Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIT - Medicina P5- Bianca Lima de Souza DRGE TUTORIA A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é a condição que se desenvolve quando o refluxo do conteúdo procedente do estômago provoca sintomas desagradáveis e/ou complicações. Consiste em uma afecção crônica, recidivante e remitente, decorrente do refluxo do conteúdo gastroduodenal, para esôfago e órgãos adjacentes, ● O diagnóstico da DRGE é frequentemente baseado na presença de sintomas típicos ou sintomas atípicos e extraesofágicos, por resposta à terapia supressora de ácido com um curso de tratamento com IBP, achados à endoscopia de lesões mucosas relacionadas ao refluxo e pelo monitoramento prolongado do refluxo pela pHmetria esofágica ou impedância- pHmetria esofágica. ● Mais recentemente, observou-se que a DRGE está muitas vezes associada a alterações do sono. O tratamento desses pacientes com inibidores da bomba protônica (IBP) pode melhorar substancialmente a qualidade do sono. ● Os pacientes com DRGE tendem a ter uma baixa qualidade de vida associado à altos custos com a saúde; ● A DRGE pode se apresentar basicamente de duas formas: → Forma erosiva: caracterizada pela presença de erosões, definidas como soluções de continuidade da mucosa esofágica (rompimento da integridade mucosa), identificadas à endoscopia digestiva alta; → Forma não erosiva (non-erosive reflux disease ou NERD), aquela que não apresenta alterações ao exame endoscópico. ● Além disso, a incidência do adenocarcinoma esofágico relacionado ao esôfago de Barrett, que é complicação da DRGE, vem aumentando de forma expressiva. ● Quando se consideram os casos de esôfago de Barrett, este se torna significativamente mais expressivo, cerca de 30 vezes maior que na população em geral. 1 Definir a Doença do Refluxo Gastroesofágico INTRODUÇÃO 2. Conhecer a epidemiologia, os fatores de risco e as principais causas de DRGE EPIDEMIOLOGIA 2 ● É um dos diagnósticos mais comuns na gastroenterologia; ● Prevalência: estudo populacional abrangendo 22 cidades de diferentes regiões do país, identificou prevalência de DRGE em aproximadamente 12% da população urbana. ● Contudo, esse estudo levou em conta a ocorrência apenas das manifestações típicas; ○ Manifestações típicas: pirose e/ou regurgitação ○ Manifestações atípicas: dor torácica não cardíaca, tosse, rouquidão, pigarro e disfonia. ● Os países ocidentais, de um modo geral, apresentam maior incidência quando comparado aos orientais. ● Os maiores estudos populacionais realizados no mundo são os europeus e os norte-americanos, que encontraram a prevalência máxima de 23,7 e 28,8%, respectivamente. ● A pirose ocorreu durante o período de sono em 25% dos 15 mil indivíduos estudados. ● Relaxamentos transitórios do esfíncter esofagiano inferior; ● Hipotonia do EEI esfíncter esofagiano inferior; ● Depuração do conteúdo ácido ineficiente e dismotilidade esofagiana; ● Hipersensibilidade do esôfago; ● Alterações anatômicas – hérnia hiatal; ● Esvaziamento gástrico lentificado; ● Aumento da pressão intra‐ abdominal; ● Helicobacter pylori; ● A mucosa gástrica é adaptada ao pH baixo, assim como à elevada atividade proteolítica do ácido clorídrico e da pepsina, diferentemente da mucosa esofagiana. ● Para isso, o esôfago possui mecanismos de defesa contra o refluxo de ácido gástrico: ○ Mucosa resistente: por meio de junções celulares firmes, associada à matriz intracelular; ○ Secreção de bicarbonato pela camada submucosa; ○ Depuração esofágica, por meio de peristaltismo eficaz e salivação, responsável por neutralizar o ácido. ○ A junção esofagogástrica (JEG) é estrutural e funcionalmente adaptada para garantir que o ácido produzido pela mucosa gástrica não reflua (esfíncter esofagiano inferior). ● Entre as funções do EEI destacam-se: atuar como válvula unidirecional durante a deglutição. ● A fisiopatologia da DRGE apresenta, então, como evento primordial o retorno patológico 2 FATORES DE RISCO CAUSAS DA DRGE 3. Caracterizar a