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Tratamento endodôntico e testes de vitalidade pulpar

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Descrever testes de vitalidade pulpar. 
ABENO + LOPES E SIQUEIRA 
Os testes de vitalidade pulpar são extremamente úteis 
na estruturacã̧o do diagnóstico clińico, pois apontam 
o estado de normalidade, inflamacã̧o ou necrose 
pulpar. Considerando que as alteracõ̧es inflamatórias 
pulpares relacionam-se a alteracõ̧es vasculares 
(modificacõ̧es na pressão interna pulpar), agentes que 
promovam mudanca̧s nessas alteracõ̧es (como 
vasoconstricã̧o ou vasodilatacã̧o) podem induzir 
estiḿulos nas terminacõ̧es nervosas, denotando um 
possiv́el estado clińico tecidual (inflamatório ou não). 
Todavia, outros agentes são capazes de estimular a 
sensibilidade em terminacõ̧es nervosas, o que não 
garante necessariamente que o dente esteja 
com vitalidade. 
A dor é um sintoma frequente das situações de polpa 
inflamada e pode ser estimulada (exacerbada ou 
atenuada) com testes térmicos, elétricos e mecânicos. 
As respostas pulpares aos estiḿulos térmicos 
fornecem informacõ̧es valiosas sobre o estado de 
saúde pulpar durante o estabelecimento de 
alteracõ̧es vasculares da polpa dentária. Em vários 
casos clińicos, a sintomatologia permite a indicacã̧o 
prévia do dente que apresenta alteracã̧o patológica e 
necessita de tratamento. Porém, em outras situacõ̧es 
isso não ocorre, o que implica a utilizacã̧o dos testes 
para determinar a vitalidade pulpar. 
A mensuracã̧o e a interpretacã̧o da dor produzida 
pelos diferentes estiḿulos pulpares são complexas e 
difićeis de realizar, pois a percepcã̧o da dor, 
representada pela quantidade de estiḿulo aplicado 
para sua inducã̧o, varia de paciente para paciente e é 
influenciada por vários fatores. 
A estimulacã̧o térmica com o frio pode ser executada 
com bastão de gelo (por meio de tubetes de gelo 
mantidos nos tubos de anestésicos vazios), cloreto de 
etila, gás refrigerante (dicloro difluormetano 
tetraclorofluormetano) ou dióxido de carbono (neve 
carbônica). Esses agentes promovem diferentes 
decréscimos da temperatura intrapulpar, 
estimulando terminacõ̧es nervosas pulpares a partir 
das alteracõ̧es vasculares (vasoconstricã̧o). Quanto 
maior a reducã̧o da temperatura, maior o estiḿulo. 
Barletta analisou o emprego do bastão de neve 
carbônica na determinacã̧o da vitalidade pulpar 
quanto ao grau de confiabilidade, capacidade 
refrigerante e possiv́eis danos às estruturas do 
esmalte e da polpa dentária. O bastão de neve 
carbônica apresenta elevado grau de confiabilidade e 
ocasiona um rápido e significativo decréscimo da 
temperatura intrapulpar, sem causar danos à 
estrutura do tecido pulpar. 
O emprego de gelo seco (dióxido de carbono) ou de 
gás refrigerante permite obter respostas de vitalidade 
pulpar confiáveis e uniformes. A resposta de dentes 
portadores de coroas totais e cariados é maior 
quando se empregam testes que apresentam maior 
capacidade de resfriamento da superfićie dentária 
(sadia ou restaurada) 
Na aplicacã̧o do teste a frio, deve-se utilizar 
isolamento relativo, sendo o teste feito inicialmente 
nos dentes adjacentes ou até análogos ao dente em 
questão, de posterior para anterior, na face 
vestibular, para então ser realizado no dente-alvo. O 
tempo de aplicacã̧o deve ser de aproximadamente 1 
a 2 segundos, sendo repetido após intervalo de 5 
minutos. A ausência de resposta dolorosa após a 
remocã̧o do estiḿulo térmico pode indicar que a 
polpa está necrosada, uma vez que a resposta 
positiva é indicativa de vitalidade pulpar. 
No teste térmico realizado com calor, emprega-se o 
bastão de guta- -percha aquecida até o momento em 
que houver brilho ou em que o bastão comeca̧r a se 
curvar. Nesse teste é difićil controlar com exatidão a 
temperatura e a extensão de aplicacã̧o. E ́importante 
que o dente seja lubrificado antes da aplicacã̧o, para 
que a guta-percha não permaneca̧ aderida à 
superfićie dentária. 
