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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, TRABALHO E INOVAÇÃO EM MEDICINA MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO, TRABALHO E INOVAÇÃO EM MEDICINA RAZÕES MOTIVACIONAIS RELACIONADAS À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA EM IDOSOS – ESTUDO PILOTO PARA SUBSIDIAR ESTRATÉGIAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CAICÓ THIAGO SANTOS DE ARAÚJO CAICÓ (RN) 2021 THIAGO SANTOS DE ARAÚJO RAZÕES MOTIVACIONAIS RELACIONADAS À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA EM IDOSOS – ESTUDO PILOTO PARA SUBSIDIAR ESTRATÉGIAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CAICÓ Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Trabalho e Inovação em Medicina (PPG-ETIM), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação, Trabalho e Inovação em Medicina. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ana Carolina Patrício de Albuquerque Sousa Coorientador: Prof.º Dr. Rafael Barros Gomes de Câmara CAICÓ (RN) 2021 Thiago Santos de Araújo RAZÕES MOTIVACIONAIS RELACIONADAS À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA EM IDOSOS – ESTUDO PILOTO PARA SUBSIDIAR ESTRATÉGIAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CAICÓ Aprovado em:___/___/___ Banca Examinadora: Presidente da Banca: __________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Ana Carolina Patrício de Albuquerque Sousa Membros da Banca: ___________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Ana Carolina Patrício de Albuquerque Souza ____________________________________________________ Prof.º Dr. Eudes Euler de Lucena ____________________________________________________ Prof.º Dr. Cristiano dos Santos Gomes CAICÓ (RN) 2021 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Dr. Paulo Bezerra - EMCM/RN Araújo, Thiago Santos de. Razões motivacionais relacionadas à prática de atividade física em idosos - Estudo piloto para subsidiar estratégias na atenção primária à saúde do município de Caicó / Thiago Santos de Araújo. - Caicó, 2021. 78f.: il. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Trabalho e Inovação em Medicina, Escola Multicampi de Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Caicó, 2021. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ana Carolina Patrício de Albuquerque Sousa. Coorientador: Prof.º Dr. Rafael Barros Gomes de Câmara. 1. População idosa. 2. Atenção primária à saúde. 3. Atividade física. 4. Motivação. I. Sousa, Ana Carolina Patrício de Albuquerque. II. Câmara, Rafael Barros Gomes de. III. Título. RN/UF/Biblioteca Setorial Dr. Paulo Bezerra CDU 613.71:364.4- 053.9 Elaborado por CHRISTIANE CASTRO LIMA DA SILVA - CRB-15/865 ATA DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Aos dezesseis dias do mês de abril do ano de dois mil e vinte e um, às 10:00h, utilizando-se da plataforma do Google Meet [https://meet.google.com/rhz-wgha-ekm], instalou-se a banca examinadora de dissertação de mestrado do aluno THIAGO SANTOS DE ARAÚJO. A banca examinadora foi composta pelos professores Dr. CRISTIANO DOS SANTOS GOMES, examinador externo, Dr. EUDES EULLER DE SOUZA LUCENA, UFRN, examinador interno, e, Dr.ª ANA CAROLINA PATRÍCIO DE ALBUQUERQUE SOUSA, UFRN, orientadora. Deu-se início a abertura dos trabalhos, por parte da professora Drª. ANA CAROLINA PATRÍCIO DE ALBUQUERQUE SOUSA, que, após apresentar os membros da banca examinadora e esclarecer a tramitação da defesa, de imediato solicitou ao candidato que iniciasse a apresentação da dissertação, intitulada: “RAZÕES MOTIVACIONAIS RELACIONADAS À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA EM IDOSOS – ESTUDO PILOTO PARA SUBSIDIAR ESTRATÉGIAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CAICÓ”, marcando um tempo de 30 minutos para a apresentação. Concluída a exposição, a professora Dr.ª ANA CAROLINA PATRÍCIO DE ALBUQUERQUE SOUSA, presidente, passou a palavra ao examinador externo, Dr. CRISTIANO DOS SANTOS GOMES, para arguir o candidato, e, em seguida, ao examinador interno, Dr. EUDES EULLER DE SOUZA LUCENA para também arguir o candidato. Após as considerações sobre o trabalho em julgamento o aluno fez a sua defesa respondendo aos questionamentos da banca. Posteriormente, a banca se reuniu, reservadamente, para consenso, tendo sido APROVADO o candidato, conforme as normas vigentes na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A versão final da dissertação deverá ser entregue ao programa pelo aluno via SIGAA, no prazo de 90 dias, contendo as modificações sugeridas pela banca examinadora e constante na folha de correção anexa. Conforme o Artigo 46 da Resolução 197/2013 - CONSEPE, o candidato não terá o título se não cumprir as exigências acima. Caicó, 16 de abril de 2021. ____________________________________________________________ Drª ANA CAROLINA PATRÍCIO DE ALBUQUERQUE SOUSA PRESIDENTE ____________________________________________________________ Dr. EUDES EULLER DE SOUZA LUCENA EXAMINADOR INTERNO ____________________________________________________________ Dr. CRISTIANO DOS SANTOS GOMES EXAMINADOR EXTERNO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS DO RN PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, TRABALHO E INOVAÇÃO EM MEDICINA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E CONTRATOS FOLHA DE ASSINATURAS Emitido em 16/04/2021 ATA Nº 15/2021 - PPGETIM-CAICÓ (11.32.29.13) (Nº do Protocolo: NÃO PROTOCOLADO) (Assinado digitalmente em 30/04/2021 13:49) ANA CAROLINA PATRICIO DE ALBUQUERQUE SOUSA PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR EMCM/RN (11.32.29) Matrícula: 1195933 (Assinado digitalmente em 29/04/2021 18:26) CRISTIANO DOS SANTOS GOMES ASSINANTE EXTERNO CPF: 060.419.444-75 Para verificar a autenticidade deste documento entre em https://sipac.ufrn.br/documentos/ informando seu número: 15, ano: 2021, tipo: ATA, data de emissão: 29/04/2021 e o código de verificação: 4e83ccbf7a (Assinado digitalmente em 30/04/2021 09:12) EUDES EULER DE SOUZA LUCENA PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR EMCM/RN (11.32.29) Matrícula: 3050287 https://sipac.ufrn.br/public/jsp/autenticidade/form.jsf iv AGRADECIMENTOS Por um pouco mais de dois anos, eu me debrucei sobre o tema dessa dissertação, não apenas por curiosidade, mas pela admiração que tenho na relação existente entre os idosos e minha prática profissional. A vontade de estudar cada um deles me incentiva e me move a todo o momento. Os desafios que surgiram para cumprir cada etapa dessa pesquisa, me deixaram mais forte, com eles aprendi a pedir e a receber ajuda, mesmo sabendo que eu ofereceria pouco em troca. Apesar de todo o aprendizado, dedicação, crescimento pessoal e profissional, nem de longe o mérito por ter concluído essa pesquisa é somente meu. Agradeço a Deus que cuidou de tudo, e que nos momentos de cansaço e insegurança me concedeu abrigo e ânimo. À minha família pelo carinho, incentivos, sacrifícios, dedicação e por muitas vezes acreditarem mais do que eu nos meus sonhos e capacidades, entre eles: meus pais, Gilvanete Santos de Araújo e Emídio Costa de Araújo, meus irmãos Tatiane Isabela de Araújo e Thiêgo Santos de Araújo, a todos eles meu muito obrigado. A minha esposa Verônica Karlla dos Santos e ao meu filho GustavoThiago Araújo dos Santos, pela paciência, força e compreensão durante todo esse processo de construção, vocês são muito especiais para mim. A Prof.ª Ms. Jane Cristina Medeiros pelos incentivos e votos de confiança, a minha orientadora Prof.ª Dr.ª Ana Carolina Patrício de Albuquerque Sousa, coorientador Prof.º Dr. Rafael Barros Gomes de Câmara e ao Prof.º Dr. Eudes Euler de Lucena pelos direcionamentos, posicionamentos, incentivos e contribuições para consolidação dessa dissertação de mestrado. Aos Professores, colaboradores e colegas da Escola Multicampi de Ciências Médica e do Programa de Pós-Graduação em Educação, Trabalho e Inovação em Medicina da Universidade Federal do Rio Grande de Norte, por me acolherem e me enriquecerem com tanto conhecimento. v RESUMO Ao entrarmos no século XXI, o envelhecimento populacional causou um aumento das demandas sociais e econômicas, e em todo o mundo, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais cresce mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária. A atividade física é uma importante estratégia para promoção da saúde e traz inúmeros benefícios, dentre eles: maior longevidade, redução das taxas de morbidade e mortalidade, melhora na capacidade fisiológica em portadores de doenças crônicas, além de benefícios psicológicos. Com base nessas perspectivas, este estudo tem como objetivo investigar as razões motivacionais e os possíveis fatores relacionados à prática de atividade física em idosos, e torna-se relevante pelo fato de, no Brasil, ainda serem escassos estudos abordando as motivações que levam idosos a praticarem atividade física regularmente. Trata-se de um estudo piloto, caracterizado como individuado, observacional e transversal. Os dados foram coletados em Unidades Básicas de Saúde da Atenção Primária do município de Caicó (RN) de março a abril de 2020. Esse estudo contou com a participação de 30 indivíduos com 60 anos ou mais, a maioria do sexo feminino, e praticantes de atividade de intensidade leve ou moderada. As comorbidades mais frequentes foram: cardiopatias, hipertensão e doenças pulmonares. As razões motivacionais que levam os idosos a praticarem atividade física foram relacionadas à saúde, sociabilidade e controle do estresse, sendo menos motivada pela estética e