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O potássio é um íon monovalente (K+) e é o principal determinante do potencial de ação (potencial de membrana celular) → ele é responsável pela excitabilidade nervosa e muscular (miocárdio), e exocitose de hormônios. O meio intracelular é negativo e o extracelular é positivo, havendo uma diferença de potencial. De acordo com o estímulo, há abertura de canais de sódio (principal íon extracelular), que entra na célula levando cargas positivas e diminuindo a diferença de potencial, isso gera transmissão nervosa, contratilidade celular e exocitose de hormônios → em cada célula, essa potencial de ação terá um perfil diferente. Existe eletro neutralidade na membrana celular, a somatória de cargas final no meio intracelular negativa (por conta de aminoácidos negativamente carregados) é igual a somatória de cargas final no meio extracelular positiva (por conta da quantidade de sódio nesse meio). O potássio é o principal íon (em termos de concentração) do meio intracelular. o Concentração extracelular: 3,5 – 5,0mEq/L (2%); o Concentração intracelular: 140 – 150mEq/L (98%); o Conteúdo corporal total: cerca 50mEq/kg (p. ex: 70kg → 3500mEq) A bomba de sódio e potássio que gera essa diferença de concentração de potássio no meio intracelular e extracelular. Ao gastar 1 ATP, 3 Na+ são jogados para fora da célula e 2 K+ entram na célula. No meio intracelular, junto com o potássio, estão as proteínas negativamente carregadas e o fósforo (principal tampão do meio intracelular). Acompanhando o sódio no meio extracelular, há o cloro e o bicarbonato. Ingestão diária é em média de 100mEq → é absorvido no intestino e a maior parte vai para dentro das células, a única maneira de sair o excesso de potássio que não foi para as células é por meio da urina, uma pequena parcela (5 a 10%) sai nas fezes. O potássio ingerido é absorvido principalmente no colo. Seu excesso vai para o meio extracelular e por meio da bomba de sódio e potássio, este potássio entra no meio intracelular e libera o sódio para o meio extracelular. Estímulos que provocam o influxo do potássio da célula (associados à hipocalemia): 1. Hipercalemia 2. Alcalose → COMBINA COM HIPOCALEMIA → Se tem alcalose tem falta de H+, assim, H+ sai da célula e o K entra na célula. 3. Beta-2-Agonistas (substâncias adrenérgicas) → AUMENTA A AÇÃO DA BOMBA E LEVA A HIPOCALEMIA. 4. Insulina → ENTRA GLICOSE E NA, ESTIMULA A BOMBA E LEVA A HIPOCALEMIA → Potássio muito alto vai estimular as células beta do pâncreas a produzirem insulina, que irá agir nas células dos músculos, fígado para colocar glicose dentro da célula, mas para isso precisa entrar Na junto (co-transportador Na/Glicose), mas dentro da célula não é muito bom ter sódio, por isso ativa a bomba 3Na/2K- ATPase (tira 3 Na e coloca 2 K). Potássio baixo inibe a liberação de insulina, tendo pouca entrada de sódio, já que entra pouca glicose, assim tem baixa ação da bomba 3Na/2K-ATPase, sobrando mais K fora da célula 5. Aldosterona → AGE NO TÚBULO, AUMENTA A EXCREÇÃO DE POTÁSSIO E HIDROGÊNIO, LEVA AO SANGUE ALCALINO → Potássio alto e pressão baixa estimula a ação da aldosterona, que irá no túbulo contornado distal e coletor para jogar potássio fora e reabsorver sódio (troca sódio por potássio e aumenta a excreção renal de potássio). Se potássio está baixo no sangue, inibe a liberação de aldosterona, diminui a quantidade de potássio que está sendo eliminada na urina e estabiliza os níveis séricos de potássio. Potássio em excesso no me extracelular gera taquiarritmias pois ocorre diminuição da diferença de potencial, dificultando o processo de potencial de ação e contração da musculatura cardíaca. Estímulos que provocam o efluxo do potássio da célula (associados à hipercalemia): 1. Hipocalemia 2. Acidose → COMBINA COM HIPERCALEMIA → Toda vez que tem acidose, tem muito H+, que se difunde para dentro da célula, ambiente está equilibrado, carga positiva começa a sobrar, assim, potássio começa a sair da célula. 