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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA MARCOS VINICIUS DA SILVA DANTAS FERNANDES A TECNOMORFOLOGIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE: A CONFIGURAÇÃO TERRITORIAL DA INFOVIA POTIGUAR NATAL-RN 2022 MARCOS VINICIUS DA SILVA DANTAS FERNANDES A TECNOMORFOLOGIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE: A CONFIGURAÇÃO TERRITORIAL DA INFOVIA POTIGUAR Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como pré-requisito para o título de Mestre em Geografia, na área de concentração Dinâmica Socioambiental e Reestruturação do Território. Linha de Pesquisa: Território, Estado e Planejamento. Orientador: Prof. Dr. Raimundo Nonato Junior. NATAL-RN 2022 Fernandes, Marcos Vinicius da Silva Dantas. A tecnomorfologia do estado do Rio Grande do Norte : a configuração territorial da Infovia Potiguar / Marcos Vinicius da Silva Dantas Fernandes. - Natal, 2022. 343 f.: il. Dissertação (mestrado) - Centro de Ciências Humanas Letras e Artes, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022. Orientador: Prof. Dr. Raimundo Nonato Junior. 1. Tecnomorfologia - Dissertação. 2. Configuração territorial - Dissertação. 3. Rede - Dissertação. 4. Sistema de indicadores - Dissertação. 5. Infovia Potiguar - Dissertação. I. Junior, Raimundo Nonato. II. Título. RN/UF/BS-CCHLA CDU 908:004.7(813.2) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA Elaborado por Raphael Lorenzo Lopes Ramos Fagundes - CRB-15 912 MARCOS VINICIUS DA SILVA DANTAS FERNANDES A TECNOMORFOLOGIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE: A CONFIGURAÇÃO TERRITORIAL DA INFOVIA POTIGUAR Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como pré-requisito para o título de Mestre em Geografia, na área de concentração Dinâmica Socioambiental e Reestruturação do Território. Linha de Pesquisa: Território, Estado e Planejamento. Aprovado em: 29 de agosto de 2022. ____________________________________________________ Prof. Dr. Raimundo Nonato Junior Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRN Orientador – UFRN ____________________________________________________ Prof. Dr. Francisco Fransualdo de Azevedo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRN Examinador Interno – UFRN ____________________________________________________ Prof. Dr. Sergio Vianna Fialho Assessor Técnico e Professor (aposentado) da UFRN Examinador Externo ao Programa ____________________________________________________ Profa. Dra. Kelly Kalynka Cruz Faculdade de Comunicação da UFPA Examinadora Externa à Instituição DEDICATÓRIA À dona Valéria (in memoriam). AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, Alexandre e Tereza, pela participação no meu processo de formação e pelo amor incondicionalmente compartilhado. Aos meus sogros, Edivan e Valéria, pelo mesmo sentimento, além de todos os momentos que compartilhamos. Agradeço também à minha esposa, Yasmin (meu passarinho), principalmente, nos momentos mais duros de escrita, por todo amor, perseverança e força que me deu para superar cada dificuldade. Aos meus irmãos, Victor, e à sua respectiva Handrya, e Felipe, e às cunhadas, Yana e Yngrid, e aos seus respectivos, Wendell e Pedro Paulo, pela amizade e momentos de descontração. Ao grande Dr. e Mestre, o professor Raimundo, por todas as orientações, conversas e sábias palavras de incentivo e inspiração. Agradeço também à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo investimento na minha pesquisa, bem como ao Programa de Pós- Graduação em Geografia (PPGe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. À coordenação e aos técnicos do Ponto de Presença da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa no Rio Grande do Norte (PoP-RN), pela paciência que eles juntos tiveram em me auxiliar a entender mais sobre as redes, especificamente a Infovia Potiguar. Aos meus queridos amigos de mestrado, Katarina e Victor, que se tornaram excelentes companheiros da academia e da vida. À minha amiga Sônia, pelas trocas e conversas com um bom café da tarde. Aos coordenadores de TI dos IFRN de Ceará-Mirim e de João Câmara, e do administrador de rede da Secretaria de Estado Saúde Pública (Sesap) do Rio Grande do Norte e da secretária de TI da Secretaria Municipal de Planejamento (Sempla) de Natal/RN pela disponibilidade em dialogar sobre o meu objeto de estudo. EPÍGRAFE “A terra toda é uma ilha, se eu ligo meu radinho de pilha”. (Belchior). RESUMO A discussão sobre tecnomorfologia do território do Rio Grande do Norte, considerando a implantação da Infovia Potiguar pelo Núcleo de Redes Avançadas (NuRA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que hospeda o Ponto de Presença da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa no Rio Grande do Norte (PoP-RN), consiste na compreensão de diferentes infraestruturas técnicas presentes neste território, algumas preexistentes e outras sendo criadas para compor a configuração territorial dessa rede de informação de alta capacidade no estado. Esta rede pretende fornecer acesso de qualidade à Internet para o estado através da rede acadêmica, da rede de governo e da distribuição do acesso para as empresas parceiras, que consequentemente permitirão esse acesso à população em geral. Assim, sabendo-se das diferenciações do território do RN que possui diferentes níveis de densidades referentes às redes de informação, sobretudo em termos de qualidade, esta pesquisa objetiva a compreensão da configuração territorial da Infovia Potiguar e os consequentes usos do território imbricados a essa materialidade no estado. Isto inclui como objetivos evidenciar as redes técnicas e de serviços que estão inclusas nesse projeto, analisar a regionalização da informação e os usos por diferentes agentes do território e as oportunidades e desafios de melhor gestão do território permitidas por esse empreendimento no estado. Para isso, a pesquisa tem como base a teoria geográfica de espaço, enquanto totalidade, de Milton Santos; a discussão teórica sobre a tecnomorfologia de Mauss; os conceitos da Geografia, como território, região, rede e lugar; o Método da Análise Regional, com destaque para o complexo geográfico de Pierre Monbeig; e as categorias de análise, sendo estas a paisagem, a configuração territorial, o uso e a gestão do território, além da região como fato e como ferramenta permitindo analisar o objeto de pesquisa. No que se refere aos procedimentos metodológicos, a pesquisa bibliográfica serviu para compor o corpo teórico-conceitual e o método da pesquisa, bem como para investigar discussões sobre as redes de informação, inclusive à Internet, numa perspectiva histórica e técnica, no mundo, no Brasil e no estado do RN. A pesquisa documental também foi elencada e serviu para um levantamento especificamente voltado para a regulação das telecomunicações, da Internet e da RNP no Brasil e do PoP-RN no estado do RN. Finalmente, a pesquisa utilizou da atividade de campo para a obtenção de dados, informações e registros empíricos e também a pesquisa de laboratório para a elaboração do sistemade indicadores, denominado de Sistema de Indicadores para Gestão da Informação pela Infovia Potiguar no Rio Grande do Norte (SIGIP-RN) e de produtos cartográficos de modo a gerar resultados que foram discutidos e analisados. Palavras-chave: Tecnomorfologia. Configuração Territorial. Rede. Sistema de Indicadores. Infovia Potiguar. ABSTRACT The discussion on the technomorphology of the territory of Rio Grande do Norte, considering the implementation of Infovia Potiguar by the Center for Advanced Networks (NuRA) of the Federal University of Rio Grande do Norte (UFRN), which hosts the Point of Presence of the National Education and Research in Rio Grande do Norte (PoP-RN) consists of understanding different technical infrastructures present in this territory, some preexisting and others being created to compose the territorial configuration of this high- capacity information network in the state. This network intends to provide quality access to the Internet for the state through the academic network, the government network and the distribution of access to partner companies, which will consequently allow this access to the general population. Thus, knowing the differences in the territory of RN that has different levels of densities referring to information networks, especially in terms of quality, this research aims to understand the territorial configuration of Infovia Potiguar and the consequent uses of the territory intertwined with this materiality in the state. This includes as objectives to highlight the technical and service networks that are included in this project, analyze the regionalization of information and uses by different agents of the territory and the opportunities and challenges of better management of the territory allowed by this enterprise in the state. For this, the research is based on the geographic theory of space, as a totality, by Milton Santos; the theoretical discussion on technomorphology by Mauss; the concepts of Geography, such as territory, region, network and place; the Regional Analysis Method, with highlighting the geographic complex of Pierre Monbeig; and the categories of analysis, which are the landscape, the territorial configuration, the use and management of the territory, in addition to the region as a fact and as a tool allowing the analysis of the research object. With regard to methodological procedures, the bibliographic research served to compose the theoretical- conceptual body and the research method, as well as to investigate discussions about information networks, including the Internet, in a historical and technical perspective, in the world, in the Brazil and in the state of RN. The documentary research was also listed and served for a survey specifically focused on the regulation of telecommunications, the Internet and RNP in Brazil and PoP-RN in the state of RN. Finally, the research used the field activity to obtain data, information and empirical records and also the laboratory research for the elaboration of the indicator system, called Indicator System for Information Management by Infovia Potiguar in Rio Grande do Norte (SIGIP-RN) and cartographic products in order to generate results that were discussed and analyzed. Keywords: Technomorphology. Territorial Configuration. Network. Indicator System. Infovia Potiguar. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Mapa do Sistema RNP (Conexão Atual) ...................................................... 29 Figura 2 – Sistema RNP em números ............................................................................. 29 Figura 3 – Mapa da Rede Veredas no estado do Rio Grande do Norte .......................... 31 Figura 4 – Conexões pretendidas com a Redecomep ao sistema RNP .......................... 32 Figura 5 – Mapa da distribuição da Redecomep no Brasil ............................................. 32 Figura 6 – Instituições incialmente atendidas pela RGN ............................................... 33 Figura 7 – Instituições atendidas pela RGN (2017) ....................................................... 34 Figura 8 – RGN e sua extensão concluída ...................................................................... 34 Figura 9 – Fases de Implantação da Infovia Potiguar .................................................... 37 Figura 10 – Esquema referente ao Espaço (totalidade), Território e Rede (mediação), e o Lugar (realização) ........................................................................................................... 51 Figura 11 – Categorias de análise centrais da pesquisa .................................................. 56 Figura 12 – Sistema de Indicadores para a Gestão da Informação pela Infovia Potiguar no Rio Grande do Norte (SIGIP-RN) ............................................................................. 57 Figura 13 – Pesquisa Documental (os principais documentos elencados) ..................... 59 Figura 14 - Tabela exemplificando o indicador de Conectividade de Caicó .................. 61 Figura 15 – Topologia das Redes ................................................................................... 66 Figura 16 – Esquema de MAN ....................................................................................... 67 Figura 17 – Esquema de WMAN ................................................................................... 67 Figura 18 – Esquema de WAN conectando duas LANs ................................................ 69 Figura 19 – Esquema das três camadas básicas da Internet ........................................... 70 Figura 20 – Características do Sistema Autônomo ........................................................ 72 Figura 21 – O núcleo e as extremidades da Internet....................................................... 72 Figura 22 – IoT em Cidades Inteligentes........................................................................ 76 Figura 23 – Mapa mostrando as linhas de telégrafo, em operação, contratadas e contempladas para completar o circuito do globo (1855) .............................................. 79 Figura 24 – Experimento de Loomis, 1866 .................................................................... 81 Figura 25 – N. Tesla, patente de Nº. 1119732: Aparelho de transmissão elétrica de energia (wireless) ............................................................................................................ 82 Figura 26 – Informativo sobre Guglielmo Marconi, localizado em French Cable Station Museum, Orleans, nos EUA ........................................................................................... 83 Figura 27 – Informativo sobre a Estação Transatlântica de Guglielmo Marconi, localizado em French Cable Station Museum, Orleans, nos EUA ................................. 83 Figura 28 – “O Mundo do Entretenimento”: Mapa promocional das estações da Philips Radio (1930-1940) .......................................................................................................... 84 Figura 29 – Tipos de redes de comunicação................................................................... 87 Figura 30 – Contribuições da equipe do CERN para que os primeiros sítios da web fossem criados. ............................................................................................................... 89 Figura 31 – Mapa de Cabos Submarinos (2019) ............................................................ 91 Figura 32 – O surgimento do IoT: o número de dispositivos conectados em relação à população mundial .......................................................................................................... 94 Figura 33 – Gráfico dos membros IPv4 e IPv6 por RIRs ............................................... 97 Figura 34 – Cartografia dos Telegráfos naAmérica do Sul (1910) ............................... 99 Figura 35 – Tabela do número de assinantes e usuários dos provedores de acesso à Internet no Brasil, durante a segunda metade da década de 1990 ................................ 104 Figura 36 – Mapa das Redes de Informação do Brasil ................................................. 105 Figura 37 – Ações da PNBL ......................................................................................... 109 Figura 38 – Rede da Telebras (2017) ........................................................................... 112 Figura 39 – Esquema de lançamento do SGCD ........................................................... 113 Figura 40 – Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) ...................................................................................................................................... 114 Figura 41 – Mapa da Rede Nacional da Telebras em operação e em planejamento .... 118 Figura 42 – Conexões de linhas alugadas na rede brasileira, 1991 .............................. 121 Figura 43 – Backbone da Rede Nacional de Pesquisa em 1992 ................................... 123 Figura 44 – Backbone da RNP em 1995 ...................................................................... 125 Figura 45 – Backbone da RNP em 1997 ...................................................................... 126 Figura 46 – Backbone da RNP em 2002 ...................................................................... 126 Figura 47 – Backbone da RNP em 2005 ...................................................................... 128 Figura 48 – Backbone da RNP em 2011 ...................................................................... 129 Figura 49 – “Gigatização” da RNP............................................................................... 130 Figura 50 – As primeiras conexões de alta capacidade (100Gb/s) da RNP ................. 130 Figura 51 – Mapa da Integração Eletroenergética da Chesf, na Região Nordeste ....... 132 Figura 52 – Redes OPGW do Sistema Eletrobras ........................................................ 133 Figura 53 – Mapa do Programa Norte Conectado ........................................................ 134 Figura 54 – Mapa da Rede Clara .................................................................................. 135 Figura 55 – Mapa das conexões intercontinentais entre a RNP, AmLight e TENET & SANReN ....................................................................................................................... 136 Figura 56 – Mapa do novo sistema submarino entre a RedCLARA e GÉANT ........... 137 Figura 57 – Rede Acadêmica da UFRN (2005) ........................................................... 140 Figura 58 – Rede Giga Natal (backbone físico, 2008) ................................................. 141 Figura 59 – A Rede GigaNatal (original e suas extensões) .......................................... 142 Figura 60 – Escolas atendidas pela extensão da Rede GigaNatal ................................ 143 Figura 61 – Uso da Rede GigaNatal pela Sesap, Caern e Sesed .................................. 144 Figura 62 – Rede Integrada do Governo do Estado ...................................................... 145 Figura 63 - Esquema Ethernet de O'Regan ................................................................... 148 Figura 64 – Rede da Infovia Potiguar com base na tecnologia DWDM ...................... 153 Figura 65 – Redes Passivas na Infovia Potiguar........................................................... 154 Figura 66 – Rede Metropolitana de Ceará-Mirim ........................................................ 158 Figura 67 – Tabela das unidades de Ceará-Mirim ........................................................ 160 Figura 68 – Rede Metropolitana de João Câmara ........................................................ 161 Figura 69 – Tabela das unidades de João Câmara ........................................................ 163 Figura 70 – Rede Metropolitana de São Gonçalo do Amarante ................................... 