Deve-se tomar cuidado para não agredir 
termicamente a polpa dentária durante a aplicacã̧o de 
bastão de guta-percha aquecido. Uma alternativa é a 
aplicacã̧o de água aquecida, que tem o inconveniente 
de se espalhar para outras regiões além da 
pretendida. 
O teste com calor NÃO é aplicado como rotina em 
polpa sugestiva de normalidade. Usa-se o teste a frio, 
que é mais confiável, rápido e efetivo, além de não 
promover danos pulpares. O teste com calor é 
empregado em situacõ̧es que requerem o 
estabelecimento de um diagnóstico diferencial, em 
que o dente com sintomatologia não é facilmente 
identificado. Como o calor promove vasodilatacã̧o, 
dependendo da extensão do processo, a resposta 
dolorosa com o calor torna-se imediata e intensa em 
dentes com inflamacõ̧es pulpares sintomáticas. O 
estiḿulo com o frio em polpa dentária normal é 
imediato, enquanto com o calor é tardio. 
Entre as diferentes pesquisas que avaliaram testes de 
vitalidade pulpar, destaca-se a aplicabilidade do teste 
a frio com gás refrigerante, pela simplicidade na 
execucã̧o técnica e pelas respostas efetivas e 
confiáveis. Esse exame é essencial para o diagnóstico 
clińico das patologias endodônticas. 
Estrela e colaboradores avaliaram a dor e os testes de 
vitalidade para o diagnóstico da inflamacã̧o pulpar. 
Diante das inúmeras dificuldades para o correto 
estabelecimento do diagnóstico clińico, pode-se 
questionar se as caracteriśticas da dor e o exame 
radiográfico permitem chegar a um elevado número 
de acertos ao determinar processos reversiv́eis ou 
irreversiv́eis na polpa dentária inflamada 
e se esses processos pertencem ao diagnóstico ou ao 
prognóstico. Observa-se, todavia, que o mais difićil é 
avaliar a extensão do processo inflamatório por meio 
das caracteriśticas clińicas da dor e das respostas aos 
testes de vitalidade, e não estabelecer precisamente 
o diagnóstico clińico. Com base nessas respostas e nas 
caracteriśticas da dor, não se pode definir o 
diagnóstico histopatológico, apenas afirmar se a polpa 
está ou não com vitalidade. 
O teste elétrico possibilita a resposta pulpar a partir 
da estimulacã̧o elétrica sobre as fibras nervosas 
presentes na polpa dentária. Esse teste sugere a 
vitalidade ou não do tecido pulpar a partir de uma 
sensibilidade decorrente de resposta neural, mas não 
fornece informacõ̧es sobre o suprimento sanguińeo 
pulpar, fator determinante da vitalidade pulpar. 
Outras alternativas podem ser utilizadas em 
momentos especif́icos, em tentativas de exclusão, 
como o teste mecânico, a anestesia e a quantificacã̧o 
do fluxo sanguińeo pulpar 
Técnica da aplicação da guta-percha 
Para o teste pulpar com o bastão de guta-percha se 
realiza o isolamento (relativo ou absoluto) do dente e, 
em seguida, aplica-se um gel isolante na superfície do 
dente (p. ex., vaselina), para que a guta-percha não 
fique aderida ao dente. A seguir procede-se ao 
aquecimento e à plastificação da ponta do bastão de 
guta-percha em chama e faz-se a aplicação da guta-
percha sobre a superfície dentária, enquanto esta 
ainda estiver brilhosa 
Teste da anestesia seletiva 
Emprega-se quando o paciente refere uma dor difusa 
ou reflexa (dor referida), sem definir o dente 
responsável. Dessa forma, quando for possível (e nem 
sempre será), deve-se anestesiar apenas o elemento 
dentário suspeito de ser o causador da dor, sem 
anestesiar o dente suspeito de ser aquele que está 
refletindo a dor. Se a dor cessar após a anestesia, sua 
hipótese diagnóstica será confirmada, identificando-
se o elemento causador (dente algógeno) e o 
elemento que somente está refletindo a dor (dente 
sinálgico). 
