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EXAME PSÍQUICO I APRESENTAÇÃO, CONSCIÊNCIA, ORIENTAÇÃO E ATENÇÃO Gabriel Beraldi CURSO DE PSIQUIATRIA EM 12 AULAS EXAME PSÍQUICO 1. APRESENTAÇÃO 2. NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 3. ORIENTAÇÃO 4. ATENÇÃO 5. MEMÓRIA 6. INTELIGÊNCIA 7. HUMOR E AFETO 8. PENSAMENTO E LINGUAGEM 9. SENSOPERCEPÇÃO 10. JUÍZO DE REALIDADE 11. CRÍTICA 12. VOLIÇÃO 13. PSICOMOTRICIDADE 1. APRESENTAÇÃO 2. NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 3. ORIENTAÇÃO 4. ATENÇÃO 5. MEMÓRIA 6. INTELIGÊNCIA 7. HUMOR E AFETO 8. PENSAMENTO E LINGUAGEM 9. SENSOPERCEPÇÃO 10. JUÍZO DE REALIDADE 11. CRÍTICA 12. VOLIÇÃO 13. PSICOMOTRICIDADE EXAME PSÍQUICO 1. APRESENTAÇÃO 2. NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 3. ORIENTAÇÃO 4. ATENÇÃO 5. MEMÓRIA 6. INTELIGÊNCIA 7. HUMOR E AFETO 8. PENSAMENTO E LINGUAGEM 9. SENSOPERCEPÇÃO 10. JUÍZO DE REALIDADE 11. CRÍTICA 12. VOLIÇÃO 13. PSICOMOTRICIDADE “EXAME DO ESTADO MENTAL x EXAME DO ESTADO PSÍQUICO” EXAME PSÍQUICO %: Sorrowing Old Man (At Eternity's Gate). Van Gogh APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO • Descrição da impressão geral da aparência física, da atitude e conduta do paciente na interação com o entrevistador. • Aparência: a descrição deve permitir formar uma imagem sobre o paciente, de forma a reconhecê-lo, englobando: • Aparência quanto à idade e à saúde. • A presença de deformidades e peculiaridades físicas. • O modo de vestir-se e os cuidados pessoais, incluindo ordem, asseio e excentricidades. • A expressão facial, através da mímica e sinais sugestivos de doença orgânica, depressão, ansiedade, alegria exagerada ou sem motivo aparente. APRESENTAÇÃO ATITUDE • Cooperação, oposição, tendência a conduzir a entrevista, indiferença, negativismo frente ao exame. • Postura ativa ou passiva AMBIENTE • Situação da entrevista. • Deve-se descrever as condições em que a entrevista ocorreu abrangendo: • o local. • a presença de outros participantes. • intercorrências eventuais APRESENTAÇÃO ALGUNS TERMOS QUE VOCÊS PODEM UTILIZAR Afetada: modo de falar, gesticular e andar muito teatral e artificial. Arrogante: coloca-se como superior, acima do entrevistador, ironiza e critica constantemente. Amaneirada: comportamento caricatural curva-se diante do entrevistador, diz “vossa excelência". Confusa: parece não entender nada, não estar na situação de entrevista. Deprimida: paciente triste e desanimado de modo geral. Desconfiada ou suspicaz: pelo olhar, postura, pelo modo de ouvir e responder, revela desconfiança, medo. Desinibida: contato extremamente fácil, próximo fisicamente, trata como se conhecesse o entrevistador há anos, fala e pergunta sobre intimidades, sem inibição. Dissimuladora: tenta esconder um sintomas que possui (diferente da simuladora, que tenta apresentar um sintoma que não possui). Dramática ou Teatral: hiperemocional, tenta chamar atenção, dá grande expressão a coisas corriqueiras. Evasiva: evita responder perguntas, dá respostas muito gerais e inespecíficas. Esquiva: não deseja o contato social e foge dele. Excitada: fala e gesticula muito de forma acelerada. Expansiva: fala alto, é "dona do pedaço", comporta-se como se fosse muito importante Gliscróide ou gudenta: difícil encerrar a conversa, quer atenção na sua prolixidade. APRESENTAÇÃO Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais, Paulo Dalgalarrondo ALGUNS TERMOS QUE VOCÊS PODEM UTILIZAR Indiferente: não parece estar na entrevista, não se sente incomodado por estar na entrevista. Inibida ou contida: não encara o examinador, demonstra estar pouco à vontade, se segura para não falar. Irônica: faz comentários críticos a toda hora. mas não revela superioridade como o arrogante. Lamuriosa ou queixosa: queixa-se o tempo todo de seus problemas, demonstra autopiedade. Manipuladora: tenta obrigar o entrevistador a fazer o que ele quer, com chantagens, indiretas, ameaças. Não-cooperante: não colabora com solicitações básicas na entrevista. Oposicionista ou negativista: recusa-se a participar da entrevista, se opõe a tudo que solicitam. Perplexa: assustado, parece não entender nada do que está acontecendo na entrevista. Hostil ou beligerante: provoca, irrita, parece querer confronto. Querelante: discute ou briga com o entrevistador por se sentir ofendido ou prejudicado. Reivindicativa: exige, de forma insistente, aquilo que julga ser seu direito, mesmo se inadequado. Sedutora: elogia e tenta agradar o examinador, às vezes sexualmente. Simuladora: tenta parecer que tem um sintoma ou problema que realmente não tem. Submissa: atende passiva e imediatamente, sem questionar, a todas as solicitações do entrevistador. APRESENTAÇÃO Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais, Paulo Dalgalarrondo 1. VIGIL: paciente desperto, sem rebaixamento do nível de consciência. 2. SONOLÊNCIA: tendência ao rebaixamento leve do nível de consciência, mas que permanece acordado mesmo na ausência de estímulos. 3. (DELIRIUM) 4. OBNUBILAÇÃO OU TURVAÇÃO: rebaixamento em grau leve a moderado. Há diminuição do grau de clareza do sensório, com lentidão da compreensão e dificuldade de concentração. O paciente encontra-se um tanto perplexo, com a compreensão dificultada, podendo o pensamento estar já ligeiramente confuso. 5. TORPOR/LETARGIA: rebaixamento moderado, acorda com estímulos moderados mas volta a dormir. 6. ESTUPOR: rebaixamento grave, acorda apenas com estímulos vigorosos e repetidos, mas logo volta a dormir. 7. COMA: rebaixamento grave, nenhum estímulo consegue despertar o paciente. A. ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 1. DELIRIUM: também chamado síndrome confusional aguda. Pode ter ou não rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, agitação ou lentificação psicomotora, discurso confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. Trata-se de um quadro que oscila muito ao longo do dia. 2. ESTADO ONÍRICO: termo da psicopatologia clássica para designar uma alteração da consciência na qual o indivíduo entra em estado semelhante a um sonho muito vívido. Tal estado ocorre devido a psicoses tóxicas, síndromes de abstinência a substâncias (com maior frequência no delirium tremens) e quadros infecciosos. Em geral, predomina a atividade alucinatória visual intensa com caráter cênico e fantástico. O indivíduo vê cenas complexas, ricas em detalhes, às vezes terríficas, com lutas, matanças, fogo, assaltos, sangue, etc. Há carga emocional marcante na experiência onírica, com angústia, terror ou pavor. OBS: O estado onírico ou estado tipo-sonho tem sido cada vez mais absorvido pela categoria ampla do delirium. B. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 3. ESTADO CREPUSCULAR: estreitamento transitório do campo da consciência (que se restringe a um círculo de ideias), com a conservação de uma atividade psicomotora global mais ou menos coordenada, permitindo a ocorrência dos chamados atos automáticos. Surge e desaparecer de forma abrupta e ter duração variável, de poucos minutos ou horas a algumas semanas. Durante esse estado, ocorrem, com certa frequência, atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional (podendo haver implicações legais de interesse à psicologia e à psiquiatria forense). Geralmente ocorre amnésia lacunar para o episódio inteiro, podendo o indivíduo se lembrar de alguns fragmentos isolados. Os estados crepusculares foram descritos classicamente como associados à epilepsia, mas também podem ocorrer em intoxicações por álcool ou outras substâncias, após traumatismo craniano, em quadros dissociativos histéricos agudos e, eventualmente, após choques emocionais intensos. OBS: termo pouco utilizado, pois tais fenômenos podem ser descritos por outros termos psicopatológico. B. