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Novas formas de sociabilidade - Tinder

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL 
CURSO DE PSICOLOGIA 
PSICOLOGIA SÓCIO HISTÓRICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOVAS FORMAS DE SOCIABILIDADE 
REDE SOCIAL TINDER 
Professor: Luiz Felipe Bastos Duarte 
 
 
 
 
 
BRUNO FEITOSA DE CARVALHAL ESMERALDO 
GABRIELA GOULART DA SILVA 
MARILANE RAMOS FONTAO DA SILVA 
OTÁVIO CARVALHO DOS SANTOS 
RAIANNY DELIZE SANTOS FAGUNDES 
 
 
 
 
 
CANOAS 
2018/1 
TINDER 
 
A sociedade moderna vive um período de expansão tecnológica, as novas 
tecnologias surgem a todo momento, muitas delas com o intuito de manter as pessoas 
conectadas a maior parte do tempo, conhecidas como Tecnologias da Informação e da 
Comunicação (TIC). Essas novas formas de comunicação vêm alterando de modo 
significativo o âmbito social e criando assim um novo espaço de interação distinto do 
espaço físico, sendo este conhecido por ciberespaço (Coutinho, 2013). As relações se 
tornaram mais fluídas, além de mais fáceis de acontecer, o que de certa maneira acabou 
criando para as pessoas uma zona de conforto, onde as mesmas funcionam segundo a lei 
do menor esforço e buscam a cada dia relações mais simples e rápidas. Nesse âmbito 
das relações temos várias possibilidades, que podem ser as relações comerciais, as 
grupais, as amizades, as relações de trabalho ou as amorosas e os grupos sociais 
interagem de outras formas, nem sempre juntos fisicamente. 
No campo de relacionamentos, o Tinder é um aplicativo com o objetivo de de 
realizar encontros românticos online coletando informações dos aplicativos Spotify e 
Facebook dos indivíduos, localizando as pessoas geograficamente próximas da 
localização do usuário. Sua interface é constituída de uma sucessão de perfis de outras 
pessoas. O usuário desliza o dedo sobre a tela para direita (arrastando o perfil de uma 
pessoa) se estiver interessado, ou para esquerda, se não estiver interessado. Isso é feito 
de restritamente de forma anônima. Pode-se também ver mais fotos e informações, se 
forem disponibilizadas no aplicativo, de cada pessoa registrada. Quando dois usuários 
estão mutuamente interessados um pelo outro, eles são informados e podem começar 
uma conversa. 
Lançado em 2012, o aplicativo atingiu em 2014, 100 milhões de usuários no 
mundo todo, sendo 10% do Brasil. Sendo o país, hoje, o terceiro com o maior número 
de usuários de Tinder no mundo, atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido. Até 
2016, adolescentes a partir dos 13 anos podiam usar o aplicativo, com a restrição de 
visualizar apenas perfis que também estivessem nessa faixa etária. Em março de 2017, 
iniciou o Tinder Select, um serviço que pode ser acessado somente por pessoas 
convidadas, incluindo celebridades, famosos e pessoas ricas. A ideia central é tudo 
esteja funcionando dentro do mesmo aplicativo, mas quem possui acesso a essa nova 
rede pode procurar pessoas tanto na rede normal quanto na exclusiva. Mostrando as 
restrições na hora de escolher um parceiro para ter um relacionando (Glasenapp e Volpi, 
2017). 
Sean Rad, CEO da empresa, disse que o Tinder “veio para resolver um problema 
fundamental que as pessoas têm em relação à descoberta de outras pessoas”, ou seja, 
uma parte os indivíduos não conseguem ter uma boa noção a respeito de quando alguém 
está interessado nelas e, desta forma, o aplicativo auxilia, de maneira rápida e prática, o 
problema que no ambiente social o indivíduo não agiria da mesma forma (Glasenapp e 
Volpi, 2017). Ainda, o Tinder ajuda em outra situação que, muitas vezes, precisaria ser 
contornada junto aos que são prejudicados por elementos imponderáveis (por exemplo, 
com o que dizer, como se apresentar decidir ser ou não mais espontâneo), além do fato 
de praticamente eliminar alguns elementos da comunicação não-verbal que agem de 
maneira decisiva, influenciando de forma positiva ou negativa o resultado final da 
“abordagem”, tornando o aplicativo seu drive de subjetividade. Recentemente uma 
pesquisa apresentada na convenção anual da Associação Psicológica Americana, revela 
que os usuários do aplicativo têm uma representação mais negativa da imagem do 