competitividade. Palavras Chaves: População Idosa, Atenção Primária à Saúde, Atividade Física, Motivação. vi ABSTRACT As we enter the 21st century, population aging has caused an increase in social and economic demands, and worldwide, the proportion of people aged 60 and over grows faster than that of any other age group. Physical activity is an important strategy for health promotion and brings numerous benefits, among them: greater longevity, reduced rates of morbidity and mortality, improved physiological capacity in patients with chronic diseases, in addition to psychological benefits. Based on these perspectives, this study aims to investigate the motivational reasons and possible factors related to the practice of physical activity in the elderly, and it becomes relevant because, in Brazil, there are still few studies addressing the motivations that lead elderly people to practice physical activity regularly. This is a pilot study, characterized as individualized, observational and cross-sectional. The data were collected in Basic Health Units of Primary Care in the municipality of Caicó (RN) from March to April 2020. This study involved the participation of 30 individuals aged 60 years or older, most of them female, and practitioners of light or moderate intensity activity. The most frequent comorbidities were: heart disease, hypertension and lung diseases. The motivational reasons that lead the elderly to practice physical activity were related to health, sociability and stress control, being less motivated by aesthetics and competitiveness. Keywords: Elderly Population, Primary Health Care, Physical Activity, Motivation. vii SUMÁRIO AGRADECIMENTOS................................................................................................. iv RESUMO..................................................................................................................... v ABSTRACT................................................................................................................ vi 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 9 2 OBJETIVOS........................................................................................................... 14 2.1 OBJETIVO GERAL.............................................................................................. 14 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................... 14 3 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................. 15 3.1 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO HUMANO E POPULACIONAL.............. 15 3.2 PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA E IDOSOS.....................................................18 3.3 MOTIVAÇÃO PARA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA..................................... 20 4 MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................... 24 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO..................................................................... 24 4.2 LOCAL E CENÁRIO DA PESQUISA.................................................................. 24 4.3 POPULAÇÃO AMOSTRA................................................................................... 25 4.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS................................................... 26 4.4.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS.............................................. 26 4.4.2 DADOS ANTROPOMÉTRICOS....................................................................... 27 4.4.3 CONDIÇÕES DE SAÚDE................................................................................ 28 4.4.4 RAZÕES MOTIVACIONAIS PARA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA........... 28 4.4.5 PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA................................................................... 28 4.4.6 PRESENÇA DE COMORBIDADES................................................................. 29 4.5 ARMAZENAMENTO E ANÁLISE DE DADOS.................................................... 29 4.6 PROCEDIMENTOS DE ÉTICA........................................................................... 29 5 RESULTADOS....................................................................................................... 31 5.1CARACTERÍSICAS SOCIODEMOGRÁFICAS, PRESENÇA DE COMORBIDADES E CONDIÇÕES DE SAÚDE....................................................... 31 5.2 VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS ................................................................... 31 viii 5.3 PERCEPÇÃO DE SAÚDE, PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS E RAZÕES MOTIVACIONAIS PARA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA.................................... 35 6 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 38 7 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 43 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 44 APÊNDICES.............................................................................................................. 53 9 1 INTRODUÇÃO Um dos maiores feitos da humanidade foi a ampliação do tempo de vida, que se fez acompanhar da melhora substancial dos parâmetros de saúde das populações, ainda que essas conquistas estejam longe de se distribuir de forma equitativa nos diferentes países e contextos socioeconômicos. Chegar à velhice, que antes eraprivilégio de poucos, hoje passa a ser a norma mesmo nos países menos desenvolvidos. Esta conquista maior do século XX se transformou, no entanto, no grande desafio para o século atual (VERAS; OLIVEIRA, 2018). O envelhecimento pode ser conceituado como um conjunto de modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, que determinam a perda progressiva da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, sendo considerado um processo dinâmico e progressivo (LIMA & DELGADO, 2017). Já Neri (2002) afirma que o envelhecimento é o processo genético, portanto biológico, que apresenta ritmo, efeito e duração individuais, ou seja, varia de pessoa para pessoa, e possui origens genético-biológicas, sócio históricas e/ou psicológicas. Desde o século passado, vem sendo discutido que a expectativa de vida tem aumentado no mundo inteiro e, associada à queda dos coeficientes de fecundidade e de mortalidade, tem conduzido ao envelhecimento populacional, pelo aumento da população idosa. Em consequência destas mudanças sociodemográficas, o Brasil vem, como em outros lugares do mundo, sofrendo mudanças em suas características etárias, deixando de ser um país predominantemente jovem, iniciando um rápido e progressivo processo de envelhecimento (GOMES; OLIVEIRA NETO, 2018). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística do Brasil (IBGE), o Brasil é um país com muitos idosos, gerando assim grandes demandas para políticas públicas de saúde, que venham atender essa categoria. Considera-se que ao passar dos 60 anos de idade a pessoa necessita de uma série de cuidados que poderá favorecer o prolongamento de vida com saúde, autonomia e disposição. Associado a isso, observa-se que países em desenvolvimento experimentam uma rápida transformação demográfica com o envelhecimento populacional. No Brasil, isso não é diferente, estima-se que, em 2025, o país ocupará o sexto lugar entre os países com maior população idosa, 25 milhões de pessoas, e que, em 2050, atingirá marca superior a 51 milhões de idosos (IBGE, 2019). 10 O Estado brasileiro do Rio Grande do Norte tem acompanhado esse processo de envelhecimento populacional, com 1,7 milhão de idosos (48,1%) e com um aumento de 9,19% em 2019. Na região geográfica do Seridó Potiguar, destaca-se o município de Caicó onde esse processo se repete com um crescente aumento na quantidade de idosos segundo o último censo do IBGE, possuindo, aproximadamente, 11,3% pessoas com 60 anos ou mais, considerando a população urbana e rural (IBGE, 2019). Atualmente, a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) conclamou os países da Região das Américas a que fortaleçam seus sistemas de saúde e de proteção social para responderem às demandas de cuidados de longa duração que, em quantidade, triplicarão nas próximas três décadas, passando de oito milhões a 27 ou a 30 milhões até 2050 (OPAS, 2019). No mesmo sentido, a Organização dos Estados Americanos, em 15 de junho de 2015, já havia aprovado a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa, por meio de um documento juridicamente vinculante. Um item especifico dispõe que os “Estados Partes devem adotar medidas para desenvolver um sistema integral de cuidados que leve em conta a perspectiva de gênero e o respeito à dignidade e integridade física e mental do idoso, para garantir-lhe o gozo efetivo de seus direitos humanos por meio de cuidados de longo prazo” (OEA, 2015). O Brasil foi um dos primeiros países a assinar a Convenção. Tanto é assim, que organismos Internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), vêm discutindo o tema, elaborando planos, realizando eventos sobre a questão do idoso e recomendando aos países signatários que desenvolvam políticas, planos e projetos com o objetivo de implementar ações que beneficiem esse segmento populacional. As transformações socioeconômicas das últimas décadas e suas consequentes alterações nos estilos de vida dos indivíduos nas sociedades contemporâneas - com mudança de hábitos alimentares, aumento do sedentarismo e do estresse, além da crescente expectativa de vida da população - colaboram para a maior incidência de enfermidades crônicas, que hoje constituem um sério problema de saúde pública, o que reforça a importância de implantação de políticas públicas e programas que promovam o envelhecimento ativo a fim de contribuir com a promoção da saúde, participação ativa na sociedade e a segurança dos cidadãos idosos (VERAS, 2018). 