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Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Ciências Farmacêuticas Prática 3 - DISSOLUÇÃO DE PARACETAMOL COMPRIMIDOS FR705 – Controle de Qualidade de Produtos I Carolina de Giuglio RA: 154979 Giulia Paschalis RA: 179002 Lissa Palumbo RA: 156283 Marina Borges RA: 141550 Karen Pinheiro RA: 156080 Ruth Fernandez RA: 190278 Docente responsável: Prof. Dr. Paulo Cesar Pires Rosa Campinas, SP 2017 1. INTRODUÇÃO Os ensaios físico-químicos realizados no produto acabado de medicamentos na forma de comprimidos, como a dissolução, friabilidade, análise visual (verificar o diâmetro e espessura), peso médio, dureza e desintegração são importantes para avaliar a biodisponibilidade do fármaco in vitro e prever seu comportamento in vivo(1), avaliar a uniformidade do peso, tamanho e sua dureza, pois isso influenciará na disponibilidade do ativo. Produto acabado é o produto que tenha passado por todas as etapas de produção anteriormente e que será acondicionado para o consumo.(6) A dissolução pode ser definida como o processo pelo qual o fármaco é liberado de sua forma farmacêutica e se torna disponível para absorção no organismo(2). Um fator limitante para a absorção é a taxa de dissolução. Como as formas farmacêuticas sólidas de uso oral são as que apresentam maiores problemas quando se trata de biodisponibilidade, estudos de dissolução se tornaram necessários para o desenvolvimento de novas formulações; tais estudos têm por finalidade assegurar a uniformidade da qualidade e o desempenho do medicamento lote a lote ou após determinadas alterações da formulação, uma vez que a resposta farmacológica depende da dose administrada, da velocidade e da extensão com que ele se libera da sua matriz.(2) O teste de dissolução possibilita avaliar a quantidade de fármaco dissolvido, a partir de uma forma farmacêutica sólida, em um meio específico e em tempo determinado, fato relevante para prever o desempenho in vivo.(5) Ele determina a porcentagem da quantidade de princípio ativo declarado no rótulo do produto, liberado no meio de dissolução em função do tempo, quando o mesmo é submetido a condições experimentais, visando demonstrar se o produto atende às exigências constantes da monografia do medicamento em questão. A imagem a seguir traz o esquema de um dissolutor: Imagem 1: Dissolutor, utilizado para o teste de dissolução pelo método pá Há dois tipos de ensaios de dissolução, o de rotina no controle de qualidade (método farmacopeico) e o perfil de dissolução, utilizado para orientar o desenvolvimento de novas formulações e assegurar a uniformidade da qualidade e desempenho do medicamento depois de determinadas alterações e o ensaio escolhido depende da natureza do medicamento. 2. OBJETIVO Avaliar a qualidade e determinação de teor de dissolução do paracetamol em comprimidos através das técnicas de espectrofotometria UV-Vis e realizar testes de controle de processo em comprimidos. 3. METODOLOGIA 3.1. Aspecto Exame Visual: Visualização a olho nu das características externas do comprimido, como cor, formato, presença de sulcos, integridade, presença ou ausência de revestimento e gravações, superfície lisa, sem estrias. Tem como objetivo verificar se as unidades do mesmo lote apresentam uniformidade de aspecto ou se atende às especificações. Teste: Realizar exame visual de 10 unidades, guardando-as para testes de espessura, diâmetro e peso médio. Após isso, reservar 5 comprimidos para teste de dureza e 5 para teste de friabilidade. Espessura e Diâmetro: Medida das dimensões dos comprimidos para verificar se as unidades do mesmo lote apresentam uniformidade de espessura e diâmetro e se atende às especificações. Medir diâmetro e espessura com auxílio de paquímetro. Teste: analizar 10 unidades, sendo os mesmos comprimidos utilizados para o exame visual. 