164 Figura 71 – Tabela das unidades de São Gonçalo do Amarante .................................. 165 Figura 72 – Subestação Paraíso (Chesf): onde terá a abertura da Chesf, em Santa Cruz. ...................................................................................................................................... 168 Figura 73 – Rede Metropolitana de Caicó .................................................................... 169 Figura 74 – Tabela das unidades de Caicó ................................................................... 170 Figura 75 – Tabela das unidades de Currais Novos ..................................................... 173 Figura 76 – Rede Metropolitana de Currais Novos ...................................................... 174 Figura 77 – Rede Metropolitana de Santa Cruz ........................................................... 178 Figura 78 – Tabela das unidades de Santa Cruz ........................................................... 179 Figura 79 – Rede Metropolitana de Pau dos Ferros ..................................................... 182 Figura 80 – Tabela das unidades de Pau dos Ferros ..................................................... 183 Figura 81 – Rede Metropolitana de Mossoró ............................................................... 185 Figura 82 – Tabela das unidades de Mossoró............................................................... 186 Figura 83 – Tabela das unidades de Açu/Ipanguaçu .................................................... 189 Figura 84 – Rede Metropolitana de Açu/Ipanguaçu ..................................................... 190 Figura 85 – Mapa do Parque Tecnológico Metrópole Digital, no município de Natal-RN ...................................................................................................................................... 196 Figura 86 – Tabela das unidades cogitadas para o município de Angicos ................... 201 Figura 87 - Tabela das unidades cogitadas para o município de Apodi ....................... 202 Figura 88 - Tabela das unidades cogitadas para o município de Canguaretama .......... 203 Figura 89 - Tabela das unidades cogitadas para o município de Caraúbas .................. 203 Figura 90 – Tabela das unidades cogitadas para o município de Macau ..................... 204 Figura 91 – Tabela das unidades cogitadas para o município de Nova Cruz ............... 205 Figura 92 – Tabela das unidades cogitadas para o município de São José de Mipibu . 206 Figura 93 – Tabela das unidades cogitadas para o município de São Paulo do Potengi ...................................................................................................................................... 207 Figura 94 – Tabela das unidades cogitadas para o município de Lajes ........................ 207 Figura 95 – Sistemas fixos e celulares no Rio Grande do Norte (início dos anos 2000). ...................................................................................................................................... 211 Figura 96 – SIGIP-RN (esquema de indicadores, grupos de indicadores e variáveis) . 212 Figura 97 – SIGIP-RN .................................................................................................. 215 Figura 98 – Gráficos do tipo radar (meramente ilustrativos) utilizados para representar o SIGIP-RN ..................................................................................................................... 216 Figura 99 – Gráficos SIGIP-RN: Extremoz ................................................................. 220 Figura 100 – Gráficos SIGIP-RN: Macaíba ................................................................. 221 Figura 101 – Gráficos SIGIP-RN: Monte Alegre .........................................................222 Figura 102 – Gráficos SIGIP-RN: Natal ...................................................................... 223 Figura 103 – Gráficos SIGIP-RN: Parnamirim ............................................................ 224 Figura 104 – Gráficos SIGIP-RN: São José de Mipibu................................................ 225 Figura 105 – Gráficos SIGIP-RN: Vera Cruz .............................................................. 226 Figura 106 – Gráficos SIGIP-RN: São Gonçalo do Amarante ..................................... 227 Figura 107 - Gráficos SIGIP-RN: Ceará-Mirim ........................................................... 243 Figura 108 – Gráficos SIGIP-RN: João Câmara .......................................................... 244 Figura 109 – Gráficos SIGIP-RN: Santa Cruz ............................................................. 245 Figura 110 – Gráficos SIGIP-RN: Currais Novos ........................................................ 246 Figura 111 – Gráficos SIGIP-RN: Caicó ...................................................................... 247 Figura 112 – Gráficos SIGIP-RN: Açu ........................................................................ 248 Figura 113 – Gráficos SIGIP-RN: Ipanguaçu .............................................................. 249 Figura 114 – Gráficos SIGIP-RN: Mossoró ................................................................. 250 Figura 115 – Gráficos SIGIP-RN: Pau dos Ferros ....................................................... 251 Figura 116 – Gráficos SIGIP-RN: Canguaretama ........................................................ 252 Figura 117 – Gráficos SIGIP-RN: Nova Cruz.............................................................. 253 Figura 118 – Gráficos SIGIP-RN: São Paulo do Potengi ............................................. 254 Figura 119 – Gráficos SIGIP-RN: Lajes ...................................................................... 255 Figura 120 – Gráficos SIGIP-RN: Angicos .................................................................. 256 Figura 121 – Gráficos SIGIP-RN: Parelhas ................................................................. 257 Figura 122 – Gráficos SIGIP-RN: Macau .................................................................... 258 Figura 123 – Gráficos SIGIP-RN: Jucurutu ................................................................. 259 Figura 124 – Gráficos SIGIP-RN: Caraúbas ................................................................ 260 Figura 125 – Gráficos SIGIP-RN: Apodi ..................................................................... 261 Figura 126 – Campus do IFRN de Ceará-Mirim (NOC local do município) ............... 309 Figura 127 – Instalações do NOC de Ceará-Mirim 309 Figura 128 – Solar dos Antunes: sede da prefeitura municipal de Ceará-Mirim/RN... 311 Figura 129 – Trecho do anel óptico pela Infovia Potiguar da rede metropolitana de Ceará-Mirim/RN ........................................................................................................... 311 Figura 130 – Campus do IFRN de João Câmara/RN (NOC local do município) ........ 314 Figura 131 – Instalações do NOC de João Câmara ...................................................... 315 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Número de dispositivos IoT ........................................................................ 95 Gráfico 2 – Porcentagem de usuários individuais de Internet no Brasil (2000-2010) . 106 Gráfico 3 – Porcentagem de usuários individuais de Internet no Brasil (2010-2019) . 110 Gráfico 4 – SIGIP-RN: gráfico síntese de Conectividade (banda larga) ...................... 281 Gráfico 5 – SIGIP-RN: gráfico síntese de Conectividade (telefonia móvel) ............... 282 Gráfico 6 – SIGIP-RN: gráfico síntese de Economia (PIB) ......................................... 286 Gráfico 7 - SIGIP-RN: gráfico síntese de Economia (IDHm, Unidades Locais, população total ocupada e salários médios mensais) .................................................... 287 Gráfico 8 – SIGIP-RN: gráfico síntese de População .................................................. 288 Gráfico 9 - SIGIP-RN: gráfico síntese de Atendimento Institucional .......................... 296 LISTA DE MAPAS Mapa 1 – RGN e Infovia Potiguar .................................................................................. 36 Mapa 2 – Uso Individual de Internet no Mundo (2015) ................................................. 92 Mapa 3 – Os Registros Regionais de Internet no Mundo ............................................... 96 Mapa 4 – Mapa da porcentagem de domicílios particulares permanentes com acesso à Internet, em 2005 .......................................................................................................... 107 Mapa 5 – Mapa da porcentagem de domicílios particulares permanentes com acesso à Internet, em 2011 .......................................................................................................... 108 Mapa 6 – Situação do acesso à Internet no Brasil, por região (2019) .......................... 116 Mapa 7 – A RMN e a expansão da Rede GigaNatal .................................................... 147 Mapa 8 – Setor Leste/Agreste da Infovia Potiguar ....................................................... 156 Mapa 9 – Rede Metropolitana de Ceará-Mirim............................................................ 159 Mapa 10 – Rede Metropolitana de João Câmara .......................................................... 162 Mapa 11 – Rede Metropolitana de São Gonçalo do Amarante .................................... 166 Mapa 12 – Setor Seridó da Infovia Potiguar ................................................................ 