fisiopatologia, os sinais e sintomas típicos e atípicos da DRGE e sua evolução natural MECANISMOS FISIOLÓGICOS 3 para o esôfago de agentes agressores (ácido clorídrico, pepsina, sais biliares e enzimas pancreáticas). ● Os fatores patogênicos na DRGE têm interação complexa. ● As lesões características da DRGE ocorrem quando a mucosa do órgão é exposta ao refluxo gástrico que contém agentes agressores como ácido, pepsina, sais biliares e enzimas pancreáticas. ● Em condições normais, ocorrem episódios de refluxo de curta duração e rápida depuração, denominado refluxo fisiológico. ● Numerosos fatores podem contribuir para o refluxo se tornar patológico (aberturas transitórias ou relaxamentos transitórios do esfíncter inferior do esôfago). ● Em alguns casos, que não constituem maioria, pode ocorrer hipotensão esfincteriana, como principal mecanismo fisiopatológico. ● O refluxo gastroesofágico, em particular aquele que ocorre no período pós-prandial, se origina de um reservatório gástrico de ácido, sobrenadando o conteúdo gástrico. Essa “bolsa ácida” recém-secretada não se mistura com a refeição e pode ser detectada próximo à junção esofagogástrica em torno de 20 minutos após a refeição. ● Nos pacientes com DRGE, sobretudo naqueles com hérnia hiatal, a bolsa ácida é maior e se estende mais proximalmente no esôfago. ● O refluxo gastroesofágico provoca diminuição da resistência do epitélio mucoso esofágico com dilatação do espaço intercelular e presença de erosões. ● A presença de erosões na mucosa esofágica pode não ocorrer, caracterizando-se a forma não erosiva da doença. ● A dilatação do espaço intercelular é uma das mudanças mais precocemente observadas tanto em pacientes com a doença erosiva quanto naqueles com a doença não erosiva. ● A gravidade da esofagite é relacionada à duração, ao tempo de exposição ácida e ao pH do conteúdo gástrico refluído. ● Na etiopatogenia da DRGE, o refluxo ácido é muito mais 3 FISIOPATOLOGIA 4 comum do que o refluxo não ácido. ● Tem sido sugerido maior importância para o refluxo não ácido (ou fracamente ácido) na gênese dos sintomas da doença, sobretudo, tosse, pigarro e globus, em pacientes em tratamento com IBP. DOENÇA DO REFLUXO NÃO EROSIVA (DRGE-NE) ● A forma mais frequente da enfermidade é definida pela presença de sintomas desagradáveis associados ao refluxo, com ausência de erosões ao exame endoscópico. ● A presença de edema e eritema não caracterizam a ocorrência de DRGE-NE, a qual pode ser diagnosticada clinicamente com base na história clínica, embora a presença de sintomas típicos também não assegure o diagnóstico. ● Demanda a realização de um teste terapêutico, particularmente, em pacientes com menos de 45 anos de idade. DOENÇA DO REFLUXO EROSIVA (DRGE-E) ● Apresentação clássica da enfermidade, com sintomatologia clínica e presença de erosões ao exame endoscópico. ● Diversas classificações endoscópicas da esofagite têm sido propostas, sendo frequentemente adotada em nosso meio a denominada de classificação de Los Angeles. Classificação de Los Angeles RELAXAMENTOS TRANSITÓRIOS DO ESFÍNCTER ESOFAGIANO INFERIOR ● Normalmente, o EEI deve permanecer contraído fora dos episódios de deglutição. ● Os RTEEI são mais longos do que os relaxamentos ligados à deglutição e ocorrem sem relação com distensão ou peristalse esofágicas. ● Ocorrem predominantemente no período pós-prandial, desencadeados pela distensão do fundo gástrico. São comuns também no decúbito lateral direito. ● São fisiológicos, de curta duração e de rápida depuração. ● Na DRGE, aparece como o mecanismomais relevante para a ocorrência do refluxo. HIPOTONIA DO EEI ● A maioria dos pacientes com DRGE apresenta a pressão do esfíncter em limites normais, com a hipotonia do EIE relacionada apenas aos casos mais graves da doença. DEPURAÇÃO DO CONTEÚDO ÁCIDO INSUFICIENTE E DISMOTILIDADE ESOFAGIANA ● A depuração esofágica do material refluído ocorre em duas etapas subsequentes: ○ Peristalse: a qual não é totalmente efetiva, deixando uma pequena quantidade de secreção; ○ A secreção é, em seguida, lavada e tamponada pela saliva e pelo bicarbonato esofágico. 