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SISTEMA DIGESTIVO ESTOMATITES - Processo inflamatório na cavidade oral; - Lábio = queilite; - Língua = glossite; - Gengiva = gengivite. CAUSAS PRIMÁRIAS: - Traumatismo; - Corpos estranhos; - Queimaduras; - Fraturas dentárias. INFECCIOSAS: - Cáries, tártaro; - Abscessos; - Processos sistêmicos (Cinomose, CRSF). TÓXICAS: - AAS; - AINEs > diclofenaco (gatos são extremamente sensíveis). METABÓLICAS: - Síndrome Urêmica; - Diabete mellitus > mais raro causar lesões na boca; - Hiperadrenocorticismo. OUTROS: - Granuloma eosinofílico felino, CGEF (Complexo Gengivite Estomatite Faringite). SINAIS CLÍNICOS - Febre > doença está causando a estomatite; - Anorexia > animal quer se alimentar, mas não consegue; - Halitose; - Salivação (saliva espessa /sialorreia) e perda de peso. DIAGNÓSTICO CLÍNICO: - Inspeção. DIFERENCIAL: - Fratura de mandíbula; - Neoplasias da cavidade oral; - Gengivite tartárica. TRATAMENTO GERAL: - Lavagem com antissépticos orais (Flogoral, Copacol, Periogard); - Dieta líquida/pastosa; - Antibióticos sistêmicos; - Sprays (HalitoDine, Periovet) > cuidado paliativo. ESPECÍFICO: - Retirada do dente. DENTES FÓRMULA DENTÁRIA DO CÃO ADULTO: - Incisivos: 6 superiores e 6 inferiores; - Caninos: 2 superiores e 2 inferiores; - Pré-molares: 4 superiores e 4 inferiores; - Molares: 2 superiores e 3 inferiores. FÓRMULA DENTÁRIA FELINO ADULTO: - Incisivos: 6 superiores e 6 inferiores; - Caninos: 2 superiores e 2 inferiores; - Pré-molares: 3 superiores e 2 inferiores; - Molares: 1 superior e 1 inferior. GENGIVITE - Processo inflamatório da região periodontal (linha da gengiva próxima ao dente). SINAIS CLÍNICOS: - Halitose; - Sangramento > por conta da inflamação; - Retração gengival > grave, gengiva vai sendo destruída e acumula tártaro > exposição maior do dente; - Disfagia > não come direito, dor ao se alimentar; - Perda de dentes. DIAGNÓSTICO: - Clínico > inspeção. TRATAMENTO: - Retirada de tártaro > limpeza dos dentes; - Antissépticos orais – Periovet, Acquadent, PlaqueOff; - Antibioticoterapia – Stomorgyl (espiramicina + metronidazol), Oranguard (clindamicina – pega bactérias anaeróbias). PROFILAXIA: - Escovação periódica; - Lavagem bucal com antissépticos; - Ossos palitos etc. COMPLEXO GENGIVITE ESTOMATITE FARINGITE FELINA – CGEF/FCGS - Gengivite linfoplasmática; - Maine Coon. ETIOLOGIA: - Indeterminada – multifatorial; - Vírus – CVF (Calicivirus), HF (Herpesvírus), VLFe (FeLV), VIF (FIV) > vírus que afetam o complexo respiratório; - Bactérias – Staphylococcus sp., Bartonella hanselae etc.; - Imunomediada; - LROF. SINAIS CLÍNICOS: - Halitose; - Sialorreia espessa, às vezes sanguinolenta; - Apetite seletivo ou perda de apetite; - Emagrecimento; - Lesões ulceradas/proliferativas nos arcos glossopalatinos. DIAGNÓSTICO: - Descartar infecções virais (VLFe, VIF, CVF), bacterianas; - Biopsia – plasmócitos (etiologia imunomediada); - RX – LROF (Lesão Reabsortiva). Diferencial: - Neoplasias; - Complexo granuloma eosinofílico. TRATAMENTO: - Visa apenas o controle > não resolve o problema; - Suporte: dieta pastosa, antissépticos bucais (Hexomedine spray) – cuidado! - Antibioticoterapia – clindamicina, AMC, metronidazol; - Extração dentária; - Interferon alfa-2 recombinante humano, Interferon recombinante felino, ciclosporina (para cães), lactoferrina; - Prednisolona oral ou de depósito – cuidado com Diabete Mellitus (corticoide); - Homeopatia, acupuntura, ozonioterapia; - Células tronco. LESÃO REABSORTIVA SINAIS: - Dor; - Halitose; - Apetite “caprichoso”. DIAGNÓSTICO: - Exame oral; - Raio X – 60% dos gatos têm > mais que 60% se tiver mais de 15 anos. ESÔFAGO - Cães: m. liso no início, terço superior por m. estriado, zona mediana por m. estriado e liso, terço inferior por m. liso; - Gatos: começa com m. estriado, terço médio mesclado liso e estriado, final m. liso. SINAIS DE PROBLEMAS ESOFÁGICOS - Principal sinal clínico: regurgitação! REGURGITAÇÃO VÔMITO Formato tubular Líquido Conteúdo parado no esôfago Conteúdo chegou no estômago Sem contração abdominal (evento passivo) Com contração abdominal (evento ativo) Acontece logo após a ingestão do alimento Demora para acontecer após a ingestão do alimento pH neutro pH ácido Alimento pouco processado Alimento digerido - Disfagia > dificuldade para comer/deglutir; - Sialorreia (salivação excessiva) e halitose; - Emagrecimento; - Engasgo/tosse > esôfago sai da orofaringe, dificuldade de conduzir o alimento para o esôfago causa a tosse; - Apatia/anorexia > dor para comer; - Febre > caso haja processo inflamatório intenso no esôfago. DOENÇAS DO ESÔFAGO ESOFAGITE: Causas: - Refluxo gastroesofágico (retorno de conteúdo gástrico para o esôfago) > conteúdo muito ácido, causa a inflamação; - Vômito persistente; - Ingestão de substâncias cáusticas; - Corpo estranho (ossos são muito comuns); - Parasitas (Spirocerca lupi); - Neoplasias > processo neoplásico inflama a mucosa. - Anestesia: cães geralmente apresentam refluxo durante a anestesia > relaxam o esfíncter gástrico; → Jejum previne, mas pode acontecer; → Importante saber se o animal passou por algum procedimento cirúrgico/anestésico anteriormente. Sintomas/sinais clínicos: - Regurgitação persistente; - Anorexia; - Sialorreia; - Hematemese > vômito com sangue. Diagnóstico: - RX simples/contrastado > exclusão de outras causas, mas não visualiza a inflamação em si; - Endoscopia e biopsia > diferencia se tem apenas células inflamatórias ou se há presença de células neoplásicas. Complicação: - Estenose > evolução para tecido de cicatrização e granulomas na região inflamada > proliferação celular > pode causar obstrução completa do esôfago; - Desnutrição > não consegue ingerir o alimento e consequentemente digerir/absorver os nutrientes. Tratamento: - Manejo alimentar > alimentos de rápida digestão > diminui chance de ter refluxo e piorar a esofagite > evita gordura, dieta mais rica em proteína (geralmente comida caseira); - Anti-ácidos > antagonistas H2 (Cimetidina), inibidores da bomba de prótons (omeprazol, pantoprazol); - Pró-cinético (a favor do trânsito gastrointestinal, acelera o peristaltismo): metoclopramida (Plasil); - Protetor de mucosa: Sucralfato > ação de contato, forma uma película de proteção no esôfago, estômago e intestino > protege a mucosa > utilizado quando há sinal de sangramento do trato gastrointestinal; - Remoção de agentes cáusticos > se for a causa da esofagite; - Remoção do corpo estranho (via cirúrgica ou via endoscopia) > se for a causa da esofagite; - Alimentação via tubo de gastrotomia > se o animal não melhora com outras opções > último caso. NEOPLASIAS ESOFÁGICAS: - Carcinoma; - Sarcoma causado por espirocercose; - Leimioma (tecido muscular) do esfíncter esofágico inferior; - Diagnóstico pelo histopatológico (diferenciação das células); - Tratamento depende do tipo. ESPIROCERCOSE: - Nematoide Spirocerca lupi; - Estágio larval: parede das artérias (aorta); - Forma adulta: parede do esôfago e estômago; - Esofagite granulomatosa > estimula células do esôfago; - Granuloma pode se diferenciar para fibrossarcoma (neoplasia secundária ao parasito no órgão) > câncer maligno > pode levar à metástase pulmonar. Transmissão horizontal: - Cão elimina os ovos pelas fezes no ambiente → besouro (hospedeiro intermediário) infectado passivamente → parasito se desenvolve até o estágio L3 dentro do besouro > ingestão do besouro por um hospedeiro paratêmico (aves, roedores, répteis) → ingestão do hospedeiro paratêmico (aves, roedores, répteis) ou hospedeiro intermediário (besouro) pelo hospedeiro definitivo (cães) → penetração da L3 no estômago → migração pelas artérias até o esôfago → evolução até a forma adulta → reprodução sexuada > PPP (Período Pré-Patente)de 5 a 6 meses → eliminação de ovos nas fezes. - PPP importante para saber se está ou não com a doença > ovos podem não aparecer nas fezes, mas mesmo assim o animal pode estar com a doença. Sinais clínicos: - Disfagia > dor para se alimentar; - Regurgitação persistente. Diagnóstico: - RX > exclusão de outras causas; - Endoscopia; - Coproparasitológico > mesmo se negativo em pouco tempo depois dos sinais clínicos, não exclui a doença. Tratamento: - Milbemicina oxima (1mg/kg em 3 doses nos dias 0, 7 e 28) > repete coproparasitológico > fica negativo 60 dias após início; - Febendazole (febantel); - Doramectina; - Praziquantel + febantel; - Praziquantel + febantel + ivermectina + pirantel; - Ressecção cirúrgica > parasito adulto fazendo um nódulo muito grande. Prevenção: - Não fornecer vísceras cruas de aves, répteis e roedores; - Evitar ingestão do HP e HI (besouro). MEGAESÔFAGO: - Dilatação total ou parcial do esôfago. Alterações na motilidade: - Para de contrair > levam ao megaesôfago total; - Neuropatias > falha na inervação; - Miopatias > doença primária de músculo; - Doenças da Junção NeuroMuscular (miastenia gravis) > atividade elétrica do nervo precisa passar para o músculo por meio de neurotransmissores; - Hipotireoidismo > não ativa o metabolismo das células > leva ao relaxamento muscular; - Intoxicação por metais pesados (principalmente chumbo). Doenças obstrutivas: - Dilatação secundária à obstrução > dilatação parcial; - CE (Corpo Estranho); - PAAD (Persistência do Arco Aórtico Direito) > má formação congênita > arco persiste mesmo pós vida uterina; - Spirocerca luppi > nódulos de Spirocerca pode obstruir e causar megaesôfago parcial; - Neoplasias; - Estenose cicatriciais > processo inflamatório que causa uma estenose esofágica, levando ao megaesôfago parcial. Idiopático: - Sempre vai ser total; - Forma mais comum de megaesôfago; - As vezes, acaba classificando como idiopática pois não consegue fazer o diagnóstico de neuro ou miopatias > eletroneuromiografia (exame incomum na veterinária). Sintomas: - Regurgitação; - Polifagia > animal come, mas regurgita o alimento logo em seguida > chega a comer até o próprio conteúdo que regurgitou pois sente fome; - Emagrecimento; - Pneumonia por aspiração: anorexia, tosse produtiva, secreção nasal e dispneia > demora para tratar pode levar à morte do animal. Diagnóstico: - Anamnese; - Exame físico; - RX simples/contrastado > pesquisar doença primária. Megaesôfago decorrente da PAAD: - Dilatação esofágica secundária à Persistência do Arco Aórtico Direito; - Conexão da artéria pulmonar com a aorta só existe na vida intrauterina > má formação congênita após o nascimento; - Acúmulo de comida > dilatação cranial ao arco aórtico; - Doença congênita > começa a regurgitar assim que mama; - Sintomas: → Regurgitação pós-desmame; → Caquexia; → Prejuízo do crescimento; → Tosse produtiva: em caso de pneumonia aspirativa; → Secreção nasal > em caso de pneumonia aspirativa. - Diagnóstico: RX simples e contrastado. - Tratamento: correção cirúrgica (considerar estado geral). - Prognóstico: bom após a cirurgia. Megaesôfago secundário à miastenia gravis: - Dilatação esofágica devido a produção de anticorpos contra os receptores de acetilcolina, ocasionando uma diminuição da motilidade e do tônus da musculatura esofágica; - Paciente tem fraqueza, cansaço (que melhora com o repouso e piora com o exercício); - Forma focal, forma generalizada e forma fulminante (de uma hora para outra, vem a óbito muito rápido); - Sintomas: → Regurgitação; → Fraqueza muscular que piora com o exercício. - Diagnóstico: → Dosagem sérica de anticorpos contra receptores de acetilcolina > exame caro e não tem no Brasil, além de poder dar falso negativo e demorar; → Produção dos anticorpos pode ser intermitente (não tem anticorpo, mas tem a doença) = falso negativo; → EMG (Eletromiografia ou Eletroneuromiografia) > faz apenas se tiver a fraqueza dos membros. - Tratamento: manejo e acetilcolinesterásicos (neostigminas) > inibem a acetilcolinesterase (enzima que destrói a acetilcolina). Megaesôfago idiopático: - Schnauzer mini, Fox Terrier, PA, Dogue Alemão, Setter e Shar Pei; - Diagnóstico: exclusão de outras causas; - Tratamento: dieta pastosa e em posição bipedal não adianta com o uso de pró-cinéticos (sem ação sobre esôfago); - Cuidado com a pneumonia por aspiração! Complicações - independente da causa: - Pneumonia por aspiração; - Desnutrição. Prognóstico: - Dependo da causa e do estado do paciente; - Doença primária; - Participação do proprietário. DOENÇAS DO ESTÔMAGO - Nem todo animal que vomita tem uma doença gástrica, mas todo animal que tem doença gástrica vomita > outras doenças liberam toxinas que estimulam o centro do vômito. CAUSAS DE VÔMITO: - Sobrecarga alimentar > principalmente em filhotes (competição entre os outros); - Intolerância alimentar; - Toxinas/corpo estranho; - Síndromes vestibulares; - Fármacos: principalmente anti-inflamatórios e antibióticos > doxiciclina, morfina... - Alterações metabólicas; - Infecções; - Dor. GASTRITE - Inflamação da mucosa gástrica decorrente da queda de sua barreira protetora ou no momento da produção de ácido clorídrico; - Posição de “prece” ou posição anti-álgica (casos de gastrite, cólica renal e pancreatite); - Aguda ou crônica. SINAIS CLÍNICOS: - Vômitos espumosos, com ou sem alimento; - Anorexia > dor ao comer; - Dor abdominal. ETIOLOGIAS PRIMÁRIAS: - Infecciosa: → Bacteriana: Helicobacter sp.; → Viral: Cinomose, parvovirose... - Mecânica: corpos estranhos. - Medicamentosa: AINEs e corticoides > evita usar anti- inflamatórios em pacientes que já estejam com vômitos; - Neoplásicas (neoplasias no estômago) ETIOLOGIAS SECUNDÁRIAS: - Inflamatórias: pancreatite, piometra, peritonite; - Tóxica: digitálicos (medicamento antiarrítmico), tetraciclina, cloranfenicol, mebendazol; - Metabólicas: IR, IH, hipoadrenocorticismo, cetoacidose diabética. HELICOBACTER: - H. pylori, H. felis; - Patógeno ou comensal? → 61% a 82% de cães com vômitos; → 67% a 86% de cães saudáveis; → 100% em animais de canil. - Nem sempre é a causa do problema > mas se detecta e tem vômito, trata para ver se o vômito melhora. - Diagnóstico: → Endoscopia > mucosa hiperêmica; → Citologia/histopatologia; → Prova da urease (meio rico em ureia) > transforma ureia em amônia > meio muda de cor; → Isolamento da bactéria. - Tratamento: → Claritromicina + amoxicilina + metronidazol > só um antibiótico = chance de recidiva é muito grande; → Anti-eméticos e anti-ácidos. Não usar pró-cinéticos em casos de corpo estranho ou qualquer coisa que obstrua: aumenta a contração, faz a ruptura gástrica e/ou intestinal e pode levar à peritonite. ÚLCERA GÁSTRICA - Lesão na mucosa gástrica que alcança a camada muscular; - Geralmente é uma evolução da gastrite. CAUSAS: - AINEs, CE, IR, IH, infecções sistêmicas. SINTOMAS: - Anorexia vômito, hematêmese, melena, dor abdominal, postura anti-álgica; - Perfuração > peritonite. DIAGNÓSTICO: - Endoscopia; - US; - Pesquisar a causa de base > úlceras tendem a ser consequência de alguma doença que causou a gastrite. NEOPLASIAS ADENOCARCINOMA: - Neoplasia gástrica mais comum em cães; - Machos são os mais acometidos; - 7 a 10 anos. LINFOMA: - Linfoma infiltrativo gástrico. ÊMESE - Vísceras liberam mediadores que estimulam o centro do vômito (localizado no tronco encefálico); - Região do SNC recebem estímulos de vísceras, do sangue periférico (toxinas, fármacos, alterações hidroeletrolíticas); - Alterações no sistema vestibular podem estimular o centro do vômito; - Estímulo direto do córtex cerebral > interpretação visual e manda estímulo para o reflexo de vomitar; - Zona de Gatilho Quimiorreceptora recebe os estímulos; - Nem todo pacienteque vomita tem alteração gástrica > pode ter alteração intestinal, sistêmica, no córtex. REFLEXO NEURONAL DA ÊMESE: - Reflexo aferente do vômito > interpretação > movimento peristáltico reverso; - Reflexo eferente do vômito > parte motora > contração de musculatura abdominal e de diafragma > expulsa o conteúdo. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA: - Anamnese e exame físico; - Laparotomia > última alternativa. Exames laboratoriais: - Hemograma; - Urinálise; - Bioquímica sérica; - Coproparasitológico; - Dosagens hormonais > em segundo momento > maioria dos pacientes que vomitam geralmente são de causas infecciosas. Exames de imagem: - RX simples e contrastado; - US; - Endoscopia > coleta de material de mucosa ABORDAGEM TERAPÊUTICA DA ÊMESE: - Controle do vômito enquanto busca a causa; - Controle do vômito em si; - Remoção da causa primária; - Corrigir alterações hidro-eletrolíticas > perda de íons de potássio/hipocalemia > fraqueza generalizada: ventroflexão do pescoço (cabeça baixa); - Manejo dietético > evitar dietas gordurosas, recomenda-se comida caseira > comida quente estimula o centro do vômito (dar comida ambiente ou fria); - Prevenir complicações > esofagite (principal complicação), estenose (granuloma), úlcera gástrica, peritonite química. Anti-ácidos: - Inibidores H2: ranitidina, famotidina, cimetidina; - Inibidores da bomba de prótons: omeprazol. Inibidores no SNC: - Antieméticos > Cerenia (citrato de maropitant) > bloqueia o centro do vômito por 24h; - Ondansetrona (Vonal)> bloqueia outros receptores do centro do vômito; - Um é potencializador do outro > sem problemas em associar os dois; - Sem problemas em associar um inibidor do SNC com anti- ácidos. Procinéticos: - Metoclopramida (Plasil), Cisaprida e bromoprida > aumenta o peristaltismo > aceleram o tempo de esvaziamento gástrico > evita o vômito; - Contraindicação: suspeita de CE ou obstrução em trato gastrointestinal; - Medicações injetáveis. Protetores de mucosa: - Indicação: presença de sangue > hematêmese ou melena; - Sucralfato, carvão ativado, hidróxido de alumínio; - Ação de proteção “tópica” > não é absorvido, vai agindo conforme a passagem, formando uma película de proteção; - Atrapalham a absorção de outras medicações feitas via oral > intervalo de 20 minutos; - Medicamento caro > utilizado em último caso; - Pode induzir à constipação. Fluidoterapia: - Repor perdas contínuas; - Suprir metabolismo basal; - Suplementação iônica (potássio) > cuidado com hipercalemia (eutanásia feita com cloreto de potássio > contração muscular exacerbada > coração para de bater); - Monitorar glicemia. Manejo dietético: - Jejum prolongado pode levar à translocação bacteriana; - Composição e preparo > comida de fácil digestão; - Forma de fornecimento > várias vezes em pequenas quantidades; - Adequada à doença primária. SÍNDROME DILATAÇÃO-TORÇÃO GÁSTRICA - Principal sinal clínico: ânsia sem vômito ou vômito improdutivo; - Abordagem 100% cirúrgica; - Ocorre em cães grandes que comem muito e se movimentam demais > dilatação rápida > estômago torce; - Baço torce junto com o estômago; - Uma vez que torce > não consegue eliminar os gases de dentro do estômago; - Torção de vasos sanguíneos calibrosos > para o fluxo sanguíneo = hipovolemia grave > óbito em algumas horas; - Tentativa de sondagem improdutiva fecha o diagnóstico; - Emergência cirúrgica > distorção do estômago e fixação na parede abdominal; - Se sobrevive > lesões de reperfusão > célula que morreu na hipovolemia irá liberar toxinas no sangue que levam à insuficiência renal aguda. DOENÇAS INTESTINAIS E DIARREIA INTRODUÇÃO FUNÇÕES DO INTESTINO: Digestão: - Bile que emulsifica as gorduras; - Sulco pancreático. Absorção: - Sulco entérico > absorção dos nutrientes. Secreção de hormônios - Células neuroendócrinas: - CCK (Cole Cisto Quinina) > hormônio que movimenta a vesícula biliar; - Secretina > estimula o pâncreas a secretar o sulco pancreático. - GLP-1 (Glucagon Peptídeo Like) > inibe o catabolismo pois é fora do anabolismo; - Peptídeo YY > duodeno secreta para inibir o apetite. Barreira de proteção: - 70-80% do sistema imune. - Nutrientes, água e microrganismos no lúmen intestinal > intestino precisa colocar nutrientes e água para dentro das células ao mesmo tempo que bloqueia os microrganismos; - Ulceração > microrganismos são absorvidos = translocação bacteriana intestinal > sepse > morte; - Importante que o intestino seja um órgão bem protegido. Dieta x Microbiota x Sistema Nervoso Entérico: - Fora do sistema nervoso central, intestino é o local que mais tem neurônio > peristaltismo, secreção de hormônios, enzimas e produção de neurotransmissores (ex.: serotonina); - Produção de neurotransmissores advém da microbiota e da dieta; - Equilíbrio entre epitélio x sistema imune x microbiota. IMPORTÂNCIA - Alterações e sinais clínicos associados ao sistema digestórios são mais comuns; - Diarreia é muito comum; - Diagnóstico diferencial é muito extenso > doenças do sistema digestório E fora do sistema digestório. SINAIS ASSOCIADOS: - Inapetência/hiporexia/anorexia; - Êmese; - Diarreia; - Flatulência; - Desidratação; - Desnutrição; - Esteatorreia; - Sangramento nas fezes; - Mucoquezia; - Tenesmo, disquezia; - Constipação/obstipação; - Dor abdominal; - Distensão abdominal; - Febre. CONSEQUÊNCIAS DA DIARREIA: - Desidratação, choque, distúrbios eletrolíticos (hiponatremia, hipocloremia e hipocalmemia) e acidose metabólica; - Óbito. DIARREIA AGUDA - Líquida, volumosa; - Cursa por no máximo 2 semanas; - Na maioria das vezes, dura menos que uma; - Aumento do volume de água e da defecação. FISIOPATOGENIA: - Desequilíbrio entre secreção/absorção > criptas e enterócitos; - Permeabilidade e motilidade; - 4 principais mecanismos de diarreia aguda em cães e gatos: alterações dietéticas, infecto-parasitárias (comum em animais em aglomeração, como em canil) obstrutivas e toxinas. DISTÚRBIOS DIETÉTICOS: - Intolerância/alergia; - Alimento de baixa qualidade; - Mudança rápida na dieta > pâncreas acostumado a produzir enzimas para um tipo de dieta específica > demora alguns dias para que adapte o sulco pancreático à nova composição da dieta; - Intoxicação bacteriana > Salmonelose, clostridiose...; - Indiscrição dietética > ingestão de lixo etc. PARASITAS: - Helmintos e protozoários (Toxocaríase, Ancilostomíase, Dipilidium... ??) - Giardia; - Tritrichomonas (felino); - Coccidia. CAUSAS INFECCIOSAS: - Causas virais: → Parvovírus; → Coronavírus; → Vírus da leucemia felina; → Vírus da imunudeficiência felina; → Cinomose. - Causas bacterianas: → Salmonella spp.; → Clostridium perfringens; → Campylobacter jejuni (incomum); → Yersinia enterocolitica (questionável). OUTRAS CAUSAS: - Gastroenterite hemorrágica; → Intussuscepção; → “Síndrome do intestino irritável”; → Ingestão de “toxinas”. - Intoxicação da “lata de lixo” > alimentos estragados; - Químicos; → Metais pesados; → Vários fármacos. - Pancreatite aguda; - Hipoadrenocorticismo. AGENTES ETIOLÓGICOS: - Maioria dos casos são brandos e saram sozinhos > autolimitante; - Melhora: tratamento x tempo. ABORDAGEM DIAGNÓSTICO AMBULATORIAL: - Investigar o paciente e descobrir pistas dos motivos da diarreia. Etiologias prováveis: - Dietéticas; - Tóxicas; - Infecto-parasitárias; - Obstrutivas. Diferenciar a diarreia: - Osmótica, secretória