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 4. DISSOCIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA: fragmentação ou a divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano. Ocorre com certa frequência nos quadros histéricos, geralmente desencadeada por acontecimentos psicologicamente significativos(conscientes ou inconscientes) que geram grande ansiedade para o paciente. Essas crises duram de minutos a horas, raramente permanecendo por dias. Os estados de dissociação da consciência podem ocorrer na amnésia dissociativa, despersonalização/desrealização ou até mesmo na identidade múltipla. OBS: serão abordados na aula de transtornos somatoformes e dissociativos. DESPERSONALIZAÇÃO: profunda estranheza consigo mesmo, associado a profunda perplexidade. O indivíduo muitas vezes sente que vai enlouquecer ou perder o controle. Está muitas vezes associada à desrealização. DESREALIZAÇÃO: perda da relação de familiaridade com o mundo, sensação de profunda estranheza com o mundo. B. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS NÍVEL DE CONSCIÊNCIA As Três Faces de Eva, 1957 5. ESTADO DE TRANSE OU POSSESSÃO : possessão é um estado de dissociação da consciência na qual o indivíduo apresenta perda temporária de sua identidade pessoal, que é substituída por outra identidade que toma conta do sujeito, com atividade motora automática e estereotipada, acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários. Pode ocorrer tanto em transtornos mentais como em contextos religioso-culturais. O estado de transe ocorre em contextos religiosos e culturais. B. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS NÍVEL DE CONSCIÊNCIA AUTOPSÍQUICA Os aspectos autopsíquicos se caracterizam pelo reconhecimento de si envolvendo: • Saber o próprio nome. • Reconhecer as pessoas do seu meio imediato, através de seu nome ou de seu papel social. ALOPSÍQUICA Refere-se à orientação em relação ao ambiente: A. ORIENTAÇÃO NO TEMPO: informar o ano, o mês, o dia da semana, o período do dia, a estação do ano, ou marcos temporais como Natal/ Carnaval/ Páscoa; B. ORIENTAÇÃO NO ESPAÇO: informar onde se encontra no momento, nomeando o lugar, a cidade e o estado. ORIENTAÇÃO AUTOPSÍQUICA Os aspectos autopsíquicos se caracterizam pelo reconhecimento de si envolvendo: • Saber o próprio nome. • Reconhecer as pessoas do seu meio imediato, através de seu nome ou de seu papel social. ALOPSÍQUICA Refere-se à orientação em relação ao ambiente: A. ORIENTAÇÃO NO TEMPO: informar o ano, o mês, o dia da semana, o período do dia, a estação do ano, ou marcos temporais como Natal/ Carnaval/ Páscoa; B. ORIENTAÇÃO NO ESPAÇO: informar onde se encontra no momento, nomeando o lugar, a cidade e o estado. As alterações da orientação seguem geralmente a ordem: TEMPORAL → ESPACIAL → AUTOPSÍQUICA ORIENTAÇÃO The Potato Eaters- Van Gogh ATENÇÃO Direção da consciência, o estado de concentração da atividade mental sobre determinado objeto. CUIDADO PARA DESATENÇÃO SELETIVA: frente a temas que geram ansiedade. CLASSIFICAÇÕES 1. NATUREZA VOLUNTÁRIA Exprime a concentração ativa eintencionada consciência sobre um objeto. ESPONTÂNEA Suscitada pelo interesse momentâneo, incidental, que desperta este ou aquele objeto. Geralmente está aumentada nos estados mentais em que o indivíduo tem pouco controle voluntário sobre sua atividade mental. ATENÇÃO 3. AMPLITUDE FOCAL Concentrada sobre um campo determinado e relativamente delimitado e restrito da consciência. DISPERSA Não se concentra em um campo determinado,espalhando-se de modo menos delimitado. 5. VIGILÂNCIA Qualidade da atenção que permite ao indivíduo mudar seu foco de um objeto para outro. 4. TENACIDADE Capacidade do indivíduo de fixar sua atenção sobre determinada área ou objeto, ao longo do tempo. Na tenacidade, a atenção se prende a certo estímulo, fixando-se sobre ele. ATENÇÃO 3. AMPLITUDE FOCAL Concentrada sobre um campo determinado e relativamente delimitado e restrito da consciência. DISPERSA Não se concentra em um campo determinado,espalhando-se de modo menos delimitado. 5. VIGILÂNCIA Qualidade da atenção que permite ao indivíduo mudar seu foco de um objeto para outro. 4. TENACIDADE Capacidade do indivíduo de fixar sua atenção sobre determinada área ou objeto, ao longo do tempo. Na tenacidade, a atenção se prende a certo estímulo, fixando-se sobre ele. ATENÇÃO Obrigado! © Copyright©2019 Editora Manole Ltda. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste conteúdo poderá ser reproduzida, por qualquer processo, sem a permissão expressa dos editores. Diretos adquiridos pela: Editora Manole Ltda. EXAME PSÍQUICO II MEMÓRIA, INTELIGÊNCIA, HUMOR E AFETO Gabriel Beraldi CURSO DE PSIQUIATRIA EM 12 AULAS A memória começa ser avaliada durante a obtenção da história clínica do paciente: como ele se recorda de situações da vida pregressa, onde estudou, seu primeiro emprego, perguntas sobre pessoas significativas de sua vida passada, tratamentos anteriores, etc. Pode ser avaliada através de testes específicos. Particularmente importante quando se suspeita de quadros de etiologia orgânica. CLASSIFICAÇÕES • Classificação segundo o tempo de duração da memória • Classificação segundo o caráter consciente ou inconsciente • Classificação segundo natureza dos estímulos • Classificação segundo a função MEMÓRIA CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O TEMPO DE DURAÇÃO DA MEMÓRIA 1. MEMÓRIA IMEDIATA (OU DE CURTÍSSIMO PRAZO): duração de até três minutos, e serve para repetição imediata dos dados para funções executivas. Confunde-se com a memória de trabalho. Depende basicamente do córtex pré-frontal. 2. MEMÓRIA DE CURTO PRAZO (OU MEMÓRIA RECENTE): duração de até 6 horas. Depende de estruturas límbicas, como hipocampo, córtex entorrinal, e córtex parietal posterior. São essas estruturas que fazem a fixação da memória, ou seja, a transformação da emotiva recente em remota. É a mais alterada no Alzheimer. 3. MEMÓRIA DE LONGO PRAZO (OU MEMÓRIA REMOTA): duração de meses a anos. Tem capacidade muita mais ampla que a memória imediata ou de curto prazo. Depende das áreas corticais de associação, como córtex pré-frontal, e a região associativa temporoparietooccipital. MEMÓRIA CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O CARÁTER CONSCIENTE OU INSCONSCIENTE 1. MEMÓRIA EXPLÍCITA OU DECLARATIVA: é a memória consciente, de fatos autobiográficos, conhecimentos gerais, relacionada aos eventos da vida. É possível declarar verbalmente a forma como foi aprendida aquela memória. 2. MEMÓRIA IMPLÍCITA OU NÃO-DECLARATIVA: é automática, o indivíduo não se da conta de que está aprendendo. São os aprendizados de habilidades motoras, visuoespaciais e linguísticos. Não e possível declarar verbalmente como se deram esses aprendizados. MEMÓRIA CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A FUNÇÃO 1. MEMÓRIA DE TRABALHO: conjunto de habilidades que permitem manter e manipular informações novas. Essas memórias são guardadas por curto período de tempo (até 3 minutos), e tem o objetivo de realizar determinada tarefa. Na maioria das vezes é explícita. Área: córtex pré- frontal. 2. MEMÓRIA DE PROCEDIMENTOS: memória de habilidades MOTORAS, VISUESPACIAIS e habilidades automáticas relacionadas ao aprendizados de línguas. São implícitas. A memorização ocorre de forma lenta, por meio de repetições e múltiplas tentativas. Áreas: área motora suplementar (lobos frontais), gânglios da base e cerebelo. MEMÓRIA CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A FUNÇÃO 3. MEMÓRIA EPISÓDICA: é a forma mais importante de memória na prática clinica, que se refere à lembrança dos fatos da vida do indivíduo. É um tipo de memória explícita. Área: estruturas da face medial dos lobos temporais (hipocampo, córtex entorrinal, córtex perirrinal). 