Teste de cavidade 
É um teste invasivo no qual se estimula o dente 
suspeito de ser portador de necrose pulpar sem 
anestesiá-lo previamente, utilizando-se, para isso, 
uma broca de alta rotação. Muitas vezes apenaso 
jato de ar ou a água da seringa tríplice, ou mesmo o ar 
da turbina de alta rotação, são suficientes para que o 
paciente acuse a resposta dolorosa, mesmo antes da 
abertura da cavidade. Se a resposta negativa persistir, 
deve-se avançar com a cirurgia de acesso, até que a 
trepanação seja obtida. Em minoria de casos o 
paciente com necrose pulpar ainda acusará 
desconforto de origem pulpar, o que é atribuído às 
células nervosas do tipo C (amielínicas) 
remanescentes 
Técnica do uso do gás refrigerante 
1. Isolamento do dente (relativo ou absoluto) 
2. Aplicação da substância refrigerante sobre 
cotonete ou pelota de algodão apreendida 
com pinça durante 5 segundos, no máximo 
3. Em caso de necessidade de repetição, 
aguardar, pelo menos, 5 minutos. 
Caracterizar tratamento endodôntico (bio e necro 1 e 
2) 
LOPES E SIQUEIRA 
1. Diagnóstico 
 Exame clínico (anamnese + exame físico) 
 Testes pulpares 
2. Preparação para o tratamento endodôntico 
 Desinfecção do campo operatório 
 Anestesia 
 Isolamento absoluto 
 Abertura coronária 
Conceitualmente, o acesso coronário pode ser 
definido como o preparo de uma cavidade na coroa 
do dente para se ter acesso à cavidade pulpar, 
representada por câmara pulpar e canal radicular 
A abertura coronária é um tempo operatório que 
engloba desde o acesso à câmara pulpar, seu preparo, 
até a obtenção da configuração final da cavidade 
pulpar, sua limpeza, antissepsia e localização dos 
orifícios de entrada dos canais radiculares 
ETAPAS OPERATÓRIAS 
a) Acesso a câmara pulpar (ponto de eleição, 
direção de trepanação) 
b) Preparo da câmara pulpar + irrigação com 
hipoclorito a 1% (remoção do teto da câmara 
pulpar) 
Após a colocação do isolamento absoluto e 
antissepsia do campo operatório, inicia-se a 
preparação da câmara pulpar. Essa etapa consiste na 
remoção de todo restante da parede do teto e no 
preparo das paredes laterais da câmara pulpar. Para 
essa manobra, podem ser utilizadas brocas esféricas e 
troncas cônicas diamantadas de pontas inativas 
(Endo Z, 3081, 3082, 3083, ou 4081, 4083). Ao se 
utilizarem as brocas esféricas, elas devem ser 
trabalhadas no sentido de dentro para fora, sem 
tocar no assoalho da câmara. As brocas de corte ativo 
não devem tocar o assoalho, pois, além do risco de 
causar alterações na morfologia, podem obliterar as 
entradas dos canais radiculares, dificultando sua 
futura localização e penetração. 
Preferencialmente, devemos utilizar as brocas sem 
corte na ponta, que podem ser apoiadas no assoalho 
da câmara, sem o risco de causar danos. Permitem 
realizar um desgaste lateral da cavidade pulpar, 
percorrendo todos os seus ângulos, produzindo uma 
ligeira expulsividade nas suas paredes. 
Caso haja a necessidade de trabalhar o assoalho, 
quando ele apresentar calcificações, nódulos ou for 
atingido por processos de cárie muito avançados, 
deve-se antes explorar e tentar localizar as entradas 
dos canais radiculares. O uso de brocas esféricas de 
baixa rotação, broca tipo LN e de insertos 
ultrassônicos especiais de diferentes formas e 
tamanhos poderão ser extremamente úteis para 
romper calcificações e auxiliar a localizar o orifício de 
entrada do canal. 
Uma sonda endodôntica tipo Rhein, ou mesmo um 
instrumento endodôntico de pequeno calibre, pode 
ser utilizado para auxiliar e manter os orifícios de 
entrada dos canais sempre visíveis. Lavagens 
intermitentes, durante o preparo, com uso de solução 
irrigadora, são altamente recomendáveis, porque 
auxiliam a manter o campo limpo. Cuidados devem 
ser tomados para evitar forçar o conteúdo da câmara 
pulpar para o interior do canal radicular. As 
projeções e os restos do teto da câmara, além de 
poderem dificultar o posterior acesso ao canal 
radicular, podem abrigar dentina cariada, detritos, 
biofilme bacteriano, sangue e outros elementos 
capazes de ocasionar a contaminação do canal, além 
do risco de alterar a cor da coroa dentária 
c) Forma de conveniência 
Essa etapa operatória é realizada com a intenção de 
dar uma conformidade à cavidade pulpar e facilitar 
outros procedimentos operatórios. Poderão ser 
utilizadas brocas diamantadas em forma de chama de 
vela, tipo 1111, brocas tronco-cônicas de ponta 
inativa (Endo Z, 3081, 3083, 4083) ou insertos 
ultrassônicos de diversos formatos, com ou sem 
diamantes. 
