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SISTEMA TEGUMENTAR DE CÃES E GATOS Afecções relacionadas ao sistema tegumentar · Casuística entre 30-75% dos casos do hospital veterinário · Pele → maior órgão · Agressões externas → parasitas, traumas · Espelho do organismo → doenças hormonais, desnutrição · Repulsa do proprietário aos odores · O que é e o que não é alterado no tegumento · Quantidade de pelos diferente em determinadas regiões do corpo · A densidade de pelos na região dorsal é maior · Região ventral, anal, interna dos membros, pavilhão auricular → menos pelos e pele mais fina · Felinos: menor quantidade de pelos entre a região auricular e ocular. · Pinscher: menos pelos na região do pescoço · PH da pele do animal → 5,5 – 7,5 · Cuidado com o shampoo usado → deve ser neutro · Estrutura da pele · Camada superficial – epiderme · Afecções nessa região são consideradas superficiais, são mais fácies de tratar. Medicações tópicas já resolvem · Camada córnea → queratinizada · Folículo piloso · Terminações nervosas · Camada mais espessa – derme · Afecções nessa região são consideradas profundas, com tratamento mais demorado. O não tratamento adequado pode causar septicemia. · Bulbo do pelo, glândulas sebáceas · Músculo eretor · Subcutâneo com tecido adiposo · Afecções nessa região são consideradas mais profundas, com tratamento mais demorado. O não tratamento adequado pode causar septicemia. · Funções da pele · Barreira circundante à todo o organismo animal · Proteção ambiental aos órgãos · Agentes físicos, químicos e infecciosos · Dá movimento e forma ao corpo do animal · Pele elástica. Conforme o animal perde peso a pele se adapta a estas mudanças · Produção de anexos · Pelos, unhas · Regulação térmica · Estoque e indicador · Déficits que possam estar acontecendo no organismo · Imunorregulação · Anticorpos e flora benéfica fúngica e bacteriana · Pigmentação · Claros e escuros · Ação antimicrobiana · Caso falhe, a microbiota não normal pode se proliferar · Percepção sensorial · Fibras sensíveis ao calor, frio, dor · Secreção e excreção · Produção de vitamina D · Regulação de cálcio e fósforo · A anamnese da pele não deve ser restringida à pele. Caso o animal apresenta distúrbios, deve-se investigar fatores de base, internos ao animal para que estes sejam tratados. Do contrário, a reincidência de problemas dermatológicos sempre ocorrerá · Ciclo do Pelo · Trocar e perder pelos faz parte do ciclo normal do pelame do animal · Anagênica: crescimento, bulbo do pelo (re)emergindo · Catagênica: se desprende do folículo piloso · Telogênica: pelo cai · Um animal apresenta pelos em fases diferentes ao longo do seu corpo. Isso pode ser fisiológico ou patológico, e é influenciado por: · Períodos do ano · Alterações climáticas (estações) · Nos locais com estações bem definidas → Primavera e verão: 50% dos pelos na fase anagênica e 50% na fase telogênica. Inverno: anagênica 80%, telogênica 30% · A proteção que o animal necessita no inverno é maior que no verão · Raças específicas independente da estação climática · Ex. Poodle lhasa → animais de pelos longos. Maioria dos pelos na fase anagênica sempre. Pelos caem com baixa frequência · Ex. animais de pelos curtos → trocam o pelame com frequência maior · Influência nutricional · Déficit de ptns e vitaminas é refletido no pelo opaco e de fase telogênica · Disfunção hormonal · Déficit hormonal. Ex. hipotireoidismo → pouco hormônio tireoidiano, animal com pelos na fase telogênica. · Excesso hormonal. Ex. hiperadrenocorticismo → pele mais fina, pelos na fase telogênica · Se não há rarefação pilosa ou alopecia o animal provavelmente está numa fase normal do ciclo · EXAME DA PELE · Identificação · Anamnese · Exame físico · Exames complementares · Fixa dermatológica · Acompanhar o caso, tratamentos utilizados, evolução das lesões · Topografia de distribuição das lesões (ajuda a determinar patologias específicas) · Características macro e microscópicas da doença · IDENTIFICAÇÃO · Espécie · Ex. Demodicose → mais frequente em cães · Hipotireoidismo → cães; Hipertireoidismo → gatos · Hiperadrenocorticismo e hipoadreno → cães · Atopias → segunda afecção mais comum em cães · Dermatite alérgica à picada de pulgas → primeira em cães e gatos · Carcinoma de células escamosas → felinos · Idade · Demodicose, dermatofitose → animais jovens (SI suprimido) · Dermatopatias