4 5 ● Alterações da motilidade esofágica podem, portanto, facilitar o aparecimento da DRGE. ● Em pacientes sem alteração peristáltica, a salivação é relevante, pois costuma reduzir o volume à noite, fator que quando alterado facilita a lesão esofágica durante esse período. ● Outros fatores que diminuem a produção salivar, como medicamentos anticolinérgicos, radioterapia para câncer de cabeça e pescoço, síndrome de Sjögren e tabagismo também estão relacionados com a ocorrência de DRGE. HIPERSENSIBILIDADE DO ESÔFAGO ● Para uma mesma exposição ao ácido, indivíduos reagem de maneira diferente, o que sugere uma participação da genética. ALTERAÇÕES ANATÔMICAS- HÉRNIA HIATAL ● A hérnia hiatal (HH) corresponde à migração proximal da JEG, fazendo o estômago adotar uma posição intratorácica. ● Isso leva à perda do fator protetor exercido pela crura diafragmática. ● Aproximadamente todos os pacientes com refluxo intenso e boa parte daqueles com refluxo leve apresentam HH. ● Nesses pacientes com HH, o suco gástrico fica armazenado na bolsa herniária, funcionando como uma espécie de reservatório de ácido, aumentando a intensidade e o tempo de exposição da mucosa esofagiana. ESVAZIAMENTO GÁSTRICO LENTIFICADO ● Alguns autores sugerem que o esvaziamento gástrico lentificado aumentaria o tempo de exposição do conteúdo ácido sobre a mucosa esofágica. ● Outros advogam que estaria associado também à lentificação do esvaziamento esofágico. AUMENTO DA PRESSÃO INTRA- ABDOMINAL ● A obesidade central, principalmente no caso de pacientes com índice de massa corpórea (IMC) > 25 mg/kg, está associada à DRGE e às complicações como esôfago de Barrett (EB) e adenocarcinoma de esôfago. ● A obesidade ocasiona aumento da pressão intra-abdominal, além de pressionar a JEG de maneira proximal, predispondo a HH. HELICORBACTER PYLORI ● Existem evidências demonstrando que a infecção por H. pylori não tem relação com a DRGE e que sua erradicação não agrava seus sintomas. ● Tendo em vista a remissão de sintomas ou cicatrização de lesões, até o presente, não está indicada a pesquisa do H. pylori ou sua erradicação. ESÔFAGO DE BARRET ● O esôfago de Barrett é a substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago por epitélio colunar contendo células intestinalizadas (metaplasia intestinal) em qualquer extensão do órgão; 5 6 ● Trata-se de uma condição adquirida que resulta do refluxo gastroesofágico crônico. ● O diagnóstico é primariamente suspeitado pelo exame endoscópico, mas deve ser sempre confirmado pelo exame histológico de fragmentos de biópsia, o qual demonstra metaplasia intestinal incompleta com presença de células caliciformes. ● Os mecanismos etiopatogênicos não são completamente entendidos. ● Estudos com a utilização de pHmetria de 24 horas demonstraram que pacientes com esôfago de Barrett apresentam refluxo ácido intenso, semelhante aos pacientes com esofagite erosiva complicada. ● O dano maior ocorre mais pelo tempo prolongado de exposição ao pH ácido inferior a 4 do que pelo número de episódios de refluxo. ● O esôfago de Barrett é uma condição pré-maligna que se acredita ser o maior fator de risco para o desenvolvimento de adenocarcinoma do esôfago distal. ● Aumenta a probabilidade de adenocarcinoma, por meio da displasia que pode ocorrer no epitélio de Barrett. ● A displasia é o único marcador que pode ser utilizado para delinear a população de maior risco de câncer esofágico. ● Permanece desconhecido se a supressão ácida (farmacológica ou cirúrgica) poderia alterar a história natural da metaplasia (esofagite→ metaplasia intestinal→ displasia→ neoplasia); ● Trabalhos recentes sugerem que a terapia com IBP está associada à redução significativa do desenvolvimento de displasia; ● Embora seja considerado precursor do desenvolvimento do adenocarcinoma esofágico, a incidência deste último é baixa, estimando-se 1:146 pacientes/ano de seguimento. ● O risco de malignização (displasia a adenocarcinoma) parece estar relacionado com a extensão do epitélio metaplásico (maior nos pacientes com esôfago de Barrett longo, maior que 3 cm). ● As manifestações clínicas da DRGE dividem-se em típicas e atípicas, sendo as últimas classificadas em esofágicas e extra esofágicas. MANIFESTAÇÕES TÍPICAS ● Pirose: sensação de queimação em localização epigástrica que irradia para região retroesternal 6 SINAIS E SINTOMAS 7 (30 a 60 minutos após as refeições) ● Regurgitação: sensação de retorno de conteúdo ácido à boca ou hipofaringe. MANIFESTAÇÕES ATÍPICAS ● Decorrem tanto da ação direta do material refluído sobre a via aérea como por reflexo vagal causado pela irritação mucosa. ● Esofágicas: caracterizadas pela dor retroesternal não cardíaca e pelo globus faríngeo; ● Extraesofágicas: sinais e sintomas orais (desgaste de esmalte dentário, halitose e aftas), sintomas otorrinolaringológicos (rouquidão, sinusite crônica, laringite posterior) e pulmonares (tosse crônica, asma, pneumonias de repetição). ● Pacientes com manifestações atípicas geralmente não apresentam sintomas típicos e erosões esofágicas no exame endoscópico. ● Pré-dizem complicações e necessidade de investigação sintomas de alarme, como disfagia e odinofagia, perda de peso, sangramento gastrointestinal (hematêmese/melena), anemia crônica, náuseas e vômitos, além de idade acima de 40 anos e história familiar de neoplasias malignas. ● O diagnóstico da DRGE se inicia com uma anamnese cuidadosa. ● Esta deve identificar os sintomas característicos, intensidade, duração, frequência, fatores desencadeantes e de alívio. ● Mesmo quando considerados isoladamente, esses sintomas apresentam valor preditivo para o diagnóstico de DRGE, embora com baixa especificidade. ● Quando os dois sintomas típicos ocorrem simultaneamente, a probabilidade de o paciente apresentar DRGE é elevada, ao redor de 90%. ● Quando os pacientes apresentam sintomas típicos duas ou mais vezes por semana, por no mínimo 4 a 8 semanas, existe razoável probabilidade de serem portadores de DRGE. ● É interessante observar que a intensidade é tão importante quanto a frequência dos sintomas e que existe relação entre a gravidade e a afetação da qualidade de vida. 7 4. Discutir as principais modalidades do diagnóstico e tratamento, identificando o mecanismo de ação das principais drogas para DRGE DIAGNÓSTICO 8 ● A ausência de sintomatologia típica não descarta a hipótese de DRGE. ● A tosse crônica, laringite crônica e asma são processos multifatoriais que podem ter o refluxo como fator potencial de agravamento. ● Os mecanismos causais para a tosse, laringite de refluxo e síndromes asmatiformes podem ser diretos (aspiração) ou indiretos (mediados neuralmente). TESTE DIAGNÓSTICO TERAPÊUTICO ● O teste diagnóstico terapêutico (IBP, administrado em dose plena por um período de quatro semanas) para os pacientes com menos de 45 anos e com manifestações típicas foi classificado como recomendação de grau A; ●Ainda assim, foi explicitamente recomendado que todo paciente com suspeita ou diagnóstico de DRGE realize a endoscopia digestiva alta (EDA) antes do início do tratamento. ● Essa orientação baseia-se no fato de que a EDA é um procedimento seguro e facilmente executado. ● Permite a visualização direta da mucosa e aumenta a acurácia diagnóstica nos casos de DRGE erosiva. ● O teste diagnóstico terapêutico eventualmente pode não apresentar resposta positiva, ou porque necessitam de dose maior do medicamento ou de sua utilização por período mais prolongado. EXAME ENDOSCÓPICO E BIÓPSIA DO ESÔFAGO ● É o método de escolha para o diagnóstico das lesões causadas pelo refluxo gastroesofágico. ● Permite a caracterização da presença de erosões da mucosa esofágica e possibilita a realização de biópsias. ● Assim, o exame endoscópico possibilita a classificação da DRGE em doença erosiva ou não erosiva. ● As biópsias de esôfago têm indicação limitada apenas às complicações da doença: esôfago de Barrett, úlceras de esôfago e estenose, além