4. MEMÓRIA SEMÂNTICA: é aquela responsável por atribuir significado aos fatos vividos pelo indivíduo. Corresponde, de forma simplificada, à capacidade de NOMEAÇÃO, COMPREENSÃO e CATEGORIZAÇÃO (ABSTRAÇÃO). Ou seja, enquanto a memória episódica guarda a lembrança das coisas, a semântica guarda lembrança do significado das coisas. É um tipo de memória explícita e declarativa. Área: face inferior e lateral dos lobos temporais (especialmente esquerdo). MEMÓRIA LEI DE RIBOT: o indivíduo com lesão orgânica tem perda progressiva da memória dos falta mais recentes para os mais antigos. Dos mais complexos para os mais simples. Dos mais estranhos para osmais familiares. Dos mais neutros para aqueles com maior conteúdo afetivo. PARA SABER MAIS... AVALIAÇÃO DA MEMÓRIA: • Pedir para paciente recordar de eventos do passado • Perguntar sobre eventos verificáveis dos últimos dias, tais como: o que o comeu numa das refeições anteriores, o que viu na TV ontem, etc. • Memorizar os nomes de três objetos não relacionados e depois de 5 minutos, solicitar que o paciente repita esses três nomes. • MEEM ou MoCA MEMÓRIA MINI-MENTAL MoCA MEMÓRIA Conjunto de habilidades cognitivas do indivíduo que permite identificar e resolver problemas novos de forma satisfatória, permitindo adaptação biológica e sociocultural. Compreende os domínios: • Raciocínio • Planejamento • Resolução de problemas • Pensamento abstrato • Compreensão de ideias complexas • Aprendizagem rápida • Aprendizagem a partir da experiência INTELIGÊNCIA AVALIAÇÃO • Observar vocabulário, a capacidade de articular conceitos, de abstrair e generalizar. • perguntas que avaliam as informações sobre assuntos ou temas gerais (por exemplo, quem é o Presidente da República). • a resolução de problemas aritméticos (por exemplo, quanto receber de troco em uma situação de compra e venda). • a leitura de textos escritos comentando a compreensão dos mesmos. É importante observar o nível sociocultural do paciente na seleção das atividades e na complexidade das mesmas. Testes específicos de inteligência devem ser solicitados quando foi observado na entrevista a presença de déficits específicos. MEMÓRIA Rudolf Lehmann - Verschiedene Gesichtspunkte HUMOR E AFETO HUMOR • Representa o tônus “emocional”, mantido, não reativo. • O humor é o pano de fundo da afetividade, não muda rápido. Por ser tão vital, está intimamente ligado ao corpo, de forma que as reações do humor se refletem em sintomas físicos, como fadiga, dores. • O humor é, por isso, único, não podendo coexistir mais de um tipo (como vários tipos de sentimento). • O humor foge à vontade, foge também à biografia, não obedecendo a história de vida do indivíduo (alguém como uma vida "alegre" pode apresentar um humor deprimido). • Humor normal: EUTÍMICO • Congruência do Humor: CONGRUENTE ou INCONGRUENTE HUMOR E AFETO • HIPOTÍMICO: estado de humor predominantemente depressivo. • HIPERTÍMICO: estado de humor patologicamente exacerbado, encontrado na mania e hipomania. • DISFÓRICO: estado de irritação constante. Pode estar associados a quadros maníacos, depressivos ou orgânicos. • ANSIOSO: estado de humor predominantemente ansioso. • PUERIL: estado de humor infantil, prematuro, inadequado e imaturo. Apresenta reações afetivas desmedidas, superficiais e inconsistentes, inadequadas ao contexto. Presentes em quadros de retardo mental, esquizofrenia, histeria, personalidades imaturas. ESTADOS PATOLÓGICOS DE HUMOR HUMOR E AFETO AFETO Resposta afetiva de um indivíduo, que se manifestam exclusivamente na presença de outro. Descrito em três subcategorias: 1. TÔNUS 2. MODULAÇÃO 3. RESSONÂNCIA HUMOR E AFETO AFETO 1. TÔNUS: avalia-se a tonalidade emocional predominante durante a entrevista. • Normotônico • Hipertônico • Hipotônico, embotamento afetivo 2. MODULAÇÃO: Refere-se ao controle sobre os afetos: • Normomodulante • Hipomodulação: manutenção de uma certa rigidez no afeto externalizado. • Hipermodulação: labilidade afetiva, caracterizada por marcadas oscilações. 3. RESSONÂNCIA: você consegue mudar o estado emocional momentâneo do paciente (sintonização/reatividade), paciente muda o seu (irradiação). • Normorressoante • Hiporressoante • Hiperressoante HUMOR E AFETO Obrigado! © Copyright©2019 Editora Manole Ltda. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste conteúdo poderá ser reproduzida, por qualquer processo, sem a permissão expressa dos editores. Diretos adquiridos pela: Editora Manole Ltda. EXAME PSÍQUICO III PENSAMENTO, LINGUAGEM E SENSOPERCEPÇÃO Gabriel Beraldi CURSO DE PSIQUIATRIA EM 12 AULAS PENSAMENTO E LINGUAGEM AVALIAÇÃO Acesso indireto ao pensamento do paciente, através do discurso do paciente durante a entrevista. Linguagem e pensamento são avaliadas segundo os seguintes aspectos: 1. FLUXO 2. FORMA 3. CONTEÚDO PENSAMENTO E LINGUAGEM 1. FLUXO A. NORMAL B. ACELERADO C. LENTIFICADO 2. FORMA NORMAL: pensamento linear e organizado. As alterações da forma podem ser divididas em 3 outras categorias: A. QUANTIDADE do pensamento B. DIREÇÃO do pensamento C. RECORRÊNCIA do pensamento ATENÇÃO PARA ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS DA LINGUAGEM: • DISARTRIA • AFASIA PENSAMENTO E LINGUAGEM A. ALTERAÇÕES NA QUANTIDADE DE PENSAMENTO 1. PENSAMENTO CIRCUNSTANCIAL: excesso de informações redundantes, que Geralmente não se relacionam com o tema. O resultado é um discurso PROLIXO, com incapacidade do paciente de concluir o raciocínio. 2. POBREZA DE PENSAMENTO: diminuição do número de representações mentais. Pode vir acompanhado de lentificação do pensamento. 3. MONOIDEÍSMO: expressa apenas um conteúdo. 4. MUTISMO: ausência completa de produção verbal. PENSAMENTO E LINGUAGEM B. ALTERAÇÕES NA DIREÇÃO DO PENSAMENTO 1. TANGENCIALIDADE: o indivíduo entende a pergunta, se aproxima de responde-la, mas desvia do assunto e não a responde. 2. FUGA DE IDEIAS: pensamento excitado que perde seu alvo por colaterais. É comumente descrita para a mania. 3. ARBORIZAÇÃO: apesar de não ter respaldo na literatura, é comumente usada para designar ideias associadas, mas que se distanciam fortemente da mensagem que deveria inicialmente ser transmitida. PENSAMENTO E LINGUAGEM B. ALTERAÇÕES NA DIREÇÃO DO PENSAMENTO 4. DESCARRILHAMENTO: início da desorganizado do pensamento, onde começam a aparecer ideias não associadas à direção da conversa. Dentro do discurso surge uma ideia que não tem nada a ver com a anterior. Tipicamente foi descrita para pacientes com esquizofrenia. 5. DESORGANIZAÇÃO: diminuição da associação entre as ideias de um pensamento. 6. DESAGREGAÇÃO DO PENSAMENTO: pensamentos que não têm associação entre si. Seria o grau mais extremo da desorganização do pensamento, no qual não há qualquer associado entre as ideias. PENSAMENTO E LINGUAGEM Estamira, 2004 C. ALTERAÇÕES NA RECORRÊNCIA DA PRODUÇÃO VERBAL 1. SOLILÓQUIO: falar sozinho. Geralmente associado a um quadro psicótico de alucinações. 2. VERBIGERAÇÃO: repetição monótona e incessante de algumas palavras, trechos ou frases durante dias a meses. 3. PERSEVERAÇÃO: o paciente responde aos estímulos de forma estereotipada, por incapacidade de modificá-las segundo a necessidade. 4. ECOLALIA: paciente repete as palavras ou frases do entrevistador de forma persistente. Geralmente acompanhada de uma entonação de zombação. 5. NEOLOGISMOS: criação de palavras. PENSAMENTO E LINGUAGEM 3. CONTEÚDO • Pensamento pessimista, de ruína, ideação suicida • Ideia prevalente de medo, angústia. • Pensamentos obsessivos (ideias que se repetem e voltam à mente de forma involuntária, são geralmente absurdos, seguidos de um ato compulsivo, e causam grande angústia ao paciente) • Pensamentos delirantes de perseguição, grandeza... PENSAMENTO E LINGUAGEM CAPACIDADE DE ABSTRAÇÃO: capacidade de formular conceitos e generalizações. A incapacidade de abstração é referida como pensamento concreto. Pode ser avaliado através da observação de algumas manifestações espontâneas (p.ex., diante da pergunta “como vai” o paciente responde “vou de ônibus”), ou através da solicitação para que o paciente interprete provérbios habituais para sua cultura. 