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ANA LUISA ARRABAL DE ALMEIDA -Aplasia ou agenesia renal: -Não formação do rim. Pode ser unilateral ou bilateral. Uma agenesia renal bilateral é incompatível com a vida. Pode ou não estar acompanhada do ureter, por vezes tem só resquício dessa estrutura. Ocorre mais frequentemente em equinos, cão e suínos Large White. Quando é unilateral, o animal pode passar a vida sem o diagnóstico e pode haver como consequência uma hipertrofia compensatória do rim remanescente. -Hipoplasia é diferente de hipotrofia. Na hipoplasia, há ausência de doença renal adquirida com diminuição do volume renal. A hipotrofia é também redução do volume renal, mas é consequência de lesão prévia. Na hipotrofia a superfície renal é mais irregular (com fibrose), heterogênea ou até por processos de lesões adjacentes que comprimem o parênquima renal. -Cistos renais: -Podem ser congênitos ou adquiridos. Pode ser único (solitário) ou múltiplos (policístico). Pode adquirir por processo compressivo a nível tubular que acumula urina a nível de néfron. Cisto é conteúdo líquido revestido por algum material. O rim policístico tem poucas unidades funcionais e ou não sobrevive ou vive com insuficiência renal. -Rins policísticos: -Mais frequente em bezerros, suínos e gatos. São congênitos e de tamanho variável – quão mais próximo da cortical menor o cisto. Em termos macroscópicos, o parênquima é substituído por inúmeras formações cavitárias preenchidas por líquido semelhante a urina. Normalmente são bilaterais. Rins policísticos em suínos. -Cistos de retenção (adquiridos): -Presentes nas doenças renais crônicas com fibrose e preenchidos por líquidos semelhantes a urina. Superfície renal se torna irregular com retração em outras regiões por consequência de processo fibrótico. -Atrofia renal (hipotrofia): -Ocorre devido a involução (senilidade) em cães e gatos. É adquirido, ao contrário da hipoplasia renal. Patologias prévias são relacionados com processos compressivos, como cistos, abcessos, tumores (no rim ou não), cálculos e hidronefrose. Há destruição das unidades funcionais do rim como consequência de uma outra patologia primária. -Hiperemias: acúmulo de sangue na macroscopia. • Ativa: acompanha os processos inflamatórios (nefrites), septicemia e/ou toxemias bacterianas. Ou seja, se dá inicialmente a um processo inflamatório. • Passiva: entre as causas estão insuficiência cardíaca direita ou congestiva, compressão das veias por tumores, trombose da veia renal ou cava superior, eutanásia com uso de anestésicos e/ou cloreto de potássio. -Hemorragia: -Em diversos sistemas tem cunho inespecífico, ou seja, é difícil determinar sua causa. Frequentemente as hemorragias são a nível de glomérulos por sua anatomia – enovelado de capilares por onde passa muito sangue. Algumas possibilidades de causa são: • Agentes infecciosos: bactérias ou vírus que fazem lesão vascular; • Intoxicações: tóxicos que atuam em fatores de coagulação (raticidas – dicumarínico); • Traumatismos • Trombocitopenia: intoxicação aguda por samambaia, erliquiose etc. É a diminuição do número de plaquetas. -Infarto: -Exemplo de infarto branco por sua dinâmica circulatória ser circulação terminal. Quando se instala o processo patológico verdadeiramente, observa-se um aspecto mais claro. O infarto é um processo isquêmico em que vai haver obstrução vascular com consequente falha na irrigação sanguínea. Lesão possui aspecto piramidal, pois a artéria renal se divide em vários ramos para tentar suprir as necessidades do parênquima renal. Ou seja, artérias de maior calibre serão responsáveis por uma região triangular. Quando o ramo da artéria é de maior calibre, o impacto vai ser maior. Ocorre infarto crônico com retração do parênquima renal (cicatrização). -Glomerulite viral: -Causada por infecção viral em que, devido a rede de capilares, o vírus tem tropismo por vasos sanguíneos. Vírus com essa capacidade faz inflamação de vasos sanguíneos em todas as regiões, mas em glomérulos é mais relevante. Alguns exemplos são hepatite infecciosa canina, peste suína clássica, doença de Newcastle em aves, peste suína africana, circovírus suíno, entre outros. Todos os vírus com tropismo por vasos sanguíneos tem capacidade de fazer glomerulite. -Glomerulonefrite imunomediada: -Presença de anticorpo anti membrana basal do glomérulo. É uma doença autoimune em que o corpo produz esse anticorpos, os quais começam