neoplásicas → animais idosos · Dermatopatias hormonais → animais de meia idade · Sexo · Sertolioma → culmina com alterações dermatológicas → machos · Fluido telogenico → femeas · Raça · Atopia → caráter familiar · Doenças autoimunes · Coloração do pelame · Alopecia dos pelos pretos → animal tem queda de pelos apenas nas áreas em que é preto · ANAMNESE · Queixa principal · Prurido, queda de pelo (alopecia), descamando, úlceras · Antecedentes · Procedência → gatil, canil · Localização geográfica que é endêmica para alguma patologia · Parentesco → cães da ninhada apresentam alterações dermatológicas? · Início do quadro e tempo de evolução · Aguda → até 90 dias do quadro dermatológico · Crônica → acima de 90 dias · O prurido iniciou-se na região da face e se espalhou para o restante do corpo? · Tratamentos efetuados e consequência · Qual o produto utilizado, qual marca? Foi um medicamento ou apenas um shampoo? Como a animal reagiu (melhorou, piorou ou está igual?) · Periodicidade · Ocorre o ano todo (perene) ou em períodos específicos? · Ex. pólen → animal ficará pior na primavera · Ex. alimentar → o ano todo · Ambiente · Aglomeração de animais → agentes infecciosos · Poeira · Higienização deste ambiente · Manejo · Produto utilizado → próprio ao animal · Frequência de banhos → não pode ser muitas vezes/semana · Tempo de ensaboamento · Modo de secagem · Hábitos · Acesso à rua, viagens, · Banhos em lagos/ rios → pitiose · Alimentação · Qual ração, se houve mudança, qual frequência da alimentação? · Se há adição de petiscos · Há comida humana misturada? · Contactantes · Animais → também apresentam as afecções dermatológicas? · Humanos → apresentam lesões semelhantes? → Zoonoses · Ectoparasitas · Carrapatos, pulgas (usar pente) · EXAME FÍSICO → Observações gerais · INSPEÇÃO · Iluminação adequada · Observar animal à distância · Aporte físico → animal apresenta bom estado de saúde apesar da afecção? · Está magro demais ou normal? · O problema é generalizado ou localizado? · Qual a distribuição e a configuração das lesões? · Parece com um tumor/ edema cutâneo? · Pelo está brilhante ou opaco? · PALPAÇÃO · Sensibilidade das lesões → dor · Volume · Espessura → pele fina, espessa ou elástica · Temperatura → fria ou quente · Consistência → firme, dura, flutuante · Umidade e untuosidade (oleosidade) da pele · Estímulo do prurido → o veterinário coça a orelha do animal, e este faz a mímica do prurido · Avaliar a presença do prurido · Um pouco de prurido ao longo do dia → fisiológico · Animal usa mais de 30% do seu tempo em prurido → patológico · Intensidade do prurido · Leve, moderado, intenso (classificação do tutor) · Nota de 1 a 10 (Abaixo de 5 → fisiológico; Acima de 5 → patológico) · Manifestação do prurido · Trauma com a pata → o que se espera · Lamber muito determinada área → comum em gatos · Morder · Roçar em paredes e fômites · Localização do prurido · Localizado ou generalizado · OLFAÇÃO → depende da experiência profissional · Ex. miíase → odor específico · Ex. bactérias · INPEÇÃO DIRETA · Classificações das lesões cutâneas: simétrico ou assimétrico · Doenças hormonais – padrão simétrico (não é sempre) · Distribuição: - Localizada: de 1-5 lesões cutâneas individualizadas - Disseminada: + de 5 lesões individualizadas - Generalizada: acometimento difuso de + de 60% da superfície corpórea - Universal: comprometimento de toda a superfície corpórea · Profundidade: - Superficial: quadros mais brandos, acomete só epiderme - Profunda: quadros mais graves, não só a epiderme, mas algumas regiões ou toda a derme e o tecidosubcutâneo · Configuração - Anular: lesão circular *dermatofitose, demodiciose localizada - Geográfica ou serpiginosa *escabiose, demodiciose, larva migrans cutânea - Linear *granuloma eosinofilico felino, contato com materiais irritantes - Arciforme *demodiciose, escabiose, linfoma cutâneo - Puntiforme/ miliar *acne, dermatite acral por lambedura, dermatite miliar dos felinos Quanto à origem: - Lesões primárias: desenvolvem-se espontaneamente como reflexo direto da doença subjacente ◦ Mancha, pápula, placa, pústula, vesícula, nódulo, tumor, cisto - Lesões secundárias: evoluem das lesões primárias ou ocorrem por envolvimento do paciente ou de outros fatores ◦ Colarete epidérmico, cicatriz, exulceração, úlcera, fissura, liquenificação - Lesões que podem ser tanto primárias quanto