3. Hiperosmolaridade 4. Agonistas-Alfa-Adrenérgicos 5. Exercícios Extenuantes → GERAÇÃO DE ÁCIDO LÁTICO PROVOCA EFLUXO. Caso o potássio esteja muito baixo no meio extracelular, haverá efluxo de muita quantidade do meio intracelular para extracelular, alargando o tempo de despolarização e gerando bradiarritmias. OBS.: Na dosagem de potássio, o potássio é do meio extracelular, ou seja, hipercalemia e hipocalemia têm relação com a quantidade de potássio no meio extracelular. O túbulo proximal (maior parte terço distal) reabsorve cerca de 67% do potássio. A alça espessa ascendente de Henle absorve cerca de 25% do potássio por meio do co-transportador Na/K-2Cl, reabsorve e um canal específico o joga no sangue e o Na é reabsorvido por meio da bomba Na-K ATPase. Uma das maneiras de tratar potássio alto é dar furosemida que inibe o a reabsorção de Na K e Cl. Quase todo K é filtrado e reabsorvido até início do túbulo distal → Distal final, conexão e coletor ajustam a quantidade de K que deve ser eliminada para manter o balanço. No túbulo distal tem a ação da aldosterona que aumenta os canais que fazem a reabsorção de Na e excreção de K. Fatores que influenciam a excreção renal de K: 1. Aldosterona: aumenta a absorção de Na e excreção de K. 2. Aporte de Na ao distal/coletor: relação muito grande com o que sai de K do corpo, muito Na entrando, alguém sai, esse alguém é o K. 3. Dieta: dietas hipersódicas, perde muito potássio na urina. 4. Fluxo Intratubular distal: fluxo muito grande, mantém o gradiente para difusão de K nas células e perde muito potássio. 5. Bicarbonatúria: se tiver uma urina muito alcalina, vai reabsorver menos Na e vai excretar muito mais K. RESUMINHO: Hipercalemia é um distúrbio potencialmente grave, que pode requerer tratamento mesmo antes da confirmação laboratorial, sendo definida pela concentração sérica de potássio > 5 mEq/L, especialmente acima de 5,5 mEq/L. Comum, silenciosa e potencialmente letal. É de fácil tratamento. Além de reverter, deve-se descobrir a causa. O nível sérico do potássio é determinado por: o Ingesta o Distribuição entre os espaços intra e extracelular o Excreção renal de K+ Ao ingerir K+, este é transferido para o intracelular através da insulina e de agonistas beta2. Se potássio estiver muito alto fora da célula pode fazer 2 coisas: urina (diminui o total de potássio) ou guarda dentro das células. INGESTA EXCESSIVA: Causa infrequente. Desconfia-se apenas se houver excreção renal inadequada. Todos os alimentos contêm K (Frutas e legumes). É comum haver muitos medicamentos e suplementação com sais de K. Suplementos dietéticos orais e endovenosos (todos são muito ricos em potássio) → quando houver de ser aplicado em pacientes com doença renal crônica, esses suplementos vêm sem potássio e sem fósforo, pois o único jeito de excretar essas substâncias do corpo é por meio dos rins. Medicamentos potássicos: Citrato de K, penicilina G ACIDOSE: Tamponamento intracelular do H (via Na-K ATPase) → potencial eletronegativo no extracelular → atrai K. Inibição de secreção renal de K HIPEROSMOLARIDADE: Manitol, hiperglicemia sem insulina ou com resistência → aumentam a osmolaridade → provoca desidratação celular à hipercalemia. HIPOTERMIA: Morte celular → inibição da Na-K ATPase. Pode haver morte celular por: rabdomiólise (as células musculares explodem”, aumentando o potássio – comum em leptospirose e síndrome de esmagamento), Síndrome de lise tumoral, Hipertermia maligna, Síndrome neuroléptica maligna (paciente convulsiona e libera potássio do meio intra para extracelular), Drogas (agonistas aadrenérgicos, drogas de abuso como cocaína e crack). EXCREÇÃO RENAL INADEQUADA: o Hipoaldosteronismo o Acidose Tubular Tipo 4: defeito de reabsorção do túbulo distal e proximal o InsuficiênciaRenal: causa mais comum o Redução Do Volume Circular Efetivo o Uropatia Obstrutiva → por cálculo por