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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA 
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aspectos clínicos, radiográficos e 
histológicos da superfície oclusal 
de molares decíduos com e sem 
lesão de cárie: Estudo in vitro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL – RN 
2011 
 
GISELE CHAVES DE MEDEIROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aspectos clínicos, radiográficos e histológicos da superfície 
oclusal de molares decíduos com e sem lesão de cárie: 
Estudo in vitro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador (a): Profª. Drª. Isauremi Vieira de Assunção Pinheiro 
 
 
 
 
 
 
NATAL 
2011 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 
Odontologia da UFRN como requisito parcial para obtenção 
do título de Mestre em Odontologia, área de concentração em 
Saúde Coletiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia 
Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”. 
 
Medeiros, Gisele Chaves de. 
 
 Aspectos clínicos, radiográficos e histológicos da superfície 
oclusal de molares decíduos com e sem lesão de cárie: estudo in vitro 
/Gisele Chaves de Medeiros. – Natal, RN, 2011. 
124 f. : il. 
 
 Orientador: Profa. Dra. Isauremi Vieira de Assunção Pinheiro. 
 
 
Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em 
Odontologia. 
 
1. Cárie dentária – Dissertação. 2. Diagnóstico – Dissertação. 3. Odontologia 
preventiva – Dissertação. I. Pinheiro, Isauremi Vieira de Assunção. II. Título. 
 
 
RN/UF/BSO Black D585 
 
 
 RN/UF/BSO Black D74 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus... 
 Razão Suprema da minha existência e minha luz. Ao conceder-me o Dom da vida, deu-
me também todas as oportunidades e me permitiu realizá-las. Agradeço a Ele por ter me 
fortalecido em todos os momentos de fraqueza e sempre ter olhado por mim de forma 
especial. 
 
 
 
Aos meus pais... 
Obrigada pelos exemplos de amor, honestidade e dedicação que moldaram meu caráter 
da melhor forma possível. 
Tenho muita sorte de ter pais como vocês. 
Amo muito vocês e obrigada por tudo. 
 
 
Aos meus irmãos... 
Danielle e Antônio Eduardo, em especial a Danielle, sempre paciente, compressiva e 
companheira, mesmo nos meus dias de insuportável humor. Vocês dão cor a minha vida. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 Aos meus parentes maternos e paternos, que sempre apoiaram as minhas 
escolhas e torceram pelo meu sucesso. Sei que cada pequena vitória, por vezes 
insignificante, é motivo de orgulho para vocês. Palavras me faltam para expressar a 
imensa gratidão que tenho a Deus por ter me presenteado com uma família tão 
maravilhosa. Sortuda eu sei que sou. Muito. “E quem não sabe dar valor pra essas 
coisas... Ter um lar é um tesouro!” 
 
 Aos meus colegas de mestrado, pela agradável convivência durante esses 
dois anos. Em especial a Anna Paula, a Maria Regina, ao Jânio, a Emanuelle e a 
Angela. Cada um de vocês contribuiu de alguma forma para o meu 
engrandecimento pessoal e profissional. Obrigada pelos momentos felizes, 
engraçados e divertidos que compartilhamos juntos. Nunca esquecerei vocês. 
 
A todos os meus amigos, das antigas e os recentes, que sempre apoiaram e 
apóiam os meus sonhos, e que agora vibram por essa grande conquista na minha 
vida. Eu nada seria sem vocês. 
 
Às alunas da Graduação, Juliane de Souza Borges e Adrielle Silva Barreto. 
Não tenho palavras para descrever a imensa gratidão que tenho a vocês. Essa 
pesquisa não teria sido possível sem sua crucial ajuda. Obrigada a Adrielle, sempre 
tão solícita, e a Juli, sempre tão paciente, compreensiva, disposta a me ajudar em 
qualquer momento e situação. Juli, você é especial! Saibam que sempre estarei 
orando pela felicidade das duas. Muito obrigada! Deus as abençoe! 
 
Aos também alunos da Graduação, Raphael Ferreira de Souza Bezerra 
Araújo, Fabrício Lopes da Rocha Pereira e Allison de Araújo Lucena, por toda a 
ajuda que me deram durante o mestrado. Não tenho dúvidas de que serão 
grandes profissionais. Torço muito pelo sucesso de vocês. 
 
A ex-aluna de Graduação e agora cirurgiã-dentista Pryscyla Pascally Targino 
Araújo, que tanto me ajudou e me acompanhou durante as coletas de dados. 
 
Você é um exemplo de profissional responsável, dedicada e com certeza será uma 
mulher vencedora. Muito obrigada! 
 
A minha orientadora do Mestrado Profa. Dra. Isauremi Vieira de Assunção 
Pinheiro, pelo incentivo, apoio, orientação e paciência. Muitíssimo obrigada! 
 
A minha mestra e amiga Profa. Dra. Maria Helena Chaves de Vasconcelos 
Catão, da UEPB. Obrigada pela confiança que sempre depositou em mim, pela 
amizade e orientação profissional durante todos esses anos, e acima de tudo, pelo 
apoio e incentivo para que eu desse esse passo tão importante, que foi o curso de 
Mestrado. A senhora sempre acreditou em mim, mesmo quando nem eu mesma 
acreditava ser capaz. Meu muito obrigada! 
 
Ao Prof. Dr. Carlos Augusto Galvão Barbosa, pela ajuda nos momentos de 
dúvidas e por se mostrar solícito sempre que pôde. Obrigada! 
 
A Profa. Dra. Sally de Franca Lacerda Pinheiro, por ter se mostrado tão solícita 
e contribuído com sugestões para enriquecimento do trabalho. Obrigada 
imensamente! 
 
Ao Prof. Dr. Kenio da Costa Lima, coordenador da PPGO, por contribuir para 
meu enriquecimento intelectual e por todo apoio durante momentos de dúvidas. 
Tenho profunda admiração pelo seu trabalho. Muito obrigada! 
 
Às professoras da Disciplina de Odontopediatria da UFRN, por tão 
gentilmentecederem o espaço da clínica para a realização desse trabalho. 
 
A Marcilene, pela paciência e ajuda, sempre se mostrando disponível, 
abrindo mão até de suas férias, permitindo a realização das pesquisas nas clínicas. 
Muito obrigada! 
 
Aos funcionários da Biblioteca do Departamento de Odontologia da UFRN, 
que por tantas vezes foram os meus companheiros durante longos momentos de 
estudo. Obrigada por toda a ajuda! 
 
Ao Lucas e a Sandra, da secretaria do PPGO, funcionários exemplo de 
competência, sempre gentis e disponíveis a ajudar. Muitíssimo obrigada! 
 
Aos técnicos do NEPGN/UFRN, Artejose e Érico, pela ajuda durante as análises 
em MEV. 
 
Às técnicas do Laboratório de Técnicas Histológicas do Centro de 
Biociências/ UFRN, Lourdinha, Maria do Socorro, Melina e Sara, pela enorme ajuda 
durante o preparo dos espécimes em microscopia de luz. 
 
A todos os funcionários e professores da UFRN, que me ajudaram e 
contribuíram para o andamento do meu curso de mestrado. 
 
Ao Prof. MsC. Gildenor Xavier Medeiros, meu tio querido, do curso de 
Medicina Veterinária da UFCG, Campus Patos – PB, pela crucial ajuda durante as 
análises em microscopia de luz. 
 
À doutoranda da Pós-Graduação em Medicina Veterinária da UFCG, 
Campus Patos – PB, Profa. MsC. Clarice Ricardo de Macêdo Pessoa, pela ajuda no 
manuseio do microscópio de luz, na visualização das lâminas e na captação das 
imagens. 
 
Ao residente em Patologia Animal da UFCG, Andrei Manoel Brum Febronio, 
pela igual ajuda no manuseio do microscópio de luz, na visualização das lâminas e 
captação das imagens. 
 
Ao laboratório de Patologia Animal do Departamento de Medicina 
Veterinária da UFCG, Campus Patos – PB, na figura dos seus alunos de graduação e 
pós-graduação, bem como de seus funcionários, por tão gentilmente me 
acolherem para a execução da etapa de exames em microscopia de luz. 
 
 Às crianças que participaram deste trabalho. É gratificante trabalhar com 
vocês e para vocês. Igualmente, aos pais/responsáveis das crianças, que 
compreensivamente contribuíram para o andamento da pesquisa. 
 
A CAPES pelo auxílio financeiro. 
 
A todos que de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização 
desse trabalho. 
 