e exsudativa; - Intestino delgado e intestino grosso. DIARREIA OSMÓTICA: - Fezes pastosas; - Alimentos não digeridos; - Geralmente não desidratam; - BEG; - Cessa com privação alimentar. - Digestão não feita direito > nutrientes não são absorvidos direito > excesso de nutrientes no lúmen; - Nutrientes possuem força osmótica > moléculas de água presas ao redor deles; - Nutrientes e água eliminados nas fezes > diarreia pastosa> particulados mal digeridos > fácil identificação dos ingredientes da dieta; - Associada à flatulência; - Cheiro azedo; - Causa: nutrientes > jejum para a diarreia. Etiologias mais comuns: DIETAS Intolerância alimentar, hipersensibilidade alimentar Alimentos de baixa digestibilidade Mudança abrupta na dieta Indiscrição alimentar Sobrecarga alimentar PARASITOS (PODEM EVOLUIR PARA DIARREIA CRÔNICA) Nematódeos Protozoários DIARREIA SECRETÓRIA: - Fezes líquidas; - Desidratação; - Risco de acidose metabólica; - Sem lesão de mucosa; - Não cessa com privação/jejum > problema é a toxina. - Causada por toxinas que hiperestimulam as criptas; - Excesso de produção de líquido > diarreia em sopa; - Medicações que aumentam o sistema parassimpático > aumenta a peristalse > diarreia por aumento de motilidade. Etiologias mais comuns: INTOXICAÇÃO/AUMENTO PARASSIMPÁTICO Bactérias: Salmonelose, Vibrio cholerae, Clostriudium sp., Staphylococcus sp. Cinomose, FIV Ingestão de toxinas de diversas procedências (alimentos, venenos) Medicamentos: aumento do parassimpático > distúrbios de motilidade DIARREIA EXSUDATIVA: - Fezes líquidas; - Desidratação; - Risco de acidose metabólica; - Lesão de mucosa > sangue, proteínas, muco > diarreia hemorrágica > hipoalbuminemia e edema (por diminuição da pressão oncótica. - Não cessa com privação alimentar/jejum > problema é a lesão de mucosa; - Parecida com a diarreia secretória + ulceração de mucosa com sangramento. Etiologias mais comuns: INFLAMAÇÃO/MECÂNICAS/METABÓLICAS/CÂNCER Infecto-parasitárias: Ancylostoma, Giardíase, Entamoeba, Tritricomonas, Parvovirose, Salmonelose Intoxicação por antiinflamatórios/químicos (ácidos/base) Metabólicas: doença renal, hepatite, pancreatite Inflamatória: doença intestinal inflamatória (crônica) Corpo estranho, intussuscepção Neoplasias: linfoma (crônica) Síndrome da diarreia hemorrágica aguda SÍNDROME DA DIARREIA HEMORRÁGICA AGUDA: - Semelhante à parvovirose: → Anorexia, Êmese, diarreia com hematoquezia, choque. - Cães adultos (raças de pequeno porte); - Desidratação: → HT > 55%, azotemia pré-renal, proteínas e leucócitos NDN. - Causa desconhecida > indícios de que talvez seja a toxina da Clostridiose. Tratamento: - Fluidoterapia; - Hidratação > se o animal perde muito volume de água, pode chocar e morrer. Etiologias mais comuns: - Doenças inflamatórias, infecciosas, dores (crônicas), hipertireoidismo, procinéticos > distúrbios de motilidade; - Se não tratar a diarreia aguda > pode virar diarreia crônica. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA AMBULATORIAL: - Resenha: espécie e idade; - Anamnese: → Dieta, vacina, vermífugo, toxinas, CE → Classificação da diarreia. - Exame físico; - Diagnóstico diferencial > classificação da diarreia. Exames complementares: - Coproparasitológico e exame direto das fezes > todos os tipos de diarreia; - Hemograma; - Bioquímica sérica; - Eletrólitos, pH; - Snap Test/PCR; - Imagem. ABORDAGEM TERAPÊUTICA: Tratamento: - Se o paciente está em bom estado geral: → Dieta branda, vermifugação, sintomático > 3-5 dias. - Eliminar causa de base: → Diarreia aguda: tratamento de suporte mais importante que o diagnóstico. - Fluidoterapia > repor eletrólitos; - Dieta caseira altamente digestiva: → Proteína + carboidrato + restrição (gordura, fibras, lactose e glúten). - Vermífugo/antiprotozoários: → Febantel > fembendazole; → Pamoato de pirantel; → Praziquantel. - Protetores de mucosa (em caso de sangue nas fezes): → Sucralfato; → Outras medicações. - Antibióticos: → Cefalexina; → Metronidazol. - Probióticos? > uso controverso, alguns trabalhos falam sobre benefícios, outros falam que não tem comprovação científica. DIARREIA CRÔNICA - Dura mais que 3 semanas; - Não sara sozinha. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: CAUSAS PRIMÁRIAS (intestinais) CAUSAS SECUNDÁRIAS (extra-intestinais) INFECCIOSA-PARASITÁRIA Endoparasitose, protozooses, disbiose, FIV, FELV, infecções fúngicas DOENÇA RENAL CRÔNICA INFLAMATÓRIAS Doença intestinal inflamatória, hipersensibilidade alimentar HEPATOBILIARES NEOPLÁSICAS Linfoma, carcinoma PANCREÁTICAS Insuficiência pancreática exócrina, pancreatite crônica MECÂNICAS/ANATÔMICA Corpo estranho, intussuscepção, síndrome do intestino curto HORMONAIS Hipoadrenocorticismo, hipertireoidismo, hipotireoidismo TÓXICAS Aflatoxinas, plantas, metais pesados... DOENÇA DO SISTEMA NERVOSO FUNCIONAL Síndrome do intestino irritável, intolerância alimentar CARDIOPATIA - Se não encontra a causa da diarreia, animal não se recupera; - Anamnese e exame físico precisam ser muito bons; - Diagnóstico mais importante do que tratamento de suporte (ao contrário da diarreia aguda). ABORDAGEM DIAGNÓSTICA AMBULATORIAL: Classificação: DIARREIA DE ID DIARREIA DE IG Frequência moderadamente ↑ Frequência muito ↑ Volume fecal ↑ Volume fecal normal ou diminuído Consistência pastosa/líquida Consistência variável +/- flatulência Disquezia/tenesmo +/- melena Urgência +/- esteatorreia +/- hematoquezia Desnutrição Mucoquezia Desidratação - IG: armazenamento de fezes e proporcional a evacuação; - Hematoquesia (sangue vivo nas fezes) > característica de diarreia de IG. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA GERAL: Resenha: - Jovem > infecções, verminose e protozoose; - Adulto > inflamatórias, imunomediadas, metabólicas; - Idoso > neoplasias, metabólicas, endócrinas; - Raça > colite ulcerativa (IG, boxer), insuficiência pancreático exócrina (ID, pastor alemão). Anamnese: - Geral: → Dieta, evolução, tratamentos, ambiente; → Vermifugação, contactantes. - Gravidade x tempo: → Diarreias constantes; → Diarreias com piora e melhora > metabólicas e infecto-parasitárias. → Diarreias progressivas > neoplásicas, inflamatórias. - Saber diferenciar doença primária (ID, IG) x secundária; - Exame físico > Escore e condição corporal. DIARREIA CRÔNICA DE ID: CÃES GATOS Parasitismo (má digestão) Parasitismo (má digestão) Intolerância alimentar (má digestão) Intolerância alimentar (má digestão) Doença intestinal inflamatória (má absorção) Doença intestinal inflamatória (má absorção) Insuficiência pancreática exócrina (má digestão) Neoplasias (má absorção) Disbiose (má digestão) Disbiose (má digestão) DIARREIA CRÔNICA DE IG: CÃES GATOS Parasitismo Parasitismo Doença intestinal inflamatória Intolerância alimentar Neoplasias Doença intestinal inflamatória Disbiose Neoplasias Disbiose Retroviroses PARASITISMO: TOXOCARA ANCYLOSTOMA TRICHURIS +/- 10 cm 1-1,5 cm 2,5-5 cm Larva migrans visceral Larva migrans cutânea Hematófago > anemia severa > transfusão sanguínea Distensão abdominal Hematófago > anemia severa > transfusão sanguínea Hematoquezia > enterite perdedora de proteínas ID Hematoquezia > enterite perdedora de proteínas IG ID - Diagnóstico feito com exame direto/coproparasitológico; - Tratamento com fármacos: FÁRMACO DOSE OBJETIVO Febendazole 50 mg/kg, cd 24h, VO, 5 dias Nematódeos e giárdia Pirantel Praziquantel Febantel 5 mg/kg (C), 11,3 mg/kg (G), 3d 5 mg/kg (C), 11,3 mg/kg (G), 3d 25 mg/kg (C), 56,5 mg/kg (G), 3d Nematódeos, giárdia e cestódeos Albendazole 25 mg/kg, VO, cães 3 dias, gatos 5 dias Nematódeos, giárdia e cestódeos Protozoários: - Cistoisóspora > coccidiose; - Giárdia: → Assintomático; → Diarreia contínua/intermitente; → Cólica; → Raro sangramento. - Tritrichomona; - Entamoeba histolytica: → 90% oligossintomático; → 10% sintomático. Giárdia Cistoisóspora Tritrichomona Entamoeba Diarreia contínua ou intermitente Diarreia +/- sangue Diarreia Diarreia Cólica ID Gatos 10% sintomáticos +/- sangue +/- sangue ID IG - Diagnóstico feito com exame direto/coproparasitológico, ELISA ou PCR (Giárdia,Tritricomonas); - Tratamento com fármacos: FÁRMACO DOSE OBJETIVO Fembendazole 50 mg/kg, cd 24h, VO, 5 dias Nematódeos e giárdia Metronidazol 25 mg/kg cd 12h, VO/IV, 7 dias Giárdia, tritricomona, entamoeba Furazolidona Gatos: 4 mg/kg, 5- 10 dias Giárdia Nitazoxanide Gatos e Cães: 25 mg/kg, VO, cd 12h, 3-4 d Giárdia, tritricomona Sulfametoxazol + trimetropina 30 mg/kg cd 12h, VO, 5-10 dias Cistoisóspora - Nematódeos, protozoários e cistoisóspora > zoonoses. ENTEROPATIA RESPONSIVA A ANTIBIÓTICOS/DISBIOSE: - Alteração qualitativa/quantitativa da microbiota. Etiologia: - Pastor Alemão; - Inflamação, imunodepressão, má digestão/absorção. Mecanismo: - Consumo de nutrientes (B); - Ácidos graxos > álcool, ácidos; - Desconjugação de ácidos biliares; - Toxinas. Microrganismos: Clostridiose Clostridium difficile IG > colite secretora Salmonelose Salmonella ID > enterite +/- exsudativa Campilobacteriose Campilobacter ID > enterite Diagnóstico: - Diagnóstico terapêutico com antibióticos; - Exame direto, cultura fecal, ELISA e PCR. Tratamento: ANTIBIÓTICOS DOSE VIAS FREQUÊNCIA Metronidazol 20-25 mg/kg VO 12/12h Amoxacilina 20 mg/kg VO 8/8, 12/12h Tilosina 20 mg/kg VO 8/8, 12/12h Sulfametoxazol + trimetoprim 15 mg/kg VO 12/12h Enrofloxacina 5-10 mg/kg (cães), 2,5 mg/kg (gatos) VO 12/12h (cães), 24/24h (gatos) Eritromicina 10 mg/kg VO 12/12h Oxitetraciclina 10-20 mg/kg VO 8/8h Tetraciclina 20 mg/kg VO 12/12h Doxiciclina 5 mg/kg VO 12/12h DOENÇA INTESTINAL INFLAMATÓRIA - ID: - Inflamação idiopática do intestino. Patogenia: - Infiltração de leucócitos na mucosa; - Alta permeabilidade intestinal; - Disbiose. Epidemiologia: - Adultos de raça pura: Shar-pei, basenji e gatos > enterite linfocítica plasmocitária; Pastor alemão > enterite eosinofílica. - Colite linfocítica plasmocitária. Sinais clínicos: - Felinos > êmese; - Cães > diarreia > enterite perdedora de proteínas. Diagnóstico: - RX contrastado, US, TC; - Colonoscopia; - Histopatológico. Tratamento: - Dietoterapia; - Proteína hidrolisada de soja; - Hidrolisado de fígado; - Frango desidratado; - Farinha de carne de ovino; - Fármacos imunossupressores. FÁRMACO PROTOCOLO Prednisolona Cães: 1-2 mg/kg, VO, cd 24h, 15-30 dias Gatos: 4 mg/kg, VO, cd 24h, 15-30 dias (↓ 0,5 mg a cada 21 dias) Cliclosporina 5 a 10 mg/kg VO, a cada 24 h Ciclofosfamida 3-5 mg/kg, VO, cd 24h, 1-2 meses Após, reduzir Azatioprina 2-5 mg/kg, VO, cd 24h, 30 dias, após –reduzir para 1 mg/kg cd 24h, depois para dias alternados Clorambucil (gatos) 2 a 6 mg/m² VO cd 24h, reduzir dose gradativamente DOENÇA INTESTINAL INFLAMATÓRIA – IG: - Matéria fibrosa: 16,9%; - Matéria fibrosa: 12,6%. Tratamento: - Antibióticos, anti-inflamatórios; - Imunossupressores em casos refratários. FÁRMACO PROTOCOLO Tilosina 20 mg/kg, VO, BID ou TID, 7 a 14 dias Mesalamina 12 mg/kg, VO, TID ou QID Sulfassalazina Cão – 25 a 50 mg/kg (máx 3g/d), VO, TID, 21-28 dias Gato– 20 mg/kg ou 250 mg/gato, VO, SID, 14-21 dias Metronidazol 20-25 mg/kg, VO, BID, 7-14 dias NEOPLASIAS INTESTINAIS: Principais: - Cães: adenocarcinoma e linfoma; - Gatos: linfoma, carcinoma, mastocitoma. - Linfoma alimentar: → Gatos FELV; → Focal ou difuso (intramural). - Adenocarcinoma: → Pedunculado ou intramural; → Ulcerados. - Enterite perdedora de proteínas. Diagnóstico: - Radiografia contrastada; - Ultrassonografia; - Tomografia; - Colonoscopia; - Histopatológico. Tratamento: - Exérese cirúrgica; - Quimioterapia adjuvante. OBSTRUÇÕES MECÂNICAS: Diferencial: - Intramural: neoplasia, intussuscepção, corpo estranho, estenose, bolo verminótico; - Extraluminal: linfonodomegalia, prostatomegalia, hérnia. Diagnóstico: - Radiografia contrastada; - Ultrassonografia; - Tomografia; - Colonoscopia; - Citológico/histopatológico > neoplasia, linfonodomegalia, prostatomegalia. Tratamento: - Direcionado a doença de base; - Cirurgia. DOENÇAS ADANAIS INTRODUÇÃO GLÂNDULAS PERINEAIS: - Glândulas hepatoides/circum-anais; → Glândulas sebáceas modificadas ao redor do ânus. - Glândulas sudoríparas apócrinas. GLÂNDULAS DOS SACOS ANAIS: - Seios perineais/perianais; - Glândulas sudoríparas apócrinas. FUNÇÕES: - Lubrificação; - Identidade. SACULITE ADANAL DEFINIÇÃO: - Abscesso/celulite. EPIDEMIOLOGIA: - Cães > gatos. SINAIS CLÍNICOS: - Prurido anal; - Disquezia/constipação; - Febre; - Região perianal: eritema, edema, secreção purulenta/sangue. DIAGNÓSTICO: Exame físico: - Saco adanal inchado/dor; - Conteúdo purulento/sanguinolento; - Fístula/abscesso. TRATAMENTO: Casos leves: - Espremer; - Terapia tópica: → Lavagem: Irgasan 1%, Clorexidine 2%; → Pomada: betametasona; → Antibiótico: neomicina/gentamicina. Casos graves: - Idem casos leves + antibióticos sistêmicos: → Cefalexina; → Amoxacilina + clavulanato de potássio; → Enrofloxacino + metronidazol. - Abscesso > lancetar. Casos refratários ou recidivantes: - Cirurgia. FÍSTULA PERINEAL - Sinônimos: furunculose anal/abscesso anorretal; - Etiologia: desconhecida/imunomediada – genética. - Epidemiologia: meia idade a idosos, machos. SINAIS CLÍNICOS: - Áreas dolorosas perineais; - Úlceras e fístulas (perianal, ânus, reto); - Drenagem mucopurulenta retal; - Odor fétido; - Dor; - Prurido; - Disquezia, tenesmo e constipação; - Hematoquezia; - Hipo/anorexia, desnutrição. DIAGNÓSTICO: - Exame físico: sedar, analgesia > toque retal. - Histopatológico: descartar neoplasias. TRATAMENTO: - Tópico: → Irgasan a 1% ou Clorexidina a 2%; → Pomada Mupirocina; → Spray de Rifampicina; → Pomada Tacrolimo 0,1% BID > SID. - Oral: Lactulose – 1mL/4,5, BID – TID. Imunodepressores: - Prednisona/Prednisolona > 1-2 mg/kg SID, 30 dias. - Ciclosporina > 3 a 7 mg/kg BID, 2-3 meses; → Cetoconazol 5 mg/kg BID. - Azatioprina: 3 a 8 semanas, 50 mg/m2 VO a cada 48h, 2 mg/kg SID. Antibacterianos: METRONIDAZOL 15-25 mg/kg BID ERITROMICINA 10-20mg/kg BID-TID CEFALEXINA 10-30 mg/kg BID-TID AMOXACILINA + CLAVULANATO DE POTÁSSIO 15-20 mg/kg BID-TID ENROFLOXACINA + METRONIDAZOL 5 mg/kg BID (Enro) Dietas hipoalergênicas: - Aumenta opções comerciais e caseiras; - Hipersensibilidade alimentar associada. Cirúrgico: - Desvantagens: incontinência e recidivas. FÍGADO FUNÇÕES - Atua no sistema enzimático; - Síntese de proteínas, lipídeos, colesterol, glicogênio; - Destruição e excreção de medicamentos, hormônios; - Desintoxicação; - Secreção de pigmentos e sais biliares (emulsificação/liquefazer gorduras); - Armazenamento de vitamina D, B12 e ferro > importante em casos de anemia: → Se não for uma anemia por falta de ferro, aumenta a reserva > pode causar uma hepatopatia. OBS: caso a lesão tenha afetado até 75% do tecido hepático, a regeneração poderá ocorrer em cerca de 8 semanas (2 meses) > se leva mais do que isso, não tem mais jeito. - Exemplos de intoxicantes: medicamentos, substâncias desenvolvidas na ração por ficar um período parada, produtos de limpeza, plantas tóxicas; - Fezes e urinas sem cor podem ser por falha hepática, muito rara em pequenos animais, sendo mais comum o contrário – icterícia; - A maioria dos medicamentos para a anemia possui ferro e a maioria das anemias dos animais não é do tipo ferropriva, o excesso de ferro pode lesar as células hepáticas; - Complexo