168 Mapa 13 – Rede metropolitana de Caicó/RN ............................................................... 172 Mapa 14 – Rede Metropolitana de Currais Novos/RN................................................. 175 Mapa 15 – Mapa dos solos do Estado do Rio Grande do Norte, com destaque para os municípios do Setor Seridó da Infovia Potiguar ........................................................... 177 Mapa 16 – Rede Metropolitana de Santa Cruz ............................................................. 180 Mapa 17 – Setor Oeste da Infovia Potiguar .................................................................. 181 Mapa 18 – Rede metropolitana de Pau dos Ferros ....................................................... 184 Mapa 19 – Rede Metropolitana de Mossoró ................................................................ 188 Mapa 20 – Rede Metropolitana de Açu-Ipanguaçu ...................................................... 191 Mapa 21 – Micro e Mesorregiões do Rio Grande do Norte com as RGN/RGM e Infovia Potiguar ......................................................................................................................... 194 Mapa 22 – Rede GigaNatal e os municípios exclusivamente das Fases (1 e 2) da Infovia Potiguar ......................................................................................................................... 200 Mapa 23 – RGN e RGM: Velocidade do acesso .......................................................... 230 Mapa 24 - RGN e RGM: Meio do acesso .................................................................... 231 Mapa 25 – RGN e RGM: Acessos por geração de telefonia móvel ............................. 232 Mapa 26 – RGN e RGM: Combinação dos subindicadores de População .................. 235 Mapa 27 – RGN e RGM: Relação entre o IDHm e o IDHm Renda ............................ 236 Mapa 28 – RGN e RGM: Total de unidades locais das empresas e outras organizações atuantes;na área de informação e comunicação; e em atividades profissionais, científicas e técnicas ..................................................................................................... 237 Mapa 29 – RGN e RGM: O valor do Produto Interno Bruto (PIB) e a fração correspondente desse valor por setor da economia ...................................................... 238 Mapa 30 – RGN e RGM: População total ocupada e o salário médio mensal (por salários mínimos) .......................................................................................................... 239 Mapa 31 – Infovia Potiguar (Fases 1 e 2): Relação entre o total de acessos banda larga e o meio empregado ........................................................................................................ 263 Mapa 32 - Infovia Potiguar (Fases 1 e 2): Relação entre o total de acessos banda larga e a velocidade correspondente ......................................................................................... 264 Mapa 33 – Infovia Potiguar (Fases 1 e 2): Relação entre o total de acessos em telefonia móvel com a geração da telefonia móvel utilizada....................................................... 266 Mapa 34 – Infovia Potiguar (Fases 1 e 2): População total estimada (2021) ............... 268 Mapa 35 – Infovia Potiguar (Fases 1 e 2): Densidade demográfica e a porcentagem da população urbana; entre 15 a 49 anos; e com ensino superior completo ..................... 269 Mapa 36 – Infovia Potiguar (Fases 1 e 2): IDHm ........................................................ 270 Mapa 37 – Infovia Potiguar (Fases 1 e 2): IDHm Renda ............................................. 271 Mapa 38 – Infovia Potiguar (Fases 1 e 2): Total de unidades locais das empresas e outras organizações atuantes; na área de informação e comunicação; e em atividades profissionais, científicas e técnicas ............................................................................... 272 Mapa 39 – Infovia Potiguar (Fases 1 e 2): O valor do Produto Interno Bruto (PIB) e a fração correspondente desse valor por setor da economia ........................................... 273 Mapa 40 – Infovia Potiguar (Fases 1 e 2): População total ocupada e o salário médio mensal (por salários mínimos) ...................................................................................... 274 Mapa 41 – Atendimento Institucional da Infovia Potiguar (Fases 1 e 2) ..................... 279 Mapa 42 – A RGN e RGM e a Infovia Potiguar (Fases 1, 2 e 3) ................................. 306 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Escala/Abrangência das Redes ..................................................................... 64 Tabela 2 – Dados de Conectividade dos municípios elencados para o projeto da Infovia Potiguar (Fases 1 e 2) e da Rede GigaNatal ................................................................ 217 Tabela 3 - Dados de Economia dos municípios elencados para o projeto da Infovia Potiguar (Fases 1 e 2) e da Rede GigaNatal ................................................................. 218 Tabela 4 - Dados de População dos municípios elencados para o projeto da Infovia Potiguar (Fases 1 e 2) e da Rede GigaNatal ................................................................. 218 Tabela 5 - Dados de Atendimento Institucional dos municípios elencados para o projeto da Infovia Potiguar (Fases 1 e 2) e da Rede GigaNatal ................................................ 219 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Objeto, Questões e Objetivos da Pesquisa................................................... 41 Quadro 2 – Tipologia das Redes: métodos de transmissão ............................................ 63 Quadro 3 – Sistema RNP e os serviços e aplicações .................................................... 138 Quadro 4 – Incubadoras do Estado do RN (IES e campi correspondentes) ................. 320 LISTA DE SIGLAS, ACRÔNIMOS E ABREVIATURAS ADSL – Asymmetric Digital Subscriber Line AEB – Agência Espacial Brasileira AFRINIC – African Network Information Centre AIRDATA – Serviço Internacional de Comunicação de Dados Aeroviários AMLightPaths – Americas Lightpaths Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações Andifes – Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Educação Superior APNIC – Asia-Pacific Network Information Centre ARIN – American Registry Internet Numbers ARPA – Agência de Projetos de Pesquisas Avançadas AS – Autonomous System ASN – Autonomous System Number ATM – Asynchronous Transfer Mode B2B – Be-to-Be B2M – Be-to-Machine BBS – Bulletin Board Systems BELLA – Built the Europe Link to Latin America BGP – Border Gateway Protocol Bit – binary digit BPM – Batalhão de Polícia Militar Caern – Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte CAFe – Comunidade Acadêmica Federada CBM – Corpo de Bombeiros Militar CBT – Código Brasileiro de Telecomunicações CCS – Centro de Ciências da Saúde CDMA – Code Division Multiple Access CEMPRE – Cadastro de Central de Empresas CERES – Centro de Ensino Superior do Seridó CERN – Centrée Européen pour Recherche Nuclaire CGI.br – Comitê Gestor de Internet no Brasil Chesf – Companhia Hidroelétrica do São Francisco Ciosp – Centro Integrado de Operações em Segurança Pública CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Conif – Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica CONSUNI – Conselho Universitário CONTEL – Conselho Nacional de Telecomunicações COPE-P – Centros de Operações Espaciais Principal COPE-S – Centros de Operações Espaciais Secundário Cosern – Companhia Energética do Rio Grande do Norte COVID-19 – Doença do Novo Coronavírus CTGAS-ER – Tecnologias do Gás e Energias Renováveis DEC – Digital Equipament Corporation DNS – Domain Name System DURAMAZ – Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável na Amazônia DWDM – Dense Wavelength Division Multiplexing EMCM-UFRN – Escola Multicampi de Ciências Médicas da UFRN ESA – European Space Agency Facisa – Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi FACS – Faculdade de Ciência da Saúde FAEN – Faculdade de Enfermagem FAPERJ – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo Fermilab – Fermi National Accelerator Laboratory FINDATA – Serviço Internacional de Acesso a Informações Financeiras FIU – Universidade Internacional da Flórida FO – Fibra Óptica FR – Frame Relay FTTH – Fiber To The Home Funttel – Fundo para o desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações do Ministério das Comunicações GÉANT – Rede Pan-europeia de pesquisa e educação GPON – Giga Passive Optical Network HEPNET – High Energy Physics Network Huab – Hospital Universitário Ana Bezerra HTML – Hypertext Markup Language HTTP – Hypertext Transfer Protocol Hz – Hertz IANA – Internet Assigned Numbers Authority IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICANN – Internet Corporation for Assigned Names and Numbers ICPEdu – Infraestrutura de Chaves Públicas para Ensino e Pesquisa IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers IES – Instituto de Ensino Superior IFRN – Instituto Federal do Rio Grande do Norte IMD – Instituto Metrópole Digital Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INTERDATA – Serviço Internacional de Comunicação de Dados IoT – Internet of ThingsIPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano ISD – Instituto Santos Dummont ISP – Internet Service Provider Itep – Instituto Técnico-científico de Perícia ITIV – Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Intervivos ITU – International