exemplo, há obstrução ureteral e o rim para de filtrar e o potássio sobe o Nefrotoxicidade Tubular Por Inibidores Da Calcineurina: túbulo que filtra ou reabsorve muito potássio o Síndrome De Gordon o Ureterojejunostomia o Uso De Drogas Bloqueadoras Do Eixo Renina – Angiotensina – Aldosterona: enalapril, captopril, losartana... AS 4 CAUSAS PRINCIPAIS SÃO: 1. Aumento da liberação de potássio intracelular 2. Déficit importante da função renal (Cl Cr < 20 ml/min): o Ausência de oferta de na suficiente no néfron distal. o Ausência de quantidade suficiente de túbulos coletores para secretar K. o Déficit moderado da FR com oferta excessiva de K. 3. Hipovolemia grave à provoca acidose que provoca hipercalemia 4. Hipoaldosteronismo (quadro clínico típico: hipotensão, hipovolêmico e hipercalêmico) ou ausência de resposta à aldosterona o Existem cálculos matemáticos que conseguem diferenciar se é hipoaldosteronismo 1ª (suprarrenal em falência) ou 2º (falta de estímulo para a suprarrenal). o Para diagnóstico do hipoaldosteranismo: Investigar uso de drogas que impeçam a liberação de aldosterona ((AINE, bloqueadores do SRA, heparina, ciclosporina, diuréticos de alça) ou HIV. o Junto a dosagem de aldosterona, normalmente também é solicitado a dosagem da atividade plasmatica da renina (PRA) pois quando baixa, pode impedir funcionamento da aldosterona (ALDO). O cortisol basal (CB) também faz parte dessa dosagem. Com estas, são diferenciadas as principais causas de uma suprarrenal com resposta defeituosa: o Patogênese dos sintomas: diminuição do gradiente entre o K intra e extracelular → lentificação da saída do K IC → retardo da entrada do Na → diminuição da condução cardíaca, retardo da transmissão neuromuscular → paralisia muscular ou fraqueza. Os sintomas geralmente aparecem quando K > 7,0 mEq/L. As manifestações clínicas são inespecíficas e podem se confundir com a própria doença de base: fraqueza, adinamia, insuficiência respiratória, paralisia ascendente e arritmias cardíacas, inclusive fibrilação ventricular e assistolia. Manifestações específicas de cada doença podem estar sobrepostas. Onda T apiculada é um achado proeminente e, se não tratada, pode levar a progressiva alteração elétrica do miocárdio com consequentes arritmias letais. O tratamento depende da severidade da hipercalemia e da condição clínica do paciente, e pode incluir as seguintes medidas: • Promover uma translocação do potássio do extracelular para o intracelular, como β2 agonista inalatório, bicarbonato de sódio e solução polarizante (glicose e insulina). • Promover uma diminuição do pool corporal de potássio pelo aumento da excreção: diurético de alça (furosemida), resinas trocadoras de íons como a sulfona poliestireno de cálcio (sorcal) e os métodos dialíticos (peritoneal ou hemodiálise). • Medidas que não alteram o potássio sérico mas promovem uma estabilização elétrica do miocárdio. Isso pode evitar progressão para arritmias mais graves (cálcio). Algumas observações devem ser ressaltadas: • A resina (sorcal) não é absorvida e costuma causar constipação. Recomenda-se que seja diluída com um laxante (manitol ou sorbitol). A via preferencial é oral, pois tem maior eficácia, mas se houver vômitos, pode-se fazer via retal como enema de retenção (nesse caso, dobra-se a dose). • O bicarbonato de sódio tem menor eficácia quando há insuficiência renal crônica, e pode causar sobrecarga de volume, já que para cada 1 mEq de bicarbonato há 1 mEq de sódio. Muito cuidado se houver hipertensão arterial. Ambas as situações podem levar a edema agudo de pulmão. A droga só tem benefício em hipercalemia com acidose associada. Gluconato de cálcio a 10% é indicado quando houver qualquer alteração eletrocardiográfica compatível com hipercalemia, independentemente do nível sérico do potássio. Entretanto, ele não deve ser prescrito “profilaticamente”: • Dilui-se 10 a 20 mL do gluconato de cálcio em 100 mL de cloreto de sódio 0,9% ou em soro