de caracterizar o adenocarcinoma esofágico. ● A dilatação do espaço intercelular pode, preferencialmente, ser observada à microscopia eletrônica, embora o diagnóstico nessa instância seja oneroso. ● Convém lembrar que um número relativamente elevado de pacientes não mostra alterações da mucosa ao exame (erosões) ou revela alterações inespecíficas como, edema e eritema. ● É recomendável o emprego da classificação de Los Angeles. RAIO X CONTRASTADO DO ESÔFAGO (ESOFAGOGRAMA) ● Indicação restrita em função dos avanços da avaliação endoscópica. ● Avaliar dinamicamente a morfologia do órgão e o tempo de trânsito do contraste. ● Para o diagnóstico de DRGE apresenta baixa sensibilidade e especificidade. ● O exame pode auxiliar na investigação de pacientes que referem disfagia e odinofagia. CINTILOGRAFIA ● Pode demonstrar o refluxo do conteúdo gástrico após ingestão de contraste marcado com 99Tc. ● O exame é caro e pouco disponível, mas, por ser uma técnica não invasiva, tem sido utilizado amplamente para o diagnóstico da DRGE em crianças. 8 9 MANOMETRIA CONVENCIONAL E MANOMETRIA ESOFÁGICA DE ALTA RESOLUÇÃO ● O diagnóstico da DRGE não pode estar baseado nos resultados do esofagograma ou da manometria esofágica. ● A manometria convencional está indicada: Antes da realização do exame pHmétrico, com o objetivo de precisar o local do EEI; No pré-operatório da DRGE; Na investigação complementar de disfagia; ● A manometria de alta resolução procura superar as limitações da manometria convencional, possibilitando o emprego de um grande número de sensores de pressão, inclusive sensibilidade circunferencial. ● A manometria de alta resolução apresenta maior especificidade na identificação dos tipos acalasia, obstrução funcional da junção esofagogástrica e na definição do espasmo esofágico. pHMETRIA ESOFÁGICA DE 24 HORAS ● O monitoramento do pH intraesofágico pode ser realizado via cateter transnasal ou com cápsula telemétrica sem fio e pode detectar episódios de refluxo medindo as diminuições do pH esofágico. ● Cateteres de impedância e pH posicionados por via transnasal no esôfago, avaliam a mudança da resistência elétrica conforme a composição química do material refluído e medem a direção do fluxo. ● Assim, este último método é capaz de medir refluxos ácidos e não ácidos. ● Deve ser lembrado que a pHmetria prolongada, dentre suas limitações, apresenta como a principal delas a incapacidade de determinar o volume ácido do refluxato. ● Ainda assim, é considerada um método específico e sensível para o diagnóstico do refluxo ácido gastroesofágico. Seu uso deve ser feito: ● Para documentar a exposição ácida em paciente com endoscopia negativa, quando considerado para intervenção endoscópica ou cirúrgica. ● Avaliação de pacientes com sintomas típicos de refluxo que apresentam endoscopia negativa e que são refratários ao tratamento com IBP. ● Na documentação da adequação do tratamento com IBP para controle ácido gástrico em pacientes com complicações como esôfago de Barrett. ● Na avaliação de pacientes com sintomas atípicos que apresentam a endoscopia negativa e que são refratários ao tratamento com IBP. pHMETRIA SEM FIO: CÁPSULA BRAVO ● Determinação do pH ácido esofágico, empregando a denominada cápsula Bravo. ● Ela dispensa o uso de sondas, fios ou cabos. ● Na verdade, o sistema constitui o aperfeiçoamento da pHmetria de 24 horas. ● A cápsula é afixada temporariamente por sucção na mucosa do esôfago distal, de onde transmite, via radiotelemetria, sinais para o receptor que é preso ao cinto do paciente. ● Após o período de exame, a cápsula se desprende espontaneamente e é eliminada pelo tubo digestivo, e os sinais são analisados por um programa instalado em computador. ● Permite o registro prolongado do pH esofágico por até 96 horas, 9 10 melhorando a acurácia da pHmetria. ● A utilização da cápsula sem fio ainda é restrita pelos custos. IMPEDÂNCIA ESOFÁGICA ● Tecnologia capaz de detectar o fluxo de líquidos e gás ao longo do esôfago por meio de um cateter