11 Com as mudanças nas características etárias populacionais no Brasil e no mundo, percebe-se que o processo de envelhecimento pode estar acompanhado, muitas vezes, por um estilo de vida sedentário, que pode ocasionar maior incapacidade funcional, perda de qualidade de vida, aumento no acometimento de doenças, obesidade e mortalidade (PEREIRA et al., 2017). Na população brasileira, os idosos representam o grupo etário com menor nível de atividade física, uma vez que 31,8% dos brasileiros com mais de 65 anos de idade são inativos fisicamente, e a proporção de mulheres (32,3%) é maior que a dos homens (30,9%), e ainda que somente 28,8% dos homens e 21,6% das mulheres, em tal faixa etária, realizam atividades físicas por mais de 200 minutos semanais. Os percentuais são ainda menores se considerarmos somente as atividades físicas realizadas no tempo livre, em que apenas 24,4% dos idosos brasileiros mantêm uma prática regular (VIGITEL, 2020). Nesse contexto, assuntos relacionados à melhoria da qualidade de vida e a promoção da saúde são constantemente discutidos, sendo a prática de atividades físicas considerada uma das áreas mais importantes, pois auxilia na prevenção e tratamento de doenças (NAHAS, 2017). Moreira, Teixeira & Novaes (2014) relataram que a prática regular de atividades físicas na velhice tem se revelado como um fator determinante no que diz respeito à manutenção da saúde e da independência funcional, além da promoção da qualidade de vida e do bem-estar dos idosos. Muitos estudos já comprovam a importância da atividade física para a promoção de um estilo de vida mais ativo e saudável e que o comportamento sedentário pode repercutir negativamente na saúde, capacidade funcional e qualidade de vida dos idosos, estes representam o segmento mais sedentário da sociedade (LUKA et. al., 2017; LEASK, HARVEY, SKELTON, CHASTIN, 2016; SANTOS et. al., 2015). Pode-se considerar que as diversas teorias psicológicas e de comportamento humano podem nortear as motivações para adoção de hábitos saudáveis por parte da população idosa, contribuindo significativamente para a base de conhecimentos que podem guiar o desenvolvimento de novas intervenções para promover a aceitação e manutenção da prática de atividade física. Nesse contexto, programas de promoção da saúde relacionados à atividade física se apresentam como uma estratégia na busca de um envelhecimento saudável e devem ser priorizados nas intervenções realizadas nas unidades de saúde da família, uma vez que, além dos benefícios físicos, psicológicos e sociais, podem 12 gerar grande economia no setor de saúde (ROCHA et. al., 2013). A adesão dos idosos a prática de atividades físicas se fortalece com a percepção dos benefícios físicos, sociais e, consequentemente, emocionais que essa participação permite. Um potencial serviço de saúde que atende esses idosos é a Estratégia Saúde da Família (ESF), implementada como uma proposta de reorganização do Sistema Único de Saúde (SUS) no âmbito da atenção primária à saúde (APS). A atuação da ESF está voltada, principalmente, para ações principalmente de cunho educativo, de promoção da saúde, junto aos indivíduos e às coletividades em sua totalidade, sem distinção de crenças, cultura, grau de escolaridade ou situação econômica e social. Busca sempre despertar nas pessoas o interessepelo conhecimento das diversas formas de obter adequadas condições de saúde e de exercer a plena cidadania (SÁ, CURY, RIBEIRO, 2016). Múltiplos são os movimentos de fortalecimento da Atenção Primária à Saúde e da promoção da saúde no Sistema Único de Saúde onde nesses movimentos é notório o crescimento na oferta de serviços através do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PIC’s), todavia, é necessário problematizar quais as evidências de seus benefícios à saúde individual e coletiva (CARVALHO; NOGUEIRA, 2016). Agregado a oferta desses serviços o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação e Cultura vêm estimulando a parceria entre as instituições formadoras de profissionais e os serviços de saúde, visando aproximá-los do SUS e das necessidades de saúde da população brasileira, por meio de programas que integram ensino-serviço-comunidade, bem como iniciação ao trabalho e à pesquisa, com participação de estudantes da graduação de vários cursos, docentes de instituições de ensino e profissionais dos serviços (BARBOSA; ANDRADE; PEREIRA; FALCÃO, 2016). Cabe destacar o papel da APS que serve de base para um novo modelo de assistência e organização dos sistemas de saúde, configurando-se como porta de entrada prioritária e capaz de prestar serviço para todas as pessoas e famílias da comunidade, que também dele participam ativamente. As ações da APS devem conduzir a uma atenção integral dos usuários, capaz de melhorar as condições de saúde, a qualidade de vida e a autonomia dos indivíduos e da coletividade. A Estratégia Saúde da Família (ESF), por sua vez, configura-se como uma reorientação do modelo assistencial em saúde na APS que busca garantir a 13 integralidade da assistência centrada na família e direcionada à comunidade. Pela faixa etária dos idosos representarem uma das parcelas mais vulneráveis da população, espera-se que os serviços de APS sejam capazes de se organizar e ofertar serviços aos idosos considerando suas demandas específicas e busca pela redução das iniquidades em saúde (BRASIL, 2012). Partindo dessas premissas e por acreditar que a prática regular de atividades físicas deve ser estimulada por propostas de políticas públicas, a partir da APS, favorecendo uma atenção integral ao indivíduo que está em processo de envelhecimento, vem a necessidade de investigar os reais motivos para prática regular de atividades físicas entre os idosos atendidos na APS. Portanto, o presente estudo apresenta características do crescente processo de envelhecimento populacional no Brasil e no mundo, assim como, discussões de ações, políticas públicas direcionadas para a população idosa e prática de atividade física, visando investigar as razões motivacionais e os possíveis fatores relacionados à prática de atividade física em idosos atendidos pela atenção primária à saúde do município de Caicó. Com isso, espera-se ampliar o conhecimento sobre essa parcela da população, bem como auxiliar no planejamento e direcionamento de estratégias metodológicas e estruturais dos programas de atividade física para idosos deste município. 14 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Investigar as razões motivacionais e os possíveis fatores relacionados à prática de atividade física em idosos. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Descrever a amostra quanto às características sociodemográficas e condições de saúde; b) Mensurar as razões motivacionais para a prática de atividade física; c) Comparar as razões motivacionais à prática de atividade física com características sociodemográficas e condições de saúde. 15 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Processo de Envelhecimento Humano e Populacional O envelhecimento pode ser considerado um conjunto de mudanças da capacidade adaptativa de células, órgãos e sistemas, de forma que os mecanismos de equilíbrio orgânico se tornem mais vulneráveis, caracterizando a senescência, estado em que a reserva funcional está diminuída. E essas mudanças fisiológicas estão relacionadas com a rotina adotada nas atividades da vida diária dos idosos, assim como, às doenças associadas ao processo de envelhecimento que podem ter consequências na cognição e funcionamento dos órgãos e sistemas (AZEVEDO et. al., 2017). Ribas (2013) afirma que o processo de envelhecimento é um processo natural que caracteriza uma etapa da vida do homem e, dá-se por mudanças físicas, psicológicas e sociais que acometem de forma particular cada indivíduo. É uma fase em que, ponderando sobre a própria existência, o indivíduo idoso conclui que alcançou muitos objetivos, mas também sofreu muitas perdas, das quais a saúde destaca-se como um dos aspectos mais afetados. É evidente que o crescimento da população envelhecida e os avanços tecnológicos associados à medicina estão, ao longo do tempo, prolongando a expectativa de vida desta população, e cada vez mais a atenção da ciência dessa área com o propósito de proporcionar, ao mesmo tempo, uma longevidade associada à melhor qualidade de vida, fazendo o idoso viver mais e com mais prosperidade (NAHAS, 2017). Muitos foram os fatores que impediram o progresso do conhecimento dos processos de envelhecimento, praticamente comuns a todos os seres vivos, mas o mais importante, foi a constância com que o envelhecimento natural foi erroneamente caracterizado como um estado patológico, o que estimulou muito mais a tentativa de combatê-lo de que o entender (CAMPOS et. al., 2010). É importante definir dois conceitos básicos de fundamental importância que distinguem o que é consequência de envelhecimento e do patológico, que são frequentes nesta fase da vida. São o conceito da senescência ou senectude e de senilidade. Por senescência entende-se as alterações orgânicas, morfológicas e funcionais que ocorrem em consequência do processo de envelhecimento, e por 16 senilidade as modificações determinadas pelas afecções que frequentemente acometem os indivíduos