Muito Obrigada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tem Calma 
Pe. Fábio de Melo 
Composição: Martim Valverde 
Tem calma contigo mesmo e olha aonde vais 
Espera um minuto, pensa no que farás 
No meio da tormenta é duro navegar 
E uma escolha incerta pode caro custar 
Nem todo mau momento te faz fracassar 
E em caminhos de pedras haverás de passar 
Pois nem tudo na vida é como a gente quer 
Mesmo sem sombras na terra o sol brilha no céu 
Segue adiante, sem olhar atrás 
Vive cada dia e nada mais 
E o que vier tu vencerás 
Só tu tens a chave: abres ou fecharás 
Tem calma na vida o jogo é de verdade 
Pra ganhar a partida vai com forca e coragem 
São as regras do jogo é bom sempre lembrar 
Diante dos desafios é preciso tentar 
Tu és precioso acredite ou não 
Mas o amor tem sua casa nos terrenos da dor 
E assim como o ouro pelo fogo irás passar 
E o que tens de melhor o fogo vai revelar 
Ainda que chores, tu vencerás 
Só aquele que perde sabe também ganhar 
Segue adiante, sem olhar atrás 
Vive cada dia e nada mais 
E o que vier tu vencerás 
Só tu tens a chave: abres ou fecharás 
Tem calma... tem calma... tem calma... 
http://letras.terra.com.br/pe-fabio-de-melo/
 
RESUMO 
 
Devido ao fato de o diagnóstico precoce e a conduta terapêutica a ser adotada para as lesões 
de cárie oclusal figurar como um dos principais temas abordados pelas pesquisas na área da 
Cariologia nos últimos anos, faz-se importante o estudo dos testes histológicos utilizados 
como métodos de validação (padrão-ouro), de forma a esclarecer dúvidas e orientar a 
comunidade científica sobre quais métodos são mais adequados e seguros a serem utilizados. 
Este estudo tem como proposta realizar, in vitro, uma avaliação comparativa entre os métodos 
de diagnóstico clínico visual, radiográfico interproximal e histológico (Microscopia 
Eletrônica de Varredura (MEV) e Microscopia de Luz (ML) em superfície oclusal de molares 
decíduos. Um único examinador calibrado efetuou os exames visual e radiográfico 
interproximal em 66 sítios de 33 molares decíduos esfoliados apresentando pigmentação em 
fóssulas e fissuras na superfície oclusal. Após os exames macroscóspicos, as amostras foram 
submetidas a um seccionamento mesio-distal, de forma que, para cada amostra, foram obtidas 
duas secções, onde uma foi preparada e examinada ao microscópio de luz (ML), e a outra, 
igualmente preparada para ser analisada ao microscópio eletrônico de varredura (MEV). Após 
a análise histológica (padrão ouro), foi constatada a presença de lesões cariosas em 34 sítios, 
sendo 23 restritas ao esmalte e 11 com envolvimento dentinário. Histologicamente, as análises 
ao ML e ao MEV permitiram visualizar a presença de dentina esclerosada e dentina reacional, 
compatíveis com lesões de cárie crônica inativas. As imagens obtidas por meio da ML e MEV 
apresentaram uma boa correlação, uma vez que, de uma forma geral, as lesões de cárie em 
dentina incipientes em ML e MEV exibiram eventos semelhantes, como presença de dentina 
desmineralizada, esclerose dentinária e dentina reparadora ou reacional, com padrões 
tubulares de acordo nas duas técnicas, sugerindo, portanto, que o uso de uma das duas 
técnicas mencionadas poderia atender a necessidade do estudo. Com a constatação, através 
deste estudo, de que os exames histológicos através do MEV e da ML permitem a 
diferenciação entre o estado da lesão de cárie, através da visualização micro estrutural de 
elementos que possam evidenciar a paralisação ou não do processo carioso, o mesmo pode 
servir de base para auxilio as pesquisas clínicas já existentes poderem utilizar esta técnica 
visando comparar os resultados clínicos e radiográficos já encontrados e poder aumentar sua 
evidência científica em situações de tratamento não invasivo para cárie em dentina. 
 
Palavras-chave: Cárie dentária, Diagnóstico, Odontologia Preventiva 
 
ABSTRACT 
 
Because early diagnosis and therapeutic approach to be adopted for occlusal caries lesions 
appear as one of the key topics for research in Cariology in recent years, it is important to 
study the histological tests used as validation methods (gold standard) in order to answer 
questions and guide the scientific community about which methods are most suitable and safe 
to use. This research aims to carry out in vitro, a comparative evaluation of methods of visual 
clinical diagnosis, bitewing radiographic and histological (electron microscopy (SEM) and 
Light Microscopy (LM) on occlusal surfaces of primary molars. A single investigator 
calibrated conducted the visual and radiographic examinations in 66 interproximal sites of 33 
exfoliated primary molars showing pigmentation in pits and fissures on the occlusal surface. 
macroscóspicos After the tests, the samples were subjected to a sectioned mesio-distally so 
that, for each sample, were obtained from two sections, where one was prepared and 
examined under a light microscope (LM), and another, equally ready to be analyzed by 
scanning electron microscopy (SEM). After the histological analysis (gold standard), 
confirmed the presence of carious lesions in 34 sites, 23 and 11 restricted to the enamel with 
dentine involvement. Histologically, the LM analysis and SEM allowed us to visualize the 
presence of sclerotic dentin and reactionary dentin caries lesions compatible with chronic 
inactive. The images obtained through LM and SEM showed a good correlation, since, in 
general, carious lesions in dentin and SEM incipient LM exhibited similar events, such as the 
presence of demineralized dentin, dentin and reparative dentin sclerosis orreactive with 
tubular patterns According to the two techniques, suggesting that the use of one of the two 
techniques mentioned could meet the need of study. With the confirmation, through this 
study, the histological examinations by SEM and LM allow differentiation between status of 
carious lesions by visualization of micro structural elements that can show whether or not the 
stoppage of the carious process, it can serve as a basis to help existing medical research can 
use this technique to compare the clinical and radiographic results already found and may 
increase its scientific evidence in situations of non-invasive treatment for caries in dentin. 
 
Key Words: Dental Caries, Diagnosis, Preventive Dentistry 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Armazenagem das amostras em recipientes contendo formaldeído a 10%. ...........48 
Figura 2 – Limpeza dos elementos dentários com jato de bicarbonato....................................48 
Figura 3 – Elementos dentários fixados em bloco de cera utilidade para realização da inspeção 
visual.........................................................................................................................................49 
Figura 4 – Exemplo de fotografia contendo o esquema de setas com os sítios (A e B) 
selecionados para as análises....................................................................................................50 
Figura 5 – Procedimento adotado para realização da inspeção visual......................................52 
Figura 6 – Seqüência de preparação do posicionador para as tomadas radiográficas..............53 
Figura 7 – Procedimento padrão adotado para a realização das tomadas radiográficas...........54 
Figura 8 – Visão geral da cortadeira de precisão utilizada para os cortes das amostras...........56 
Figura 9 – Preparação dos espécimes para visualização ao ML...............................................59 
Figura 10 – Microscópio de Luz Nikon Eclipse E-200, com câmera fotográfica acoplada, do 
Departamento de Patologia Animal do CSTR – UFCG – Patos - PB.......................................61 
Figura 11 – Microscópio Eletrônico de varredura Philips – XL30 do NEPGN da UFRN.......63 
Figura 12 – Preparação dos espécimes para metalização e visualização ao MEV...................64 
Figura 13 – Aspecto macroscópico e radiográfico de um segundo molar decíduo inferior com 
sítio indicado para análise, hígido.............................................................................................72 
Figura 14 – Aspecto macroscópico e radiográfico de um primeiro molar decíduo superior com 
sítio indicado para análise, com pigmentação em sulcos e fissuras..........................................73 
Figura 15 – Aspecto macroscópico e radiográfico de um primeiro molar decíduo inferior com 
sítio indicado para análise, com microcavitação.......................................................................74 
Figura 16.1 – Imagens em MEV exibindo diversas regiões dentinárias (1.000x e 2.500x).....76 
Figura 16.2 – Imagens em MEV exibindo diversas regiões dentinárias (500x, 1.000x e 
2.500x)......................................................................................................................................78 
Figura 16.3 – Imagens em MEV da dentina normal, em amostras hígidas (500x e 2500x)..............79 
Figura 17.1 – Imagens em ML em amostra hígida e com microcavitação (40x).....................80 
Figura 17.2 – Imagens em ML em amostra com pigmentação sem microcavitação e com 
microcavitação..........................................................................................................................81 
Figura 17.3 – Imagens em ML em amostras com microcavitação (40x).................................82 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 – Critérios definidos para o exame visual ................................................................. 52 
Quadro 2 – Critérios definidos para o exame radiográfico ....................................................... 54 
Quadro 3 – Critérios definidos para a análise microscópica (ML e MEV) ............................... 55 
Quadro 4 – Variáveis analisadas neste estudo..........................................................................65 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Valores do índice Kappa (k)...................................................................................66 
Tabela 2 – Resultados expressos pelo examinador E nos métodos avaliados em relação ao 
padrão ouro realizado para validação dos mesmos (análise microscópica). ............................. 68 
Tabela 3 – Concordância intra-examinador obtida pelo coeficiente Cohen’s kappa (k) para a 
presença de todas as lesões (T) e lesões em dentina (D) na superfície oclusal de molares 
decíduos.................. .................................................................................................................. .69 
Tabela 4 – Descrição das características clínicas e radiográficas dos elementos dentários 
estudados... ................................................................................................................................ 69 
Tabela 5 – Resumo das características clínicas e radiográficas da amostra analisada. ............. 71 
Tabela 6 – Comparação entre as características clínicas, radiográficas e histológicas em MEV 
e ML dos elementos dentários estudados.. .............................................................................. 119 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................16 
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................20 
2.1 ASPECTOS RELACIONADOS À CÁRIE DENTÁRIA......................................20 
2.2 HISTOLOGIA DA LESÃO DE CÁRIE................................................................23 
2.2.1 Lesão de cárie em esmalte....................................................................................23 
2.2.2 Lesão de cárie em dentina....................................................................................24 
2.3 LESÃO DE CÁRIE EM SUPERFÍCIE OCLUSAL ..............................................27 
2.4 DIAGNÓSTICO DE LESÕES DE CÁRIE DENTÁRIA.......................................29 
2.4.1 Exame clínico visual e tátil...................................................................................30 
2.4.2 Exame radiográfico interproximal......................................................................32 
2.5 TRATAMENTO CONSERVADOR DE LESÕES DE CÁRIE OCLUSAL.........35 
2.6 AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DA LESÃO DE CÁRIE.....................................38 
3 OBJETIVOS..........................................................................................................44 
3.1 OBJETIVO GERAL...............................................................................................44 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................44 
4 METODOLOGIA.................................................................................................46 
4.1 DELINEAMENTOS DO ESTUDO.......................................................................46 
4.2 ASPECTOS ÉTICOS..............................................................................................46 
4.3 AMOSTRA.............................................................................................................46 
4.3.1 Critériosde Inclusão.............................................................................................47 
4.3.2 Critérios de Exclusão............................................................................................47 
4.4 PREPARO DAS AMOSTRAS PARA OS EXAMES VISUAL E RADIOGRÁFICO 
INTERPROXIMAL..................................................................................................................47 
4.5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DOS SÍTIOS........................................................50 
4.5.1 Calibração do examinador...................................................................................51 
4.5.2 Inspeção visual.......................................................................................................52 
4.5.3 Exame radiográfico interproximal......................................................................53 
4.5.4 Análise microscópica.............................................................................................55 
4.5.4.1 Preparo dos espécimes.............................................................................................55 
 