intraluminar. ● Este capta o registro da resistência elétrica gerada pela passagem do bolo, permitindo a obtenção de medidas de alta resolução da motilidade gastrointestinal e transporte do bolo. ● A impedância é a medida da resistência elétrica resultante de uma corrente elétrica gerada entre pares de eletrodos quando da passagem do bolo alimentar. ● O método é capaz de diferenciar o trânsito esofágico de sólidos ou líquidos, tanto no sentido anterógrado quanto no sentido retrógrado (refluxo gastroesofágico). ● A monitoração do volume e conteúdo ácido do material refluído não pode ser determinado pelo método. ● Com base em mais de um estudo multicêntrico, pode-se dizer que aproximadamente 2⁄3 dos episódios de refluxo costumam ser ácidos e 1⁄3 deles fracamente ácidos. ● O refluxo alcalino é raro. ● A impedância pode ser útil nos seguintes casos: avaliação de pacientes com sintomas de pirose e regurgitação e endoscopia negativa. ● A acurácia diagnóstica aumentada da impedância sobre a pHmetria convencional é ainda maior quando o exame é realizado na vigência do tratamento com IBP. ● O tratamento da DRGE objetiva controlar os sintomas, cicatrizar as lesões e prevenir as complicações. ● O tratamento endoscópico, embora promissor, encontra-se ainda em fase de investigação. ● As medidas terapêuticas visam corrigir ou minimizar as consequências do refluxo gastroesofágico, o qual deve ser combatido. TRATAMENTO CLÍNICO ● A grande maioria dos pacientes se beneficia com o tratamento clínico; ● Abrange medidas comportamentais e farmacológicas, as quais devem ser implementadas simultaneamente. ● O paciente deve ser informado da natureza crônica da sua enfermidade. MEDIDAS COMPORTAMENTAIS ● A correção de hábitos de vida visam prevenir condições e alimentos que promovam ou facilitem o refluxo. ● Pacientes com distúrbio do sono, por exemplo, que pode ser consequente à pirose noturna, costumam se beneficiar com a elevação da cabeceira da cama. ● A redução do peso corporal deve ser recomendada rotineiramente para os pacientes obesos ou com sobrepeso, dada a forte associação entre o aumento do IMC e a probabilidade de aparecimento de sintomas. ● Embora as informações referentes aos benefícios da adoção de medidas comportamentais não sejam consistentes (grau B), sua adoção pode contribuir para a melhora. 10 TRATAMENTO 11 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ● A inibição da secreçãoácida gástrica é benéfica no tratamento dos pacientes com DRGE, haja vista ocorrer a melhora dos sintomas e a cicatrização da esofagite. ● Os fármacos disponíveis são: → Alcalinos (ou antiácidos) e sucralfato: são empregados para neutralizar a secreção ácida gástrica, servindo apenas para controle imediato dos sintomas. O seu ganho terapêutico é muito pequeno. São raramente empregados, estando indicados para fornecer alívio sintomático passageiro; → O alginato: é um polissacarídeo natural que se polimeriza quando exposto ao ácido formando uma matriz de gel sobrenadante ao conteúdo gástrico que posteriormente é estabilizada por íons cálcio. Assim, uma combinação de alginato-antiácido tem se mostrado efetiva em prevenir o refluxo originário da bolsa ácida. → Bloqueadores dos receptores H2 da histamina (cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina) apresentam bons resultados para a cicatrização de esofagite erosiva leve, mas não são ideais para o tratamento de doença moderada a intensa ou quando longo período é necessário; → Procinéticos (metoclopramida, domperidona e bromoprida) são eficazes para o alívio da pirose quando comparados a placebo. Porém, devem ser considerados medicamentos de exceção, uma vez que não aumentam o índice de cicatrização da esofagite. → Inibidores da bomba de prótons ● Classe de fármacos mais indicada para o tratamento da DRGE; ● Os índices de cicatrização são elevados, portanto, são seguras e eficazes para o tratamento prolongado. ● Ciclo de 4 a 8 semanas de tratamento para a fase aguda. ● São indicados em dose plena para o