secundárias: alopecia, escamas, crostas, comedo, alterações pigmentares Primárias · Mácula: ponto circunscrito, não palpável, de até 1cm, caracterizado por mudança na cor da pele Mancha > 1cm · Pápula: lesão sólida circunscrita, elevada, até 1 cm de diâmetro. · Pústula: elevação pequena e circunscrita, até 1 cm de diâmetro, contendo pus · Vesícula: elevação circunscrita, até 1 cm de diâmetro, contendo líquido seroso, límpido. · Bolha: elevação circunscrita, + 1 cm de diâmetro, contendo líquido seroso (casos de queimadura) · Urtica: lesão elevada, claramente circunscrita que aparece e desaparece dentro de minutos ou horas. (relacionado a processo alérgico) · Nódulo: elevação sólida e circunscrita de 1 a 3 cm de diâmetro. Pode ter caráter pendular ou mais interno · Tumor: massa que envolve qualquer estrutura da pele e do tecido subcutâneo maior que 3cm Primárias ou secundárias: · Alopecia: perda de pelo, parcial ou completa. (área de potricose o rarefação pilosa?) · Escamas: fragmentos de células da camada córnea que se desprendem da superfície cutânea, por alteração da queratinização. Leishmaniose pode levar a isso de forma secundária. · Crosta: concreção decorrente de perda tecidual, dessecamento de serosidade, pus ou sangue e restos epiteliais. Amarelo-clara, esverdeada ou vermelho escuro · Cilindro folicular: acumulo de ceratina e material folicular que adere a haste de pelo. Coloração escura · Comedão: folículo piloso dilatado, preenchido por células cornificadas e material sebáceo. Pontinhos pretos. · Anormalidade pigmentar: perda de melanina epidérmica (hipopigmentação/ hipocromia ou acromia) Secundária: · Colarete epidérmico: fragmento de epiderme circular que resta aderindo a pele após a ruptura de vesículas, bolhas ou pústulas. · Erosão: perda superficial da epiderme ou de camadas da epiderme · Ulceração: perda circunscrita da epiderme e da derme, podendo atingir hipoderme e tecidos subjacentes · Escoriação: erosão linear causada por lesão autotraumática pruriginosa · Cicatriz: área de tecido fibroso que substitui a derme ou o tecido cutâneo lesado · Fissura: perda linear da epiderme ao redor de orifícios naturais ou em área de prega ou dobras. · Liquenificação: espessamento e endurecimento da pele por aumento da camada malpighiana espinhosa, presença de sulcos cutâneos. Na maioria das vezes são hiperpigmentadas. · Calo: placa espessada, hiperqueratótica que ocorre frequentemente sobre proeminências ósseas. (mais em cães de grande porte) INSPEÇÃO INDIRETA Exames complementares · Diascopia ou vitropressão: eritema x púrpura (diferencia o avermelhamento na pele). Aperta lamina de vidro nessa região avermelhada, se some é eritrema: devido a vasodilatação, relacionada a doenças inflamatória, hipersensibilidades. Se apertar e continuar vermelho é púrpura: tem extravasamento sanguíneo, rompimento de algum vaso. · Luz de Wood (luz ultravioleta): Microsporum canis. Teste de triagem para dematofitoses – metabólitos do triptofano (fluorescência esverdeada). Não são todos que dão fluorescência. Ambiente totalmente escuro. Local positivo mandar para o laboratório. Luz azulada e esbranquiçada não quer dizer que é positivo. Iodo ou produto com compostos de petróleo pode dar falso positivo. Ideal que o animal esteja a 7 dias sem usar nenhum produto, sujo. · Exame direto do pelame: lamina de vidro/ lamínula/ Potassa a 10%/ microscópio óptico. Pegar da borda da lesão. · Tricograma - observar: raiz do pelo (anagenia e telogenia) / coloração do pelo/ conformação (se tá tortuoso, quebrado)/ haste do pelo. · Raspado cutâneo parasitológico – áreas que já tem lesão, de preferencia que não tenha inflamação. Pegar de 5 pontos, fazer um beliscão na área, raspado profundo (sangrou coloca na lâmina), colocar glicerina. · Preparação com fita de Acetato – alternativa para o raspado. Colocar na área afetada e dar um beliscão. Bom pra regiões difíceis ou mais sensíveis. · Cultura fúngica: pegar da borda da lesão circular · Citologia: seringa/ agulhas; lamina de vidro; swab; corantes; microscópico óptico ◦ Esfregaço por aposição ◦ Coleta com “swab” e impressão em lâmina ◦ Punção aspirativa por agulha fina Fita dupla face · Biópsia de pele e exame histopatológico Enviar todos os fragmentos da pele. Indicativo de doença hormonal, autoimune ou cunho alérgico.
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