Telecommunication Union KM – Quilômetro LACNIC – Registro de Endereços da Internet para América Latina e Caribe LAN – Local Area Networks LGT – Lei Geral das Telecomunicações LNCC – Laboratório Nacional de Computação Científica M2M – Machine-to-Machine MAN – Metropolitan Area Networks MC – Ministério das Comunicações MCT – Ministério de Ciência e Tecnologia MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação MD – Ministério da Defesa MEC – Ministério da Educação MIT – Instituto de Tecnologia de Massachussets MS – Ministério da Saúde MT – Ministério do Turismo National Research and Education Network (NREN) NIC – Network Information Center NIR – National Internet Registry NOC – Network Operation Center NPJ – Núcleo Prática Jurídica NREN – National Research and Education Network NRO – Number Resource Organization NSF – National Science Foundation OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico ODN – Rede de distribuição óptica OLT – Terminal de Linha Óptica ONT – Terminal de Rede Óptica ONU – Optical Network Unit ONU – Organizações das Nações Unidas OPGW – Optical Ground Wire OS – Organização Social OSI – Open Systems Interconnection P&D – Pesquisa e Desenvolvimento PAX – Parque Científico e Tecnológico Augusto Severo PC – Personal Computer PGE – Procuradoria Geral do Estado PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNBL – Programa Nacional de Banda Larga PNOT – Política Nacional de Ordenamento Territorial PON – Passive Optical Network PoP – Ponto de Presença PoP-RN – Ponto de Presença da RNP no Rio Grande do Norte PPT – Ponto de Troca de Tráfego PRORNP – Programa Interministerial da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa RedClara – Rede de Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas Redecomep – Rede Metropolitana Comunitária Remavs – Redes Metropolitanas de Alta Velocidade RENPAC – Rede Nacional de Comunicação de Dados por Comutação de Pacotes RGM – Rede GigaMetrópole RGN – Rede GigaNatal RIPE NCC – Reséux IP – Européens Network Coordination Centre RIR – Regional Internet Registry RMN – Região Metropolitana de Natal RNP – Rede Nacional de Ensino e Pesquisa SCM Serviço de Comunicação Multimídia SDH – synchronous digital hierarchy Seec – Secretaria Estadual de Educação Sejuc – Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania Sesap – Secretaria de Estado de Saúde Pública Sesed – Secretaria de Segurança e Pública e da Defesa Social Sethas – Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social SGDC – Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas SIGIP-RN – Sistema de Indicadores para a Gestão da Informação pela Infovia Potiguar no Rio Grande do Norte SIRGAS – Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas SITA – Société Internationale de Télécommunications Aéronautique SNT – Sistema Nacional de Telecomunicações SWIFT – Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (SWIFT) TCP/IP – Protocolo de Transmissão de Controle/Protocolo de Internet Telebras – Telecomunicações Brasileiras S.A TENET & SANReN – Redes de Educação e Pesquisa da África do Sul TI – Tecnologia da Informação TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação TIM – Telecom Itália TRANSDATA – Serviço Digital de Transmissão de Dados TSL – Transport Layer Security TVA – Tennessee Valley Authority UCLA – Universidade de Califórnia UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UFERSA – Universidade Federal Rural do Semiárido UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte URL – Uniform Resource Locator Ursap – Unidade Regional de Saúde Pública USGS – United States Geological Survey VoIP – Voz sobre IP WAN – Wide Area Networks WDM – Wave Division Multiplexing Wi-Fi – Wireless Fidelity WLAN – Wireless LAN WMAN – Wireless MAN WWW – World Wide Web SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 26 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA ........................................ 44 2.1 O corpo teórico-conceitual da pesquisa ........................................................................ 45 2.1.1 Do Espaço (totalidade) ao Lugar ............................................................................... 45 2.1.2 O Método da Análise Regional e as categorias de análise centrais da pesquisa: entre o Complexo Geográfico e a Configuração, Uso e Gestão do Território ................................ 52 2.1.3 Procedimentos Metodológicos ................................................................................... 56 2.2 A dimensão técnica e geográfica da Internet: “cabeças” nas nuvens e “pés” no chão ............................................................................................................................................... 62 2.3 O meio técnico-científico-informacional: dos precursores da transmissão de dados ao surgimento da Internet ........................................................................................................ 77 2.3.1 Os primórdios da transmissão da informação: do meio natural ao meio técnico........ 77 2.3.2 A Revolução da Informação: o meio técnico-científico-informacional ..................... 85 2.3.3 O Bandeirantismo Tecnológico: a incorporação da Internet no território brasileiro .. 98 2.3.3.1. As telecomunicações no Brasil: técnica e regulação .............................................. 98 2.3.3.2 A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa: A Rede IPÊ ............................................ 120 3 O DESENHO DA REDE DA INFOVIA POTIGUAR NO TERRITÓRIO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE .............................................................. 140 3.1 Setor Leste/Agreste....................................................................................................... 156 3.1.1 Rede metropolitana de Ceará-Mirim ....................................................................... 158 3.1.2 Rede Metropolitana de João Câmara ....................................................................... 161 3.1.3 Rede Metropolitana de São Gonçalo do Amarante .................................................. 164 3.2 Setor Seridó................................................................................................................... 167 3.2.1 Rede Metropolitana de Caicó .................................................................................. 169 3.2.2 Rede Metropolitana de Currais Novos ..................................................................... 173 3.2.3 Rede Metropolitana de Santa Cruz .......................................................................... 178 3.3 Setor Oeste .................................................................................................................... 181 3.3.1 Rede Metropolitana de Pau dos Ferros .................................................................... 182 3.3.2 Rede Metropolitana de Mossoró .............................................................................. 185 3.3.3 Rede Metropolitana de Açu-Ipanguaçu ................................................................... 189 3.4 A Infovia Potiguar e a Configuração Territorial do Rio Grande do Norte .............. 192 4 A INFORMATIZAÇÃO E AS DISPARIDADES REGIONAIS DO TERRITÓRIO DO RN: O SIGIP-RN ...................................................................... 209 4.1 O processo de Informatização do Território do Rio Grande do Norte..................... 209 4.2 As disparidadesregionais e o Sistema de Indicadores para a Gestão da Informação pela Infovia Potiguar no Rio Grande do Norte (SIGIP-RN) ........................................... 212 5 GESTÃO DO TERRITÓRIO E DA INFORMAÇÃO PELA INFOVIA POTIGUAR: DA TOTALIDADE AO LUGAR ...................................................... 299 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 322 REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 328 APÊNDICES ............................................................................................................... 341 P á g i n a | 26 1 INTRODUÇÃO Dentre os desafios da ciência geográfica contemporânea, sobretudo com o advento da globalização, está a constante necessidade de compreensão dos conteúdos técnicos, científicos e informacionais que se instalam no (e intermedeiam os usos do) território. No entanto, essa preocupação não é atual. As relações entre a técnica e a sua base material inspiraram inclusive a construção de uma área do saber chamada de tecnomorfologia, proposta por Marcel Mauss, já na primeira metade do século XX. Para ele a tecnomorfologia é: “l'ensemble des rapports entre la technique et le sol, entre le sol et les techniques. On observera en fonction des techniques la base géographique de la vie sociale: mer, montagne, fleuve, lagune...” (MAUSS, 2002, p. 19)1. Essa relação entre a “técnica” e o “solo” na fala de Mauss se aproxima bastante da ciência geográfica, que por sua vez tem muito a contribuir nesse campo, pois, de acordo com a concepção de meio técnico-científico-informacional de Milton Santos a “ciência, a tecnologia e a informação estão na base mesma de todas as formas de utilização e funcionamento do espaço, da mesma forma que participam da criação de novos processos vitais e da produção de novas espécies (animais e vegetais) (SANTOS, 1994, p. 51)”. Assim, os equipamentos (objetos) construídos de ciência, tecnologia e informação são o alicerce da produção, da utilização e do funcionamento do espaço e tendem a constituir o seu substrato (SANTOS, 2014a, grifo nosso). Com destaque