4.5.4.1.1 Preparo dos espécimes para análise em Microscopia de Luz e critérios de 
diagnóstico utilizados...............................................................................................................56 
4.5.4.1.2 Preparo dos espécimes para análise em Microscopia Eletrônica de Varredura....62 
4.6 ELENCO DE VARIÁVEIS DO ESTUDO............................................................65 
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA.....................................................................................65 
4.7.1 Análise Descritiva em Microscopia de Luz e Microscopia Eletrônica de Varredura 
para as lesões de cárie em dentina............................................................................................66 
5 RESULTADOS......................................................................................................68 
5.1 EXAMES VISUAL E RADIOGRÁFICO..............................................................68 
5.2 CONCORDÂNCIA INTRA-EXAMINADOR NOS DIFERENTES MÉTODOS DE 
DIAGNÓSTICO UTILIZADOS...............................................................................................68 
5.3 ANÁLISE MACROSCÓPICA E RADIOGRÁFICA DA AMOSTRA.................69 
5.4 ANÁLISE DAS 33 AMOSTRAS REALIZADAS POR MEIO DA MEV............75 
5.5 ANÁLISE DAS 33 AMOSTRAS REALIZADAS POR MEIO DA ML...............80 
6 DISCUSSÃO..........................................................................................................85 
7 CONCLUSÕES.....................................................................................................94 
 REFERÊNCIAS....................................................................................................96 
 APÊNDICES........................................................................................................105 
 ANEXO................................................................................................................123 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eyshila 
“Eu sei que não estou só 
E já posso crer que amanhã 
Vai ser bem melhor 
Só porque Deus está comigo.” 
INTRODUÇÃO 
 
16 
1 INTRODUÇÃO 
 
A conduta terapêutica a ser adotada para as lesões de cárie tem sido alvo de estudos 
pela comunidade científica nos últimos anos. O maior conhecimento sobre a sua patogênese e 
a possibilidade de reversão da lesão em estágios iniciais propiciou a adoção de uma postura 
voltada para o controle da doença através de tratamento não invasivo. Dessa forma, a prática 
tradicional restauradora vem sendo substituída pela Odontologia Minimamente Invasiva, que 
tem como filosofia a conservação da maior quantidade possível de estrutura dentária
 9
. 
Dentro desse contexto de Odontologia Minimamente Invasiva encontra-se a discussão 
acerca da detecção precoce da lesão de cárie oclusal visando possibilitar a adoção de um 
plano de tratamento preventivo e interceptador 
29, 123
. 
Segundo Bastos e colaboradores 
10
, o conceito de diagnóstico de cárie na Odontologia 
tradicional não tem sustentação, uma vez que não determina risco, severidade e atividade da 
doença. A Odontologia tradicional apresenta uma abordagem quase que exclusivamente 
curativa. O que observamos, portanto, é a presença de um ciclo restaurador repetitivo em que 
os procedimentos, embasados em um diagnóstico incorreto, feito por meio da identificação de 
danos já ocorridos (sequelas da doença). Na urgência em realizar tratamento de caráter 
invasivo, desgastam, desnecessariamente, as estruturas dentais, o que não favorece o controle 
das doenças bucais e, conseqüentemente, não melhora os níveis de saúde bucal, pois não se 
combate os agentes causais, apenas reparam as seqüelas da doença. 
O papel da Odontologia atual deve ser a adoção de medidas preventivas e 
interceptadoras, ao invés do emprego do tratamento invasivo imediato. Para que isto ocorra, 
necessário se faz um correto diagnóstico de cárie, principalmente em superfície oclusal, bem 
como a adoção de tratamentos não invasivos interceptadores 
70
. As pesquisas clínicas 
realizadas até o presente momento apresentam evidências de sucesso desses tratamentos não 
invasivos através de observações clínicas e radiográficas. Para maior evidência científica, a 
realização de uma pesquisa utilizando padrão ouro seria de grande valia. Este padrão ouro 
seria um exame histológico, que só é possível de ser realizado em estudos com dentes 
decíduos que permitem a realização do mesmo após a esfoliação. O estudo e conhecimento da 
morfologia dentária sadia e atingida por lesões de cárie são necessários para o entendimento 
dos mecanismos envolvidos na etiopatogenia da doença e, principalmente, no momento em 
que se busca a compreensão dos fundamentos básicos à manutenção da integridade dos 
17 
tecidos dentários por meio de técnicas restauradoras não invasivas, como, por exemplo, o 
selamento oclusal de cárie em dentina. 
Já é sabido da possibilidade de paralisação de uma lesão de cárie quando a mesma se 
encontra confinada em esmalte e, para tal, se adotam tratamentos não invasivos para resolução 
do problema 
64
. Quando temos a situação de lesão de cárie em dentina, a dentística operatória 
preconiza tratamento invasivo (restauração) por não acreditar na possibilidade de paralisação 
ao nível dentinário. 
Estudos têm mostrado possibilidade de paralisação da lesão de cárie em dentina (na 
situação clínica de cavidade aberta e sem a remoção total da dentina cariada) apenas com o 
selamento da superfície (utilizando material restaurador). Estes estudos acompanharam estes 
dentes por 10 anos e puderam comprovar a paralisação da lesão neste tecido 
43, 72, 79
. 
Estes resultados provavelmente ocorrem devido ao fato de que, com o vedamento da 
superfície da cavidade, impede-se a presença do biofilme, que é o principal substrato para o 
desenvolvimento da lesão cariosa. Com este feito, as bactérias se tornam inviáveis, morrem 
por inanição e não continuam o processo carioso. A nutrição oriunda do ápice provavelmente 
é insuficiente para manter as bactérias viáveis 
16, 17, 56, 95
. 
Diante desta constatação, vem a indagação: se é possível paralisar uma lesão de cárie 
em dentina em uma cavidade aberta, de média a extensa profundidade, porque não conseguir 
o mesmo feito quando temos lesão no início da dentina, logo abaixo do limite amelo-
dentinário, diagnosticada apenas radiograficamente, pois clinicamente se encontraainda sem 
cavitação visível macroscopicamente 
16, 17, 56, 95
. 
Situações clínicas de cárie em dentina detectadas apenas radiograficamente, sem 
cavitação clínica, estão sendo submetidas a tratamentos não invasivos (selamento oclusal) e 
acompanhadas clinica e radiograficamente para verificação da possibilidade de paralisação 
destas lesões em alguns estudos clínicos 
16, 17, 64
. 
Estudos vêm sendo desenvolvidos nesta área, utilizando uma amostra maior e um 
maior tempo de acompanhamento, porém ainda sem realização de um padrão ouro. Pesquisas 
com dentes decíduos estão sendo realizadas para possibilitar uma análise histológica, tendo 
em vista a possibilidade de obtenção do dente pós-período de esfoliação. Faz-se necessário, 
portanto, um estudo acerca de como se dariam estas técnicas histológicas e em que elas 
poderiam contribuir para visualizarmos uma paralisação ou não do processo carioso. 
Devido à necessidade de verificação de que tipos de exames histológicos poderiam ser 
úteis neste ponto em questão, este estudo se propôs a realizar, in vitro, uma análise histológica 
18 
através da microscopia eletrônica de varredura (MEV) e da microscopia de luz (ML) em 
dentes com diferentes situações variando do hígido ao cariado. 
Os resultados encontrados serão de grande valia para subsidiar pesquisas clínicas em 
dentes decíduos (por permitir a avaliação histológica pós-esfoliação) que utilizam o 
tratamento não invasivo em cárie de dentina através do selamento de fóssulas e fissuras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Walmir Alencar 
 
 
“Deus é capaz de trocar reinos por ti 
Abre mares para que possas atravessar 
E se preciso fosse, daria novamente, a vida por ti 
Deus só não é capaz... de deixar de te amar!” 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
20 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
Sabe-se que existe alta prevalência de cárie dental na população brasileira, 
determinando a perda precoce de dentes decíduos e permanentes, constituindo um dos 
maiores problemas de saúde pública no Brasil, e na maioria dos países subdesenvolvidos. 
No que se refere às lesões de cárie na superfície oclusal, é sabido que, devido a sua 
morfologia e subseqüente padrão de desenvolvimento, há muito têm despertado o interesse 
por parte dos estudiosos, no que diz respeito ao seu diagnóstico e ao tratamento mais 
adequado a ser adotado. Considerando a importância desse assunto, esta revisão versará 
acerca dos aspectos gerais relacionados à cárie dentária, a histologia da lesão de cárie em 
esmalte e em dentina, aspectos relacionados às lesões de cárie em superfície oclusal, 
abordará alguns métodos indicados para a detecção e tratamento das referidas lesões e o 
estudo das lesões de cárie por meio da análise histológica. 
 