3.2. Peso Médio Média obtida dos pesos individuais das amostras para verificar se as unidades do mesmo lote apresentam uniformidade de peso. Teste: Pesar individualmente 10 comprimidos, sendo os mesmos comprimidos utilizados para o exame visual. Interpretação: Não mais que 2 unidades fora dos limites; nenhuma acima ou abaixo do dobro das porcentagens indicadas na tabela 1. Tabela 1. Variação de peso em formas farmacêuticas Forma Farmacêutica Peso Médio Limites Até 80 mg ± 10,0% Comprimidos 80 a 250 mg ± 7,5% > 250 mg ± 5,0% 3.3. Dureza Utilizado para avaliar a resistência do comprimido ao esmagamento ou à ruptura sob pressão radial. A dureza de um medicamento é importante, já que garante a integridade do comprimido, permitindo que ele suporte choques causados durante os processos pós-fabricação. A resistência de um comprimido é proporcional à força de compressão e inversamente proporcional à sua porosidade, tendo a força medida em newton (N). Teste: Realizar o teste com 5 comprimidos, para logo serem testados individualmente e colocados no durômetro. Anotar o valor e repetir o procedimento para os demais comprimidos. Interpretação: Para este teste, a média dos valores obtidos deve ser no mínimo de 30 N (3 kg/f) usando a mola como aparelho ou 45 N (4,5 kg/f) usando a bomba de ar como aparelho. 3.4. Friabilidade Usado para avaliar a ausência de resistência dos comprimidos à abrasão, quando submetidos à ação mecânica de aparelhagem específica. Teste: Pesar 5 comprimidos, colocar no friabilômetro, efetuar 100 rotações por um período de 4 minutos. Retirar os comprimidos, remover qualquer vestígio de poeira e pesá-los novamente. Anotar o valor. Interpretação: A diferença entre o peso inicial e o final representa a friabilidade, medida em função da porcentagem de pó perdido. Usa-se para efeito do cálculo a seguinte equação: % perda = [(Peso inicial – Peso final) / Peso inicial] x 100 Especificação: Aceitáveis comprimidos com perda inferior a 1,5%. Figura 1. a) Aparelho para teste de friabilidade (friabilômetro). b) Esquema de um friabilômetro. 3.5. Desintegração O teste de desintegração permite verificar se comprimidos e cápsulas se desintegram dentro do limite de tempo especificado, quando 6 unidades do lote são submetidas à ação de aparelhagem específica sob condições experimentais descritas. Teste: Realizar o teste com 6 comprimidos. Colocar um comprimido em cada um dos seis tubos da cesta, adicionar um disco em cada tubo e acionar o aparelho, utilizando água à 37°C ± 1°C como líquido de imersão. Cronometrar o tempo no qual cada um dos comprimidos se desintegra por completo. Interpretação: O limite de tempo para a desintegração das 6 unidades não pode ultrapassar 30 minutos. 3.6. Dissolução Preparo das soluções Diluente 1: Metanol Diluente 2: Tampão fosfato pH 5,8 Preparo do padrão de análise: transferir cerca de 55 mg de paracetamol padrão, cuidadosamente pesado, para um balão volumétrico de 100 mL. Adicional 10 mL de metanol e manter banho ultrassônico até a completa solubilização. Completar o volume com o diluente 2. Pipetar uma alíquota de 0,750 mL para um balão volumétrico de 50 mL e completar o volume com o diluente 2. O preparo do padrão de análise foi previamente realizado pelas PEDs. Preparo da amostra: Usar 3 comprimidos e colocar nas cubas. Após o tempo de dissolução, retirar 10 mL, filtrar em papel de filtro e