para a informação, podemos dizer que não está presente apenas nos objetos técnicos, que formam o espaço, como é necessária à ação realizada sobre tais objetos, sendo vetor fundamental do processo social e, dessa maneira, os territórios são equipados para promover a sua circulação (SANTOS, 2014a, grifos nossos). Introduzir sobre essa inseparabilidade entre materialidade e ação ao se discutir a Internet, enquanto um conjunto de redes interconectadas de computadores através de enlaces físicos e protocolos padronizados, é essencial, pois: […]. De fato, a Internet tem uma geografia própria, uma geografia feita de redes e nós que processam fluxos de informação gerados e administrados a partir de lugares. Como a unidade é a rede, a arquitetura e a dinâmica de múltiplas redes são as fontes de significado e função para cada lugar. O espaço 1Todas as relações entre técnica e solo, entre solo e técnicas. Observamos em função das técnicas a base geográfica da vida social: mar, montanha, rio, lagoa... (tradução livre). P á g i n a | 27 de fluxos resultante é uma nova forma de espaço, característico da Era da Informação, mas não é desprovida de lugar: conecta lugares por redes de computadores telecomunicadas e sistemas de transporte computadorizados. Redefine distâncias, mas não cancela a geografia. Novas configurações territoriais emergem de processos simultâneos de concentração, descentralização e conexão espaciais, incessantemente elaborados pela geometria variável dos fluxos de informação global (CASTELLS, 2003, p. 213). Inclusive, a Internet se deve ao desenvolvimento das tecnologias de integração de computadores em rede acompanhado do avanço nas telecomunicações, tais como cabos submarinos, satélites, micro-ondas terrestres, cabos coaxiais e de fibras ópticas, culminando numa solidariedade entre sistemas técnicos. Tais redes de informação desempenham um “papel cada vez mais importante na estruturação do território em todos os países do mundo” (THÉRY e MELLO-THÉRY, 2014, p.231). No caso do Brasil, o desenvolvimento das telecomunicações se deu, sobretudo nos anos 1970, durante o Regime Militar, estando fortemente associado a um assunto de Estado, com o intuito de promover a segurança e o desenvolvimento da integração nacional, para em seguida, com o processo de informatização do território brasileiro e um conjunto de normas, permitir o acesso ao uso comercial da Internet. Em âmbito acadêmico, as primeiras iniciativas se deram no final dos anos 1980, a partir do então Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), com a instituição da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que, em 1992, inaugurou os primeiros enlaces para a conexão nacional em âmbito acadêmico de Internet pública. Atualmente, a RNP tem firmado parcerias públicas e privadas para promover o uso inovador de redes avançadas e prover a integração global da comunidade acadêmica brasileira, objetivando contribuir para a melhoria da qualidade do ensino e da pesquisa e colaborar com o desenvolvimento tecnológico, social e econômico do país. Neste sentido, a RNP está instituída pela Portaria Interministerial — pois está vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e mantida por este em conjunto com os ministérios da Educação (MEC), Comunicações (MC), Saúde (MS), Defesa (MD) e Turismo (MT) — de nº 3.825, de 12 de dezembro de 2018 que a define como Programa Interministerial da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (PRORNP), qualificada como Organização Social (OS), que tem por objetivos “planejar e executar atividades de desenvolvimento tecnológico, inovação, operações de meios e serviços, envolvendo tecnologias de informação e comunicação para a educação, a ciência, a P á g i n a | 28 tecnologia e a inovação, e suas aplicações em políticas públicas setoriais” (BRASIL, 2018, p.1). Quanto aos componentes do Sistema RNP, a referida lei destaca como os principais: a rede nacional lpê, o backbone2, e seus Pontos de Presença e Pontos de Agregação nas Unidades da Federação; as Redes Metropolitanas Comunitárias (Redecomep), baseadas em um modelo associativo das Organizações Usuárias; as Organizações Usuárias, públicas ou privadas; e as Redes de Colaboração de Comunidades (BRASIL, 2018). Grosso modo, o Sistema RNP oferece, a partir da Rede IPÊ, acesso à Internet de qualidade, bem como suporte a transmissão de grandes volumes de dados, para projetos científicos e desenvolvimento de novas tecnologias. A infraestrutura da Rede IPÊ engloba 27 Pontos de Presença (PoPs), — que permitem conexões em alta velocidade, serviços avançados de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e oportunidades de capacitação — um em cada unidade da federação, além de ramificações para atender milhares de campi e unidades de instituições de ensino, pesquisa e saúde em todo o país, beneficiando milhões de usuários. 2 Backbone (espinha dorsal) de uma rede é uma via principal de alta capacidade de transmissão de dados que concentra o tráfego de redes locais e o leva até redes de hierarquia superior. Sabendo-se que “a internet é formada pela interligação de inúmeras redes locais dispersas, os backbones são responsáveis pelas conexões de longa distância entre elas” (Mota, 2012, p. 23). P á g i n a | 29 Figura 1 – Mapa do Sistema RNP (Conexão Atual) Fonte: RNP, [202?]. Figura 2 – Sistema RNP em números Fonte: RNP, [202?]. Nesse contexto, o Núcleo de Redes Avançadas (NuRA) da UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte (UFRN), que hospeda o Ponto de Presença da RNP no estado do Rio Grande do Norte (PoP-RN), é o responsável pela elaboração do projeto da Infovia Potiguar, que está em processo de implantação e corresponde a uma infraestrutura capaz P á g i n a | 30 de levar ciência e tecnologia, através da implementação de uma rede de dados banda larga de alta capacidade (100Gb/s), suportada pelo cabeamento de fibra óptica, permitindo o acesso de qualidade à Internet em âmbito estadual. Para isso, o PoP/RN conta com o acordo firmado, em 2016, entre a RNP com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), que pretende o compartilhamento de infraestrutura óptica em toda região Nordeste, tendo como suporte as linhas de transmissão da Chesf. Segundo a RNP (2016), este acordo permitirá acelerar a oferta de infraestrutura de alto desempenho para educação e pesquisa, promovendo o acesso à Internet em alta velocidade à comunidade acadêmica, incluindo centros de pesquisa, faculdades, institutos superiores, hospitais de ensino e centros de educação tecnológica. Além disso, a Chesf se beneficia com o avanço na sua infraestrutura de telecomunicações, garantindo maior confiabilidade para atendimento à operação e à manutenção do seu sistema elétrico, que é formado por uma malha de linhas de transmissão que alcança 20 mil km (RNP, 2016). Desse modo, o backbone inicial da Infovia Potiguar corresponde à rede da Chesf no estado do RN, elaborada a partir de uma tecnologia chamada OPGW (Optical Ground Wire), que faz uso de “cabos para-raios de cobertura, utilizados especialmente em linhas aéreas de transmissão de energia elétrica, construídos de modo a abrigar, em seu interior, fibras ópticas capazes de transmitir altas taxas de dados” (BORDUCHI, 2013 p. 17). Para Borduchi (2013), a utilização desses cabos tem por objetivos a proteção das linhas aéreas de transmissão contra descargas elétricas atmosféricas e a conexão de qualidade e de alta velocidade nas transmissões de dados. Assim, torna-se bastante conveniente para a Infovia Potiguar dispor desta parceria, uma vez que o acordo entre a Chesf e a RNP estabelece que a operação e manutenção de sua rede é de responsabilidade exclusiva da Chesf, que ainda garante o excelente índice de disponibilidade de 99,98% por ponto de acesso e 99% por rota (PoP-RN, 2017). No entanto, não são em todos os municípios elencados pela Infovia Potiguar, que a rede da Chesf se incorpora, sendo necessário elencar outras parcerias para a instalação de redes de longa distância a serem construídas, considerando financiamento existente em outras iniciativas da RNP no estado do RN. Nesse sentido, uma dessas iniciativas corresponde ao programa Veredas Novas nos estados, que, desde 2012, a partir da ação conjunta entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ministério da Educação (MEC) e o Ministério das Comunicações (MC), em parceria com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Educação Superior (Andifes) e com o Conselho Nacional das P á g i n a | 31 Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), visa conectar, em alta velocidade, todos os campi no interior de universidades e institutos tecnológicos à RNP. Nesta iniciativa a conexão é feita por operadoras contratadas pela RNP, conforme viabilidade técnica das operadoras para cada região. Figura 3 – Mapa da Rede Veredas no estado do Rio Grande do Norte Fonte: PoP-RN [s.d]. Além dessa, uma outra iniciativa da RNP presente no RN corresponde às Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep), que por sua vez, realiza, desde 2005, a implantação de redes de alta velocidade nas regiões metropolitanas do país conectadas por Pontos de Presença (PoPs) da RNP e em cidades do interior com duas ou mais instituições federais de ensino e pesquisa. Trata-se de uma rede com a finalidade de conectar instituições ao sistema RNP, garantido acesso a uma plataforma digital para educação, pesquisa e inovação, havendo uma relação direta entre institutos de educação superior, agências de fomento à pesquisa, empresas inovadoras, estabelecimentos de saúde com ensino e pesquisa, museus e instituições culturais no Brasil e no mundo. P á g i n a | 32 Figura 4 – Conexões pretendidas com a Redecomep ao sistema RNP Fonte: RNP, [202?]