstia, é necessário medir o ritmo de filtração glomerular (RFG) do paciente e compará-lo ao RFG normal (no homem, cerca de 120 ml/min). Essa medida é, então, um método diagnóstico (verifica a causa da doença) e prognóstico (verifica o tempo que o paciente ainda tem de vida). RFG de 10 ml/min indica que a capacidade funcional do rim chegou a um mínimo, pois, se não há mais filtração, não pode haver mais formação de urina, e o indivíduo morre. A causa mortis é a incapacidade de manter a homeostase do meio interno, por exemplo, regular o seu conteúdo de sódio e potássio. A elevação deste último acaba bloqueando a função cardíaca por alteração do balanço neuromuscular. O tratamento para esses casos seria a diálise do sangue (hemodiálise ou diálise peritoneal), que permite corrigir as alterações iônicas do meio 34 interno, por meio do equilíbrio do sangue do paciente com meios artificiais, ou então a substituição do rim doente por um novo (transplante renal a partir de indivíduos com compatibilidade imunológica, em geral parentes). Glomerulonefrite Primária: originando-se nos rins. Glomerulonefrite Secundária: causada por uma vasta gama de distúrbios. Os distúrbios que causam glomerulonefrite secundária afetam outras partes do corpo além dos rins. Glomerulonefrite aguda: Ocorre, muito frequentemente, como uma complicação de uma infecção de garganta ou pele com estreptococos (por exemplo: faringite estreptocócica), um tipo de bactéria. A glomerulonefrite aguda que ocorre após uma infecção estreptocócica (glomerulonefrite pós-estreptocócica) tipicamente se desenvolve em crianças entre as idades de 2 e 10 anos, após a recuperação da infecção. Infecções com outros tipos de bactérias, como estafilococos e pneumococos, infecções virais, como varicela, e infecções parasitárias, como malária, também podem resultar em glomerulonefrite aguda. A glomerulonefrite aguda que resulta de qualquer uma dessas infecções é chamada de glomerulonefrite pós- infecciosa. A glomerulonefrite aguda também pode ser causada por distúrbios não infecciosos, incluindo glomerulonefrite membranoproliferativa, nefropatia por imunoglobulina A (IgA), vasculite associada a imunoglobulina A, lúpus, crioglobulinemia, síndrome de Goodpasture e granulomatose com poliangiíte. Na maioria das vezes, a glomerulonefrite aguda que se converte em glomerulonefrite rapidamente progressiva é o resultado de doenças que envolvem uma reação imunológica anormal. Glomerulonefrite crônica: Frequentemente, a glomerulonefrite crônica parece ser o resultado de alguns dos mesmos quadros clínicos que causam a glomerulonefrite aguda, como nefropatia por IgA ou glomerulonefrite membranoproliferativa. Algumas vezes, a glomerulonefrite aguda não é curada e, ao contrário, tem longa duração (crônica). Ocasionalmente, a glomerulonefrite crônica é causada por nefrite hereditária, um distúrbio genético hereditário. Em muitas pessoas com glomerulonefrite crônica não é possível identificar a causa. 35 8.1 Sintomas Cerca de metade das pessoas com glomerulonefrite aguda não têm sintomas. Quando aparecem sintomas, o primeiro a manifestar-se é o edema nos tecidos devido a retenção de líquidos, baixo volume de urina e produção de urina escura devido ao sangue nela contido. O edema pode manifestar-se no início como um inchaço da face e das pálpebras, depois se torna evidente nos membros inferiores. Aumento da pressão arterial à medida que a função renal se deteriora. Algumas pessoas ficam sonolentas e confusas. Nos adultos, é frequente manifestarem-se sintomas não específicos, como náusea e uma sensação geral de doença (mal-estar),são os mais comuns. Quando surge uma glomerulonefrite rapidamente progressiva, fraqueza, fadiga e febre são os sintomas iniciais mais frequentes. Também são comuns perda de apetite, náuseas, vômitos e dor abdominal e nas juntas. Visto que a glomerulonefrite crônica normalmente causa apenas sintomas muito leves ou sutis, ela passa despercebida por muito tempo na maioria das pessoas. Pode ocorrer edema. Hipertensão arterial é comum. A doença pode converter-se em insuficiência renal, que pode causar coceira, diminuição do apetite, náuseas, vômitos, fadiga e dificuldade respiratória. 