2.1 ASPECTOS RELACIONADOS À DOENÇA CÁRIE DENTÁRIA 
 
Os países subdesenvolvidos e/ou emergentes estão experimentando um declínio muito 
pequeno nos níveis da doença cárie. No Brasil, está havendo uma importante redução no 
índice CPO-D em dentes permanentes de escolares nas áreas urbanas. Contudo, esse declínio 
não é homogêneo e não parece ser tão expressivo, existindo ainda um significativo ataque 
cariogênico na dentição decídua
75
. Esse quadro tem sido atribuído, sobretudo, a uma dieta 
com alto teor de carboidratos, associado a diversos fatores, tais como desigualdades entre 
classes sociais, nível de instrução e ausência de definição de uma política de saúde pública 
pelos governantes 
100
. 
A cárie dentária é uma doença infecciosa de origem bacteriana 
86,
 
96 
e, por sua 
severidade e magnitude, constitui-se em um grave problema de saúde pública 
31
. Os fatores 
que contribuem para o surgimento da cárie incluem Streptococcus mutans, pH salivar, dieta 
deficiente e a presença de superfícies dos dentes susceptíveis, além de esta doença estar 
fortemente relacionada ao estilo de vida do indivíduo, influenciada por fatores culturais e 
sócio – econômicos. Existem evidências de que fatores genéticos do hospedeiro conferem 
suscetibilidade ou resistência a esta doença 
107
. Diferentemente da maioria das doenças 
infecciosas que acometem o homem, a cárie é o resultado de um desequilíbrio da microbiota 
21 
bucal nativa e não de um patógeno exógeno não nativo. A introdução de açúcar na dieta das 
sociedades abalou o equilíbrio entre a saúde e a doença 
23
. 
 De acordo com o modelo biopisicossocial, são três os fatores da doença cárie: o 
biológico, que está fundamentado na presença da bactéria Streptococcus mutans; o social, que 
sofre interferência da etnia, educação, família, trabalho e renda; e o psicológico, que é 
influenciado pelo conhecimento sobre saúde bucal, estresse, auto – eficácia e ponto de 
controle. Portanto, o acúmulo de biofilme bacteriano sobre a superfície dental por si só não é 
capaz de se tornar patogênico, necessitando para a instalação dessa afecção, a ocorrência de 
fatores mais abrangentes, como os processos psico – somático – ambientais desequilibrados, 
podendo ser intermediados por fatores comportamentais 
48
. 
No que diz respeito ao Streptococcus mutans, este é facilmente reconhecido nos meios 
de cultura com altas taxas de sacarose, por desenvolver colônias rugosas, convexas, 
irregulares, opacas e enroladas em espiral, com uma morfologia geral com aspecto de amora. 
Todas as espécies desses microrganismos compartilham a capacidade de cultivar 
polissacarídeos extracelulares a partir da sacarose e de produzir polissacarídeos intracelulares 
a partir de carboidratos fermentáveis 
54
. 
 Um conceito atual define a cárie como uma doença de progressão contínua, que 
evolui a partir de uma condição subclínica, passa por alterações na subsuperfície do esmalte, 
culminando em lesões clinicamente detectáveis 
97
. No entanto, como já discutido, a cárie 
dentária não se restringe apenas à presença de cavidades nas superfícies dentárias. É uma 
doença multifatorial 
21, 88
 e cujos sinais aparecem em função de uma alteração causada no 
processo de desmineralização/remineralização dos tecidos dentários, ocasionada por 
mudanças dinâmicas nas propriedades do biofilme dental. Isso promove como resultado uma 
cascata de eventos que leva à desmineralização dos tecidos dentários e início da formação da 
lesão de cárie 
41, 87, 110
. 
A desmineralização dos tecidos dentários (esmalte, dentina e cemento) é ocasionada 
por ácidos, em especial o ácido láctico produzido pela fermentação bacteriana dos 
carboidratos da alimentação, geralmente a sacarose. A queda do pH acarreta dissolução do 
esmalte e transporte do cálcio e fosfato para o meio ambiente bucal. Esse processo pode ser 
compensado, já que os sistemas tampão da saliva e biofilme bacteriano, bem como a presença 
de flúor, determinam um equilíbrio entre a desmineralização e remineralização. Dessa forma, 
a cárie dentária é considerada um desequilíbrio decorrente da constante troca iônica 
(DES/RE), em favor da desmineralização. O processo carioso se inicia quando, por razões 
diversas, a saída de íons acaba sendo maior que sua reposição 
21, 96
.
22 
Como decorrência da perda mineral, ocorre o surgimento da lesão cariosa, que 
corresponde a um sinal da doença. Este sinal pode refletir clinicamente de diversas maneiras, 
desde opacidades no esmalte, difíceis de serem discernidas, até grandes cavidades que se 
estendem até a polpa dental. A manifestação clínica inicial da cárie dental caracteriza-se pelo 
surgimento de uma lesão de coloração branca e aspecto opaco, evoluindo para o aparecimento 
de uma cavidade ou tornando-se paralisada 
10
. Quando diagnosticada nessa fase, pode-se 
intervir através de métodos terapêuticos não-invasivos (orientação de higiene, aplicação de 
flúor, selantes e proservação),paralisando o processo carioso e mantendo a estrutura dentária 
sadia 
11
. 
No que diz respeito à progressão e às alterações ao nível morfológico da cárie 
dentária, estas possuem aspectos distintos de acordo com o tecido dentário afetado. Dessa 
forma, a microscopia da lesão de cárie deve ser dividida de acordo com os três tecidos 
dentários duros envolvidos (esmalte, dentina e cemento). No entanto, esta separação 
morfológica aparente raramente se observa na análise microscópica, já que o processo de 
cárie dentária dificilmente afeta única e exclusivamente um dos tipos de tecidos dentários. 
Ainda que a lesão de cárie atinja apenas o esmalte, alterações dentinárias e pulpares podem 
ser detectadas numa cárie incipiente. A morfologia da cárie dentária, além do tipo de tecido 
dentário envolvido, também se modifica microscopicamente quando se considera a superfície 
dentária afetada, a história pregressa da doença (se primária ou secundária), ou ainda, o grau 
de velocidade do processo (se agudo ou crônico) 
27
. 
A associação entre experiência de cárie em molares decíduos e primeiros molares 
permanentes foi verificada através de um estudo conduzido por Feldens e colaboradores 
42
, no 
qual foram avaliadas 100 crianças de 06 a 09 anos de idade atendidas no Curso de 
Odontologia da Universidade Luterana do Brasil, Canoas-RS. O exame físico foi conduzido 
por um único examinador treinado e calibrado (k=0,94). Os resultados mostraram correlação 
positiva (rS=0,336) e significante (p=0,001) entre o número de molares decíduos (ceo-MD) e 
primeiros molares permanentes (CPO-MP) cariados, perdidos e obturados. A análise de 
regressão logística após ajuste para possíveis fatores de confusão mostrou que a chance de 
cárie em primeiro molar permanente foi 06 vezes maior nas crianças com ceo-MD=6 a 08 em 
relação às crianças com ceo-MD= 0 a 02 e quase 05 vezes maior se houvesse ao menos um 
molar decíduo extraído em relação às crianças com todos os molares decíduos presentes. A 
variável com melhor acurácia e valor preditivo positivo para detectar experiência de cárie em 
primeiros molares permanentes foi apresentar pelo menos um molar decíduo extraído. Para os 
autores, a experiência de cárie em primeiros molares permanentes está fortemente associada à
23 
perda precoce e à experiência de cárie em molares decíduos em crianças de 06 a 09 anos de 
idade, o que deve ser considerado na identificação de crianças alvo de programas preventivos 
nessa faixa etária. 
 
2.2 HISTOLOGIA DA LESÃO DE CÁRIE DENTÁRIA 
 
2.2.1 Lesão de cárie em esmalte 
 
Em virtude da anatomia peculiar da área das fissuras, a lesão se alarga ao se aproximar 
da dentina subjacente. As lesões de cárie não começam usualmente no fundo das fissuras. 
Mais freqüentemente ocorrem de maneira bilateral ao longo das paredes da cavidade. A 
localização pode, entretanto, ser muito variável. Em virtude do padrão peculiar de 
espalhamento, são observadas mais freqüentemente duas lesões de cárie independentes que se 
expandem divergentemente em direção à dentina. Com a expansão lateral na junção 
amelodentinária, a área de dentina envolvida é muito maior do que a de uma única lesão em 
uma superfície lisa. Diante disso, parte do esmalte circunjacente pode ser solapada, e isso 
seria visto clinicamente como uma extensão de uma área opaca ou pigmentada ao longo da 
fissura oclusal 
113
. 
A cárie de esmalte, no sentido da superfície em direção à junção amelodentinária, 
apresenta as seguintes características, antes da formação de cavidade 
26, 113
. 
 