B é eliminado na urina quando em excesso, mas vitamina D, por exemplo, não é excretada. ICTERÍCIA - Aumento dos níveis de bilirrubina no sangue e tecidos > não são circulantes, mas se tornaram. Hemácias > sistema retículo endotelial > hemoglobina > bilirrubina > indireta e direta > intestino delgado > estercobilinogênio/urobilinogênio. BILIRRUBINA INDIRETA: - Não conjugada à albumina (importante proteína transportadorado sangue) > “liga e desliga” da albumina, até chegar nos hepatócitos > ao chegar nos hepatócitos, se transforma em bilirrubina conjugada/direta; - Aumento de bilirrubina não conjugada se dá por conta da hemólise intravascular; - Bilirrubina em excesso > começa a extravasar e fica impregnada nos tecidos. Causas de hemólise no cão: - Erliquiose (parasita de monócitos e linfócitos – mononucleares, causa pouca hemólise por conta da produção de anticorpos) - Babesiose (parasita e destrói hemácias, causando a hemólise); - Leptospirose. Causas de hemólise no gato: - Mycoplasma; - FELV. CLASSIFICAÇÃO: Pré-hepática: - Aumento da bilirrubina indireta (hemólise); - Hemoparasitos; - FeLV; - Anemia hemolítica imunomediada; - Medicamentos (paracetamol, cebola); - Reações transfusionais. Hepática: - Neoplasias; - HIC; - Leptospirose; - FeLV; - Leishmaniose; - PIF; - FIV; - Lipidose; - Medicamentos. Pós-hepática: - Obstrução do ducto biliar comum, ruptura do trato biliar, parasitos; - FELV: causa problema hepático e causa hemólise imunomediada. ASCITE/HIDROPERITÔNIO MECANISMO: - Aumento do pH intravascular (devido à hipertensão portal por edema dos hepatócitos); - Baixa pressão oncótica intravascular (devido à desnutrição); - Alteração da permeabilidade vascular > leishmaniose (faz vasculite); - Reabsorção insuficiente: → Nem em todos os problemas hepáticos haverá todos esses sintomas; → Cães sofrem mais lesão de parênquima hepático do que vias biliares; → Ivermectina em gatos causa ascite e problema hepático > não oferecer. CLASSIFICAÇÃO DO LÍQUIDO: - Transudato: hipoalbuminemia; - Transudato modificado: suspeita de ICC; - Exsudato: neoplasias; - Exemplo: hipoalbuminemia por falência hepática/hipertensão portal/deficiência de drenagem linfática > ascite. - Maior causa de ascite em gatos é a PIF. - Coleta do líquido > análise laboratorial, promover o conforto do animal diminuindo a compressão dos órgãos e facilitar o exame de imagem. ENCEFALOPATIA HEPÁTICA - Cérebro sendo afetado por um problema no fígado; - Caso de doença hepática muito grave > pode ser aguda ou crônica, mas sempre vai ser muito intensa a ponto de acumular amônia. MECANISMO: - A amônia obtida através do metabolismo das proteínas é carreada até o fígado onde é transformada em ureia; - Esta amônia também pode, ao invés de ir para o fígado, ser metabolizada em mercaptanos, AACC, indóis, triptofano e outras substâncias extremamente tóxicas. SINAIS CLÍNICOS: - Ataxia; - Cegueira; - Demência; - Alteração de comportamento; - Convulsão; - Coma. COAGULOPATIAS CAUSAS: - Defeitos tanto na produção quanto na síntese dos seguintes fatores: → Antitrombina III; → Fibrinogênio; → Plasminogênio; → Fatores dependentes da vitamina K (fatores II, VII, IX e X). POLIDPSIA/POLIÚRIA - Geralmente a polidipsia ocorre antes e a poliúria é compensatória; - Retardo na degradação da aldosterona – retenção de Na. CAUSAS DE DOENÇA HEPÁTICA DEFEITOS CONGÊNITOS: - Shunts portossistêmicos. INTOXICAÇÕES: - Medicamentos; - Venenos; - Plantas: → Palmeira SICA > 3 toxinas (cicasina, beta- metilamino-L-alanina e uma toxina ainda não identificada). INFECCIOSAS/PARASITÁRIAS: - Vírus (HIC, PIF, FeLV); - Bactérias (Leptospira spp, Ehrlichia spp.); - Trematódeos (Platynossomum fastosum). PROCESSOS ISQUÊMICOS: - Choque; - Desidratação. IDIOPÁTICAS: - HAC/Cirrose (insuficiência hepática terminal); - Acidose. TESTES PARA AVALIAÇÃO DE DOENÇA HEPÁTICA HEMOGRAMA: - Anemia normocítia normocrômica; - Índice ictérico elevado; - Proteína total: diminuída devido à diminuição de albumina em doença avançada; - Morfologia das células vermelhas: alterada pela elevação dos níveis séricos de lipídeos. URINÁLISE: - Bilirrubina > presença comparada com os níveis séricos; - Urobilinogênio > aumentado em doença hemolítica, diminuído em lesões hepáticas destrutivas; - Cristais de biurato de amônia: elevados em caso de desvio portossistêmico. BIOQUÍMICA SÉRICA: - Indicação de lesão hepática. Alanina aminotransferase (ALT): - Enzima livre no citoplasma dos hepatócitos e em outros tecidos; - Aumento da sua atividade pode indicar lesão celular > liberada para circulação; - É um pouco mais específica em cães e gatos > melhor enzima para determinação de lesão hepática. Aspartato aminotransferase (AST): - Enzima de extravasamento e encontra-se livre no citoplasma dos hepatócitos com maior concentração nas membranas mitocondriais; - Não é tão específica quanto a ALT; - Também está presente em outros tecidos > músculo cardíaco e esquelético; - Utiliza-se a AST para diagnosticar doenças musculares > não é uma enzima hepato-específica; - Geralmente elevada quando há lesão hepática aguda. Fosfatase alcalina (FA): - Enzima de indução sintetizada: no fígado, nos osteoblastos, no epitélio intestinal, renal e na placenta; - O aumento de FA pode estar relacionado a: → Colestase; → Indução por uso de corticoides (em cães) e fenobarbital; → Aumento da atividade osteoblástica; → Doenças crônicas e neoplasias. - Aumento da FA é muito inespecífica. Gamaglutamiltransferase (GGT): - Enzima de indução sintetizada em quase todos os tecidos corporais, principalmente no pâncreas e nos rins; - Cães e felinos (baixa concentração); - Lesão hepática aguda e colestase > podem provocar elevação imediata > liberação de fragmentos de membrana que contém GGT; - Glicocorticoides podem induzir o aumento. Ácidos Biliares: - Compostos citotóxicos secretados pelos hepatócitos e excretados através da bile; - Sua concentração no sangue periférico e baixa e qualquer distúrbio envolvendo os componentes estruturais do fígado pode causar o aumento dos ácidos biliares no sangue. Este exame é mais sensível que a bilirrubina e a alteração podem ser detectadas antes do aparecimento da icterícia. Portanto este teste é de grande valia quando se pretende determinar se a icterícia é de origem pré-hepática a fim de descartar a doença hepática como causadora da icterícia ou detectar a anomalias congênitas do sistema porta. A dosagem de ácidos biliares deve ser em jejum de 8 horas e pós 2 horas da alimentação para diagnóstico de shunt hepático. LIPIDOSE HEPÁTICA - Distúrbio idiopático de gatos anoréxicos; - É a hepatopatia mais comum em felinos e caracteriza-se pelo acúmulo excessivo de triglicerídeos no fígado, resultando em grave colestase e disfunção hepática. METABOLISMO LIPÍDICO: - AGL (dieta) > lipólise periférica > fígado > TGL; - Armazenamento (fígado); - Tecido adiposo (depósitos periféricos). - Gato precisa estar acima do peso, ficar sem comer por dias, perder peso > depósito de gordura no fígado > icterícia. ETIOLOGIA: - Gatos obesos que sofrem algum estresse, tornam-se anoréxicos e perdem peso rapidamente; - Baixa insulina favorece a lipidose > aumenta a lipase. Idiopática: - Anorexia crônica (secundária a estresse obesos) > baixa glicose, baixa insulina > lipólise; - Hipoproteinemia > baixo transporte dos TGL; - Resistência periférica à insulina > obesidade. Secundária: - Diabetes mellitus; - Cardiomiopatias; - Neoplasias; - PIF/FeLV/FIV; - Pancreatite; - Nefropatias crônicas; - Medicamentos. SINAIS CLÍNICOS: - Anorexia por no mínimo 1 semana; - Desidratação; - Vômitos; - Icterícia; - EH (Disfunção Hepatocelular grave + baixa arginina na dieta) > não é tão comum em gatos, mas pode acontecer DIAGNÓSTICO: - Clínico; - Anamnese – estresse! Laboratorial: - Bioquímica: → FAS elevada (10x); → Bl elevada; → GGT aumentada ou normal; → ALT aumentada (3 a 5x) → Colesterol elevado; → U baixa. - Urina: → Bilirrubinúria; - Hemograma: → Anemia normocítica normocrômica; → Poiquilocitose; → Leucograma de estresse. Imagem: - Radiografia; - Ultrassonografia; - Hepatomegalia. Biópsia: - Aspirado com agulhafina; - Percutânea; - Laparotomia. TRATAMENTO: Suporte: - Fluidoterapia IV + vitaminas do complexo B + G 2,5 – 5% 50 a 88mL/kg/dia com fluidos isotônicos poliônicos; Glicose 25%: somente hipoglicêmicos; - Cloreto de potássio 5mEq/250ml de fluido para reverter hipocalemia; - Alimentação VO forçada com dieta hiperproteica, nutrientes essenciais como taurina, arginina, vit. A; - Sonda esofágica – Nutralife®; Ai-G® gatos; AD®, Recovery® - L–carnitina – proteção contra cetose do jejum, reduz o acúmulo de AG; - Necessidade energia/dia = (30 x peso) + 70; ração AD (Hill ́s) tem 180 Kcal; - Estimulantes do apetite: doses menores de I (?). - Vômitos: anti-eméticos e bloqueadores de receptores H2: metoclopramida ou ondansetrona ou maropitant, sucralfato. - Coagulopatias: transfusão ou plasma fresco congelado, ou heparina e vitamina K por dois a quatro dias; - Antibioticoterapia: ampicilina, amoxicilina, cefalexina e metronidazol com doses reduzidas (eliminação hepática). - EH (Encefalopatia Hepática): enemas colônicos com Lactulose (menor absorção de amônia); dieta hipoproteica (Hill’s; Royal suplementada com cottage cheese) Hepatoprotetores: - Protegem contra ação deletéria dos ácidos biliares hidrofóbicos e contra o dano oxidativo; - Não utilizar metionina > no fígado normal ela é fundamental para a atividade hepatocelular, porém em um órgão já insuficiente ou doente é tóxico; - Silimarina (Legalon® e outros) > antioxidante; - SAMe; - Ác. ursodesoxicolico - URSACOL®. HEPATITE TÓXICA AGUDA - Lesão de hepatócitos provocada por substâncias tóxicas > produz muitas enzimas, ingurgita (aumenta produção de AST e ALT); - Pode variar de acordo com a causa do produto: hepatotóxico, neurotóxico; - Mais comum em gatos. EPIDEMIOLOGIA: - Gatos possuem deficiência de glucoronil transferase > dificuldade maior de metabolizar substâncias; - Ex.: AAS gato demora de 48 a 72 para metabolizar) > idiossincrasia (difícil prever). SINAIS CLÍNICOS: - Dependem da dose, duração, composição química; - Normalmente causam: anorexia, vômitos, diarreia. DIAGNÓSTICO: Clínico: - Anamnese; - Vômitos (observar a coloração) e se foi utilizado algum produto de limpeza ou outra substância tóxica. Laboratorial: - Bioquímico; - ALT alta (com muito tempo, caso crônico, irá apresentar-se normal), FA alta, GGT alta. TRATAMENTO: - Hepatoprotetores: silimarina, SAMe, ácido ursodesoxicólico, metionina (animal com fígado muito afetado, ictérico, com ALT alta, metionina não resolve). - Fluidoterapia > estimula a eliminação do agente tóxico; - Tratar complicações cardiopulmonares (edema pulmonar, EH). HEPATITE CRÔNICA ETIOLOGIA: - Vírus; - Fármacos (anticonvulsivantes, corticoides, sulfas etc.); - Cirrose idiopática; - Neoplasias15; - Acúmulo de cobre > somente confirmar diagnóstico após biopsia; - Hereditária > Cocker, labrador; - Mais comum em cães. SINAIS CLÍNICOS: - Ascite; - Icterícia; - Encefalopatia Hepática; - Coagulopatia; - Polidipsia e poliúria. DIAGNÓSTICO: - Bioquímico: → ALT pode estar elevada, mas não muito elevada, ou normal, FA e GGT elevadas, bilirrubina, albumina e ureia reduzidas. - Urinálise; - Biopsia (realizar coagulograma antes); - Raio X/US: fígado diminuído ou normal. - Análise do líquido abdominal. TRATAMENTO: - Dieta com proteína de alto valor biológico (queijo cottage ou ricota + legumes + arroz) > Royal Canin, Hills; - Silimarina; - SAMe; - Ácido ursodesoxicólico – URSACOL. COLANGITE/COLANGIOHEPATITE ETIOLOGIA: - Relação anatômica: tríade felina (pâncreas + fígado + ID); - Normalmente inicia-se no fígado, muito raros gatos sofrerem com pancreatite; - Acomete mais Persas e Himalaias. CLASSIFICAÇÃO: Supurativa: - Neutrofílica; - Sinusite, pielonefrite, pancreatite (causam sepse). Não supurativa: - Crônica, linfocítica; - Não há linfócitos no sangue e sim na bile, tríade. SINAIS CLÍNICOS: - Hepatomegalia (em gatos magros é possível observar no exame físico); - Aumento dos ductos biliares (US); - Icterícia, apatia, emagrecimento, vômitos/diarreia, desidratação; - Neutrofílica (supurativa): febre; - Linfocítica (não supurativa): sintomatologia intermitente. DIAGNÓSTICO: - Diferencial com outras causas de icterícia. Laboratorial: - Bioquímica: → FA e ALT elevadas (indicando colestase). - Hemograma: → Leucocitose com neutrofilia (supurativa); → Anemia arregenerativa; → Hiperglibulinemia (não supurativa). - Citologia/Cultura/Antibiograma da bile (supurativa): → E. coli; → Streptococcus spp.; → Actinomices spp. - Biopsia percutânea guiada: → LH; → PIF; → Neoplasias. - Histopatologia: → Ductos biliares intra-hepáticos dilatados, sinais de inflamação séptica, pancreatite. - Citologia: → Neutrófilos degenerados; → Linfócitos, plasmócitos. - Cultura e antibiograma; - Exame parasitológico: Platynossomun sp. TRATAMENTO: Para Platynossoum: - Praziquantel 20 mg/kg CID, VO, 3 a 5 dias, repetir após 12 semanas; - Febendazole, 50 mg/kg CID ou BID VO por 5 dias. Para colangite-colangiohepatite: - Forma supurativa – antibióticos: → Cultura e antibiograma da bile; → Associar amoxicilina com clavulanato 22 mg/kg BID e Metronidazol 10 mg/kg BID (3 semanas). - Não supurativa: → Prednisolona 1mg/kg/dia. Manejo nutricional: - Objetivo: reduzir o trabalho hepático, atender necessidades proteico-calóricas, vitamínicas e de minerais > regeneração hepática; - Dieta pobre em proteínas > reduz gliconeogênese hepática; - Rica em gorduras > fornece energia e aumenta absorção de vitaminas lipossolúveis; - Várias pequenas refeições por dia. Hepatoprotetores: - Protegem contra ação deletéria dos ácidos biliares hidrofóbicos e contra danos oxidativos; - Ácido Ursodeoxicólico – URSACOL: → Ação anti-inflamatória, imunomoduladora e colerético; → Desloca ácidos biliares hidrofóbicos que causam lesão aos hepatócitos; → Efeito antioxidativo direto > aumenta níveis de glutationa e metalotioneina; → Reduz formação de colágeno. - Silimarina (Legalon): antioxidativo; - SAMe: → Ação anti-inflamatória, antioxidante, reparação celular; → Aumenta glutationa nos hepatócitos; → Indicações: intoxicação por paracetamol, injúrias necro-inflamatórias, processos inflamatórios, anemia decorrente de doença hepática. PÂNCREAS FUNÇÕES - Localizado no abdômen cranial direito; - Glândula anfícrina > função endócrina e exócrina; - Função endócrina > produção de hormônios > desempenhada pelas ilhotas de Langenrs; - Função exócrina > produção de enzimas digestivas. INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA EXÓCRINA (IPE) - Insuficiência nas enzimas digestivas compromete a digestão > desnutrição, diarreia crônica em intestino delgado. ETIOLOGIA E RESENHA: Atrofia acinar pancreática (imunomediada): - Inflamação imunomediada > destruição imunomediada da parte exócrina do órgão; - Faixa etária: adultos (sistema imunológico em alta, pode cometer um erro e atacar os tecidos); - Fêmeas com melhor imunidade > são as mais atingidas; - Genético-hereditário > o melhor seria castrar para não passar a doença para uma próxima geração: Pastor alemão; → Chow-chow; → Cocker. Pancreatite crônica terminal: - Destrói as ilhotas de