. Figura 5 – Mapa da distribuição da Redecomep no Brasil Fonte: RNP, [202?]. No tocante ao estado do RN, a Redecomep pode ser representada pela Rede GigaNatal (RGN), em operação desde 2008, incialmente contando com uma extensão de P á g i n a | 33 40 km de cabeamento óptico instalado no município e que havia recebido uma ampliação expressiva, através de recursos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), estendendo seu backbone para 260 km de cabeamento óptico, que passa agora por nove municípios da Grande Natal: Natal, Parnamirim, Macaíba, São Gonçalo do Amarante, Vera Cruz, Monte Alegre, São José de Mipibu, Extremoz e Ceará-Mirim. Desse modo, o que diferencia a Rede Veredas da RGN, no momento, é a infraestrutura. Figura 6 – Instituições incialmente atendidas pela RGN Fonte: PoP-RN, [s.d .] P á g i n a | 34 Figura 7 – Instituições atendidas pela RGN (2017) Fonte: RNP, [202?]. Figura 8 – RGN e sua extensão concluída P á g i n a | 35 Fonte: PoP-RN, [s.d]. Além disso, uma rede óptica (de aproximadamente 280 km) de acesso foi implementada, interligando 350 escolas públicas em 4 dos municípios atendidos, sendo: Natal, Parnamirim, Macaíba e São Gonçalo do Amarante. Isso se deu por meio da parceria entre a UFRN e a Secretaria Estadual de Educação (Seec). Essas expansões da RGN para a Região Metropolitana de Natal resultaram na Rede GigaMetrópole (RGM), que desde a sua concepção passou a ser utilizada para interligar outras unidades de interesse público de diferentes setores. Tendo em vista o caráter sustentável da RGN e de sua extensão, que atuam sob um modelo de gestão que mantém a operação e manutenção em nível de excelência por meio de acordos entre UFRN (através do Centro de Operações da RGN, abrigado pelo Núcleo de Redes Avançadas) e as instituições parceiras que colaboram com o projeto, considerou-se esse modelo pelo qual se deseja replicar nas novas redes metropolitanas a serem implantadas no contexto da Infovia Potiguar (PoP-RN, 2017). No tocante a isso, a Infovia Potiguar estabeleceu como critérios para a sua expansão: selecionar os municípios do RN que contam com instituições que possam dar suporte à implementação de uma iniciativa local para operação e manutenção das redes, considerando também o número instituições de ensino superior e de habitantes e a quantidade de escolas públicas beneficiadas, além de outros setores governamentais de interesse, bem como outras iniciativas de implementação de redes metropolitanas em cidades do RN (PoP-RN, 2017). Foram, então, deliberados três “setores” (conforme Mapa 2) da Infovia Potiguar a serem instalados — Seridó: Caicó, Currais Novos e Santa Cruz; Oeste: Mossoró, Pau dos Ferros, e Açu unido a Ipanguaçu; Agreste/Leste: João Câmara, Ceará-Mirim e São Gonçalo do Amarante. Além disso, o projeto tem como objetivo compartilhar da responsabilidade de gestão da Infovia pelos principais interessados em seu bom funcionamento a fim de conquistar uma governança mais ágil, mais adaptada às condições locais de cada região e, portanto, mais apta a enfrentar os desafios da operação cotidiana deste empreendimento (PoP-RN, 2017). P á g i n a | 36 Mapa 1 – RGN e Infovia Potiguar Fonte: Elaborado pelo Laboratório Processamento de Dados e Gestão Territorial (LAPROTER, 2021), a partir da atuação do autor como bolsista, sobre dados do PoP-RN. Nota: a RGN destacadano mapa inclui sua extensão, a Rede GigaMetrópole. P á g i n a | 37 Desse modo, para a implantação do projeto da Infovia Potiguar outras parcerias além da Chesf foram pensadas, tanto do setor público como do setor privado, partilhando- se dos custos da construção, bem como a capacidade da infraestrutura a ser instalada. Assim, por um lado, a Infovia Potiguar conta com o financiamento da RNP (através de recursos repassados por setores do Governo Federal por intercessão do contrato de gestão mantido entre estes setores e a RNP) para a compra da fibra óptica, dos novos postes necessários à implantação do cabeamento óptico, além de promover o gerenciamento da rede, buscando parcerias com a Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern) e o Governo do Estado do RN, enquanto que por outro, as empresas provedoras parceiras fornecem a mão de obra para a instalação de equipamentos, sendo estas a Interjato, Inovanet, MOB Telecom e a Wirelink Telecom (esta última que atualmente substituiu a Online Telecom). Assim, as empresas envolvidas na construção têm seus negócios alavancados, podendo prestar serviços de qualidade para a população em geral ou outras empresas, pois parte da fibra óptica instalada fica à disposição das provedoras parceiras, enquanto que do lado público, o Governo estadual passa a contar com uma rede corporativa capaz de oferecer serviços digitais para esta mesma população. É nesse sentido que a Infovia Potiguar vem se incorporando e pretende se expandir pelo estado do RN. As fases dessa implantação da Infovia Potiguar são as seguintes: Figura 9 – Fases de Implantação da Infovia Potiguar Fonte: Adaptado do Infovia Potiguar [s.d]. P á g i n a | 38 Sobre a situação das condições das redes de serviço de comunicação e acesso à Internet no estado do RN foi verificado, através do material técnico cedido pelo PoP-RN intitulado Infovia Potiguar: uma rede de dados de banda larga e de alta capacidade para o Rio Grande do Norte (2020), que alguma das maiores redes existentes são de uso restrito e de propriedade de companhias (como a própria Chesf, Petrobras, etc.). O documento identificou também, com base em dados de 2019 obtidos no Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que as redes de uso geral utilizam tecnologias de baixa capacidade para sua construção, a exemplo de redes de rádio (sem fio), o que restringe a sua utilização em grande escala (PoP-RN, 2020). Também foi constatado neste documento que quando essas redes utilizam tecnologia de fibras ópticas, no geral, são mal instaladas, devido à celeridade com que as empresas responsáveis realizam sua construção, geralmente contribuindo para baixos índices de disponibilidade dos serviços de comunicação quando estas redes entram em operação (PoP-RN, 2020). Além disso, este documento declara que os serviços de conectividade são de custo elevado para clientes com uma grande demanda, a exemplo do próprio Governo do Estado, comprometendo um volume significativo dos recursos por serviços de baixa capacidade e disponibilidade sofrível (PoP-RN, 2020). Finalmente, foi verificado nesse documento que o atendimento a municípios com baixa densidade populacional e baixa renda não atrai investimentos do setor privado, pois o retorno financeiro pode não corresponder aos investimentos necessários à implantação de uma infraestrutura de comunicações ópticas (PoP-RN, 2020). Essas constatações aludem ao que advertiram Santos e Silveira (2001) em relação a existências paralelas entre um território bem informado, um território pouco informado e um conjunto de situações intermediárias, sendo necessário compreender as qualidades da informação, reconhecer quais os seus produtores e possuidores e decodificar os seus usos (SANTOS e SILVEIRA, 2001). Assim, devido à desigual distribuição das redes de fibras ópticas no território do RN, postula-se, de acordo com o Documento Base para uma proposta de uma Política Nacional de Ordenamento Territorial (PNOT), que as infraestruturas de transmissão da informação “têm um papel cada vez maior para permitir — ou não — a inclusão digital de regiões periféricas” (BRASIL, 2006, p. 56). Nessa perspectiva, considerando a estrutura territorial observada no Mapa 1 e o descrito até o momento sobre o papel tecnomorfológico que a Infovia Potiguar tem na modelagem territorial do estado do Rio Grande do Norte, o objeto de estudo desta P á g i n a | 39 pesquisa é: a compreensão da configuração territorial da Infovia Potiguar no estado do Rio Grande do Norte, considerando as materialidades (estruturas, equipamentos) e a transformação dos usos territoriais permitidos pela implantação dessa rede. Na verdade, há de se considerar que uma estrutura em redes pode tornar mais fluídas e eficazes as colaborações intersetoriais (J. RODRIGUES e F. MOSCARELLI, 2015), inclusive a Infovia Potiguar, na medida em que se expande, visa em seu próprio escopo a implantação da Rede de Governo, unidades administrativas, sobre sua infraestrutura que objetiva melhorar a gestão do Estado, assim como a implantação de “Redes Temáticas”, como Rede de Educação, Rede de Saúde, Rede de Segurança, de Tributação, de Atendimento ao Público (PoP-RN, 2020). Desse modo, apesar da Infovia Potiguar já ter sido analisada em diferentes dimensões, do ponto de vista técnico e pelas demandas por sua implantação, demandas estas que são inerentes do território, este trabalho se justifica pelo fato de ainda não haver, até o momento, uma análise sobre sua atuação na configuração territorial do estado, apresentando as mudanças na organização da informação no território do Rio Grande do Norte, que aponte onde exatamente o acesso é mais precário ou praticamente inexistente (por uma série de fatores) correlacionando com a posição e situação de onde a estrutura técnica e de serviços desse empreendimento vai se dar. Ademais, a justificativa desta pesquisa consiste também no fato do estado do Rio Grande do