1) Camada superficial aprismática ou camada de Darling; 
2) Corpo da lesão, com 10% a 25% de seu volume constituído por microporos; 
3) Zona escura, com 2% a 4% de seu volume constituído por microporos; 
4) Zona translúcida, com 1% de seu volume ocupado por microporos. 
 
Segundo Consolaro 
26
 a progressão da cárie de esmalte se faz na mesma direção dos 
prismas e das estrias incrementais de Retzius. Assim, o direcionamento em um corte 
microscópico de cárie de esmalte quando observado ao microscópio de luz, encontrar-se com 
seu contorno determinado pela distribuição destas duas estruturas. Quando ocorre o 
comprometimento da junção amelodentinária, independentemente da existência ou não de 
cavidade, muitos ácidos alcançam a dentina por difusão, podendo ser encontradas alterações 
dentinárias e/ou pulpares. Algumas características morfológicas locais e propriedades 
24 
inerentes à saliva podem determinar um equilíbrio momentâneo ou duradouro entre o 
processo de desmineralização e remineralização, podendo levar à regressão da própria cárie 
de esmalte ou a sua paralisação no estágio em que se encontre. Este tipo de cárie é 
denominado de inativa, crônica, marrom ou mais comumente cárie paralisada. 
Ainda de acordo com Consolaro 
26
, na patogenia da cárie de esmalte, podem ser 
classificados seis estágios, determinados de forma mais precisa do ponto de vista 
microscópico e assim distribuídos seqüencialmente: 
 
1) Estabelecimento da zona translúcida: anteriormente a ela, somente a microscopia eletrônica 
de transmissão permitiria a detecção de alterações no esmalte. A zona translúcida seria a 
primeira alteração morfológica específica do esmalte na cárie, visualizável ao microscópio de 
luz; 
2) Surgimento da zona escura; 
3) Visualização da formação do corpo da lesão; 
4) Aparecimento da lesão branca: a parte orgânica estaria modificada e a dentina poderia 
apresentar-se alterada; 
5) Estabelecimento de uma superfície gredosa no esmalte: nesta fase, e menos comumente na 
fase anterior, seria possível obter o sinal radiográfico inicial da cárie; 
6) Formação de cavidade. 
 
Na superfície oclusal, a progressão do processo segue a orientação dos prismas 
lateralmente, assumindo uma forma triangular com base voltada para a junção 
amelodentinária, pela qual ocorreria o espalhamento da cárie, bem como resultaria em 
comprometimento da dentina, em maior ou menor grau 
26
. 
 
2.2.2 Lesão de cárie em dentina 
 
 É sabido que o comprometimento da cárie em dentina possui uma atividade 
diferenciada da observada quando a lesão se encontra em nível de esmalte, além de, na 
dentina, o processo de iniciação e progressão da lesão de cárie ser mais complexo quando 
comparado ao esmalte. A estrutura particular da dentina, com composição diferente e ainda 
maior permeabilidade, faz com que o processo carioso se difunda de maneira mais agressiva 
neste tecido. No entanto, no momento em que o processo carioso se inicia, o organismo já está 
lançando mão de seus mecanismos de defesa através da formação de esclerose dentinária,
25 
seguida de uma zona de desmineralização inicial, antes mesmo da presença de bactérias no 
interior dos canalículos dentinários. Com o avanço da lesão cariosa para o interior da dentina, 
com conseqüente infecção dos canalículos dentinários, ocorre a formação de uma zona de 
desmineralização avançada assumindo a forma de um cone invertido, afinando à medida que 
se aproxima da parede pulpar. Se não tratada (de maneira invasiva ou interceptadora), poderá 
progredir e futuramente comprometer a polpa dentária. Os efeitos patológicos da cárie levam 
a alterações na estrutura dentinária que podem ser observadas como trechos inertes, esclerose 
e/ou adição de dentina reparadora, comumente presentes nas lesões agudas ou crônicas em 
dentina 
15, 89
. 
 Consolaro 
26
 ressaltou que quando a cárie dentária compromete a junção 
amelodentinária, o processo sofre espalhamento em grande parte da superfície dentinária, 
como se estabelecesse um plano de clivagem entre o esmalte e a dentina, aumentando 
significativamente a área de contato e, em conseqüência, a disseminação dos produtos 
bacterianos e das próprias bactérias pelo tecido dentinário, minando e solapando 
gradativamente o esmalte sobrejacente. De acordo com o autor, o complexo dentinopulpar 
reage às agressões, especialmenteà cárie dentária, por meio de três mecanismos principais: 
 
1) Submetendo seus canalículos à esclerose; 
2) Estabelecendo a formação de dentina reacional na superfície interna; 
3) Induzindo um processo inflamatório no tecido pulpar. 
 
A esclerose dentinária é o primeiro aspecto que se estabeleceria na cárie de dentina. A 
região da dentina esclerosada também pode ser denominada de zona translúcida ou 
transparente da cárie de dentina. A seguir ocorre, freqüentemente, em áreas de esclerose 
dentinária, uma desmineralização inicial, promovida por produtos bacterianos, tais como 
ácidos e enzimas, a qual precede a invasão bacteriana propriamente dita dos canalículos 
dentinários, para promover a desmineralização avançada e posterior destruição e 
desorganização total da dentina. Embora estes aspectos não possam ser identificados 
individualmente, em um mesmo corte microscópico de dentina, em decorrência das várias 
técnicas de preparo dos espécimes, a cárie poderia ser dividida morfologicamente, no sentido 
da polpa para a superfície em cinco regiões, de acordo com Consolaro 
26
: 
 
1) Zona de esclerose dentinária; 
2) Zona de desmineralização inicial ou profunda; 
26 
3) Zona de invasão bacteriana; 
4) Zona de desmineralização avançada ou superficial; 
5) Zona de destruição e desorganização total. 
 
A impossibilidade de distinção entre as várias zonas de evolução da cárie de dentina, 
microscópica e/ou clinicamente, levou à necessidade de outros critérios de distinção entre 
uma dentina inicialmente cariada e uma dentina totalmente destruída. Assim, na cárie em 
dentina, podem ser distinguidos dois tipos de dentina comprometida, no sentido da superfície 
para a polpa 
26
: 
 
1) Dentina infectada: consistência mole, de cor amarelada, assemelhando-se a um queijo. 
Nesta dentina pode ser distinguida uma zona de dentina necrótica, desorganizada e amolecida. 
Microscopicamente, é observado um material granuloso, eosinófilo e em quase sua totalidade 
sem qualquer preservação estrutural, ou seja, praticamente amorfo. Uma outra região, mais 
profundamente localizada corresponderia à zona de dentina desmineralizada superficial, 
caracterizada pela deformação da morfologia canalicular e manutenção da matriz orgânica. A 
dentina infectada, desta forma, não poderia ser remineralizada; 
 
2) Dentina contaminada: aparece como uma estrutura distorcida, mas com textura 
parcialmente mantida, assemelhando-se à do couro. Na dentina contaminada pode ser 
distinguida, da superfície para a polpa, em três regiões: uma zona de desmineralização 
profunda, localizada abaixo da zona de desmineralização mais superficial; uma zona de 
esclerose dentinária; e, freqüentemente, a dentina reacional, que juntas constituem a zona de 
dentina hipermineralizada. Na zona de dentina desmineralizada profunda, a matriz canalicular 
encontra-se preservada e intacta, podendo ser considerada remineralizável 
 
 A estrutura da dentina terciária reparadora em dentes decíduos foi avaliada no estudo 
de Klinge 
66
, utilizando cortes de 25 dentes decíduos para a produção de contatos 
microrradiográficos. Outros 30 dentes decíduos foram desmineralizados, embebidos em 
parafina, seccionados e corados com hematoxilina-eosina. Algumas secções desmineralizadas 
de cada dente foram também estudadas através da microscopia eletrônica de varredura. 
Muitos dos dentes mostraram algum tipo de formação de dentina terciária. Também pôde ser 
observado tecido mineralizado com algum tipo de variedade morfológica. Em dentes que 
haviam sido sujeitos a trauma foi possível observar, em algumas amostras, toda a câmara 
27 
pulpar obliterada. A mineralização pareceu iniciar na região incisal e a parte central da polpa 
foi a última parte a ser obliterada. Espaços vazios radiolucentes e canais foram observados. A 
matriz orgânica encontrada era densa e fibrosa. Na câmara pulpar e, especialmente, nos canais 
radiculares, ocorreu reabsorção, indicando que os sinais que davam origem aos odontoclastos 
também estavam presentes. A reabsorção foi, muitas vezes, seguida por deposição de grande 
quantidade de tecido reparador cementário. Acredita-se que as células responsáveis pela 
formação da dentina reparadora são os subodontoblastos ou células ectomesenquimais 
indiferenciadas. A morfologia variada da dentina reparadora observada na polpa dos dentes 
examinados indica que diferentes estímulos permitem a indução de células formadoras de 
tecido duro, as quais produzem diferentes tipos de tecido duro. 
 