Objetivos: 
 Facilitar o acesso dos instrumentos 
endodônticos ao canal radicular. 
 Possibilitar a visualização e dar linhas diretas 
às paredes da cavidade pulpar em direção às 
entradas dos canais (acesso direto e reto aos 
canais). 
 Permitir que a cavidade adquira paredes lisas 
e planas, para favorecer a visualização 
adequada dos orifícios de entrada dos canais 
radiculares. 
 Simplificar todas as manobras operatórias de 
instrumentação e de obturação dos canais 
radiculares. 
 
d) Limpeza e antissepsia 
Esta etapa é essencial para que se inicie o tratamento 
dos canais radiculares.Todo tecido cariado, placa 
bacteriana, cálculo, gengiva hiperplásica, restaurações 
imperfeitas ou qualquer outra condição que impeça a 
manutenção da cadeia asséptica devem ser 
rigorosamente removidos. Esse cuidado deve ser 
realizado antes de se iniciarem os procedimentos de 
acesso coronário. 
Logo após a realização da trepanação, o dente 
receberá o isolamento absoluto. Em seguida, com o 
auxílio de uma gaze estéril, embebida em solução de 
hipoclorito de sódio em uma concentração entre 2,5 
e 5,25% (ou clorexidina a 2% ou álcool iodado), 
realiza-se a descontaminação do campo operatório, 
incluindo lençol de borracha, grampo e dente. Após a 
antissepsia do campo operatório, lavagens frequentes 
da câmara pulpar com solução irrigadora 
antimicrobiana devem ser realizadas durante todas as 
etapas do acesso e localização da entrada dos canais 
radiculares. Essas medidas são fundamentais para 
garantir a limpeza e a desinfecção da cavidade pulpar, 
evitar alteração cromática da coroa e prevenir que 
fragmentos de esmalte, dentina, amálgama, metais 
restauradores, cimentos e outros materiais sejam 
inadvertidamente introduzidos no interior do canal 
radicular. A quebra da cadeia asséptica, durante toda 
ou qualquer fase operatória, poderá comprometer 
gravemente os resultados do tratamento, 
favorecendo uma infecção secundária e contribuir 
substancialmente para o fracasso do tratamento 
endodôntico. 
O acesso coronário poderá sofrer alterações futuras 
na sua forma de contorno e/ou configuração final à 
medida que o procedimento de instrumentação seja 
iniciado. Essas retificações visam melhorar e 
aprimorar a qualidade do acesso para facilitar tanto a 
instrumentação quanto os futuros procedimentos de 
obturação. Além disso, poderá auxiliar na melhora da 
qualidade do fluxo e refluxo da solução irrigadora e 
aumentar a segurança do uso de instrumentos 
endodônticos durante a modelagem dos canais 
radiculares. 
e) Localização da entrada dos canais radiculares 
É extremamente importante que o orifício de 
entrada de todos os canais radiculares seja 
localizado. Uma radiografia inicial de boa qualidade 
constitui um valioso elemento auxiliar para esse 
procedimento. 
Essa manobra é executada por meio de inspeção e da 
exploração por sondagem. Para esse fim, um 
explorador fino, resistente, rígido, pontiagudo e com 
as partes ativas retas, como a sonda endodôntica tipo 
Rhein ou similar, pode ser empregado. A exploração 
somente deverá ser iniciada após o preparo da 
cavidade de acesso coronário. O explorador é levado, 
deixando-o correr gentilmente no assoalho da 
câmara, até onde se espera que esteja o orifício (ou 
orifícios) de entrada dos canais radiculares. No caso 
de dentes multirradiculares, a própria forma convexa 
e a presença de linhas mais escuras no assoalho 
(rostrum canali), que unem os canais entre si, podem 
servir como guia de orientação na localização dosorifícios de entrada. Além disso, essa exploração 
auxilia na verificação da direção e da inclinação dos 
canais, permitindo que sejam feitos refinamentos, se 
necessário, na forma de conveniência do acesso. 