glicosado e infunde-se em dois a cinco minutos. • Repetir o ECG após a infusão. • Se persistirem as alterações no eletrocardiograma, pode-se repetir o gluconato de cálcio. Ele tem duração de trinta a sessenta minutos e protege o miocárdio de arritmias mais graves, embora não cause alteração na concentração sérica do potássio. Deve ser a primeira medida em pacientes com alterações eletrocardiográficas. DIMINUIR O POTÁSSIO EXTRACELULAR: o Bicarbonato o Beta2 adrenérgicos o Insulina. EXCRETAR POTÁSSIO PARA FORA DO CORPO ATRAVÉS DAS FEZES: o Sorcal: resina de troca iônica com capacidade de absorver o potássio que está no TGI, gerando maior excreção de potássio pelas fezes. Junto ao sorcal, deve-se administrar laxante para que essa substância não se solte do potássio antes de ser excretado, o que gera diarreia. ATRAVÉS DA URINA: Todo potássio que chega no glomérulo é filtrado, sendo 65% reabsorvido no túbulo proximal, 25% na alça espessa de Henle. O restante é absorvido no túbulo distal e coletor. Os túbulos distal e coletor ajustam a quantidade de K+ que deve ser eliminada para manter o balanço → absorvem potássio na dependência da aldosterona, que se estiver alta secreta muito potássio, e se estiver baixa, secreta pouco. Parte do sódio entra por canais no túbulo coletor, fazendo com que o potássio saia. O hipertenso que não tem disfunção renal normalmente tem pouco potássio pois tem muito sódio que é reabsorvido pelos canais de sódio, sendo trocado pelo potássio que entra no intracelular (diminui o potássio extracelular) → o hipertenso tende a ser hipocalêmico. o Furosemida: é um diurético de alça muito potente (age na alça de Henle) que inibe a ação do cotransportador NaK2Cl, gerando maior perda de potássio, cloro e sódio. Hipercalemia é uma das poucas indicações (assim como hipercalcemia) para administrar furosemida juntamente com soro. o Tiazídicos: aumenta o fluxo de sódio e líquido no túbulo coletor. É um diuretido espoliador de potássio. Caso não haja clínica para hipercalemia, deve-se suspeitar de pseudo- hipercalemia. A amostra de sangue pode ter sofrido hemólise. SUSPEITA: o K + hemólise o Leucocitose ou trombocitose podem provocar potássio alto na amostra o Ausência de causas identificáveis o Ausência de alterações ECG Deve-se suspeitar de erro na coleta o Sangue hemolisado o Torniquete apertado com movimentação ativa da extremidade → acima de 2 mEq/L do K sérico Hipocalemia é definida como uma concentração sérica de potássio menor que 3,5 mEq/L. Dos distúrbios eletrolíticos encontrados em emergências, alterações no potássio sérico são os mais graves e potencialmente fatais. É o distúrbio eletrolítico ambulatorial mais comum. A hipocalemia reflete um grande déficit do K corporal. (ex: se há perca de 0,3 mEq/L de potássio, significa que houve perca de 100mEq de potássio total.) O déficit do potássio corporal total é geralmente bem tolerado, sendo os principais portadores aqueles que fazem uso de tiazidicos em altas doses. Os portadores de problemas cardiovasculares possuem os principais riscos. Paciente com hiperaldosteronismo vai estar hipocalemico, normo ou hipervolemico, hipertenso e alcalótico → MUITA ALDOSTERONA, ELIMINA MUITO H+ E K+ NA URINA = ALCALÓTICO E HIPOCALEMICO, AUMENTA A RETENÇÃO DE SAL, AUMENTA A PRESSÃO = HIPERTENSO. As manifestações clínicas dependem de: • Gravidade da hipocalemia: raramente há alguma manifestação com potássio maior que 3 mEq/L. • Velocidade de instalação da hipocalemia: na paralisia periódica hipocalêmica há manifestações mais graves para uma mesma concentração sérica de potássio. • Doença de base: cardiopatia prévia, principalmenteisquêmica, idade avançada e uso de digital aumentam o risco de complicações da hipocalemia. Nas hipocalemias mais graves (< 2,5 mEq/L), podem surgir: • Fraqueza generalizada (até tetraplegia flácida). • Rabdomiólise (pode levar a mioglobinúria e insuficiência renal). • Íleo paralítico. • Poliúria (decorrente de tubulopatia). • Distúrbios do ritmo cardíaco (extrassístoles ou taquiarritmias). As alterações eletrocardiográficas podem ser sutis, e incluem: • Ondas U (concavidade para baixo ao final da onda T). • Achatamento da onda T. • Depressão do segmento ST. • Arritmias (principalmente em cardiopatas e em usuários de digitálicos). • Atividade elétrica sem pulso ou assistolia 1º passo: rever histórico de drogas que o paciente possa ter ou estar usando. Caso não exista uso de medicações, geralmente pensar em: o Perda renal induzida por alcalose metabólica → Baixa quantidade de H no túbulo coletor → permuta de Na por K. o Perda fecal induzida por diarreia. MEDIDAS DIAGNÓSTICAS Dosar: o Urina: rotina, Na, K, creatinina, uréia o Sangue: uréia, creatinina, Na, K, Cl, Mg, gasometria venosa Avaliação da volemia o Hipovolemia gerando alto nível de aldosterona à excreção de K urinário o Na U < 40 mEq/L o Fração de excreção de sódio < 1% o Fração de excreção de uréia < 35% Dosar K urinário: o Se > 25 – 30 mEq/dia → perda de origem (ou pelo menos com a contribuição) renal. o Na amostra de urina: Ku > 15 mEq/L. o Fração de excreção de K < 8,5% OBS: Na U > 100 mEq/dia Dosar gasometria o Acidose metabólica + redução de Ku → perda intestinal baixa. o Acidose metabólica + aumendo de Ku: cetoacidose diabética; acidose tubular renal tipo 1(distal) ou 2 (proximal); nefropatia perdedora de sal o Alcalose metabólica + redução de Ku: vômitos repetidos ou uso de diurético anterior; alguns casos de uso de laxantes. o Alcalose metabólica + aumento de Ku sem HA: vômitos repetidos; diuréticos; síndrome de Bartter, Gitelman o Alcalose metabólica + auemnto de Ku com HA: hiperreninemia; excesso de mineralocorticóide; uso de diuréticos; doença renovascular. Deve-se classificar: o 3 -3,5: hipocalemia leve o 2-3: hipocalemia moderada o <2: hipocalemia grave No estado moderado a grave deve-se fazer reposição endovenosa de KCl diluido em soro, com infusão lenta. No estado leve, faz reposição via oral. O tratamento da hipocalemia pode ser dividido em: • Suporte clínico: tratar desidratação, vômitos, estabilização hemodinâmica e respiratória. • Tratamento da doença de base. • Reposição do potássio. O grau de depleção de potássio corporal é variável, mas, regra geral, para cada 1 mEq/L de redução na concentração sérica há um déficit corporal total de 150 a 400 mEq. Isso tem uma implicação prática: após a correção da concentração sérica do potássio, é necessária a manutenção da reposição durante vários dias a várias semanas. Preparações de potássio mais usadas: • KCl xarope 6%: 15 mL têm 12 mEq de potássio; dose usual de 10 a 20 mL após as refeições, três a quatro vezes ao dia. • KCl comprimido: 1 comprimido tem 6 mEq de potássio; dose usual: 1 a 2 comprimidos após as refeições, três a quatro vezes ao dia. • KCl 19,1% (IV): cada 1 mL tem 2,5 mEq de potássio; ampolas disponíveis de 10 mL. Quarto íon mais abundante do organismo. Segundo mais prevalente no meio intracelular (após o potássio). Em um organismo adulto saudável tem-se cerca de 21-28 g de magnésio, distribuídos em três compartimentos principais: ósseo (65%), muscular (34%) e plasmático e fluido intersticial (1%). Apresenta importância como agente estabilizador de membranas, ácidos nucleicos, proteínas e como substrato/cofator de diversas enzimas, cofator do ATP, modulador da fosforilação oxidativa e regulador dos canais iônicos. Está envolvido com o transporte de potássio, condução nervosa e contração muscular. O Mg e K andam juntos, pois são os 2 principais do meio intracelular. A maior porcentagem do Mg está nos ossos, depois músculos, pouco fica livre no soro (dosado 1,7 valor normal). Toda vez que tem hemólise o Mg e K ficam altos, pois eles estão intracelulares. Uma dieta habitual tem 4mg/kg/dia. Banana, castanhas (muito calórica). A absorção de 14-60% ocorre por difusão simples ou facilitada acompanhada pelo gradiente de água, onde absorve