idosos (CAMPOS et al., 2010). Fazendo uma leitura dos acontecimentos dos últimos anos, observa-se que a taxa de fecundidade é cada vez menor e que a expectativa de vida está cada vez maior. Com essa nova realidade, é possível notar o aumento na proporção de idosos e a redução relativa de jovens. Assim, torna-se imprescindível identificar os fatores de risco e estabelecer terapias eficazes para a prevenção e recuperação de patologias típicas do envelhecimento. A saúde, como essência da vida de homens e mulheres em toda sua diversidade e singularidade, não permaneceu fora do desenrolar das mudanças da sociedade no avançar dos tempos. O processo de transformação da sociedade é também o processo de transformação da saúde e dos problemas sanitários (BRASIL, 2010). Entre 1990 e 2013, a expectativa de vida saudável global aumentou 5,31 anos para homens e 5,73 anos para mulheres. O controle das doenças transmissíveis, maternas, neonatais e nutricionais foi responsável por 56,47% (3,10 anos) dessas alterações, para ambos os sexos combinados, seguidas pelas doenças não transmissíveis (30,05%; 1,65 ano) e lesões (13,67%; 0,75 ano) (CHEN et al., 2019). Alguns fatores foram indicados como determinantes para o aumento da população idosa, entre eles, podemos destacar: aumento da assistência médica, melhores hábitos de vida, maior acesso a medicamentos, criação de programas de saúde direcionados aos idosos, e ainda, o crescente hábito da prática regular de atividade física (CHARRO et al., 2020). O processo de envelhecimento é também fortemente influenciado pela história de vida do idoso, em suas diferentes formas de inserção social ao longo da vida e exposição a contextos de vulnerabilidade. A complexidade dasdemandas de saúde apresentadas pelos idosos exige dos serviços sociais e de saúde a capacidade de responder adequadamente às suas necessidades não só de prevenção e controle de doenças, mas também da promoção de um envelhecimento ativo e saudável, visando a sua maior autonomia e bem-estar (GEIB, 2012). É importante destacar que ações profiláticas e o estímulo a medidas de autocuidado devem ser constantemente estimuladas e encorajadas para a população idosa, afim de favorecer uma melhor qualidade de vida e assim trazer autonomia, melhor desempenho nas atividades da vida diária e redução do risco de aparecimento de doenças hipocinéticas. 17 A “retângulação” da pirâmide populacional levará à progressiva aproximação do percentual de jovens e idosos na composição etária da população em países em desenvolvimento, como já acontece em países desenvolvidos. Os impactos sociais e econômicos de saúde pública, diante desse contexto, faz parte do presente e serão mais significativos no futuro. Estudos populacionais revelam a prevalência de doenças crônicas (em média três por idosos), uso de medicamentos (média de três por idosos), prevalência em ocupação de leitos hospitalares (média de 70% em hospitais gerais, da rede pública e privada). São indicadores que podem revelar a complexidade das intervenções que devem ser necessárias para promover a saúde desta população (VAISBERG; MELLO, 2010). A rotina da prática de atividade física na vida de pessoas com idade superior aos 60 anos pode assumir um protagonismo quando a mesma está associada à prevenção de doenças, manutenção de corpo forte e resistente, além da melhoria nas relações sociais por causa da convivência em grupo, propiciadas pelo contato com outras pessoas de mesma idade durante o envolvimento com a prática. Este contexto ou conjunto de fatos pode refletir-se na atividade física como uma possível forma de preparação para o envelhecimento. Diante de todo esse contexto é importante entender as diferenças existentes em relação ao processo de envelhecimento entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. Enquanto nos primeiros, o envelhecimento ocorreu de forma lenta e associado à melhoria nas condições gerais de vida, no segundo, esse processo vem ocorrendo de forma rápida, sem que haja tempo de reorganização social e de saúde adequadas para atender às novas demandas emergentes (BRASIL, 2010). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Brasil é um país com mais idosos, gerando assim grandes demandas para políticas públicas de saúde, que venham atender essa categoria. Considera-se que ao passar dos 60 anos a pessoa necessita de uma série de cuidados que poderá favorecer o prolongamento de vida com saúde e disposição. Associado a isso, observa-se que países em desenvolvimento experimentam uma rápida transformação demográfica com o envelhecimento populacional. No Brasil, isso não é diferente, estima-se que, em 2025, o país ocupará o sexto lugar entre os países com maior população idosa, 25 milhões de pessoas, e que, em 2050, atingirá marca superior a 51 milhões de idosos (IBGE, 2019). 18 Com o aumento proporcional do número de idosos, existe a necessidade da adequação e preparo dos serviços básicos de saúde, visando a sua estruturação, formação e qualificação profissional para o atendimento dessa nova demanda, uma vez que a população idosa é grande usuária de serviços de saúde (PILGER; MENON; MATHIAS, 2013). Para os idosos terem seus direitos garantidos ainda será necessário muito enfrentamento para que eles sejam respeitados e assegurados pelo poder público. Tanto é assim que organismos Internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), vêm discutindo o tema, elaborando planos, realizando eventos sobre a questão do idoso e recomendando aos países signatários que desenvolvam políticas, planos e projetos com o objetivo de implementar ações que beneficiem esse segmento populacional. 3.2 Prática de atividades físicas e idosos O conceito de saúde trazido pela Organização Mundial de Saúde, onde saúde seria um estado de pleno bem estar físico, psíquico e social, de modo que o idoso, ao ter suas doenças tratadas e disfunções compensadas, possa sentir-se saudável, o estímulo a prática de atividade física com o intuito de manter o idoso ativo para as suas atividades da vida diária e o exercício físico, como algo mais elaborado, têm a capacidade de neutralizar ou minimizar disfunções encontradas na senescência e senilidade (DONNANGELO, 1979). A atividade física pode ser definida como todo movimento corporal produzido pela musculatura esquelética, que resulte em um gasto energético maior do que os níveis de repouso (CASPERSEN; POWELL; CHRISTENSON, 1985). Nessa definição percebe-se que a atividade física engloba os exercícios físicos e os esportes, mas também o equivalente em gastos de energia em outros tipos de atividades, como lazer ativo, trabalho ocupacional e tarefas domésticas (MIRAGAYA, 2006). Os estudiosos Fleck & Kraemer (2017) garantem que mesmo os idosos em idade bem avançadas podem se beneficiar com a prática de exercícios físicos se utilizarem um treinamento correto, que é capaz de melhorar a saúde e a capacidade funcional, levando a aumentos significativos na qualidade de vida. Faria Junior (2015) diz que as atividades físicas agem retardando os problemas causados ao organismo pelo processo de envelhecimento, indicando que devemos manter pelo 19 menos os limites mínimos de atividades da vida diária (AVD’s) a fim de prevenir doenças degenerativas e manter a capacidade funcional e autoestima. Para tanto, vem crescendo as recomendações para um estilo de vida mais saudável por parte dos idosos (COSTA, 2017). Dentre estas recomendações está a prática de exercícios físicos que, mesmo que não consiga interromper o processo biológico de envelhecimento, têm potencial para minimizar os efeitos fisiopatológicos e a progressão de doenças crônicas relacionadas à idade (BOOTH; ROBERTS, 2012; CAMPOS et. al., 2014; FERREIRA et. al., 2017). A atividade física regular é um instrumento capaz de estimular mudanças em outros comportamentos e hábitos de vida dos idosos, adiando o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis e contribuindo para o envelhecimento saudável (BROWN et. al., 2012). Sabendo disso, a população idosa desperta-se e é motivada a procurar programas de exercícios físicos objetivando os benefícios que esta lhe propõe. Harris et. al. (2020) afirma que alternativas têm surgido na forma de programas de assistência orientados aos idosos, inclusive relacionados à necessidade de estimular um estilo de vida ativo, uma vez que a prática regular de exercícios físicos vem sendo apontada como uma ferramenta importante para o controle de doenças crônicas, manutenção da autonomia funcional e da qualidade de vida de pessoas idosas. É cada vez mais comum o crescente número de idosos de ambos os sexos participando de programas de atividades físicas, de esportes, assim como uma maior oportunidade de prática, o que nos leva a crer que esse grupo populacional percebe a importância de se manterem ativos não só para as atividades da vida diária como para fins de rendimento esportivo (FRAGALA et. al., 2019). A prática de exercícios físicos pode ser utilizada como uma excelente estratégia no sentido de retardar e, até mesmo, atenuar o processo de declínio das funções orgânicas que são observadas com o envelhecimento, pois promove melhorias na capacidade respiratória, na força muscular, na cognição e habilidades sociais. Os benefícios da prática de atividades físicas estão demonstrados na literatura nacional e internacional e são ressaltados pelas diretrizes de saúde, que recomendam pessoas acima de 60 anos praticar, em média, 200 minutos por semana de atividade física, de intensidadeleve a moderada, no sentido de 20 fortalecimento muscular e redução do índice de inatividade física (LIMA et. al., 2015; KEEVIL et. al., 2016). Os autores da área quase por unanimidade confirmam os incontestáveis benefícios que a prática regular de atividade física pode trazer para um envelhecimento com qualidade, ajudando na minimização e na prevenção dos efeitos deletérios. Nessa perspectiva, o interesse em conceitos como atividade física, estilo de vida e qualidade de vida, vem adquirindo relevância, motivando a produção de trabalhos científicos e constituindo um movimento no sentindo de valorizar ações voltadas a contribuição para a melhoria do bem-estar do indivíduo por meio do incremento do nível de atividade física habitual da população. Estudos apontam os benefícios da prática de atividade física para os idosos em diferentes dimensões, Coelho et. al. (2017); Lini et. al. (2016); Lima et. al. (2018) afirmam melhorias na área psicossocial, na qual podemos destacar a diminuição do estresse, da ansiedade, da depressão, aumento da autoconfiança, autoestima, socialização, diminuição dos riscos de demências e melhorias das condições de saúde cognitiva dessa população. Apesar dos benefícios da atividade física já relatados, é necessário trazer estudos que revelam a dificuldade de idosos começarem uma prática de atividade física ou continuarem a prática de forma regular. 