Qualquer tipo de interferência, conforme mencionado 
anteriormente, como a presença de calcificações ou 
irregularidades nas paredes, deve ser removido se 
prejudicar a qualidade do acesso coronário. 
f) Preparo químico-mecânico 
O preparo químico-mecânico de um canal radicular é 
realizado por meio do emprego de instrumentos 
endodônticos, de substâncias ou soluções químicas 
auxiliares e de irrigação-aspiração. Na realização do 
preparo, não se pode separar os procedimentos 
mecânicos dos químicos, quer conceitualmente, quer 
na sua execução prática, visto que o resultado final do 
preparo de um canal radicular decorre da interação 
dos instrumentos endodônticos com as substâncias 
químicas auxiliares e com a irrigaçãoaspiração que se 
completam. Os procedimentos mecânicos são obtidos 
por meio de instrumentos endodônticos e pela 
dinâmica de fluidos da irrigação. 
O preparo químico-mecânico também tem sido 
denominado preparo químico-cirúrgico, preparo 
biomecânico (proposta na II Convenção Internacional 
de Endodontia, na University of Pennsylvania, 
Filadélfia, EUA), limpeza e modelagem (cleaning and 
shaping) por Schilder, ou, simplesmente, 
instrumentação. 
O objetivo do preparo químico-mecânico é ampliar, 
modelar e limpar o canal radicular para que o 
mesmo possa receber o material obturador. Nos 
casos infectados, acrescenta-se a desinfecção aos 
objetivos. 
Por muitos anos, acreditou-se que o principal fator 
envolvido no sucesso do tratamento endodôntico 
fosse a realização de uma obturação compacta do 
canal radicular. Esse conceito tornou-se popularizado, 
após a revelação dos achados do estudo de 
Washington, de natureza transversal, que relatou que 
mais de 60% dos casos de fracasso da terapia 
endodôntica (ocorrência de lesão perirradicular 
póstratamento constatada radiograficamente) foram 
relacionados com obturações inadequadas do canal 
radicular. 
Contudo, deve-se ter em mente que o fato de dois 
eventos (preparo químico-mecânico e obturação) 
ocorrerem simultaneamente não representa uma 
relação de causa e efeito. Podemos pressupor que na 
grande maioria dos casos que fracassaram, a 
obturação inadequada foi apenas um reflexo de um 
preparo químico-mecânico incompleto. Se o preparo 
foi insuficiente, microrganismos e substrato 
persistem no canal, predispondo à infecção 
persistente e à indução ou manutenção da lesão 
perirradicular. 
Embora a importância da obturação não deva ser 
negada, principalmente na prevenção da reinfecção 
do canal, é preciso ressaltar que o sucesso do 
tratamento endodôntico na biopulpectomia está na 
dependência direta da prevenção da infecção 
endodôntica, enquanto na necropulpectomia está na 
eliminação, ou máxima redução possível, de 
bactérias do interior do sistema de canais 
radiculares. A obturação perpetuaria esse estado 
obtido pelo preparo químico-mecânico, negando 
espaço para o crescimento e a recolonização de 
microrganismos residuais ou invasores secundários. 
Os principais objetivos do preparo químico-mecânico 
são a ampliação, a modelagem e a limpeza do canal 
radicular. Nos casos de polpa necrosada e infectada, 
um objetivo adicional é a desinfecção. Esses 
objetivos, embora distintos, são logrados, 
simultaneamente, durante o preparo do canal 
radicular. 
OBS: Desinfecção e limpeza 
A desinfecção e limpeza do sistema de canais 
radiculares visa à eliminação de irritantes como 
bactérias, seus produtos e tecido pulpar vivo ou 
necrosado, criando um ambiente propício para a 
reparação dos tecidos perirradiculares. Salienta-se 
que o objetivo de desinfecção se aplica somente aos 
casos de necrose e de retratamento, em que 
geralmente há infecção do sistema de canais 
radiculares. Esses objetivos são de extrema 
importância para o resultado do tratamento 
endodôntico, uma vez que a lesão perirradicular é 
causada e mantida por bactérias infectando o sistema 
de canais radiculares. Conequentemente, a prevenção 
(em biopulpectomia) e o controle da infecção (na 
necropulpecomia) são cruciais para o sucesso do 
tratamento. 
A ação antimicrobiana da solução química auxiliar é 
a responsável pela desinfecção do sistema de canais 
radiculares em casos de necrose e de retratamento, 
enquanto em dentes com polpa viva ela pode ser 
importante em prevenir a contaminação dos canais. 
g) Medicação intracanal/ curativos de demora. 