a se ligar na membrana basal do glomérulo, incitando uma resposta inflamatório por opsonização e ativação do sistema complemento. Pode ocorrer também por deposição de complexos imunes – algumas infecções são altamente antigênicas e, dessa forma, ocorre deposição desses anticorpos em complexo proteico que possui dimensão física considerável. Algumas possíveis causas: • Caninos: hepatite infecciosa canina, piometra, dirofilariose, erliquiose, leishmaniose, lúpus eritematoso sistêmico, neoplasias. • Felinos: leucemia felina, peritonite infecciosa felina, neoplasias. • Equinos: anemia infecciosa equina. • Bovinos: diarreia viral bovina. • Suínos: peste suína africana. -Macroscopicamente, observa-se pontos avermelhados na superfície do rim. -Necrose tubular aguda: -Necessita de um quadro tóxico ocorrendo. Isso acontece porque células epiteliais tubulares não possuem defesas contra tóxicos, seja eles endógenos ou exógenos. Macroscopicamente, observa-se estrias transversais evidentes. As principais causas de nefrose são: • Metais pesados; • Antibióticos (dose e frequência): gentamicina, neomicina, estreptomicina. • Antifúngicos: anfotericina. Nefrose. Presença de estrias transversais. Rim extremamente avermelhado. Estrias transversais evidentes. -Nefrose tóxica endógena: -Componentes no próprio corpo são tóxicos para o epitélio tubular. Estão intimamente relacionados com degradação ineficiente ou processo prévio que causa uma concentração aumentada desses componentes. A hemoglobina, por exemplo, necessita previamente de uma alta lise de hemácias (anemia hemolítica, como na leptospirose). Dessa forma, algumas causas são: • Crise hemolítica vascular aguda; • Leptospirose, intoxicação por cobre, babesiose; • Elevada concentração sérica da hemoglobina; • Acúmulo nos túbulos; • Hemoglobinúria. -Macroscopicamente, o rim se torna muito avermelhado. -Nefrose colêmica: -Concentração grande de bilirrubina em processos que cursam com icterícia por mecanismos idênticos a da hemoglobina – a bilirrubina é filtrada e é tóxica para o epitélio tubular. Macroscopicamente, observa-se coloração amarelada nos rins com o parênquima escurecido por pigmentação mais intensa na mucosa. -Nefrose mioglobinúrica: -Também é tóxica e ocorre por degradação de componentes musculares. Uma doença importante em equinos, os quais têm lesões musculares quando são submetidos a exercício físico extenuante: mioglobinúria paralítica dos equinos. Pode ocorrer em animais selvagens: miopatia por captura (mais frequente em gatos selvagens). Falhas nutricionais também ocasionam: miopatias nutricionais. -Nefrose por hemossiderina: -Semelhante à hemoglobina, mas nessa última é aguda e na hemossiderina é uma grande quantidade de hemácias, mas sendo rompidas por período prolongado (crônica). Hemoglobina nesse caso já foi quebrada em porção heme + globina. -Nefrite intersticial: Nefrite intersticial – bovino. -Inflamação do interstício renal. Precisa haver um quadro de septicemia por bactérias ou vírus, os quais se disseminam somente no interstício renal, sem acometimento de túbulos. Especula-se que possuem tropismo por essemicroambiente renal. Nefrite intersticial – cão. -Nefrite tromboembólica: -Patogênese idêntica à pneumonia tromboembólica. Bactérias piogênicas tomam a corrente sanguínea e formam abcesso na região acometida. Espécies mais comuns são: • Potros: Actinobacillus equi (actinobacilose); • Suínos: Erysipelothrix rhusiopathiae, Streptococcus sp., Actinomyces sp. • Bovinos: Arcanobacterium pyogenes; • Ovinos: Corynebacterium pseudotuberculosis. Obs.: em geral, esses agentes não causam infecções em organismos imunocompetentes. -Nefrite granulomatosa: -Se assemelha também às condições de pneumonia, em que há agentes específicos que tem por característica incitar uma resposta granulomatosa. Alguns agentes são: • Peritonite infecciosa felina, fungos (Aspergillus spp., Histoplasma capsulatum), algas (Prototheca spp.) e bactérias superiores (Mycobacterium bovis; Mycobacterium tuberculosis) e larvas de Toxocara canis. Nefrite granulomatosa por Toxocara canis. -Pielonefrite: -Inflamação que inicia na pelve e evolui ao parênquima renal. É uma inflamação ascendente, que se instala normalmente na bexiga, subindo pelo ureter. As causas são as mesmas de cistite: • Agentes etiológicos: E. coli (UPEC), Corynebacterium renale, Actinobaculuum suis. Cistite, ureterite, pielonefrite. -Hidronefrose: -É a dilatação da