3. CONTEÚDO • Pensamento pessimista, de ruína, ideação suicida • Ideia prevalente de medo, angústia. • Pensamentos obsessivos (ideias que se repetem e voltam à mente de forma involuntária, são geralmente absurdos, seguidos de um ato compulsivo, e causam grande angústia ao paciente) • Pensamentos delirantes de perseguição, grandeza... PENSAMENTO E LINGUAGEM Bords d'une rivière – Cézanne SENSOPERCEPÇÃO COMO AVALIAR O examinador deverá avaliar se as sensações e percepções do pacienteresultam da estimulação esperada dos correspondentes órgãos do sentido. Faz-se isso: • Pelos relatos espontâneos de percepções alteradas; • Observação de comportamentos sugestivos na ausência de estímulos externos (conversar consigo mesmo, rir sem motivo, olhar repentinamente em determinada direção, na ausência de estímulo aparente) • Formulando perguntas diretas sobre tais alterações (p.ex., “Você já teve experiências estranhas, que a maioria das pessoas não costumam ter?” “Você já ouviu barulhos ou vozes, que outras pessoas, estando próximas, não conseguiram ouvir?”). SENSOPERCEPÇÃO 1. ILUSÃO Percepção distorcida, deformada, e um objeto real, existente. Não significa necessariamente um estado patológico, podendo ocorrer quando o indivíduo está com a atenção muito diminuída, como nos estados de cansaço, ou em estados afetivos alterados (ilusões catatímicas), quando, por exemplo, uma criança enxerga um monstro no escuro. Geralmente são visuais, raramente auditivas. SENSOPERCEPÇÃO 2. ALUCINAÇÃO Consiste na percepção, sem a presença do objeto. Possuem diversas classificações, de acordo com o tipo, ou tipos especiais de alucinações. • Tipos de alucinações de acordo com o estímulo: auditivas, visuais, táteis, olfativa, gustativa, cenestésicas, cenestésicas. • Tipos especiais de alucinações: funcionais (ocorrem desencadeadas por um estímulo externo, como ouvir vozes somente quando abre a torneira), hipnagógicas (alucinações quando está quase dormindo), hipnopômpicas (alucinações quando está acordando), extracampais (o paciente alucina fora do campo perceptivo, como alucinações às suas costas ou atrás da parede). SENSOPERCEPÇÃO 2. ALUCINAÇÃO ALUCINAÇÕES AUDITIVAS: podem ser divididas em simples ou complexas. As simples constituem ruídos ou zumbido apenas. As complexas são geralmente vozes comunicando de palavras a frases que transmitem um significado. ALUCINAÇÕES VISUAIS: da mesma forma, podem ser simples ou complexas. As simples constituem principalmente os escotomas ou outras cores, formas ou pontos brilhantes, enquanto as complexas constituem imagens de pessoas, objetos ou animais. OBS: ALUCINAÇÕES LILIPUTIANAS: visão de cenas com personagens pequenos, minúsculos, entre os objetos e pessoas reais da casa. SENSOPERCEPÇÃO Cisne Negro, 2010 3. ALUCINOSE Consiste em uma alucinação (percepção na ausência do objeto), na qual o indivíduo mantém a crítica. Atualmente esse termo tem sido usado para as alucinações decorrentes de delirium tremens, delirium, intoxicações exógenas e outros transtornos orgânicos. SENSOPERCEPÇÃO Obrigado! © Copyright©2019 Editora Manole Ltda. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste conteúdo poderá ser reproduzida, por qualquer processo, sem a permissão expressa dos editores. Diretos adquiridos pela: Editora Manole Ltda. EXAME PSÍQUICO IV JUÍZO DE REALIDADE, CRÍTICA, VOLIÇÃO E PSICOMOTRICIDADE Gabriel Beraldi CURSO DE PSIQUIATRIA EM 12 AULAS As alterações do juízo podem ser divididas em normais e patológicas. NORMAIS: erro comum, preconceito, superstições PATOLÓGICAS: ideias sobrevalorizadas, DELÍRIOS DELÍRIOS: crenças que refletem uma avaliação falsa da realidade, não são compartilhadas por outros membros do grupo sociocultural do paciente e das quais não pode ser dissuadido, através de argumentação contrária, lógica e irrefutável IDEIAS SOBREVALORIZADAS: o conteúdo do pensamento centraliza-se em torno de uma ideia particular, que assume uma tonalidade afetiva acentuada, é irracional, porém sustentada com menos intensidade que uma ideia delirante. JUÍZO DE REALIDADE 1. PERSECUTÓRIOS; 2. AUTO REFERÊNCIA: ESTÃO FALANDO DE MIM, ESTÃO RINDO DE MIM; 3. INFLUÊNCIA OU CONTROLE; 4. GRANDEZA; 5. MÍSTICO OU RELIGIOSO; 6. CIÚMES OU INFIDELIDADE; 7. EROTOMANIA (DELÍRIO ERÓTICO): TENHO CERTE QUE TAL PESSOA (GERALMENTE FAMOSA) ME AMA; 8. RUÍNA: NADA VAI DAR CERTO NA MINHA VIDA; TIPOS DE DELÍRIOS 9. CULPA: TUDO O QUE ACONTECE NO MUNDO É MINHA CULPA; 10. NEGAÇÃO DE ÓRGÃO (OU ATÉ DE MORTE, COMO NA SINDORME DE COTARD); 11. HIPOCONDRÍACO; 12. REIVINDICAÇÃO; 13. INVENÇÃO OU DESCOBERTA; 14. CENESTÉSICOS: EXISTEM ANIMAIS DENTRO DO CORPO 