A medicação intracanal consiste na aplicação de um 
medicamento no interior do canal radicular por um 
período geralmente mais longo do que de uma 
consulta e que visa exercer algum efeito terapêutico. 
Há situações rotineiras e outras esporádicas na clínica 
endodôntica que requerem o emprego de medicação 
intracanal. Idealmente, o medicamento deve 
permanecer ativo durante todo o período entre as 
consultas do tratamento endodôntico. Embora essa 
etapa não possa substituir nenhuma outra 
relacionada com a terapia endodôntica, sua utilização 
assume um papel auxiliar bastante importante em 
determinadas condições clínicas e patológicas. 
Um medicamento pode ser aplicado no interior do 
sistema de canais radiculares pelas seguintes razões: 
 Otimizar a desinfecção endodôntica, 
eliminando microrganismos que sobreviveram 
ao preparo químico-mecânico 
 Atuar como barreira físico-química contra a 
infecção ou reinfecção por microrganismos 
da saliva 
 Reduzir a inflamação perirradicular e a 
consequente sintomatologia 
 Controlar a exsudação persistente 
 Solubilizar a matéria orgânica, melhorando a 
limpeza 
 Inativar produtos microbianos 
 Controlar a reabsorção dentária inflamatória 
externa 
 Estimular a reparação por tecido 
mineralizado. 
OBS: No tratamento ou retratamento de dentes com 
lesão perirradicular, o medicamento intracanal deve 
possuir ação antimicrobiana, tendo o potencial de 
destruir microrganismos remanescentes que 
sobreviveram aos efeitos do preparo químico-
mecânico. 
 
h) Obturação dos canais radiculares 
A obturação dos canais radiculares tem grande 
importância para obtenção do sucesso do tratamento 
endodôntico. O momento ideal para a obturação 
depende das corretas modelagem, limpeza e 
desinfecção do canal radicular, além da ausência de 
sintomatologia, possibilidade de secagem e controle 
microbiológico. A resposta biológica ideal após 
tratamento corresponde ao selamento apical pela 
deposição de tecido mineralizado.Dessa forma, o 
material obturador deve apresentar propriedades 
físico-químicas que promovam o selamento, além de 
compatibilidade biológica que favoreça o reparo dos 
tecidos apicais e perirradiculares.O material ideal 
deve ser bioativo, sendo capaz de induzir a 
mineralização apical e o selamento biológico do 
forame apical. 
Os cones de guta-percha representam o material 
sólido de escolha para obturação e apresentam 
compatibilidade biológica. Porém, não são capazes 
de promover selamento do canal radicular, sendo 
necessária a associação aos cimentos endodônticos. 
Durante décadas, os cimentos endodônticos à base de 
óxido de zinco e eugenol (OZE) foram os mais 
utilizados, com desempenho satisfatório quanto às 
propriedades físico-químicas, mas com 
comportamento biológico desfavorável.O 
estabelecimento de novos conceitos na escolha de 
materiais endodônticos promoveu maior ênfase às 
propriedades biológicas e bioatividade, estimulando a 
reparação perirradicular. 
Dentre as propriedades biológicas de um material 
obturador ideal, podemos destacar 
biocompatibilidade, capacidade de ser reabsorvido 
nos tecidos perirradiculares e de estimular a 
deposição de tecido de reparação (bioatividade), de 
preferência por tecido mineralizado em nível 
foraminal. Ainda, o material idealdeve apresentar 
ação antimicrobiana e não ser mutagênico ou 
carcinogênico. 
Dentre as propriedades físico-químicas de um 
material obturador ideal, destacam-se facilidade de 
inserção, tempo de trabalho adequado, capacidade 
de promover selamento do sistema de canais 
radiculares, bom escoamento e adesividade. O 
material não deve ser solubilizado no interior do 
canal radicular, sendo radiopaco e apresentando pH 
neutro ou alcalino. Além disso, não deve promover 
escurecimento das estruturas dentais, sendo de fácil 
remoção em casos de retratamento. 
OBS: classificação dos materiais obturadores 
Materiais sólidos: cones de guta percha (principais e 
acessórios) 
Materiais em estado plástico: 
 Cimentos à base de óxido de zinco e eugenol 
(OZE) 
 Cimentos à base de resinas plásticas 
 Cimentos que contêm hidróxido de cálcio 
[Ca(OH)2] 
 Cimentos à base de ionômero de vidro 
 Cimentos à base de silicone 
 Cimentos que contêm MTA (mineral trióxido 
agregado), à base de silicato de cálcio e 
biocerâmicos.

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