3.3 Motivação para prática de atividade física Segundo Samulski (2002), a palavra motivação é uma força intrínseca (interna) e extrínseca (externa) que se caracteriza como um processo intencional, ativo e dirigido a uma meta, que pode ser definida simplesmente como a direção e a intensidades de nossos esforços. Reeve (2014) diz que “um motivo é um processo interno que energiza e direciona o comportamento”. Para Senfft (2015) o motivo é um fator dinâmico que influencia o comportamento e a conduta de alguém em direção a um determinado objetivo, estando equilibrados entre fatores pessoais - ligados às metas, necessidades, interesses pessoais - e fatores situacionais - ligados à atratividade das instalações, influências sociais, desafios, tarefas atrativas. Barroso Junior et al. (2015) afirmam que o engajamento das pessoas em programas de atividades físicas geralmente se dá por fatores psicológicos, e apontam a motivação como um fator determinante tanto para o início quanto para a manutenção das atividades. 21 A necessidade de ter motivação torna-se formas e expressões que variam de pessoa para pessoa, desde jovem a adultos, sendo que não poderia ser diferente na faixa etária idosa, ou seja, o idoso também precisa de motivação para superar suas limitações principalmente as decorrentes do processo de envelhecimento (CARVALHO et al., 2016). De acordo com Braghirolli et. al. (2011), um comportamento motivado caracteriza-se pela energia despendida em direção a um objetivo ou uma meta. A motivação humana está relacionada com fatores como a curiosidade, a persistência, o aprendizado e o desempenho, além de, no meio esportivo, se caracterizar como um dos fatores principais tanto na adesão quanto na continuidade da prática (VALLERAND; LOSIER, 1999). É um dos fatores que determinam o comportamento humano, assim como as necessidades psicológicas individuais, os objetivos pessoais, o ambiente e as influências externas ao indivíduo, como é o caso do apoio social e parental, necessidade de auto valorização e de conquista material (DECHARMS; MUIR, 1978). Neste sentido, sabe-se que os níveis adequados de atividade física e aptidão física, são mantidos mais facilmente quando os indivíduos se sentem motivados para a prática, percebendo efetivamente os benefícios desses comportamentos saudáveis (LOURES et al., 2017). Assim, a motivação pode ser definida como a soma de fatores que determinam formas de comportamento voltadas a um determinado objetivo, sendo considerada o fator mais importante e determinante no que se refere ao início e continuidade de algum processo, como por exemplo a prática de exercícios físicos (SAMULKI, 2002). Porém, salienta-se que os fatores motivacionais que movem um sujeito em prol de um objetivo não são imutáveis. Ou seja, os motivos para determinada prática ou conduta podem variar ao longo do tempo de acordo com as necessidades, aspirações e obrigações do indivíduo (SAMULKI, 2002). Assim, a motivação para a prática de exercícios físicos é resultado de uma complexa interação entre diversas variáveis psicológicas, sociais, ambientais e genéticas. Dentre estes fatores destacam-se: o conhecimento, a atitude, o apoio social e familiar, disponibilidade de espaço e instalações, barreiras percebidas pela pessoa (distância, recursos, tempo) e as normas sociais (CODONHATO et al., 2017). 22 A curiosidade e os investimentos no estudo da motivação no contexto da atividade física e do esporte tem sido alvo de parte da literatura produzida na área da Psicologia do Esporte. Entretanto, alguns estudos têm buscado verificar a motivação em atletas de alto rendimento que precisam estar motivados para alcançar seus objetivos, conquistar recordes e vitórias. Outras pesquisas centram-se na compreensão dos fatores e processos associados à adesão, persistência e abandono da atividade física regular, buscando identificar o que motiva as pessoas “não-atletas” a praticar atividade física regularmente e, assim, deixar de ser indivíduos sedentários (BIDDLE, 1997; GAUVIN; SPENCE, 1995; GOUVEIA, 2001). Nesse sentido é, também, importante buscar a investigação da motivação à prática de atividades físicas em praticantes “não-atletas” de todas as idades, em especial os idosos que são o centro desses estudos. A motivação é um processo que possibilita a mobilização de necessidades preexistentes, que se relacionam a comportamentos capazes de satisfazê-las (FEIJÓ, 1992). Com isso as pessoas das mais diversas idades aderem a práticas saudáveis por inúmeros motivos, onde esses motivos sofrem variações de acordo com o indivíduo, tanto no nível quanto no tipo de motivação, dependendo das razões para aquela ação específica. Silva e colaboradores (2015) acreditam que estudar as teorias da motivação ajuda a compreender os motivos, as vontades e as necessidades que os indivíduos têm na busca pelos seus objetivos. A Teoria da Autodeterminação (TAD) segundo Deci & Ryan (1985); Ryan & Deci, (2017) tem sido, há mais de duas décadas, bem- sucedida em fornecer um robusto quadro teórico à compreensão do comportamento motivacional em diversos contextos, incluindo numerosas pesquisas no campo da atividade física e esportiva. Embora a TAD seja a base teórica de numerosos estudos em vários periódicos internacionais, e tenha sido recomendada para ser utilizada no contexto cultural brasileiro em estudos e publicações nacionais), seus pressupostos ainda não foram amplamente avaliados no Brasil (OLIVEIRA et al., 2015). A Teoria da Autodeterminação lista diferentes tipos de motivação, a partir das diferentes razões e objetivos que dão origem a uma ação. A motivação intrínseca vem de uma característica humana de sempre querer aprender e assimilar, e se refere a fazer algo porque é interessante ou agradável, e motivação extrínseca, está relacionada a vários fatores externos que a regulam (DECI; RYAN, 1985). 23 As concepções apresentadas convergem com o conceito de promoção do envelhecimento ativo propagado pela Organização Mundial de Saúde, caracterizado pela experiência positiva de longevidade, com preservação de capacidades e do potencial de desenvolvimento do indivíduo, para que a garantia de condições de vida e de políticas sociais seja uma prerrogativa (WHO, 2002). No âmbito nacional, a Política Nacional da Pessoa Idosa reforça a importância do envelhecimento ativo e saudável, priorizando ações motivadoras e facilitadoras paraa adesão de um estilo de vida saudável, considerando a prática regular de atividade física em todos os níveis de atenção (BRASIL, 2006). A motivação e as perspectivas em relação à prática de atividade física em idosos é um assunto de suma importância evidenciado na literatura. Autores destacam que alguns idosos ainda acreditam que a atividade física é desnecessária, ou mesmo potencialmente prejudicial. Outros reconhecem os benefícios da atividade física, mas relatam uma série de barreiras à prática. Seis barreiras foram citadas como as principais, e a motivação estava entre elas (FRANCO et al., 2015). 24 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO Originalmente, foi elaborado um estudo epidemiológico, de caráter individuado, observacional e transversal. Em decorrência da pandemia, ocasionada pelo vírus Sars-cov2, a coleta de dados foi interrompida. Mesmo com a retomada das atividades acadêmicas, laborais e sociais, a retomada da pesquisa ficou inviabilizada, visto que o contexto vigente impacta diretamente nas razões motivacionais previstas no projeto de pesquisa. Dessa forma, o presente estudo foi adaptado como um estudo piloto, caracterizado como individuado, observacional e transversal. 4.2 LOCAL E CENÁRIO DA PESQUISA A pesquisa foi realizada em 3 unidades básicas de saúde do município de Caicó, Rio Grande do Norte. Caicó é um município brasileiro pertencente ao estado do RN, localizado na zona central do estado, distante 282 km da capital de estado, Natal. É considerada uma das principais cidades da região geográfica do Seridó. De acordo com os últimos dados de censo do IBGE, Caicó é o sétimo município mais populoso do RN, com 68.347 habitantes e densidade populacional de 51,04 habitantes por quilômetro quadrado, sendo o segundo município mais populoso do interior do RN (IBGE, 2020). Caicó apresenta o quinto maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do interior do Rio Grande do Norte. Alcançando o maior índice de longevidade do Rio Grande do Norte. O município ainda se destaca por possuir o menor índice de exclusão social do estado segundo o IBGE, o quinto menor índice de vulnerabilidade social do Nordeste, além do maior índice de prosperidade social da região segundo o IPEA (IBGE, 2019). O município também foi reconhecido como a 4ª melhor cidade do Rio Grande do Norte em qualidade de vida, segundo ranking da empresa de consultoria Austin Rating (IBGE, 2019). 