9 HIPERTENSÃO RENOVASCULAR Doença renovascular pode ser definida como aquelas situações clínicas consequentes a obstruções totais ou parciais de uma ou das duas artérias renais. Hipertensão arterial sistêmica, aqui chamada de hipertensão renovascular, e insuficiência renal crônica por nefropatia isquêmica são as manifestações mais importantes. Proteinúria, hiper-reninismo e risco aumentado da doença cardiovascular são associações frequentes (LUCON, 2013). 36 Fonte: ocirurgiaovascular.com.br 9.1 Fisiopatologia O sistema renina-angiotensina-aldosterona é um mecanismo fisiológico bem conhecido de controle da pressão arterial. O rim produz uma enzima chamada renina, que atua sobre um substrato produzido no fígado chamado angiotensinogênio, produzindo angiotensina I, que tem leve efeito hipertensor. Angiotensina I é convertida em angiotensina II por ação das enzimas de conversão produzidas em vários órgãos, principalmente rins e pulmões. Angiotensina II eleva a pressão arterial por dois mecanismos: é um potente vasoconstritor e estimula as camadas corticais das suprarrenais a produzirem aldosterona. Aldosterona aumenta excreção de K+, retenção de Na+, aumento de volemia e, como consequência, da pressão arterial (LUCON, 2013). Esse mecanismo regulatório funciona ininterruptamente: quando há queda da pressão de perfusão do rim (posição ortostática, desidratação e hemorragias), aumenta a produção de renina, e quando há aumento da pressão de perfusão do rim (decúbito horizontal, hipervolemia e excesso de ingestão da Na+), diminui a produção de renina. Células do aparelho justaglomerular, que são locais onde a renina é produzida, são sensíveis às tendências de variação da pressão arterial (LUCON, 2013). Barorreceptores espalhados pelo corpo e concentrados no seio carotídeo contribuem de maneira primordial para essa tarefa. Havendo estenose da artéria 37 renal, há queda do fluxo plasmático renal e aumento da produção de renina, mas agora não de modo fisiológico, mas patológico. Não basta simplesmente haver estenose da artéria renal para que haja hipertensão renovascular (LUCON, 2013). A partir de 70% da oclusão de luz arterial, existe queda do fluxo sanguíneo e de pressão de perfusão e aumento da pressão arterial, que são mais evidentes quanto maior for o grau da estenose. A fisiopatologia é diferente se houver comprometimento de apenas um dos rins, e com o outro normal; daquele em que há comprometimento dos dois rins ou de rim único, isto é, não há rim normal. Quando apenas um rim é isquêmico, a hipertensão gerada pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona chega ao rim normal, que normalmente reage diminuindo a produção da sua renina e excretando sódio e o sistema se equilibra da maneira descrita. Se não houver rim normal (rim único ou estenose bilateral) há retenção de sódio e aumento da volemia, que por si diminui a produção de renina, e o sistema equilibra-se de maneira diferente (LUCON, 2013). 9.2 Sintomas Não existe sintoma ou sinal patognomônico de hipertensão renovascular. O que há são indicadores clínicos de probabilidade: 0,2% nos pacientes com hipertensão limítrofe, leve ou moderada não complicada e 5 a 15% nos pacientes com hipertensão grave ou refratária, início da hipertensão abaixo dos 30 ou acima dos 50 anos de idade, assimetria de pulsos, sopros abdominais ou lombares, insuficiência renal, disfunção cardíaca inexplicada, hipocalemia, fatores de risco para aterosclerose e resposta exacerbada ao uso de inibidores das enzimas da conversão (LUCON, 2013). Além disso, 25% em pacientes com hipertensão maligna com uso de três ou mais medicamentos, insuficiência renal, assimetria renal ou elevação de creatinina após administração de inibidores das enzimas de conversão (LUCON, 2013). 