15. INFESTAÇÃO; JUÍZO DE REALIDADE Uma Mente Brilhante, 2001 CRÍTICA Do ponto de vista médico-prático: reconhecer doença e necessidade de tratamento; Do ponto de vista do próprio comportamento (insight): capacidade de autorreflexão, mecanismos de defesa. CRÍTICA x JUÍZO: enquanto o juízo de realidade avalia a capacidade de interpretação do sujeito em relação ao mundo, a crítica avalia a capacidade de avaliação do indivíduo em relação a ele mesmo (sua doença e capacidade de reflexão). CRÍTICA A volição é uma dimensão que envolve a vontade e ação, e engloba a avaliação, julgamento, análise e decisão. IMPULSO: são uma espécie de curto-circuito do ato voluntário, indo direto da intenção para a execução. São incoercíveis, incontroláveis. Caracterizados por: • Ausência de deliberação ou decisão • Egossintônicos: são atos em sintonia com o desejo do paciente. • Geralmente associados a traços de intolerância à frustração. COMPULSÃO: ações motoras complexas, que envolvem a prática de atos compulsivos, ritualizados e estereotipados. Diferem do impulso por: • Desconforto subjetivo por parte do indivíduo durante sua realização. • Egodistônicos: são indesejáveis, contrários aos valores do indivíduo. • Tentativa de resistir • Sensação de alívio ao realizar o ato compulsivo • Associados a ideias obsessivas VOLIÇÃO Melhor É Impossível, 1997 HIPOBULIA/ABULIA: diminuição ou até abolição da atividade volitiva. Geralmente associado à apatia (indiferença afetiva), fadiga e dificuldade de decisão. Típico dos depressivos graves. NEGATIVISMO: oposição do indivíduo às solicitações do meio ambiente. É uma resistência obstinada a todos os comandos e pedidos externos (negativismo passivo). O Mutismo é uma forma de negativismo verbal. Ocorre nos quadros de catatonia. OBEDIÊNCIA AUTOMÁTICA: é o oposto ao negativismo, mas representa ainda uma perda do controle voluntário. O indivíduo perde autonomia e capacidade de conduta. FENÔMENOS DE ECO (ECOLALIA, ECOPRAXIA, ECOMIMIA, ECOGRAFIA): descritos também em pacientes com esquizofrenia, especialmente catatônica, e representam perda da capacidade volitiva, deixando o sujeito com atos automáticos sugeridos pela ambiente. VOLIÇÃO Henri Matisse, La danse - 1909 PSICOMOTRICIDADE ATIVIDADE MOTORA AGITAÇÃO (hiperatividade) ou RETARDO (hipoatividade), a presença de TREMORES, de ACATISIA, ESTEREOTIPIAS, MANEIRISMOS (estereotipias amaneiradas), tiques (movimentos involuntários e espasmódicos). COMPORTAMENTO Marcha, Gesticulação. SINAIS DE CATATONIA Flexibilidade cérea (manutenção de posturas impostas por outros), obediência automática, resistência passiva e ativa, negativismo (resistência imotivada), estupor (lentificação motora, imobilidade) e catalepsia (manutenção de uma posição imóvel). DEVIDO A NEUROLÉPTICOS Distonias, discinesia, parkinsonismo, acatisia PSICOMOTRICIDADE EXAME PSÍQUICO NORMAL • APRESENTAÇÃO: autocuidados e higiene preservadas, bom contato visual, postura descontraída, atitude colaborativa e cordial; • CONSCIÊNCIA: vigil; • ORIENTAÇÃO: orientado auto e alopsiquicamente; • ATENÇÃO: sem alterações da atenção voluntária e espontânea; • MEMÓRIA: sem sinais de alterações durante entrevista; • INTELIGÊNCIA: não testadas formalmente, sem alterações durante a entrevista; • HUMOR E AFETO: eutímico, normotônico, normomodulante, normoressoante; • PENSAMENTO: velocidade normal, curso linear e organizado, sem conteúdos patológicos; • SENSOPERCEPÇÃO: ausência de alucinações, pseudoalucinações ou alucinoses; • JUÍZO DE REALIDADE: ausência de delírios; • CRÍTICA: presente; • VOLIÇÃO: pragmatismo preservado; • PSICOMOTRICIDADE: sem alterações. Obrigado! © Copyright©2019 Editora Manole Ltda. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste conteúdo poderá ser reproduzida, por qualquer processo, sem a permissão expressa doseditores. Diretos adquiridos pela: Editora Manole Ltda. This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com. The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.
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