25 4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA A população do estudo foi constituída de indivíduos com 60 anos ou mais, atendidos pela atenção primária a saúde da zona urbana do município de Caicó. De acordo com o último IBGE, o município de Caicó possui, aproximadamente, 7.716 pessoas com 60 anos ou mais, considerando a população urbana e rural (https://cidades.ibge.gov.br/). Além disso, sabe-se que o município apresenta 21 unidades básicas de saúde com 95% de abrangência populacional. No projeto original, estimou-se o tamanho amostral necessário para se ter uma proporção populacional de 50% da principal característica em estudo - prática de atividade física - sendo este valor o máximo possível (p=0,5; q=0,5), visto que a exata proporção de praticantes de atividade física é desconhecida na população. Além disso, o nível de significância foi de 5% (alfa = 5%; z =1,96) e o erro amostral (d) foi fixado em 5%. Logo, aplicando a seguinte fórmula: ( ) ².1².. ²... dNzqp zqpN n −+ = , onde N = 5980; p =0,5; q=0,5; z=1,96; d=5% Assim o “n” amostral estimado para o estudo populacional foi de 357. Entretanto, devido ao contexto de pandemia gerado pela covid19, não foi possível atingir o “n” estimado no cálculo amostral e, portanto, não se obteve a representatividade populacional. A amostra foi por conveniência e restrita a 3 unidades básicas de saúde da zona leste do município de Caicó, configurando o presente estudo como um piloto, sendo representativo apenas para um contexto restrito da zona leste do município de Caicó, podendo ser reproduzido em outros contextos. Critérios de Elegibilidade: • Pessoas com 60 anos ou mais de ambos os sexos; • Comunitários, ou seja, não institucionalizados; • Cadastrados nas Unidades Básicas de Saúde da zona urbana do município de Caicó (RN). • Não estar temporária ou permanentemente acamado; https://cidades.ibge.gov.br/ 26 • Ser encontrado para avaliação após três tentativas, durante o recrutamento; • Conseguir concluir todas as etapas da coleta dos dados. 4.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Os dados foram coletados no período de fevereiro a março de 2020, por uma equipe devidamente treinada para aplicar os instrumentos de coleta. Os participantes foram convidados a participar da pesquisa e assinar o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). As informações coletadas foram referentes a: características sociodemográficas, dados antropométricos, condições de saúde, prática de atividade física e razões motivacionais para prática de atividade física. Ao ser iniciado o processo de coleta de dados deu início a pandemia da COVID-19 em todo os lugares do mundo, e não foi diferente no município de Caicó, o que obrigou a interrupção imediata da coleta dos dados desta pesquisa que acabou inviabilizando o alcance o “n” amostral estipulado. E ainda, mesmo com o retorno das atividades acadêmicas e institucionais, por questão de segurança dos pesquisadores e do público investigado, houve a inviabilização da continuidade à coleta de dados. Além disso, a continuidade do projeto de pesquisa em formato remoto sofreria influência do contexto de pandemia, o que geraria outras motivações, como razões motivacionais à prática de atividade física no contexto de pandemia de covid19. Tendo em vista a importância e a necessidade de gerar uma devolutiva ao serviço de saúde que foi escolhido como cenário desta pesquisa, assim como a população idosa estudada, foi produzido e construído um manual de atividades físicas denominado “Manual do Idosos Ativo” como estratégia de nortear e orientar uma maneira correta e segura dos idosos realizarem suas rotinas de exercícios físicos, tendo real impacto e magnitude no contexto de isolamento social atravessado no período pandêmico do COVID-19. 4.4.1 Características sociodemográficas Foram coletadas as seguintes informações sexo, idade, estado civil, o exercício ou não de trabalho remunerado e grau de escolaridade. 27 4.4.2 Dados antropométricos Como medidas antropométricas foram obtidas as seguintes medidas: estatura, peso corporal, circunferências da cintura e do quadril. Para a aferição da estatura, foi utilizado um estadiômetro transportável, da marca Sanny®, com 212 cm e precisão de 0,1 cm. Solicitou-se que os idosos tirassem os calçados e se colocassem de costas para o estadiômetro, em posição ereta e com os pés unidos (CHARRO et al., 2020). A verificação do peso corporal, por sua vez, foi realizada em uma balança digital portátil da marca Speedo®, com capacidade de 150Kg e com precisão de 100g. Pediu-se que os indivíduos retirassem os calçados e objetos. Instruiu-se para que ficassem em pé sobre a plataforma da balança, com afastamento lateral dos pés, eretos e com olhar fixo para a frente (CHARRO et al., 2020). Para a medida da circunferência da cintura, utilizou-se uma fita métrica flexível com precisão de 1mm, da marca Sanny®. A medição foi realizada com o idoso em pé, circundando-se a fita na linha natural da cintura, na região mais estreita entre o tórax e o quadril, no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca. A leitura foi realizada no momento da expiração (CHARRO et al., 2020). Para a medida da circunferência do quadril, utilizou-se uma fita métrica flexível com precisão de 1mm, da marca Sanny®. A medição foirealizada com o idoso em pé, pernas unidas, circundando-se a fita na linha natural do quadril, na região mais volumosa dos glúteos (CHARRO et al., 2020). Utilizou-se, para a análise do Índice de Massa Corporal (IMC), calculado a partir da divisão da massa corporal em quilogramas pela estatura elevada ao quadrado (kg/m2) e os pontos de corte recomendados pelo Ministério da Saúde (MS, 2004) para avaliação da população idosa. Com base no IMC para idosos, foram considerados baixo-peso o IMC ≤ 22, eutrófico 22>IMC>27 e sobrepeso o IMC > 27 kg/m2 (WHO, 2000). A verificação do risco de desenvolvimento de complicações associadas à obesidade, através da relação das circunferências da cintura e do quadril (IRCQ), tomando por base os valores sugeridos por sexo pela Organização Mundial da Saúde (2008) que considera que, para mulheres, valores acima de 0,82 representam um risco aumentado, e para homens e acima de 0,94. 28 4.4.3 Condição e percepção de saúde A condição de saúde foi avaliada a partir da autopercepção da saúde dos idosos. A autopercepção de saúde foi avaliada perguntando ao idoso, a partir de sua concepção subjetiva, como ele considera sua saúde, cuja resposta varia entre muito boa, boa, regular, ruim ou muito ruim. 4.4.4 Razões motivacionais para prática de atividade física Com a finalidade de responder a problemática deste estudo e atender aos objetivos traçados, procedeu-se a exploração dos escores obtidos através do Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física (IMPRAF-54). Ao analisar os 54 itens, buscou-se demonstrar a confiabilidade dos valores das médias calculadas, desvio padrão (DP) e coeficientes de variação (CV), pois caso sofra efeitos negativos advindos de casos extremos poderia comprometer as representativas de comportamentos inventariados fazendo com que reduza o valor dos remates. (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006) Foi utilizado o instrumento denominado IMPRAF-54, validado para diferentes faixas etárias, desde adolescentes a idosos (Alpha de Cronbach superior a 0,82 em todas as dimensões avaliadas), tem a proposição de medir as seis dimensões (controle de estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer) associadas à motivação para a prática regular de atividades físicas (BALBINOTTI; BARBOSA, 2006). O questionário é constituído por 54 itens, agrupados em 9 blocos e que são, de forma individual, avaliados por meio de uma escala Likert de 5 pontos, “isso me motiva pouquíssimo” a “isso me motiva muitíssimo”. Por meio desta escala são identificadas as dimensões que são consideradas mais motivadoras para a prática de atividade física. 4.4.5 Prática de atividade física A prática de atividade física foi avaliada a partir do Questionário Internacional de Atividade Física, versão adaptada para idosos (IPAQ - versão adaptada para idosos). O IPAQ é um questionário validado em vários países, inclusive no Brasil, 29 que estima o dispêndio energético semanal de atividade física (MAZO; BENEDETTI, 2010). O IPAQ – versão adaptada para idosos é um instrumento internacional, com validade para a população idosa brasileira, de fácil aplicação e baixo custo financeiro. É composto por 5 domínios, totalizando 15 questões: 1) Atividade Física no trabalho; 2) Atividade Física como meio de transporte; 3) Atividade Física em casa ou apartamento; 4) Atividade Física de recreação, esporte, exercício e de lazer; 5) Tempo gasto sentado (MAZO; BENEDETTI, 2010). 