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• Doença infecciosa crônica, não contagiosa, causada por diferentes espécies de protozoário do gênero Leishmania • Acomete pele e mucosas (oral, genital e nasal) • Infecção zoonótica primária (o protozoário tem o parasitismo natural por animais) • Afeta o ser humano secundariamente. Fatores relacionados ao hospedeiro e ao parasita influenciam a forma clínica e a resposta ao tratamento (depende da espécie envolvida, da resposta imune do hospedeiro e a resposta ao tratamento) • Lesão típica: Lesão única e ulcerada. Epidemiologia: No mundo existe em torno de 1 a 1,5 milhões de caso/ano, principalmente em regiões tropicais e subtropicais, 90% dos casos correspondem ao Brasil, Peru e Bolívia. • No Brasil 45% ocorre na região norte e 25% na região nordeste • 3 perfis epidemiológicos 1 – ciclo silvestre 2 – ciclo periurbano/urbano/rural 3 – ciclo ocupacional ou lazer • Acomete ambos os sexos, mas tem prevalência de 74% dos homens (tipo de hábito de vida) • Qualquer faixa etária. Agente etiológico: Leishmania • Protozoário; parasita intracelular obrigatório das células do sistema macrofágico. • Duas formas: o Forma amastigota → intracelulares → encontrado no ser humano na lesão. o Forma promastigota → forma flagelada → forma infectante encontrada no mosquito palha • No Brasil chamamos atenção para 3 espécies importantes o Leishmania braziliensis o Leishmania guyanensis (mais presente no norte) o Leishmania amazonenses (mais presente no norte) Ciclo Evolutivo da doença: Os principais vetores é a transmissão por flebotomíneos (gênero) – Os principais vetores no Brasil são Lutzomyia e Psychodopygus Os principais reservatórios são silvestres - roedores, marsupiais, desdentados e canídeos silvestres; Os animais domésticos podem também funcionar como reservatórios cães e gatos. Patogênese: • O surgimento da lesão ocorre após um período de incubação que pode variar de 2 semanas a 2 anos (média de 1 a 3 meses) • Lesão inicial: o Local de inoculação do protozoário (local da picada) o Geralmente ocorre em áreas expostas o Pápula eritematosa que ganha um relevo maior e ulcera de forma central o Geralmente são lesões únicas ou podem ser múltiplas (se houver múltiplas picadas ou pela própria evolução) • Evolução da lesão: Pápulo-vesiculas → pápulo -pustulosas → pápulo crostas → úlceras Característica da lesão Clássica – leishmaniose cutânea localizada • Úlcera em modura • Bordas elevadas, infiltradas e eritematovioláceas • Fundo granuloso • Secreção sero-purulenta • Indolor (quanto tem dor é importante suspeitar de infecção bacteriana secundária) • Pode haver involução espontânea • Cicatriz atrófica na área afetada Formas da Leishmaniose tegumentar americana Quanto mais intensa a resposta de tipo 1, maior a eficiência na eliminação do parasita. Quanto mais presente a resposta de tipo 2, ao contrário, maior será a sobrevivência do protozoário. Leishmaniose Cutânea Principal agente: - L. braziliensis -L. amazonenses - L. guyanensis Parasitas: ++ Macrógago ++ Imunidade celular ++ Ac: + INF Gama: +++ IL-10 ++ Leishmaniose Mucosa Principal agente: - L. braziliensis Parasitas: + Macrófagos: + Imunidade celular ++++ Ac: +++ INF gama +++++ ILA 10 ++ Leishmaniose Cutânea difusa Principal agente: - L. amazonenses Parasitas: ++++ Macrófagos: + +++ Imunidade celular - Ac: ++++ INF gama ILA 10 ++++ Formas da Leishmaniose tegumentar americana 1) Leishmaniose cutânea disseminada • Múltiplas lesões acneiformes em 2 regiões corporais + sintomas gerais (febre, astenia ou perda de peso) • Quadro clínico ocorre após semanas da lesão inicial • Acometimento de mucosa ocorre em torno de 30% dos casos • Acomete mais indivíduos imunocomprometidos 2) Leishmaniose cutânea difusa • Caracteriza por evolução crônica e por apresentar difusão de lesões por toda a pele, de aspecto predominantemente infiltrativo e tuberoso (não ulcera) • São pacientes anergicos (sem resposta imune celular positiva) • Montenegro sempre negativo • Ocorre comprometimento discreto ou ausente de mucosas, ausência de comprometimento visceral e resistência a terapêutica 3) Leishmaniose mucosa • Geralmente ocorre de disseminação hematogênica de um foco primário • Lesões na mucosa surgem após 1-2 anos Eritema e discreta infiltração → processo ulcerativo → destruição do septo → nariz tomba (deformidade centro facial) 4) Leishmaniose Cutânea recidiva cútis • Consiste no aparecimento de nódulos ou tumorações em torno ou sobre lesões cicatriciais • Reativação causada por parasitas que ficam confinados pelo processo cicatricial • Pode ocorrer após o tratamento ou após a involução Diagnóstico diferencial • Leishmaniose cutânea o Piodermites o Ulceras traumáticas o Micoses profundas o Carcinomas o Pioderma