pelve e dos cálices renais associada a atrofia do parênquima. Acúmulo nas porções anteriores ao processo obstrutivos de maior proporção. Uma obstrução de ureter congestiona a urina anteriormente ao ureter e não vai se formar em padrão cístico, e sim em processo expansivo, em todos os néfrons. É uma patologia autolimitante, mas somente quando há destruição dos glomérulos. Hidronefrose por obstrução uretral por urólitos. -Toxocara canis: -Lesões granulomatosas multifocais no parênquima renal. -Stephanurus dentarus: -Presença do parasita na gordura perirrenal, visualizados microscopicamente. -Dioctophyma renale: -Parênquima renal com parasita próximo, causando lesão na pelve renal com quadro de inflamação dessa pelve. Ele se aloja para realizar seu processo reprodutivo. Tem frequência de infecção em somente um rim, chegando depois de atravessar a barreira intestinal (duodeno). Devido à proximidade anatômica do duodeno com o rim direito, esse é o rim frequentemente acometido. -Não são frequentes quando primários. Entretanto, o rim devido a sua dinâmica circulatória, é frequente local de metástases. -Tumores renais primários: • Nefroblastomas: mais frequente, embora raros, nos rins. Tumor embriogênico em que as células podem se diferenciar nas diferentes estruturas no tecido que ela iria originar. Poderia dar origem à glomérulo, túbulo renal, ou seja, qualquer estrutura renal. • Carcinoma renal; • Adenoma renal. -Metástases: • Linfoma: mais comuns; • Hemangiossarcoma; • Fibrossarcoma. -Hemorragias: frequentes, podendo ser específicas ou inespecíficas. Superfície de urólitos, dependendo da sua textura, causa traumas. -Bexiga: duas condições importantes de quadros hemorrágicos – erliquiose em cães e hematúria enzoótica em bovinos por ingestão de samambaia. Além disso, também ocorre por peste suína africana em suínos. Hematúria enzoótica – samambaia (Pteridium aquilinum). Hemorragia em cão por Erlichia canis. Obs.: na ingestão aguda de samambaia há quadro de hematúria enzoótica. A ingestão por longos períodos e em menor quantidade pode acontecer formação de neoplasias no trato digestório. Obs2.: petéquias – hemorragias milimétricas multifocais. -Na maioria das vezes, a uretrite e ureterite são consequências da cistite. -Cistite: necessita de fatores predisponentes. Inicialmente, o conteúdo urinário tende a ser estéril e a bexiga tem mecanismos de manter esse componente estéril, o que é um desafio, já que existe a constante possibilidade de migração de microrganismos pela uretra. A bexiga elimina urina repetidamente, fazendo limpeza física do trato urinário. Além disso, a própria urina tem propriedades antibacterianas, como sua natural acidez e presença de anticorpos de mucosa. Sendo assim, fatores que predispõem a colonização bacteriana são: • Retenção urinária; • Micção incompleta; • Uretra curta. -Bactérias envolvidas na cistite: • E. coli; • Streptococcus sp.; • Staphylococcus sp.; • Corynebacterium renale; • Actinobaculum suis: frequentemente em porcas. -Cistite seromucosa: -Classificada de acordo com seu exsudato. Na região do lúmen, observa-se grande conteúdo inflamatório semelhante a catarro. -Cistite hemorrágica: Predomínio de processo hemorrágico, com presença de necrose na saída para a uretra. -Frequência de urolitíase é igual em machos e fêmeas, mas as consequências não. Devido ao menor diâmetro da uretra dos machos, as consequências dessa patologia são mais susceptíveis à obstrução uretral. Em cada espécie doméstica, há um local de predominância da obstrução por urólito. -Condições predisponentes: o urólito é um núcleo orgânico, com células do próprio animal. Bactérias também podem ser esse núcleo orgânico para que os minerais precipitem ao seu redor. Além disso, em pH mais ácidos existem sais que precipitam mais e em pH mais básico há outros sais que também precipitam mais. • pH ácido: sais de oxalato; • pH básico: estruvita e carbonato. -Isso pode ser indicativo nutricional, ou seja, no manejo nutricional de um rebanho esteja sendo fornecido um mineral em grandes concentrações que favorece formação de urólito. Pesquisa-se o sal que causa o urólito no rebanho com seu formato e textura e indicar melhor substância que altere o pH urinário. -Consumo de água deficiente aumenta a concentração da urina e predispõe urólise. -Cães da raça dálmata tem defeitos hereditários, onde falta a enzima uricase que quebra sais de urato. -Falta de vitamina A favorece por maior descamação do epitélio (aumenta quantidade de núcleos orgânicos). -Lesão da superfície urinária depende da textura do urólito. Outras consequências importantes são obstruções de ureter. Nesse caso, ocorre hidronefrose com destruição completa do néfron. No caso da obstrução de uretra, a bexiga dilata ao ponto de ruptura. Isso porque há mecanismos que impedem o retorno da urina pelo ureter. -No trato urinário inferior, há dois tumores muito relevantes: 1. Carcinoma de transição: tumor maligno de epitélio de transição (urinário). É frequente em qualquer local do sistema urinário, mas muito mais na bexiga. 