mais água (jejuno e íleo) é onde absorve mais Mg no intestino (se a pessoa tirou um pedaço do intestino ou bariátrica pode precisar de reposição de Mg parenteral). Proteínas, carboidratos, Na, H2O e vit D estimulam a absorção. Fosfato inibe absorção; fosfato tem carga negativa e Mg positiva aí tem reação que se combinam e não é absorvido. Suplementação para quem usa diuréticos que eliminam K e Mg, quem tem diarreia. No geral quem se alimenta bem não precisa de suplementar. Maior parte do que é filtrado é reabsorvido, para maior parte dos íons a absorção de 60% é no túbulo proximal, mas o Mg não, é na parte espessa ascendente da alça de Henle (onde tem processo de diluição da urina), por isso diuréticos de alça esfolia Mg, pois inibe essa absorção (sem diurético eliminamos só 5% do Mg). O PTH (age no cálcio, fosforo e Mg) também age na concentração intracelular de Mg e tem influência no processo de reabsorção. Hiperparatiroidismo pode ter alteração na concentração de Mg. As causas de depleção do magnésio são: desnutrição (maior parte dos pacientes não repõe magnésio com alimentos ricos nesse íon), poucos pacientes tem perda renal do magnésio (existem doenças do túbulo distal e coletor que podem levar à perda do magnésio, um exemplo são as acidoses tubulares renais), pacientes que tomam hidroclorotiazidas e outros tiazídicos inibem a absorção de sódio no tubo distal e coletor e com isso acabam consequentemente inibindo a reabsorção de magnésio (perda renal como possibilidade para pacientes que tomam medicamentos nefrotóxicos). Magnésio considerado baixo quando estiver abaixo de 1,4meq/L ou 1,7mg/dL. Quando suspeitar: diarreia crônica, uso de diuréticos, hipocalcemia/hipopotassemia refratarias, arritmias (especialmente após eventos isquêmicos). Tem como calcular a fração de excreção de magnésio: Mg Urina x Cr Plasma / 0,7 x Mg Plasma x Cr Plasma *níveis > 2% ou MgU > 10mg sugerem aumento de perda renal → Via de regra você repõe magnésio e mantem o nível* Sinais e sintomas de magnésio baixo: câimbras, dores musculares, fascicuclações, tremores, hiperatividade, hiperreflexia (segue a mesma linha do cálcio) Cálcio: o Mg influencia o metabolismo do Ca inibindo a secreção e promovendo a resistência óssea a ação do hormônio quando em níveis baixos (AMPc). Potássio: a hipomagnesemia pode cursar com hipocalemia devido a menor ação do ATP nas células tubulares. Tratamento repor magnésio, pode ser via oral, via EV → Infusão parenteral de soluções eletrolíticas, contendo magnésio (10 a 40 mEq/l/dia, durante o período de maior gravidade, seguindo-se manutenção com 10 mEq/dia). O sulfato de magnésio pode também ser dado por via IM (4a8g/66a 133mEq, diariamente, divididos em quatro doses; os níveis séricos devem ser monitorizados para prevenir a concentração superior a 5 - 5,5 mEq/l). Vou usar o magnésio para: repor magnésio baixo, casos de broncoespasmo refratário (sulfato de magnésio, após fazer tudo para broncoespasmo), GO (eclampsia ou inibir trabalho de parto prematuro – se dou magnésio para de contrair musculatura lisa). Magnésio muito baixo e potássio baixo junto, mas uma carência de magnésio pode evoluir para uma TVPolimórifoca. Complicação mais comum. Esse padrão e típico de parada cardiorrespiratória, faz sulfato de magnésio (anda juntamente com hipocalemia). Torsades de pointes é uma forma específica de TV polimórfica em pacientes com um intervalo QT longo. Ela é caracterizada por complexosQRS irregulares rápidos, que parecem estar se torcendo em torno da linha de base do ECG. Essa arritmia pode cessar espontaneamente ou degenerar em fibrilhação ventricular. Ela provoca comprometimento hemodinâmico significativo e muitas vezes morte. O diagnóstico é realizado por ECG. O tratamento é com magnésio IV, medidas para encurtar o intervalo QT e desfibrilação elétrica quando a fibrilação ventricular é precipitada. Mais comumente, prolongamento do intervalo QT e consequente TV do tipo