4.4.6 Presença de comorbidades A presença de comorbidades foi avaliada através do autorrelato, considerando o diagnóstico médico no último ano, ou uso contínuo de medicamentos para o tratamento das seguintes doenças crônicas: cardiopatias, hipertensão arterial, diabetes mellitus, artrite ou reumatismo, doenças pulmonares, depressão, osteoporose e acidente vascular encefálico (AVE). 4.5 ARMAZENAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS Os dados foram tabulados e armazenados e processados no software estatístico Statistical Package for the Social Science versão 20.0 para Windows (SPSS 20.0). A análise estatística constou de análise descritiva (frequências, medidas de tendência central e medidas de dispersão) para caracterizar a amostra quanto às características sociodemográficas, às condições de saúde e os hábitos de vida. Em seguida, para uma melhor compreensão da motivação para a prática de atividade física, foi realizada uma análise bivariada (ANOVA) para comparação das médias dos escores brutos das dimensões em relação a variáveis independentes de condições de saúde. 4.6 PROCEDIMENTOS ÉTICOS O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde (CEP FACISA/UFRN), conforme as determinações da Resolução 30 n° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que define as diretrizes e normas regulamentadoras que regem a pesquisa envolvendo seres humanos, conforme as suas recomendações, tendo registro no CAAE: 24485819.7.0000.5568 e Número do Parecer: 3.737.785. Esta pesquisa apresenta riscos mínimos, dentre os quais destaca-se: desconforto pelo tempo exigido para responder a entrevista, aproximadamente, quinze minutos; e/ou constrangimento pelo teor de alguns questionamentos. 31 5 RESULTADOS 5.1 Características sociodemográficas, Condições de Saúde e Presença de Comorbidades. Ao todo este estudo pesquisou 30 idosos de 60 anos ou mais atendidos pelas mais diversas Unidades Básicas de Saúde da Atenção Primária à Saúde do município de Caicó no período de março a abril de 2020. A amostra foi composta em sua maioria pelo sexo feminino (86,7%), com média de idade de 71,6 ±6,3 anos, estado civil casado (36,7%), escolaridade inferior ao 1º grau completo (63,3%) e sem exercer trabalho remunerado (80%) (Tabela 01). Quanto à condição e concepção de saúde os entrevistados responderam ter uma saúde excelente (3,3%), muito boa (23,3%), boa (20%), regular (43,3%) e ruim (10%); e quanto aos hábitos de vida, a maioria dos indivíduos relataram não fumar (83,3%) e não ser etilistas (93,3%) (Tabela 01). 5.2 Variáveis Antropométricas Em relação as variáveis antropométricas da amostra quanto a estatura, peso corporal, circunferência da cintura, do quadril, IMC e IRCQ, observou-se que a estatura da amostra pesquisada variou entre 1,33m e 1,70m; o peso corporal variou entre 36kg e 91,7kg; a circunferência da cintura variou entre 62cm e 118cm; a circunferência do quadril esteve entre 80cm e 125cm (Tabela 01). De acordo com o IMC, a amostra apresentou resultados onde, 40% dos idosos foram considerados eutróficos, 40% com sobrepeso e 20% com baixo peso; percebe-se ainda que em relação desenvolvimento de complicações associadas à obesidade (IRCQ), os valores do IRCQ para o sexo feminino há predominância de um IRCQ de Alto Risco, enquanto no sexo Masculino uma predominância de um IRCQ de Médio Risco (Tabela 01). No tocante à pratica de atividade física, a maior parte dos entrevistados relataram praticar atividade regularmente (73,3%); sendo que a atividade física de intensidade leve foi a mais relatada (43,3%) (Tabela 01). 32 Tabela 01: Caracterização da amostra quanto a: características sociodemográficas, condições de saúde e hábitos de vida. Caicó (RN). 2020. Variáveis Frequência Absoluta (n) Frequência Relativa (%) CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS IDADE (em anos) [µ = 71,6 ±6,3] [Min.= 62; Máx. =88] FAIXA ETÁRIA 60 a 64 anos 02 6,7% 65 a 69 anos 10 33,3% 70 a 74 anos 11 36,7% 75 anos ou mais 07 23,3% SEXO Masculino 04 13,3% Feminino 26 86,7% ESTADO CIVIL Solteiro 09 30% Casado 11 36,7% Divorciado 04 13,3% Viúvo 06 20% ESCOLARIDADE 1° Grau Incompleto 19 63,3% 2º Grau Incompleto01 3,3% 2º Grau Completo 07 23,3% 3º Grau 03 10% EXERCE TRABALHO REMUNERADO Sim 06 20% Não 24 80% CONDIÇÕES DE SAÚDE QUANTIDADE DE DOENÇAS CRÔNICAS 33 0 08 26,7 1 10 33,3 2 ou mais 12 40,0 IMC ≤ 22 (Baixo Peso) 06 20% >22 e < 27 (Eutrófico) 12 40% ≥ 27 (Sobrepeso) 12 40% IRCQ Feminino Baixo Risco ≤ 0,80 Risco Moderado 0,81 a 0,85 Alto Risco ≥ 0,86 6 8 12 20% 26,7% 40% Masculino Baixo Risco ≤ 0,95 Risco Moderado 0,96 a 1,0 Alto Risco ≥ 1,0 1 2 1 3,3% 6,7% 3,3% PERCEPÇÃO DE SAÚDE Excelente/ Muito Boa 08 26,7% Boa 06 20% Regular 13 43,3% Ruim 03 10% HÁBITOS DE VIDA USO DE TABACO Fumante 05 16,7% Não fumante 25 83,3% CONSUMO DE ÁLCOOL Etilista 02 6,7% Não etilista 28 93,3% PRATICA ATIVIDADE FÍSICA 34 Sim 22 73,3% Não 08 26,7% TIPO DE ATIVIDADE FÍSICA Lenta / leve 13 43,3% Moderada 12 40% Rápida / vigorosa 05 16,7% Em relação a presença de comorbidades 40% dos indivíduos relataram ter duas ou mais doenças crônicas, com destaque para a hipertensão arterial (60%), osteoporose (30%), artrite (20%) e diabetes mellitus (13,3%) (Figura 01). Figura 01: Principais Doenças Crônicas Investigadas. Caicó (RN). 2020. 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% Hipertensão Arterial Doenças Pulmonares Diabetes Mellitus Depressão Cardiopatias Atrite Osteoporose 35 5.3 Razões motivacionais para prática de atividade física Considerando as dimensões das razões motivacionais para a prática de atividade física, analisado através da aplicação do IMPRAF-54, observou-se que a principal razão motivacional registrada foi a dimensão da saúde (32,4%), seguida pela da sociabilidade (29,7%), do controle do estresse (27,8%), do lazer (25,5%), da estética (14,7%) e por fim da competitividade (11,7%) (Figura 02). Figura 02: Dimensões motivacionais para prática de atividade física em idosos. Caicó (RN). 2020. Para uma melhor compreensão das razões motivacionais para a prática de atividade física, foi realizada uma análise de comparação das médias dos escores brutos de todas as dimensões em relação a variáveis independentes de condições de saúde (Tabela 02). Evidenciou-se que o escore de motivação para a prática de atividade física aumenta de acordo com a intensidade da atividade física, de forma que atividade física de intensidade moderada à vigorosa apresentou médias maiores de escores para motivação em todas as dimensões, sendo que, apenas na dimensão da “estética” essa diferença foi estatisticamente significativa (p-valor <0,05), esse resultado pode estar relacionado ao pequeno número de indivíduos na amostra. 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% Controle do Estresse Saúde Sociabilidade Competitividade Estética Lazer 36 Tabela 02: Comparação da média dos escores de motivação à prática de atividade física com condições de saúde e hábitos de vida. Caicó (RN). 2020. Variáveis Controle do Estresse Saúde Sociabilidade Competitividade Estética Prazer µ±σ p-valor µ±σ p-valor µ±σ p-valor µ±σ p-valor µ±σ p-valor µ±σ p-valor IMC ≤ 22 (baixo peso) 25,8±6,3 0,41 29,3±6,8 0,23 27,0±11,8 0,17 14,5±7,5 0,33 12,6±4,1 0,25 23,5±7,4 0,59 >22 e < 27 (eutrófico) 26,8±6,8 33,2±4,4 27,3±8,1 12,0±6,4 17,1±7,5 27,4±6,1 ≥ 27 (sobrepeso) 29,5±5,8 33,1±4,1 33,0±5,7 10.2±4,1 13,5±5,3 24,6±10,1 TIPO DE ATIVIDADE FÍSICA Lenta / leve 26,9±7,2 0,39 31,0±5,8 0,33 28,0±9,2 0,12 9,6±3,3 0,25 11,3±4,6 0,02 22,8±9,8 0,24 Moderada 27,2±5,0 32,8±3,9 28,7±7,6 13,1±7,9 16,2±5,9 26,5±7,2 Rápida / vigorosa 31,4±6,8 34,8±4,3 36,6±3,5 13,6±4,0 19,4±6,3 29,8±3,1 QUANTIDADE DE DOENÇAS CRÔNICAS 37 0 26,8±7,0 0,14 31,2±6,8 0,73 30,0±11,4 0,96 14,2±6,6 0,18 17,8±8,3 0,19 24,3±8,1 0,50 1 25,3±6,2 33,1±4,0 29,1±8,7 9,2±3,1 12,7±4,3 23,7±9,4 2 ou mais 30,5±5,3 32,6±4,3 30,0±6,1 12,1±6,5 14,1±5,4 27,6±7,4 PERCEPÇÃO DA SAÚDE Excelente/ Muito Boa 28,2±7,8 0,25 35,0±4,2 0,07 33,2±6,4 0,53 11,5±4,2 0,85 17,7±6,4 0,18 27,8±7,8 0,19 Boa 24,6±7,5 28,1±6,5 26,8±7,6 11,5±8,1 10,6±4,1 20,1±7,5 Regular 27,6±4,6 32,7±3,8 28,9±10,1 11,3±5,9 14,2±5,7 25,0±8,8 Ruim 33,6±3,7 32,6±2,5 29,6±4,9 14,6±6,1 16,3±8,5 31,3±1,1 38 6 DISCUSSÃO Este estudo teve como objetivo investigar as razões motivacionais e os possíveis fatores relacionados à prática de atividade física em pessoas com 60 anos ou mais, atendidos pela atenção primária à saúde do município de Caicó, afim de esclarecer características de idosos quanto a comportamento e fatores que os motivam a praticarem atividade física. Sabe-se que muitos motivos podem influenciar a inatividade física, dentre eles o gênero, o nível socioeconômico, a escolaridade (KRUG, 2012), a autopercepção de saúde (SOUZA; VENDRÚSCULO, 2010), o estado civil, a obesidade, o tabagismo e o álcool (HIRVENSALO; LINTUNEN, 2011), as condições ambientais, de transporte e de segurança (CASSOU et al., 2011), além da imagem negativa do idoso perante a sociedade (MOSCHNY et al., 2011). No presente estudo, foi possível obter uma amostra de 30 indivíduos, com média de idade de 71,3 anos ± 6,3; sendo 86,7% do sexo feminino e 13,3% masculino. A maior participação de idosos do sexo feminino pode estar relacionada a feminização do envelhecimento e à maior capacidade de autocuidado por parte das mulheres. Corroboram com este resultado os estudos de Silva & Kraeski (2010), Eiras et al., (2010), Massetto (2011) e Schwingel (2011) que também apresentaram a predominância de mulheres envolvidas em programas de atividades físicas. Por outro lado, López-Benavente et al., (2018) em estudo realizado com idosas, afirmou que a as mulheres tendem a apresentar fatores de desmotivação para a prática de exercício, pois são sobrecarregadas com tarefas