2. Hemangiossarcoma: tumor vascular. Pode se iniciar em qualquer lugar do corpo, mas é frequentemente primário em bexiga. Também é frequente como primário em baço e pele. -Tumor benigno da musculatura da bexiga também são frequentes (leiomioma). Mais raramente, tem-se: • Papiloma de células transicionais; • Carcinoma de células escamosas: não há células escamosas na bexiga, e sim são a camada de revestimento da pele. Uma agressão prolongada faz acontecer metaplasia no epitélio da bexiga, de transicional para escamoso. Com o tempo, essas células podem se proliferar e fazer processo neoplásico. – -Conceitos importantes: -Azotemia: elevação de ureia e creatinina no sangue sem manifestações clínicas. -Uremia: síndrome causada por distúrbios bioquímicos associada à manifestações clínicas e lesões multissistêmicas. Ureia em concentrações mais altas é neurotóxica. -Insuficiência renal aguda: -Redução súbita da função renal. Cursos com intoxicações endógenas ou exógenas causam lesão renal aguda. Frequentemente não há tempo de ter lesões extra renais e não é possível, através de necrópsia, afirmar que houve insuficiênciarenal aguda (somente na clínica). Pode haver diferentes causas: • Nefrose tubular aguda; • Glomerulonefrite. • Não há manifestação clínica evidente, normalmente só azotemia. Pode haver pequena ou nenhuma perda de eletrólitos. Hiperpotassemia pode ser a causa da morte por afetar a função cardíaca de forma aguda – potássio não está sendo eliminado. -Insuficiência renal crônica: -Incapacidade renal devido à perda progressiva e gradual do tecido renal. Há acúmulo de componentes lesivos no sangue, ocasionando lesões em outros sítios. Lesão renal crônica não é sinônimo de insuficiência renal crônica. -A grande maioria das lesões acontece devido ao acúmulo de ureia, que vai fazer lesões vasculares e patologias necrosantes. -Sistema digestório: todas as inflamações são pela concentração elevada de ureia. Uma peça importante no diagnóstico de insuficiência renal crônica na necrópsia é o odor. Na cavidade oral ou a abrir o estômago há odor amoniacal (semelhante a urina). Pode ocorrer: • Estomatite ulcerativa e necrosante; • Glossite ulcerativa e necrosante; • Gastrite ulcerativa hemorrágica e enterite; • Pancreatite; • Necrose de ponta de língua. -Sistema respiratório: pneumopatia urêmica é relacionada a quadros de insuficiência renal, vista como mineralização de todo o septo pulmonar e na pleura (parietal e visceral). Outra alteração é o edema (lesão não causada pela ureia) causada por perda proteica e consequente diminuição da pressão oncótica. Mineralização do tecido conjuntivo subpleural dos espaços intercostais. -Um dos processos de lesão extra-renal é mineralização. Isso acontece pelo acúmulo de cálcio no sangue. O organismo entende que há diminuição relativa de cálcio (comparando com outros íons, como potássio e fósforo que também estão sendo retidos e tendo sua concentração aumentada). Ou seja, a mensuração da concentração de cálcio é comparando com outros íons. Dessa forma, o organismo entende que precisa aumentar a concentração de cálcio, ocasionando uma hipercalcemia absoluta com deposição desse íons em diversas áreas, iniciando processo de calcificação (metastática). -Sistema cardiovascular: inflamações de artérias pela ureia. Endocardite atrial ulcerativa ocorre, juntamente com possibilidade de ruptura atrial. -Sistema nervoso: não há lesão macroscópica significativa. Alterações são mais relevantes na clínica. -Sistema endócrino: aumento da paratireoide por estímulo de cálcio e necessidade de maior paratormônio. Como consequência, cálcio é retirado do sistema locomotor, como visto abaixo. -Sistema locomotor: fragilidade óssea (mandíbula de borracha) e fraturas espontâneas. -Patogenia do edema:
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