torsades de pointes, é resultado de uso de fármacos, normalmente um antiarrítmico da classe Ia, Ic ou III. Outros fármacos que podem induzir TV do tipo torsades de pointes incluem antidepressivos tricíclicos, fenotiazinas, certos antivirais, antifúngicos e antimaláricos (como o caso da CLOROQUINA!) Muito comum em pacientes etilistas, está relacionado com a deficiência de magnésio, é causa de parada. Um dos efeitos colaterais da cloroquina é produzir hipomagnesia, que pode levar a isso. Níveis maiores que 2,1 mEq/L ou 2,6 mg/dl. O excesso de magnésio é quase sempre o resultado de uma insuficiência renal e inabilidade em excretar o que foi absorvido do alimento ou infundido. Em pacientes com IR o uso de antiacidos, enemas e dialisados com alta concentração de Mg podem causar o distúrbio. Ocasionalmente pode ser causada por intoxicação por sulfato de magnésio. Pode excepcionalmente ser causado por insuficiênca suprarrenal (contração do volume plasmático) ou por hiperparatireoidismo primário (ação do PTH na reabsorção tubular de Mg). Fraqueza muscular, queda da pressão sanguuínea, sedação e estado de confusão mental. O ECG mostra aumento do intervalo P-R, alargamento dos complexos QRS e elevação das ondas T. A morte, geralmente, resulta da paralisia dos músculos respiratórios. O tratamento é dirigido no sentido de melhorar a insuficiência renal. Podem ser usados o cálcio que age como antagonista do magnésio e pode ser empregado por via parenteral para benefício temporário (gluconato de calcio 100 200 mg EV em 5-10 min) ou a glicoinsulina. Pode estar indicado na diálise peritoneal ou extracorpórea. Metformina é uma sulfoniluréia, ou seja, promove a liberação de insulina a partir das células beta do pâncreas. Tem risco de acidose lática em paciente com disfunção renal, podendo gerar hipercalemia. O paciente também ingere insulina, que pode provocar hipocalemia. Ingere hidroclorotiazida, um diurético tiazidíco que não influencia no potássio. Anlodipino é um bloqueador de canal de cálcio, trata hipertensão. Furosemida é um diurético espoliador de potássio. Enalapril é um IECA, ao bloquear ECA, bloqueia aldosterona, deixando de reabsorver sódio e de jogar potássio para meio extracelular, podendo provocar hipercalemia. Formaterol é um beta2 agonista (gera hipocalemia) e a budesonida é corticoide (gera hipercalemia). Tiotrópio é um anticolinérgico. Prednisona é um corticoide que pode gerar hipercalemia. Sinvastatina é estatina que é estabilizador de placas de gorduras. AAS é um antiagregante plaquetário. No ECG do paciente, não há arritmia, QRS está com tamanho normal. Não há onda T, desconfiando de hipocalemia. O bicarbonato está alto, a PCO2 está levemente aumentada. Pensa-se em alcalose metabólica e respiratória (mista). Está saturando bem, excluindo insuficiência respiratória. Propanolol é um beta bloqueador não seletivo utilizado para hipertensão. Losartana é um BRA, também utilizado para hipertensão. → os dois aumentam o potássio. Furosemida (espoliador de potássio, diminui o potássio) e esperinolactona (poupador de potássio, aumenta o potássio) são diuréticos. Este paciente está hipovolêmico, devendo realizar reposição volêmica. O natural é estar taquicárdico quando hipotenso, o paciente se contra bradicardico por conta da utilização do beta bloqueador. Em seu ECG é visto várias derivações com onda T aumentadas, pensando em hipercalemia. Se não tratado, pode evoluir, nesse caso, faz-se solução de glicoinsulina e bicarbonato. Também se utiliza gluconato de cálcio que não mexe com o potássio mas estabiliza as membranas das células cardíacas. Há acidose metabólica (bicarbonato baixo) com compensação respiratória. Há suspeita de cetoacidose diabética. Cetoacidoses diabéticas normalmente vem acompanhadas de distúrbios do sódio e potássio. 1. . Medicina de Emergência: Abordagem Prática por Irineu Tadeu Velasco. 2. Resumos da Med
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