 
2.3 LESÃO DE CÁRIE EM SUPERFÍCIE OCLUSAL 
 
As lesões de cárie em superfície oclusal têm sido descritas na literatura 
4
 como as de 
maior dificuldade de diagnóstico devido à sua complexidade anatômica e à dificuldade de 
higienização, quando comparadas às superfícies lisas. Ademais, casos de cárie sob superfície 
hígida têm sido apontados como de significativa prevalência, o que requer mais cuidado por 
parte do cirurgião-dentista para um diagnóstico adequado bem como para a correta conduta 
terapêutica a ser realizada. A anatomia de fóssulas e fissuras proporciona uma maior 
facilidade para acúmulo de biofilme na superfície dentária, sobretudo durante o processo de 
erupção, uma vez que, abaixo do plano oclusal, esta superfície tem seu acesso dificultado 
durante o processo de escovação. Além disso, não participa do processo mastigatório e não 
está acessível à limpeza, realizada naturalmente pelas bochechas e pela saliva. Essas 
características tornam as superfícies oclusais mais suscetíveis à ocorrência de cárie, sobretudo 
tratando-se de molares. 
Segundo Newbrun 
84
, a espessura do esmalte na base das fissuras profundas é mínima. 
Em muitos casos, estas se estendem praticamente até a dentina. Enquanto a espessura do 
esmalte nas demais áreas do dente varia entre 1,5 a 2,0 mm, na base das fissuras profundas ela 
é de 0,2 mm ou menos. Com relação à dentição decídua, os sulcos e fissuras nos dentes 
decíduos guardam proporções menores em profundidade quando comparados aos dentes 
permanentes. 
28 
Devido ao fato de as cicatrículas e fissuras apresentarem pequena dimensão, os 
microrganismos presentes nestas áreas não estão susceptíveis à interferência mecânica. No 
entanto, através da microscopia eletrônica de varredura realizada no biofilme bacteriano de 
fossas e sulcos, foi observado que a morfologia desse sistema influencia a viabilidade dos 
microrganismos nesta área. Evidências apontaram que microrganismos localizados nas áreas 
mais profundas das fissuras estreitas não sobrevivem, possivelmente devido à ausência de 
nutrientes, enquanto que, aqueles presentes nas regiões mais altas das fissuras e nos sulcos 
mais abertos, são metabolicamente ativos. Esta estrutura do biofilme bacteriano determina, até 
determinado ponto, a velocidade de progressão da cárie dentária, que é maior na entrada do 
que na base da fissura 
19
. 
Diversos são os trabalhos encontrados na literatura que analisam diferentes métodos 
para diagnóstico de cárie, como o de Deery e colaboradores 
34
, que analisaram o diagnóstico 
e o plano de tratamento para lesões de cárie oclusal através do tratamento restaurador ou pelo 
uso de selantes. Cento e sessenta dentes permanentes posteriores com cáries oclusais em 
diferentes profundidades foram examinados por vinte e cinco profissionais. Os autores 
constataram que, na dúvida sobre o diagnóstico, os profissionais não optam pelo uso de 
selantes como agente terapêutico. 
A relação entre a anatomia da superfície oclusal e a doença cárie foi o objeto de estudo 
de Valera e colaboradores 
118
 que realizaram um trabalho comparativo, partindo-se da 
hipótese nula de que não há diferença morfológica entre pré-molares e molares em relação à 
presença de cicatrículas e fissuras com a prevalência de cárie. Foram utilizados 22 dentes 
humanos extraídos, os quais foram seccionados e avaliados imaginologicamente quanto àpresença ou não de cicatrículas e fissuras e a prevalência de cárie em cada espécime obtido. 
Após a análise estatística, os dentes molares e pré-molares apresentaram-se estatisticamente 
iguais. No geral, os resultados mostraram uma prevalência de 22,5% de cicatrículas e fissuras, 
dentre as quais 92% encontravam-se cariadas, e apenas 34% dos sulcos e fossas apresentavam 
cáries. De posse desses resultados, os autores concluíram que, apesar da prevalência de 
cicatrículas e fissuras ter sido baixa, esta influenciou de forma direta na presença ou não de 
lesões cariosas. 
A prevalência de lesões de cárie oclusal sem cavitação foi verificada no estudo de 
Meirelles 
76
, que teve como proposta constatar a prevalência de lesões de cárie oculta oclusal 
em escolares de 12 a 15 anos de idade através de métodos complementares de diagnóstico em 
levantamentos epidemiológicos. Para tanto, 179 escolares de 12 a 15 anos matriculados em 20 
escolas públicas do município de Piracicaba foram selecionados. Após o exame visual
29 
segundo os critérios da OMS (1997), 1290 dentes sem sinal de cavitação na superfície oclusal 
foram reavaliados por meio do exame visual com secagem prévia; exame radiográfico e com 
o auxílio do aparelho DIAGNOdent. A média do Índice CPO- D na população estudada foi de 
2,3 e 32,5% dos escolares estavam livres de cárie segundo o exame visual. Das 1290 
superfícies examinadas no exame visual, 918 superfícies oclusais foram diagnosticadas como 
hígidas. Destas, 241 (26,3%) apresentaram imagem radiolúcida sugerindo cárie em dentina 
pelo exame radiográfico. Das 41 superfícies que apresentaram escurecimento da dentina sob 
esmalte íntegro, 25 também apresentaram imagem radiolúcida sugerindo cárie em dentina. 
Incluindo as lesões em dentina diagnosticadas pelo exame radiográfico, o CPO-D dos 
escolares seria de 3,1 e apenas 13,4% dos escolares estariam livres de cárie. A prevalência de 
cárie oculta foi de 56,4%, com média de 1,68 superfícies oclusais afetadas por escolar. 
Quando comparados os resultados do exame com o aparelho DIAGNOdent em relação ao 
exame radiográfico, a sensibilidade foi de 64% e a especificidade de 74%. Diante dos 
resultados obtidos, concluiu-se que a prevalência de lesões de cárie oculta oclusal obtida 
através de levantamentos epidemiológicos sem o uso de métodos auxiliares está sendo 
subestimada. O autor afirma que estudos epidemiológicos que busquem estimar esta 
subestimação são importantes para contribuir para o planejamento dos serviços de saúde 
bucal. 
 
 
2.4 DIAGNÓSTICO DE LESÕES DE CÁRIE OCLUSAL 
 
A área de cicatrículas e fissuras, em especial, a superfície oclusal, tem sido 
considerada pelos cirurgiões-dentistas como uma superfície de expressiva preocupação, em 
relação ao risco de cárie e diagnóstico, despertando, inclusive, discussões e experimentos 
sobre essa questão, nas últimas décadas. Dessa forma, o diagnóstico precoce da lesão de cárie 
torna-se de extrema importância, a fim de que tratamentos não invasivos sejam utilizados, 
preservando a integridade da superfície oclusal 
91, 122
. 
Devido ao fato do aspecto da lesão de cárie vir se modificando com o tempo, a sua 
detecção está se tornando cada vez mais difícil. As dificuldades encontradas na clínica 
odontológica no que se refere ao seu diagnóstico não se encontram mais nas lesões avançadas, 
mas, principalmente, nas incipientes 
28
. O diagnóstico precoce tornou-se um passo 
fundamental no delineamento do plano de tratamento. A intervenção em lesão incipiente evita 
30 
a progressão da cárie e consequentemente perda de estrutura dentária, além de possibilitar a 
indicação de tratamentos não-invasivos 
109
. 
 