9.3 Tratamento Tratamento clínico com medicamentos cada vez mais eficientes pode controlar a hipertensão por algum tempo, mas não corrige a isquemia, que fatalmente provoca insuficiência renal, sendo progressiva na maioria dos casos. Obstruções coronarianas, 38 das artérias do sistema nervoso central e mesmo das artérias periféricas acompanham-se de maior gravidade quando há também obstrução das artérias renais não corrigidas. O tratamento clínico fica reservado a pacientes que não tenham condições cirúrgicas, que não queiram ser operados ou quando não houver técnica capaz de corrigir as obstruções. Tratamento intervencionista por meio de angioplastia é mais atraente por ser mais fácil, menos invasivo e não requerer anestesia geral (LUCON, 2013). 10 INFECÇÕES URINÁRIAS Fonte: scielo.br Seja qual for a infecção que ocorra no sistema urinário, ou na uretra, nos ureteres, rins ou bexiga, esta receberá o nome genérico de Infecção do Trato Urinário (ITU). Em sua maioria, as ITU são infecções bacterianas, mas apesar disso, qualquer agente infeccioso que consiga colonizar o trato urinário é capaz de provocar uma infecção (VANZELE, 2019). Existem categorias onde se encaixam as ITU, sendo divididas em complicada e descomplicada, ou de acordo com o local exato da ocorrência da infecção e os órgãos acometidos – se ela ocorreu no trato urinário inferior (cistite) ou no trato urinário superior (pielonefrite) (VANZELE, 2019). 39 10.1 Epidemiologia das ITU em mulheres Muitas mulheres têm ITU durante sua vida. A maioria dessas mulheres têm recorrência esporádica após a infecção inicial, tendo sintomas iguais ou parecidos a resolução clínica do episódio anterior, mesmo após tratamento A suscetibilidade da infecção em mulheres se dá devido a anatomia, onde a uretra é próxima da vagina e mais curta, além disso existem outros fatores que contribuem para a infecção como: ato sexual, episódios prévios de cistite, diabetes, uso de espermicidas e higiene deficiente (VANZELE, 2019). O pH vaginal, vaginites bacterianas e a ausência de lactobacilos vaginais também são associados à ITU em mulheres, assim como modificações anatomofuncionais que ocorrem na gestação resultando em incidência de 3 a 4% de bacteriúria e aumento no risco de pielonefrite, no terceiro trimestre da gestação são mais frequentes essas complicações (FIGUEIREDO, 2010). Há estudos indicando que cerca de 81% das ITU ocorrem em mulheres, a prevalência aumenta cerca de 20% em mulheres com mais de 65 anos (AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIAN AND GYNECOLOGISTS, 2008). 10.2 Epidemiologia das ITU em homens Apesar de apresentar um índice mais baixo, as infecções do trato urinário (ITU) também são presentes em homens. Vários especialistas definem as ITU masculinas como mais complicadas, pois com finalidade de evitar sequelas, acabam-se por exigir intervenção cirúrgica, em visto que na maioria dos casos essas estão associadas a anormalidades anatômicas. O sintoma mais corriqueiro nos homens é a disúria, ou seja, a dor/desconforto ao urinar. Sabe-se que em 75% dos casos, quando a disúria se encontra em conjunto a outros sintomas como frequência e urgência urinária, serve como parâmetro para se deduzir a presença de infecção no trato urinário (BRUSCH, 2017). Segundo o autor BRUSCH (2017), o índice de ITU em homens jovens é de 0,1% ou menos. Nos primeiros meses de vida há um pico precoce, porém, é a partir dos 60 anos em que o número de casos
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