próprio corpo do que as pessoas que não acessam o aplicativo. Os usuários do aplicativo 
mostraram ter níveis mais baixos de satisfação com seus rostos e corpos por não 
estarem no padrão de beleza e por isso possuem níveis mais baixos de autoestima do 
que os homens e as mulheres que não usam o aplicativo (Glasenapp e Volpi, 2017). 
A ideologia da beleza faz com que a sociedade se mantenha refém desse 
inconsciente coletivo onde somente o magro é belo tendo vergonha de seu corpo. 
Através desta ideologia, a frase de Lacan “o inconsciente é o discurso do outro, e esse 
outro é a cultura”, mostra o quanto somos influenciados inconscientemente e somos 
capazes de fazer muito para defendermos esse padrão de beleza, mesmo sem perceber, 
como por exemplo, mostrar que somos de um jeito diferente do original nas redes de 
relacionamento. Essa ideia de corpo perfeito está enraizada há anos subjetivamente e 
desconstruí-la não é uma tarefa fácil, mesmo que já tenhamos avanços na sociedade. 
Muitas vezes procuram pessoas não por amor e sim por status, por muita diversão. 
São muitos os que estão à procura não de uma outra pessoa, mas de um produto, de 
qualquer coisa que possam exibir, mesmo sem nada a ver com sentimentos e afinidades, 
muitas vezes, preocupam-se mais com aparências e posses do que com o afeto 
(Glasenapp e Volpi, 2017). É esse comportamento em massa que estimula outros a 
desejarem ser quem não são. Isso os motiva a correr atrás de uma imagem distorcida de 
sua verdadeira pessoa, não se aceitarem mais. As representações sociais de beleza fazem 
com que as pessoas comecem a se descobrir descartáveis e rejeitáveis. 
O capital foi transferido para as relações interpessoais, e os indivíduos deixam de 
pensar coletivamente e passam a imaginar relações tão fáceis quanto o consumo 
oferecido pelo capitalismo (Silva e Vergas, 2012). O Tinder reflete a carência de uma 
população que se sente constantemente só, apesar de ter tantos amigos e amantes 
virtuais e ocasionais. Há dificuldade em se relacionar, ao mesmo tempo que possui uma 
necessidade constante. Como contraponto, Silva e Vergas (2012) esclarecem que, nas 
redes sociais, o processo de descrição do eu e também do seu eu ideal são levadas como 
o centro das atenções. Nesse sentido, o processo da sua identidade social pode se 
desenvolver de maneira supervalorizada e idealizada. Isso não significa que haja 
mentira ou falsidade, porém seu self real (verdadeira imagem de si) é deixado de lado 
para que o self ideal (aquilo que a sociedade espera que eu seja) permaneça presente. 
A cultura faz com que o indivíduo se sinta pressionado pela coletividade para 
tornarmos mínimo o nosso tempo sozinho. O melhor é ter centenas de amigos, redes 
sociais abarrotadas, fotos, festas, bens, beleza, corpo invejável e com isso ocorre o medo 
de rejeição. Tomar consciência de si e entrar em processo de individuação é chave para 
o bom uso das redes sociais e das novas formas de sociabilidade, pois, se usadas de 
forma saudável elas agregam e abrem portas não somente para relacionamentos e sim 
para um mundo de oportunidades e interações. 
 
 
Referências: 
 
Coutinho, M. L. (2013). A infidelidade virtual no relacionamento amoroso: correlativos 
afetivos e sociais. Tese (Doutorado em Psicologia Social) – Centro de Ciências 
Humanas e Letras, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil. 
Recuperado de http://tede.biblioteca.ufpb.br:8080/handle/tede/6931. 
 
Glasenapp, C., Volpi, S. M. D. (2017). As relações amorosas virtuais vistas sob a ótica 
baumaniana e da Psicologia Corporal. In: Volpi, J. H.; Volpi, S. M. (Org.) Anais do 
XXII Congresso Brasileiro de Psicoterapias Corporais, Curitiba, PR, Brasil. 
Recuperado de www.centroreichiano.com.br/artigos_anais_congressos.htm.
Silva, V; Vergas, A. (2012). “Qual romance é minha vida amorosa! ” Namoros virtuais 
e Narrativas. Dissertação (Doutorado em Ciências Sociais). Programa de Pós-graduação 
em Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Rio Grande do 
Norte. Recuperado de https://periodicos.ufrn.br/cronos/article/view/2222.

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