Langerns; - Principal causa de IPE em gatos; - Pode causar Diabetes Mellitus. Causas raras: - Tumores pancreáticos; - Acidez duodenal; - Deficiência Genética de Lipase. FISIOPATOGENIA: - Destruição acinar; - Má digestão; - Disbiose > diarreia crônica. - Má digestão > sobra nutrientes no lúmen e água (diarreia) > excesso de nutrientes favorecem a multiplicação de bactérias (disbiose); - Fator Intrínseco > importante para absorção de vitamina B12: → Em cães, é produzida no pâncreas e no estômago; → Em gatos, é produzida apenas pelo pâncreas; - Sem vitamina B12, intestino atrofia > causa uma piora da diarreia. SINAIS CLÍNICOS: - Diarreia pastosacrônica de ID; - Particulados não digeridos; - Esteatorreia; - Desnutrição; - Magreza; - Seborreia; - Polifagia; - Parorexia. - Não absorve nutrientes > hipotálamo estimula a fome; - Animal desnutrido por polifagia; - Coprofagia comum > cão com muita fome, come as fezes que estão cheias de nutrientes que não foram absorvidos; - Fezes volumosas e pastosas > diarreia de ID. Disbiose: - Degradação de lipídeos > ácidos; - Irritação de cólon; - Diarreia crônica de IG. - Disbiose > bactérias intestinais podem desconjulgar a bile > metabolizam lipídeos e produzem substâncias irritantes para o cólon > pode haver diarreia de IG junto à diarreia de ID. DIAGNÓSTICO: Hemograma e bioquímico: - Alterado apenas quando há consequência secundárias à desnutrição; - Hipoalbuminemia, linfopenia, TGLs e colesterol baixo; - Amilase e lipase séricos > não faz sentido pedir esses exames, pois a produção não é exclusiva do pâncreas. Como diagnosticar? - Resenha + anamnese + exame físico; - 1º: Imunorreatividade sérica da tripsina e tripsinogênio. VALORES INTERPRETAÇÃO < 2,5µg/L + sinais clínicos IPE 2,5-5µg/L Destruição parcial Sem jejum > repetir > 5,2µg/L + sinais clínicos Não descarta > repetir - Diarreia crônica + produção enzimática normal > não descarta IPE: → Pancreatite aumenta a produção momentânea de enzima > depois de algumas semanas, pâncreas desinflama e produção de enzimas baixa. TRATAMENTO: - Pilares: 1. Reposição de enzimas digestivas; 2. Antibacterianos; 3. Dietoterapia; 4. Suplementação vitamínica. Reposição enzimática: - Pancreatina > 1 colher de chá/10kg > importante que o alimento e o pó cheguem ao duodeno ao mesmo tempo; - Pâncreas fresco cru; - Doses ajustadas conforme a resposta; - Omeprazol (0,5-1 mg/kg, 24/24h) > acidez destrói as enzimas pancreáticas > tratamento com antiácidos (omeprazol). - Diagnóstico terapêutico > todas as diarreias causadas por má digestão vão melhorar > a melhora com o medicamento, não significa que é IPE > pode levar a um falso positivo > tratamento caro para o resto da vida. Antibacterianos: - Tilosina: → 25mg/kg, 12/12h; → 6 a 8 semanas. - Metronidazol: → 15-25mg/kg, 24/24h; → 2 a 4 semanas. Dietoterapia: - Alta digestibilidade; - Baixas fibras > atrapalham a digestão; - Proteínas hidrolisadas; - Lipídeo > é um nutriente energético/calórico > não tirar a gordura da dieta, se não o animal não consegue recuperar a deficiência nutricional; - Reduzir lipídeo somente em casos de esteatorreia ou em casos de IPE + pancreatite (gordura induz inflamação). Suplementação vitamínica: - B12: → Via oral não funciona > não possui fator intrínseco, íleo não absorve a B12; → B12 por via parenteral > 0,02mg/kg IM, 2-4 semanas. - Vitamina K: → Absorção de gordura não é muito boa, ... → Antes de cirurgias; → 1 mg/kg, 24/24h. PANCREATITE PATOGÊNESE: ENZIMAS NA FORMA INATIVA (ZIMÔGENOS) ENZIMAS NA FORMA ATIVA Procarboxipeptidade Procolagenase Procolipase Proelastase Profosfolipase Quimotripsinogênio Tripsinogênio Amilase Carboxielastase Desoxiribonuclease Lipase Ribonuclease Tripsina - Secreção de zimógenos + lisossomos = ativação enzimática aumenta defesas. EPIDEMIOLOGIA: Comum em cães: - 76 óbitos > histopatologia; - 51,1% > inflamação supurativa; - 48,9% > necrose; - 72,3% > inflamação linfocitária. Comum em gatos: - 115 óbitos > histopatologia; - 50,4% > pancreatite crônica; - 6,1% > pancreatite aguda; - 9,6% > pancreatite crônica ativa. FATORES PREDISPONENTES E ETIOLOGIAS: - 90% > idiopática. Genéticas e raças: - Schnauzer > gene codificador SPINKI; - Terriers. Idade: - Meia idade. Gordura: - Indiscrição alimentar; - Hipertrigliceridemia; - Obesidade. Comorbidades: - Gatos: → Colangite; → Lipidose hepática; → Obstrução colédoco; → Doença intestinal inflamatória; → Doença renal. - Cães: → Hipotireoidismo; → Hiperadrenocorticismo; → Diabetes Mellitus; → Insuficiência Pancreática Exócrina. Medicamentos: - Brometo de Potássio; - Azatioprina; - L-Asparginase; - Diuréticos; - Sulfa; - Estrógeno; - Tetraciclinas; - AINEs. Toxinas: - Organofosforados. Trauma: - Físico; - Cirúrgico. Hipoperfusão: - Anestesia; - Choque; - Anemia grave. Infecções: - Toxoplasmose; - PIF; - Calicivirose; - Hepesvirose I; - Panleucopenia; - Eurytrema; - Amphimerus. CLASSIFICAÇÃO: Pancreatite aguda: - Reversível; - Inflamação neutrofílica; - Edema e Necrose. Pancreatite crônica/crônica ativa: - Irreversível; - Fibrose; - Atrofia; - Inflamação linfocítica; - Diabetes Mellitus; - Insuficiência Pancreática Exócrina. SINAIS CLÍNICOS: - Apatia; - Anorexia; - Desidratação – choque; - Hipotermia; - Taquicardia e taquipneia; - Icterícia; - Fezes acólicas; - Diátese Hemorrágica; - Falência múltipla de órgãos. DIAGNÓSTICO: Exames laboratoriais de rotina: - Hemograma, bioquímicos, urinálise: → VG alto, anemia, leucocitose por neutrofilia, trombocitopenia; → Aumentados: creatinina, ALT, FA, GGT, bilirrubina, colesterol, glicemia; → Baixos: potássio, cálcio, albumina, B12. Exames laboratoriais direcionados: - Amilase e lipase séricas: → Sensibilidade 47,2%; → Especificidade 53,4%. - Imunoreatividade da lipase pancreática: → Sensibilidade 61-94,1%; → Especificidade 78-91%. Diagnóstico por imagem: - Tomografia computadorizada: → Baixa sensibilidade (20%); → Alto custo. - Ressonância magnética: promissora. - Radiografia: → Baixa sensibilidade e especificidade; → Útil para o diagnóstico diferencial. - Ultrassonografia: → Sensibilidade 11-80%; → Alta especificidade. PANCREATITE AGUDA PANCREATITE CRÔNICA - Pâncreas aumentado e irregular, dilatação do ducto pancreático e hepático; - Tecidos peri-pancreáticos hiperecóicos; - Corrugação duodenal e aumento das papilas; - Espessamento da parede gástrica e efusão. - Pâncreas diminuído e irregular; - Aspecto de massa; - Áreas hiper e hipoecóicas; - Aderência intestinal; - Mesmos sinais da pancreatite aguda. Análise do líquido cavitário: - Citologia, gram e cultura, bioquímico: → Exsudato asséptico; → Transudato modificado; → Quilo; → Amilase e lipase maior que o valor sérico. Histopatologia: - Diagnóstico definitivo; - Punção biópsia aspirativa; - Biópsia. TRATAMENTO: Reposição de fluidos e eletrólitos: - Reidratar; - Manter perfusão dos órgãos; - Corrigir pressão oncótica; - Corrigir distúrbios eletrolíticos e acidobásico; - Via de administração de medicamentos. Analgesia: Controle da êmese: Protetores gástricos: Nutrição: - Nutrir assim que possível (48h); - Impedir atrofia, úlceras, imunodepressão intestinal e sistêmica e translocação bacteriana. - Enteral > parenteral: → Baixo tempo de hospitalização; → Alta chance de sobrevivência; → Baixo risco de sepse; → Baixo onerosa. - Dieta: → Restrita em lipídeo > cães; → Para distúrbios gastrointestinais/hipoalergênica > gatos. Antibióticos: RESUMO - ABORDAGEM DO PACIENTE COM PANCREATITE: - Ativação parenquimal da tripsina > inflamação pancreática sistêmica > sinais clínicos inespecíficos > diagnóstico > tratamento.
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