tratamento inicial da DRGE não complicada ou em dose dobrada para pacientes com complicações ou com manifestações atípicas. ● Evidências sugerem fortemente os benefícios da utilização de IBP no tratamento de manutenção da DRGE. ● As doses do tratamento de manutenção costumam ser inferiores àquelas utilizadas no tratamento da fase aguda. ● Tendo em vista que é necessária a ativação das bombas protônicas pelos alimentos para a estimulação da produção de ácido clorídrico, é recomendável a administração do IBP em jejum, 30 a 60 minutos antes da ingestão alimentar. ● Pacientes hipersecretores podem necessitar de dose dobrada do IBP para alívio ou cicatrização da esofagite. ● Eventos adversos: cefaléia, diarreia, constipação e dor abdominal. ● Na gravidez, o omeprazol está enquadrado na categoria C e os outros IBP na categoria B. ● Disbiose 11 12 TRATAMENTO CIRÚRGICO ● A princípio, o tratamento clínico constitui-se na primeira forma de abordagem. ● Boa parte melhora apenas com tratamento sintomático e a reeducação, centralizada em atividades físicas regulares e constantes. ● A indicação cirúrgica da DRGE tem opiniões controversas. ● Os consensos nacionais ou internacionais sugerem a correção cirúrgica nas seguintes condições: ○ esofagites recidivantes após tratamentos bem conduzidos, de no mínimo seis meses; ○ pacientes que apresentem complicações da DRGE; ○ perspectiva de uso de inibidores da bomba de prótons por longos anos; ○ hérnias de grande volume em pacientes com risco de volvo ou perfuração; ○ baixa idade. ○ Sintomas afetam na qualidade de vida; ● Os melhores resultados das operações ocorrem precisamente nos casos em que o tratamento clínico promoveu bom resultado. ● A normalização da motilidade esofágica e o aumento da pressão do esfíncter esofágico inferior com o uso de medicamentos ainda não foram totalmente alcançados. → Operação antirrefluxo, quer pela via laparotômica quer pela videolaparoscópica, é desenhada para diminuir a exposição esofágica ao suco gástrico pela criação de um mecanismo antirrefluxo sobre o esfíncter esofágico inferior. → Fundoplicaturas totais e parciais: Os procedimentos cirúrgicos mais utilizados são feitos pela via laparoscópica, nas quais o esôfago distal é envolvido pelo fundo do estômago em 360° e 270°, respectivamente. Associa- se a elas o fechamento do hiato esofágico. Nesses casos, o objetivo é restaurar o segmento intra-abdominal do esôfago, recriando uma zona de alta pressão na junção esofagogástrica. Aumenta-se, assim, a competência do esfíncter. → Linx: recentemente introduzida, ainda não disponível no Brasil. Este consiste em um sistema que utiliza um pequeno anel expansível composto por contas de titânio magneticamente imantadas que promove o aumento mecânico da função do esfíncter esofágico inferior. O aparelho é implantado por via laparoscópica no esôfago distal. A atração magnética entre cada conta aumenta a pressão do esfíncter esofágico inferior. 12 5. Conhecer as principais complicações da DRGE e o diagnóstico diferencial 13 ● As complicações incluem úlceras, hemorragia digestiva, estenose péptica, esôfago de barret e adenocarcinoma esofágico. ● Essas complicações estão relacionadas ao tempo de evolução da doença. ● As lesões características da DRGE ocorrem quando a mucosa do órgão é exposta ao refluxato gástrico que contém agentes agressores como ácido, pepsina, sais biliares e enzimas pancreáticas. ● A estenose péptica corresponde ao estreitamento luminal persistente do esôfago, secundária à inflamação crônica levando à fibrose decorrente do refluxo ácido. ● O esôfago de barret é a substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago por epitélio colunar, de qualquer um dos três tipos (fúndico, cárdico ou intestinalizado), em qualquer extensão do órgão (confirma na biópsia). ● O risco de desenvolver adenocarcinoma de esôfago em pacientes com EB é 40 vezes maior do que na população em geral. 13 COMPLICAÇÕES DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 14 14
Compartilhar