gangrenosa o Tuberculose cutânea • Leishmaniose cutaneomucosa o Rinofima o Paracoccidioidomicose o Carcinomas o Rinoescleroma o Linfoma o Granulomatose de Wegener Diagnóstico Laboratorial • Exames parasitológicos ➔ Exame direto o Raspado da lesõa (linfa dérmica) o Escarificação da face externa da borda da lesão (retirada da linfa dérmica) o Corado com Glemsa ou Leishman → presença de amastigota o Em lesões recentes e sem tratamento até 3 meses da apresentação tende a dar positiva o Dificilmente é positivo em lesões mucosas. ➔ Cultura o Caracterização da espécie (utilizado mais para estudos) o Meino NNN (novy-McNeal- Nicolle) o Sensibilidade baixa de 40% • Exames imunológicos ➔ Intradermorreação de Montenegro o Suspensão (0,1 -0,3 ml) de Ags de leishmania na face interna do antebraço direito (leitura em 48-72hrs) ▪ Poisitivo → induração > ou igual a 0,5 cm • Significa uma infecção presente ou passada e apresenta um grau de reatividade imune celular contra leishmania • Estar infectado no presente ou ter tido contato no passado ▪ Negativo • Leishmaniose cutânea difusa (anérgico), leishmaniose dérmica pós calazar e infecções recentes • Nas primeiras 4 a 6 semanas após o surgimento da lesão cutânea ➔ Testes sorológicos o Imunofluorescência direta ▪ Sensibilidade de 75% ▪ > 1:80 → pode indicar infecção ▪ Acompanhamento pós tratamento (mas pode ser acompanhado também apenas pela regressão da lesão) o ELISA o Reação de fixação do complemento o Exames moleculares ▪ Reatividade de Acs monoclonais ▪ Cariotipagem molecular ▪ Genotipagem por PCR ou hibridização → feito nos casos de leishmaniose de mucosas ▪ Inoculação em animais em laboratório • Histológico o Biopsia com histopatológico é sempre pedido o Importante para o diagnostico diferencial o Visualização da forma amastigota Tratamento ➔ Cuidados locais em úlcera o Limpeza com água e sabão o Compressas antissépticas ➔ Primeira linha: Exceto L. guyanensis • Antimoniato de Meglumina (glucantime) o Dose recomendada IM ou EV 10 a 20 mg/ Sb/kg/dia → 20 DIAS (Injeção diária) para Leishmaniose Cutânea Localizada 20 mg/Sb/KG/DIA → 30 DIAS para Leishmaniose Difusa ; considerado 2 linha para LCD 20mg/Sb/kg/dia → 30 DIAS para Leishmaniose Mucosa + pentoxifilina 400 mg 3x ao dia por 30 dias Obs: se após 3 meses não responder(lesão regredir), repetir mais 1 ciclo e aguardar 3 meses, se persistir a resposta, trocar o esquema Como calcular a dose para o paciente? Glucantime tem 5 ml e cada ml tem 81 mg/Sb por ml Para um paciente de 60kg que vai fazer 20 mg 20x60 = 1200 mg Sb/dia / 81 = 14 ml (quase 3 ampolas) • O antimoniato de meglutmina (glucantini) pode ser feito o Intralesional: Para lesão única com até 3 cm de diâmetro no seu maior diâmetro, em qualquer localização,exceto cabeça e regiões periarticulares, incluindo leishmaniose recidiva cútis e sem imunossupressão o Dose: Uma a três aplicações de aproximadamente 5 ml por sessão, com intervalo de 15 dias entre as sessões Atenção: importante uma avaliação prévia com hemograma, função renal (ureia e creatinina), pancreática (amilase e lipase), hepática (bilirrubinas, FA e transaminases) e ECG • Efeitos colaterais: alterações cardíacas, artralgia, mmialgia, vômitos, pancreatite, febre, prurido, fraqueza, edema e IRA. • Principal efeito adverso – dose e tempo-dependente → distanciamento de repolarização (inversão e achatamento da onda T e aumento do espaço QT) → arritmia importante • Contraindicações o Gestantes o Há restrição de uso dos antimoniais em paciente com idade acima dos 50 anos, cardiopatas, nefropatas, hepatopatias e doença de Chagas. ➔ Segunda Linha: • Desoxicolato de Anfotericina B o Dose recomendada: 0,7 a 1 mg/kg/dia diariamente ou em dias alternados, EV, dose máxima diária de 50mg. Dose total de 25 a 40 mg/kg Quando usar? • Gestantes • Falha do antimonial ou intolerância • Avaliar a função renal, hepática, cardíaca e ionograma • Efeitos adversos: febre, náuseas, vômitos, hipopotassemia e flebite. ➔ Terceira linha: exceto para a forma LD • Pentamidina o Dose recomendada: ▪ 4 mg/kg/dia em 3 doses com intervalo de 72h IM ou 48h EV na LCL ▪ 3 a 4 mg/kg/dia, IM ou EV, em dias alternados por 7 a 10 doses na LM ▪ Dose máxima diária de 300mg Para a LCL por L. guyanensis e na forma LCD com a L. amazonenses ➔ Primeira linha: Pentamidina o Dose recomentada ▪ 4mg/kg/dia, 3 doses, com intervalo de 72h (LCL) ▪ 4 mg/kg/dia IM ou EV, em dias alternados, 10 doses (LCD) ▪ Dose diária máxima de 300 mg o Avaliação hepática, renal, cardíaca e glicemia. Profilaxia • Combate aos animais reservatórios • Combate ao flebótomo doméstico e semidoméstico, proteção dos sadios por vários métodos (inseto-repelente e mosquiteiro) • Vacina → ainda faltam pesquisas
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