transferir uma alíquota de 0,750 mL para um balão volumétrico de 50 mL. Diluir e completar o volume com a solução tampão. Tempos de coleta: 5, 10, 20 e 30 minutos. Meio de dissolução: 900 mL de solução tampão fosfato pH 5,8 a 37°C ± 0,5°C, velocidade de rotação 50 rpm, Q 80%. Determinar as absorbâncias em espectrofotômetro a 243 nm, usando o diluente 2 como branco e cubetas de 1 cm. Calcular a quantidade de paracetamol dissolvida no meio [Q(%)] para cada cuba e em cada um dos quatro tempos de coleta, calcular os valores de média, desvio padrão e desvio padrão relativo. Q% = A.am x m.pd x Pot.pd x FDA/ A.pd x TD (500) x FDP Onde: A.am = absorbância da solução da amostra A.pd = absorbância da solução do padrão TD = Teordeclarado do fármaco por comprimido (500 mg) m.pd = massa do padrão (mg) Pot.pd = potência do padrão em % FDA = fator de diluição da amostra FDP = fator de diluição do padrão. Potência do padrão: 98,7% Tolerância: Não menos que 80% da quantidade de paracetamol se dissolvem em 30 minutos. Comparação de Perfis de Dissolução: É útil nos casos em que se deseja conhecer o comportamento de dois medicamentos. Nesta comparação avalia-se a curva como um todo empregando o Método Modelo Independente Simples, que emprega um fator de diferença (F1) e um fator de semelhança (F2). O fator F2 corresponde a uma medida de semelhança entre as porcentagens dissolvidas de ambos os perfis. Onde: n = número de tempos de coleta considerados para fins de cálculo de F2; Rt = valor de porcentagem dissolvida no tempo t, obtido com o Medicamento de Referência ou Comparador; Tt = valor de porcentagem dissolvida do Medicamento Teste ou da formulação alterada, no tempo t. O fator de semelhança (F2) somente deve ser calculado quando as condições do ensaio de dissolução forem exatamente as mesmas empregadas na avaliação dos Medicamentos Teste e de Referência/Comparador. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Análise visual: Diâmetro e espessura: 1) D: 12,06 mm E: 5,17 mm 6) D: 12,04 mm E: 5,21 mm 2) D: 12,07 mm E: 5,19 mm 7) D: 12,07 mm E: 5,23 mm 3) D: 12,06 mm E: 5,19 mm 8) D: 12,05 mm E: 5,22 mm 4) D: 12,07 mm E: 5,24 mm 9) D: 12,07 mm E: 5,15 mm 5) D: 12,10 mm E: 5,23 mm 10) D: 12,11 mm E: 5,21 mm Foram analisados 10 comprimidos de paracetamol do mesmo lote, e para a verificação das dimensões (espessura e diâmetro) dos comprimidos de maneira precisa, utilizou-se um instrumento de medição denominado paquímetro, nas quais revelaram uma uniformidade relativa. A média do diâmetro foi de 12,07 e o desvio padrão foi de 0,02. A média encontrada para a espessura foi de 5,204 e o desvio padrão foi de 0,2727. Portanto tanto o diâmetro quanto a espessura do comprimido estão aceitáveis. 4.2 Peso médio: 1) 0,5262 g 2) 0,5332 g 3) 0,5332 g 4) 0,5460 g 5) 0,5413 g 6) 0,5285 g 7) 0,5399g 8) 0,5340 g 9) 0,5207 g 7) 0,5425 g A média de peso dos comprimidos foi de 0,53455 e o seu desvio padrão foi de 0,007. Segundo a norma, o peso não deve variar mais que o dobro da porcentagem indicada que neste caso é 5%, na coleta de dados encontrada a variação extrapola os 5% permitidos da variação. 4.3 Dureza: 1) 181,3 N 2) 203,8 N 3) 221,5 N 4) 205,8 N 5) 192,1 N A média encontrada para a dureza dos comprimidos foi de 200,9 N e o desvio padrão encontrado foi de 13,5527. Este teste mede a dureza do comprimido onde a força é medida em Newtons, sendo que resistência é proporcional ao logaritmo da força de compressão e inversamente proporcional à sua porosidade. A média mínima dos valores necessária deveria ser superior ou igual a 45 N portanto os valores estão dentro das especificações de referência. 