domésticas, influenciando uma precária percepção de saúde e pouco tempo livre. A maioria dos idosos do presente estudo relatou ter união estável, escolaridade inferior ao 1º grau completo, não exercer atualmente trabalhado remunerado, ser não tabagista e não etilista. Estudos envolvendo participantes de programas de atividade física oferecidas por Unidades Básicas de Saúde apresentou características sociodemográficas semelhantes (CARVALHO et al., 2016; LOVATO et al., 2015; SILVA et al., 2011). Além disso, o presente estudo evidenciou sobrepeso e/ou obesidade em 40% dos participantes, além de maior proporção de idosos com IRCQ classificado em com risco moderado ou elevado. Tais achados, reforçam as evidências do aumento da prevalência de sobrepeso no Brasil. Segundo Malta et al., (2014), a 39 prevalência do excesso de peso aumentou, em todo território nacional, significativamente, em ambos sexos, em todas as faixas etárias e em todos os níveis de escolaridade. O estudo de Silva et al., (2018), realizado com 35.214.802 idosos de 60 anos ou mais de idade, também evidenciaram a tendência ao aumento da prevalência de sobrepeso e de obesidade nas cinco regiões do país, reforçando a ocorrência da transição nutricional no Brasil. Apesar do processo de envelhecimento não estar, necessariamente, relacionado a enfermidades, as doenças crônico-degenerativas são frequentemente encontradas entre os idosos, podendo estar ligado aos hábitos da vida diária, alimentação e nível de atividade física. O presente estudo apresentou 40% dos participantes com 2 doenças crônicas ou mais, sendo a hipertensão arterial a mais relatada; e no tocante à autopercepção da saúde, a maioria considerou a própria saúde como regular ou ruim. Vários estudos nacionais e internacionais trazem achadossemelhantes quanto à alta prevalência de comorbidades em idosos e às principais doenças crônicas relatadas (MELO & LIMA, 2018; PEREIRA et al., 2020; CAVALCANTI et al., 2017; SILVA et al., 2017; IEPSEN & SILVA, 2015). A ocorrência de comorbidade vem sendo estudada no Brasil e é uma questão emergente para a saúde pública brasileira (MELO & LIMA, 2018), potencialmente relacionando-a com a autopercepção de saúde. A alta proporção de anos a serem vividos com comorbidade entre os idosos brasileiros sugere que o processo de envelhecimento não está sendo acompanhado de melhorias na saúde e na qualidade de vida (MARENGONI et al., 2011). Em relação à atividade física, a maioria dos participantes relatou praticar atividade física regularmente de forma leve a moderada. É importante destacar que a prática regular de atividade física auxilia no tratamento das doenças crônicas, reduz o risco de eventos adversos na velhice e de mortes prematuras (KNUTHET et al., 2009; MATSUDO, 2009; OMS, 2011). No tocante às razões motivacionais para a prática de atividade física, obteve- se, dentre os participantes desta, pesquisa que a saúde foi considerada a principal motivação, seguida por: sociabilidade, controle do estresse, lazer, estética e competitividade. Além disso, o escore para a prática de atividade física aumentou de acordo com a intensidade da atividade física. O estudo de Farias & Beck (2020), também desenvolvido com o público idoso e no cenário da atenção primária à saúde, observou uma sequência de motivação 40 similar para motivação à prática de atividade física sendo: saúde, prazer, sociabilidade, estética, controle de estresse e competitividade. Outros estudos nacionais e internacionais trazem achados semelhantes, apontando que idosos de ambos os sexos são predominantemente motivados a prática de atividade física, essencialmente, pelo aspecto saúde, sendo esta a principal referência para o planejamento de aula dos profissionais de educação física (MEURER, 2010; CAVALLI et al., 2014; SJÖRS et al., 2014; SILVA; CASTANHO; CHIMINAZZO; BARREIRA; FERNANDES, 2016). A dimensão motivacional da sociabilidade foi o segundo fator mais citado nesta pesquisa, mostrando-se mais relevante que o controle do estresse. Essa dimensão diz respeito à vontade do indivíduo de interagir com pares sociais, de conhecer pessoas, de fazer parte de um grupo que compartilhe as mesmas ideias e de se sentir aceito e querido. Atividades físicas possibilitam interação social (EIME et al., 2013). Por outro lado, Sjörs et al. (2014) observou que as razões sociais ficaram entre as menos citadas como fator motivacional para atividade física, contrapondo- se aos achados do presente estudo e de outros que relatam as razões sociais como o fator mais importante (HORNE; TIERNEY, 2012; SALEHI et al., 2010) ou o segundo mais importante (PÄIVI et al., 2010; COSTELLO et al., 2011). Deve-se considerar que os homens foram sub representados na maioria desses estudos, bem como na pesquisa em questão; além disso, fatores culturais devem ser fortemente considerados no âmbito da socialização. Oliveira et. al. (2019) relata que fatores como sexo, faixa etária e o nível de atividade física podem interferir na motivação para a prática de atividades física, além do que o avançar da idade parece interferir no nível de autoestima do idoso. Ressalta-se que a prevenção de doenças e o controle do estresse são fatores importantes para as mulheres ao praticar atividade física, enquanto a condição física é um fator de destaque para os idosos ativos fisicamente. Além disso, destaca-se que a estética e a condição física são fatores inversamente associados com a autoestima, enquanto que fatores como diversão/bem-estar e reconhecimento social parecem interferir negativamente na depressão dos idosos. A pesquisa de Silva (2018) que também utilizou do IMPRAF-54 para avaliar fatores que fazem com quem idosas fisicamente ativas com idade acima de 60 anos deem início e permaneçam na atividade física, identificou que a recomendação médica e o prazer pela atividade física foram uns dos fatores motivacionais para a 41 permanência das idosas nos grupos de ginástica. Os outros fatores motivacionais, como a estética e a competitividade tiveram média menor. Segundo Meurer (2012), a dimensão da estética é um fator de motivação cuja importância diminui com a idade, uma vez que a preocupação se centra em aspectos relacionados à sensação de bem estar e saúde, ao invés da aparência. A competitividade apareceu como o último fator apontado pelos idosos. Vários estudos também evidenciaram que a competitividade foi a dimensão que menos motivou os idosos à prática da atividade física (CAVALLI et al., 2019; DANTAS et al., 2015; BALBINOTTI; CAPOZZOLI, 2008; FERREIRA, 2012; BALBINOTTI et al., 2011). No quesito competitividade estão inseridos fatores como disputa, resultado, avaliação, seleção, ímpeto pela vitória, desprezo pela derrota, pressão, alegria e frustração (DE ROSE et al., 2001). Possivelmente estes não são anseios primordiais dos idosos, uma vez que boa parte destes possivelmente se encontram aposentados, e com objetivos de vida diferentes dos jovens onde a competitividade impera na vida tanto profissional quanto social. Em estudo realizado com adultos e idosos a respeito da motivação, notou-se que os adultos se mantêm motivados por aspectos multifatoriais, enquanto que os idosos são motivados especificamente pela necessidade de não se sentir só, ou seja, pela sociabilidade, também pela manutenção da saúde e por indicações médicas (BAVOSO; GALEOTE; MONTIEL, 2017). Assim, o incentivo a prática regular de atividade física no contexto das unidades básicas de saúde e espaços públicos podem contribuir para a adesão de estilo de vida fisicamente ativo, por grande parte da população idosa, uma vez que são espaços gratuitos e acessíveis. Os determinantes motivacionais para a prática da atividade física podem sofrer influências segundo os objetivos de cada indivíduo e o tipo de atividade física, mas, de forma geral, a saúde tem sido considerada como importante motivo para adesão e a socialização um grande influenciador na manutenção da atividade física. Cabe ressaltar que o presente estudo apresenta limitações. O tempo de coleta de dados e a quantidade de idosos pesquisados devido a eminência da pandemia do COVID-19 que culminou com a suspensão da coleta. O tamanho da amostra foi um fator limitante com importante influência no poder estatístico. A realização do estudo em uma região específica, com amostra por conveniência, inviabilizou que os resultados obtidos sejam extrapolados para outras populações. 42 Análises comparativas mais elaboradas entre os sexos não foram possíveis de serem realizadas devido ao tamanho amostral e a quantidade de participantes do sexo masculino, mas consiste em uma interessante estratégia de análise, considerando-se diferentes fatores motivacionais para homens e mulheres. Estudos futuros, com amostras maiores e delineamentos de pesquisa mais sofisticados, são fundamentais para a obtenção de resultados mais robustos, bem como uma avaliação em longo prazo desses fatores motivacionais. Sugere-se que, mais estudos com amostras ainda mais expressivas sejam realizados na intenção de compreender as razões motivacionais para prática de atividade física, em idosos atendidos pela atenção primária a saúde, pois entende-se a importância de programas e rotinas de atividades físicas como forma de favorecer um estilo de vida social, ativo e saudável, tendo em vista as projeções do envelhecimento populacional. 43 7 CONCLUSÃO A realização desta pesquisa possibilitou caracterizar o perfil sociodemográfico e de saúde de idosos atendidos pela atenção primária a saúde da zona leste
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