Norte ter sido um dos primeiros estados no Brasil a ser contemplado com enlaces de alta capacidade de conexão, 100Gb/s, pela RNP, em função da parceria com a Chesf, e do interesse do Núcleo de Redes Avançadas/PoP-RN em expandir a instalação da Infovia Potiguar afim de potencializar uma melhor gestão do estado do Rio Grande do Norte, através da promoção de ações mais integradas entre diferentes setores e uma governança mais ágil. Assim, este estudo parte da hipótese de que a instalação da Infovia Potiguar no Rio Grande do Norte potencializa usos de sua rede que reduzem as desigualdades não apenas referentes ao acesso à Internet, mas também aos serviços, contribuindo para uma gestão mais eficaz da informação e do território no RN. No entanto, sabendo-se que as redes se instalam sobre uma realidade complexa, onde certamente impactarão, mas, onde igualmente receberão a marca (DIAS, 2000), o questionamento central da pesquisa é: Qual a configuração territorial da Infovia Potiguar no estado do Rio Grande do Norte? Como questões específicas, temos as seguintes: P á g i n a | 40 Em que perspectiva a citada configuração territorial apresenta oportunidades (fluidez) e desafios (viscosidades) para a gestão da informação no território potiguar? De que maneira a configuração territorial da Infovia Potiguar induz a regionalização da informação no estado do Rio Grande do Norte? Quais os usos do território que podem ser viabilizados a partir da instalação da Infovia Potiguar? Quais materialidades (estruturas/equipamentos) são articuladas no território do RN a partir da instalação da Infovia Potiguar? Em resposta à problemática da pesquisa e em paralelo à hipótese levantada, o objetivo central deste estudo corresponde em: analisar a configuração territorial da Infovia Potiguar e os consequentesusos do território no estado do Rio Grande do Norte, discutindo as transformações territoriais em seu meio técnico-científico- informacional. Desse modo, como objetivos específicos, temos os seguintes: Evidenciar as redes técnicas e de serviços do RN que estão inclusas no (ou que podem ser incorporadas ao) projeto da Infovia Potiguar; Identificar a regionalização da informação dos municípios elencados pela Infovia Potiguar, a partir da distribuição atual dos acessos de diferentes níveis técnicos e as hierarquias que serão estabelecidas com esta rede; Analisar a relação entre a implantação da Infovia Potiguar no estado e o uso da informação pelos diferentes agentes do território; Inferir as potencialidades de integração e de gestão do território do RN com a incorporação da Infovia Potiguar a partir dos equipamentos territoriais analisados. P á g i n a | 41 De tal modo, este trabalho está estruturado quanto ao objeto, às questões e aos objetivos da seguinte maneira: Quadro 1 – Objeto, Questões e Objetivos da Pesquisa Objeto Questão Geral Questões Específicas Objetivo Geral Objetivos Específicos A configuração territorial da rede de informação da Infovia Potiguar no território do Rio Grande do Norte Qual a configuração territorial da Infovia Potiguar? De que modo essa configuração apresenta oportunidades e desafios para a gestão da informação no território potiguar? Analisar a configuração territorial da Infovia Potiguar e os consequentes usos do território do RN Evidenciar as redes técnicas e de serviços do RN que estão ou podem ser inclusas à Infovia Potiguar Como que essa configuração induz a regionalização da informação no território? Identificar a regionalização da informação nos municípios elencados pela Infovia Potiguar Quais os usos do território permitidos por essa configuração? Analisar a relação entre a implantação da Infovia Potiguar e o uso da informação pelos diferentes agentes do território Quais materialidades (estruturas/equipamentos) articuladas no território a partir dessa configuração? Inferir as potencialidades de integração e de gestão do território a partir dos equipamentos territoriais analisados Fonte: Elaborado pelo autor (2021). Esta pesquisa, está dividida em mais quatro seções, além desta seção introdutória, em que se apresentou o objeto/problema da pesquisa, justificativa, hipótese e se elencou os seus objetivos. Essas seções que se seguem correspondem à fundamentação teórico- metodológica e, na sequência, outras as seções intituladas: O desenho da rede da Infovia Potiguar no território do estado do Rio Grande do Norte; A informatização e as disparidades regionais do território do RN: o SIGIP-RN; Gestão do território e da informação pela Infovia Potiguar: da totalidade ao lugar; e, por fim, as Considerações Finais. Quanto à fundamentação teórico-metodológica, é apresentado, num primeiro momento, o corpo conceitual e teórico do trabalho, com destaque para Santos (1978; P á g i n a | 42 1985; 1994; 1996 e 2005), Mauss (1926), Santos e Silveira (2001), Lencioni (1999), Paasi; Harrison; e Jones (2018), Becker (1991, 2005), Haesbaert (2004) e Ribeiro (2004), sobretudo quanto: à teoria do espaço, à discussão teórica sobre a tecnomorfologia, e aos conceitos de território, rede, região e lugar e às categorias de análise da geografia, uso e gestão do território e a configuração territorial. Além disso, se discute o método da Análise Regional, através da concepção de complexo geográfico, evidenciando Monbeig (1957), e outros mais contemporâneos como Dantas (2009) e Nonato Júnior (2016). Tanto a teoria como o método da pesquisa, os conceitos e categorias de análise foram elencados, pois, permeiam os elementos que surgem no nosso objeto de estudo, conforme veremos. Sobre os procedimentos metodológicos da pesquisa, destacamos a abordagem quanti-qualitativa, a tipologia referente ao sistema de indicadores, com ênfase em Le Tourneau e Marchand (2010), mas também em Nonato Júnior (2016) e Oliveira (2019) e os procedimentos de pesquisa (documental, bibliográfica, campo e laboratório). Apresentamos as ferramentas elencadas para o desenvolvimento desta pesquisa, a exemplo da tabulação dos dados e representação destes através de tabelas e gráficos por planilha eletrônica, software de geoprocessamento e de cartomática. Ainda sobre esse capítulo, há uma introdução sobre a consistência da Internet, de um ponto de vista técnico e geográfico, seguido de uma contextualização sobre os precursores históricos da transmissão da informação no mundo em paralelo à formação do meio técnico-científico-informacional e uma discussão sobre o desenvolvimento das telecomunicações no Brasil até o advento da Internet, considerando o papel da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa para a sua inserção no território brasileiro, em âmbito acadêmico. Quanto ao capítulo seguinte, O desenho da rede da Infovia Potiguar no território do estado do Rio Grande do Norte, há uma discussão sobre a incorporação desta infraestrutura no território do Rio Grande do Norte. Nessa discussão, boa parte das análises se devem aos dados e informações obtidos com os técnicos do NuRA/PoP-RN, por meio de conversas espontâneas que foram realizadas ao longo da pesquisa e que nos permitiu realizar representações cartográficas, identificando as tecnologias utilizadas, ou que serão incorporadas ao projeto da Infovia Potiguar, mas que ainda estão em andamento, e também algumas das dinâmicas territoriais já passíveis de serem percebidas em função da atual fase de materialização da Infovia Potiguar relacionada à configuração territorial preexistente no território do RN. P á g i n a | 43 No capítulo seguinte, intitulado A informatização e as disparidades regionais do território do RN: o SIGIP-RN apresentamos uma introdução sobre o processo de informatização do estado do Rio Grande do Norte, seguido das análises dos dados oriundos do nosso sistema de indicadores. Desse modo, fizemos uma análise qualitativa da configuração territorial do estado do Rio Grande do Norte no que tange à distribuição da informação no estado, e de como ela se apresenta como um reflexo às disparidades regionais e discutimos os dados do sistema de indicadores e os produtos cartográficos elaborados a partir destes dados, de modo a obter uma análise síntese e transversal de como a implantação da Infovia Potiguar está relacionada ao fortalecimento e imposição de novas regionalizações. Isso é discutido no capítulo em questão, a partir dos resultados sobre a atual distribuição de acessos de diferentes níveis técnicos, além de outros indicadores, e as hierarquias que tendem a ser estabelecidas com a implantação da Infovia Potiguar. Finalmente, no último capítulo, a Gestão do território e da informação pela Infovia Potiguar: da totalidade ao lugar, trouxemos as entrevistas semiestruturadas realizadas com a coordenação do PoP-RN, com o administrador de rede da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap) do RN e com a secretária de Tecnologia da Informação (TI) da Secretaria Municipal de Planejamento (Sempla) de Natal, as quais foram discutidas a questão da gestão territorial e quais os principais obstáculos e desafios para a implantação da rede da Infovia Potiguar com esse propósito. Destacamos também nesse capítulo, os casos percebidos na última escala das redes, ou seja, os lugares, onde realizamos conversas espontâneas, sem roteiro, com a coordenação de TI do IFRN de Ceará-Mirim e do IFRN de João Câmara, em visita a esses municípios, acerca da concretização da rede nesses dois pontos que são praticamente os primeiros da Infovia Potiguar a serem inaugurados. P á g i n a | 44
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