2.4.1 Exame clínico visual e tátil 
 
O exame visual, que se baseia nos aspectos clínicos da superfície, ainda é o método 
mais difundido e utilizado pelos profissionais e acadêmicos, talvez pelo fato de ser mais 
vantajoso em relação aos métodos modernos em termos de custo e simplicidade 
117
. Tem 
como fundamento os danos ocorridos nas estruturas dentárias, denominados de “cavidade”, ou 
seja, somente identifica lesões cariosas no estágio em que o procedimento invasivo 
restaurador torna-se necessário 
13
. 
Há muitos anos, a prática do uso do explorador ou sonda vem sendo utilizada, 
alicerçada na teoria de que o sinal tátil de resistência do explorador seria considerado como 
sinônimo de presença de cárie. No entanto, comumente a sonda exploradora pode-se prender 
às fissuras dos dentes posteriores, sem cavitação macroscópica visível, devido à sua 
morfologia e não necessariamente, devido à lesão de cárie, provando que a morfologia da 
fissura interfere no diagnóstico da cárie oclusal. Logo, o uso do explorador não é considerado 
um método seguro para detectar a doença, além de possibilitar o rompimento da superfície de 
lesões incipientes e transmitir microrganismos cariogênicos para outros elementos da arcada 
dentária 
3, 19, 80, 92, 93
. 
Portanto, compreende-se que o uso tradicional do explorador deve ser evitado, pois 
estudos demonstram que a superfície do esmalte hígida, porém descalcificada, ao ser sondada, 
pode ser rompida, facilitando ainda mais o acesso de microrganismos na região ou, se 
utilizado, o explorador deve ser de ponta romba e usado cuidadosamente, sem exercer pressão 
excessiva 
10, 124
. O diagnóstico clínico deve ser realizado, preferencialmente, com a inspeção 
visual das superfícies, pois a doença apresenta sinais subclínicos que não podem ser 
detectados com a ponta do explorador 
3
. 
O diagnóstico clínico baseado na inspeção visual das superfícies é sugerido como 
método de escolha, considerando textura, mudança de coloração e configuração anatômica do 
dente em questão, mais especificamente da superfície oclusal examinada. Para tanto, é 
imprescindível que se faça uma boa visualização, com o campo bem iluminado, pois esta 
verifica desde cárie incipiente até cavidades, estando cada quadrante isolado com roletes de 
algodão, as superfícies dentais limpas, livres de placa pela profilaxia, secas e bem iluminadas 
19, 44, 92, 124
. 
31 
Segundo Bastos e colaboradores 
10
, o diagnóstico realizado somente por meio da 
sondagem é um método incompleto, que começa a perder seu espaço na Odontologia. Ainda 
assim, o método visual é imprescindível para qualquer exame, já que entre todos, é o único 
que apresenta a capacidade de estimar se a lesão é inativa ou ativa. Essa técnica, se utilizada 
isoladamente, não apresenta segurança necessária para fechar um diagnóstico, devendo 
sempre que possível, ser complementada com uma técnica auxiliar, seja a radiografia 
tradicional ou digital, de forma a dar uma maior segurança ao profissional. 
Visualmente, observa-se que a lesão inicial é caracterizada pela perda de translucidez 
do esmalte, que adquire aparência de uma lesão branca, com superfície rugosa, sem brilho e 
sem cavitação. Nesta ocasião, a lesão ainda é passível de remineralização, pode tornar-se 
inativa, com aspecto branco – brilhante ou ainda com diferentes tonalidades que vão do 
castanho ao preto, em função da incorporação de pigmentos exógenos e minerais 
3
. 
A concordância entre examinadores quanto ao diagnóstico e tratamento da cárie de 
superfície oclusal sem cavitação de 38 superfícies de primeiros molares permanentes 
totalmente erupcionados foi avaliada por Amaral e Silva 
2
. Participaram do estudo 14 
examinadores, sendo 12 alunos e 2 professores do curso de pós – graduação da Faculdade de 
Odontologia de Anápolis. Cada examinador realizou os exames clínico e radiográfico dos 
elementos dentários e, a partir disso, tendo que optar por tratamento invasivo ou não – 
invasivo. A concordância entre os examinadores girou em torno de 63% para o diagnóstico e 
76% para o tratamento. Os autores concluíram que há dificuldade de padronização do 
diagnóstico clínico desta superfície (oclusal), o que pode acarretar indicaçõeserrôneas de 
tratamento, muitas vezes irreversíveis. 
Um estudo in vitro enfocando métodos de diagnóstico clínico de lesão de cárie oclusal 
foi realizado por Zanardo e Rego 
121
. Os autores analisaram faces oclusais de 32 dentes 
humanos extraídos, utilizando-se o método visual, radiografia interproximal convencional, 
transiluminação por fibra óptica (FOTI), laser diodo (DIAGNOdent‚) e radiografia digital 
direta (RDD). Os resultados obtidos entre diferentes métodos foram comparados com o exame 
histológico (padrão ouro). Os resultados revelaram que, para lesões com demineralização em 
esmalte, o método que apresentou maior sensibilidade em profundidade foi a inspeção visual, 
com diferença significativa para os demais métodos, com exceção para associação de 
inspeção visual e radiografia interproximal. Para a desmineralização em dentina, a inspeção 
visual apresentou maior sensibilidade, com diferença para radiografia interproximal 
convencional e sem diferença significativa para os demais métodos. Os autores concluíram 
que o método mais sensível foi a inspeção visual (0,67), seguindo-se associação da inspeção 
32 
visual com a radiografia interproximal (0,58). O método que apresentou menor sensibilidade 
foi a radiografia interproximal (0,41). Os métodos mais específicos foram a associação da 
inspeção visual com a radiografia interproximal (0,90) e a transiluminação por fibra óptica 
(0,90). O método com menor especificidade foi a radiografia digital direta (0,30). 
Outro estudo in vitro também foi realizado por Santos e Moimaz 
105
, que avaliaram os 
métodos de inspeção visual e o uso do laser fluorescente DIAGNOdent, em sessenta e seis 
sítios oclusais, num total de 48 dentes. Quanto ao exame visual, este se apresentou com uma 
sensibilidade de 0,87, especificidade de 0,38 e 0,81 de acurácia, no que se refere à presença de 
lesão e ausência de lesão. Para lesões em dentina, obtiveram-se no exame visual valores de 
0,76 de sensibilidade, 0,45 de especificidade e 0,61 para acurácia. Os autores constaram que o 
exame visual foi o melhor para diagnosticar sítios oclusais hígidos. 
 Diferentemente dos estudos supracitados, os autores Mialhe, Bosquiroli e Silva 
81
 
avaliaram o conhecimento de cirurgiões – dentistas de consultórios particulares da cidade de 
Cascavel – PR, acerca dos métodos modernos e os tradicionais de diagnóstico de cárie bem 
como de que forma esses profissionais estão utilizando os métodos tradicionais. Os 
pesquisadores constataram que a maioria dos profissionais utilizava a sonda exploradora de 
ponta aguçada durante o exame visual (88,6%), predispondo superfícies dentárias 
previamente desmineralizadas a danos irreversíveis; menos da metade (45,7%) afirmaram 
realizar profilaxia prévia ao procedimento, o que leva a redução da eficácia desse exame, 
predispondo-os à realização de um maior número de diagnósticos falso – positivo e falso – 
negativo. 
 
 
2.4.2 Exame radiográfico interproximal 
 
O exame radiográfico é um método auxiliar de diagnóstico amplamente empregado 
pelo cirurgião – dentista, desempenhando um relevante papel na prática clínica em razão de 
sua reconhecida importância no diagnóstico 
124
. É de grande valia no diagnóstico de cárie, 
sendo inúmeros os estudos que comprovam que sua eficácia é equivalente ou maior do que o 
sistema radiográfico digital. Este exame não foi, durante muito tempo, considerado alternativa 
de escolha como auxiliar no diagnóstico de cáries oclusais. Atualmente este conceito está 
sendo alterado, devido às modificações apresentadas no comportamento da doença, e o exame 
radiográfico tem sido considerado de grande valia, principalmente para o diagnóstico de 
lesões em dentina 
29
. 
33 
O uso de Raios – X melhora a capacidade do profissional diagnosticar de maneira 
correta lesões de cárie. Contudo, a realização de radiografias bite – wing ou periapicais em 
massa acompanhando os exames clínicos e epidemiológicos é bastante discutível. A atitude 
correta é reduzir ao mínimo possível o emprego de radiações ionizantes, com a finalidade de 
aplicar as menores doses possíveis quando for inevitável a exposição do paciente 
96
. 
 Algumas precauções devem ser tomadas durante a interpretação radiográfica, pois 
somente lesões que avançam mais de 0,5 mm da junção amelodentinária em direção à polpa é 
que são susceptíveis à visualização na radiografia interproximal. Pode haver superposição de 
cárie na superfície vestibular e/ou lingual/palatina em dentina. Além disso, as radiografias 
podem subestimar o tamanho das lesões pela projeção de esmalte hígido da superfície 
vestibular e/ou lingual/palatina 
102
. 
O exame radiográfico é um recurso essencial para diagnóstico de processos cariosos, 
primando pela qualidade do exame. Os autores advertem para o fato de os Raios-X 
produzirem uma imagem bidimensional, portanto, sem uma distinção exata da superfície 
saudável da cariada, por não fornecerem a profundidade ou a extensão das lesões em seu 
formato real 
55
. 
O exame radiográfico no diagnóstico de cárie é objeto de estudo em diversas 
pesquisas, como a dos autores Torriani, Gonçalves e Vieira 
115
, que compararam em seu 
trabalho as decisões de tratamento restaurador de superfícies oclusais, sem cavitação, quando 
realizadas através dos aspectos clínicos e radiográficos, convencional e digitalizado. Para tal, 
foram examinados 33 sítios das superfícies oclusais de 30 molares permanentes extraídos, 
com e sem pigmentação. O plano de tratamento para cada região foi realizado por 05 
cirurgiões-dentistas, professores universitários, utilizando dois tipos de exames: exame visual 
de fotografias e radiografia interproximal convencional (IV + RXC); e exame visual de 
fotografias e radiografia digitalizada (IV + DIGORA). O padrão de validação para os planos 
de tratamento foi realizado através do aspecto histológico. A sensibilidade em determinar a 
não-necessidade de tratamento restaurador foi, em média, tanto para a IV + RXC quanto para 
a IV + DIGORA, de 0,23. A especificidade foi, em média, de 0,83 e 0,86, para a IV + RXC e 
IV + DIGORA, respectivamente. Quando se comparou os planos de tratamento intra-
examinadores, não foi encontrada diferença estatisticamente significante a nível de 5%. 
Baseado nestes dados, os autores concluíram que os métodos radiográficos, convencional e 
digitalizado, não demonstraram diferenças na efetividade da determinação do plano de 
tratamento de superfícies oclusais sem cavitação. 
 