4.4 Friabilidade: Peso inicial (5 comprimidos): 2,6712 g Peso final (5 comprimidos): 2,6592 g % perda = [(Peso inicial – Peso final) / Peso inicial] x 100 % perda = [(2,6712 g – 2,6592 g) / 2,6712 g] x 100 % perda = 0,4492 Segundo a especificação a porcentagem de perda pode ser no máximo 1,5%, portanto o comprimido encontra-se dentro das normas. 4.5 Desintegração: Realizou-se o teste com 6 comprimidos as quais foram colocadas numa cesta consistente em seis tubos de acrílico transparente. Segundo a especificação, a total desintegração dos seis comprimidos não deve ultrapassar 30 minutos e segundo a análise nenhum comprimido apresentou uma desintegração maior ou igual a 30 minutos (entre 2 minutos e 15 segundos e 3 minutos), portanto a desintegração do comprimido está dentro das normas. 4.6 Dissolução: A tabela abaixo mostra os valores de absorbância obtidos após a dissolução de cada um dos tempos de desintegração dos 3 comprimidos. Absorbâncias 5 min 10 min 20 min 30 min Comprimido 1 0,462 0,509 0,524 0,550 Comprimido 2 0,442 0,496 0,532 0,529 Comprimido 3 0,425 0,537 0,525 0,546 A partir da fórmula mencionada no item Metodologia, foram calculados os parâmetros abaixo: 5 min 10 min 20 min 30 min Média Absorbâncias 0,443 0,514 0,527 0,542 DP 0,0186 0,0210 0,0044 0,0112 DPR 4,1986 4,0856 0,8349 2,0664 Q 78% 91% 93% 96% O valor de F2 foi calculado conforme a fórmula demonstrada no item Metodologia. F2 = 50 x log { [ 1 + ¼ x (0,8 - 0,78)² (0,8 - 0,91)² (0,8 - 0,93)² (0,8 - 0,96)²]-¹/² x 100} F2 = 50 x log { [ 1 + ¼ x (0,0004)² (0,0121)² (0,0169)² (0,0256)²]-¹/² x 100} F2 = 50 x log { [ 1,000000001 ]-¹/² x 100} F2 = 50 x log (0,999999999x100) F2 = 50 x log (99,99999997) F2 = 50 x 2 .: F2 = 99,99% 5. CONCLUSÃO Através dos experimentos realizados foi possível avaliar a qualidade do paracetamol comprimido, assim como determinar o teor de dissolução do mesmo. Portanto, foi possível aprender as técnicas utilizadas no controle de processos em comprimido. Além disso, ao analisar os dados, foi possível concluir que o comprimido está de acordo com as normas e especificações de referência, assim como foram mostrados nos resultados de análise visual, peso médio, dureza, friabilidade, desintegração e dissolução. 6. REFERÊNCIAS 1) <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/recomenda/recomenda_dissolucao2.pdf> Acesso em: 08 jun. 2017 2) GILMAN A.G. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 10ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005, pag. 4-5. 3) <http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cd_farmacopeia/pdf/volume1.pdf> Acesso em: 08 jun. 2017 4) Manadas Rui, Eugénia Pina Maria, Veiga Francisco; A dissolução in vitro na previsão da absorção oral de fármacos em formas farmacêuticas de liberação modificada. Revista Brasileira de ciências Farmacêuticas. Disponível em: <http://www.journals.usp.br/rbcf/article/view/43812> Acesso em: 10/04/2017. 5) Recomendações Para Realização De Ensaios De Dissolução Para Formas Farmacêuticas Sólidas Orais De Liberação Imediata (Ffsoli) disponível em: 08 jun. 2017 6) <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/glossario/glossario_p.htm> Acesso em: 08 jun. 2017 7) <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/recomenda/recomenda_dissolucao2.pdf> Acesso em: 08 jun. 2017 8) MARLONGO R.D. Dissolução de medicamentos, fundamentos, aplicações, aspectos regulatórios e perspectiva na área farmacêutica. Dissertação – Mestrado em Ciências Farmacêuticas - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003, 117 p.
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