34 
A sensibilidade e a especificidade do exame clínico visual para a detecção de lesões de 
cárie oclusais em comparação com as radiografias interproximais foram testadas em pesquisa 
in vivo, por Fracaro e colaboradores 
45
. Cinco examinadores avaliaram 481 crianças com 
idades de 5 a 12 anos, onde obtiveram 1.929 superfícies oclusais dos primeiros e segundos 
molares permanentes para o estudo. Os critérios para a classificação clínica das lesões de cárie 
foi o seguinte: 0- Hígido; 1 – Descoloração de esmalte após secagem; 2 – Desmineralização 
visível depois da secagem; 3 – Desmineralização em descoloração visíveis sem secagem; 4 – 
Pequena cavidade na superfície oclusal, detectável com explorador ou presença de 
descoloração acinzentada na dentina; 5 – Nítida cavidade na dentina. As radiografias 
interproximais foram realizadas imediatamente após os exames clínicos, com filmes 
radiográficos convencionais Ultraspeed (Kodak). Os resultados mostraram que em 96%, os 
achados clínicos eram coincidentes com os achados radiográficos na avaliação da superfície 
hígida, apontando para uma boa sensibilidade. Por outro lado, a especificidade teve um índice 
de 0,58 uma vez que apenas 58% das lesões de cárie consideradas clinicamente como na 
dentina foram confirmadas como radioluscência no exame radiográfico. Os autores 
concluíram que para as superfícies oclusais os exames clínicos foram mais confiáveisque os 
exames radiográficos. 
Comparar o desempenho diagnóstico do exame radiográfico convencional com o 
sistema digital foi objetivo de Tovo e colaboradores 
116
, que avaliou em seu estudo o 
desempenho diagnóstico do exame radiográfico convencional (Ekaspeed plus) do sistema 
digital (Digora). Observou que o método radiográfico convencional foi tanto ou mais sensível 
que o sistema digital, diagnosticando todas as lesões e também lesões dentinárias, porém de 
menor acurácia quando comparados com as modalidades de imagem digital. 
O mesmo objetivo teve Lambert 
69
, que em 2004 comprovou em pesquisa visando 
comparar a radiografia convencional e digitalizada nos processos de 
desmineralização/remineralização do esmalte dentário, que ambos os métodos apresentaram 
baixa sensibilidade, encontrando porcentagens de 3,5% para o exame radiográfico visual 
convencional, 7,89% para o digital visual sem uso de recursos, e 9,65% para o digital com 
recursos, utilizando a análise estatística pelo método t de Student. Com relação à 
especificidade, todos os métodos apresentaram valores idênticos. 
O desempenho da inspeção visual, radiografia interproximal e fluorescência a laser no 
diagnóstico de lesões cariosas oclusais de 72 dentes permanentes posteriores foi comparado 
por Valera e colaboradores 
119
 em um estudo in vitro . Quanto à radiografia interproximal, os 
resultados mostraram que esse método apresentou dentre os três, a menor sensibilidade 
35 
(15%), em contrapartida do exame visual (64%) e o laser (59%), bem como a menor 
especificidade (89%), contra o exame visual e o laser, ambos com 96%. O exame radiográfico 
foi o único método a apresentar baixa reprodutibilidade intra – examinador (0,74). Os autores 
concluíram que os métodos de inspeção visual e a fluorescência a laser são, entre os três 
métodos estudados, os mais indicados para diagnóstico de lesões cariosas oclusais. 
Avaliar a influência do treinamento e da experiência do examinador no diagnóstico 
radiográfico de cáries proximais, utilizando-se 80 dentes hígidos ou portadores de cáries 
proximais foi objetivo de Carmona e colaboradores 
24
. As radiografias foram avaliadas por 
três examinadores: um examinador realizou duas avaliações – uma antes de iniciar a 
disciplina de Radiologia, e outra após ter concluído a disciplina -, um segundo examinador, 
que realizou a avaliação após ter cursado a disciplina, e um terceiro, radiologista. Os 
resultados obtidos mostraram que na avaliação inicial do primeiro examinador a sensibilidade 
foi 0,72, a especificidade 0,25 indicando alto número de respostas falso-positivas. Após a 
disciplina de Radiologia, os resultados foram semelhantes para ambos os alunos. O 
especialista apresentou os maiores valores de especificidade (0,85) e acurácia (0,69). Os 
autores concluíram que a experiência do examinador influenciou no diagnóstico radiográfico 
da cárie dentária. 
 
 
2.5 TRATAMENTO CONSERVADOR DE LESÕES DE CÁRIE 
OCLUSAL 
 
Com a evolução do conhecimento sobre a doença cárie dentária, especialmente da 
compreensão desta como uma doença e não meramente como lesões (manchas e cavidades), 
têm surgido inúmeras propostas para controlá-la 
41
. Esse modelo de atuação distancia-se, 
então, do modelo cirúrgico-restaurador previamente proposto, para satisfazer a um modelo de 
promoção de saúde, que prima por garantir ao indivíduo formas de se livrar da doença e se 
manter com saúde. Além disso, de tal maneira, evita-se a ocorrência do ciclo restaurador 
repetitivo 
37
, uma vez que a cada troca de restauração tende-se a incorrer na perda de estrutura 
dentária sadia 
106
. 
A escolha por uma ou outra modalidade de tratamento, por sua vez, deve estar atrelada 
ao diagnóstico da doença (atividade e risco) associado ao conhecimento do comportamento 
dos agentes etiológicos específicos em cada paciente, assim como à detecção dos sinais da 
36 
doença em sua cavidade bucal. Dessa forma, o diagnóstico é essencial para a escolha da 
terapêutica 
85
. 
A remoção total do tecido dentário atingido foi, durante muito tempo, a terapêutica 
preconizada e adotada pelos cirurgiões-dentistas para lesões de cárie. Os preparos cavitários 
preconizados por Black no final do século XIX deram início à era da Odontologia 
Restauradora baseada nos princípios de extensão preventiva, que incluía a abertura de fossas e 
fissuras hígidas, com posterior restauração, no intuito de prevenir o aparecimento de lesões de 
cárie nessas regiões 
71
. Essa filosofia perpetuou-se, de certa forma, até as décadas de 80 e 90, 
quando ainda era indicava a invasão de sulcos e fissuras escurecidos, antes da aplicação de 
selantes, também com cunho preventivo 
64
. 
Com a introdução da “mínima intervenção” na Odontologia, o tratamento de lesões 
que eram diagnosticadas precocemente, em estágios iniciais no esmalte e/ou dentina, passou a 
envolver procedimentos e condutas de paralisação do processo carioso e acompanhamento 
clínico, enquanto em estágios mais avançados, elegiam-se os procedimentos “minimamente 
invasivos”, ou seja, procedimentos restauradores conservadores da estrutura dental, 
destacando-se o tratamento da doença cárie, através do controle de seus fatores etiológicos 
68
. 
Além de evitar o desgaste desnecessário de tecidos sadios, esse tipo de conduta também 
proporciona maior conforto ao paciente 
82
, fatores que sempre devem ser buscados no 
tratamento odontológico 
64
. 
Os selantes de fossas e fissuras são materiais desenvolvidos com o intuito de serem 
aplicados sobre a superfície oclusal de dentes suscetíveis ao desenvolvimento de lesões de 
cárie. Eles agem recobrindo as fossas e fissuras e formando uma camada que impede o 
acúmulo de resíduos alimentares e a formação do biofilme nessas áreas anatômicas de difícil 
controle de higiene, prevenindo assim o desenvolvimento da lesão de cárie 
67
. O uso de 
selantes na prevenção de cárie apresenta uma forte evidência em relação à sua efetividade, 
comprovada por uma série de estudos clínicos e revisões sistemáticas 
52, 87
. No entanto, sua 
eficácia tem sido maior em indivíduos de alto risco, sugerindo que os selantes têm mais uma 
função terapêutica, na paralisação de lesões de cárie em progressão, do que uma preventiva, 
sobre superfícies oclusais hígidas 
64
. 
Isso é suportado pelas novas teorias que defendem que o biofilme dentário sobre a 
superfície da lesão de cárie é fator etiológico fundamental para o avanço das lesões cariosas, e 
não as bactérias presentes no interior do tecido cariado. Assim sendo, a aplicação de um 
selante sobre lesões de cárie, mesmo sem a remoção de tecido cariado, reduziria o acúmulo de 
biofilme sobre a superfície e proporcionaria a paralisação dessas lesões. De fato, desde a 
37 
década de 70, diversos estudos têm sido realizados utilizando os selantes resinosos no 
tratamento de lesões de cárie 
55, 57, 59
. Os resultados mostraram que esse material pode ser 
aplicado sobre lesões que atingem esmalte e/ou dentina, proporcionando a paralisação e o 
controle destas, ao mesmo tempo em que promove a preservação da estrutura dentária 
64
. 
Os selantes, avaliados sob a ótica da promoção de saúde, constituem-se em uma 
maneira não invasiva de controle de alguns dos fatores etiológicos da doença cárie, atuando 
como barreira mecânica que impede o contato entre o biofilme e a superfície dentária. Assim, 
conseguem minimizar a retenção do biofilme na entrada das fissuras, que é fator crucial para 
o desenvolvimento de lesões de cárie 
110
. Por ter essa atuação pontual, deve ser indicado com 
critério, em superfícies que realmente necessitem desse tipo de controle e, também, não deve 
ser separado da questão educativa, a qual estaria atuando em outros aspectos da etiologia 
complexa apresentada pela doença cárie 
18, 64
. 
Revisões sistemáticas em relação à remoção do tecido cariado têm sido conduzidas em 
estudo

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